Voltar a morar na casa da minha mãe me pareceu uma péssima ideia a princípio. No entanto, eu não tinha o que fazer, já que eu havia abandonado o meu lar para ficar com uma mulher mais nova que minha esposa e acabei sendo abandonado por esta mulher por conta de outro cara. Um cara mais novo do que eu e com um futuro promissor, como a própria Helena me falou.
— Mas, Helena, eu larguei minhas filhas e minha mulher para ficar com você! — Eu falei entre indignado e incrédulo.
— Eu nunca te pedi para sair de casa, Nilo, e não sei de onde você tirou que eu queria casar com você. Você é charmoso, gostosinho, sabe o que fazer na cama, mas, meu querido, você tem quarenta anos e dirigi um Palio dois mil e um, tem um empreguinho numa prefeitura de uma cidade do interior, ganha menos de cinco mil reais por mês, e, para piorar, tem filhos, que vão lhe tirar uma boa porcentagem desta merreca depois do divórcio. Não sou mulher para isso. O Felipe tem um futuro promissor, o pai dele é dono do maior escritório de advogados aqui do estado. E também eu cansei de fingir que gostava de ler e não aguentava mais você me emprestando ou indicando livros. Esse seu papo de intelectual me cansa. Está comigo sim aquele livro chatíssimo de um escritor francês de nome complicado, como é mesmo o nome do livro? Os Irmãos não sei o quê. Não é isso? Não precisava se preocupar em buscá-lo, aliás, eu não sei como você teve a cara de pau de vir aqui, depois daquele papelão que aprontou. Pode deixar que eu vou procurá-lo, só não vai ser hoje, muito menos agora, e o envio para a casa de sua mamãe. Não é lá que você está morando? Ela perguntou com o tom mais zombeteiro que sua voz poderia soar. — Fiquei sem ação e olhando para ela com uma cara de bunda igual à do Renato Gaúcho depois que levou o quinto gol do Flamengo. Após um silêncio constrangedor de alguns segundos, me vinguei como pude.
— O nome do livro é Os Irmãos Karamazov e quem o escreveu não era francês, era russo, Fiódor Dostoiévski, somente o melhor escritor de todos os tempos! Falei com ar superior. — Ela sorriu debochada, deu de ombros e bateu a porta do apartamento na minha cara. Ah, as Helenas! Suspirei.
Esta foi a última conversa que tivemos naqueles tempos sombrios que me rondaram. Antes disso, logo depois de eu sair de casa, ela me enrolou por quase um mês. Não atendia as ligações, quando atendia me tratava mal e era fria nos encontros. Até que um dia, puto da vida, fui até o apartamento que ela morava e a encontrei com o filho da puta do novinho promissor. Eu quis dar uma de corno valente, invadi o ap e caí pra dentro do fulano. Mandei um direto de direita na direção da fuça dele, ele defendeu e contra golpeou com um cruzado de esquerda bem no meio do meu nariz, que se espatifou na hora, a última coisa que eu ouvi foi o barulho de osso quebrando. Acordei dentro de um carro do SAMU.
Humilhado e precisando de cuidados, me instalei de mala, cuia e galhas na casa de minha mãe por tempo indeterminado. Até então, eu estava hospedado num hotelzinho barato na orla da cidade. Não tive coragem de voltar para minha família. A dor e o ódio que eu vi nos olhos da Juliana, minha ex, quando eu disse que ia embora porque estava apaixonado por outra mulher, me impediram de tentar retornar. Ela não parecia desconfiar de nada. Fiquei bastante arrependido de tê-la magoado daquela forma, mas, esse arrependimento não durou muito. Em menos de três meses eu soube que ela estava namorando com um colega do trabalho dela. Aquilo me inquietou e fiquei com a suspeita que o romance já estaria rolando antes mesmo de eu sair de casa. E a sensação de ser galhudo tanto da amante quanto da esposa me aporrinhou por um longo tempo.
Passei algumas semanas enfurnado na casa da minha velha, remoendo os infortúnios, lustrando os possíveis chifres, enquanto minha mãe lambia minhas feridas. Até que resolvi voltar a sair.
— Mamãe, estou saindo, não sei que horas eu volto. Bença? Falei da porta da frente da casa.
— Deus lhe abençoe, meu filho! Vai sair com quem? — Ela perguntou num tom curioso.
— Vou encontrar com o pessoal da universidade, que não vejo há uns dez anos.
— Vai beber? — Ela indagou levantando-se do sofá e indo em minha direção. — Com certeza! Respondi.
— Cuidado com o bafômetro! — Ela disse me dando um beijo na testa. Fui de Uber.
Reencontrar a galera das antigas foi a melhor coisa que eu fiz. Principalmente rever a Sueli. Ela continuava gata como sempre. Durante a faculdade a gente era bem próximo, tínhamos um lance, um chamego, mas, nunca aconteceu nada. Ficou mesmo só na troca de olhares, nos elogios mútuos, nos abraços um pouco mais demorados quando nos despedíamos. Eu já namorava a Juliana e a Sueli era noiva e casou-se assim que se formou. Ela só tinha vinte e um anos e pouco depois sua primeira filha nasceu. E em menos de um ano ela engravidou de novo e teve mais uma menina. Ela também estava separada, há mais tempo do que eu, e a eletricidade e o carinho que nos envolvia durante os tempos de faculdade voltaram com tudo. Passei a noite toda ao lado dela. Conversamos e rimos muito. Na hora de irmos embora, trocamos os números de nossos telefones.
Quando cheguei em casa, quase duas da manhã, tinha um caldinho de peixe esperando por mim em cima da mesinha da cozinha. Coisas da dona Eulália. Ela gostava destes paparicos e eu estava precisando muito deles.
O tempo foi passando e minha rotina não era nada entediante. Saia às seis da matina e ia de carro para a prefeitura da cidade que eu trabalhava, que ficava distante trinta quilômetros de onde eu morava, na capital. Meu expediente era de sete da manhã a uma da tarde. Eu era o contador. As tardes eu almoçava, tirava um cochilo de meia-hora, lia alguma coisa, assistia programas de esporte e saia com minha mãe para caminhar no calçadão da Treze. Depois a levava para onde ela quisesse. Nos fins de semana eu saia para beber umas cervejas com os amigos, algumas vezes encontrava com a Sueli, estávamos meio que nos estudando, parecendo dois adolescentes, éramos ficantes, trocávamos beijos e carícias, embora nada de mais sério acontecesse. Ela ainda não sentia confiança em mim, por conta do pouco tempo que eu havia me separado.
Acabei vendendo meu carro velho e fiquei usando o carrão da minha mãe. Ela tinha uma baita de uma aposentadoria, muito merecida, pelos anos trabalhados como Analista da Receita Federal. Meu pai havia morrido quando eu e meu irmão mais velho, que morava na Itália há mais de dez anos, ainda éramos crianças. Minha mãe ralou bastante. Era uma guerreira.
Pouco depois de um ano de que me separei, recebi uma ligação da Helena.
— Oi, Nilinho, é a Helena, preciso falar com você. — Ela disse cheia de dengo.
Fiquei desconfiado. A sacana se casou com o filho da puta promissor, já tinha até um filho pelo que eu soube e nunca mais falou comigo, além de desviar de caminho quando me avistava, e agora ligava me chamando de Nilinho? Coisa boa não era.
— Pode falar Helena, o que manda?
— Tem que ser pessoalmente, Nilinho — O que é que essa égua tá querendo comigo, pensei.
— Que dia? — Perguntei.
— Hoje, às oito, naquele barzinho que a gente costumava ir, pode ser?
— Não poderei ir, Helena, tô cheio de coisa pra fazer, fica para outra hora, outro dia — eu disse friamente.
— Nilo, o assunto é sério, diria mesmo grave, você tem que ir. — A meiguice da voz desaparecera, foi trocada por um som agudo, meio desesperado. Contrariado, concordei.
Assim que ela desligou eu liguei para a Sueli, nós finalmente havíamos engatado um namoro.
— Oi, Su, tudo bem?
— Tudo bem, meu amor!
— Você não vai acreditar em quem acabou de ligar para mim. A Helena — Eu disse sem fazer suspense.
— A Helena, é aquela Helena? — Ela perguntou desconfiada.
— Ela mesma.
— E o que aquela vaca quer com você?
— Não faço a mínima ideia, ela disse que era um assunto sério e que só falaria pessoalmente.
— E você concordou em encontrá-la? — Concordei, respondi e emendei. — Você não quer ir comigo?
— Deus me livre, ela respondeu divertida.
Cheguei as oito da noite no bar, sempre fui um cara pontual. Ela já estava sentada à mesa que nós sempre usávamos. Ela estava bebendo uma vodca com gelo e suco de laranja, seu drink predileto. Percebi que mesmo depois de ter um bebê a poucos meses, seu corpo continuava estonteante. Filha da puta! Pensei. Ela se levantou quando me viu e veio me beijar no rosto, eu me afastei um pouco e apenas estiquei minha mão. Ela a apertou meio constrangida com minha atitude. Pedi uma água.
— Nilinho, você sabe que casei com o Felipe, não sabe, lembra do Felipe? — Como é que eu poderia esquecer, eu e meu nariz lembramos dele toda vez que estamos diante do espelho. Num ato-reflexo levei minha mão para o meu nariz. Ela fez menção de rir, mas, controlou-se.
— Então, Nilo, e você soube que eu tive um filho?
— Fiquei sabendo sim — falei tentando não transparecer tensão. A sacana ainda mexia comigo.
— Pois, então… — ela parou de falar, tentou reiniciar a frase, mas, não conseguiu e começou a chorar. Eu fiquei sem saber o que fazer com aquela mulher linda chorando na minha frente, fiz menção de passar a mão no cabelo dela para consolá-la, mas, me contive a tempo, respirei fundo e disse:
— Desembucha, Helena, não tenho tempo para isso; — Ela fungou, limpou os olhos e começou a falar:
— É que… é que….
— Fala logo, Helena!
— É que meu filho é branco, Nilinho, branquinho como eu, tão branco quanto um boneco de neve assim como você. — Falou e se esvaiu em lágrimas mais uma vez. Comecei a rir, não conseguia me conter, e quanto mais eu ria, mais ela chorava.
— Você tá querendo dizer que seu filho não é do filho da puta do novinho promissor? É isso que você está me dizendo, Helena?
— Sim, é isso — ela falou em prantos e continuou — o filho não é dele, o filho é seu! — Aquela porrada me deixou mais sem sentidos do que o soco que levei do corno filho da puta novinho promissor do caralho!
Levantei da cadeira puto da vida, dizendo que o filho não era meu nem a pau, que todas as vezes que nós transamos usamos proteção, não tinha como a criança ser meu filho. E que eu não assumiria porra de filho de ninguém. Discutimos feio e ela disse que entraria na justiça para que eu fizesse o teste de DNA, assim como o Felipe fizera. No entanto, não precisou de justiça, Sueli me convenceu a fazer o teste de paternidade. E, para surpresa de todos e desespero da Helena, o resultado deu negativo, o filho não era meu. Meses depois fiquei sabendo que o menino era de seu Heitor, um coroa de uns sessenta e cinco anos, altão, de olhos azuis, com pinta de galã de filme roliudiano. Seu Heitor era um empresário muito rico no ramo imobiliário, que tinha vários imóveis no prédio que Helena morava. Inclusive, o apartamento em que ela vivia era dele também. No fim das contas, a sacana acabou se dando bem na vida. O coroa assumiu o filho e Helena agora vive dando uma de dondoca pelos shoppings da cidade. Ah, as Helenas!
Acabei virando um pequeno empresário. Como dona Eulália não deixava que eu pagasse nada em casa, meu salário ficava praticamente intocável, de despesa fixa só havia mesmo os vinte por cento que eu tirava para as meninas. O relacionamento com elas havia melhorado bastante com o decorrer dos anos. No início foi bem complicado, a mais velha, de doze anos, ficou arredia, não queria me ver, estava com raiva de mim. Com a pequena, de seis anos, nada mudou. Ela até disse que gostava da situação, porque ela estava indo todo fim de semana para a casa da avó, coisa que eu não fazia quando estava casado, e ganhava mais presentes. Investi a grana que eu não gastava numa lanchonete que construí acoplada à casa de minha mãe. Eu sempre gostei de cozinhar e todo mundo elogiava meus hambúrgueres. Comecei eu mesmo fazendo tudo, com ajuda apenas de minha mãe, da Sueli e das minhas filhas. O negócio prosperou e estive pensando em lançar franquias do Hambúrguer Gourmet do Nilo.
Estou bem feliz, apesar de hoje a relação com a Sueli ter estremecido um pouco. Ela quer casar e morar num apartamento. Disse a ela que casaria sem nenhum problema, ela era o amor da minha vida, entretanto, eu não me mudaria de jeito nenhum. Estou tentando convencê-la que podemos muito bem termos um casamento feliz, honesto e com fidelidade, cada um morando em sua própria casa. Ela na dela e eu na casa da mamãe.
🗒 Resumo: homem se separa da esposa e filhas por uma novinha, que acaba trocando ele por um novinho promissor. Ele vai morar com a mãe, se apaixona de novo, mas fica tão acomodado na casa da mãe que não quer sair de lá.
📜 Trama (⭐⭐⭐▫▫): achei bastante divertida e gostosa de ler, mas faltou um pouquinho de foco: sobre o que era o conto? Sobre separação? Sobre morar com a mãe? Sobre recomeçar?
O clímax, o conflito chave, parecia que ia ser a gravidez da Helena, mas se resolveu muito rápido. Poderia ter criado mais suspense, mostrado o abalo que essa notícia trouxe na vida dele. E também poderia trazer algumas dificuldades de morar com a mãe, foi tudo muito bom e fácil…
▪ com uma cara de bunda igual à do Renato Gaúcho depois que levou o quinto gol do Flamengo 🤣❤🖤
📝 Técnica (⭐⭐⭐▫▫): é simples, mas bastante eficaz. Precisa só um pouquinho mais de atenção na pontuação e outros detalhes. Anotei alguns enquanto lia para auxiliar na revisão:
▪ tem quarenta anos e *dirigi* (dirige) um Palio *dois mil e um* (existe uma regra de números na escrita. Vou colocar o link abaixo, mas geralmente números grandes devem ser escritos na forma numérica: 2001)
▪ — Eu nunca te pedi para sair de casa, Nilo, (…) Não é lá que você está morando? Ela perguntou com o tom mais zombeteiro que sua voz poderia soar. (Essa fala inicial da Helena ficou muito grande, poderia ter cortado com uma ação ou observação do narrador)
▪ somente o melhor escritor de todos os tempos! *travessão* Falei com ar superior. *sem travessão* Ela sorriu debochada (a pontuação no diálogo ficou confusa ao marcar a separação de personagem e narrador)
▪ *contra golpeou* (contragolpeou)
▪ Bença? *travessão* Falei da porta da frente da casa.
▪ — Vai beber? — Ela indagou levantando-se do sofá e indo em minha direção.
*parágrafo*
— Com certeza! *travessão* Respondi.
▪ E em menos de um ano *vírgula* ela engravidou
▪ — E você concordou em encontrá-la? — Concordei, respondi e emendei. — Você não quer ir comigo?
*parágrafo*
— Deus me livre *travessão* ela respondeu divertida.
🎯 Tema (🆓️): separação 💔
💡 Criatividade (⭐⭐▫): na média para contos do tipo
🎭 Impacto (⭐⭐⭐▫▫): é um texto bastante legal, mas que quebra o clímax no fim. Se trabalhar um pouquinho melhor a resolução final e criar um pouco mais de tensão, aumenta o impacto.
🔗 Links úteis:
▪ Como escrever números: http://escreverbem.com.br/escrevo-numeros-por-extenso-ou-nao-2/
▪ Vírgula no adjunto adverbial deslocado: https://www12.senado.leg.br/manualdecomunicacao/redacao-e-estilo/estilo/adverbio-deslocado
▪ Pontuação no diálogo (esse é meu 😊): http://www.recantodasletras.com.br/artigos/5330279
RESUMO:
Nilo se separa da esposa para ficar com a amante, Helena. Porém, Helena o troca por um “novinho promissor”.
Morando na casa da mãe e curtindo a vida de solteiro, reencontra Sueli, uma paquera da faculdade. Começam a namorar. Então, Helena reaparece, alegando que teve um filho de Nilo. O exame de DNA, porém, prova o contrário.
Sueli quer se casar, mas Nilo não está muito convencido a abandonar a casa da mãe.
COMENTÁRIO:
Sempre divertidas essas histórias de corno 😀 (me refiro ao personagem, que fique bem claro!).
Vou manter o critério que acabei adotando de modo meio inconsciente, de dar boa nota aos contos gostosos de ler. Foi o caso aqui. Apesar de acontecer bastante coisa, a história é bem simples e a técnica também. Mas o conto é muito bom de ser lido, desperta empatia, identificação (não me refiro às galhas…) e curiosidade.
A casa da mãe foi um mero detalhe dentro do conto, não sei se justifica o título. Talvez o conto poderia ser estendido para incluir situações engraçadas na casa da mãe.
NOTA: 4
Ah, as Helenas, hahaha.
Resumo: Depois de virar corno, da amante e possivelmente da esposa, Nilo vai morar na casa da mãe. Ali, ele se reinventa e recomeça a vida, contando sua história com um cativante bom humor.
Querido autor, obrigado pelas risadas. Seu conto é tão bem humorado, com um personagem carismático, que foi impossível não apreciá-lo.
A história não surpreende em nenhum aspecto. É a típica reinvenção do indivíduo depois de tudo dar errado na vida. Isso na casa da mãe, uma senhora atenciosa e querida, o que também é um grande clichê.
Como sugestão, digo para se arriscar mais. Sua escrita é cativante, mas se ficar recorrendo aos enredos dessa natureza, fracos, terá seu potencial levemente desperdiçado. Você pode criar coisas melhores, mais criativas, e manter esse carisma e bom humor.
Confie em si mesmo!
Resumo: Após trocar a mulher e filho por um modelo mais novo, e ser abandonado por ela, Nilo volta a morar na casa da mãe. Parte do insucesso é o fato de não ser financeiramente bem sucedido, e a novinha quer um sugar daddy. Ao tentar tirar satisfações com o novo boy dela, leva uma surra e acaba com o nariz quebrado. Ferido, abrigado na casa da mãe, ficou sabendo que a ex havia engatado romance com um colega de trabalho dela, do qual desconfiou não ter sido coisa recente. Até que resolveu sair e rever amigos antigos, como Suely, também com filho e separada, e com a qual engatou um flerte. Sempre com o carinho da mãe, ele ia trabalha na cidade vizinha durante a semana, e no fim de semana encontrava Sueli. A vida foi se ajeitando. Mas Helena, a novinha, queria conversar. Dizia que o filho que teve não era do pugilista, mas dele. Fizeram DNA e foi negativo. Era filho do seu Heitor, o locatário de Helena, que assumiu a paternidade do menino. Nilo virou um pequeno empresário do ramo de alimentação, com uma lanchonete e a parceria da mãe. Com Sueli, ficou estremecido porque ela queria morar junto, e ele não queria sair da casa da mãe, mas continuaram juntos, cada um na sua.
Método de avaliação: “Análise Jacquiana”
Receita: uma história bem slice of life, que poderia até dar um vídeo ao estilo “draw my life”. Parece bastante confessional, ligado à vida do autor(a) ou a alguém dele muito próximo.
Ingredientes: situações cotidianas, encontros e desencontros do amor, decisões profissionais e de vida, relacionamentos.
Preparo: a história é bem reta, sem curvas sinuosas, e não inova muito na narrativa factual.
Sabor: leve, apesar da falta de um elemento mais desafiador para o narrador, além dos dramas particulares de separações e decisões amorosas.
Frases motivacionais (quase aleatórias) do Eric Jacquin (ou coisas ele possivelmente diria) : “Faltou tompêro”.
Na Casa da Mamãe (Nilo)
Resumo: Um homem de meia idade tendo que lidar com as consequências de suas ações.
Então, o que mais gostei deste conto foi seu estilo descompromissado, seu tom despretensioso, onde é possível ver que o autor quer apenas contar uma simples história, tangível e absolutamente real. O vocabulário direto e com tabuísmo me aproximou do protagonista, fiquei com aquela sensação de quem escuta uma história na mesa do bar. Com um pouquinho de boa vontade, vi algo de Nelson e principalmente de Rubem Fonseca. Uma história honesta sem tramas complicadas e reviravoltas mexicanas, nada de rocambolesco, ao contrário, com coisas criveis que criam empatia ou antipatia, obviamente.
Comentários cretinos e aleatórios:
– “e dirigi um Palio” – dirige
Vi algumas marcações “erradas” nos diálogos, coisas bobas como essa “— Com certeza! Respondi. “; Digo errada pq as vezes tu usas travessão para separar e as vezes não. Mas depois de ler tanto Cortazar e Saramago não é uma coisinha destas que me amola!
Sugestão; fazer uma limpa nos pronomes, especialmente o “eu”, ta sobrando muito.
Por fim, parabéns pela coragem de trazer algo singelo, mas bem feito! Em tempos de complexidade e problematizações, um texto destes vem bem a galhar, digo, calhar!
Na Casa da Mamãe (Nilo)
Resumo:
A história de Nilo, Juliana, Helena, Felipe e a Dona Eulália. Um casamento desfeito, uma nova união que não vingou, e o paparico de mãe e filho imaturo. No fim, salvam-se todos…
Comentário:
Texto bem escrito, poucos deslizes. O autor tem um descompromisso intencional em contar. A narrativa é fluente. A maneira de escrever lembra aquele papo que temos em uma mesa de bar, aquela conversa com o vizinho, no portão. Narrado de forma simples, direta, e com muita perspicácia do autor, o leitor fica irritado diante da superficialidade de caráter do protagonista. Em apenas duas páginas, o leitor consegue “mergulhar” no mundo raso que ocupa a personalidade de Nilo. Tanta futilidade, cara folgado, espaçoso, volúvel. Sei lá, um pobre coitado, com atitudes “abomináveis”. E tudo isso é passado pela capacidade que o autor tem de lidar com as palavras. Dá nervoso, num dá?! Uma escrita muito simples, mas muito bem direcionada. Autor, você sabe o que faz… “Felomenal” a mãe aposentada como Analista da Receita Federal! kkkkkkkkk Essas mães! Essa merece uns tapinhas no bumbum!!! kkkkkk Ainda bem que a vida não se resume a chifres, galhas, traições. Quando a gente termina de ler o texto, vem um suspiro e uma sutil alegria de que a vida pode ser diferente.
Parabéns, Nilo (pelo texto)! Organize-se, rapaz! kkkkkk
Boa sorte no desafio!
Abraços…
Homem volta a morar com a mãe após ser abandonado pela jovem companheira. Humilhado, sem coragem de voltar para ex-esposa, ele vai morar com a mãe após levar uma surra do namorado de Helena, a ex-namorada. Sob os cuidados maternos, Nilo, o personagem principal, reestrutura sua vida. Começa a sair com um affair dos tempos de faculdade, Sueli. Tempos depois, ele é procurado por Helena, que tenta fazê-lo assumir a paternidade do filho recém nascido dela. O teste de DNA, entretanto, nega isso. A jovem se dá bem, pois o menino é filho de um coroa rico. Nilo também não fica mal, se torna um empreendedor, dono de hamburguerias. O namoro com Sueli engata e a relação com suas filhas é boa. Ele só não sai da casa da mamãe, já que não abre mão dos cuidados de Dona Eulália.
Nilo, seu conto é bem humorado e acredito que tem potencial para conseguir um público leitor razoável. Você escreve de forma simples, direta, sem firulas. Literatura, muita gente esquece disso, é comunicação. Seu conto se comunica muito bem, por isso acho que você pode angariar muitos leitores com histórias simples e populares.
Mas a ideia do desafio é que a gente se aperfeiçoe como autores, então seguem algumas ponderações. Primeiro, aconselho você a ter mais cuidado com a revisão do texto. Passaram alguns erros e, em um desafio, isso arranha um pouco a credibilidade do conto.
Há, entretanto, outros aspectos que merecem cuidado. A primeira fala da Helena, terminando o relacionamento com Nilo, está mal elaborada. Você foi muito didático ali, querendo fazer todo o perfil da personagem (interesseira e insensível) em uma só fala. É inverossímil. Seja mais sutil, menos maniqueísta.
Seu texto carece de elaboração no desenvolvimento narrativo. Há tensões a serem desenvolvidas (o narrador reconstruindo sua vida, a suposta paternidade), mas elas não são trabalhadas. Ficam informações jogadas, sem maiores elaborações. A vida “na casa da mamãe” também deveria ser mais explorada. Afinal, parte do humor do texto é a situação do “marmanjo” que sob a asa da mamãe o ambiente ideal para retomar a vida – e não abre mão da proteção materna. Isso aparece pouco, só no caldo verde e nas caminhadas após o expediente.
Por fim, mas este é um gosto pessoal, acaba sendo um texto que não tem muito a dizer. Ok, essa não era a intenção e nem toda literatura quer fazer isso. Mas acho um pouco bobo como tudo se resolve de forma material – Helena encontra um pai rico para o filho e se dá bem, Nilo vira dono de hamburgueria e se dá bem (qual será seu próximo passo, virar cervejeiro artesanal? Investir em bitcoins?), a mãe é aposentada da Receita Federal, já se deu bem de vida… Ou seja, o dinheiro resolve todos os problemas dos personagens. É um pensamento meio limitado, né? Enfim, só algumas reflexões. Boa sorte no desafio!
O que entendi: Um tiozão deixa a mulher e filhas para viver com uma mais jovem, que o deixa por outro homem mais jovem. Ele vai morar com a mãe e reencontra amiga da universidade e resolvem se casar, mas ele continua na casa da mãe. Muda de profissão e fica feliz.
Técnica: Fácil leitura casual. Não há espaço para o leitor divagar ou se questionar. É fato sobre fato.
Criatividade: O (a) autor (a) tem grande facilidade para brincar com casos do cotidiano de forma simples e direta. Bom título.
Impacto: Nenhum. Conto linear, não me tocou, mas tem seu valor estrutural.
Destaque: “Humilhado e precisando de cuidados, me instalei de mala, cuia e galhas na casa de minha mãe por tempo indeterminado.” Kkkk…muito ferrado.
Sugestão: cabe revisão. Exemplo: “dirigi” (ele dirige). Eu daria mais intensidade (confronto) aos diálogos.
Resumo: Um homem se divorcia e assume seu relacionamento com a amante, após pouco tempo, a amante o deixa para ficar com um cara mais novo. Ele então decide voltar para a casa da mãe. Após um tempo, ele decide juntar dinheiro e inaugura uma lanchonete. Mesmo com o pedido de casamento da sua atual namorada, a Sueli, ele não tem intenção alguma de sair da casa da mãe.
Nilo, eu amei o seu conto. Sei lá, eu li rapidamente, numa empolgação! (rsrsrs). E fiquei pensando: um conto simples, tão simples, mas que me prendeu do início ao fim, excelente. Eu acho que o que me pegou de jeito foram os personagens reais, a leveza da narrativa, os pontos de humor aqui e ali, a forma descontraída de contar a história, como se estivesse contando para um amigo ou conhecido. Falar sobre eventos cotidianos, os “desastres da vida comum” e por onde somos levados a caminhar por causa deles, sempre será um assunto que vai me agradar como leitora. Parabéns pelo trabalho! Gostei muito! 😀
Resumo: Nilo é um homem casado que resolve largar tudo para ficar com a amante, de quem acaba levando um pé também. No decorrer dos anos, se apaixona por uma antiga colega de faculdade e precisa lidar com a ex-amante tentando dar o golpe do baú e sua relação em ser o filhinho da mamãe.
O conto tenta trazer essa questão das reviravoltas com inspirações na alta literatura, com direito a citação dos Irmãos Karamazov (que ainda não tive coragem de ler) ou das Helenas, que certamente tem alguma referência (e eu acabei linkando com as Helenas das novelas). Mas achei a história em si e a construção um pouco fracos. Os diálogos não seguem um padrão, as vezes usando travessão pra explicação da personagem e as vezes não. Também não consegui me identificar com o protagonista, Nilo, que é o típico machista que trai a esposa e ainda fica sentido em ter sido traído de volta, cheio de frustração e palavrões. Não há uma problematização sobre isso (não que precise ter), mas não se aprofunda nesse aspecto, ele continua sendo o filhinho da mamãe, talvez até representando os relacionamentos do futuro, dos filhos que não conseguem ser independentes; e amante como a mulher interesseira que tenta arruinar a vida dos homens. Então acabei achando o conto um pouco superficial nesse sentido.
Resumo: homem de meia idade se separa da mulher para viver com uma garota; esta o abandona em troca de um jovem promissor; agora em casa, o homem refaz sua vida e acaba encontrando um antigo amor do tempo de escola; no fim, acaba se reerguendo e abrindo um pequeno restaurate de hambúrgueres.
Impressões: é um conto simples, fácil e descompromissado. A leitura avança sem qualquer entrave do início ao fim. A prosa não busca qualquer efeito mirabolante, navegando por águas calmas e estáveis. É essa falta de percalços que deixa o conto um tanto enfadonho, porque na realidade não acontece muita coisa. A boa escrita sucumbe a um enredo plano cujo único obstáculo se reflete no trecho em que o protagonista é confrontado com uma possível paternidade, logo descartada. Creio que faltou um pouco mais de foco na parte em que ele se divorcia especificamente, de modo a mostrar que ele também tinha lá seus defeitos.
Pelo que entendi, a ideia é falar de superação, de alguém que deu a volta por cima depois de um tombo. Sendo direito, acho que a parte da recuperação acabou privilegiada demais, pois numa analogia resumida, o que se vê é pura e simplesmente o personagem principal se levantando. Talvez entremear o antes e depois, fugindo um pouco da linearidade, tornasse a narrativa mais atraente. Por outro lado, não dá para negar que a leve pitada de humor — em que o sujeito se nega a deixar a casa da mãe apesar de tudo — deu certo fôlego ao texto.
Enfim, trata-se de um conto escrito de forma competente, mas que não me emocionou. Em certas horas, me senti como num passeio no bosque com coelhos e passarinhos ao lado, todos nós emoldurados por um arco-íris e com algodão-doce à vontade. Ou seja, senti falta das bruxas, mesmo sabendo que elas estavam lá.
De todo modo, deixo aqui meus parabéns ao autor e votos de boa sorte no desafio.
Resumo: Homem se divorcia da esposa e é traído pela amante então vai morar com a mãe. Encontra o amor de sua vida e abre um negócio. Quer se casar mas continuar a morar com a mãe.
Olá, autor!
Seu conto é bem legal, interessante, você vai narrando tudo de boa e a gente vai lendo tudo sem reclamar…. Rsrsrsrs
O enredo é simples, não tem nada de mirabolante, é uma típica história do cotidiano ….
O conto tem alguns lapsos de revisão como um “dirigi” lá em cima e algumas marcações dos diálogos estão estranhas, tipo:
“Não é lá que você está morando? Ela perguntou com o tom mais zombeteiro que sua voz poderia soar. — Fiquei sem ação e olhando”
No mais é um conto bem escrito, legal, fluído, com uma história bacana.
Parabéns e boa sorte!
Bom dia/tarde/noite, amigo (a). Tudo bem por ai?
Pra começar, devo dizer que estou lendo todos os contos, em ordem, sem saber a qual série pertence. Assim, todos meus comentários vão seguir um padrão.
Também, como padrão, parabenizo pelo esforço e desafio!
Vamos lá:
Tema identificado: humor, cotidiano
Resumo: a história de Nilo, homem que deixa a esposa para ficar com amante novinha, é largado pela amante e volta a viver com a mãe. Conhece Sueli,
crush da faculdade, engatam um namoro, mas ele não quer morar junto, quer continuar morando com a mãe.
Comentário:
Cara, sendo bem sincero, eu fiquei um pouco com raiva desse protagonista haahahaua. Quer cara mala, tá louco!
Não sei se reclamo que o protagonista é muito antipático, ou se te elogio por ter me feito criar uma relação, ainda que de desgosto, com o personagem. Talvez você tenha feito voluntariamente o protagonista meio chato, e por isso, merece elogio.
O cara, que parece sofrer de uma espécie de complexo de Édipo, larga a esposa pela novinha, toma chifre da novinha (e talvez da esposa), tenta bater no amante da novinha, apanha do cara, volta a morar com a mãe e mergulha numa relação meio estranha de dependência tardia com ela, começa a namorar uma mina que parece legal, mas se recusa a sair do casulo da mãe.
Por tudo isso, eu fiquei meio que de ovo virado com ele.. hahahaha
Sobre o enredo, achei que tem algumas informações que não acrescentam muito. tipo, acontecem coisas durante a história que não vejo muita importância, como a reaparição da Helena dizendo que o filho é dele. Após sabermos que o filho não é dele, esse fato não acrescenta nada em relação à história, sabe?
Pra completar a parte chata, devo dizer que achei o diálogo inicial, a parte que a Helena termina com ele, muito longo. Achei que poderia ser mais curto, ou entrecortado em partes, teria um impacto maior. Do jeito que está, ficou um pouco forçado. Eu não imagino uma pessoa falando por tanto tempo, metendo o pau na outra, que ouve calada, esperando tudo terminar. Sei lá, opinião minha.
Por outro lado, achei o tom de humor bem legal. O conto é divertido e bem humorado, e nisso, a personalidade meio boba do protagonista ajuda, construindo o tom de humor.
Por último, acho que a parte técnica merece uma revisão mais apurada, pois o conto tem vários errinhos bobos de revisão e/ou gramática.
Enfim, é um conto divertido e gostoso de ler, cuja leitura flui super rápida.
Parabéns e boa sorte!
Sinopse
Um homem trai sua esposa com uma amante mais jovem. Ao passo em que ele também é traído por Helena, sua amante, com outro homem ainda mais jovem e rico. Enquanto perdi as duas mulheres, o contato com as filhas, parte do dinheiro com a pensão e volta a morar na casa de sua mãe, ele começa a refletir sobre sua vida e o que o futuro lhe reserva.
Comentário
Esse é um conto bem verossímil com nossa atual realidade. Captou bem a natureza dos casamentos no Brasil atual, quiçá no mundo. Não o casamento, os relacionamentos humanos de modo geral estão entrando em ruína aguda. Hoje se aluga corpos de pessoas como se fossem brinquedos, e até mesmo existe um app para alugar amigos. A amizade, que é um sentimento, um ato de filia, virou uma mercadoria. Homens e mulheres se casam, se traem, se enganam e se machucam. Os filhos, únicas vítimas dessa realidade, acabam sendo usados como armas, seja para extrair dinheiro do ex-marido, ou para machucar os sentimentos da ex-esposa. Depois, se utilizam de discursos moralizantes assim como o personagem central do conto. O próprio traía a esposa, mas após ser traído pela amante mais jovem, que por sua vez o traiu por um amante ainda mais jovem, acaba fazendo juízos de valores inválidos. Mesmo estando separado da esposa, acabou enciumado por ela após três meses estar em um novo relacionamento, o que indica não apenas uma hipocrisia da parte desse homem mediano, mas também mostra ser um sujeito possessivo. No que desrespeito a Helena, sim, as Helenas!, ela representa bem grande parte das mulheres atuais e sua hipergamia. Ela se relacionava com um homem que ela já sabia estar casado e com duas filhas, o traía com outro amante e ainda tentou ganhar a paternidade no grito. Ela estava tão desesperada que ela nem sabia quem era o pai! Qualquer um serviria, desde que lhe pagasse as contas e os luxos. Aventuras sexuais motivadas a vaidade e ganância. O casamento como instituição parece falido nesse aspecto. Não há mais cumplicidade, tão pouco respeito à dignidade alheia. Sem nenhuma apologia a “isso” ou “aquilo”, o discurso da liberdade sexual nada mais é do que uma hipocrisia, um sofisma (me perdoem os filósofos sofistas por essa banalidade) dessa sociedade niilista e egomaníaca. É uma forma de legitimar a traição, a mentira, a libertinagem, o adultério, só isso. Se alguém esta num relacionamento improdutivo, porque não se divorcia e segue sua vida? Se alguém é liberta do patriarcalismo, porque estraga o relacionamento da mulher alheia? Essa sociedade em que vivemos é uma cacofonia de imbecilidades. Esse é o tipo de conto que desmascara certas concepções enganosas da vida. Só indico ao entrecontista que pare de emendar diálogos de diferentes personagens num mesmo parágrafo, gera muita confusão na hora de ler.
Notas de Leila Carmelita
– A Gata de Luvas – 4,0
– A Hora da Louca – 4,5
– A Onça do Sertão – 3,6
– A Pecadora – 5,0
– App Driver – 1,0
– Estantes – 5,0
– Famaliá – 3,5
– Festa de Santa Luzia: Crônica de uma Tragédia Anunciada – 5,0
– Lágrimas e Arroz – 1,0
– Muito Mais que Palavras – 1,5
– Na casa da mamãe – 3,5
– O Legado da Medusa – 4,5
– O que o Tempo Leva – 1,8
– O Regresso de Aquiles – 4,0
– O Vírus – 2,5
– Suplica do Sertão – 5,0
– Trilátero Ourífero – 4,5
– Uma História de Amor Caipira – 1,0
Contos favoritos:
Melhor técnica – Estantes
Mais criativo – Festa de Santa Luzia: Crônica de uma Tragédia Anunciada
Mais impactante – A Pecadora
Melhor conto – Suplica do Sertão
Car(x) autor(x)
Estou aproveitando esse desafio para desenvolver um sistema de avaliação um pouco mais técnico (mas não menos subjetivo). No geral, ele constitui nas três categorias propostas no tópico de avaliação: técnica, criatividade e impacto. A primeira refere-se à forma, à maneira com a qual x autor(x) escreve, desde o uso de pontuação, passando por ortografia e mesmo escolhas de estruturação. A segunda refere-se ao conteúdo, ou seja, a que o conto remete e quais as reflexões que podem ser levantadas a partir disso. Por fim, a terceira refere-se ao estilo, quais as imagens construídas e as emoções que elas evocam. Gostaria de pontuar, também, que, muitas vezes, esses critérios têm pontos de intercessão entre si, sendo que uma simples palavra pode afetar dois ou mesmo três deles. A pontuação final é dada, portanto, pela média dos três critérios, sendo que uma nota elevada em um deles pode elevar a nota final. Dito isso, prossigamos à avaliação.
Resumo: Um sujeito divorciado e com uma vida amorosa maluca encontra a paz e a felicidade na casa da mãe.
Técnica: A escrita em si, talvez não tenha nada de genial. No entanto, x autor(x) tem uma capacidade extraordinária de prender x leitor(x) ao ponto de se aprofundar de tal forma na história que a gente até esquece que está avaliando.
Criatividade: Sem querer (ou talvez muito por querer) x autor(x) acaba por trazer à tona um puta questionamento freudiano de que talvez a única felicidade possível ao homem está nos braços da mãe. É uma coisa meio de retorno ao útero e todo o mais.
Impacto: Cria-se um elo muito forte entre o protagonista e x leitor(x) e isso torna a leitura muito mais prazerosa. Também, os dramas apresentados ao longo da história são abordados com uma comicidade muito inteligente que confere ao conto uma certa leveza. Além disso, qualquer conto que zombe do Renato Gaúcho ganha pontos extras comigo.
Resumo
Nilton era casado, duas filhas, quando resolveu trair a esposa com uma mulher mais jovem, o que levou ao fim de seu casamento. A nova namorada logo o trocou por um homem mais jovem e com futuro promissor. A separação o fez retornar à casa da mãe, onde tinha todas as mordomias. Conseguiu guardar dinheiro e montar uma lanchonete ao lado da casa da mãe, conseguiu uma nova namorada e não encontrou motivos que o fizessem deixar a casa da mamãe.
Comentário
O texto é leve, gostoso de ler, descontraído. Gostei, apesar de não apresentar nenhuma trama muito inovadora e empolgante. Personagem bem desenvolvida, que remeterá os leitores a personagens da vida real rsrsr.
Cuidado com a pontuação em diálogos:
— Mas, Helena, eu larguei minhas filhas e minha mulher para ficar com você! — Eu (eu minúscula, sugiro não utilizar o eu, ir direto para falei) falei entre indignado e incrédulo.
— Tem que ser pessoalmente, Nilinho (ponto)— O que é que
— Não é lá que você está morando? (vírgula) Ela (tirar o Ela) perguntou com o tom mais zombeteiro que sua voz poderia soar.
dirigi (dirige) um Palio
Meu pai havia morrido quando eu e meu irmão mais velho, que morava (mora?) na Itália há mais de dez anos,
bebê a (há) poucos meses
ato-reflexo (sem hífen)
“Humilhado e precisando de cuidados, me instalei de mala, cuia e galhas na casa de minha mãe por tempo indeterminado” kkkkkk
RESUMO:
Nilo é um homem que passa por turbulências em sua vida amorosa. Separa-se da mulher, com quem tem duas filhas, para ficar com uma moça mais jovem, Helena. No entanto, a nova relação não engrena, pois a jovem estava mais interessa em obter vantagens financeiras e o traiu com um “novinho”. Tempos depois, Helena procura Nilo dizendo que o filho que teve é dele. Feito o exame de DNA, constatou-se que a criança era de um terceiro sujeito, um empresário mais velho e rico. A essa altura, Nilo já namorava com Sueli, conhecida dos tempos de faculdade, mas continua a morar na casa da sua mãe. Ele consegue reconstruir sua vida e abre uma lanchonete, negócio promissor, que para tocar adiante, conta com a ajuda de Sueli, as filhas e a mãe. Sueli quer casar, mas Nilo se nega a morar em outra casa que não seja a da sua mamãe.
AVALIAÇÃO:
Conto sem presunção de profundidade, talvez com o objetivo principal de divertir. O tema corriqueiro traz leveza ao texto, que discorre sobre as aventuras e desventuras de um homem e sua vida amorosa.
O ritmo do conto é bom, agilizado pelos diálogos que são bem pontuais. A leitura flui sem entraves, sem complexidade que atrapalhe o entendimento.
Não há um ponto alto na narrativa, mas de uma forma ou de outra, a atenção é capturada.
Algumas falhas que escaparam da revisão:
dirigi um Palio > dirige um Palio
ap > apê
contra golpeou > contragolpeou
As tardes eu almoçava > À tarde, eu almoçava
desviar de caminho > desviar do caminho
Cheguei as oito > Cheguei às oito
ter um bebê a poucos meses > ter um bebê há poucos meses
Parabéns por participar da última rodada do desafio 2019. Feliz Natal e um próspero (e inspirador) 2020.
Na casa da mamãe
Resumo:
Homem comum tem amores que não se resolvem, envolve-se com uma e com outra, acaba na casa da mãe e fica por lá porque o ninho materno tem seu charme especial. Vai fundo Nilinho!, e não esqueça dos hambúrgueres porque senão eles queimam.
Comentários:
Caro Nilo,
Conto tranquilo de escrever e de ler, imagino. Linguagem despretensiosa contando a rotina da vida de um cara simples passando por percalços típicos de gente sem grandes recursos: a falta de dinheiro, a paternidade questionada, a namorada da escola, a mãe que segura as pontas quando as coisas vão mal.
Imaginei que a história caísse na questão da paternidade, com um filho na jogada mudando o rumo da prosa, só que não.
Nessa parte o texto me pareceu fraquejar, dado que Helena foi procurar como pai para seu filho justo aquele que usava proteção, ao passo que aquele, coroa e bonitão, que certamente não usava proteção, ficou em segundo plano. Talvez o autor devesse amarrar melhor esse trecho da história, com o coroa se negando a fazer o teste, com Nilo também não usando proteção e, finalmente por meio de medidas judiciais, a confirmação da paternidade do velho safado.
Gostei do conto. Gosto de contos que não terminam de forma apoteótica, que contam suavemente uma história, a trajetória simples das pessoas ressaltando a forma natural em que vivem.
Notei algumas incorreções, poucas, que deixo de apontar por não serem tão relevantes. Talvez uma apenas, logo no início, onde “dirigi” deve ser substituído por “dirige”.
Boa sorte no desafio.