EntreContos

Detox Literário.

Quem Eu Costumava Ser (Priscila Pereira)

Quando acordei  não existia nada. Apenas um completo e silencioso vazio. Daqueles que sugam tudo ao seu redor. Mesmo que não haja nada para sugar. E depois de uma eternidade … Continuar lendo

10 de fevereiro de 2024 · 33 Comentários

Dandara (Sidney Muniz)

– Para que não sintam desânimo peço que o Pai Oxumaré, Senhor das cores e do arco-íris lhes traga a renovação. Já há 45 dias dentro daquele tumbeiro seus olhos … Continuar lendo

27 de novembro de 2021 · 16 Comentários

Sob a Luz do Neon Roxo (Fabio D’Oliveira)

1. Naquele quartinho de motel, localizado numa esquina suja e esquecida, os dois podiam se amar. Sem julgamento. Sob o pisca-pisca ritmado da placa de neon roxo do estabelecimento vizinho, … Continuar lendo

12 de setembro de 2021 · 25 Comentários

Quando o adeus não machuca (Regina Ruth Rincon Caires)

Dia sim, dia não, a peleja se repetia. De casa, até pisar na estação do trem, era um bom pedaço, e eu sempre chegava esbaforido. Esperava o trem iniciar o … Continuar lendo

5 de julho de 2021 · 33 Comentários

Manuscritos de um Motorista de Aplicativo (Thiago Castro)

Cena 1 — Nem todo filme precisa começar em movimento. Pode ser brando, desde que ponha o espectador na história. — Na direita. — Criar uma ideia de urgência, que … Continuar lendo

24 de maio de 2021 · 45 Comentários

Microcontos 2021 – Extrait de parfum (Fernanda Barbetta)

[A1] Substituíram todas as árvores da praça por bancos, e os passarinhos aprenderam a cruzar as pernas. [A3] Era um martírio acordar e vê-lo ao seu lado na cama, mas … Continuar lendo

28 de março de 2021 · 78 Comentários

O Movimento do Coração (Priscila Pereira)

—  Eu preciso mesmo ir? — Resmungou Vitor, fazendo careta. — Precisa, sim. Todos passam por isso quando completam dezoito anos. Faz parte da vida. Há uma necessidade de experimentá-la. … Continuar lendo

21 de fevereiro de 2021 · Deixe um comentário

As Cores do Colônia (Bruno de Andrade)

Sabe o que define a loucura? Não, não se perca entre definições filosóficas ou científicas, elas pouco importam. Tampouco perscrute a própria alma ou implore por uma iluminação divina. Não … Continuar lendo

8 de novembro de 2020 · 51 Comentários

O coronel que, este sim, matou o lobisomem (Anderson Prado)

A bem dizer, esta história já foi contada por um homem batuta cá de minha terra, escrevinhador de letra inteira, o senhor José Cândido, terminado de Carvalho, que bateu na … Continuar lendo

24 de agosto de 2020 · 19 Comentários

Do lado direito, vinha um sul do oeste (Gustavo Aquino)

I O sol não havia brotado de dentro do Tapajós. – Vai ser um aguaceiro dos brabo… – suspirou Baltazar, desviando os olhos das pedras que se projetavam nas águas … Continuar lendo

7 de junho de 2020 · 22 Comentários

Amanhã vou ao cinema (Paula Giannini)

Primeiro dia.  É meu aniversário. Não ligo, nunca me importei. Amo a vida, mas sempre detestei essa coisa de autocelebração. Ainda assim, a Dirlene fez um bolinho de cenoura com … Continuar lendo

22 de março de 2020 · 72 Comentários

Pendência (Elisa Ribeiro)

Saiu pela porta da garagem empurrando a bicicleta. Àquela hora, a rua reta e plana estava completamente vazia. Vinha tentando há três semanas, exceto nos dias em que chovia. Os … Continuar lendo

19 de janeiro de 2020 · 82 Comentários

Engrenagens Inversivas (Gustavo Araujo)

  Quando a sineta da porta anunciou a chegada de alguém eu estava de cabeça baixa, concentrado no mecanismo de um relógio suíço um tanto antigo. Não queria interromper o … Continuar lendo

1 de novembro de 2019 · 26 Comentários

O Dia em que a Terra Não Parou (Rafael Sollberg)

  O famoso jornalista britânico Francis Cockburn certa vez disse; “não acredite em nada até que tenha sido oficialmente negado”, por minha vez, vos digo, “acredite em apenas 80% do … Continuar lendo

1 de agosto de 2019 · 23 Comentários

Demasiado Humano (Fabio Baptista)

  Num canto do mundo onde sobrava sol e faltava todo o resto, duas meninas brincavam. O tijolo de construção riscava quadrados e números disformes na terra, os pulos de … Continuar lendo

1 de maio de 2019 · 24 Comentários

O Enigma do Rei (Gustavo Araujo)

Sob o céu alaranjado do crepúsculo, sacou a espada e posicionou-se, os pés fincados no chão, aguardando a investida do animal. A expressão fechada, a respiração curta, as mãos crispadas … Continuar lendo

17 de fevereiro de 2019 · 21 Comentários

Retorno (Angelo Rodrigues)

  Não lembrava de tudo. Sabia do homem e seu cheiro, da casa, das estradinhas que se perdiam em margens de capim. Lembrava dos postes, dos fios alvoroçados pelo pouso … Continuar lendo

20 de novembro de 2018 · 23 Comentários

Seba(S)Tiana (Paula Giannini)

  Quando Sebá soube que a família de Tiana estava de trouxas prontas, correu. Papa léguas, sebo nas canelas, pernas para que te quero, alcançou-os. O fusca bege, no meio … Continuar lendo

31 de agosto de 2018 · 30 Comentários

Programação (Fabio Baptista)

  INICIO_DO_PROGRAMA /* Pessoal, como todos sabem, eu faço mais a parte de gerenciamento (e, quando muito, análise), mas agora, com essa reestruturação aqui no Céu (quem diria que a … Continuar lendo

13 de março de 2018 · 48 Comentários

Bichoman (Catarina Cunha)

O fim: Sentado no banco da praça, apreciando o jardim iluminado pelo sol, lambeu a casquinha do sorvete para não escorrer pela mão. Um coelho branco o observava, ou melhor, … Continuar lendo

9 de dezembro de 2017 · 97 Comentários

O Abismo Além do Infinito (Fabio Baptista)

Essa é a história sobre como eu salvei o mundo. Cerca de seis meses atrás, Letícia chegou tarde do trabalho em uma quinta-feira qualquer. Naquele dia eu já havia: enviado … Continuar lendo

13 de outubro de 2017 · 46 Comentários

Literassex (Gustavo Araujo)

A primeira vez que Ademir experimentou aquela sensação foi na oitava série, logo depois que Fabiane Dória elogiou sua redação. ‒ Nossa, Ademirzinho, que lindo o que você escreveu! Podia … Continuar lendo

5 de agosto de 2017 · 48 Comentários

O homem que sabia javalês (Rubem Cabral)

O dia mal abrira seus olhos remelentos, nem sacudira ainda as estrelas bêbadas e retardatárias por debaixo do lençol malva do horizonte, e já socavam a minha porta e apertavam … Continuar lendo

18 de maio de 2017 · 54 Comentários

Formigas (Gustavo Araujo)

Ao entrar no galpão segurava uma trouxa com milho e batatas. Por sorte, conseguira surrupiar alguns pedaços de carne de porco também, enquanto as cozinheiras conversavam sobre a seca assolava … Continuar lendo

8 de março de 2017 · 42 Comentários

Super-Homem (Gustavo Araujo)

“Se você se concentrar com vontade, ele vai se mexer.” O pai sentou-se no sofá para assistir ao noticiário enquanto o menino se voltava para o bonequinho de plástico, um … Continuar lendo

13 de janeiro de 2017 · 86 Comentários

O Gatilho de Borges (Gustavo Araujo)

Caminhava de cabeça baixa, a mão segurando o chapéu contra a chuva fina, quase alheio às pessoas que cruzavam em várias direções. Trazia a pasta de trabalho junto ao peito, … Continuar lendo

25 de novembro de 2016 · 42 Comentários

Mea Culpa (Daniel Reis)

Confiteor Deo omnipotenti, omnibus Sanctis, et tibi, pater: quia peccavi nimis cogitatione, verbo, et opere: mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa…   — Abençoa-me, padre, porque pequei. — In … Continuar lendo

15 de setembro de 2016 · 88 Comentários

Infinitos (Maria Santino e Fabio Baptisa)

Entrou na cozinha, esbaforida, não só pelo calor do dia mas também devido ao peso da jaca, que vinha assim, nua, trazida pela haste e machucando, de vez em quando, … Continuar lendo

14 de julho de 2016 · 44 Comentários

Travessia (Gustavo Araujo)

Em meio aos gritos, José Vaz segurou com força o braço do filho, Miguel. Não conseguia vê-lo, mas por nada neste mundo soltaria o braço do menino. Sob a noite … Continuar lendo

14 de maio de 2016 · 38 Comentários

Draemant (Marco Piscies)

Os pés percorriam a extensão do quarto de luxo, ressoando na madeira polida a impaciência de um réu inocente. De um lado para outro, do outro lado para um. A … Continuar lendo

5 de março de 2016 · 33 Comentários

Motivo (Fabio Baptista)

Entrou em casa, cansada demais para se surpreender com o sofá vazio e a TV desligada. Na mesinha, um bilhete – vinte e dois anos sepultados em cinco linhas apressadas. … Continuar lendo

14 de janeiro de 2016 · 58 Comentários

Clube dos Amigos de Outubro (Fabio Baptista)

Tudo começou com um floco de neve. Voltávamos da escola, pelo caminho que era mais pasto de cabra do que rua, conversando sobre figurinhas, futebol, bolinhas de gude e assuntos … Continuar lendo

9 de dezembro de 2015 · 38 Comentários

Zona Sul (Gustavo Aquino)

Peruíbe   Debaixo do chuveiro escangalhado, Peruíbe cantou funks, teceu rimas, deu vazão a sua verve poética-mobral sob o correr da água fria. Depois, de banho tomado e devidamente enxugado, … Continuar lendo

12 de setembro de 2015 · 47 Comentários

O Sentido da Vida (Fabio Baptista)

Faz 385 bilhões de anos, mas parece que foi ontem. Chegamos à praça e nos juntamos à pequena multidão cercando o homem de boné engraçado que transformava o líquido das … Continuar lendo

5 de julho de 2015 · 58 Comentários

Hissatsu (Gustavo Araujo)

Hideo Nakamura tentou enxugar os olhos com o punho. A manga da jaqueta, porém, só fez espalhar o suor, turvando momentaneamente sua visão. A nitidez veio em ondas, não deixando … Continuar lendo

1 de junho de 2015 · 59 Comentários

Um Estudo em Nunca Fui Santa (Fabio Baptista)

I – Nos Embalos de Sábado de Manhã Sherlock Holmes estava particularmente calado naquela ensolarada manhã de Sábado. Tentei puxar assunto duas vezes durante o desjejum, comentando, em uma das … Continuar lendo

5 de abril de 2015 · 50 Comentários

Fome Inerente (Pedro Luna)

O doutor tinha a estranha mania de tentar adivinhar a personalidade dos pacientes apenas por seus nomes. Dessa vez, imaginou para ‘’ Paolo’’ um sujeito magro, alto e desengonçado. Por … Continuar lendo

5 de fevereiro de 2015 · 44 Comentários

O Caçador de Espécimes (Marco Piscies)

Caçador de Espécimes – Indivíduo cuja principal atividade é a caça e venda de espécimes alienígenas. Normalmente um viajante, explorador de planetas e usuário exímio dos mais diversos armamentos de … Continuar lendo

20 de dezembro de 2014 · 45 Comentários

Liberdade Condicional (Gustavo Araujo)

A mesa parece firme. De mogno, dá para ver pela cor escura. As beiradas gastas segredam sua antiguidade, construída em um tempo em que as coisas eram feitas para durar. … Continuar lendo

4 de novembro de 2014 · 29 Comentários

Mar dos olhos de Marcela (Eduardo Barão)

Sem ela. A cada passo dado, o vento se aproveitava da força concedida por Deus para converter cada rajada em navalha que lhe fatiava os sonhos. Vento transformado em navalha … Continuar lendo

9 de setembro de 2014 · 45 Comentários

Lua Dora (Claudia Roberta Angst)

– Pensa que é quem pra me olhar assim? Dora torceu a bainha do avental. Os nós dos dedos brancos, circulação estagnada em medo e ira. Os olhos seguiram caminho … Continuar lendo

30 de julho de 2014 · 66 Comentários

A hora eterna (Felipe Holloway)

Os espinhos da rosa que estampava o lençol ainda estavam cravados na carne depois que despertou. Vinda da janela entreaberta, a obscuridade no quarto parecia típica tanto da aurora quanto … Continuar lendo

22 de junho de 2014 · 24 Comentários

Um Estranho Duelo (Thiago Lopes)

Lembro com nitidez: ao som das esporas, seguiu-se a figura imponente – a pele queimada pelo sol do Norte, os olhos cinzentos, o chapéu de couro e a barba longa, … Continuar lendo

26 de abril de 2014 · 33 Comentários

Radiação (Gustavo Araujo)

Acordou pouco antes do alvorecer. Depois de algumas semanas percebia que era esse o melhor horário para procurar comida ou água. Passara a noite em meio a uma pilha de madeira … Continuar lendo

22 de março de 2014 · 28 Comentários

Infiltração (Rubem Cabral)

As adolescências muito castas fazem as velhices dissolutas. (André Gide) Dr. Gabriel Rizzi, parapsicólogo. Faz sete dias que tenho o mesmo sonho. Ipsis litteris. Ao fundo, um céu revolto, coalhado … Continuar lendo

31 de janeiro de 2014 · 49 Comentários

Quatrilho (Bia Machado)

Já dizia o poeta: “João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém.” Quase sempre é assim. Essa história que … Continuar lendo

17 de dezembro de 2013 · 67 Comentários

Lágrimas são vãs sob a chuva (Rubem Cabral)

Ouvi uma piada uma vez: um homem vai ao médico, diz que está deprimido. Diz que a vida parece dura e cruel. Conta que se sente só num mundo ameaçador … Continuar lendo

15 de novembro de 2013 · 50 Comentários

Spoiler (Felipe Holloway)

Transcende o limite das coincidências usuais que eu tenha sabido da morte de Pablo Runemberg à mesa de um bar. Tanto que, a princípio, não hesitei em legar aos efeitos … Continuar lendo

18 de outubro de 2013 · 42 Comentários

Algo Assim (Felipe Holloway)

Tinham se conhecido no enterro da bisavó. A família era dessas tão numerosas que um membro pode ir do berço ao túmulo sem nem desconfiar que certa celebridade seja parente, … Continuar lendo

14 de setembro de 2013 · 27 Comentários