Sob o céu alaranjado do crepúsculo, sacou a espada e posicionou-se, os pés fincados no chão, aguardando a investida do animal. A expressão fechada, a respiração curta, as mãos crispadas sustentando a lâmina na horizontal, como um prolongamento da visão.
A besta acelerou. Dois mil arratéis ganhando velocidade, bufando num tropel intenso, esmagando ossos milenares sob os cascos. Um monstro negro protegendo a ponte. Nada passaria por ela pois assim fora desde tempos imemoriais. A cabeça baixa, o trio de chifres apontados para frente, a marcha inexorável da morte.
A mulher prendeu os lábios e retesou os braços. Lembrou-se de Galahad, em casa, inválido, o coração torturado. Por ele estava ali. Pela redenção. Pelo Graal. Não, não falharia. Porque a fé é o que impele os bravos, os inconformados, os que têm coragem.
Aguardou até que a fera se aproximasse. Um instante que poderia compreender uma vida inteira, uma revolução, uma era. E, no instante final, com um salto no limite, enterrou na besta a espada, pela nuca, enquanto o sol se esfacelava por trás das montanhas.
Estava feito.
Sem tempo a perder.
Não poderia assistir o animal em seus estertores, o sangue lhe escorrendo sobre a cabeça, os olhos vazios, exalando os últimos suspiros. Precisava prosseguir, atravessar a ponte para o vale próximo. Encontrar aquele rio de almas condenadas onde o último rei preservava o Cálice Sagrado.
Montou seu cavalo, golpeando-lhe levemente o ventre. As patas da montaria ganharam velocidade, martelando o solo fraturado como tambores conjurando um milagre.
Mirou o horizonte. Acostumara-se à aridez onipresente. À raridade de vida, animais ou plantas. À escassez de água. Às árvores moribundas, desprovidas de esperança. Aos perigos. Mas por ele, por Galahad, faria isso mil vezes. Encontraria o Graal, faria com que ele bebesse de sua água santificada. Ele se restabeleceria, levantaria daquele leito coberto de miséria, viveria novamente como um homem. Juntos povoariam aquela terra. Renasceriam.
“Tens o coração puro”, ele dissera, as lágrimas descendo pelo rosto sulcado quando ela partia. “Conseguirás encontrá-lo.”
Com a escuridão se derramando sobre o vale, divisou uma mancha no horizonte. Um homem arrastando-se qual inseto. Ela o circundou e percebeu-o implorando por água, delirando. Desmontou e deu-lhe de beber. Provavelmente era um ladrão, mas ao menos naquele momento não oferecia perigo. Colocou-o deitado no dorso do cavalo e prosseguiu.
Pontos brancos incandescentes ganhavam agora o firmamento, polvilhando a imensidão como lanternas inatingíveis. Em sua mente, a mulher via as constelações girando feito redemoinhos, espirais devorando o cosmo adjacente em uma longa cauda esbranquiçada, precipitando-se em direção à lua minguante. Almas tragadas para o fim inevitável.
A certa altura pararam. Ela acendeu uma fogueira entre as pedras e colocou o homem deitado ao lado do fogo. Percebeu que ele mergulhara num sono profundo. Em breve estaria recuperado, pois a água tem esse dom mágico de instilar vida rapidamente. A água. O Graal. Galahad condenado à cama.
Ao alvorecer o homem parecia mais disposto. Sorria até. Conversaram por um tempo até que ela perguntou-lhe aonde iria. Ele disse que buscava as cidades. As cidades não existem mais, respondeu ela. Esta é a nossa realidade. O que é realidade, retorquiu o homem. Como podes ter certeza de que isto é real e não o sonho de um gênio sádico? Como podes ter certeza de que és quem realmente és, que teu cavalo não é uma simples mula? Que tua busca não é um desejo ingênuo?
O Graal é uma realidade. Basta acreditar, sentenciou ela. Hei de encontrar o rei em seu castelo e salvar Galahad.
Não há rei. Não há Graal. Isso é história para crianças. Olha a teu redor, não há vida. Todos morreram.
Por que buscas as cidades, então?
Porque nelas há comida. Somos como baratas, escondendo-nos à procura de restos para lutar por mais um dia.
Ela mirou-o nos olhos. A expressão enxuta, franca, vagamente lhe trazia lembranças inoportunas, algo familiar. Talvez a barba, ou o jeito desafiador de falar. Talvez estivesse atraída por ele.
Vou responder a pergunta do rei, disse ela. Vou decifrar o enigma e mostrar que sou digna do Graal. Com o cálice vou salvar meu homem. É isso o que interessa.
Refugiar-se em contos de fadas não vai resolver qualquer problema. És mulher. Tem a pele escura como a noite. Como esperas ser a heroína deste faz-de-conta?
Ela levantou-se e deu-lhe as costas. Vou partir na direção das montanhas, disse. Podes retomar teu caminho. Dou-te água para que chegues aonde…
A intensidade do golpe a derrubou de plano. O rosto afogueado, a tontura e o desequilíbrio. Sentiu o peso intolerável sobre as costas. Em seguida o odor nauseabundo, o hálito fétido sobre a nuca, a saliva viscosa escorrendo sobre a orelha. Mãos sôfregas tentavam rasgar-lhe as roupas, os dedos apertando-lhe as coxas e as nádegas. O homem grunhia sobre ela, cuspia palavras. O sonho, dizia ele, acreditemos nos vossos sonhos. Ela tentou se livrar do ataque, mas não conseguia sobrepujar-lhe a força. Ouviu quando o tecido se rasgou. Em sua mente antecipou o horror que se seguiria. Os dedos imundos. O cheiro pungente, amargo. Desvencilhou-se por um segundo, até sentir um soco no rosto e uma brisa fresca tomando seu peito, agora nu. Quase inconsciente, ouviu um gemido de satisfação. De alguma forma, alcançou a adaga que trazia ao tornozelo. Num movimento urgente, cravou-a no pescoço do homem, repetidas vezes. O sangue jorrou em profusão sobre seus dedos, desenhando pequenos rios sobre o punho e o braço. Rolou-o para lado. Levantando-se, trôpego, ele ainda tentou estancar a hemorragia num gesto patético, agitando os braços. Sabia que iria morrer. Uma pena que fosse tão rápido.
Num átimo, apanhou os apetrechos todos enquanto ele se debatia, gorgolejante, vomitando as entranhas para o fim irrefutável. Ignorando a cena, ela subiu novamente no cavalo e retomou o caminho. Estava tomada pela raiva. Não olhou para trás, nem por desprezo.
***
Muitos dias se passaram sem que fosse possível enumerá-los.
Certa manhã, despertou ao sopé de uma montanha avermelhada. A alguns metros de onde dormira, um piano jazia recostado em uma rocha próxima. Por certo deteriorado, consumido pelas intempéries. Sequer podia imaginar como fora parar ali. Caminhou até o instrumento e pressionou uma tecla. Dali desprendeu-se uma nota cujo timbre alastrou-se vale acima, quebrando o silêncio até então invulnerável. Ela sorriu. Nesse instante percebeu que há tempos não sorria. Dedilhou uma segunda nota. E uma terceira. Sem querer, escapou dali uma melodia esquecida, instintiva. Ah, a música, mesmo exalada de um instrumento arruinado, de cordas retorcidas e aleijadas, um afago na alma. Inexplicável e irresistível.
Lembrou-se de casa. De Galahad deitado em seu leito aguardando a morte, a perna amputada, acometido por uma infecção irrefreável. Ele enfrentara uma legião de demônios por ela. Um herói. Um verdadeiro cavaleiro. Agora encolhido, reduzido à insignificância de um corpo retorcido. Agonizando silencioso e resignado.
O Graal, ela dissera, recordando a velha história que sua mãe costumava contar. O Graal pode salvá-lo. Ele sorrira como só os moribundos conseguem sorrir. Um sorriso triste de quem enxerga algo além da realidade. Não morra, eu vou voltar.
Desembainhou a espada num átimo.
À sua frente, uma criança a mirava, curiosa, inquisitiva. Um menino robusto, a pele bronzeada, os olhos prásinos. Ela perscrutou os arredores, em busca de outros. De adultos, de uma emboscada.
Quem és tu, ela disse. Tocaste minha música favorita, o menino respondeu, jamais me esqueceria da melodia. Quem és tu, repetiu a mulher. O menino esticou o braço na direção dela, a palma da mão voltada para cima. Dali surgiu uma pequena língua de fogo. Ouvi o chamado, respondeu ele. Vim de outras eras, de outros tempos. Sou eu, teu filho.
Um bruxo. Um demônio.
Por favor, disse ele, vê. Em meio às chamas surgiu a imagem dela própria com Galahad. Jovens, fortes, abraçando uma criança. Ele. O menino de olhos esverdeados. Como o pai. Atrás deles, um piano. Como aquele agora semi destruído.
Esquece a busca. Volta. Papai ficará bem.
Ela percebeu o braço afrouxar, os dedos soltando o punho da espada. Ele disse que eu deveria vir, que poderia salvá-lo.
Volta, mamãe. Não é preciso.
O ferimento…
Ele sarou.
É muito grave. Impossível.
Ele está bem.
Viu a si mesma regressando à casa. Léguas incontáveis até suas origens, até sua terra. Mil cenários, mil paragens. Encontraria Galahad contente, pleno, esperando por ela. Seu abraço, seu perfume, seu beijo. A felicidade. Como seria reencontrar a felicidade? Ah, a casa banhada pela luz cálida e dourada do entardecer, protegida pelas sombras de ciprestes centenários.
Não és quem diz ser. Volta para o inferno de onde vieste.
Não, mamãe. Por favor…
Ergueu a espada sobre a cabeça e preparou o golpe. Diante dela, o menino a observava com tristeza, os olhos repletos d’água.
Não, mamãe… Nunca regressarás se encontrar o Graal…
Desferiu-lhe o golpe, o coração em pedaços, no instante em que a criança desvaneceu.
Enxugou o rosto e sondou os arredores. Procura o rio, disse a si mesma, tentando recuperar o controle. O rio das almas.
Com o sol alto prosseguiu na marcha, o cavalo arrastando-se pela planície deserta.
***
Ouviu o chilrear de longe, quase um sussurro. Aproximou-se lentamente, por trás das árvores mortas. Um rio manso e cristalino. Desmontou e dirigiu-se à beira, puxando o cavalo pelas rédeas. Não podiam perder a chance de matar a sede e recompletar o suprimento d’água. Encarou o próprio reflexo na superfície. Os olhos grandes, os ossos protuberantes do rosto, a fisionomia séria, angulosa. Na linha d’água viu também nuvens esparsas modificando-se com a leve correnteza, unindo-se, alongando-se, retraindo-se, compondo um mosaico de rostos em lamentação, engolidos, condenados.
Do onde estava, percebeu um homem num bote de madeira, de costas para ela. Tinha as costas arqueadas, parecendo pescar. Observou-o por alguns momentos. Um homem velho. Aparentemente ignorando sua presença, ele atirou a rede contra a lâmina d’água e varreu o fundo com um movimento ronceiro. Nada. Repetiu a coreografia com mais intensidade, a pequena embarcação balançando sob seus pés. E outra vez. E outra. Até que se desequilibrou sobre a amurada, mergulhando no rio, já se debatendo.
Nesse momento as nuvens se agigantaram. O homem agitava os braços e procurava a superfície, afundando num devir de agonia, incapaz de sustentar o próprio peso.
A chuva. Não se lembrava da última vez que experimentara a sensação redentora da precipitação.
Despertando, voltou sua atenção para o homem que se afogava logo à frente. Pobre diabo, pensou. Em três minutos estará morto. Ouviu-o chamar por socorro. Lembrou-se do ataque que sofrera há tempos, depois de salvar um infeliz. A chuva intensificou-se, agora quase uma tempestade. Sentiu vergonha de seus pensamentos e atirou-se na água. O rio era mais profundo do que parecia. Nadou até o homem em meio a uma miríade de vozes e resgatou-o, puxando-o de volta à margem.
Ele não perdera a consciência. Permaneceu sentado, as pernas ainda imersas no rio. Tinha o olhar fixo num ponto desconhecido. Não chovia mais. Sua respiração ofegante logo transformou-se em inspiração profunda e compassada, à medida que o sol abria caminho entre as nuvens que se dissipavam. Está tudo bem, ele disse. Quando se levantou fez evidente seu aleijão. Um ferimento na virilha, ele disse, ainda que ela jamais tivesse perguntado, roubando muito mais do que minha capacidade de caminhar.
Quem és tu, ela perguntou sem se mostrar impressionada.
Sou o rei, ele respondeu com naturalidade. Vem comigo ao meu castelo.
Ele avançou claudicante por uma trilha sinuosa. O sol já brilhava impiedoso uma vez mais. Ela seguia atrás, a montaria por último. Vencendo uma pequena elevação, viu um casebre de amarelo intenso, contrastando com o azul dramático do céu. Por trás da construção, um trigal desmedido era penteado pelo vento, enquanto silhuetas negras, corvos talvez, alçavam voo contrariados.
Quando entraram viu-se num aposento simples. Uma cama à direita, arrumada com esmero inesperado. Ao lado, próxima à janela, uma mesa com jarro, bacia e prato. Duas cadeiras de palha repousavam à retaguarda. Fora do campo de visão inicial, mais à frente, destacava-se um piano que lhe pareceu familiar, sobre o qual se sustentava um vaso de girassóis.
O homem caminhou até a pequena mesa e encheu uma caneca com água, oferecendo a ela com um pedaço de pão. Ela aceitou, embora não tivesse sede nem fome.
Quando estou bem, disse ele, sentando-se sobre o cobertor da cama, os dias são belos, como agora. Se estou mal, as intempéries avançam sobre o que restou de meu reino. É o que me sobra.
Se és o rei, disse ela, peço que me respondas onde está o Graal.
O Graal, repetiu o homem, o cálice da Última Ceia. O cálice usado para recolher o sangue de Nosso Senhor quando o retiraram da Cruz. A expressão agora vívida fazia a janela brilhar, como se o sol adentrasse o pequeno quarto. O Graal, conservado por Haramati, prosseguiu, a relíquia sagrada de reis e cavaleiros honrados. Passado em segurança de geração a geração por milênios.
O Graal pode curar meu homem. Devolver-lhe a vida.
Sim, o Graal redime quem dele bebe, mas não quem o guarda. Olha para mim, incapaz de fecundar qualquer mulher, de fertilizar a terra. Não há outro motivo para a desolação que se desdobra além daqui. Meu reino, meu antigo reino, que se estendia até o limite dos quatro ventos, verdejante, cheio de vida por gerações, acompanhou meu próprio declínio, encolhendo-se ao limite da desesperança. Tudo o que me resta é a expectativa. A chegada de alguém honrado e virtuoso. Para que uma nova era se reinicie. Para que eu possa descansar.
Onde está o Graal, ela perguntou.
Está em tuas mãos.
Mirou o copo de barro preso entre seus dedos. Preciso dele. Preciso salvar Galahad.
Com o cálice poderás regressar e restaurar a saúde de teu homem, conforme desejas. Porém, se permaneceres aqui, devolverás a vida a todo o reino. Tua força há de chegar aos cantos mais remotos, trazendo uma nova era de possibilidades. Poderás fecundar a terra, dar à luz um novo começo. Até que o ocaso e a miséria se derramem novamente e um novo substituto seja necessário. Porque a vida é cíclica mesmo quando se flerta com a eternidade.
Imaginou Galahad condenado à cama. Morto. Morto para sempre. Tinha agora a chance de salvá-lo. De salvar a ambos. Poderiam construir uma vida juntos. Felicidade.
Olhou o homem à sua frente. Sua expressão cansada, os olhos tristes de quem abdicou da própria existência entregando-se a algo maior do que si mesmo. Os olhos de quem venceu a covardia, de quem entregou a alma para que outros pudessem viver. Um herói.
Superar monstros e demônios pouco significa diante deste enigma, disse ele, num sopro derradeiro.
Sem hesitar mais, ela puxou a espada e cortou-lhe a cabeça. O corpo pendeu para o lado, o sangue vertendo sobre o cobertor.
Apertou o cálice com força junto ao peito e guardou-o consigo. Saiu da casa enquanto o céu se incandescia de lilás. Montou seu cavalo e rumou a galope para o infinito. Para Galahad.
Olá Montserrat; tudo bem? 😉
Conforme prometido, seu conto é o décimo nono trabalho da primeira rodada da Liga 2019 que eu, agora, li e avaliei.
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O QUE ACHEI DO SEU TEXTO
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O conto está muito bem escrito. É rico em figuras que facilmente se tele-transportam para a mente do leitor, propiciando um cenário rico, forte e colorido. A jornada da heroína é contada praticamente como uma Odisseia, onde cada desafio — e a subsequente vitória — a leva para o próximo, ainda mais intenso e complexo.
Ótima descrição dos cenários e um notável domínio de pena, principalmente no que tange a alternância assertiva entre os momentos descritivos (filosóficos, até) e as ações na narrativa. Gostei do mergulho e da experiência — toda ela imersiva — de leitura. Senti um pouco abrupto o final; meio aberto e meio apressado, talvez resultante da necessidade de ser colocado o ponto final, devido ao limite de palavras. Contudo, isso ocorre apenas nas (boas) histórias; aquelas que gostaríamos de ler e experimentar (sempre) um pouquinho mais…
Parabéns pelo excelente trabalho! E Boa sor… Hmm… Digo, congratulações pelo merecido pódio no Desafio! 🙂
Bem, pra finalizar… As regras do Certame exigiam que fosse feito um resuminho do trabalho avaliado, para comprovação da leitura. Então… Vamos lá:
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RESUMÃO DA HISTÓRIA
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O texto narra a jornada de uma mulher guerreira que, em busca do Santo Graal para curar seu esposo enfermo, enfrenta e vence diversos desafios com coragem, fé e insuperável determinação.
Um grande abraço!
Paz e Bem!
Querido Gustavo,
Tudo bem?
O Santo Graal… Bem, meu filho mais velho se chama Guydion, então, não preciso dizer que, na juventude, Marion Zimmer Bradley me impressionou fortemente com suas histórias sobre o Graal em “As Brumas de Avalon”.
Quanto ao seu conto, mais que uma história sobre a busca ao Cálice, entre heroísmo, mito e fé, há aqui uma bela história de amor. Mais que ao mundo, esta mulher corajosa e determinada desejava salvar seu amor.
Talvez por influência de seu depoimento no grupo, obviamente enxerguei as paisagens de Van Gogh (li Sede de Viver na mesma época em que li o Brumas, além de Cartas a Theo), e, meu último livro infantil é sobre história da arte para crianças (em breve, quando eu o tiver pronto, lhe enviarei um de presente), com uma bela ilustração de André Flauzino, tendo “Os Girassóis” como tema.
É sempre muito bom ler seus textos.
Parabéns!
Beijos
Paula Giannini
Não preciso fazer resumo, precisa? Não? Que bom!
Ainda estou com o enredo do livro As Brumas de Avalon fresquinho na memória, então foi uma delícia ler o seu conto, que traz uma versão cheia de metáforas muito bem elaborada e uma alternância no tempo (sim, o tal piano!).
As metáforas são mesmo de encher os olhos e causar uma certa inveja do seu estilo.
Não tinha como não vencer o desafio, Chefe. (Que o Fabio Baptista não me ouça ou leia). Mesmo eu que não sou chegada ao tema Fantasia, pude perceber o poder de fascínio que a narrativa exerce sobre o leitor. O autor, ou seja você, foi muito hábil com as palavras e produziu um belíssimo conto. Ponto para você. 🙂
Resumo
Num reino estéril, uma mulher parte em busca do Santo Graal, o qual seria capaz de salvar seu convalescente companheiro. Em sua jornada ela encara uma besta, um viajante moribundo que, após salvo tenta violentá-la e uma entidade fantasmagórica que, disfarçada como seu próprio filho, tenta dissuadi-la da missão; até que um ancião, salvo por ela de um provável afogamento, releva ser o rei portador do cálice sagrado.
1. Aplicação do idioma
Sem falhas perceptíveis, o autor demonstra bom domínio do idioma, talvez até se excedendo em alguns momentos (vide comentários sobre a técnica.
2. Técnica
Ainda que linear, a narrativa é fluída e bastante dinâmica, repleta de eventos heroicos que instigam a leitura. Aparentemente, e principalmente na primeira parte do conto, o autor quis fazer uso de um vocabulário mais erudito, provavelmente a fim de imprimir à narrativa um estilo à altura do caráter heroico do tema. No entanto, talvez pudesse ter trabalhado melhor esse aspecto, pois em alguns momentos os vocábulos cultos parecem forçadamente encaixados no texto. Também se perce o uso de algumas expressões bastantes desgastadas, como “tempos imemoriais”. A palavra “átimo”, é repetida quatro vezes no conto. Em contrapartida, a palavra “instante” é repetida em frases subsequentes no quarto parágrafo. Os diálogos inicialmente são marcados por quebra de linha, porém posteriormente são inseridos na própria narrativa, aparentemente uma quebra de padrão sem justificativa.
3. Título
Ainda que a promessa de um enigma seja algo atraente, a mim pareceu não se tratar propriamente de um enigma, mas antes de um dilema. Creio que o título poderia ser mais apropriado.
4. Introdução
Excelente introdução, habilmente situando o autor sobre cenário, personagem e ação simultaneamente.
5. Enredo
Parte de um tema conhecido, a busca pelo Santo Graal, no entanto, a criatividade limita-se às diversas situações enfrentadas pela heroína.
6. Conflito
A cada desafio enfrentado pela heroína, o autor insere um conflito específico, por vezes moral, reservando o maior deles para o final do conto. São então, pelo menos quatro conflitos, no entanto, pela rapidez com que são narrados, recebem pouca ênfase e não tocam profundamente o leitor.
7. Ritmo
Bom ritmo, principalmente na primeira metade do conto, a partir da segunda metade era de se esperar que a narrativa desacelerasse e ganhasse densidade, o que infelizmente não acontece.
8. Clímax
Como há quatro conflitos, há também quatro clímax, não obstante o último ser o maior deles, é rapidamente narrado e aparentemente pouco explorado. Porém, quero crer que no desfecho algo fica em aberto. Teria faltado à heroína o traço moral necessário para que abrisse mão da salvação de seu companheiro e da própria felicidade em prol do bem estar universal, ou ela apenas interpretou o dilema proposto pelo rei como mais uma artimanha inerente ao desafio, tal qual a do demônio que, disfarçado de filho, quis dissuadi-la de completar sua missão? Creio que essa questão, deixada em aberto é o grande enigma do conto.
9. Personagens
A heroína do conto, é o estereótipo do herói, sem peculiaridades (nem mesmo um nome) que despertem nossa empatia, senão suas virtudes morais (mais é dito sobre tais virtudes na análise do clímax). Demais personagens (exceto o lendário Galahad, que dispensa apresentação) também são rasos e estereotipados.
10. Tempo
Com referências “históricas” baseadas em Galahad e o próprio Graal. A duração da aventura é marcada apenas pelos dias e noites. A narrativa é linear, sem maiores menções ao passado da personagem.
11. Espaço
As descrições se alternam com as ações e são bem inseridas na narrativa e situam o leitor sem enfastiá-lo.
12. Valor agregado
Em seus diversos episódios, o conto traz à tona dilemas morais, supostamente atrelados a provas do caráter da heroína. No desfecho, a real natureza desse caráter é deixada a critério da interpretação do leitor (talvez até como indicativo da nossa própria natureza moral). Teria ela agido com egoísmo sacrificando o bem comum em prol do seu próprio, ou, ao decapitar o rei, ela repudiou a falácia final, resolvendo assim o enigma?
13. Adequação ao Tema
Totalmente adequado ao gênero fantasia, porém com poucos elementos realmente fantasiosos.
Nota final: 4.0
Em busca da salvação de sua paixão, heroína enfrenta os perigos de um mundo desabando para alcançar o graal. Em sua jornada, enfrenta uma besta, um traidor, uma sedução e um enigma.
Provavelmente o conto mais bonito que li. Não exatamente pela história, mas pela descrição verdadeiramente onírica de todas as cenas. Durante a narrativa tive a impressão de que o que restou do mundo é puro pesadelo, em um sentido estranhamente literal.
A narração está bem conduzida e a personagem, bem definida. É uma heroína. Enfrenta monstros para cumprir sua missão, ajuda os necessitados mesmo com os riscos que essa ajuda traz e se mantém fiel a sua missão até o último segundo da história, inclusive sacrificando o futuro do reino, ou do mundo.
Enquanto bela, a história é construída de maneira clássica. Há aproximadamente cinco cenas que narram a jornada da heroína que gradativamente supera desafios sucessivos: uma batalha, uma traição, uma ilusão e um enigma. O último desafio demanda uma escolha da protagonista. A escolha se relaciona com o tal enigma que, sinceramente, não entendi por completo.
Podemos, em um primeiro momento, definir a atitude da protagonista como egoísta por abdicar da salvação do reino, mas assim como o rei tomara uma difícil decisão em prol dos outros, nossa heroína também o faz (no caso, em prol de Galahad). Assim como o rei, nossa heroína provavelmente sofrerá com a culpa de sua decisão, e sabe disso. Ainda assim cumpre esse sacrifício pelo outro. Se acreditarmos no discurso do rei de que a vida é cíclica, a própria escolha da protagonista significará o recomeço, que será bom e posteriormente mal, de qualquer forma.
O assassinato do rei choca em um primeiro momento, mas levando em conta que ele se define como uma espécie de miserável por ter escolhido a eternidade para proteger o reino, faz sentido que a transmissão do graal se dará com a sua morte. A decapitação é, portanto, um ato de bondade e misericórdia, que livra o rei de seu notado cansaço, possibilitando finalmente seu descanso.
Cheguei perto?
Parabéns pela escrita. Gostei muitíssimo do conto. 5 um anéis.
O enigma do rei é uma fantasia que envolve o lendário Graal, o cálice que teria sido usado por Jesus.
Presente nas histórias do Rei Arthur e os cavaleiros da távola redonda, inclusive Galahad era filho de Lancelot, um dos guerreiros de Arthur.
Amei forte o seu conto, pude imaginar cada cena como num filme.
Bem escrito, intenso e surpreendente.
Mil aplausos.
O Enigma do Rei (Montserrat)
Sinopse: Uma mulher está a procura do santo graal, para poder curar seu marido que está morrendo. Ela mata monstros, é violentada, consegue matar seu agressor, tem um encontro com um espírito que se passa por seu filho, querendo que ela abandone a busca, no final ela encontra o rei que está se afogando e o salva. O rei então passa para ela o cálice e lhe propõe uma escolha, ficar e tornar o reino feliz e fértil de novo ou partir e salvar seu marido. Ela mata o rei e volta para salvar seu marido.
Olá autor(a)!
Seu conto é belíssimo! As metáforas são de encher os olhos. Parabéns!
Achei um pouco estranho a falta de marcação dos diálogos, mas dá pra ver que foi uma experimentação do autor. Um diferencial no texto.
A história gera o interesse e é firmemente conduzida, o tom intimista de algumas partes ficou perfeito em contraste com a ação de outras. Beleza poética, ação, emoção e profundidade estão nesse conto. Ótimo trabalho! Boa sorte no desafio!
Resumão:
A história de uma cavaleira em busca do graal, para salvar seu amor. Ela despacha uma dessas criaturas desgraçadas, salva a vida de um quase moribundo, mas o ingrato a ataca e acaba falecendo, ela se vai invocada.
Dias se passam e ela se defronta com terrível inimigo, um piano. Com sua música, o nefasto instrumento traz a tona seus piores pesadelos. Ela vence e continua a quest. Encontra um velho, o velho cai no mar, ela o salva. Aí vem o plot twist! Ele é o rei e está com o grall, mas tem um truque, ela leva o cálice e salva seu amor, ou fica ali com o cálice e salva toda a humanidade. Sem piscar ela decapita o rei e vai salvar seu amor.
Comentários:
Conto excelente. Fica até difícil comentar. Ótima escrita, a história é bem interessante e bem conduzida, com um bom desfecho. Gostei dos desafios enfrentados pela personagem, a parte do piano achei muito boa, enfrentar um instrumento musical que traz a tona seus mais intimos terrores foi muito bem criado.
A escrita é gostosa de ser lida e faz com que queiramos saber o que vai acontecer em seguida. Gostei bastante.
Entrou pro meu top5!
A busca pelo Santo Graal. No período medieval, a lenda foi associada a Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda, em incansável procura para devolver a paz e prosperidade ao reino. Aqui, uma mulher busca o cálice para salvar a vida do amado. Vence a luta com a besta que guarda uma travessia, é atacada por um homem, depois de tê-lo salvado, encontra o filho que ainda teria no futuro e que a tenta dissuadir da busca e, por fim, encontra o guardião do Graal, que mostra para ela que pode ficar ali, substituí-lo e salvar o reino ou voltar e salvar apenas Galahad — nome do personagem lendário das histórias do Ciclo Arturiano e um dos três que conseguiu alcançar o Santo Graal. Uma mescla da lenda original e criação atual.
Uma comum e comovente história de amor que retrata dramas, conquistas, alegrias e tristezas, as maneiras de buscar a felicidade, mesmo contrariando “o bem maior”, quando a protagonista decide salvar o amado e, não, o reino. Essas características deram à narrativa um caráter atemporal e universal, concedendo a ela uma reatualização permanente, pois a história poderia acontecer em qualquer lugar e tempo.
O final não chega a ser surpreendente, mas é muito satisfatório. Leitura de ritmo meio lento, porém agradável e envolvente. Técnica excelente, trechos comoventes. Um tema quase clichê foi arejado aqui, trouxe reflexões e linguagem inspirada, provocou afeto, repassou emoções.
Parabéns pelo trabalho. Abraço.
RESUMO: Uma mulher procura pelo Graal para salvar seu amado moribundo. Percorre as léguas de um mundo decrépito e depois de quase ser estuprada, depara-se com um demônio e então com um rei, enfim encontrando o cálice sagrado. O achado, no entanto, vem com uma escolha, a possibilidade de salvar aquele mundo. Ela escolhe o amado.
COMENTÁRIO: Em certo momento, um dos personagens explica à protagonista que o mundo está acabado. Parabenizo o autor por ter sucedido ao dar essa ambientação ao conto. De fato, o mundo parece ter acabado. A desolação não é descrita, antes se refletindo nas ações e nos instintos da personagem. Quando se emociona ao cantar uma música ou quando desconfia de uma criança e descobre ali um demônio. São elementos que constituem a podridão de um mundo que… seguiu adiante.
Não é uma personagem sobre a qual precisamos saber muito, pois o que importa a esse conto é a sua obstinação, evidente em toda sua jornada, em sua inspiração de sempre ir adiante, sem nenhum momento de hesitação. Outra característica importante e complementar a esta é a paixão, o sonho de felicidade, combustível de sua resiliência. Galahad a impele para frente e o amor é tanto que ela se nega a aceitar a possibilidade de sua bem provável morte.
Então ambientação e protagonista casam perfeitamente, o final do conto sendo a cereja do bolo, um momento em que se aumenta a complexidade da personagem ao coloca-la diante de uma escolha difícil. A escolha que testa tudo que vimos sobre ela até então. Não nos desaponta, ela escolhe o amor e, ao mesmo tempo, a desolação. É a mesma escolha que vinha fazendo desde o início, ao se negar aceitar a morte do seu amado, preferindo desbravar aquele mundo sombrio. Parabéns e boa sorte!
Resumo: Uma mulher parte em busca do Graal para salvar o seu amado. Enfrenta desafios, o passar do tempo e peregrina por terras distantes movida por um inquebrantável amor.
Foi interessante utilizar a figura de Galahad, o cavaleiro puro, como motor da jornada do conto. Ele preso em uma cama, torturado, findando… O fim da inocência? A velhice, por isso a procura pelo Graal? Fiquei pensando nas várias interpretações que o uso do personagem permitiu. A protagonista é mulher, mas o texto não se aproveita disso para ganhar a simpatia do leitor, o que é honesto. Ela é forte e determinada pelo que sente e pretende. A fantasia está presente nos desafios que a mulher sem nome enfrenta. O final é passional, abrir mão do heroísmo pelo homem que nem sabe se está vivo. Particularmente, escolheria outro caminho diante do dilema, mas quem sou para julgar alguém que ama. A técnica está impecável, mas admito que fantasia não é muito a minha praia. Parabéns e boa sorte no desafio.
Resumo: Mulher parte à procura do Graal para salvar o seu amado que está às portas da morte. Gostei do conto. A estrutura está bem feita, tem ritmo, a linguagem não apresenta problemas. Só não gostei do final e do facto de aparecer um piano na casa do rei. Este facto fere de morte um conto que é supostamente passado numa época remota. Percebi a carga metafórica do conto, dos desafios que a mulher passa para atingir aquilo que pensa ser necessário para a sua felicidade. No final, creio que chega à conclusão de que o Graal é ela própria, num recurso que já tinha sido usado por Dan Brown. No código Da Vinci, o santo graal era o ventre da esposa de Jesus (Maria Madalena), que teria gerado os seus herdeiros.
Bom diaaa. Blz?
Resumo:
Mulher parte em busca do lendário graal, com o objetivo de salvar o marido que sofre de doença fatal.
Comentário:
É um bom conto. A leitura é agradável e flui bem. Tem um enredo bem estruturado, sem deixar pontas soltas ou coisas em aberto. Porém, achei que é uma história um pouco básica demais, que acabou não me envolvendo tanto.
Vamos por partes.
Primeiro, uma coisa que me incomodou um pouco foi a estrutura dos diálogos. Acho que fica um pouco confuso estruturar os diálogos assim. Outro apontamento que faria é a repetição de alguns adjetivos por diversas vezes, durante o conto, como inexorável, inevitável, num átimo. Nao costumo nem reparar nessas coisas, e não quero ser chato nem nada hahaha. Mas é que são palavras que se destacam, são fortes, e quando repetidas chamam atenção. Achei que valia a pena apontar.
Gostei muito da cena de tentativa de estupro. Tá muito bem retratada! Por outro lado, essa cena me pareceu meio deslocada no conto. Não entendi bem como ela se encaixa no todo.
Gostei bastante do final. É legal quando o conto traz uma questão moral ao protagonista. Por algum motivo, imaginei a escolha dela.
Gostei bastante da aparição da criança, também. Acredito que foi essencial para a escolha da mulher. Sem a criança, o conto perderia muito. Muito bem!
Enfim, é um bom conto, especialmente a partir da aparição do garoto. Parabéns e boa sorte!
Olá, Montserrat, você me apresenta a sua versão da linda fantasia da busca do Santo Graal. A A mulher que sai em busca do cálice sagrado para salvar o seu marido, ninguém mais, ninguém menos que o Guerreiro Galalad. Puxa, que bacana a sua fantasia. É claro, na caminhada que só uma pessoa de coração totalmente puro e nobre seria capaz de empreender, ela enfrentará vários obstáculos (a história me traz até uma tentativa de estupro!), até que chega o último e ela, diante do rei tem a opção de salvar a muitos, a um reino todo e resgatar a saúde do seu esposo, decidese pela segunda opção e retorna rumo ao seu amor. Sua história, Montserrat é uma linda fantasia e, portanto, não foge nem um milímetro do tema. Você apresenta um belo de um domínio do português, sabe usar as palavras, é criativo na maneira de relatar a história. Só para ser chato, saíram algumas coisinhas que uma última revisão teria evitado, mas meros erros de digitação. Apresenta também uma técnica literária bacana, a história flui legal e se fica aguardando a próxima dificuldade a ser enfrentada pela heroína. A trama é criativa (até o fato de ser uma mulher a buscar o Graal, acrescido do fato de ser uma negra, já mostra que sabe tramar bem a sua rede para prender o leitor. O impacto, Montserrat, creio que por conta da história ser já bem manjada, ficou me devendo. Não foi uma narrativa que tenha me encantado. Uma leitura interessante. Receba o meu abraço.
RESUMO: Um conto de fantasia baseado no mito de Rei Artur e sua busca pelo Santo Graal, fazendo da protagonista, uma amante do cavaleiro Galahad, em busca de completar a tarefa do amado para salva-lo, enfrentando adversidades no caminho.
Comentário: Gostei muito do texto, das descrições, de toda mitologia envolta do Rei Artur, da nova missão da protagonista, fazendo o que estivesse a seu alcance para salvar o amado.
Um Grande abraço, um Excelente conto.
O Enigma do Rei
Caro(a) autor(a),
Desejo, primeiramente, uma boa primeira rodada da Liga Entrecontos a você! Ao participar de um desafio como esse, é necessária muita coragem, já que receberá alguns tapas ardidos. Por isso, meus parabéns!
Meu objetivo ao fazer o comentário de teu conto é fundamentar minha nota, além de apontar pontos nos quais precisam ser trabalhados, para melhorar sua escrita. Por isso, tentarei ser o mais claro possível.
Obviamente, peço desculpas de forma maneira antecipada por quaisquer criticas que lhe pareçam exageradas ou descabidas de fundamento. Nessa avaliação, expresso somente minha opinião de um leitor/escritor iniciante, tentando melhorar, assim como você.
PS:Meus apontamentos no quesito “gramática” podem estar errados, considerando que também não sou um expert na área.
RESUMO: O conto “Engima do Rei” aborda a épica história da protagonista que parte em busca da relíquia divina, o Santo Graal, com o objetivo de curar a doença a qual acomete seu marido Galahad.
IMPRESSÃO PESSOAL: Geralmente, gosto dessas histórias de aventura, com o protagonista partindo em uma busca atrás de um item poderoso, capaz de salvar ou destruir tudo…
Porém, essas narrativas carregam um problema com elas. Você precisa de espaço para construir uma história desse tipo com propriedade. Nem sempre em 2500 palavras é possível desenvolver um conto épico que conquiste o leitor, pois, geralmente, faltam elementos os quais ajudam a cativar.
Sinto que foi isso que faltou nesse conto. Faltou algo que criasse um elemento de empatia. Achei a protagonista muito apática, mesmo que sua missão fosse extremamente altruísta.
ENREDO: O enredo também deixou um pouco a desejar. Acho que ficou um pouco confuso, um aparecimento repentino de um suposto filho da protagonista e um golpe brutal para “matar” a visão. Depois a morte do Rei, guardião do Santo Graal.
Sensação que tive foi um final meio apressado, para não estourar o limite de palavras.
GRAMÁTICA: Não encontrei nenhum erro gramatical.
PONTOS POSITIVOS
• A ideia foi boa. Acho que é um conto com bastante potencial
PONTOS NEGATIVOS
• Senti que a leitura travava em alguns pontos.
• Acho que essa técnica de não pontuar os travessões, estética e gramaticalmente, errôneas. Enfim, é mais uma visão pessoal minha.
RESUMO: Em busca de um artefato lendário que pode curar seu marido enfermo, uma mulher enfrenta obstáculos e desafios numa jornada por um mundo devastado e hostil até encontrar o dito rei, que detém o item que procura.
COMENTARIO: Um conto bem descrito e narrado de forma poética e objetiva. O talento com as palavras e o domínio da gramática é notável, apesar de no meu gosto, ser um pouco além da conta nos adjetivos. O enredo é clichê, mas a originalidade recai na protagonista, mulher, que tenta salvar o homem enfermo. Os perigos são bem empregados, palpáveis e numa escala crescente, mas eu não notei mudança no arco evolutivo da protagonista. Ela começou do mesmo jeito que terminou, não pareceu aprender nada novo com sua jornada. O final foi ao mesmo tempo, clichê e original. Pois em jornadas do tipo, o protagonista chega ao fim e percebe que a jornada em si foi o prêmio, ou chega ao fim e obtém um prêmio diferente do que o que almejava no início. Aqui, a jornada termina como se espera, com ela conseguindo o prêmio que almeja.
A personagem é interessante e forte, e o universo, instigante. Gostaria de saber mais sobre como o mundo chegou àquele ponto. Achei o final um pouco anti-climático, pois pareceu se resolver sem grande conflito para a protagonista e, apesar de ser um final aberto devido à escolha dela, não me deu muito o que pensar sobre se ela escolheu certo ou errado.
Um excelente conto, apesar de minhas ressalvas.
O Enigma do Rei (Montserrat)
Resumo:
A “mulher” parte em busca do Graal (cálice sagrado), último recurso que vislumbra para salvar o seu amado, gravemente enfermo. Acredita que, se Galahad beber do Graal, estará curado, voltará à vida plena. E durante a árdua caminhada, a “mulher” vai eliminando os obstáculos e as pessoas que tentam mudar seu propósito. Obstinada, quando consegue apossar-se do cálice, ruma a galope para o encontro com seu amado, Galahad… (será que retorna?????? )
Comentário:
Um texto feito por um profundo conhecedor da escrita. Desconfio que estou diante de um autor da terrinha. Digo isso pelo uso de termos nada corriqueiros por aqui (arratéis, átimo, prásinos, ciprestes, recompletar o suprimento d’água, movimento ronceiro, a amurada, num devir de agonia, sensação redentora da precipitação, miríade, claudicante, a montaria, repousavam à retaguarda). E mais – o discurso em segunda pessoa é polvilhado ao longo da narrativa. Isso tudo não muda em nada a minha avaliação, aliás, valorizou a escrita. Um texto primoroso. É daqueles que a gente diz: ainda quero escrever assim… Parabéns!
Conto maravilhoso, criativo, prende a atenção do início ao fim. O autor consegue passar a aflição, a pressa, a urgência da caminhada, e, a descrição do abuso que a mulher sofreu, vindo do andarilho socorrido por ela, da pessoa a quem ela ofereceu água e cuidado, gera uma revolta, uma repugnância que arrepia. Mexe com sentimentos que, normalmente, só afloram diante de ações abomináveis.
A estrutura do conto é perfeita. A condução da trama até deixa o leitor imaginar o fraquejo da “mulher”, mas a astúcia do autor puxa o fio em linha reta (o que só percebemos ao final) e sempre surpreende. A determinação é constante, a personagem é forte, destemida.
Enfim, um texto de mestre.
Ah! Montserrat tem referência com a Virgem Maria?
Parabéns pelo trabalho e boa sorte no desafio!
Abraços…
O corpo é a beleza, a forma, o mensurável, o moldável. A alma é a sensibilidade, os sentimentos, as ideias, as máscaras. O espírito é a essência, o imutável, o destino, a musa. E com esses elementos, junto com meu ego, analiso esse texto, humildemente. Não sou dono da verdade, apenas um leitor. Posso causar dor, posso causar alegria, como todo ser humano.
– Resumo: A misteriosa cavaleira está em busca do Santo Graal. Com ele, pode salvar Galahad, seu amado. Na sua viagem, salva um homem traiçoeiro, que tenta estuprá-la em vão, e encontra uma miragem perigosa, que a instiga a abandonar sua odisséia. Quando encontra o Rio das Almas, presencia um homem cair na água e quase se afogar. Depois de salvá-lo, descobriu que se tratava do próprio rei daquelas terras desoladas. Acompanhou-o até seu “castelo” e questionou-o sobre o Santo Graal. Encontra-se num dilema: levar o cálice para longe e salvar seu amado ou torna-se a próxima soberana e trazer vida àquelas terras mortas. Assim acaba a história, com a cavaleira escolhendo o egoísmo, descendo a espada no pescoço do rei, e cavalgando até seu amor.
– Corpo: Muito bem escrito. E ainda consegui apreciar a leitura. Esse conto é tão bom que me senti lendo um texto antigo, no estilo épico de Ilíada, apenas com uma pegada mais moderna. Também gostei da organização do texto, com uma boa divisão de atos, o que facilitou a apreciação de tudo. Notei que seu dicionário é bem rico e sabe aplicar as palavras. Apenas preste atenção na hora de revisar, pois vi alguns erros de digitação durante a leitura. A lapidação final é bem importante para a qualidade final do conto.
– Alma: É uma história épica. A protagonista pensa unicamente no seu propósito, que é buscar a salvação de seu amor e herói. Seu foco é incrível. Mas a direciona para um caminho egoísta. Não dá pra julgá-la. Talvez nunca quis ser uma heroína. Para alguns, uma vida comum com a pessoa amada vale mais que tudo. Única reclamação que tenho é sobre o número de acontecimentos durante a viagem. Antes do rei, ela esbarra apenas com o estuprador e a ilusão maliciosa — eu excluo o combate porque ele serviu apenas como uma introdução, foi rápido demais e acompanhamos apenas o final dele. Não consegui visualizar muito bem aquelas terras desoladas. Uma cena nas ruínas de uma cidade, ou mostrar alguma outra criatura ou bruxa, poderia ajudar nisso. Porém, a cena do piana foi sensacional. Melhor passagem de um texto nesse desafio, até então.
– Espírito: Fantasia. Um pouco morna, mas fantasia. Senti falta de uma ambientação maior, por isso, e apenas isso, não vou te dar o conceito máximo. Você é talentoso. Tem uma escrita forte e até estilosa. A leitura foi uma delícia e bem visual, mesmo não tendo tantos detalhes da realidade apresentada. O melhor conto do certame, até o momento.
– Conceito: Platina!
O Enigma do Rei- conta a história de uma mulher que sai pelo mundo a procura do santo graal, para salvar o seu amado. No caminho ela encontra um homem se afogando num rio, ela o salva mas ele a ataca A mulher acaba matando o homem e segue caminho. Depois encontra um piano e uma criança e por fim, o rei. Mata o rei e rouba o cálice sagrado.
Sempre que leio um conto, verifico as relações entre realidade e ficção. No texto, a fala do rei não corresponde à realidade quando ele diz que o cálice sagrado, Santo Graal, foi passado de geração a geração por milênios, pois Galahad viveu no tempo do rei Artur, século V, portanto, pouco mais de 400 anos Depois de Cristo. A não ser que o Galahad do conto seja outro e que a história se passa realmente, milênios além, pois, o piano foi inventado no ano de 1698. Pesquisei no Google o nome Hamarati e não encontrei nenhum personagem histórico com esse nome. Portanto, deve ser um personagem fictício que o autor criou com propriedade, já que é um nome judeu. De qualquer forma, vale tudo na ficção.
Enfim, gostei do conto, da escrita, embora acho que tem um erro gramatical, não tenho certeza pois não sou perito na matéria. A história com o tema Fantasia, ambientação, personagens e ações ficaram excelentes.
Caro Montserrat,
Resumo:
mulher, esposa de Galahad, sai em busca de sua (dele) salvação, e ela está expressa na possibilidade de que ela encontre o graal. Depois de algumas peripécia, quando encontra o suposto filho-demônio (?), encontra o rei que tem com ele o graal. Aqui se dá a dúvida moral da personagem. Ela corta a cabeça do rei, se apodera do graal e parte em busca de reencontrar seu amor.
Avaliação:
gostei do conto. Tem solidez narrativa e poucos erros que podem ser corrigidos com alguma revisão.
Compreendi que se trata de um conto moral, de paixão, onde a protagonista tem que optar entre o ressurgimento de um reino como lhe pede o rei que morre, ou de salvar apenas uma pessoa, seu amor, Galahad.
A questão é que Galahad também parece uma figura arquetípica no momento em que o autor diz que ela parte em direção ao infinito, a Galahad. O que é Galahad, então? Foi quando imaginei que, nesse ponto, Galahad não se tratava mais de um Galahad físico – ainda que mítico -, mas alguém representativo, talvez a sua pureza, seu amor infinito. Ficou aí a dúvida moral que o conto enseja. Ou estou completamente enganado.
De qualquer forma, o conto passeia bem pelos elementos categóricos do gênero folclórico das terras altas.
Não sei se o autor fez ou não de propósito, mas o surgimento de um piano durante a sua viagem, deu ao conto uma dimensão inusitada, dado que o primeiro registro do aparecimento de um piano data do século XVIII e a lenda de Galahad é quase imemorial. Ficou a dúvida se havia no texto um precioso distanciamento temporal ou um erro de alocação cênica.
Parabéns e boa sorte na Liga!!