EntreContos

Detox Literário.

Lupércio e o Príncipe Encantado (Eduardo Selga)

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I

Há uma voz doce flutuando na metrópole onde não existe dia. Fala alto, mas não é um grito nos ouvidos: instalada em diversos zepelins estacionados nos céus da cidade por meio de âncoras que se deitam nas ruas como se ronronassem, na voz há volúpia. Na verdade, é mais de uma, tons dessemelhantes em cada dirigível, mas funcionam como se fossem uma coisa só, mãe falando canduras. É pena não haver eternidade: fazem silêncio quando os bandos de pássaros mecatrônicos estão ocupando o espaço aéreo; na ausência deles, como agora, repetem “morte ao príncipe encantado…”. No corpo das aeronaves, em letras neon que se preenchem aos poucos, a frase “isso é um patrocínio exclusivo de Roma Lupanar, o seu Estado Democrático de Direito”.

— Morte ao príncipe encantado…

De hora em hora os pássaros artificiais, em multidões imensas na noite pintada eternamente com o mesmo tom de preto, sobrevoam favelas e esplanadas de Roma Lupanar desviando-se dos arranha-céus. Gritam horrores. Sons que lembram, na agudeza e na extensão, pânico de mulher na iminência do perigo, ou o grito das Valquírias em campo de guerra. Voam em formação e, ao entrarem e saírem da cidade, o líder do bando emite uma estridência profundamente alta. De seu bico escapam cores, auroras boreais que não se prendem no firmamento, talvez por não estarmos no hemisfério norte. Nem em qualquer outro, aliás.

O exasperado do som é idêntico às antigas sirenes de fábrica e às ultrapassadas ambulâncias, hoje úteis apenas para colonizar a memória de quem se deu por acaso estudou a História: não há mais esforço em salvar as vidas humanas, pelo trabalho ou pela medicina. Na noite para sempre em que vivemos, os corpos dos que morrem vitimados pela violência ou súbito colapso do organismo — coisa comum nos dias que correm — vivem entulhados nas ruas, onde ficam até serem recolhidos pelo Serviço de Purificação Urbana, que os transforma em comida enlatada ou sucata.

— Morte ao príncipe encantado…

Quando os pássaros finalmente vão embora, eles na verdade permanecem. É que ambos os sons, grito feminino do bando e sirene do líder, por longo tempo se embrenham no cérebro das pessoas e lá fazem ninho. Continuam a existir. Até retornarem. Um tormento para muitos. A ponto de essas máquinas terem causado, tão logo foram postas em funcionamento pelo Estado, muitos suicídios, o que nunca incomodou os lumpens, noutros séculos chamados cidadãos. As autoridades, tampouco.

Hoje, poucos meses após o primeiro sobrevoo e mergulhos barulhentos dos centenos (assim o fauno Lupércio me disse que os pássaros se chamam), a estranheza persiste, mas não vejo ninguém levantar-se contra. Mesmo porque a anestesia geral diz que toda a insurgência é inútil diante do Estado Caótico-Sacerdotal, ele próprio uma autoinsurreição controlada nos menores detalhes: destrói-se aos poucos até certo ponto, para depois reinventar-se em moldes similares, com alterações ligeiras, embora pareçam profundas. É o abismo eternamente reconstruído, para garantir inalteráveis as quedas. De modo que aos lumpens o inimigo não está visível. Os rebeldes vagamente sabem ser o Estado, mas isso é uma abstração sem rosto, sem presidente que se mostre em público.

— Morte ao príncipe encantado…

Chega a ser uma ironia falar em visibilidade por aqui, nesses tempos de bruma. É que as bocas-de-lobo emanam fumaças densas todas as noites, e o fariam também durante os dias de sol, se eles houvessem. Os vapores estacionam a uma altura de mais ou menos dez metros, obscurecendo a Via Ápia e todas as ruelas. Curiosamente, sobem dos bueiros aromas de antigas frutas e flores, agradáveis mesmo, mas hoje extintas.

Lupércio me disse que o fenômeno não ocorre à toa: a fumaça é entorpecedora, serve para causar a sensação chamada de prelícia, híbrida de felicidade com preguiça. Além disso, há décadas a chuva, assídua, não mais é composta por água: é totalmente postiça, mas o Estado Caótico-Sacerdotal jamais diz quais substâncias dela fazem parte, e não explica o motivo pelo qual, ao entrarem em contato com a névoa, as gotas produzem clarões. Lindos, coloridíssimos, provocam um encantamento no espírito, e o êxtase faz os lumpens se infantilizarem nas ruas de Roma Lupanar, pois se lembram de belezas jamais vivenciadas, mas que a propaganda oficial faz enxergar.

Apesar da baixa visibilidade nas ruas noturnas da metrópole, os centenos podem ser vistos porque mergulham aqui e ali em busca desses mínimos lampejos, os quais de algum modo lhe servem de alimentação. É justamente nessas incursões, atravessando as nuvens pouco acima do pavimento da Via Ápia, e dando voos rasantes, que conseguem efetivar sua razão de existir: com seus olhos de objetiva grande-angular, 24 milímetros, bisbilhotam cada passo dado pelos lumpens.

— Morte ao príncipe encantado…

Minha mão esquerda está a cinco ou seis palmos do respectivo pulso, mas, miseravelmente, não sinto dor no ponto de ruptura. Lamento. É que isso talvez dê toda a razão a Lupércio quando diz, com uma certeza sem espaços para hesitações, “não se pode afirmar que você ainda seja uma pessoa; quase toda a organicidade do seu corpo foi substituída por tecnologias”.

Na articulação entre braço e antebraço direitos há uma fratura, a pele está esgarçada. O úmero exposto cerca de vinte centímetros, se calculo bem. Não há sangue, músculo, tendões, essas coisas humanas. Porém, escapa um líquido prateado das artérias, talvez mercúrio. Ele foge do corpo aproveitando-se do cotovelo aberto, escorre pela calçada onde estou ferido. Ou danificado, não sei. E o faz sem deixar trilhas molhadas em meu corpo ou no chão. É o mesmo comportamento de outro líquido, que transborda de uma rachadura com toda a certeza muito grande, cujo traçado vai do alto da testa, passa pelo canto da abertura que me serve de boca, pescoço, dirige-se ao braço em cuja extremidade ainda existe mão. O líquido é um vermelho escasso, minha língua me diz não haver no gosto a ferrugem do sangue.

Desconfio que eu não tenha vértebras, nem coluna vertebral. A estrutura que a substitui deve estar abalada, pois não consigo me mover e sinto pequenos curtos-circuitos internos. Também é possível sentir a existência de algumas rodas dentadas e correias de transmissão no interior de meu corpo com dificuldade de funcionamento, lentas, desarranjadas. Estertoram. Penso numa bobagem que por instantes me faz rir: serei um relógio antigo por dentro do tórax? Só me falta um cuco sair pela boca, anunciando macabramente agora a hora de minha morte.

— Morte ao príncipe encantado…

Perdi minhas características biológicas, mas não a humanidade. Eu suponho, ao menos. Posso dizer que ainda sou um lúmpen, ou será que na verdade nunca fui um deles?

Não sei que coisa me atingiu, e talvez nunca tenha certeza, pois isso é matéria quase inexistente em Roma Lupanar. Além disso, as prováveis engrenagens e os possíveis circuitos eletrônicos de minha memória encontram-se avariados, pois algumas imagens eu não consigo edificar e manter vivas por mais de cinco minutos. Emparedadas, morrem por asfixia. Quando forço a lembrança de determinados pontos do passado ou até do recente, esse revirar sem fim de um baú desconhecido, emerge grande náusea cheirando a alucinação minha. A cabeça lateja, mas não é dor, ao pé da letra: dentro dela me parece sobreviver um motor prestes a explodir.

Com uma serenidade ferina e hálito de óleo lubrificante, meu prezado fauno disse que fui perseguido e alvejado pela Patrulha dos Bons Costumes, e que meu corpo, quando morto por completo, seguirá a rotina de outros tantos corpos: vai ficar no mesmo lugar por aproximadamente quinze dias até ser recolhido pela Purificação Pública. Com toda a certeza, me disse Lupércio, membros do Presbiterado Ancião, cavalgando recém-fabricados centauros mecânicos da Patrulha, presumiram, talvez por algum ato falho de minha parte, que eu futuramente seria um revolucionário. Ou, pior, que já fizesse parte dos raríssimos contestadores do Estado Caótico-Sacerdotal.

Revolucionário, eu?!

Frequentemente atravancadas por estátuas em cacos de todos os Césares, na Via Ápia e nas ruas, estreitadas pela pressão dos edifícios retorcidos que se perdem nas nuvens e que se acavalam uns sobre os outros e se bifurcam infinitamente, há uma imensidão de pedintes se arrastando em pé, sentados, molambos, até mortos, muitos dos quais unidades domésticas de serviço que se pensam humanas e, portanto, lumpens, abandonadas porque obsoletas. Às vezes acredito mesmo seja esse o meu caso. Lupércio, entretanto, apenas ri quando exijo respostas mais profundas. Não creio em sua versão, cheia de Patrulha e outros detalhes novelescos. Ao menos até agora, não me convence do que eu seja, ou deixe de ser.

— Morte ao príncipe encantado…

É como se ele todo fosse uma divisão de cavalaria, penso eu, pelo estrépito que faz. Ouço ao longe. Mas sei bem que meus ouvidos estão me dizendo inverdades, descaradamente. Nas visitas das noites anteriores também foi assim, tonitruante. Lembrando, inclusive, o galopar dos centauros da Patrulha. Mas não é nada disso: o responsável pelo som de cascos na rua é o fauno, criatura que nunca tinha visto antes dos ferimentos. Quando surge, colossal, é sempre no intervalo entre as aparições dos centenos, junto à voz feminina que dita a palavra de ordem; é sempre, ao aproximar-se de meu corpo fraturado, um sorriso cujo tamanho é maior que o dos antigos palhaços do Circo Máximo, e cheio de lâminas pontiagudas formando os dentes nas arcadas. Uma expressão ambígua, entre mal-intencionada e senhora de um cinismo que ausculta e diagnostica.

Ele não é criatura biológica, assim me disse. É um amontoado de peças decrépitas, colhidas pelos rebeldes nas inúmeras cloacas de lixo mecatrônico. Uma tentativa de antecipar o futuro idealizado ao reviver as entidades fálicas que campeavam por essas planícies quando Roma Lupanar não era o império noturno de hoje. Tudo o que havia eram, na melhor das hipóteses, vilarejos mitológicos, sem existência concreta, e a espécie humana, hoje morta em vida e acanalhada pelo Estado, mal tinha dado início à sua história sobre a Terra pós-diluviana. Lupércio, diz ele próprio, foi arquitetado para ser depositário de nostalgias de um tempo submergido nos porões das calendas, tempo no qual viver seria o paraíso para os lumpens. Personificar o ideal serve para fazê-lo tão concreto quanto Lupércio, não uma possibilidade inalcançável a uns rebeldes que, demasiadamente poucos, se entediam da causa em três tempos.

— Morte ao príncipe encantado…

O som produzido pelos cascos me diz: ele se aproxima.

Falta-lhe um dos olhos, e a órbita vazia serve para dar fuga a cabeamentos elétricos. No outro olho há muitas trincas, formando geometrias irregulares. Ele me verá multifacetado? Suas mãos, desproporcionalmente grandes, não têm dedos ou unhas, e sim cascos. Na cabeça, dois escapamentos de velhos automóveis são chifres a expelir, vez por outra, fumaça pestilenta com cheiro de fumo de rolo. Manchas de oxidação no peito e marcas de tinta spray, usada para escrever palavras que se pretendem subversivas nos muros. Na verdade, não insuflam ninguém.

Ele flexiona seus joelhos o bastante para ser perceptível a falta de manutenção nas juntas. Recolhe pedaços meus com uma tranquilidade que me surpreende, tenta recompor-me aos poucos, até com certa delicadeza, sem nunca desmanchar o enigma impregnado no sorriso que é toda a face. No entanto, algo me diz: a tentativa é completamente estéril.

— Você está pronto? Precisamos ir logo às catacumbas romanas, antes que chegue a hora de os centenos atravessarem a fumaça, mergulharem, famintos de encontrar suspeitos para a Patrulha, reais ou verdadeiros.

— Nada tenho a fazer lá. Afinal, não sou um desses cristãos perseguidos pelo Estado Democrático de Direito.

Seu ânimo freia abruptamente. Por consequência, desmonta o sorriso. Por meio do silêncio, tenta explicar para si minhas palavras. Ou, então, é predador aguardando o melhor momento para, outra vez, atacar. Rosna, resmunga sem tirar o único olho de cima de mim, enquanto parece medir minuciosamente o que vai me dizer em seguida.

— Nem todos os fatos eu lhe disse. Na verdade, o príncipe encantado de quem essa voz enfadonha tanto pede a morte não é outro senão você, que fazia parte do poder. Mas, como estratégia para desviar a atenção dos poucos rebeldes, era preciso manipular o imaginário deles com algo que lhes calasse fundo, como a ideia do poder perpétuo nas mãos de uma mesma família — o que vem nos destruindo há séculos. Para isso, reinventou-se você, filho do presidente. Ou melhor: sua natureza foi transformada.

— Como assim?

— Ouça bem. Você de fato é um príncipe…

— Morte ao príncipe encantado…

— Você é um dos herdeiros do trono de presidente perpétuo de Roma Lupanar, mas não o favorito, nem o mais apto. Era preciso atirar um boi às piranhas, aplacar a fome de vingança que preside a insurreição, mesmo anêmica. Assim, desnaturalizaram seu corpo, que agora é praticamente um androide, mas sua alma está guardada nos arquivos do poder; fizeram com que você perambulasse pelas ruas com trajes e expressão corporal de lúmpen, mas sem perder a fisionomia de príncipe. De modo que a ambiguidade causasse na Patrulha o imperativo de atirar.

— Morte ao príncipe encantado…

— Ao mesmo tempo, construíram propaganda no sentido de tornar sua figura execrável porque traidor do poder. Sua perseguição e esfacelamento funcionam, no imaginário de muitos lumpens, como uma catarse. Afinal, é a destruição do príncipe encantado. O poder e o Estado ficam do mesmo tamanho, mas é como se houvesse triunfo da rebelião, pois é como se o poder fosse baleado. Triunfo, por parte dos supostos vencedores, é igual à inércia, ou seja, o poder permanece incólume. Ao mesmo tempo, sua ruína suscita compaixão, pois você está vestido como se fosse um lúmpen. Essas imagens ambíguas servem para calar a rebeldia.

— Isso não faz sentido para mim.

— Roma Lupanar não faz sentido, meu príncipe.

— Imagino então que eu deva ir contigo às catacumbas para me enterrar.

— Quase na mosca. Você é benquisto e execrado pelos lumpens rebeldes, que se reúnem nas catacumbas romanas. Por isso desejam seu corpo, seja como amuleto seja como troféu.

— Morte ao príncipe encantado…

— Além disso, há uma dificuldade prática a ser resolvida: minha vida útil de personagem e mito se extingue em poucos dias, e…

— Seja mais claro, por favor. Você parece texto ficcional.

— Eu sou uma construção, um caso semelhante ao seu. Fui fabricado pelos lumpens como uma espécie de saudade, já disse. E totem. Acontece que a máquina que me mantém em pé entrará em colapso em breve, de modo que não mais haverá objeto a personificar a ideia de um passado melhor do que o presente. No entanto, o mercúrio líquido de seu corpo pode resolver o problema por mais alguns meses. Entendeu agora? Sem mim, impossível os lumpens lutarem por um futuro digno em Roma Lupanar; comigo há alguma esperança de que superem a parvoíce dentro da qual o Estado Caótico-Sacerdotal escondeu todos e, superando, parem de entender a rebeldia como um ato divertido, muito bom para espantar o tédio.

— Eu não vou morrer para lhe dar a vida.

— Você já está morto. É apenas uma questão de horas.

— Morte ao príncipe encantado…

II

Apesar de seu cavalo appaloosa ter grande dificuldade com as escadas e becos tortuosos por causa de tanta casinha amontoada, Ronald Reagan, caubói norte-americano meio analfabeto e metido a besta, percorreu de alto a baixo o Morro das Catacumbas, periferia onde todas as noites havia chuva intensa, no encalço do líder da rebeldia. Os muitos tiros a esmo na noite funcionavam mais para manter à distância qualquer tentativa de revide por parte de outros insurretos, nem tanto acertavam em ponto letal o corpo do homem perseguido. Mesmo porque, isso seria bem difícil com um olho vazado à bala em tiroteio antigo e o outro vários graus míope.

Ainda assim, um e outro projétil instalaram-se num dos punhos e cotovelo. As dores, aliadas ao enorme cansaço de correr a pé sob a pouca visibilidade da noite, fizeram com que, tão logo ele chegou à Avenida Ápia, desabasse na calçada, em frente às cores vibrantes de um dos muitos lupanares da metrópole. Sua morte era certa, mesmo que fosse apenas pelo pulso aberto, cujo sangue descia rumo à boca-de-lobo mais próxima. Portanto, não era nem um pouco necessário que o caubói norte-americano, “só para garantir” a tarefa a ele encomendada pelo Estado, descarregasse à queima-roupa o trinta e oito, mas de modo quase cirúrgico, para não matar de imediato. Divertindo-se abracadabramente enquanto o fazia, pois repetia umas palavras incompreensíveis, o rosto sarapintado de luzes vermelhas e amarelas e azuis e verdes das fachadas neons.

Construiu uma expressão facial de galã B de filme, embainhou o revólver, o tambor ainda quente. Ronald Reagan sentiu-se o próprio Gary Cooper em “Matar ou morrer”, um faroeste a que assistiu ainda ontem. Acendeu um charuto fumarento e já usado. Isso combinava com testemunhar calmamente a sua vítima morrer aos poucos, durante quase uma hora de delírios, dizendo de um tal fauno que morava nos zepelins de Roma Lupanar, um estranho país desarticulado do tempo, cheio de vozes femininas que montavam centauros mecânicos. Ou qualquer coisa nesse sentido.

Escarrou sobre o cadáver uma saliva grossa de nicotina e alcatrão, apagou com dois dedos o resto de charuto, pôs no bolso o toco para outra hora, enquanto no céu a aurora se anunciando.

— Tarefa cumprida, meu caro defunto. Quer dizer… Mais ou menos. Eu deveria mesmo era, além de sua morte encomendada, localizar o esconderijo dos seus rebeldes lá no alto do Morro das Catacumbas, mas na última hora mudei de ideia. Melhor apenas matar você, e eu assumo a liderança desses boçais. Perante eles, vestido assim, a caráter (chapéu, colete, esporas, além do meu appaloosa), os coitados vão pensar que saí da ficção, das antigas estórias do cinema, portanto serei aceito com facilidade. Eles precisam de um líder de fato, convenhamos. Não você. E… sabe de uma coisa? Queria entender como um desconexo, um delirante, consegue encabeçar por tanto tempo uma rebelião subversiva nas barbas do poder. De qualquer maneira, acabou meu caro Príncipe Encantado. Essa era o seu nome de guerra, não é mesmo? Eu também tenho um, para seu governo: a Inteligência do Estado me batizou Lupércio. Mas eu acho que você já sabia disso, de algum modo.

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43 comentários em “Lupércio e o Príncipe Encantado (Eduardo Selga)

  1. Leonardo Jardim
    16 de dezembro de 2016

    Minhas impressões de cada aspecto do conto:

    📜 Trama (⭐⭐⭐▫▫): Um texto de leitura difícil, mas compreensível. Gostei bastante da ambientação da primeira parte, um clima muito bom. A segunda eu achei estranha. Não gosto muito dessas coisas de delírios ou despertar de um sonho, acabei demorando a aceitar. Mas, numa segunda leitura, melhorou a percepção. Talvez se a ruptura fosse mais sutil, tivesse funcionado melhor comigo.

    📝 Técnica (⭐⭐⭐⭐▫): muito boa. O autor escreve com palavras rebuscadas, mas a trama fica visível e não obscura com em alguns textos desse tipo.

    💡 Criatividade (⭐⭐▫): a ambientação da primeira parte e a coragem da segunda acumulam pontos nesse critério.

    🎯 Tema (⭐▫): adequado na primeira parte.

    🎭 Impacto (⭐⭐▫▫▫): não gostei muito da opção escolhida para o final, conforme já expliquei. Esperava mais uma resolução dentro do ambiente criado, no qual eu estava bastante submerso.

    ⚠️ Nota 7,0

  2. Fil Felix
    16 de dezembro de 2016

    GERAL

    Já peço uma desculpa ao autor de antemão, não pela nota, mas pelo meu entendimento. Fiquei um pouco confuso na primeira parte do conto e não sei ao certo se entendi. Nessas horas seria bom os comentários abertos! A segunda parte ficou um pouco mais clara. O Príncipe estava delirando e misturando realidade com os sonhos ou foi um cruzamento de dimensões, algo assim? Independente do entendimento, gostei da estrutura da primeira parte, com o grito chegando cada vez mais perto, sendo sentido pela diminuição do intervalo entre as frases.

    O X DA QUESTÃO

    Um conto de scifi, com um pouquinho de marginalidade. Um cyberpunk cute? Os nomes mais fofos e criativos me remeteram ao universo das fadas do Shakespeare. O final dá um adentro em outros subgêneros, gostei da referência ao velho oeste.

  3. Bia Machado
    16 de dezembro de 2016

    Não tenho nem palavras para esse texto. Me surpreendeu, muito! De todas as formas. No comecinho, pensei: “ih, parece daqueles textos escritos apenas levando em conta a forma, a beleza da língua”. Que bom que foi muito mais que isso. A poesia está aqui presente no texto narrativo, de uma forma que não me tocou no texto “Café”, por exemplo, que assume claramente sua estrutura poética. Lindo, uma leitura marcante do início ao fim. Parabéns!

  4. Pedro Luna
    16 de dezembro de 2016

    Olha, infelizmente achei o texto meio travado e com uma trama um pouco confusa. Fiquei em dúvida quanto ao príncipe encantado, e a história que a figura misteriosa que surge no meio do conto conta, que ele era o herdeiro do trono e foi zoado, para criação de um imaginário coletivo sobre o poder. E também não entendi qual a de Lupércio, que conta coisas ao personagem e no final é um cowboy, foi ele que matou o princípe? Olha, sinceramente, pode até estar tudo no texto, mas eu não achei claro. E nem todo texto precisa ser claro, mas aqui, pelo menos para mim, ficou muito alheio demais. É bem escrito, só não achei bem estruturado.

  5. Leandro B.
    16 de dezembro de 2016

    Ola, Sao.
    Não gostei muito do texto.

    De uma perspectiva formal, achei o conto bastante arrastado. Com os longos parágrafos recheados por metáforas que, no final, não tinham função alguma, já que todo o universo não passou de uma invenção.

    Aliás, achei o final um tanto sem sentido e, de certa forma, negando toda a construção anterior. Estava vendo méritos no esforço em associar mitologia a uma realidade futurista. Não consigo entender a opção pelo final nonsense. É claro que, é bastante possível, eu não tenha sacado alguma coisa presente no texto e, por isso, tudo acabou perdendo o sentido no final.

    Enfim, ainda assim, reafirmo que a história descartada tem seus méritos pelo passado mitológico num futuro distópico.

  6. Thiago de Melo
    16 de dezembro de 2016

    14. Lupércio e o Príncipe Encantado (São Silvano): Nota 5
    Amigo Silvano,
    Cara, infelizmente não rolou uma química legal entre o seu texto e eu.
    Achei que foi monólogo interior demais. Ao longo do texto, eu até tentei imaginar a voz do Antônio Abujamra declamando o seu texto, como se fosse uma poesia do programa dele, Provocações. Ajudou um pouco e ir vencendo cada linha, mas, no geral, não deu pra me afeiçoar muito ao seu estilo de narrativa. Não que seja ruim, mas não me agradou como leitor.
    Além disso, achei que o final, com o Ronald Reagan falando com o cadáver, ficou meio destoado com o início do texto. O início do texto descreve um personagem meio androide, com sangue de mercúrio e circuitos, já o final ficou totalmente western, com charuto, escarrada e tudo.
    Repito que o texto não está mal escrito, mas que não faço parte do público alvo para esse tipo de narrativa.
    Boa sorte no desafio.

  7. Renato Silva
    16 de dezembro de 2016

    Olá.

    Achei o conto bem interessante. A descrição do cenário e dos acontecimentos é bem nítida e insere o leitor de modo satisfatório na estória. Muito bom você citar o uso do duplipensar (como na palavra “prelícia”), mostrando bem as intenções desse governo autoritário e alienante. O final veio para explicar as peças soltas ao longo do texto; também me satisfez enquanto leitor. Eu apenas sugeriria explicar menos, deixando algumas informações ao longo do conto.

    Boa sorte.

  8. angst447
    16 de dezembro de 2016

    Olá, autor!

    Antes de mais nada, devo esclarecer que não levarei em conta a adequação ou não do conto ao tema proposto pelo desafio. Não me considero apta para tal.

    Se houve falhas na revisão, não percebi.

    A linguagem empregada é bem trabalhada, revelando um tom poético, mesclando ideias e imagens a metáforas. Conto bom de se ler, bonito de se apreciar, mas nada fácil de assimilar.

    Lupércio e o Príncipe Encantado. Lupércio é aquele que afasta o lobo.Há bocas de lobo pela narrativa. “É que as bocas-de-lobo emanam fumaças densas” – que entorpecem, causam delírios. A Morte ao príncipe encantado seria a extinção das ilusões, do embotamento da população?

    Roma Lupanar = Roma, covil de lobas, prostíbulo. O mesmo radical em LUPanar, LUPércio, LUPo (lobo). E tendo Roma sua origem em uma lenda, tudo se encaixa. Rômulo e Remo, irmãos gêmeos, eram filhos do deus Marte e de uma mortal. Os irmãos foram encontrados por uma loba, que os teria amamentado. Posteriormente, Rômulo e Remo construíram uma aldeia no local onde haviam sido encontrados, fundando Roma.

    Bom, acho que estou me afundando na simbologia encontrada no seu conto. Gosto dessas pistas, deixadas aqui e ali, esperando que o leitor as una com cuidado. Precisaria de mais tempo e calma (isso me falta) para reler seu texto algumas vezes e entender os pormenores de cada parágrafos.

    Sinto-me em um labirinto de ideias, com referências históricas e outras punk, entre paredes repletas de metáforas e poesia. E não sei se quero sair daqui.

    Boa sorte!

  9. Wender Lemes
    15 de dezembro de 2016

    Olá! Dividi meus comentários em três tópicos principais: estrutura (ortografia, enredo), criatividade (tanto técnica, quanto temática) e carisma (identificação com o texto):

    Estrutura: conto de enredo muito bem trabalhado e poucas falhas gramaticais. Percebe-se a boa ortografia em função de uma boa trama, sem parecer pedante nem nada do tipo. O mais estranho é a transmutação gradual do ambiente e do que pensamos dele, de acordo com a perspectiva dos narradores.

    Criatividade: o que mais me intrigou, mais até que as criaturas e o tom periférico da narrativa, foi justamente o modo como somos guiado. Por exemplo, o próprio Lupércio, que assume o corpo de um ser mitológico nos delírios do protagonista, e nos leva a crer em algo fantástico até que o subconsciente do “príncipe encantado” o justificasse como criatura robótica, simplesmente para ser desconstruída mais uma vez como seu assassino de aluguel.

    Carisma: como leio alguns contos em sequência para fazer render mais o processo, vou tomando notas durante cada leitura (sobre o que destacar nos comentários, sejam defeitos ou qualidades). Este conto não me rendeu nenhuma observação no decorrer da leitura, apenas uma ao final resumindo minha perspectiva: “do caralho!”.

    Parabéns e boa sorte.

  10. Luis Guilherme
    15 de dezembro de 2016

    Boa tarde, querido(a) amigo(a) escritor(a)!
    Primeiramente, parabéns pela participação no desafio e pelo esforço. Bom, vamos ao conto, né?
    Olha, seu conto tá muitíssimo bem escrito, impecável mesmo estrutural e gramaticalmente, e isso dá uma beleza e qualidade estética enormes ao conto. É uma coisa que eu considero bastante, até por acreditar que é a premissa básica pra um escritor.
    Além disso, achei interessante o enredo, e tem uma boa conclusão.
    Por outro lado, achei um tanto confuso, tem trechos um pouco truncados, e isso me deixou com mais duvidas que certezas, e talvez eu nem tenha realmente entendido os acontecimentos, rsrs.
    Também achei que o texto demorou pra pegar no tranco, com ponderações excessivas em alguns momentos.
    Enfim, o balanço tá positivo, pra mim. É um conto interessante.
    Abraço e boa sorte. Parabéns!

  11. mariasantino1
    15 de dezembro de 2016

    Olá, autor (a)!

    Li e reli o seu conto. Confesso que da primeira vez abdiquei da leitura, mas da segunda, achei interessante o desenrolar da trama. Olha, esse MORTE AO PRÍNCIPE ENCANTADO, ficou fixo na minha cabeça e, tomara que eu consiga me livrar disso logo, porque é pegajoso (tipo, fica mesmo na mente). Então, achei bem tom de sonho o seu texto e sinistra essa história de ficar ali, exposto no chão até ser recolhido. Não peguei quase nenhuma referência aí exposta e acho que me falta base para apreciar mais, porém joguei a foto no google e ele me direcionou para esse diretório de um fotógrafo de nome Jeffrey Silverthorne. Olha o link aí — fotos bizarras, toscas como o conto (jeito de falar) — http://www.agencevu.com/news/DIRFORLEAVING/index.html

    Curti o lance de pássaros que se alimentam de lampejos, da chuva nefasta que “provocam um encantamento no espírito, e o êxtase faz os lumpens se infantilizarem nas ruas de Roma Lupanar”. Seu texto segue enrolado, onírico-fantasioso até a parte da explicação do Ronald Reagan, daí a narrativa muda e temos maior clareza na explicação mas, ao menos comigo, não funcionou bem.

    Não tenho muito a acrescentar, além de não conseguir compreender tim tim por tim tim o texto.

    Boa sorte no desafio.

    Nota: 7,6

  12. Amanda Gomez
    14 de dezembro de 2016

    Olá,

    Uma leitura bem difícil, parece que tudo é subentendido, se não prestar bastante atenção aos sinais nada claros, capaz de se perder no final e ficar se perguntando o que entendeu da história. Na minha primeira leitura eu não entendi, foi uma experiência bem estressante na verdade.

    Mas agora li novamente e as coisas ficaram claras, ( não todas) e enfim posso dizer que foi uma boa leitura e que gostei do que li.

    O autor usa uma linguagem… rebuscada, mas não do tipo poética, é bem mais complexo que isso. Do início ao fim a narrativa nos causa uma tensão, a frase “morte ao príncipe encantando” funciona nesse sentido. Gostei da atmosfera de desordem, desesperança e morte que permeia toda a narrativa.

    A ideia dos pássaros mecânicos e assustadores serem os olhos dos governantes, serem aqueles que caçam desenfreadamente qualquer um que se oponha a esse governo é muito boa. Como fugir daquilo que que serpenteia sobre sua cabeça? Bem complicada a vida dos Lupems

    Toda a cena que descreve a ação desses pássaros, que explica como funcionam as coisas, que fala sobre a purificação do ambiente retirando os corpos que estão apodrecendo ou não, nas ruas por até quinze dias, é fascinante. Nessa segunda leitura pude apreciar mais a escolhas de palavras e até mesmo a doce insensibilidade delas.

    Conhecemos O príncipe encantando, que encontra-se semi morto jogado naquelas ruas à espera do que quer que seja. O fato de sua humanidade está viva mas seu corpo não, é bem interessante. Todas as suas divagações e a prévia apresentação a Lupércio por meio de suas lembranças, Instigam o leitor sobre o que está por vir.

    Não vou mentir, tem cenas que são confusas e que impossibilita o entendimento, a chegada de Lupércio nessa cena, e antes a imagine de uma mulher, me deixou confusa sobre quem estava ali e quando partiu. Enfim, não absorvi totalmente.

    O príncipe encantado é realmente um príncipe que foi usado pelo próprio governo como um mártir e um traidor ao mesmo tempo, para ganhar a simpatia dos humanos e simpatizantes da residência. Um homem com dois alvos nas costas. Lupércio ser o símbolo das boas lembranças e da esperança, dos momentos passados que muitos gostariam de reviver, também compõe a história de forma rica.

    A junção dessas duas história traz um impressionante plano de fundo para o que foi aparentando aqui. E no fim, já com Lupércio, (acredito que tomou posse da vida do príncipe) descobrimos que ele é apenas uma cruel artimanha dos governantes para ludibriar a todos.

    É, um conto carregado de sutilezas. Acredito que seja um enredo muito grande para um conto, mas o autor conseguiu sim, contá-la. Não é a leitura mais fácil desse desafio, o autor bem poderia ter facilitado mais nesse sentido. Mas não dá pra não elogiar a criatividade, e pq não dizer ousadia.

    Boa sorte no desafio.

  13. Daniel Reis
    13 de dezembro de 2016

    Caro São Silvano, seguem meus critérios:
    PREMISSA: um conto bastante consistente, com uma história “romana” transportada ao universo punk.
    DESENVOLVIMENTO: o desenvolvimento, com o coro constante, e as informações entregues aos poucos, geram curiosidade do leitor com o desfecho. A linguagem, apesar de rica, fica rebuscada em determinados pontos. E a entrada de Ronald Regan surpreende…
    RESULTADO: no geral, acima da média, mas ainda, a meu ver, poderia ser melhor desenvolvida como novela ou romance.

  14. cilasmedi
    13 de dezembro de 2016

    Colocação do pronome átono: vejo ninguém levantar-se (se levantar).
    Autoinsurreição? Apesar de entender o significado, o correto seria auto insurreição.
    Concordância com o substantivo: e o outro vários graus míope. (vários graus míopes.)
    Não compreendi o conto, apesar de bem narrado e finalizado de uma maneira, para mim, estranha. Tem seguimento, porém, tem demasiadas explicações e uma leitura que considero modorrenta, por ser muito descritiva e somada as longas interpretações do momento. Nota 7,0.

    • Eduardo Selga
      19 de dezembro de 2016

      Cilas,

      Não vou entrar em questões de mérito, não sou eu quem deve avaliar o meu conto do ponto de vista da recepção textual. Quando eu faço isso é sempre por outra perspectiva.

      Entretanto, permita-me corrigir-lhe, com todo o respeito, quanto a dois aspectos referentes à construção textual.

      O neologismo “autoinsurreição” está escrito conforme a reforma gramatical de 2009, segundo a qual o prefixo AUTO, quando seguindo de palavra que inicie com vogal diferente de O, não pede hífen, tampouco é escrito separadamente.

      Não há erro de concordância em “mesmo porque, isso seria bem difícil com um olho vazado à bala em tiroteio antigo e o outro vários graus míope”, porquanto a palavra “míope” não se refere a “graus”, e sim a “outro”, que por sua vez se refere a “olho”.

  15. Ricardo de Lohem
    13 de dezembro de 2016

    Olá, como vai? Vamoa ao conto! Uma tentativa bem original de fazer um Romaantigapunk. O resulta, porém, ficou mais pra uma fantasia surreal Sci-Fi. Não ser bem porque essa obsessão como tema “Governo Totalitário”. Isso só é cyberpunk se for tratado do modo correto, já que é um tema comum da literatura de ficção científica e mesmo não científica: “1984”, de George Orwell, é talvez o mais famoso a tratar do tema, é não é cyberpunk. O conto tem um clima estranho e misterioso, e consegue passar a imagem de um mundo bizarro estranho, estava indo bastante bem, até o final, quando surgiu o Ronald Reagan Cyborg e começou a explicar toda a história, destruindo o clima. O excesso de explicações baixou muito o nível da história, que ficou parecendo um desses filmes que o vilão explica todo seu plano no final sem motivo nenhum para fazê-lo. Concluindo, é um conto que poderia ser bastante bom, mas foi prejudicado pela ênfase excessiva num tema demasiado explorado (Luta contra regime opressor) e pelo final verborrágico. Desejo Boa Sorte.

  16. Jowilton Amaral da Costa
    13 de dezembro de 2016

    Um bom conto, apesar de não gostar do desfecho. A primeira parte me intrigou com aquele lance da repetição de “morte ao príncipe encantado”. A narrativa é boa, clássica. A leitura fluiu bem. No entanto, o final mostrar que tudo aquilo foi apenas um delírio de um moribundo me frustrou um pouco. Boa sorte no desafio.

  17. rsollberg
    12 de dezembro de 2016

    Lupércio e o Príncipe Encantado (São Silvano)
    Caro (a), Silvano. (

    O conto começa revelando o universo da história com boas passagens e sem nunca soar enfadonho.
    Não sei exatamente o motivo, mas o ritmo do texto me remeteu ao clássico “música urbana/’ do Legião.

    Adorei essa frase, me fez lembrar de Apocalipse Now: “Gritam horrores. Sons que lembram, na agudeza e na extensão, pânico de mulher na iminência do perigo, ou o grito das Valquírias em campo de guerra.”

    Essa passagem também é de se destacar “Mesmo porque a anestesia geral diz que toda a insurgência é inútil diante do Estado Caótico-Sacerdotal, ele próprio uma autoinsurreição controlada nos menores detalhes: destrói-se aos poucos até certo ponto, para depois reinventar-se em moldes similares, com alterações ligeiras, embora pareçam profundas. É o abismo eternamente reconstruído, para garantir inalteráveis as quedas”

    Os personagens também são impagáveis. De fazer inveja ao Hopkins de Titus até Dr. Ford.

    O bom uso do vocabulário é invejável. Não há nada que eu possa apontar ou sugerir.

    Resta claro que é o um texto que demanda atenção, contudo, um excelente conto. Parabéns e boa sorte.

  18. Gustavo Castro Araujo
    9 de dezembro de 2016

    Estive num lupanar certa vez. Estava desativado há quase dois mil anos, mas dava para ver nas paredes as cenas demonstrando várias posições que o cliente poderia escolher. Isso porque às prostitutas não era permitido conversar. Contudo, podiam chamar os passantes de suas sacadas, uivando como lobos. Daí o nome. Foi em Pompéia, um lugar para o qual o chavão “parado no tempo” se aplica de forma literal. Contudo, a par do contexto histórico, a expressão “lupanar” traz consigo a ideia de degradação (moral) típica de uma nação em ruínas, como era o caso da Roma pós-Cristo e, também neste conto. Roma Lupanar dá a impressão de um local decadente, sem que sejam necessárias maiores descrições para contextualizá-la. O acréscimo afeto a dirigíveis e a animais mecânicos é bem vindo para emprestar ao cenário a atmosfera steampunk necessária para adequação ao tema – mas desnecessária para a mensagem que se pretende passar.

    Temos aqui o Príncipe que, desmemoriado, procura (re)conhecer seu papel, seu passado, para descobrir-se, conforme os conselhos de Lupércio, um engodo, um representante do presidente-opressor (Roma agora é uma república ditatorial fundamentalmente religiosa) oferecido aos rebeldes, aos menos favorecidos, como um sacrifício, um prêmio de consolação, um doce a uma criança birrenta para que deixe de incomodar pelo menos por algum tempo.

    A habilidade do autor em transmitir o cenário e a história que daí se desvela faz muita diferença. Muitas vezes, é aquilo que não está escrito que mais se sobressai. É um recurso que deve ser utilizado com sabedoria, pois leitores há que de fato não precisam de qualquer tipo de muleta, havendo, porém, aqueles que sofrem de certa hipocondria literária, considerando indispensável que tudo seja explicado. Creio que os comentários dos demais participantes permitirão divisar uns e outros.

    Voltando ao conto, acredito que na maior parte das vezes, o sentido subjacente foi empregado com perícia exemplar. Isso, aliado ao mecanismo fantasioso no modo de descrever as cenas, tornaram o texto de fácil absorção, ainda que longo. Sim, temos ali o governo totalitário, a classe oprimida, a elite dominante. Como sempre foi e, desculpe o pessimismo, como sempre será. Tudo apresentado de maneira criativa, poética até, flertando com o impossível, com o estranho, com o insólito, mas ainda assim verossímil.

    Eis que surge a Parte II, com Ronald Reagan montado num cavalo. De início pensei que seria melhor aludir a John Wayne, que encarna como ninguém o ideal do caubói americano, mas depois concluí que, de fato, o ex-presidente seria a melhor figura para esse momento do conto, exatamente em face do cargo que ocupou, representante máximo do conservadorismo americano, apesar de ser um ator canastrão (à exceção do ótimo “Em Cada Coração, Um Pecado”, que inclusive possui uma bela citação de Invictus).
    Frank Miller já o havia utilizado como símbolo dessa vertente conservadora em “O Cavaleiro das Trevas”, em que um Batman rebelde e envelhecido deve lutar contra um Super-Homem sempre jovem, a soldo do Estado Americano, representado justamente por Reagan. Confesso que um sorriso me escapou do rosto nesse trecho. “Clark, você é uma piada.”, uma das melhores linhas que o universo HQ já produziu.

    Retomando, apesar disso tudo, apesar dessas inúmeras qualidades, o arremate deste conto não ficou à altura do que vinha prometendo. Quando vemos, já nas últimas linhas, que ninguém era o que parecia, que os polos se inverteram, o conto ficou com gosto de deus-ex, como se em vez da voz “Morte ao Príncipe Encantado” escutássemos “A-há! Por essa ninguém esperava! Enganei vocês!” Enfim, um plot-twist desnecessário. Ouvíamos não mais James Earl Jones, mas o Chapolim Colorado.

    De todo modo, o conto é muito bom, acima da média. O autor está de parabéns por tirar o leitor da zona de conforto, por cobrar uma entrega à leitura. Por fazê-lo pensar.

  19. vitormcleite
    8 de dezembro de 2016

    Ambiente bem descrito, mas torna-se difícil agarrar o leitor durante toda a leitura, faltam acontecimentos que agarrem o leitor ou, talvez devesses ter cortado ao texto, mas está bem, gostei. Mostras que sabes escrever, e tens capacidade para fazer muito mais do que apresentas aqui. De qualquer modo, parabéns.

  20. Catarina
    7 de dezembro de 2016

    Com um vocabulário riquíssimo e cheia de felizes neologismos, como este: “a fumaça é entorpecedora, serve para causar a sensação chamada de prelícia, híbrida de felicidade com preguiça.”; o autor usou e abusou da narrativa descritiva em detrimento da ação. Questão de estilo, mas monótono. Há suspense da frase mantra repetida entre parágrafos, mas prejudicada pela falta de agilidade nos diálogos. Achei o primeiro parágrafo magnífico e o último indigno de quem começou o conto. Há uma perda considerável de qualidade e conclusão previsível.

  21. Davenir Viganon
    6 de dezembro de 2016

    Olá São Silvano.
    A leitura não fluiu bem. A trama demorou para começar, ficou numa viagem onírica de sensações do personagem nessa “Roma Lupanar” até a metade do conto e quando a estória começou a ser contada mesmo, veio chutada num diálogo artificial [se bem que a interrupção do androide deixa a entender que foi escrito assim propositalmente] e tudo seguiu rápido demais com um monte de referências que não consegui entender.

    “Você teria um minuto para falar de Philip K. Dick?”
    [Eu estou indicando contos do mestre Philip K. Dick em todos os comentários.]
    Philip K. Dick tinha algumas paranoias, uma delas era a de que ele achava que viviamos numa realidade simulada por computador que nos fazia acreditar que o Império Romano havia acabado, e que eles governavam a humanidade. Acho que você ia gostar do romance “O Homem do Castelo Alto”, que tem umas visões malucas com História Alternativa.

    • Eduardo Selga
      19 de dezembro de 2016

      Davenir,

      Não quero questioná-lo enquanto leitor (cada um recebe o texto de um modo), mas ressalto que não é um conto de enredo, fundamentalmente, a trama superficial interessa pouco. Essa narrativa é um conto centrado na ambientação e no personagem. Por isso a estória demorou “a ser contada mesmo”. No sentido tradicional (algo acontece a alguém, de algum modo, de alguma maneira, em algum tempo) não existe uma estória a ser contada. Ao mesmo tempo, há várias.

  22. Anorkinda Neide
    6 de dezembro de 2016

    Ow, meu.. esse trem ficou muito comprido.
    O início estava tão bom, bonito mesmo. Mas, de repente, começou a cair em qualidade e clareza… Lá pelo meio as frases estavam compridas e difíceis de acompanhar. O enredo é bom e bonito, mas pecou por não ter conseguido parar de escrever! hahaha
    Acabou que ficou tudo confuso, infelizmente.
    Boa sorte ae, abração

  23. Sick Mind
    3 de dezembro de 2016

    As descrições confusas dificultam o andamento da história com 8 parágrafos seguidos que mais travam do esclarecem o universo do conto. Não sei se a intenção do autor era realizar um dreampunk, mas certamente o conto não se encaixa em nenhum outro subgênero. É um texto que precisa ser revisado, enxugado e trabalhado para adicionar novos acontecimentos a disputa de poder e ao significado da morte do Príncipe Encantado.

  24. Rubem Cabral
    2 de dezembro de 2016

    Olá, São Silvano.

    Gostei bastante do conto. Não é um texto fácil de digerir, em especial a primeira parte, com tanta loucura em clima de pesadelo cibernético. Achei a ambientação extremamente bem-feita: há cores, odores e tudo mais. É bastante sinestésico e incômodo, sente-se imerso num mundo caótico e desolador.

    A parte II traz algumas explicações interessantes, fora o fato de brincar com arquétipos e propaganda midiática. Ela é uma espécie de faca de dois gumes no conto: elucida o que poderia apenas ser pesadelo ou delírio e, ao elucidar, torna o texto “difícil” mais palatável, mas quebra um pouco do encanto da estranheza também.

    A desejar somente um desenvolvimento melhor das personagens, fosse de Lupércio, fosse do Príncipe Encantado.

    P.S.: você deve ter uns pesadelos muito interessantes.

    Nota: 9.

  25. Paula Giannini - palcodapalavrablog
    1 de dezembro de 2016

    Olá, São Silvano,

    Tudo bem?

    Acredito que, assim como um computador, onde temos a internet e a internet profunda, nosso cérebro também possui “camadas” e nós escritores, ou para ser mais genérica, os criadores em geral, acessamos, em diferentes momentos, diferentes locais dessa “máquina”. Não sei se me fiz entender, mas o fato é que com esse texto, você parece ter acessado esta espécie de local mais recôndito.

    Seu texto é cheio de camadas e poderia ser chamado de uma espécie de MitologiaPunk, já que a nomenclatura parece estar sendo cobrada à exaustão nesse desafio. Você tem, por exemplo, Lupércio, o Fauno e Silvano, que no final das contas são três nomes diferentes para um só mito.

    O Príncipe, mergulhado em uma espécie de sono letárgico a caminho de sua morte, é muito bem sucedido, construindo a atmosfera de sonho-morte criada na narrativa.

    Literatura é música e suas palavras possuem essa fluência.

    Parabéns por seu trabalho e boa sorte no desafio.

    Beijos

    Paula Giannini

  26. Bruna Francielle
    1 de dezembro de 2016

    Tema: parece q tem elementos punks, apesar de no final, o Ronald Reagan parece ter dito que era tudo uma alucinação, e não havia nada disso. Fica a dúvida

    Pontos fortes: A frase “Morte ao principe encantado”,que surgiu diversas vezes em meio ao texto, colaborou para deixar o conto com apelo poético, que parece ter sido a intenção do autor. Ela não chegou a quebrar a linha de raciocínio, surgindo como uma ambientação.
    – As falas de Lupércio foram as mais elucidativas
    – Faz o leitor pensar sobre o que leu, e o que a história queria passar.

    Pontos fracos: Parece q o conto tentou se comunicar, passar alguma mensagem, talvez ser meio filosófico, mas a mensagem acabou ficando extremamente nuviosa e incompleta
    – passagens sem sentido, sem explicação. Como quando cita uma “Patrulha dos bons costumes”, entre outras várias vezes. Não há lógica. Talvez isso queira ser uma espécie de mensagem ou crítica, mas faltou argumentos ou aprofundamento, deixando incompleto.
    – Eu só comecei a entender algo, nas falas de Lupércio. Todo o começo e meio do conto, foi dificultoso de se ler, parece ter sido um esforço em parecer poético ou algo assim, sem se preocupar com lógica, sentido ou até mesmo enredo, e também não me despertaram nenhum interesse pela história.

    • Eduardo Selga
      19 de dezembro de 2016

      “— Isso não faz sentido para mim.

      — Roma Lupanar não faz sentido, meu príncipe”.

  27. Marco Aurélio Saraiva
    1 de dezembro de 2016

    Escrita impecável, bela e artística, conjurando imagens surreais e cheias de significados ocultos. Leitura cansativa, seja por quê cansa demais tentar encontrar significados em cada frase e cada ponto escrito, seja por quê às vezes as imagens descritas foram de difícil visualização.

    Li o conto três vezes, para ver se uma lâmpada mental acendia. No final da terceira leitura, percebi que o conto pode significar tanta coisa, que não me decidi ao certo o que queria que significasse.

    Há uma clara crítica ao Estado e à Igreja: na forma como ambos estão unidos para manipular as massas. Também vi críticas sobre a falta de movimentação das massas para se rebelar contra os que os oprimem, muitas vezes por que acham que não vão conseguir nada se rebelando. Os detalhes do conto falam sobre como o governo e a Igreja manipulam o povo com palavras doces e “cheiros” de coisas boas, enquanto implantam ideias sinistras no seu subconsciente. Por fim, também identifiquei críticas às mentiras que o governo divulga como notas “oficiais”.

    Tudo isso é muito legal e dá o que pensar, mas não remedia a leitura cansativa e monótona. Ronal Reagan no final chega a emprestar algum fôlego à trama, mas morre na praia. Pode ter sido só eu e meu intelecto pequeno, mas o fato é que cheguei ao final de três leituras sem saber o que entender e o que não entender do texto.

  28. Pedro Teixeira
    30 de novembro de 2016

    O conto é muitíssimo bem escrito, traz ironia fina e ótimas imagens. Ele parece brincar com a noção de realidade de uma maneira inteligente – ao menos foi isso que me pareceu com as duas visões sobre o protagonista. Mesmo que seja muito visual, não consegui ambientá-lo no passado ou no futuro e ele não soa como qualquer gênero punk, talvez nem mesmo como ficção científica( apesar dos ecos de 1984 e Admirável Mundo Novo). Senti certa influência de Glauber Rocha e Rogério Sganzerla, que não sei se é real ou viagem minha. Enfim,gostei, embora não saiba dizer se entendi a trama direito, mas não sei se está no desafio certo.

  29. waldo gomes
    30 de novembro de 2016

    Que conto “bagunçado” ! Bom texto com idas e vindas, embora não me agrade esse formato.

    A narrativa é meio pesada, lenta, mas se casa com o tema.

  30. Fabio Baptista
    28 de novembro de 2016

    Conto com elementos steampunk e cyberpunk, escrito de modo claustrofóbico. Está muito bem narrado, com uma densidade que ainda não tinha visto aqui no desafio (e mesmo estando ainda antes da metade, tenho impressão que nem vou ver). O jeito de contar foi o grande mérito aqui: criou uma atmosfera opressora, pesada.

    Senti falta de uma trama, porém. Em momento algum eu consegui me ver seguindo um fio condutor, algo que me levasse a pensar em possibilidades de continuidade, mesmo que fosse para ser surpreendido depois. Vi referências a Jesus, não tão abertas como no conto solarpunk, mas melhor colocadas.

    Na parte dois, do cowboy, confesso que fiquei ainda mais perdido. Não consegui unir as peças.

    Enfim… ganha pontos pela excelente escrita, mas (pelo menos para mim) o enredo ficou muito abstrato para que eu pudesse dar uma nota maior.

    NOTA: 8

  31. Priscila Pereira
    28 de novembro de 2016

    Oi São Silvano, você estava chapado quando escreveu isso?? kkk Cara, que viagem… Apesar de ser “desentendível” eu gostei de ler… muito mirabolante… deve ter sido divertido de escrever… essa Roma Lupanar me pareceu o próprio inferno.. acabei de ver aqui no google que eram bordeis romanos.. interessante… Parabéns pela imaginação!!

  32. Evandro Furtado
    28 de novembro de 2016

    Gênero – Very Good

    Em essencial, a primeira parte traz um cenário bastante cyberpunk. As descrições são perfeitas nesse sentido, construindo a ambientação com maestria e revelando, aos olhos do leitor, um mundo novo e belo.

    Narrativa – Good

    Já destaquei as descrições precisas. O uso da primeira pessoa também foi usado, na primeira parte, da forma como deve ser. Deu um caráter intimista, nos colocando na psiqué do personagem, de forma a compreender seus conflitos e dramas.

    Personagens – Good

    Além das descrições físicas, os personagens carregam consigo uma carga psicológica muito densa. São bastante discerníveis em relação ao cenário e sua posição é clara.

    Trama – Average

    O texto nos dá uma constante sensação de algo vai acontecer a qualquer instante, mas isso não chega. A primeira parte, com o Príncipe jogado à sarjeta é interessante, e parece ser a ponte para algo maior. A segunda parte, infelizmente, é solta, não tem o desenvolvimento necessário e falha como desfecho.

    Balanceamento – Average

    Apesar da qualidade em vários quesitos, o texto não consegue desenvolver uma trama boa o suficiente.

    Resultado Final – Good

  33. Fheluany Nogueira
    27 de novembro de 2016

    O tema proposto foi abordado e bem justificado, explícito em frases como “Essas imagens ambíguas servem para calar a rebeldia.”

    As imagens descritas ficaram interessantes, permitindo visualizar o mundo novo e caótico. O conto traz todos os delírios possíveis dentro do processo criativo. Toda a nomenclatura ficou interessante.

    Lupércio é o Príncipe ou um lúmpen (aventureiro, errante, vadio, velhaco). A ambiguidade permeia todo o texto. Alguns trechos estão meio confusos e a leitura em parte truncada e o enredo se perder entre o excesso de detalhes descritivos na criação do ambiente. Mas, no conjunto é um conto muito bom e bem escrito.

    Quanto à gramática, a única dúvida é se, na frase “colonizar a memória de quem se deu por acaso estudou a História”, o “se deu” não está sobrando?

    Parabéns pela participação e sorte no Desafio. Abraços.

  34. Zé Ronaldo
    26 de novembro de 2016

    O texto é muito arrastado, ações lentas, não o fazem fluir com facilidade.
    Considerei um dos textos com personagens mais fortes que li, muito bem trabalhadas, criando empatia com o leitor.
    A virada que o texto dá no final está bem arquitetada e é muito bacana, pois nem imaginamos o que está por vir.

  35. Tatiane Mara
    26 de novembro de 2016

    Achei o final meio confuso, mas não destoa do conto, ou destoa só um pouco, não sei.

    Algumas coisas não ficaram muito claras pra mim, embora o conto talvez tenha essa intenção mesmo.

    É isso.

  36. olisomar pires
    25 de novembro de 2016

    Muito interessante e criativo. Uma boa atmosfera construída e o conto vai bem até se perder um pouco na terça parte, como se autor não soubesse o que fazer com suas crias.

    Bem escrito e com narrativa fácil. Algumas boas frases de efeito, belas também.

  37. Zé Ronaldo
    24 de novembro de 2016

    Muito bom, boa reviravolta no final….uma história dentro da outra, bom, muito bom.

  38. Brian Oliveira Lancaster
    24 de novembro de 2016

    TREM (Temática, Reação, Estrutura, Maneirismos)
    T: Atmosfera bastante densa, com um “q” de política embutida. Tem traços e adereços de Steampunk, mas pareceu-me também uma Distopia, apesar de no final ficar claro que se tratava de uma espécie de conto de fadas para o autômato. Curiosa inversão de perspectiva. – 9,0
    R: Achei um texto difícil. É interessante e prende o leitor, mas a densidade precisava ser melhor dosada. A tentativa de emular uma reflexão intimista ao estilo ‘época do descobrimento’ funciona, mas ainda assim, encontrei certa dificuldade em conectar algumas frases. A troca de pontos de vista ao final se justifica, mas ainda nos deixa com uma enorme interrogação, do tipo “do que ele estava falando mesmo?”. – 8,0
    E: A divisão serviu bem ao propósito, mas devido às informações repassadas, seria melhor se houvessem mais capítulos, para ser possível assimilar tudo aos poucos. No entanto, a estranha mistura de “steam-fada” ganha pontos pela originalidade. – 8,0
    M: Não flui tão bem quanto gostaria, há frases extensas demais, mas é possível divisar inúmeras camadas internas no contexto, o que deixa o leitor pensativo ao final. Isso foi um ponto alto. – 8,0
    [8,3]

  39. Dävïd Msf
    24 de novembro de 2016

    O cenário é bem interessante, mas senti que a história corre num ritmo lento demais.

  40. Evelyn Postali
    23 de novembro de 2016

    Oi, São Silvano,
    Assim como no conto de Morpheu, encontro uma linguagem rebuscada. Acabei por usar a palavra que não queria. De riqueza incontestável, porém, assim como no outro conto já afirmei, gosto desse tipo de texto pela riqueza que as palavras possuem.
    Mas eu precisei me esforçar bastante para não me perder dentro dele. Ficou cansativo, diferente do conto do outro autor. Esse pareceu pesado e, infelizmente, não tive como não comparar.
    Parabéns ao autor.

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Publicado às 23 de novembro de 2016 por em X-Punk e marcado .
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