A Cartomante – Clássico (Machado de Assis)
HAMLET observa a Horácio que há mais causas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço … Continuar lendo
Carta ao Pai – Clássico (Franz Kafka)
Querido Pai: Você me perguntou recentemente por que eu afirmo ter medo de você. Como de costume, não soube responder, em parte justamente por causa do medo que tenho de … Continuar lendo
Pós-Vida – Clássico (Stephen King)
Willian Andrews, um banqueiro de investimento, morreu na tarde de 23 de Setembro de 2012.Sua morte era esperada. Sua esposa e seus filhos já crescidos estão aos pés de sua … Continuar lendo
A Causa Secreta – Clássico (Machado de Assis)
Garcia, em pé, mirava e estalava as unhas; Fortunato, na cadeira de balanço, olhava para o teto; Maria Luíza, perto da janela, concluía um trabalho de agulha. Havia já cinco … Continuar lendo
A Janela – Clássico (Lygia Fagundes Telles)
A mulher estendeu-lhe a mão e sorriu. O homem pareceu não ter notado o gesto. Ficou imóvel no meio do quarto, os braços caídos ao longo do corpo, o olhar … Continuar lendo
A Loteria da Babilônia – Clássico (Jorge Luis Borges)
Como todos os homens da Babilônia, fui pro-cônsul; como todos, escravo; também conheci a onipotência, o opróbrio, os cárceres. Olhem: à minha mão direita falta-lhe o indicador. Olhem: por este … Continuar lendo
A Árvore de Natal – Clássico (Fiodor Dostoievski)
Em uma grande cidade, na noite de Natal, sob um frio intensíssimo, vi um menino, ainda muito criança, de oito anos apenas, talvez de menos, ainda bem pequeno para mendigar, … Continuar lendo
Pai Contra Mãe – Clássico (Machado de Assis)
A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro … Continuar lendo
O Guardanapo dos Poetas – Clássico (Guillaume Apollinaire)
Situado no limite da vida, nos confins da arte, Justin Prerogue era pintor. Uma amiga vivia com ele e poetas o visitavam. Cada um, por sua vez, jantava no atelier, … Continuar lendo
Abandonar um gato. Memórias de meu pai – Clássico (Haruki Murakami)
Tenho muitas memórias do meu pai, é claro. Afinal, compartilhamos uma casa não muito grande, como pai e filho, desde que eu vim ao mundo até me mudar de lá, … Continuar lendo
Minha Noite no Século Vinte e Outros Pequenos Avanços – Clássico (Kazuo Ishiguro)
Discurso de agradecimento do Prêmio Nobel de Literatura de 2017 Se você cruzasse comigo no outono de 1979, acharia difícil me classificar socialmente ou até racialmente. Eu tinha então … Continuar lendo
O Encontro – Clássico (Ivan Turguêniev)
Um dia de outono, em meados de setembro, eu repousava num bosque de bétulas. O tempo estava incerto: desde manhã, uma chuva fina alternava com um sol quente. O céu … Continuar lendo
A Máscara da Morte Rubra – Clássico (Edgar Allan Poe)
A “Morte Rubra” havia muito devastava o país. Jamais se viu peste tão fatal ou tão hedionda. O sangue era sua revelação e sua marca. A cor vermelha e o … Continuar lendo
Família é uma merda – Clássico (Rubem Fonseca)
Tenho uma saúde de ferro, mas andava sentindo umas dores de cabeça e fui à farmácia comprar aspirina. Foi assim que conheci Genoveva. Ela me perguntou para que eu queria … Continuar lendo
Oh, Capitão, Meu Capitão – Clássico (Walt Whitman)
Oh Capitão! Meu Capitão! Nossa viagem terrível terminou; O barco venceu todas as tormentas, o prêmio que perseguimos foi ganho; O porto está próximo, ouço os sinos, o povo todo … Continuar lendo
Uma Proposta Modesta – Clássico (Jonathan Swift)
É motivo de melancolia para aqueles que passeiam por esta grande cidade, ou que viajam pelo campo, verem nas ruas, nas estradas, e às portas das barracas, uma multidão de … Continuar lendo
Passagem do Ano – Clássico (Carlos Drummond de Andrade)
O último dia do ano Não é o último dia do tempo. Outros dias virão E novas coxas e ventres te comunicarão o calor da vida. Beijarás bocas, rasgarás papéis, … Continuar lendo
O Suave Milagre – Clássico (Eça de Queiroz)
Nesse tempo Jesus ainda se não afastara da Galileia e das doces, luminosas margens do Lago de Tiberíade: — mas a nova dos seus Milagres penetrara já até Enganim, cidade … Continuar lendo
Sem Enfeite Nenhum – Clássico (Adélia Prado)
A mãe era desse jeito: só ia em missa das cinco, por causa de os gatos no escuro serem pardos. Cinema, só uma vez, quando passou os Milagres do padre … Continuar lendo
Baleia – Clássico (Graciliano Ramos)
A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pêlo caíra-lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas de moscas (1) … Continuar lendo
As Irmãs – Clássico (James Joyce)
Desta vez não havia esperança para ele: fora o terceiro derrame. Noite após noite, ao passar diante da casa (era tempo de férias), observava o retângulo iluminado da janela e, … Continuar lendo
A Caixa – Clássico (Richard Matheson)
O pacote foi deixado ao lado da porta da frente: um cubo de papelão fechado com fita adesiva, nome e endereço escritos à mão: SR. E SRA. ARTHUR LEWIS, 217 … Continuar lendo
O Marido que recebeu uma lição – Clássico (Marquês de Sade)
Um homem já na decadência pensou em se casar embora até aquele momento tivesse passado sem mulher, e é possível que a coisa mais tola que fez, de acordo com … Continuar lendo
O Noivado Infeliz da Aurélia – Clássico (Mark Twain)
Os fatos que se seguem foram narrados numa carta que me escreveu uma jovem da bela cidade de San José. Devo esclarecer que não conheço, em absoluto, a signatária do … Continuar lendo
O Olho Silva – Clássico (Roberto Bolaño)
Para Rodrigo Pinto e para María e Andrés Braithwaite Vejam como são as coisas: Mauricio Silva, vulgo o Olho, sempre tentou escapar da violência, mesmo com o risco … Continuar lendo
E o seu nível de corrupção, como vai? – Clássico (Millôr Fernandes)
Dizem por ai que todo homem tem seu preço. Há quem vá mais longe afirmando que alguns homens são vendidos a preço de banana. Sempre esperei, na vida, o dia … Continuar lendo
A Vingança é Amarga – Clássico (George Orwell)
Tribune 9 de novembro de 1945 Sempre que leio expressões do tipo “julgamentos de crimes de guerra”, “punição de criminosos de guerra” e similares, volta-me à cabeça a lembrança de … Continuar lendo
Colheita – Clássico (Nélida Piñon)
Um rosto proibido desde que crescera. Dominava as paisagens no modo ativo de agrupar frutos e os comia nas sendas minúsculas das montanhas, e ainda pela alegria com que distribuía … Continuar lendo
A Terra Inútil – Clássico (T. S. Eliot)
“Nam Sibyllam quidem Cumis ego ipse oculis meis vidi in ampulla pendere, et cum illi pueri dicerent: Σίβνλλα τί ϴέλεις; respondebat illa: άπο ϴανεΐν ϴέλω.”(*) Para Ezra Pound, il miglior … Continuar lendo
A Morte dos Girassóis – Clássico (Caio Fernando Abreu)
Anoitecia, eu estava no jardim. Passou um vizinho e ficou me olhando, pálido demais até para o anoitecer. Tanto que cheguei a me virar para trás, quem sabe alguma coisa … Continuar lendo
A Luta com o Monstro – Clássico (Victor Hugo)
Depois do grande esforço, Gilliatt precisava recuperar as forças e começou a procurar alimento. Um grande caranguejo, assustado com a presença dele, tinha pulado na água, mas não mergulhou tanto … Continuar lendo
O Conto da Ilha Desconhecida – Clássico (José Saramago)
Um homem foi bater à porta do rei e disse-lhe, Dá-me um barco. A casa do rei tinha muitas mais portas, mas aquela era a das petições. Como o rei … Continuar lendo
Me Alugo para Sonhar – Clássico (Gabriel García Márquez)
Às nove, enquanto tomávamos o café da manhã no terraço do Habana Riviera, um tremendo golpe de mar em pleno sol levantou vários automóveis que passavam pela avenida à beira-mar, … Continuar lendo
O Ateu – Clássico (Rachel de Queiroz)
Era uma vez, já faz muito tempo, havia um homem que era ateu. Naquele pequeno povoado onde morava não existia nenhum outro ateu igual a ele, de forma que o … Continuar lendo
História de uma Lágrima – Clássico (Machado de Assis)
Que é uma lágrima? A ciência dar-nos-á uma explicação positiva; a poesia dirá que é o soro da alma, a linguagem do coração. Bem pouco avulta essa leve gota de … Continuar lendo
O viajante clandestino – Clássico (Mia Couto)
– Não é arvião. Diz-se: avião. O menino estranhou a emenda de sua mãe. Não mencionava ele uma criatura do ar? A criança tem a vantagem de estrear o mundo, … Continuar lendo
Celebremos – Clássico (Carlos Drummond de Andrade)
A vitória do selecionado brasileiro na Suécia foi perfeita. Jogadores e técnicos abriram uma reta entre o ceticismo irônico do começo e a pura alegria nacional de domingo. Uma campanha … Continuar lendo
Garrincha e o Mundial de 1962 – Clássico (Mario Filho)
Santiago, segunda-feira Quando os brasileiros voltaram a campo, Garrincha se sentiu assim, alvo de todos os olhares. Fotógrafos chilenos, os que iam ficar atrás do goal de Gilmar, correram para … Continuar lendo
Complexo de vira-latas – Clássico (Nelson Rodrigues)
Hoje vou fazer do escrete o meu numeroso personagem da semana. Os jogadores já partiram e o Brasil vacila entre o pessimismo mais obtuso e a esperança mais frenética. Nas … Continuar lendo
Fuga da Morte – Clássico (Paul Celan)
Leite negro da aurora bebemos-te à tarde bebemos-te cedo e no dia bebemos-te à noite e bebemos bebemos cavamos um túmulo no ar onde não se há de estar apertado Mora um … Continuar lendo
A Maior Ponte do Mundo – Clássico (Domingos Pellegrini)
Eu tinha um alicate que só vendo, encabado de plástico amarelo, na escuridão fosforecia; de aço alemão legítimo; usei oito anos quase todo dia, foi meu companheiro em Ibitinga, Acaraí, … Continuar lendo
A Aia – Clássico (Eça de Queiroz)
Era uma vez um rei, moço e valente, senhor de um reino abundante em cidades e searas, que partira a batalhar por terras distantes, deixando solitária e triste a sua … Continuar lendo
A Jornada de Taro – Clássico (Dosho Saikawa)
Taro era um peixe-escorpião que nasceu no mar do Japão, na região sul, onde as águas quentes são quentes. Dizia a lenda que as “águas da vida” ficavam na mesma … Continuar lendo
O Buscador – Clássico (Jorge Bucay)
Esta é a história de um homem que eu definiria como um buscador. Um buscador é alguém que procura. Não necessariamente alguém que encontra. Tampouco é alguém que sabe o … Continuar lendo
Oração do Mar – Clássico (Khaled Hosseini)
Meu querido Marwan, Nos longos verões da infância, quando eu era um garoto da sua idade hoje, seus tios e eu colocávamos nosso colchão no telhado da casa da fazenda … Continuar lendo
O burguês e o crime – Clássico (Carlos Heitor Cony)
Foi durante a noite que, de repente, ele se fez a pergunta: — Por que não? A pergunta finalizava a série de pensamentos que haviam começado horas antes, quando estava … Continuar lendo
Aqueles Que Se Afastam de Omelas – Clássico (Ursula K. Le Guin)
Com um clamor de sinos marcados pela elevação das andorinhas, deu-se o início ao Festival de Verão da cidade de Omelas, brilhantes torres à beira-mar. O equipamento dos barcos no … Continuar lendo
Axolotes – Clássico (Júlio Cortázar)
Final do Jogo. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1971. Houve um tempo em que eu pensava muito nos axolotes. Ia vê-los no aquário do Jardim das Plantas e ficava … Continuar lendo
Berenice – Clássico (Edgar Allan Poe)
Desgraça é variada. O infortúnio da terra é multiforme. Estendendo-se pelo vasto horizonte, como o arco-íris, suas cores são como as deste, variadas, distintas e, contudo, intimamente misturadas. Estendendo-se pelo … Continuar lendo
O Pote de Biscoitos – Clássico (Stephen King)
1 Existia um certo acordo entre eles, desde o início. O garoto achava que o velho estava muito bem para os noventa anos, e o velho pensava que o garoto, … Continuar lendo
Venha ver o pôr do sol – Clássico (Lygia Fagundes Telles)
ELA SUBIU sem pressa a tortuosa ladeira. À medida que avançava, as casas iam rareando, modestas casas espalhadas sem simetria e ilhadas em terrenos baldios. No meio da rua sem … Continuar lendo
Um apólogo – Clássico (Machado de Assis)
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: — Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale … Continuar lendo
Um Negócio Fracassado – Clássico (Anton Tchekhov)
. . Um caso com características de vaudevile Estou com uma terrível vontade de chorar! Se eu abrisse um berreiro, acho que ficaria mais aliviado. Fazia uma tarde maravilhosa. Eu … Continuar lendo
História de um nome – Clássico (Stanislaw Ponte Preta)
No capítulo dos nomes difíceis têm acontecido coisas das mais pitorescas. Ou é um camarada chamado Mimoso, que tem físico de mastodonte, ou é um sujeito fraquinho e insignificante chamado … Continuar lendo
Mar Portuguez – Clássico (Fernando Pessoa)
Possessio maris. I. O INFANTE Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Deus quis que a terra fosse toda uma, Que o mar unisse, já não separasse. Sagrou-te, … Continuar lendo
Serpentes e Caveiras – Clássico (Italo Calvino)
No México, o senhor Palomar está visitando as ruínas de Tula, antiga capital dos toltecas. Acompanha-o um amigo mexicano, conhecedor apaixonado e eloquente das civilizações pré-hispânicas, que lhe conta belíssimas … Continuar lendo
O fim do mundo – Clássico (Cecília Meireles)
A primeira vez que ouvi falar no fim do mundo, o mundo para mim não tinha nenhum sentido, ainda; de modo que não me interessava nem o seu começo nem … Continuar lendo
A terra que nos deram – Clássico (Juan Rulfo)
Depois de caminhar tantas horas sem encontrar nem uma sombra de árvore, nem uma raiz de nada, ouve-se o ladrar dos cachorros. A gente às vezes chegava a pensar, no … Continuar lendo
Sensini – Clássico (Roberto Bolaño)
A forma como se desenrolou minha amizade com Sensini sem duvida escapa ao costumeiro. Naquela época eu tinha vinte e tantos anos e era mais pobre que um rato. Morava … Continuar lendo
Nem a rosa, nem o cravo – Clássico (Jorge Amado)
As frases perdem seu sentido, as palavras perdem sua significação costumeira, como dizer das árvores e das flores, dos teus olhos e do mar, das canoas e do cais, das … Continuar lendo
Ode a um rouxinol – Clássico (John Keats)
Meu coração dói, e um torpor aflige Meus sentidos, como se ébrio de cicuta, Ou sorvido algum vapor de ópio Um minuto passou, e no Letes afunda: Não é inveja … Continuar lendo
O Olho – Clássico (Alice Munro)
Quando eu tinha cinco anos, de repente meus pais apareceram com um menininho, que minha mãe disse que era o que eu sempre quisera. De onde ela tirou essa ideia … Continuar lendo
A Terceira Margem do Rio – Clássico (Guimarães Rosa)
Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo que testemunharam as diversas sensatas pessoas, quando indaguei a informação. Do que eu mesmo me … Continuar lendo
Um dia especial para os peixes-banana – Clássico (J. D. Salinger)
Noventa e sete agentes de publicidade de Nova York estavam hospedados no hotel e, do jeito que vinham monopolizando as linhas interurbanas, a moça do 507 teve de esperar do … Continuar lendo
O Bebê de Tarlatana Rosa – Clássico (João do Rio)
– Oh! uma história de máscaras! quem não a tem na sua vida? O carnaval só é interessante porque nos dá essa sensação de angustioso imprevisto… Francamente. Toda a gente … Continuar lendo
Retrato de uma londrina – Clássico (Virginia Woolf)
Ninguém pode se considerar expert sobre Londres se não conhecer um verdadeiro cockney; se não dobrar numa rua lateral, longe das lojas e dos teatros, e bater em uma porta … Continuar lendo
O abate de um elefante – Clássico (George Orwell)
1 Em Moulmein, na Baixa Birmânia, eu era detestado por um grande número de pessoas – a única vez na vida que fui importante o suficiente para isso acontecer comigo. … Continuar lendo
A Feiticeira – Clássico (Anton Tchekhov)
Era quase meia-noite. Deitado em um imenso leito, na casa do sacristão, o chantre Saveli Guikine não dormia, se bem que tivesse o hábito de dormir cedo, como as galinhas. … Continuar lendo
Obrigada pelo fogo – Clássico (Scott Fitzgerald)
Aos 40 anos, a sra. Hanson era uma mulher bonita, mas um tanto apagada, que vendia espartilhos e cintas em viagens de negócios fora de Chicago. Por muitos anos seu … Continuar lendo
Presépio – Clássico (Carlos Drummond de Andrade)
Dasdores (assim se chamavam as moças daquele tempo) sentia-se dividida entre a Missa do Galo e o presépio. Se fosse à igreja, o presépio não ficaria armado antes de meia-noite … Continuar lendo
O Outro – Clássico (Jorge Luis Borges)
O fato ocorreu no mês de fevereiro de 1969, ao norte de Boston, em Cambridge. Não o escrevi imediatamente, porque meu primeiro propósito foi esquecê-lo para não perder a razão. … Continuar lendo
A Caleche – Clássico (Nikolai Gogol)
A cidadezinha de B. animou-se muito quando nela se aboletou o regimento de cavalaria ***. Antes disso, pasmava num tédio mortal. Quando, por acaso, passamos por esta cidade e olhamos … Continuar lendo
A Loteria – Clássico (Shirley Jackson)
A manhã de 27 de junho estava límpida e ensolarada, com o calor refrescante de um dia em pleno verão; as flores desabrochavam em profusão, e a grama era de … Continuar lendo
Jeito de matar lagartas – Clássico (Antônio Carlos Viana)
As lagartas nunca foram tantas como naquele ano. Elas chegavam anunciando o verão. Diziam que, quando eram muitas, o verão seria muito quente e os cajus, mais doces. Eram lagartas … Continuar lendo
Os Devaneios do General – Clássico (Érico Veríssimo)
Abre-se uma clareira azul no escuro céu de inverno. O sol inunda os telhados de Jacarecanga. Um galo salta para cima da cerca do quintal, sacode a crista vermelha que … Continuar lendo
A Galinha Degolada – Clássico (Horacio Quiroga)
O dia inteiro sentados num banco do pátio, ficavam os quatro filhos idiotas do matrimônio Mazzini-Ferraz. Tinham a língua entre os lábios, os olhos estúpidos vazios e se voltavam com … Continuar lendo
Bola de Sebo – Clássico (Guy de Maupassant)
Durante vários dias seguidos escombros de um exército em retirada haviam atravessado a cidade. Não era uma tropa, mas hordas em debandada. Os homens tinham a barba comprida e suja, … Continuar lendo
O Santo que não acreditava em Deus – Clássico (João Ubaldo Ribeiro)
Temos várias espécies de peixe neste mundo, havendo o peixe que come lama, o peixe que come baratas do molhado, o peixe que vive tomando sopa fazendo chupações na água, … Continuar lendo
O Colete – Clássico (Boleslaw Prus)
Há gente que adora colecionar objetos estranhos; uns preferem coisas de valor; outros, itens baratos, em função das disponibilidades de cada um. Eu também tenho a minha coleçãozinha, modesta, como … Continuar lendo
O Rouxinol e a Rosa – Clássico (Oscar Wilde)
“Ela disse que dançaria comigo se eu lhe trouxesse rosas vermelhas”, exclamou o jovem Estudante, “mas em todo o meu jardim não há nenhuma rosa vermelha.” Do seu ninho no … Continuar lendo
Navalha – Clássico (Vladimir Nabokov)
Seus colegas de regimento tinham boa razão para apelidá-lo de “Navalha”. A cara do sujeito não tinha uma fachada. Quando seus conhecidos pensavam nele, só conseguiam imaginá-lo de perfil, e … Continuar lendo
O Afogado Mais Bonito do Mundo – Clássico (Gabriel García Márquez)
Os primeiros meninos que viram o volume escuro e silencioso que se aproximava pelo mar imaginaram que era um barco inimigo. Depois viram que não trazia bandeiras nem mastreação, e … Continuar lendo
Se – Clássico (Rudyard Kipling)
Se és capaz de manter tua calma, quando, todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa. De crer em ti quando estão todos duvidando, e para esses no … Continuar lendo
Primeira Aventura de Alexandre – Clássico (Graciliano Ramos)
Naquela noite de lua cheia estavam acocorados os vizinhos na sala pequena de Alexandre: seu Libório, cantador de emboladas, o cego preto Firmino e Mestre Gaudêncio curandeiro, que rezava contra … Continuar lendo
Casa Tomada – Clássico (Julio Cortázar)
Gostávamos da casa porque, além de ser espaçosa e antiga (as casas antigas de hoje sucumbem às mais vantajosas liquidações dos seus materiais), guardava as lembranças de nossos bisavós, do … Continuar lendo
A Coisa no Umbral – Clássico (H. P. Lovecraft)
Morgan não é um literato; na verdade, ele mal consegue falar inglês com algum grau de coerência. É isso o que me faz estranhar as palavras que ele escreveu, embora … Continuar lendo
Os Outros – Clássico (Neil Gaiman)
– O tempo é fluido por aqui – disse o demônio. Ele soube que era um demônio no momento em que o viu. Assim como soube que ali era o … Continuar lendo
Nenhum Caminho para o paraíso – Clássico (Charles Bukowski)
Eu estava sentado em um bar na avenida Western. Era perto da meia-noite e estava metido em uma das minhas habituais confusões. Quero dizer, você sabe, nada dá certo: as … Continuar lendo
Um som de trovão – Clássico (Ray Bradbury)
SAFARIS NO TEMPO, INC. SAFARIS PARA QUALQUER ANO DO PASSADO VOCÊ DIZ QUE ANIMAL. NÓS O LEVAMOS LÁ. VOCÊ O ABATE. Uma flegma quente acumulou-se na garganta de Eckels; engoliu … Continuar lendo
Feliz Ano Novo – Clássico (Rubem Fonseca)
Vi na televisão que as lojas bacanas estavam vendendo adoidado roupas ricas para as madames vestirem no reveillon. Vi também que as casas de artigos finos para comer e beber … Continuar lendo
A Partida – Clássico (Franz Kafka)
Ordenei que tirassem meu cavalo da estrebaria. O criado não me entendeu. Fui pessoalmente à estrebaria, selei o cavalo e montei-o. Ouvi soar à distância uma trompa, perguntei-lhe o que … Continuar lendo
Os Assassinos – Clássico (Ernest Hemingway)
A porta do restaurante “do Henry” se abriu e entraram dois homens que se sentaram ao balcão. — O que vão pedir? — perguntou-lhes George. — Não sei. — disse … Continuar lendo
Amor – Clássico (Clarice Lispector)
Um pouco cansada, com as compras deformando o novo saco de tricô, Ana subiu no bonde. Depositou o volume no colo e o bonde começou a andar. Recostou-se então no … Continuar lendo
Um Conto de Natal – Clássico (Charles Dickens)
Ilustrações de John Leech PRIMEIRA ESTROFE O espectro de Marley Para começar, digamos que Marley tinha morrido. Neste particular, não pode haver absolutamente a menor dúvida; a ata dos seus … Continuar lendo
O Corvo – Clássico (Edgar Allan Poe)
Em certo dia, à hora, à hora Da meia-noite que apavora, Eu, caindo de sono e exausto de fadiga, Ao pé de muita lauda antiga, De uma velha doutrina, agora … Continuar lendo
Penélope – Clássico (Dalton Trevisan)
Naquela rua mora um casal de velhos. A mulher espera o marido na varanda, tricoteia em sua cadeira de balanço. Quando ele chega ao portão, ela está de pé, agulhas … Continuar lendo
A Última Pergunta – Clássico (Isaac Asimov)
A última pergunta foi feita pela primeira vez, meio que de brincadeira, no dia 21 de Maio de 2061, quando a humanidade dava seus primeiros passos em direção à luz. … Continuar lendo
A Biblioteca de Babel – Clássico (Jorge Luis Borges)
By this art you may contemplate the variation of the 23 letters… The Anatomy of Melancholy, part. 2, sect. II, mem. 1V. O universo (que outros chamam a Biblioteca) compõe-se … Continuar lendo
A Brincadeira – Clássico (Anton Tchekhov)
Um claro dia de inverno… o frio é forte e seco de estalar, e Nádenka, que eu levo pelo braço, fica com os cachos das fontes e o buço no … Continuar lendo
A Teoria do Medalhão – Clássico (Machado de Assis)
– Estás com sono? – Não, senhor. – Nem eu; conversemos um pouco. Abre a janela. Que horas são? – Onze. – Saiu o último conviva do nosso modesto jantar. … Continuar lendo
A Pechincha – Clássico (Truman Capote)
Várias coisas no marido irritavam a sra. Chase. Por exemplo, a voz: ele sempre falava como se estivesse apostando num jogo de pôquer. Ouvir aquela fala arrastada e indiferente era … Continuar lendo