Rewind (Eduardo Selga)
Em pleno janeiro de 2020, está nítido que não terei muito mais tempo de vida. Seja pela falta de saúde, seja pela ação policial contra os raros protestos de rua, … Continuar lendo
Atemporal uma coletânea do tempo fantástico – Resenha (Eduardo Selga)
Se de fato o tempo existe para além do senso comum, enquanto dimensão ainda pouco compreendida, por puro pressentimento acredito que ele é uma espécie de Deus com um de … Continuar lendo
Essa Menina Donalu (Eduardo Selga)
Luísa era filha da ex-princesa Dona Ana, o que fazia dela Luísa de Donana. Aos olhos de seu pai, entretanto, era Naninha. Para a ternura de Véio Bá, lá no … Continuar lendo
Columbários (Eduardo Selga)
O lugar Brumas do Ontem, em qualquer tempo que fosse e estivesse, uma povoação sempre perdida no abstrato. Minto: os sujeitos dos lugares concretos e vizinhos não a encontravam (mesmo … Continuar lendo
Merica – Crônica (Eduardo Selga)
Mesmo quando menino, nunca fui um verdadeiro entusiasta do futebol, daqueles dramáticos e meio patéticos quem batem boca e rompem amizades por conta de uma zombaria contrária ao meu time. … Continuar lendo
O Oritimbó de Sivuplê (Eduardo Selga)
Dos poucos que se propuseram a participar da reunião, uma espécie de assembleia extraordinária da família, todos estavam presentes. Não mais que dois, além do próprio responsável pelo encontro, demonstração … Continuar lendo
Da Pós-Verdade ao Gromelô – Crônica (Eduardo Selga)
Em tempos de pós-verdade, essa palavra recentemente tatuada na língua da opinião pública para definir um tipo sofisticado de mentira que existe de priscas eras, é preciso tomar todo cuidado … Continuar lendo
Acalanto para Rebeca e Violino – Conto (Eduardo Selga)
É a velhice, minha filha… É esse cancro, esse eclipse que se aproxima e faz retornar em mim aquele sentimental que fui quando você bem menina… Essa homilia ele ecoava … Continuar lendo
O sequestro da mãe-d’água (Eduardo Selga)
A manhã despertara para a vida fazia pouco: o pretume da madrugada desalgemando a luminosidade. Os mesmos ventos frios, soprados do interior da floresta e vindos como que das funduras … Continuar lendo
Vodun – Conto (Eduardo Selga)
O giz percorrendo os feltros. Uma vida a fio esboçando corpo, boca, olhos. À tesoura seguiram-se os primeiros alinhavos com a mesma agulha que a maresia do tempo enferrujou. Logo … Continuar lendo
Esconde-Esconde (Eduardo Selga)
Quando eu era, eu tinha um amigo invisível. Pessoas aparentes mentiam vê-lo, e sustentavam: trazia a máscara do irmão que eu teria se minha vida tivesse permanecido intacta. Mas não. … Continuar lendo
Canis Lupus – Conto (Eduardo Selga)
Abraça os joelhos com força, sentada na cama, sem nenhuma outra viva alma (os irmãozinhos dormem noutro quarto, lá embaixo), o cobertor por cima do medo. Se pudesse, escorreria. Ou, … Continuar lendo
Lupércio e o Príncipe Encantado (Eduardo Selga)
I Há uma voz doce flutuando na metrópole onde não existe dia. Fala alto, mas não é um grito nos ouvidos: instalada em diversos zepelins estacionados nos céus da cidade … Continuar lendo
A Narrativa Panfletária: Entre o Inconveniente e a Necessidade – Artigo (Eduardo Selga)
Convidado pela professora Jurema Oliveira a ministrar uma oficina de contos na II Feira Literária Brasil-África de Vitória — FLIBAV —, ocorrida na Universidade Federal do Espírito Santo nos … Continuar lendo
Ensurdecer os tambores – Crônica (Eduardo Selga)
Vamos renascer das cinzas Plantar de novo o arvoredo Bom calor nas mãos unidas Na cabeça de um grande enredo (Renascer das Cinzas –Martinho da Vila) Houve um momento … Continuar lendo
A flor-cadáver do homem-velocidade – Crônica (Eduardo Selga)
Nos anos em que fui adolescente, e mesmo nos primeiros tempos do que gostamos de chamar maturidade — se é que isso existe — frequentar salas de cinema equivalia, de … Continuar lendo
Isabéis (Eduardo Selga)
Em seu gabinete, sentado à mesa e tendo alguns despachos rotineiros a assinar, o presidente do Conselho de Ministros estava mesmo era apreensivo com a redação final do decreto, e … Continuar lendo
O autor implícito – Artigo (Eduardo Selga)
É comum, no calor de uma discussão mais genérica sobre elementos da narrativa literária, a afirmação de que o narrador é uma coisa, o autor é outra. De fato, este … Continuar lendo
Oh, Glória (Eduardo Selga)
Aquele cagão mijando inteiramente no caimento de seu mentirosíssimo Armani, engasgado de terror. A tremedeira impedindo abrir o livro preto, ejacular glorificações na minha cara. Seu grito nem atravessava a … Continuar lendo
Alexandria (Eduardo Selga)
Defronte, o calendário digital paralisado no momento preciso, lembrando-me… Nos dias em que o calor, de ordinário insuportável, quase chega a ensandecer, ainda volta a brotar sangue das feridas. Completamente … Continuar lendo
O menino que queria laçar a lua – Resenha de “Pretérito Imperfeito” (Eduardo Selga)
* Contém spoilers. Pretérito imperfeito, romance de Gustavo Araújo publicado em 2015 pela Caligo Editora, trata, aparentemente, da idílica descoberta do amor entre dois adolescentes numa cidadezinha do Paraná, tendo … Continuar lendo
O cachorro, o menino, a senhorinha – Crônica (Eduardo Selga)
Trabalho com a palavra, e isso me provoca incertezas de todo o tipo. Sempre fico perguntando aos meus botões, aos meus mal-assombrados sótãos, que grau de dramaticidade é necessário haver … Continuar lendo
A pessoa e o personagem – Artigo (Eduardo Selga)
Temos a tendência de confundir o símbolo com o simbolizado. Essa confusão, mesmo não sendo total, costuma ser bastante para reduzir o significado da coisa simbolizada. Assim, por exemplo, quando … Continuar lendo
Micro, Mini, Nano – Artigo (Eduardo Selga)
Não vivemos, apenas. Essa simplificação é o grande sonho oculto dos simplórios, os que não conseguem entender que vivemos inseridos em um contexto sócio-histórico e que a vida gira em … Continuar lendo
Ana Cristina Cesar (Eduardo Selga)
Vivo a lhe escrever uma carta que, tenho certeza enquanto fumo e desarranjo levemente as ondulações de meu cabelo, nunca chegará a termo ou, quando muito, não tão cedo, prezado … Continuar lendo
Sermão da Sexagésima Vez (Eduardo Selga)
Assim, observando do lado de fora, ninguém diz que na torre do mosteiro abandonado, construção desconstruída, naufragada num dos inúmeros caminhos sem destino de Nada, nela ainda vivem dois frades. … Continuar lendo
Só as Bruxas são Felizes (Eduardo Selga)
É uma janela que, boiando serena, pendurada por um prego na parede invisível, observa atentamente a moradora prestes ao suicídio, ato que, se levado a efeito, nenhuma consternação causará aos … Continuar lendo
Eu e Ele: Helen (Eduardo Selga)
Lembra-se da madrugada, quase tudo às escuras, um lilás – aliás, sem força e presunçoso – em sua tentativa de iluminar a parede próxima à cabeceira, algum frio invadindo pela … Continuar lendo
Persecutório (Eduardo Selga)
Shinbone City, 1860, qualquer dia desses, outono. Meus caros alguns de vocês, Primeiro, é importante saibam o que nunca foi de hoje: eu me odeio. E isso não é um … Continuar lendo
A Última Palavra (Eduardo Selga)
Quase todos, sim, estão felizmente mortos. Eu, inclusive. Tenho plena certeza disso, porque assim foi combinado. Entretanto… um dia após o fim do mundo, o sol ainda se faz … Continuar lendo
Cartas na Mesa (Eduardo Selga)
O som monótono produzido pelos sinos de vento, assim que a porta se abriu, anunciou a entrada da última cliente do dia. E já não era sem tempo: taróloga sem … Continuar lendo