EntreContos

Detox Literário.

Demasiado Humano (Fabio Baptista)

 

Num canto do mundo onde sobrava sol e faltava todo o resto, duas meninas brincavam. O tijolo de construção riscava quadrados e números disformes na terra, os pulos de ginasta intercalados aos pulos de Saci buscavam o céu, faziam a hora passar mais rápido e davam à tristeza uma cara de alegria, gerando, vez ou outra, sorrisos e comemorações. E também, vez em sempre, protestos:

— Você pisou na linha, Janaína.

— Pisei nada!

— Pisou, sim. Olha a marca da sua sandália ali.

— Aquela marca já tava, nem vem, Natália.

— Ai, Janaína, como você gosta de roubar. Não dá pra brincar com você, não.

— Vai, Natália, joga logo e para de chorar. Ô menina que reclama, Deus me livre.

Em meio ao furor da discussão sobre respeito às regras e espírito esportivo, não perceberam a aproximação de um “inimigo” em comum. Felipe, o menino da rua de cima, aproximava-se como quem não queria nada, o umbigo saltado apontando o caminho dos pés descalços, o corpo mais osso do que carne e mais poeira do que pele. Ele perguntaria se podia brincar e as meninas, laços de amizade instantaneamente refeitos, responderiam “não”. Felipe, em retaliação, apagaria o quanto pudesse do desenho e sairia correndo. Mas nada disso aconteceu porque, nesse mesmo instante, um carro “de cinema” estacionou em frente à casa de Natália. Dele desceram dois homens de terno e gravata.

E isso ninguém deixaria de perceber.

— Natália, entra pra dentro – a mãe chamou, pouco depois de receber os homens de terno.

Natália imaginou que aquilo só poderia significar problemas que resultariam em cintadas e chineladas. Pensou em fugir e só voltar quando não houvesse sinal daquele carro nem daqueles homens num raio de pelo menos mil quilômetros (isso deve ser bem longe), mas concluiu, com bastante precisão, que, se assim fizesse, depois a surra acabaria sendo pior. Entrou em casa, olhos já cheios e o discurso “eu não fiz nada, mãe” preparado na ponta da língua. Porém, antes que pudesse se justificar pelas travessuras que havia cometido e pelas que não havia, um dos homens sacou do bolso uma trena e começou a medi-la. Após essa ação, ele disse algumas palavras estranhas para o outro que, com um sotaque carregado no “r”, dirigiu-se à família:

— Conforme nosso primeiro contato, sua filha é exatamente o que estamos procurando. Parabéns.

— Pra onde vocês vão levar ela, seu moço? – o pai de Natália perguntou.

— Estados Unidos ou Inglaterra, isso dependerá de um sorteio quando todos os selecionados estiverem juntos na mansão.

— E a gente vai poder ver ela? – foi a vez da mãe questionar.

— A qualquer momento, senhora – o homem respondeu, com convicção e um largo sorriso. – A qualquer momento.

— Sei não… – o pai da menina aprumou-se na cadeira e coçou o pescoço, desconfiado. – Parece bom demais pra ser verdade, seu moço. E quando acontece isso, geralmente é porque não é verdade.

— Essa é uma prova de nossa boa vontade – o homem falou, abrindo uma maleta onde reluziam maços e maços de notas verdes como a grama do vizinho. – Garanto que queremos o melhor para sua filha, assim como temos certeza que vocês querem. Mas entendemos sua preocupação, senhor. Se não concordar, podemos procurar outra criança da região…

— Vai ser bom pra ela, Ernesto – a mãe afirmou, segurando as mãos do marido, os olhos tomados por uma súbita felicidade.

— Estados Unidos, é? – o pai quis se certificar.

— Ou Inglaterra, senhor.

— É bom também. Dizem… – Ernesto tentava se convencer, mas o pescoço ainda coçava mais do que a mão. – O que você acha disso, filha? – perguntou à maior interessada naquela história, ignorando o olhar fulminante da esposa.

— Eu posso voltar quando quiser? – perguntou Natália.

— Quando quiser – o homem respondeu.

— Tem picolé? – a menina se recordou da vez em que provara a iguaria.

— De todos os sabores do mundo.

— Tá bom.

Os homens de terno sorriram, a menina sorriu, a mãe respirou aliviada e puxou a maleta para si, o pai, olhos transbordando esperança, abraçou a filha, desejando a ela a sorte que ele próprio nunca teve. Natália entrou no carro.

E nunca mais voltou.

 

***

 

John Rockshield despertou imerso num oceano de corpos nus, álcool, vômito e cocaína. Com as pernas formigando e a luz do dia ardendo nos olhos, percorreu os cinquenta e oito porcelanatos até a sacada, imaginando-se, nos arroubos infantis que vez ou outra nos irrompem à mente, num jogo de xadrez elaborado por monarcas antigos, ao esquivar-se das prostitutas inertes por sono e embriaguez (aquela ali talvez morta?), das algemas, chicotes, tigelas de bukkake, garrafas de whisky, seringas e toda sorte de acessórios utilizados nos excessos da noite anterior. A cabeça chumbada pedia cafeína, ou outra “ína” qualquer – nem todo dinheiro do mundo podia evitar uma ressaca, afinal.

— Chá – John Rockshield ordenou a um dos mordomos que, de tão imóveis, praticamente mimetizavam-se às estátuas da decoração.

Continuou o caminho até a sacada, onde, com a inconveniência dos convidados que não sabem a hora de ir embora, um velho fumava cachimbo. Rockshield pensou em evitá-lo, fingir que não viu, ir a outro aposento e por lá ficar até que não houvesse na casa ninguém com coragem o suficiente para dirigir-lhe a palavra sem extrema necessidade. No entanto, tomado por um ímpeto inexplicável, continuou o trajeto. Talvez o velho fique quieto, pensou.

Não ficou.

— John, meu garoto! – o velho animou-se. – Pensei que seu pai era mestre em dar uma boa festa, mas, olha – fez uma pausa, a cabeça meneando em concordância com as próprias palavras –, você realmente superou. De longe! Aquele velho cabeça-dura ficaria orgulhoso.

— Obrigado – John Rockshield deu um sorriso discreto e mais sincero do que gostaria de admitir. A vaidade era perigosa, disso ele bem sabia, mas um elogio era sempre um elogio e um elogio colocando-o acima do pai, ainda melhor.

— Senhor – o mordomo apareceu, trazendo uma bandeja com um bule fumegante, duas xícaras e folhas de coca preparadas para infusão.

— Chá? – Rockshield ofereceu ao velho.

— Não, não – o velho recostou-se na cadeira, dando mais uma baforada no cachimbo. – Prefiro ela num estado mais… refinado.

— A festa acabou – Rockshield disse ao mordomo, dispensando-o com a ordem implícita de “limpe a bagunça” e, também, dando uma indireta ao velho, que não deu o menor sinal de ter acusado o golpe.

John Rockshield se recostou ao parapeito e contemplou o abismo. Da extremidade da varanda, sustentada a trinta e cinco metros do chão por pilares que fariam inveja aos templos gregos, a vastidão de sua propriedade se estendia diante de seus olhos, mas ele não se atentava a nada. Em sua mente, engrenagens viciadas arquitetavam a próxima extravagância, o próximo risco, a próxima crueldade, o próximo comportamento limítrofe que pudesse lhe proporcionar algum sentimento genuíno, alguma novidade genuína, qualquer que fosse, medo, ódio, tesão, raiva, desespero, alegria, amor?

— É o vazio, não é? – o velho perguntou.

— O quê? – Rockshield imergiu dos devaneios.

— Aquela sensação de “já fiz de tudo, já provei de tudo, que porra eu faço agora pra sentir alguma coisa de novo?”. Não é isso?

— Acho que é…

— Uma vez seu pai debruçou aí no parapeito, do mesmo jeito e com o mesmo olhar perdido que você está agora. Quase um mês depois, chegou um convite pra uma festa. Todo mundo veio bem animado, mas no lugar das putas, ele tinha trazido um monte de crioulos. Daí foi aquela algazarra: “Que porra é essa, Rockshield?”, “não vim aqui comer cu preto, não” – o velho não conteve a gargalhada ao se lembrar. – Seu pai não falou nada, só deu um rifle pra cada um e mandou os mordomos colocarem a pretaiada pra correr lá embaixo. Ele foi o primeiro a atirar. Eu demorei pra apertar o gatilho a primeira vez, hesitações morais da juventude, talvez… mas acabei pegando gosto e, no final do dia, os mordomos tiveram bastante trabalho. Nunca mais vi aquele vazio nos olhos do seu pai.

— Uma história inspiradora – John Rockshield respondeu, olhos fixos no horizonte onde verde e azul se encontravam.

— Seu pai gostava de você, garoto. Do jeito dele, mas gostava. O que eu quero dizer é que às vezes a gente tem que buscar alternativas.

— E nada como uma boa caçada humana para preencher o vazio, é isso?

— Você tem pena deles? – o velho perguntou, sem disfarçar certa decepção. – Cuidado, garoto, isso é uma fraqueza. Se você caísse no meio da selva, eles não pensariam duas vezes pra te colocar num caldeirão. Eu não sei se é por sorte, por algum tipo de bênção divina ou maldição, mas o fato é que nós estamos acima do bem e do mal, garoto. A gente pode fazer qualquer coisa, com quase qualquer um. Sem consequências, sem culpas, sem remorsos.

— Eu já fiz – John Rockshield confessou, voz desprovida de emoção. – Já fiz “tiro ao alvo”, torturas, todo tipo de orgia, todo tipo de droga. Nada me surpreende mais. Nada me entretém por mais de dez minutos e uma gozada.

— Talvez você ainda não tenha tentado isso, garoto – disse o velho, entregando um cartão a John.

— O que é? – Rockshield arqueou a sobrancelha, intrigado.

— É o máximo de poder que você pode exercer diretamente sobre alguém – o velho respondeu, tomando o rumo da saída. Virando as costas, concluiu, valendo-se da sabedoria que só chega depois de longos anos: – Se isso não te der emoção, é porque fodeu de vez, garoto.

 

***

 

Em algum lugar entre a Rússia e o inferno, o doutor Wilhelm Zolak aguardava. Chovia forte quando finalmente entregaram sua encomenda – esguia, braços alongados, queixo protuberante, cabelos pretos, a beleza dos trópicos e as desilusões de uma vida sofrida estampadas no rosto. Tão pura, tão bonita, tão… perfeita. Com cuidado paternal, cobriu a menina com uma capa e a protegeu com um guarda-chuva enquanto a conduzia para dentro do consultório.

Tu nome, querida? – Wilhelm perguntou, num portunhol sofrível.

— Natália – ela respondeu. – Aqui é Inglaterra ou Estados Unidos?

— Hum… Inglaterra…

Essa casa é do tamanho da minha rua, Natália pensou ao entrar na propriedade. Tudo era escuro e um pouco assustador (os trovões lá fora não ajudavam muito), mas o doutor tinha cara de bonzinho, o sofá era macio e tinha sorvete de massa que, ela logo se convenceria, era bem melhor do que picolé. Natália jogou videogame até tarde, encantada com aquele baixinho bigodudo que crescia ao pegar os cogumelos. O doutor era muito bom naquele jogo, conseguiu vencer até a tartaruga dinossauro! Adormeceu envolta por risos, plumas e esperanças.

E despertou amarrada numa maca.

— Natália, Natália… que sorte você teve, minha doce Natália – o doutor Wilhelm agora falava em seu próprio idioma. – Quietinha, Natália, quietinha… – ele disse, cobrindo os lábios da menina com o dedo quando ela começou a gritar. – Agora, você vai dormir mais um pouco, querida. E vai acordar num mundo sem dor nem sofrimento, eu prometo.

A primeira incisão foi nas cordas vocais – num mundo sem dor, não há serventia para gritos. Os braços, amputados entre os cotovelos e os ombros, deram um pouco de trabalho. As pernas, serradas pouco acima dos joelhos, ainda mais, fizeram disparar os batimentos e exigiram dose extra de anestesia. Mas o doutor Wilhelm Zolak era um artista dedicado e continuou o trabalho sem esmorecer diante das adversidades. Havia ainda muito a ser feito – a incisão na segunda vértebra (sempre a mais arriscada) e o acabamento. Ah, o acabamento! O mais trabalhoso e mais recompensador. Pléc, pléc, faziam os dentinhos caindo na travessa de alumínio. “Essa boquinha precisa ficar bem macia, querida…”, disse o doutor, enquanto revestia as gengivas da menina com uma prótese de silicone. A maquiagem permanente, os tímpanos perfurados, os cílios, as lentes de vidro cobrindo córneas irremediavelmente danificadas por exposição à luz do laser. Os olhos, ah, os olhos… – sempre a melhor parte.

Quando acordou, Natália não via, nem ouvia, nem sentia mais nada. Sabia que estava viva apenas porque respirava. “Um mundo sem dor, querida Natália”, disse Wilhelm Zolak, orgulhoso com sua nova criação. Ele, um Gepetto reverso, que transformava menina em boneca. Ela, um Pinóquio que desejava apenas morrer.

— Está feito – Wilhelm falou ao telefone. – Pode vir buscar depois de depositar o restante do pagamento.

 

***

 

John Rockshield sentiu o coração disparar ao escutar as hélices. Da sacada, acompanhou o pouso do helicóptero e o desembarque da caixa. A ansiedade aumentava a cada passo que os mordomos davam lá embaixo, trazendo, cada vez mais para perto, sua nova aquisição. Será que o velho estava certo, afinal? Seria aquele brinquedo capaz de lhe despertar alguma emoção? A inesperada taquicardia dizia que sim, mas o sentimento de estranheza que revirava o estômago e ameaçava incursões ao esôfago, dizia que não. Logo descobriria qual sentimento haveria de prevalecer, porque, com a ajuda de rampas improvisadas, a encomenda chegava ao salão. Rockshield dispensou os lacaios com um aceno e parou em frente à caixa. “Este lado para cima”, fixou os olhos nas letras vermelhas carimbadas na madeira e ali permaneceu por algum tempo, girando pedras de gelo no whisky. Queria aproveitar a sensação de incerteza o máximo que pudesse (o que durou pouco mais de um minuto).

Após um belo trago, abriu a caixa.

Primeiro, veio a decepção. A boneca, imóvel, acomodada com esmero em palha e algodão, parecia tão inanimada que John Rockshield chegou a pensar que havia sido enganado. Em sua mente, as engrenagens giraram, ávidas por infringir torturas indizíveis ao dollmaker. Entretanto, logo veio o estranhamento. A boneca respirava. Suave como um filhote de gato adormecido, mas respirava. As mãos foram direto ao peito, onde um coração batia e dois seios brotavam. Então, veio a excitação. Estava viva. Estava indefesa, completamente à disposição para todas as barbáries que se pudesse imaginar, sem gritos, sem reclamações, sem dor, sem lágrimas, apenas submissão em seu estado mais puro e diabólico. Depois de muito tempo, John voltava a se sentir empolgado com algo, a mão direita perdendo-se entre as coxas da menina, a esquerda acariciando a bochecha que mal se podia dizer se era de carne ou porcelana. Deslizou os dedos pela boca de seu novo brinquedo preferido, sentiu o silicone macio revestindo a gengiva e não pode deixar de ter uma ideia para começar a usá-la ali, naquele momento.

Foi quando os olhos da boneca se voltaram para ele.

As lentes traziam aspecto vítreo, o verde quase cintilante emanava artificialidade, mas ali, atrás de toda aquela aberração, John Rockshield viu algo humano. Demasiado humano. O abismo contemplou-o de volta e todas as iniquidades de uma vida desregrada pesaram em seus ombros de uma só vez. E a boneca continuava a encará-lo. Afastou-se dali, num amálgama de pavor, vergonha e arrependimento. Foi até a sacada, onde uma garoa fina começava a cair, e observou o horizonte preenchido por um cinza monótono. Lembrou-se do vazio e desejou voltar para lá, mas sabia que jamais conseguiria. Não depois de ver aqueles olhos. Sentiu uma gota de remorso escorrer quente pelo rosto e, de um jeito tétrico, se alegrou ao perceber que ainda possuía resquícios de humanidade.

Lembrou-se dos olhos uma última vez.

E se despedaçou no chão lá embaixo.

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24 comentários em “Demasiado Humano (Fabio Baptista)

  1. Monica
    24 de junho de 2019

    “As bonecas humanas da deep web” Até onde vai a lascívia e a medicina? Verdade ou não, a indeliberaçao é quase um alívio.
    O tráfico humano continua mais rentável que nunca e com um grande leque de finalidades.

    Talvez, digo apenas talvez, trocaria a palavra “trena”, por “fita métrica”. Ambas tem a nesma função, mas a fita se adequa melhor na medição dos contornos do corpo.
    Continuo no talvez, talvez a sensibilidade pudesse ser mais explorada. Contudo, entendo que o objetivo era escrutinar a frieza humana.

    Parabéns pelo desenvolvimento do conto.

  2. Gustavo Azure
    15 de junho de 2019

    RESUMO A viagem de Natália para Estados Unidos ou Inglaterra, que nada verdade é lavada para se transformar uma espécie de boneca viva. A operação do doutor Wilhelm que transforma a menina em boneca viva. E o vazio de John que experimentou várias coisas na vida, mas não suportou um olhar demasiadamente humano.
    CONSIDERAÇÕES Extremamente bem escrito, personagens bem desenvolvidos, as cenas carregam o tom do personagem que está no foco. Achei a narrativa um tanto quanto óbvia, apesar dos horrores que ela apresenta, mas, por se tratar de um ponto de visto muito particular e também por ser “horror”, não considerei isso como um fator decisivo, pois, acima de tudo, as descrições e todo o mais está muito bem feito.
    NOTA 4,4

  3. Cirineu Pereira
    15 de junho de 2019

    Resumo
    O conto gira em torno de John Rockshield, um playboy jovem e muitíssimo rico que, entediado, aceita a sugestão de experimentar algo que desafiará até mesmo sua pretensa total ausência de escrúpulos, uma boneca construída a partir de um ser humano ainda vivo, no caso, Natália, a inocente criança de um casal que, sobre o pretexto de querer o melhor para a menina, literalmente vende a filha.

    Aplicação do idioma
    Bom domínio do idioma, sem erros crasos, com algumas construções questionáveis, sem relevantes recursos linguísticos ou traços de estilo.

    Técnica
    Em aprimoramento. A retórica é fluída, não obstante a narrativa ainda conte muito mais do que mostre, os diálogos e atos corroboram para a composição dos personagens principais. Ademais, as boas quebras de cena quebram o ritmo, retomando constantemente o interesse pela leitura.

    Título
    Apesar de adequado, ao reportar inevitavelmente à obra de Nietzsche, se faz praticamente um clichê. Ao meu ver, não incita a leitura e até pelo contrário, é quase desestimulante.

    Introdução
    Com bela frase de abertura – apesar de seguida de outras um tanto o quanto virtuosistas -, a introdução cumpre bem seu papel.

    Enredo
    Enredo interessante, ainda que excessivamente rápido – as peças do quebra cabeças são demasiado grandes, ou talvez unidas muito rapidamente, furtando ao leitor o prazer de desvendar o enigma.

    Conflito
    Há varias opções de conflito, vários ângulos e cenários para os quais dirigir os holofotes, porém, aparentemente, o autor não foi hábil em enaltecer este ou aquele aspecto do conto. De certo, considerado a temática, o horror do conceito mereceria os holofotes, porém, se assim desejou o autor, não me pareceu bem sucedido. Na prática, o conflito é subestimado.

    Ritmo
    Não obstante as trocas de cena que, como dito, resgatam constantemente o interesse do leitor, falta maior enlevo narrativo num e noutro momento.

    Clímax
    Quem seria de fato demasiado humano, a boneca viva ou o protagonista? O clímax se dá no arremate, porém principalmente aqui o autor peca ao contar mais que mostrar.

    Personagens
    Considerado o caráter ético e filosófico do conto, os personagens mereciam maior profundidade, mas infelizmente o autor enfatizou mais os fatos que os personagens em si, todos eles ricos em potencial. Nem por isso os personagens mais relevantes se apresentam mal delineados.

    Tempo
    As alternâncias de cenário e de tempo, mesmo sem menções diretas a este último, se constituem num trunfo técnico do conto e consequentemente do autor. O tempo é muito bem aplicado, usado sem ser citado, sugerido, deixado à interpretação do leitor.

    Espaço
    O espaço é bem descrito, sem excesso, mas também sem grandes artifícios.

    Valor agregado
    De forma geral, a alma da narrativa reportou-me a Edgar Allan Poe. Naturalmente o conto mereceria ser melhor trabalhado, mas está recheado de incitações à reflexão, desde aos pais pobres que mentem para si mesmos ao vender à filha, até o playboy que supunha ter pago com sua humanidade pelos excessos de uma vida desregrada.

    Adequação ao Tema
    Totalmente adequado ao gênero terror (ou horror), não obstante as limitações pontuais demonstradas pelo autor em nos imprimir as sensações inerentes à temática.

  4. Gustavo Azure
    15 de junho de 2019

    RESUMO A viagem de Natália para Estados Unidos ou Inglaterra, a operação do doutor Wilhelm e o vazio de John.
    CONSIDERAÇÕES Extremamente bem escrito, personagens bem desenvolvidos, as cenas carregam o tom do personagem que está no foco. Achei a narrativa um tanto quanto óbvia, apesar dos horrores que ela apresenta, mas, por se tratar de um ponto de visto muito particular e também por ser “horror”, não considerei isso como um fator decisivo, pois, acima de tudo, as descrições e todo o mais está muito bem feito.
    NOTA 4,4

  5. Estela Goulart
    14 de junho de 2019

    Resumo: história de John Rockshield, um milionário que possuía tudo, mas estava cansado das mesmas coisas na vida. Recebe uma encomenda, uma menina que antes era chamada de Natália e virou uma boneca assustadora.

    Uma história horrível, mas creio que no certame estava muito bem colocado. A escrita está perfeita, muito boa a narrativa. A história é horripilante e eu não sei o que dizer. Considere isso como um bom conto, no caso, porque me deixou bem mal e até fiquei uns dias sem ler nada. Se era a intenção, você conseguiu deixar o medo. Talvez pela escrita simples, fluida. Sinceramente, sem palavras para seu texto.

  6. Priscila Pereira
    14 de junho de 2019

    Demasiado Humano (Wilhelm)

    Resumo:Uma menina é vendida por seus pais a um fabricante de bonecas sexuais humanas, que faz o sérico para atender a um pedido de um ricaço entediado que quando recebe a encomenda não consegue usá-la por conter um olhar demasiado humano e comete suicídio.

    Olá Autor(a), olha, eu detesto terror, mas seu conto estava tão bem escrito e com uma linguagem tão boa de ler que me ganhou logo de cara, apesar de logo na cena dos pais vendendo a menina eu já imaginar do que se tratava… Quando eu estava grávida eu fiquei sabendo dessa modalidade de “negócios” e eu fiquei aterrorizada, de verdade, já sabia que meu bebê era uma menina e demorou muito tempo pra mim esquecer essa história, então quando percebi que era disso mesmo que se tratava o seu conto meu coração já deu uma falhada… Apesar de todo o horror, eu achei o conto ótimo, gostei principalmente do final, com o cara não conseguindo usar a boneca e se matando, imagino que você não conseguiu ir além, mesmo sendo ficção… talvez também tenha filhos. Rsrsrs Bem, parabéns pelo conto, na minha opinião é o melhor do certame e ganhará com uma vantagem boa. Até mais!

  7. Sarah
    14 de junho de 2019

    Uma garota é levada por dois homens sem que tenhamos ideia do que acontecerá com ela. Um homem rico e entediado recebe um cartão de um velho conhecido de seu pai que promete emoções e diversão caso ele entre em contato com o tal número.
    Um médico recebe a garota em sua casa, faz cirurgias nela, corta-lhe partes de membros e a transforma, o mais possível, em uma boneca. Sem poder se defender, ela é entregue para o homem rico já citado.
    Este pretende fazer tudo o que a mente puder imaginar, porém ele se detém ao ver os olhos da menina. O olhar dela faz o homem sentir remorso e culpa pela vida de extravagâncias que ele levava.

    Uma história bem estruturada, bem escrita, contem uma ou outra expressão que me incomodou um pouco e até uma que me fez rir. Onde fala “em algum lugar entre a Rússia e o Inferno”, achei engraçado a relação dos dois lugares e como foram citados.
    Era para parecer que estavam ligados de alguma forma? Enfim, não sei se a expressão pretendia ser divertida, mas me soou estranha.
    Senti muita pena da Natalha ao vê-la nas mãos daquele médico, a intenção dele de transformá-la em uma boneca viva foi uma das coisas que mais me surpreendeu e horrorizou.
    O final do conto, mais especificamente o último ato do John também me surpreendeu. Percebi o quanto ele se sentiu culpado e arrependido, e de repente em um piscar de olhos, ele já não existia mais.
    Seu conto nos faz pensar em como as pessoas podem ser cruéis, que a maldade está bem presente na vida de alguns e pagando bem alguém pode obter as coisas mais bizarras.

  8. Antonio Stegues Batista
    12 de junho de 2019

    Eu já li alguns contos de terror onde seres humanos são transformados em bonecos. Essa história não é diferente, o subtema não é original, mas é bem escrita nos seus mínimos detalhes, criando uma ambientação bem marcante e contundente. Muito bom

  9. Shay Soares
    2 de junho de 2019

    Que diálogo! Deu pra ouvir o tom da briga das meninas, o tom desconfiado do pai e até ver o sorriso convincente do engravatado.

    Achei esse conto tão pavoroso que não me permito refletir muito sobre ele e, portanto, nada mais construtivo para acrescentar. Todos meus questionamentos começavam a soar imorais demais :/

    Desculpa, obrigada rsss
    😦
    🙂

  10. Paulo Luís
    2 de junho de 2019

    Olá, Wilhelm, boa sorte no desafio. Eis minhas impressões sobre seu conto.

    Resumo: Criança, vítima de tráfego internacional, é vendida pelos pais para uma quadrilha, que tem por excentricidade, mutilar crianças para transformá-las em autômatos vivos. Que consistem em amputar seus membros, dentes, cordas vocais e neutralizar o cérebro, (para que não expresse dores nem sentimentos). Com a principal função de transformá-las em bonecas “humanas” para orgias e bacanais; para deleites de promíscuos e excêntricos milionários.

    Gramática: Nada consta para corrigir, na minha leitura

    Tema/Enredo: O remorso é o maior delator de um crime. Já demonstrou Dostoiévski, em Crime e Castigo. Enredo surpreendente e extremamente forte, partindo do pressuposto do primeiro capítulo, em que se tem uma inocente brincadeira infantil; para no desfecho do terceiro capítulo, mais do que terror: atrocidade, truculência, crueldade. Sabe-se lá deus que adjetivo se dar a tão grande perversidade. Cuja perversidade é mostrada de gradação em gradação, começa por uma pequena birra infantil que, em seguida passa a uma pequena maledicência, onde um garoto, por ser recusado na brincadeira das meninas ameaça destruir seu desenho. A maldade seguinte é dos próprios pais ao vendê-la a traficantes.
    O conto denuncia o que há de pior quanto às mentes dessa espécie dita “humana”. Quando se é mostrado a real aquisição das vítimas. É um conto com todos os quesitos que se exigem de um provável pódio.

    O que me ficou estranho foi a consciência e o remorso tomada pelo executor da tal barbaridade, ao cometer o suicídio, só vir a sentir remorsos com aquela vítima, pois ao que parece aquele procedimento era mais do uma simples rotina. Só por isso eu tirei 0,3 da nota máxima.

  11. Ana Carolina Machado
    29 de maio de 2019

    Oiiii. Um conto que fala sobre uma menina chamada Natália e sobre a crueldade humana. Nas primeiras cenas vemos a menina e uma amiguinha brincando de amarelinha, mas a vida normal estava com os dias contados a partir do momento em que os homens misteriosos e de ternos vão até a casa dela, para falar com os pais da garota. Eles fazem uma proposta que parece irrecusável e sem suspeitar da armadilha que tinha por trás aceitam que eles levem a menina. Mas como o pai comentou a proposta estava boa demais para ser verdade. Depois de mostrar esse momento inicial envolvendo a Natália a história se foca no John. Um homem rico com uma vida excessos, mas que sente um tipo de vazio por ter feito de tudo e querer algo para sentir emoção novamente. No meio de uma conversa sobre isso um velho que estava em uma de suas festas lhe entrega um cartão dizendo que ele poderia vim a sentir algum tipo de emoção novamente. Após isso vemos o trágico destino que a Natália tem. Ao invés do futuro sonhado e prometido ela se ver transformada em um tipo de boneca humana que tem os dentes arrancados e substituidos por silicone, uma boneca que não ver, não ouve e não pode nem gritar diante do que ocorreu. John adquire ela, mas algo nos olhos dela, que mesmo com a lente de vidro mostravam algo humano por trás, o fez recuar das ideias de tortura. John termina sua história se jogando para a morte, talvez em uma tentativa de não ser alcançado pelo remorso. Um conto muito forte, pois como citei no começo ele mostra o perigo da crueldade humano e de como pessoas que se consideram acima do bem e do mal podem levar sofrimento a muitas pessoas somente para sentirem alguma emoção. A parte inicial torna tudo ainda mais doloroso, pois nos apegamos a inocência da menina brincando e meio sabemos no momento que ela entra no carro que alguma coisa ruim vai ocorrer com a Natália, porém não suspeitávamos que seria algo tão ruim e perverso. Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!

  12. Sidney Muniz (@SidneyMuniz_)
    23 de maio de 2019

    Resumo: Demasiado Humano (Wilhelm)

    O conto aborda um tema já comum para os amantes de terror, as bonecas da deep web, aqui acredito que surpreenderá há muitos que não conhecem a fundo as histórias. Pessoalmente a trama para mim não foi o ponto alto do conto, e não estou dizendo que tenha sido ruim. O conto fala de uma menina que foi levada de um lar precário para uma vida “sonhada” na Europa e que de repente se vê envolvida em uma trama grotesca e sombria, sendo por fim transformada em uma boneca da deep web, para ser usada por nosso outro personagem do conto. Bem ao final o personagem se envergonha do fato, encontra um fio de humanidade e se joga da sacada, suicidando-se.

    Avaliação: (Para os contos da Série A-B não considerarei o título, as notas serão divididas por 5 para encontrarmos a média. Porém teremos uma ordem de peso para avaliação caso tenha empates… Categoria/ Enredo / Narrativa / Personagens / Gramática.

    Terror/infanto juvenil: de 1 a 5 – Nota 5 (Tem bastante terror, não assusta, mas é eficiente)

    Gramática – de 1 a 5 – Nota 5 (Excelente)

    Narrativa – de 1 a 5 – Nota 5 (Esse sim para mim foi o ponto alto, perfeita!)

    Enredo – de 1 a 5 – Nota 4 (Muito bom, mas queria algo mais inovador)

    Personagens – de 1 a 5 – Nota 4 (Muito interessantes, porém para mim faltou passar mais a dor da menina quando transformada em boneca, foi ressaltada apenas a forma como o doutor providencia )

    Total: 23,0 / 5 = 4,6

    Título brilhante!

  13. Luis Guilherme Banzi Florido
    23 de maio de 2019

    Bom diaaa! Blz?

    Meu deus, que mal estar esse conto me deu!

    Resumo: homem milionário, entediado por já ter feito todo tipo de bizarrice possível, descobre uma nova possibilidade ainda mais terrível, e adquire uma espécie de boneca humana. Incapaz de suportar o inesperado remorso, se suicida.

    Comentário:

    Nossa, que horror. hahahah

    olha, vou te dizer que tenho uma certa experiência com leitura e filmes repugnantes e terríveis (centopéia humana, martirs, etc). Mas, mesmo assim, seu conto me deixou bem mal. Sério.

    Tô sentindo um pouco de mal estar, ainda. Vale ressaltar que isso não é uma crítica negativa, mas um baita elogio. Terrivelmente incrível e impressionante. Uma verdadeira obra de arte do repugnante.

    A escrita é impecável e profissional, também, e o ritmo do conto, impecável.

    Não tenho muito o que dizer, além de parabenizar, dizer que a nota é 5 e que dificilmente esse conto não vai ganhar o desafio. Vou me surpreender bastante se encontrar algum conto melhor nesse desafio (pelo menos, de terror)

  14. Davenir Viganon
    21 de maio de 2019

    Natália é uma menina, filha de pais pobres que foram aliciados por estrangeiros. Ela acaba vitima de modificações para virar uma boneca sexual viva e presenteada para o ricaço John Rockshield que após inicialmente gostar da ideia, se mata de remorso.
    Conto muito competente em trazer o submundo do tráfico de pessoas, indo da inocência de Natália, passando da crueldade fria do médico (bem construída na frieza da descrição do procedimento) até o ricaço entediado. Esteticamente muito impactante. Bom conto

  15. Elisa Ribeiro
    18 de maio de 2019

    Milionário entediado aceita sugestão de um velho perverso e encomenda um novo “brinquedo” para escapar ao tédio. Trata-se de uma menina transformada em boneca por um cirurgião malévolo. Ao deparar-se com os olhos humanos da menina por trás de sua aparência superficial, o milionário muda de ideia.

    Um belo argumento de horror essa história de uma menina transformada em boneca. De quebra, o conto traz referências às história infantil do Pinóquio, mesclando os temas do desafio.

    O conto como um todo, achei irregular. Fiquei bem entusiasmada com o início e também com a transformação da menina em boneca . Não tanto com a cena do milionário, tampouco com o desfecho. Talvez alguma perversidade antes do arrependimento final me agradasse mais.

    De qualquer forma, um argumento criativo (lembrei uns contos do Marques de Sade) o que é sempre bom em se tratando de terror, esse gênero que tanto sofre com clichês.

    Parabéns e sucesso amigo(a) entrecontista! Um abraço.

  16. Fernanda Caleffi Barbetta
    16 de maio de 2019

    Resumo
    Duas meninas, Janaina e Natália, brincam de amarelinha na rua quando um carro chega à casa de Natália com o objetivo de comprá-la de seus pais e levá-la ao exterior. Mais interessados no dinheiro que embolsariam do que no futuro da menina, eles aceitam a oferta, inclusive com a aceitação da própria Natália. Natalia acaba nas mãos de um médico russo que retalha seu corpo, tira sua visão, audição e fala, a transformando em uma boneca humana. Quem vai receber esta boneca é um homem chamado John Rockshield que mantinha uma vida cheia de excessos. Certo de que mais nada na vida o excitaria e surpreenderia, um dia John encontra um velho fumando cachimbo em sua casa que lhe oferece um cartão, dizendo que ele receberia algo nunca imaginado. Algum tempo depois, chega uma caixa em sua casa, onde está Natalia transformada em boneca humana. De início, John gosta da experiência, mas, quando a olha nos olhos vitrificados, ele tem consciência de sua vida, de sua monstruosidade e se mata, se atirando da janela.

    Comentário
    Por mais que eu imaginasse que o texto seria bizarro, graças aos comentários no facebook, não imaginaria isso. Deixou o gigante imbecil de Incident in Gostland no chinelo kkkk. Parabéns pela criatividade, gostei bastante do texto, apesar de aterrador (mas era essa a ideia, não era?). O texto é bem escrito, gostei da divisão em três partes, que me deixou pensando em como a pobre Natália seria encaixada (palavra bem oportuna) na história. Gramaticalmente, não encontrei praticamente nada. Só tiraria este ponto final após as aspas. Acredito que o ponto que conclui frase anterior seja a interrogação, dentro das aspas: sentir alguma coisa de novo?”. Não é isso?

  17. George Armado
    15 de maio de 2019

    Sinopse: uma jovem vive com sua mãe numa vila operária. Em sua ingenuidade ela acredita estar vivendo e aproveitando sua infância como uma garota normal. Ao conhecer sua amiga Ilana, ela sofre uma terrível experiência ao adentrar no bosque. Desde esse dia, sua infância foi tragada pelo pesadelo social.

    Comentário: um dos contos mais assustadores desse certame, em sentido lato mesmo. O autor conseguiu surpreender com o uso de situações corriqueiras que acabam por se tornar traumáticas. O final é belíssimo, e arranca uma náusea da gente, melhor seria que a garota estivesse mergulhada no sobrenatural.

    A Árvore que Divide o Mundo – NOTA: 1,0
    Amarga Travessia – NOTA: 5,0
    Aquilo – NOTA: 4,5
    Capitão Ventania – NOTA: 4,0
    Demasiado Humano – NOTA: 4,5
    Lobo Mau, A Garota da Capa Vermelha e os 3 Malvados – NOTA: 1,9
    Magnum Opus – NOTA: 4,0
    O Fim de Miss Bathory – NOTA: 5,0
    O Jardim da Infância – NOTA: 5,0
    O Ônibus, a Estrada e o Menino – NOTA: 3,5
    O Parque – NOTA: 1,0
    Penumbra – NOTA: 1,5
    Prisão de Carne – NOTA: 3,5
    Rato Rei – NOTA: 3,0
    Seus olhos – NOTA: 4,0
    Troca-troca Estelar – NOTA: 5,0
    Variante Amarela – NOTA: 1,0
    Vim, Vi e Perdi – NOTA: 1,0
    ——————————–
    Melhor técnica: Aquilo
    Conto mais criativo: Amarga Travessia
    Conto mais impactante: O Jardim da Infância
    Melhor conto: Troca-Troca Estelar
    ——————————–

  18. Evandro Furtado
    13 de maio de 2019

    Um horror-porn dividido em múltiplos atos em diferentes lugares do globo. Há a vítima, o agressor, e um doutor maluco que transforma pessoas em bonecos.

    É difícil saber por onde começar. Tô remoendo tudo por aqui (o que sempre é um ótimo sinal). Em primeiro lugar, o autor consegue criar o cenário de forma simples, mas muito efetiva. A brincadeira das garotas no começo, trás um tom de familiaridade proporcionado, sobretudo, pelos diálogos realistas. Isso cria empatia. Confesso que não gostei tanto da cena da “compra” justamente por perder um pouco do realismo, mas isso pode ser ignorado ao se considerar o todo. O autor então opta por partir para um outro cenário com um personagem completamente diferente e consegue manter um realismo. Dessa vez, me parece um pouco leste europeu (o que eu, particularmente, aconselharia que constituísse uma futura reescrita. Budapeste, em particular, me parece um cenário mais interessante). Por fim, temos um doutor melhor estilo Dr. Josef Heiter, cujos atos são descritos com um tal sadismo que jorra sangue da tela do computador durante a leitura. Tudo termina com uma cena sublime (no sentido kantiano) de imagens perturbadoras e, ao mesmo tempo, memoráveis. Uma salva de palmas e um:

    OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOUTSTANDING!

  19. Fheluany Nogueira
    9 de maio de 2019

    A escolha de uma menina, comprada de família miserável, com promessas de vida melhor (pelo nome da garota e pela brincadeira tradicional, é Brasil). Apresentação de um playboy, com seu estilo de vida, intensamente social e em busca de emoções mais fortes, que recebe indicações de alguém que participara de sua festa. A sigilosa transformação da menina levada de casa em boneca-viva, com os detalhes sinistros das cirurgias e a entrega da encomenda. O protagonista primeiro se decepciona com o que recebe, mas, ao perceber a respiração, fica animado e até tenta usá-la sexualmente. A boneca faz um movimento com os olhos, ele se assusta e percebe o absurdo da situação. Arrependido comete suicídio.

    Uma experiência de terror real é algo indesejável para qualquer ser humano. Dizem que há anúncios, na internet, de bonecas-vivas. É uma ideia grotesca ao extremo! Além de provocar o medo, parece-me que esse conto tem fim moralizante, isto é, assustar o leitor para que este evite adotar essa conduta ou outras que ultrapassem os limites do bom-senso.

    O tema foi muito bem explorado narrativa fluente, bem ritmada, estruturada em formato que alimenta o suspense e o interesse do leitor. Apenas cortaria a frase que fecha a primeira parte “E nunca mais voltou.”, que dá certa previsibilidade para a conclusão da trama.

    Um texto forte, que desperta bastante interesse. Já conhecia o assunto, mas aqui vem de roupa nova, com tom trágico reforçado: a menina brincando X boneca, abusada; o playboy após a festa X animado com o brinquedo novo X despedaçado no chão. Chocante.

    Parabéns pelo bom trabalho. Abraço.

  20. neusafontolan
    6 de maio de 2019

    Uma imagem bonitinha, um começo inocente e a tonta aqui foi ler achando que era infantil.
    O pior é que isso não sai da minha cabeça, sei que uma hora vou esquecer, mas vai demorar.
    PARABÉNS mesmo por ter tanta imaginação.
    Não li todos os contos ainda, mas na minha opinião nenhum vai superar este aqui.
    Parabéns novamente.

  21. C. G. Lopes
    6 de maio de 2019

    RESUMO:
    A história começa com a cena inocente de duas crianças brincando. Somos informados que a brincadeira serve para esconder necessidades básicas. Em seguida dois homens chegam num carrão e “compram” a menina Natália dos seus pais. Os pais acreditam que a menina ficará melhor longe deles, em outro país, com outras oportunidades. Corta para a ressaca de uma orgia patrocinada por um figurão – ele reclama que: “I can get no – satisfaction”! Corta para a cena de transformação da menina numa coisa monstruosa. Na cena seguinte temos o encontro do sujeito entediado e a sua “encomenda” – a menina que foi transformada numa boneca. Ele abre a caixa e recebe o olhar artificial, mas demasiado humano. Ele é absorvido por esse olhar e se joga do alto para a morte.

    Considerações:
    É um conto que impressiona. A narrativa inicial faz o leitor pensar que se trata de uma obra infanto-juvenil, pueril, inocente e de repente vem a primeira virada; ocorre uma operação de compra e venda. Mais adiante somos apresentados a um sujeito doente e logo em seguida antes que se possa respirar, outro mais doente ainda faz o nosso estômago revirar -se – é uma narrativa doente. Algo que deve existir na deep web. É pesada. É terrível! É a melhor… até agora.

  22. Emanuel Maurin
    5 de maio de 2019

    Wilhelm, paz e bem.

    O Conto começa com as crianças jogando amarelinha, um jogo inocente, assim como a família da menina que foi enganada pela máfia de traficantes. Depois mostra a vida vazia de um psicopata milionário que faz tudo para se livrar do vazio, cometendo os mais terríveis crimes contra a humanidade e mostrando toda sua monstruosidade. Mesmo assim o tédio o dominava, então, foi buscar um brinquedo novo, era a menina, podre criança que foi transformada em um Pinóquio ao contrário.
    Nada de erros gramaticais, fácil entendimento, dinâmico, gostoso de ler e excelente estrutura. Perfeita condução do enredo até o clímax.
    Você me enganou, tive um desconforto e medo ao ler, achei que seria uma brincadeira inocente e não era. Isso sim que é legal, surpreender o leitor e você me surpreendeu com um final brilhante. Fiquei realmente assustado.
    Boa sorte!

  23. angst447
    3 de maio de 2019

    RESUMO:
    Um cara muito rico, muito entediado, muito maluco mesmo, tem uma conversa pós-festa-orgia com um senhor misterioso e cheio de más intenções. Recebe um cartão de um dollmaker, especializado em macabras versões de Pinóquio, e faz a sua encomenda. A vítima da vez, Natália, adolescente pobre, talvez ainda uma pré-adolescente, estava mais interessada em pular amarelinha e experimentar picolés do que qualquer outra coisa. Transformada em uma boneca imóvel, sem sentidos, acaba mantendo sua humanidade, mesmo camuflada por tantas intervenções cirúrgicas. Rockshield depois de analisar sua tão aguardada encomenda, depara-se com os olhos de Natália que ainda detém algo demasiado humano. Não aguentando os sentimentos gerados por essa descoberta, joga-se da varanda do seu luxuoso apartamento.

    AVALIAÇÃO:
    Conto de terror, macabro, um horror mesmo. Fiz associação com aquele filme igualmente tenebroso – Encaixotando Helena – acredito que talvez tenha sido essa a sua inspiração.
    Não encontrei falhas na sua revisão, ou provavelmente as tenha ignorado entre uma ânsia de vômito e outra.
    O texto está muito bem escrito, há até uma certa beleza poética em algumas passagens. O ritmo da narrativa se mantém constante e não cria entraves à leitura. Como leitora, embora nauseada pela desumanização descrita, não consegui parar de ler até chegar ao final.
    O final? Parece que apesar de trágico, conseguiu resgatar um pouco da humanidade do Rockshield, que afinal não possuía um escudo de rocha (rock/shield). Um impactante, mas coerente final.
    Estou odiando um pouco o autor no momento, mas acho que isso vai passar.
    Conclusão pós-leitura: o inferno é o abismo que cada um carrega em si – alguns mergulham, outros evitam a queda infinita o máximo que podem.
    Boa sorte no desafio!

    • angst447
      3 de maio de 2019

      Só para não dizer que não encontrei nenhuma falha:
      – […] e não pode deixar > e não PÔDE deixar (acento ^ para diferenciar o tempo verbal)
      – É o máximo de poder que você pode > PODER/PODE – não gosto da aproximação dos dois.
      Enfim, continuo odiando o seu conto e não quero falar com você, autor(a)

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Publicado às 1 de maio de 2019 por em Liga 2019 - Rodada 2, Série A e marcado .
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