O fim:
Sentado no banco da praça, apreciando o jardim iluminado pelo sol, lambeu a casquinha do sorvete para não escorrer pela mão. Um coelho branco o observava, ou melhor, secava o sorvete. “Será que coelho come sorvete de cenoura?” – pensou. O peludo se aproximou e respondeu: “Claro que sim, seu idiota, principalmente num calor desses e vestindo um casaco de pele”. O homem ponderou olhando para o sol inclemente de meio-dia. “Você tem razão” – concluiu com um sorriso condescendente. O pequeno pegou o cone, enfiou goela abaixo de uma só vez. O homem acariciou seu pelo macio, olhou para o céu pensando quem teria sido o maluco que trouxe um ser tão peludo para os trópicos. Quando retornou o olhar, o coelho estava sem a cabeça, não estavam mais no jardim e sim em um açougue imundo.
“Jardim – sol – sorvete – coelho – cenoura – cabeça – açougue.” – Jorge anotou rapidamente no caderno ao lado da cama. Abriu o Livro dos Sonhos e analisou:
“Sonhar com jardim é porque vai dar elefante no Jogo do Bicho, elefante é presságio de pequenas dificuldades. Qual a novidade? Vejamos: sonhar com sol, vai dar avestruz, o que pode indicar notícias na família. Mas como sonhar com cabeça solta, que é o touro, sugere doença mental na família, então não haverá nenhuma notícia que já não seja lugar-comum. Açougue é coelho, sucesso futuro; complicado. Cenoura dá borboleta, é romance ou casamento; Deus me livre. Sorvete dá urso, é prazer na vida; faz tempo. Sonhar alisando coelho é camelo, logo azar no jogo; faz sentido. Como eu nunca acerto essa merda e sempre me dou mal, então vai dar camelo. Então é isso, hoje, quando sair o sorteio das 21 horas eu vou enfrentar o mundo como um camelo. Preciso me preparar.”
O início:
Nem sempre foi assim. Até o oitavo mês de gestação, Valentina carregava em seu ventre um menino saudável e igual a todos os moleques que correm pelas comunidades atrás de pipa. Na manhã de 23 de abril de 1989 era um domingo como outro qualquer. Valentina ocupou seu banquinho para receber as apostas nas imediações da Praça da Bandeira, ao lado do boteco de Seu Zé. Ele deixava usar o banheiro e fornecia água em troca de uma clientela fiel na sua porta. Valentina era funcionária dedicada, fez até uma caixinha de madeira, delicadamente confeccionada, para os clientes conferirem os resultados dos sorteios. O inusitado mural ficava sobre o vaso de espada-de-são-jorge e comigo-ninguém-pode. O trabalho como apontadora do Bicho não era ruim, o Gerente da Banca era gente boa, pagava em dia e era flexível, desde que a honestidade não crescesse o olho e o relógio não fosse esquecido; a Banca tinha um nome a zelar. Tinha sorteio 11, 14, 18 e 21 horas, exceto domingo que o último era às 14, logo Valentina sairia mais cedo do serviço.
O dia estava cinza e abafado. Muito quente para essa época do ano. As horas foram passando, mas a dor que Valentina sentia no pé da barriga não. Ansiava pelo último sorteio para poder descansar. Mas logo depois do meio-dia, o céu desabou as águas atrasadas de março com a força de uma represa estourando. Valentina manteve o posto mesmo com a água subindo nas canelas. Seu Zé a mandou entrar no bar e acompanhá-lo no conforto da mesa de bilhar. As dores foram crescendo, a água subindo, Valentina segurando o grito, mas seu Zé não aguentou: “Acuda aqui que a preta vai parir na minha mesa de bilhar!”. Pedido tardio. Valentina já na posição de parto fechou os olhos e rezou: “Valei-me meu São Jorge, dai-me tua coragem de guerreiro fiel. Não me desampare nesta hora. Traz meu filho à luz digno de tua honra.” Um trovão iluminou as ruas transfiguradas em rios, o relógio bateu 14 horas. Um rio também saiu de dentro de Valentina formando cachoeiras pelas caçapas da mesa, em seu leito deslizou um neguinho forte como um urso. Berrou arreganhando os pulmões sem que ninguém precisasse lhe tocar. Abriu os olhos cor de sol e a chuva parou, o céu se abriu e o canto das cigarras fez Valentina gargalhar sobre as lágrimas: “Bem-vindo, meu pequeno Jorge, a este mundo de merda!”.
No sorteio das 14 horas deu urso na cabeça. Fácil quando se sabe: bicho 23, dia de São Jorge, ano 89. No dia seguinte, Valentina viu seu pequeno Jorge, após o sorteio das 21 horas, se transformar no bicho que deu: um gatinho mamando vigorosamente. A mãe não se assustou. Acreditava nos desígnios de Deus. Também não se impressionou com o neném voltar à sua forma humana à meia-noite.
O meio:
A infância de Jorge foi tranquila, pois sua mãe mantinha o menino escondido em casa durante o horário crítico. O menino estudou todos os vinte e cinco bichos possíveis e seus hábitos. Aprendeu a conviver com as diferentes formas que o seu corpo adquiria. Mas na adolescência Jorge descobriu que sua vida não seria fácil. Estava condenado a mal frequentar as festinhas onde poderia conseguir uma namorada. Quando a coisa começava a ficar promissora, tinha que sair correndo como uma cinderela amaldiçoada e, não raramente, chegava a casa já nos cascos de um cavalo, ou na pele de uma cobra assustada, ou de um burro cabeceando a porta do barraco em desespero. Só tinha o conforto da mãe e de mais ninguém, sua única família e aliada.
Era seu aniversário de quinze anos. A mãe pediu que ficasse em casa esperando pelo presente surpresa. Jorge não saiu, mais pela chuva torrencial que caía lá fora do que por obediência. As horas foram passando e nada de Valentina chegar. Ficou na janela ansioso para receber o presente antes das 21, como se olhar a rua adiantasse os passos de Valentina.
O antes:
Carlinhos vinha trincando os dentes na noia, a noite urgia por um teco. Nenhuma presa ao alcance dos olhos. Estava exausto. Sentou no ponto de ônibus à espera, mais cedo ou mais tarde alguém apareceria. Estava com sorte. Pouco depois um coletivo trouxe uma preta gorda. Ela trazia um sorriso bobo com um embrulho nas mãos. Cara de pobre, roupa de pobre, bolsa de pobre, mas foda-se, tem mais do que eu – pensou com a fissura latejando nas têmporas.
– Perdeu, tia, passa o pacote e a bolsa que tá tranquilo.
– Perdi, perdi. Leva a bolsa. Tem aí vale transporte, uma marmita nova e limpa, mais doze reais. Pode ficar com tudo. Quer a sombrinha?
– Passa o pacote, porra!
– Nem a pau, moleque sem vergonha. Isso aqui é do meu filho.
– Tô cagando pro teu filho. Quer morrer?
– Sabia que eu podia ser sua mãe? Valei-me, meu São Jorge, protege esse menino perdido…
– Perdido é o caralho!
Carlinhos arrancou o pacote das mãos de Valentina que prontamente deu-lhe uma tapa na cara. O moleque lembrou que vinha apanhando na cara a vida toda. Não mais. A faca de cozinha afiada no meio-fio não deixaria dúvidas.
O depois:
Jorge estava preocupado. Eram quase 21 horas e a mãe não chegava. Resolveu procurá-la nas redondezas. Fez o caminho inverso que Valentina fazia diariamente. Assim que virou a esquina viu um rapaz sobre o corpo de sua mãe retirando-lhe a bolsa. Jorge gritou e o rapaz fugiu levando o que conseguiu. A mãe sangrava pelo peito e sorriu quando Jorge sentou no chão e apoiou sua cabeça no colo.
– Que horas são, meu filho?
– Não fala, mãe, estou chamando uma ambulância. Aguenta firme, minha véia.
– Que horas?
– São oito e cinquenta e oito.
– Vai sair o bicho. Corre daqui. É uma ordem.
– De jeito nenhum vou te deixar.
– Vai esperar o sorteio? – sorriu leve e gemendo por dentro. – Eu te amo, meu guerreiro. Cumpra a sua missão com bondade.
Valentina amoleceu para sempre em seus braços. Jorge rugiu seu desespero para a madrugada, levou as mãos ensanguentadas para o céu e rezou:
“Eu andarei vestido e armado, com as armas de São Jorge. Para que meus inimigos tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me enxerguem, nem pensamentos eles possam ter para me fazerem mal. Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem ao meu corpo chegar, cordas e correntes se quebrem sem ao meu corpo, amarrar.
São Jorge, cavaleiro corajoso, intrépido e vencedor; abre os meus caminhos.”
Consultou o celular cravado nas 21. Uma dor nascida entre os olhos cavalgou pela coluna até o cóccix como uma descarga elétrica. O nariz foi crescendo e se juntando com a boca, um bico nascia em seu rosto. O pescoço estalava a cada esticada das vértebras. Dos poros dilatados brotaram plumagem exuberante. Os braços retorcidos formavam asas desajeitadas enquanto as trêmulas pernas cresciam vertiginosamente. Garras rasgavam a pele dos pés. O grito virou grasnar semelhante a uma sirene alertando terremoto. De Jorge só a cor de ébano e os grandes olhos amarelos.
Carlinhos corria com o pacote em uma mão e a bolsa de Valentina na outra. Ouviu aquele som assombroso e ficou paralisado. Olhou para um lado e não viu nada, olhou para o outro e não viu nada. Olhou para cima e o que viu saltar sobre ele não pôde contar para ninguém.
Na TV uma reportagem mostrava o corpo de um homem ferozmente atacado com várias perfurações e cortes. Ao seu lado via-se um pacote aberto de onde uma torta de chocolate desmaiava pelo asfalto. O repórter entrevistava uma improvável testemunha, um mendigo embriagado que jurava ter visto um peru pescoçudo gigante, com o bico e as garras sujas de sangue, fugindo aos pulos do local. No sorteio das 21 horas deu avestruz na cabeça. Azar de Carlinhos.
O agora:
Desse dia em diante Jorge, o guerreiro indomável, sai para caçar matadores de mães todas as noites. Depois do sorteio das 21 horas, faz sua prece e se transforma no poderoso BICHOMAN. Exceto domingo, quando descansa sua sina.
………………………………..
(Revisado em 31/12/2017, conforme ajuda dos colegas nos comentários abaixo).
Colei neste conto, tal a beleza lexical da narrativa. Adorei, adorei, adorei. Parabéns Catarina Cunha.
Excelente. E serviu de inspiração para o novo desafio.
Em terra de desiguais, homens bicho são bem comuns. Tanto por serem brutalizados pelo sistema, quanto por necessitarem, quase sempre, assumirem a condição de autojusticeiros, frente a violência sofrida cotidianamente, sem ter a quem recorrer. Parabéns Catarina.
Valeu Gorete! Beijos.
Muito bom! Um superpoder autenticamente brasileiro e que funcionou de forma perfeita ao conto, desde a sua concepção, com um viés absurdo e lírico, até despontar como uma chaga e uma benção para o garoto. Gostei do paralelo ao santo popular, da cena em que ocorre o assassinato da mãe e do final. Meus parabéns!
Olá Felipe,
Como já saiu o resultado respondo com meu nome mesmo. A junção do lírico com o absurdo sempre me encantou.
Grata pelo comentário e ter observado isso.
25. Bichoman (Apontador):
Impossível não lembrar de Manimal, o super-herói que se transformava em qualquer bicho…
A meu ver, o destaque da PREMISSA foi o fato do autor ter sido bastante feliz na criação do contexto (cenário, principalmente), um sopro de inovação neste desafio com tantos hospitais e colégios. No entanto, achei que a história ainda está “ponto menos”, a TÉCNICA precisava cozinhar um pouco mais. E o recurso de colocar o fim no começo, apesar de interessante, dá ao fim da leitura uma interrupção abrupta. Recomendaria, como APRIMORAMENTO, expandir a história para outras “aventuras” do Bichoman.
Sr. Daniel,
Sim, cabe aprimoramento nos próximos capítulos, com novas aventuras do BICHOMAN e aprofundamento de sua personalidade. Este foi o seu nascimento.
Muito obrigado pelo comentário.
=====TRAMA=====
Nossa, quanta criatividade! Genial! Um poder bem original, uma história muito bem conduzida e um personagem trabalhado com perfeição. Todo o conto é, na verdade, a construção de Jorge, o Bichoman. E quanta Brasilidade! Você está de parabéns. Admiro muito a criatividade de gente como você =)
O conto é direto, sem dar margem para segundas interpretações, mas isso não tira o seu mérito. O superpoder de Jorge nasce tal qual muitos dos superheróis dos quadrinhos: um banho acidental de agentes químicos justo na hora que um raio atingia o chão; uma picada de uma aranha radioativa; etc. O Bichoman, nascido durante o sorteio de um jogo de bicho e no meio de uma enorme tempestade, não foi diferente. Gostei muito de como você trouxe essa origem já clichê para a nossa realidade, tirando todo o “esperado” dela e preenchendo esta lacuna com o original.
Engraçado como que esta é uma daquelas “Histórias de Origem”, no sentido de que ficamos apenas sabendo da origem do herói. Histórias assim geralmente deixam um “gostinho de quero mais”. Mas nem nisso a sua história pecou: talvez por iniciar já no meio do dia-a-dia de Jorge (aliás, genial a ideia de usar a interpretação dos sonhos para prever o animal no qual ele se transformará), talvez por narrar, no final, a decisão que ele tomou de vingar os inocentes. O fato é: sua história é bem amarrada, e não deixa aquela gostinho amargo de “história inacabada”.
=====TÉCNICA=====
Nada a declarar. Você é daqueles que já domina tão bem o português que não tenho nada a adicionar com o meu comentário. É escrita profissional, outro nível. É claro, deixo aqui ao menos o meu parabéns e aquela pitada de inveja mas minhas palavras, rs rs rs.
Sr. Marco,
Isso mesmo! O detalhe da tempestade, raios, enchente, etc, foi fundamental para ele adquirir os poderes, a missão que só desperta com a perda.
Somos todos profissionais, só nos falta reconhecimento.
Muito obrigado pelo comentário e pela inveja também!
Olá Apontador, tudo bem?
Gostei de o personagem principal ser de uma origem humilde, gosto de quando fazem isso. Os diálogos soaram naturais, representou realmente como o brasileiro fala. E eu sei muito bem, assim como provavelmente todos os aspirantes de escritores sabem, como é difícil fazer bons diálogos. E você conseguiu, parabéns! Seu texto foi interessante em vários aspectos, gostei dos superpoderes do personagem principal, o amor da mãe pelo menino (que foi bom, pois não ficou muito açucarado, digamos assim) e a explicação dos poderes dele. Não tenho muito o que falar, a gramática está correta e você conseguiu fazer um texto tipicamente brasileiro (isso é um elogio), com as expressões típicas, os pensamentos do personagem, entre outros fatores. O nome bichoman também foi interessante, se parar para analisar.
Meus parabéns pelo texto e boa sorte no desafio! 😀
Sra. Bianca,
Um super-herói brasileiro de origem humilde é o que mais se aproxima da verdade em nosso país.
Muito obrigado pelo comentário tipicamente brasileiro.
Olá, Apontador. Tudo bem? Desejo que esteja a viver um excelente período de festas.
Começo por lhe apresentar a minha definição de conto: como lhe advém do próprio nome, em primeiro lugar um conto, conta, conta uma história, um momento, o que seja, mas destina-se a entreter e, eventualmente, a fazer pensar – ou não, pode ser simples entretenimento, não pode é ser outra coisa que não algo que conta.
De igual forma deve prender a atenção, interessar, ser claro e agradar ao receptor. Este último factor é extremamente relativo na escrita onde, contrariamente ao que sucede com a oralidade, em que podemos adequar ao ouvinte o que contamos, ao escrever vamos ser lidos por pessoas que gostam e por outras que não gostam.
Então, tentarei não levar em conta o aspecto de me agradar ou não.
Ainda para este desafio, e porque no Entrecontos se trata disso mesmo, considero, além do já referido, a adequação ao tema e também (porque estamos a ser avaliados por colegas e entre iguais e que por isso mesmo são muito mais exigentes do que enquanto apenas simples leitores que todos somos) o cuidado e brio demonstrados pelo autor, fazendo uma revisão mínima do seu trabalho.
A nota final procurará espelhar a minha percepção de todos os factores que nomeei.
…
Achei o seu conto feliz. Estranho, não? Mas sim, foi o que achei. Vou considerar adequado ao tema, embora o Jorge não tenha um superpoder mas sim uma espécie de maldição, e é do uso que ele opta fazer dessa maldição que lhe nasce o poder, que permanece mais invulgar que super. Mas então, essa é uma escolha feliz.
Como mãe e filho são felizes em meio a seu infortúnio. Como a escrita é bem conseguida e feliz. Como a imaginação do autor foi feliz na escolha da sua história. Gostei muito. Parabéns e boa sorte no desafio.
Feliz 2018!
Sra. Ana Maria,
Realmente os leitores do Entre Contos são muito exigentes, até porque a maioria também escreve, e quem escreve deve se exigir constantemente.
Muito obrigado pelo comentário feliz.
Olá, Apontador!
Rapaz…Mas rapaz!!!! É o tipo de história que a gente lê e depois fica em silêncio contemplando e se perguntando ” por onde eu começo a elogiar?”
Está cheio de contos Blockbuster nesse desafio, o seu talvez seja aquele que está tudo na medida certa, nem uma gordurinha faltando! Originalidade em um tema como “Super Poderes” não é pra qualquer um, não. Tem que ser muito, muito foda.
Eu adorei tudo, a estrutura que você criou, a ordem cronológica, os pontos se ligando.. a misticidade…tá tudo muito bem colocado, escolheu a dedo cada cena, cada palavra.
Eu não entendo nada de jogo do bicho, é uma coisa que permeia minha infância , uma voz familiar no radio contando qual bicho saiu. Usar isso pra identificar qual animal ele irá se tonar foi genial.
O conto também tem um humor muito elegante, a parte que ele conta suas mazelas, ” sair como uma Cinderela” foi bem engraçado. A relação com a mãe que percebe-se que aquela mulher de fé, guerreira, uma leoa que protege o filho e o ama do jeitinho que ele é, foi bonito de ser ver.
É estranhamente triste a cena da morte dela, estranho porque se não fosse triste seria engraçado rs. Gostei que você não se apegou ao melodrama, ele simplesmente foi lá e acabou com o infeliz. E parti dali ele será aquilo que nasceu pra ser.
Enfim, só posso dar os parabéns, você acertou em cheio! Pódio!
Boa sorte no desafio!
Sra. Amanda,
Interessante sua observação sobre o jogo do bicho povoar o nosso imaginário, rondar a nossa infância. Assim eu também o vejo, embora nunca tenha jogado e muito menos conheça os caminhos para escolher o bicho da vez, faz parte de nossa cultura popular.
Grato pelo comentário feliz!
– Enredo: 1/1 – Cacetada de história, Apontador! Não tenho nem o que dizer. O penúltimo conto que leio e feliz por ter guardado tantas leituras boas pra esse momento. Adorei a forma como estruturou a narrativa, fugindo do lugar-comum. Aquela reza para São Jorge me arrancou lágrimas, imaginando a cena. Parabéns, parabéns!
– Ritmo: 1/1 – Lido de uma vez só, vivendo as personagens e sofrendo junto com elas.
– Personagens: 1/1 – Lindos. Queria poder abraçar também Jorge e Valentina, tal qual a Letícia do outro conto.
– Emoção: 1/1 – Não gostei não… Amei!
– Adequação ao tema: 0,5/0,5 – Totalmente adequado, de uma forma criativa, maravilhosa, deliciosa. Parabéns!
– Gramática: 0,5/0,5 – Nada que atrapalhasse minha catarse ao ler o texto.
Dicas: Não sei, só sei que deu vontade de jogar no bicho. Daqui a pouco vou dormir e vejamos o que vou sonhar. 😉
Frase destaque: “Jorge rugiu seu desespero para a madrugada, levou as mãos ensanguentadas para o céu e rezou.” E Salve, Jorge!
Obs.: A somatória dos pontos colocados aqui pode não indicar a nota final, visto que após ler tudo, farei uma ponderação entre todos os contos lidos, podendo aumentar ou diminuir essa nota final por conta de estabelecer uma sequência coerente, comparando todos os contos.
Sra. Bia,
Fico muito feliz em saber que a catarse, provocada pelo texto em você, tenha sido mais intensa do que meus vários “errinhos”. Todos já anotados para correção.
Essa é a prece original para São Jorge, mas acho ela tão forte que coube direitinho na invocação dos poderes de BICHOMAN.
Grato pelo comentário.
Sim, conheço a oração, minha avó me ensinou quando eu era menina. É a que mais me emociona, em segundo lugar fica a de São Francisco de Assis. As palavras têm poder. 😉
De longe um dos mais criativos. As mudanças de núcleo funcionaram bem, talvez pela sacada de acrescentar títulos a elas. Homenagear esse jogo de azar tipicamente brasileiro também foi inesperado e talvez o maior mérito do conto tenha sido fazer isso de forma que não estranhasse o leitor. Bom trabalho.
Sr. Higor,
É uma homenagem ao trabalhador, lutador, iclusive aos trabalhadores do jogo do bicho.
Muito obrigado por seu comentário.
Oiii. Achei o conto bem criativo. Gostei . Nele foi apresentado um herói com elementos bem do nosso país. Foi bem interessante ter inserido o jogo do bicho e o superpoder dele ser virar os bichos. Foi interessante também mostrar a forma como ele lidava com o poder, as coisas ruins que trazia (como ele fala de ter que sair correndo dos lugares quando se aproximar a hora) e o uso final que ele encontrou após a morte da mãe. Ainda sobre a mãe achei bem triste a morte dela, por um momento pensei que o Jorge chegaria a tempo transformado em algum bicho e a salvaria. Parabéns. Boa sorte!
Sra. Ana Carolina,
Sim, super-herói tem as suas dificuldades inerentes aos poderes.
Eu também queria que Valentina sobrevivesse, mas não deu tempo de BICHOMAN salvá-la. Pena.
Grato por seu comentário.
Um dos meus preferidos do desafio.
Muito bem escrito e conduzido, com o(a) autor(a) demonstrando uma facilidade muito grande em alternar entre momentos bem-humorados e momentos tensos. O superpoder é dos mais criativos e a explicação para a origem é deliciosamente inverossímil, casando perfeitamente com as histórias em quadrinhos.
Acabamos de gravar o podcast e comentei lá que essa cena do esfaqueamento é simplesmente do caralho, muito boa mesmo.
O desfecho “o agora” não foi lá tão memorável, talvez o conto acabasse melhor no “azar de Carlinhos”. Mas talvez seja só chatice minha.
Abraço!
Sr. Fabio,
Sou tão, ou mais, chato do que você com finais explicativos. Mas aqui quis algo mais próximo dos quadrinhos, que fosse o número 1 da revistinha, quase um gancho para as próximas aventuras. Uma paródia aos heróis americanos.
Grato pelo comentário simpaticamente chato.
Um conto incrível, de uma criatividade ímpar! Quem imaginaria uma sina dessas? Virar o bicho que deu no sorteio das 21h e se transformar no Vingador das Mães Mortas? Coisa de gênio, Apontador! Me diverti muito! Fiquei grudada na história do inicio ao fim, acompanhando as imagens que vc construiu com maestria, o jeitão das personagens, a ambientação, até a descrição dos bichos é bem feita. Muito bom! Se posso fazer alguma crítica é sobre um ou outro errinho de revisão, nada que interfira no brilhantismo do conto. Parabéns!
Sra. Juliana,
Gostei tanto do “Vingador das Mães Mortas” que penso seriamente em incluir no subtítulo do herói. Boa!
Sim, tem uns errinho, já apontados pela galera, que vou consertar assim que puder.
Muito obrigado pelo comentário e a dica.
Olá, Apontador, que conto mais macunaímico você me traz. Sim, sua narrativa me fez lembrar um dos nossos heróis da literatura (aquele que não possuía nem uma sombra de caráter e que me soa tão atual). Então, Apontador, gostei demais da sua história. Parabéns. Está tudo muito bom, o humor numa dose alta, o absurdo acontecendo a partir do superpoder do Jorge (que já é superpoderoso ao enfrentar o dragão e, mesmo que jamais o tenha conseguido vencer, também por ele não é abatido jamais). Parabéns. Grande conto. A foto traz o sorteio das 18 horas e no seu conto esse sorteio é dito para as 17 horas. Cuidado, que isto pode confundir os jogadores. Abraços.
Sr. Fernando,
Esse lapso, entre a ilustração e o conto, eu percebi assim que enviei o conto. Mas aí já era tarde. Fiquei aqui torcendo para ninguém perceber. Não escapou ao seu olhar atento. O certo é 18 horas. Ainda bem que a caixinha com os resultados na calçada tem mais credibilidade do que este conto.
Grato pelo comentário!
Saudações
O que percebi, mais para o final do conto, foi o poder zoomórfico de Jorge, que tinha como referências os animais do jogo do bicho, criação brasileira nos fins do século XIX. O texto usa como um alicerce relevante o tempo, sendo ele transportado de maneira não cronológica para o desenrolar da história. Jorge se transformar no bicho que seria o resultado do sorteio do jogo e começar a história pelo fim e terminar com o que ocorre no momento atual (“agora”) são saudáveis exercícios para compreensão, tirando o leitor de uma zona de conforto.
O conto é bem humorado e me lembrou um pouco do humor empregado por Plínio Marcos, dramaturgo brasileiro. Achei muito positivo trazer à tona elementos da cultura brasileira para a criação literária.
Parabéns pelo trabalho e sucesso
Sr. Hércules,
Tenho profundo amor pela cultura brasileira, e me esforço muito para traduzí-la da forma mais fiel possível ao meu imaginário.
Grato pelo comentário.
Caro(a) autor(a).
Antes de tudo, interpretações do literário são versões acerca do texto, não necessariamente verdades. Além disso, o fato de não haver a intenção de construir essa ou aquela imagem no conto não significa a inexistência dela.
São vinte e cinco animais no jogo do bicho. Imagine, caro(a) autor(a) a série de episódios interessantes que eles podem ensejar. Como se trata, em minha opinião, de uma ideia bastante visual, resultariam em histórias em quadrinhos mais interessantes do que contos.
Na linguagem há dois aspectos quem merecem destaque especial: em primeiro lugar, a mistura do nonsense com o cotidiano prático e objetivo, mostrando muito bem que a presença de um não impossibilita a do outro (aliás, frequentemente andam juntos); em segundo lugar, certa zombaria que se faz com os super-heróis necessariamente norte-americanos, cheios de poderes espetaculosos, a partir de um dado bem brasileiro – o jogo do bicho.
Nessa relação do absurdo com o chamado mundo real, é interessante o terceiro parágrafo. As associações feitas carecem de sentido mesmo no campo simbólico onde, ao contrário do que alguns pensam, não cabe o “vale-tudo interpretativo”, muito comum em publicações que supostamente interpretam sonhos. No entanto, são precisamente essas ligações forçadas que concedem ao parágrafo seu valor estético.
As transformações conforme a “escala” do bicho também tem boa dose de absurdo (reafirmo: isso é positivo no contexto estético do conto), porque não há motivação clara para isso acontecer. Apenas o fato de ser filho de uma apontadora de jogo de bicho não seria motivo suficiente. Estamos, porém, no universo do fantástico, e nele isso é possível, até mesmo a simples invocação a São Jorge ter causado tais poderes. Lembro que o santo em questão é padroeiro da cidade do Rio de Janeiro por vontade do povo, mas não reconhecido oficialmente, e que no texto é citada a Praça da Bandeira, conhecido logradouro carioca. Isso reforça o mote do conto, centrado numa prática tão popular.
Há uma incoerência que prejudica a narrativa. Na cena de morte da mãe, é dito pelo protagonista, em resposta à moribunda: “São oito e cinquenta e oito” (da noite); quatro parágrafos depois, o narrador diz: “Valentina amoleceu para sempre em seus braços. Jorge rugiu seu desespero para a madrugada, levou as mãos ensanguentadas para o céu e rezou[…]”. Não poderia haver um salto tão grande da noite para a madrugada, do modo como foi exposto, nem no fantástico.
Em “[…]o maluco que trouxe ser tão peludo[…]” penso que deveria ter sido grafado UM SER.
A grafia correta é LUGAR-COMUM.
A grafia correta é DESÍGNIOS, ao invés de “designíos”.
Sr. Eduardo,
Sua análise, como sempre profunda e pertinente que tanto admiramos, salientou pontos que eu mesma não havia notado: O BUG na trama, o pulo subto no tempo das 21 horas para a madrugada. Pensei sobre o assunto e decidi manter a, digamos, licença poética temporal; mais por estética do que por lógica.
São Jorge é um coadjuvante de peso no imaginário dos personagens, bem observado.
Grato pelos comentários e ajustes necessários na gramática, que farei assim que sair o resultado.
Oi, Apontador
Feliz Natal, e feliz estou aqui com a leitura do seu conto.
Mandou muito bem, e acho que vc vai acertar na cabeça, nesse Desafio 🙂
Personagens ultra carismáticos (como ñ amar Valentina?), até mesmo o fato de Jorge ter se transformado em “justiceiro matador” não incomoda, o que poderia acontecer, fosse contado de outra forma.
E chorei aqui com a revelação do embrulho que a mãe levava para o filho, e foi a causa de sua morte….ai ai ai, a gente que é mãe se identifica demais, e a despedida de Valentina, suas palavras finais foram o arremate magistral para um conto que, para mim, é o melhor do Desafio.
Meus parabéns!
Abraço
Sra. Renata,
Tomara que suas previsões se realizem e BICHOMAN vá parar nas cabeças!
Sim, todas as mães são iguais, todas são Valentinas.
Grato e Feliz Ano Novo.
Gostei do conto pois ele tem muita imprevisibilidade. Desde o começo, no sonho, até o nascimento desse cidadão que vira bicho, as coisas vão acontecendo sem avisos prévios, elas se desenrolam diante do leitor, o prendendo. A ligação entre os poderes e o jogo do bicho foi bem criativo tb.
No meio, com o lance da mãe dele, fiquei apreensivo. Estava bem original e de repente me vem essa cena clichê? O famoso clichê do TIO BEN? rs. Mas do modo como foi feito, não atrapalhou. A morte não despertou os poderes, despertou o herói. Foi um despertar meio batido, mas não demoliu o que foi construído antes. O tema está justificado, o conto agrada. Bom trabalho que gostei de ler.
Sr. Pedro,
Ser imprevisível e criativo usando clichês famosos realmente não é fácil, mas é possível. Espero que eu tenha conseguido.
Grato pelo comentário.
Salve, Apontador!
Acho que o grande mérito de um conto é apresentar alguma originalidade. É difícil, pois parece que tudo já foi escrito, cantado ou declamado de uma forma ou de outra. Por isso essa alguma originalidade de Bichoman é uma conquista imensa! Sobretudo porque alia um tema não muito tradicional ao brasileiro, como superpoderes, a uma prática bem enraizada em nosso costume, o jogo do bicho. Parabéns por isso.
Achei que começo do conto ficou bastante deslocado, motivo pelo qual tive que reler essa parte após o fim da primeira leitura. Claro, sabendo o que acontece, a segunda leitura revela uma qualidade nesse fracionamento. Mas essa “dificuldade” da primeira leitura acaba indo contra a fluidez. A frase “quando sair o sorteio das 21 horas eu vou enfrentar o mundo como um camelo” deveria ser aquela que desfaz a confusão no início. Mas não temos como saber que se trata de algo literal e o cara vai realmente se transformar num camelo. Eu sinceramente achei que era uma metáfora a ser explicada. A sutileza é legal, mas acho que aqui tinha que ser algo mais claro.
Mas é a minha única crítica. O superpoder é muito legal, o ar levemente inclinado para o humor casou com a paisagem urbana do final dos anos oitenta e começo dos noventa. Ótimo conto.
É isso! Boa sorte no desafio!
Sr. Andre,
A clareza é muito subjetiva. O que é mais claro, o nascer da lua cheia ou o nascer do sol? Depende de quem, como, de onde e quando vê. Acho que assim é ler e escrever. Que bom que mesmo assim você gostou.
Muito obrigada por seu comentário.
Parece que encontrei meu conto preferido. Nossa! Ma-ra-vi-lho-so! Fantástico. Você conseguiu fazer um conto insólito, original, delicioso de ler e, mesmo tendo sido ambientado nas searas suburbanas da vida, não caiu em nenhuma armadilha dramática: nada de autocomiseração, só gente “flawless victory”. Até o mendigo-viciado-assassino não tinha pena de si mesmo. Adorei.
O conto é ágil, as passagens são bem costuradas, o superpoder é da hora, os personagens cativam, nada sobra, nada falta, não encontrei nenhum deslize gramatical ou de digitação, para estragar esta perfeição só se vc autor for alguém de quem eu não goste, vamos torcer que não.
Alguém tem dúvida da nota? Eu não. Valeu, feliz natal.
Sra. Iolandinha,
Pescou no ar o espírito do conto: nada de autoflagelo e nem autocomiserão. Quem luta olha para frente!
Espero que você goste de mim para não estragar a perfeição emotiva de seu comentário.
Muito obrigado e Feliz Ano Novo!
Fiquei mais feliz ainda por saber que a autora de Bichoman era você, Cat. Porque eu gosto muito de vc, porque vc é mulher, é uma das Contistas, porque é minha amiga e porque já era tempo de compor este laureado grupo. Beijão.
Olá , Apontador
1- Tema: Se adequa perfeitamente nos parâmetros do desafio.
2- Gramática: Achei o texto confuso no início, mas não há problemas que realmente atrapalhem a leitura.
3- Estilo – Texto diferente de todos até aqui. A narrativa parece uma fábula fantástica com tons de mistério, poesia e comédia. Algo que se imiscuiria bem no folclore brasileiro.
4- Roteiro; Narrativa – O início é bastante confuso, talvez devido à forma poética que é empregada. Depois, se torna mais simples e eficaz no sentido de contar a história. Alguns trechos bem interessantes, como a comparação com Cinderela são o ponto alto da história. O desfecho é abrupto e lembra as histórias do folclore brasileiro
Resumo: Conto bem escrito, bem brasileiresco. Uma fábula do nascimento de um personagem de folclore. Muito bom.
Grande abraço!
Sr. Rafael,
O início, que é o fim, é tão confuso quanto os sonhos podem ser.
Muito obrigado pelo comentário.
Olá, Apontador. O início de seu conto pareceu meio confuso, mas logo depois você conseguiu dar progressão e encaixar cada parte em seu devido lugar. Achei uns poucos erros, mas nada que prejudique a leitura. Mas falando da história, gostei. É um bom conto, principalmente porque no decorrer do texto passamos a gostar do Bichoman. Parabéns e boa sorte.
Sra. Estela,
Sorte do escritor que consegue gerar empatia por seus personagens.
O começo, pelo fim, é confuso mesmo; assim como os sonhos.
Grata pelo comentário.
# Bichoman (Apontador)
📜 Trama (⭐⭐⭐⭐▫):
– muito divertida e criativa, mostra o nascimento do personagem, a origem dos “poderes” e a transformação de um menino amargurado em um super-herói
– a primeira cena ficou um pouco deslocada, serviu mais para mostrar como o jogo do bicho faz parte da nossa cultura; poderia ser menor ou removida
– a trama é contada de forma não linear e o autor faz isso muito bem
– a mãe é o melhor personagem, desenvolvida desde o início, acaba roubando a cena até quando morre
– o menino, por causa disso, acabou meio apagado, ganhando protagonismo apenas no fim; gostaria que ele fosse só um pouquinho melhor desenvolvido
– o final, a forma como foi mostrado sem mostrar o animal vencedor ficou muito legal; acabou funcionando muito bem
📝 Técnica (⭐⭐⭐▫▫):
– boa, sem entraves, mas simples e direta; não atrapalha a boa trama, deixando-a fluir livremente
– tem mais do que eu *sem ponto* – pensou com a fissura latejando nas têmporas
– sorriu leve e gemendo por dentro *ponto* – Eu te amo
– repetição próxima: *Olhou* para um lado e não viu nada, *olhou* para o outro e não viu nada. *Olhou* para cima e o que viu saltar sobre ele não pôde contar para ninguém.
💡 Criatividade (⭐⭐⭐):
– cara, que superpoder criativo! Queria ter metade dessa criatividade…
🎯 Tema (⭐⭐):
– transformar-se no animal que der no jogo do bicho (✔)
🎭 Impacto (⭐⭐⭐⭐▫):
– um conto, sem dúvidas, marcante, tanto pela criatividade, quanto pelo humor bem aplicado; me arrancou boas risadas e encerrou muito bem com o melhor bicho possível para a situação
– apesar de todo o humor, soube descrever uma cena triste do nosso cotidiano sem perder o foco
OBS.: sobre pontuação no diálogo, recomendo a leitura de um artigo que escrevi: http://www.recantodasletras.com.br/artigos/5330279
Sr. Leo,
Valentina é a protagonista do nascimento do herói. Sem ela não haveria BICHOMAN.
Li seu artigo e achei muito útil. De agora em diante a pontuação de meus diálogos será monitorada corpo a corpo. Vou procurar padronizar minhas escolhas. Gostei também da dica “ctrl” + “alt” + “hífen” para o travessão, mas não funcionou com o meu word 10. Quando uso o travessão dos sinais, depois de publicado, vira um quadrado; uma meleca. Grande toque, sempre aprendendo aqui.
Grato pelo comentário.
Olá, Apontador. Gostei muito do seu conto, em especial da forma não linear da narrativa, algo muito pouco comum. Sou sempre a favor do experimentalismo e este exemplo encheu-me as medidas, como se costuma dizer por cá. Está bem feito e não resulta em confusão porque, ao contrário do que já vi, os momentos narrativos estão bem delimitados. Caso não estivessem, o conto seria quase impossível de decifrar. A simplicidade aqui patente é algo que os autores deste grupo deviam observar com atenção. Não são poucas as vezes que tenho de fazer uma segunda leitura para conseguir compreender um texto. Não quero dizer com isto que os textos tenham de ser de compreensão imediata, mas o leitor não se pode sentir irremediavelmente perdido – caso contrário, o texto não terá atingido o seu objectivo.
Sr. Jorge,
A divisão do conto em, digamos, setores temporais, se mostrou necessária exatamente para não perder a fluidez complexa da simplicidade.
Morro de medo de um leitor se perder dentro de um conto meu e depois eu não saber o que fazer com ele.
Grato por sua leitura exata.
Olá. 🙂
Acho que não desfrutei tanto do conto por razões culturais. Tive que ir ao Google para aprender mais acerca do jogo do bicho.
Gostei do tom descontraído da sua escrita, não é fácil manter esse tom sem perder a qualidade literária e isso conseguiu.
No meu entendimento do que era o jogo do bicho, achei muito criativo ele se transformar no animal que sai no sorteio. Muitos dos contos são comparados com outras histórias, arrisco-me a dizer que a sua é incomparável. 🙂
Parabéns e obrigado por ter escrito!
Sr. João,
Agradeço todo o seu empenho em pesquisar as origens do jogo do bicho para melhor assimilar nossa cultura. Eu, invariavelmente, recorro às pesquisas para entender esse mundão cultural que é a nossa língua portuguesa.
Muito obrigado pelo “incomparável”!
Bom diaa, apontador! cê tá bão?
Caraca, que ótimo conto!! adorei!
A linguagem empregada é deliciosa, resultando numa leitura prazerosa. Eu simplesmente não queria parar de ler. Tem uma informalidade que soou natural, e demonstrou o domínio que você tem da escrita. Tem um ou outro errinho de revisão insignificante (que me lembro de cabeça, por exemplo: “designío”
Mas reforçando: a fluência e leveza do conto é incrível. É como se eu estivesse assistindo à situação, de tão natural que a leitura caminhava.
Arrisco dizer que é meu favorito, até agora.
A primeira parte (o fim) é excelente! Amei a forma como retratou o sonho, ficou muito boa! mas devo dizer que não entendi completamente como ela se conectou à história de Jorge. Era ele que tinha tido o sonho?
Enfim, isso é o de menos.
O enredo é impecável. Tudo amarradinho e muito bom.
Enfim, não vou ficar correndo em círculos aqui, basta dizer que seu conto tá primoroso e deve pintar no top3.
Parabéns e abraço!
Sr. Luis Guilherme,
Tô bem, sim, principalmente depois de um comentário destes.
Se a gente pode complicar para que vai simplificar, não é? Este fim no começo era para isso mesmo.
Quanto aos “designíos”, espero que esta falha não interfira muito nos desígnios dos deuses do Entre Contos mantendo-me o mais próximo possível do tão difícil top3.
Muito obrigado pelo comentário com vibrações de pódio.
Olá, entrecontista. Para este desafio me importa que o autor consiga escrever uma boa história enquanto adequada ao tema do certame. Significa dizer que, para além de estar dentro do tema, o conto tem que ser escrito em amplo domínio da língua portuguesa e em uma boa condução da narrativa. Espero que o meu comentário sirva como uma crítica construtiva. Boa sorte!
Há muito pelo que devo parabenizar o autor. O conto é bem sucedido ao contar uma história em que a ambientação é importantíssima ao nos entregar uma lógica de como as personagens pensam e ligando isso ao poder do protagonista, que reúne jogos e religiosidade popular. É o grande triunfo deste conto, trazer uma história que se encaixaria muito bem nas conversas de frente de casa e que, ao mesmo tempo, parece estar sendo contada neste formato, como se o autor conversasse conosco. Acredito que o começo poderia ter sido dispensado para deixar que a história começasse logo, uma vez que ele não contribui para a trama e só é melhor entendido no final. Dá um começo devagar, por assim dizer. Em contrapartida, o autor tem uma escrita ágil que faz o conto em andar sem que o leitor perceba, dando várias tônicas a história, engraçada e absurda, mas triste e verdadeira, com personagens que poderiam ser reais e pensam de uma maneira muito específica, mas também muito identificável. É um ótimo conto, parabéns!
Sr. Pedro,
Não tenho como tirar a primeira parte, ou ficará sem “o fim”. Gosto de contos com fim, mesmo que no começo.
Muito obrigada pela crítica construtiva, principalmente o “É o grande triunfo deste conto, trazer uma história que se encaixaria muito bem nas conversas de frente de casa…”. Era este efeito mesmo que eu queria causar.
Um conto com várias emoções. Passamos pela fantasia, humor, pena, amor, tristeza e raiva.
Achei interessante Jorge, mesmo se transformando em vários bichos, manter a aparência da pele negra e os olhos amarelos.
O fim me passou a impressão de que teremos uma longa série de episódios de BICHOMAN, como deve ser um super-herói com poderes bem brasileiros.
Sra. Catarina,
A cor de Jorge é fundamental para seus poderes. Dependendo da aceitação do querido público do Entre Contos talvez BICHOMAN tenha novas aventuras.
Grato pelo comentário.
Olá, Apontador!
Tudo bem?
O início é meio sem pé nem cabeça, mas serve muito bem para mostrar a relação do personagem com o Jogo do Bicho.
Achei a história boa, típica de um super-herói, porém com uma visão ora realista, ora paródica. A leitura é fluída.
A única coisa que não entendi foi em que animal Jorge se transformou para matar Carlinhos?
Enfim, parabéns e boa sorte!
Sr. Givago,
Jorge se transformou no bicho que deu no sorteio das 21 horas de 23 de abril de 2004. Que bom que você gostou.
Agradecido pelo comentário.
Gostei muito deste conto. É um texto despojado, com o maior clima suburbano, narrado de modo casual, como quem conta uma mentira num bar. Há, por conta disso, um clima de comédia rondando a trama, mas que não chega a se afirmar, o que é ótimo, pois abre espaço para que uma pontinha bem vinda de melancolia se instale, fazendo o coração de quem lê bater mais rápido. Ammaniti é mestre em misturar ações sob diferentes pontos de vista. Com certeza, ficaria orgulhoso deste texto. O autor soube, como poucos, subverter a linearidade e provocar sentimentos antagônicos, até a surpresa com o assassinato. Não creio que o superpoder tenha feito tanta diferença assim na trama – chego até a pensar que o conto foi reescrito para se amoldar ao desafio – mas isso é de menor importância. O fato é que a história está muito bem contada, é envolvente e tem personagens vivos, reais, verdadeiros, o que não é fácil de conceber. Para mim, um dos melhores textos do certame. Parabéns e boa sorte no desafio!
Sr. Gustavo,
Essa foto da ilustração, que eu tirei na rua, me despertou o desejo de escrever, cozinhando na cabeça há mais de 3 meses, algo sobre a vida dos apontadores do bicho. Mas só depois do desafio ser lançado foi que escrevi a primeira palavra: o título. Bem observado.
Grato pelo “como quem conta uma mentira num bar.”, adoro mentiras de bar.
Olá, Apontador, tudo bem?
Temos aqui um conto que tem o seu lado trágico, mas que no geral é bem divertido.
O tema proposto pelo desafio foi abordado sem dúvida alguma. O poder de se transformar no bicho que der no jogo. Criativo!
Se houve falhas na sua revisão, não percebi. Fiquei entretida com a narrativa e os bichos.
O ritmo do conto revela fluidez. A leitura corre sem transtornos e o tamanho do texto também evita que o leitor se canse.
Apesar do assunto ser sério e até mesmo triste, a leitura caiu-me bem leve.
Boa sorte!
Sra. Claudia,
É uma honra ver que os erros que cometi conseguiram passar de fininho (ou foram perdoados) pelo seu crivo de revisora. Isto é um prêmio para mim: conseguir desligar um pouco da professora e despertar a leitora apaixonada.
Grato pelo “caiu-me bem leve”
Superpoder: transformação no animal que der no jogo do bicho, no último sorteio do dia. O rapaz se torna um justiceiro depois que a mãe morre.
Enredo e criatividade: O texto é montado todo em cima do Jogo do Bicho – uma paródia. Ótimo desde a estrutura não-linear, a divisão em partes, os subtítulos, o ritmo cadenciado, o tom de humor-negro, a construção dos personagens. A cena do parto foi demais. Vi a transformação em gatinho como uma metáfora, só depois que entendi. Fiquei com pena de a mãe perder a vida por um pedaço de torta, que o Bichoman não pode comer.
Estilo e linguagem: diferente, divertido, sem falhas gramaticais. A introdução lembrou-me um text bem frequente em livros didáticos de Português para o Ensino Fundamental II – “Teleco, o Coelhinho” de Murilo Rubião.
Gostei muito da ideia e da execução. Parabéns! Meu favorito, por enquanto, que não sei o que vou encontrar pela frente. Abraços.
Sra. Fheluany,
Espero que BICHOMAN ainda seja um dentre os seus favoritos! Grato pelo maternal comentário.
Bichoman (Apontador)
Trama: Garoto com poderes de se transformar em animal (é isso).
Impressões: Um conto divertido, com bons personagens, boas cenas; a dinâmica também é muito boa. O título dá uma pista que o tom da narrativa será de humor, americanizado-deslocado, como pessoas pobres que dão nomes ingleses aos filhos (rsrsrs). Entretanto esse tom de humor não aparece no texto, o que é uma pena. O enredo é muito bom. Me parece que o autor se dá melhor com o drama, pois neste quesito ficou primoroso.
Observação:
A primeira transformação foi muito rápida e pouco focada, de maneira que só nos damos conta que foi mesmo um poder do garoto e não um metáfora no parágrafo seguinte. – pelo menos comigo aconteceu isso.
O parágrafo das previsões relativas ao sonho foi a única parte cansativa do texto, mas é frescurite minha mesmo.
Linguagem é escrita: É um texto muito bem escrito. Fluidez agradável, exceto uma ou outra expressão (gíria) que poderia complicar o entendimento de alguns como: “secava o sorvete”, “Carlinhos vinha trincando os dentes na nóia, a noite urgia por um teco.” Lembrando que noia perdeu o acento pela nova ortografia.
Um rio também saiu de dentro de Valentina formando cachoeiras pelas caçapas da mesa – não é um defeito do texto, mas achei esse trecho exagerado demais; visualizar essa cena é… não condiz com a narrativa vívida do restante do conto.
Veredito: Conto magnífico.
Sr. Edinaldo,
Realmente “noia” perdeu o acento. Assim que sair o resultado vou consertar. Isso mesmo, o conto parte do humor para o drama extremo.
Grato pelas observações pontuais e, principalmente, pelo veredito!
Super poder: se transformar no animal que sair no jogo do bicho
Oi Apontador, muito original o seu conto!! Sua escrita é uma delícia de ler, muito visual, com frases muito interessantes! A cena do parto foi ótima e o desvendar do poder também. Fiquei com um nó na garganta ao ler que o presente que a mãe tanto protegeu era uma torta de chocolate… Tocante!! Olha, um ótimo conto, com certeza!! Parabéns e boa sorte!
Sra. Priscila,
Nota-se que éis extremamente atenda às coisas do coração. As cenas mais difíceis de construir foram exatamente as dramáticas.
Grato pelo comentário emotivo.
Um conto diferente, com um enredo muito bom. A estrutura do texto também ficou legal com os períodos temporais alternados e as frases com as metáforas enfeitando o sentido. Não acho que Jorge nasceu com superpoder de se transformar em animal. Seria uma maldição, como o do lobisomem. É o que eu penso, mas isso não importa, vamos admitir que está dentro do tema. Acho um bom conto e uma boa ideia. Boa sorte.
Sr. Antonio,
Tens razão, mas será que qualquer superpoder não seria, na verdade, uma maldição? Talvez por isso não os tenhamos.
Muito obrigado pelo questionamento no comentário.
Que maravilha!!!
Este texto é daqueles que são criados para “brincar” com a imaginação da gente. Um conto do povo, do jogo de bicho, da simplicidade, do heroico viver. Amei! Enredo perfeito, estrutura perfeita, escrita perfeita. Genial, Apontador!
Parabéns!
Merece o prêmio!
Abraços…
Sra. Regina,
Ah, se todos os leitores fossem iguais a você, ah, que maravilha viver e escrever no Entre Contos. Que os Deuses do Olimpo te ouçam e me coloquem no pódio junto com o Gustavo Araújo e o Fabio Baptista.
Grato pela torcida animada.
Olá, Apontador!
Quer valer uma cerveja como eu conheço você? Hahahaha!
Bem, vamos ao conto: texto muito divertido, com premissa maluca e criativa: rapaz ganha poderes (ou a sina) ao nascer, de se transformar no bicho do sorteio do Jogo do Bicho.
O conto é muito bom e melhor ainda para quem conhece o Rio de Janeiro. Ficou realmente excelente, por exemplo, a cena do nascimento com uma mesa de bilhar como cama e a Praça da Bandeira inundada.
O texto conseguiu ser muito imagético, e é fácil de ler e criar as cenas na mente. Os diálogos estão bons também.
Quanto à escrita, só vi poucos pontos por acertar, feito a vírgula faltante aqui: “Vejamos sonhar …”.
Parabéns pelo ótimo conto e boa sorte no desafio!
Sr. Rubem,
Está valendo a cerveja! Quando passar aqui por Brasília você me paga a aposta.
Ah, sim, tem Praça da Bandeira também no Rio de Janeiro, São Paulo, etc.
Quanto ao “Vejamos sonhar…”, também achei um vazio entre as duas palavras. Eu fiquei em dúvida por causa desse verbo depois do sujeito, talvez colocar “dois pontos” em vez da “vírgula” resolva a questão.
Grato por seu comentário desafiador.
Oi,
Cara… que super ótimo esse conto.
A escrita é ótima, os personagens bem feitos, e você ambienta tudo em São Paulo com pessoas comuns que a gente identifica facilmente (como a tiazinha que marca o jogo do bicho sentada em mesinhas na caçada dos botecos. Muito bacana.
Curti a leitura do começo ao fim, a forma como você inicia com o sonho, com aquela coisa meio sem pé nem cabeça (na verdade, só sem cabeça no caso), mas que deixa a gente intrigado em saber o restante.
Adorei! Parabéns pelo ótimo trabalho.
Sr. Miquéias,
Rapaz observador. Você se localizou pela Praça da Bandeira. Mas Praça da Bandeira tem em várias cidades do país, até em Brasília; assim como a tiazinha que marca o jogo do Bicho.
Grato pelo comentário cosmopolita.
Nossa, verdade. Não tinha pensado nisso. 😮
Engraçado né? Os tipos de relações que nossa mente faz ao lermos uma história… é como se tendêssemos à direcionar tudo para os limites daquilo que nos é comum e próximo, como verdades absolutas: o autor disse Praça da Bandeira, então só pode ser a de SP ou só existem tiazinhas do jogo do bicho aqui em SP, porque foi onde as vi….
Obrigado pelos esclarecimentos Apontador… e novamente parabéns!
Nossa, que conto legal! E bonito, pois as flores também nascem nos asfaltos, botecos e afins. A escrita é fluída, apesar da organização diferente do conto, e a linguagem crua foi acertada: não há espaço para refinamento nas “marginais”. A trama é interessante, prende e, claro, o jogo do bicho é algo tipicamente brasileiro. Só queria colocar como foi bonito o amor da mãe de Jorge, sem cair na pieguice. Parabéns e boa sorte no desafio
Cara, dizer que fiquei pensando que puta filme esse teu conto ia dar – trilha do racionais e tudo. Massa mesmo
Daria mesmo um puta filme. Com trilha do Racionais MC’s, Criolo, Seu Jorge e umas funkeiras poderosas. O custo seria altíssimo só de efeitos especiais e computação gráfica. A gente chama o Guillermo del Toro para dirigir. Eu escrevo o roteiro e você convence um estúdio trilhonário a bancar a produção.
Vamos ficar ricos, menina!
Sra. Mariana,
Sim, o Jogo do Bicho nasceu no Brasil e um super-herói brasileiro refinado seria estranhão. O amor de mãe de guerreiro não pode ser muito piegas; só um pouquinho.
Grato pelo comentário maternal.
Este é o tipo do conto que eu chamo de meu. É uma história saborosa e prazerosa de se ler. E de um humor refinadíssimo; e por demais espirituosos, (pelo menos até o primeiro quarto do enredo) com as palavras colocadas no lugar e na hora certa, obtendo o efeito desejado. Mais para o final tornar-se um pouco mais dramático, mas não perde sua qualidade narrativa. Uma trama originalíssima e muito bem arquitetada. A escrita perfeitamente adequada à norma gramatical. Enfim, um ótimo conto.
Sr. Paulo,
Pode chamar o conto de seu porque o é. Depois que o bicho conto é publicado pertence aos leitores, de preferência bem humorados como você.
Grato pelo comentário, principalmente o “refinadíssimo”.
A principio achei que ele tinha se transformado em uma águia, (o que seria de bom tamanho, também. Uma águia poderia arregaçar Carlinhos numa boa) foi no ponto em que Carlinhos olhou para um lado e para outro e não viu nada, depois olhou para cima. É um bom conto e trata do assunto preconceito sem fazer panfletagem. Não vi nada de errado com o título.
Parabéns e obrigada por escrever.
Sra. Neusa,
Poderia ser a águia, mas eu perderia a oportunidade do mendigo bêbado achar que era um peru gigante. Quem imagina uma avestruz saltitando pela cidade?
Grato pelo comentário.
Boa tarde! Um conto muito interessante, que aborda o tema de super-poder com a tradicional origem super-heroica. Um homem que possui o poder de se transformar em animais, que vê a mãe morrendo e se transforma em justiceiro, num herói. É possível fazer vários paralelos com outros heróis, que surgem desse modo, como o próprio Batman ao ver os pais assassinados no beco. A diferença é que Jorge não é um milionário, mas uma figura excluída da sociedade. Entendi a linguagem mais crua em algumas cenas, pra reforçar isso, mas vamos ver como será recebida.
Gostei muito de como associou a transformação dos bichos ao jogo do bicho, de como nasceu nesse meio, da historia relacionada ao São Jorge (poderia ter uma transformação de dragão) e como construiu a narrativa, em pedaços. O início, bastante psicodélico e a lá Alice, também ficou legal, todo esse clima surreal-agressivo me lembrou o filme russo Guardiões da Noite. Só não gostei de duas coisas: o trecho final, que tira todo o peso alternativo do conto e cai no clichê vigilante; e do título. Homem-Bicho ou até o bom e velho Homem-Animal, ou algo nessa pegada, ficariam mais interessantes que o americanizado.
Sr. Fil,
Realmente poderia ter um dragão nas paradas, mas como inimigo; afinal São Jorge mata o dragão. Em noite de céu limpo dá para ver direitinho, lá na lua cheia, o santo enfiando a lança no gogó do monstro.
Grato pelo comentário.
Caro(a) Autor(a),
Gostei de Jorge, gostei de Valentina e gostei do final, afinal, quem não quer um justiceiro, hoje em dia? Quem não quer alguém que nos defenda do mal, mesmo que o mal seja fruto de nossas ações avessas? Esse superpoder eu também queria! A transformação em cada um dos bichos do jogo foi muito criativo. Pontos positivos também para a construção dos personagens, para o roteiro simples, mas muito bem estruturado, e para o final: feliz, ou quase isso. Meu superpoder premonitório viu a Valentina não chegar para o aniversário de Jorge. Uma escrita ótima, sem entraves e deixando vívidas algumas partes do conto.
Boa sorte no desafio.
Sra. Evelyn,
Você sentiu o climão esquisito armando para Valentina; é o superpoder da leitora.
Grato pelo comentário.
Pontos positivos: criatividade, escrita bem adequada aos personagens, partes, embora distintas no tempo, bem concatenadas, leitura fluida.
Pontos negativos: a primeira transformação passou muito rápido, e é ela quem desvenda tudo depois.
Impressões pessoais: conto bastante empático. A dor de perder a mãe por uma bobagem ficou bem inserida. A transformação do jovem é impressionante. Não gostei do nome “bichoman” mas isso coisa minha e não atrapalha o texto.
Sugestões pertinentes: delimitar os bichos da transformação. Borboleta, coelho e galo não são lá de grande ajuda contra o crime.
E assim por diante: ótimo conto. Trouxe uma atmosfera bastante nova até aqui.
Parabéns.
Sr. Olisomar,
Você tocou em um ponto que muito me torturou: o nome de meu super-herói. Achei Bichoman muito americanizado para um poderoso brasileiro. Talvez Homem Bicho, Super Jogo, Poder de Jorge, etc, etc, etc… Mas, a madrugada, essa sábia desgastante, me deu aquela sacada da mensagem subliminar: os super-heróis não nasceram na língua portuguesa, logo….
A primeira transformação foi tranquila, natural. Mas a ira ele só conheceu com a Avestruz.
Agradeço sua atenção pontual ao meu mundo.
Caro Apostador,
gostei do seu conto. Bem humorado criou um paralelo entre o resultado do jogo do bicho e a transmutação do menino Jorge no bicho que deu nos horários dos resultados determinados.
Sem muita enrolação foi direto ao ponto e o atingiu em cheio. Parabéns.
Uma paródia bem legal.
A inversão dos tempos funcionou bem, embora, após a leitura, achei necessário retornar ao início para compreender o que ocorria na praça com o coelho, que tende a parecer uma abstração, algo saído de Murilo Rubião e seu coelhinho Teleco:
“…
– Por acaso, o senhor gosta de carne de coelho?
…
Dizendo isso, transformou-se numa girafa.
– À noite – prosseguiu – serei cobra ou pombo…
…”
Parabéns pelo conto.
Olá Sr. Angelo,
Peço desculpas pela ignorância, mas nunca tinha lido Murilo Rubião. Já estou correndo atrás do prejuízo e achei genial. Agradeço a dica.
Quanto a precisar voltar para entender o sonho, devo confessar que eu também precisei voltar; mas não foi um acidente. Eu realmente queria que o leitor não entendesse o primeiro parágrafo sem ler o restante. Eu avisei: “ O fim”.
Agradeço sua leitura atenta.
Olá, Apontador!
Gostei de como você dividiu seu texto em diversas partes. As indas e vindas nos fazem tomar muito cuidado e prestar atenção dobrada na obra.
Não é texto que acompanha meu estilo, mas gostei de como foi escrito.
Só me incomoda um pouco usar um esteriótipo tão comum ao se tratar de pessoas menos privilegiadas.
Sugiro tomar mais cuidado com alguns termos que podem empobrecer seu escrito ou criar polêmica desnecessária.
Olá, Sr. (a) Sigridi,
Entendo a seu incômodo quanto aos estereótipos, o que me trouxe prazer pessoal; este é o meu objetivo. O mundo de Jorge, um herói improvável, nasceu e cresceu vítima de todos esses desafios de humilhação. Sim: preto e pobre, mas independente de suas origens, ele é um negão lindo, poderoso, filho de São Jorge, ele é o CARA!
Não temo julgamentos ou gerar polêmicas, mas agradeço o toque. Este é um conto onde procuro retratar a luta de pessoas que já nascem com uma “marca” social, entretanto isso não impede que mudem o mundo.