Dia de Trabalho (Jowilton Amaral)
Eu sou o negro gato, eu sou o negro gato. Acordei com essa canção em minha cabeça. Fui beber água cantarolando-a. A boca estava seca, a língua igual a uma … Continuar lendo
[EM] Só de passagem (Jowilton Amaral)
O único sinal de vida que Plínio viu ao descer do carro foi o zanzar de dois cachorros que se revezavam em cheirar o cu um do outro, no meio … Continuar lendo
É lógico! (Jowilton Amaral)
— Ei, Gordo, por que você acha que eu e a Taís terminamos? — Você chifrou ela e ela soube, ora! — Mas, você acha mesmo que esse foi o … Continuar lendo
Hank e Cass (Jowilton Amaral)
“… . Quando eu for embora para bem distante E chegar a hora de dizer-lhe adeus Fica nos meus braços só mais um instante, Deixa os meus lábios se unirem … Continuar lendo
Rosinha (Jowilton Amaral)
O garotinho volta do jardim e entra no quarto seguido de sua irmãzinha Rosa. A mãe, ao celular, observa-os da sala. Minutos depois, um grunhido abafado chama a atenção da … Continuar lendo
Na Casa da Mamãe (Jowilton Amaral)
Voltar a morar na casa da minha mãe me pareceu uma péssima ideia a princípio. No entanto, eu não tinha o que fazer, já que eu havia abandonado o … Continuar lendo
Reminiscências de um Amor Proibido (Jowilton Amaral)
A primeira vez que o vi perdi o chão. O coração bateu tão forte que pude senti-lo pulsar em todos os meus ossos. Quando tirou os olhos do livro e … Continuar lendo
PAF! (Jowilton Amaral)
Conhecia o trajeto perfeitamente, embora nunca o houvesse percorrido de baixo de tamanho aguaceiro, muito menos depois de inalar três grossas e longas carreiras de PAF. Ele aumentara a … Continuar lendo
Vênus de Milo (Jowilton Amaral)
Plínio fitava curioso a velha dentro do caixão. Percebeu que a maquiagem conseguira esconder o grande hematoma do olho esquerdo e encobrir as várias escoriações causadas pelo trágico acidente, … Continuar lendo
Dia Estranho (Jowilton Amaral)
Era uma terça-feira oito de julho de dois mil e quatorze, feriado estadual. O sol se mostrava opaco entre as nuvens carregadas, amornando a temperatura e dando a cidade um … Continuar lendo
O Corvo – Conto (Jowilton Amaral)
Seu nome era Estácio, tinha treze anos e todos o conheciam como o Corvo. Ele recolhia lixo pelas ruas da cidade. Preferia a noite ao dia. Não que quisesse passar … Continuar lendo
O Elefante, A Sequoia, O Caranguejo e O Sapo (Jowilton Amaral)
O Elefante “Elefantes são contagiosos” Paul Éluard. A sala de espera em textura imaculadamente branca não conseguia diminuir a minha irritação. A decoração clean e futurista era … Continuar lendo
Zé Cagão (Jowilton Amaral)
Diziam que José Hernandes Gregório recebeu a infame alcunha de Zé Cagão logo após ter o cupom sorteado, pela terceira vez em três anos, numa promoção anual de uma grande … Continuar lendo
A Menina na Cadeira de Balanço (Jowilton Amaral)
Nota do Autor: Esta é uma história verídica. Advirto, porém, que alguns fatos narrados podem não corresponder com a realidade palpável que conhecemos. *** O automóvel movia-se velozmente … Continuar lendo
O balanço de pneu do parquinho (Jowilton Amaral)
Olhava para uma criança, que estava no balanço de pneu do parquinho, enquanto fazia mais uma ligação. O menino sorria, o dia era ensolarado. A mãe do garoto também estava … Continuar lendo
O Homem da Federação (Jowilton Amaral)
Poção dos Anjos parecia abandonada quando um homem montado num cavalo tordilho trotou sobre a terra mortiça da avenida da cidade. As casas de madeiras amareladas pela poeira, misturadas ao … Continuar lendo
A Casa do Bairro Atibaia (Jowilton Amaral)
Pedro entrou na casa com passos miúdos. Não fora fácil para ele reencontrar o lugar onde crescera. O cheiro de maracujá pairava na sala como uma nuvem diáfana de reminiscências. … Continuar lendo
E Tudo Acaba Onde Começou (Jowilton Amaral e Luis Guilherme)
Despertei com barulho de passos. “Ele tá dando sua caminhada da madrugada”, pensei. Levantei-me a contragosto. Dormir no meio da sala e num colchão no chão me deixava de mau … Continuar lendo
Evidência (Victor O. de Faria e Jowilton Amaral)
No ano 2916, cinco tripulantes à bordo da nau capitânia Maelstrom desapareceram. A última mensagem, transmitida da Nebulosa do Haltere, no Braço de Órion, trazia apenas uma frase, suficiente para … Continuar lendo
Se não for aguda, é crônica – Crônica (Jowilton Amaral)
Deslizo com meu mocho pela casa/consultório, indo da sala até a cozinha. Conduzo-me pelo estreito caminho literalmente a pulso. Minhas mãos impulsionam-me para frente com a ajuda das paredes. O … Continuar lendo
Mais um dia de cangaço (Jowilton Amaral)
O sol mergulhava sem pressa no horizonte, borrando de vermelho a terra ressequida, enquanto um bando de cangaceiros trotava observados atentamente por umbuzeiros desfolhados. As sandálias subiam e desciam martelando … Continuar lendo
Kuru (Jowilton Amaral)
Quando Camila invadiu pela primeira vez a casa abandonada e descobriu a biblioteca em ruínas, ela teve a impressão de estar caminhando por dentro da cabeça de seu avô, um … Continuar lendo
A crônica da janela – Crônica (Jowilton Amaral)
Tem dia que eu não consigo escrever. Hoje é um desses dias. O famoso dia chato. Fico olhando para tela e nada sai. Nenhuma inspiração para criar um conto aparece. … Continuar lendo
Cocção (Jowilton Amaral)
Enquanto cozinhava um ovo, olhando pra dentro da panela e vendo o borbulhar da água em ebulição, comecei a pensar na diferença entre as substâncias cruas e as cozidas. São … Continuar lendo
Nem imagem, nem semelhança – Poesia (Jowilton Amaral)
Não olho para o céu, O céu não me é tentador. Prefiro ver o arrastar dos pés, No chão. No avesso do celeste, ser do divino viés. Evaporar a luz. … Continuar lendo
Doce Dulce (Jowilton Amaral)
Ela esticava as pernas grossas e bem torneadas e dizia: “Dá uma olhada aqui, veja como minhas coxas são fortes e bonitas” aí se virava e mostrava sua bunda: “Olha … Continuar lendo
Túlio (Jowilton Amaral)
A história que vou contar Acredita quem quiser Elas podem te abalar Preste atenção no que vou dizer. Vou falar de criaturas astutas Manhosas, e arteiras Que amedrontam pessoas … Continuar lendo
Momentos (Jowilton Amaral)
As cadeiras vermelhas, De um bar sem cor, Sustentam quarenta anos de mim. Nos momentos de silêncio, Entre um cigarro, um gole de cerveja, Uma dose de conhaque e um … Continuar lendo
A Leoa Edêntula (Jowilton Amaral)
Nota do autor: Este foi um dos contos que escrevi depois da leitura do livro o Lobo da Estepe de Hermann Hesse. Escrevi com o intuito de enviá-lo a um … Continuar lendo
O Alimentador de Lobos (Jowilton Amaral)
Ele era assíduo de um lugar bem inusitado para um homem da sua idade. Uma lanchonete chamada Chris Burguer, frequentada por jovens estudantes universitários, roqueiros cabeludos vestidos de preto e … Continuar lendo
A Carta de Odete (Jowilton Amaral)
Carta de Odete R. Falconi. “Meu caro amigo Pedro, preciso lhe falar da minha angustia, da minha dor e tristeza. Não confio em mais ninguém, ao não ser em você. … Continuar lendo
A Triste História de Francisco Pereza: O Chico Lento (Jowilton Amaral)
Francisco Pereza, o Chico Lento, vestido com suas melhores roupas, fixava seu olhar nas telhas encardidas da sala de sua casa enquanto esperava calmamente a chegada de sua condução para … Continuar lendo
O Planeta X (Jowilton Amaral)
Planeta Nibiru, Base do Comando de Extrativismo Espacial Brasileiro, Ano 2045. O tenente Guedes, engenheiro químico da expedição de exploração de ouro espacial, testa o ar antes de retirar seu … Continuar lendo
Tapetum Lucidum (Jowilton Amaral)
— Vai outra? — Claro que sim, porra. Já está a fim de parar, é? — Não, ao contrário, tô querendo é ficar muito doido. É que fico ansioso, achando … Continuar lendo
Cabeça Vermelha (Jowilton Amaral)
O homem ferido aponta sua Parabelo 9mm para a fronte de um sujeito ajoelhado. — Fala logo, cabra. Cadê o maldito? — Tenente, por favor, tenha dó de mim, o … Continuar lendo
O Escritor (Jowilton Amaral)
Eu não conseguia mais escrever. Minha prodigiosa imaginação, tão louvada no passado, se dissipou, e tal qual fumaça, foi levada pelo vento e desapareceu. Sentia-me traído, como se a companheira … Continuar lendo
Os Observadores (Jowilton Amaral)
Liguei a seta e entrei a direita numa rua de paralelepípedos escura e deserta, ladeada por um manguezal sombrio. A pavimentação mal conservada me obrigava a ir bem devagar, eu … Continuar lendo
O Anjo (Jowilton Amaral)
Estávamos apenas eu e minha filha, Guta, de cinco anos, no parquinho da nossa quadra. Era sábado, entre oito e nove da manhã, dia vinte e um de junho de … Continuar lendo
Assassinatos na Noite de Natal (Jowilton Amaral)
A chuva caia fina e constante quando o meu telefone celular tocou. A cabeça do imbecil estava sob o meu joelho, imprensada entre a minha articulação e uma poça d’água … Continuar lendo