Ordenei que tirassem meu cavalo da estrebaria. O criado não me entendeu.
Fui pessoalmente à estrebaria, selei o cavalo e montei-o. Ouvi soar à distância uma trompa, perguntei-lhe o que aquilo significava. Ele não sabia de nada e não havia escutado nada. Perto do portão ele me deteve e perguntou:
– Para onde cavalga senhor?
– Não sei direito – eu disse –, só sei que é para fora daqui, fora daqui. Fora daqui sem parar; só assim posso alcançar meu objetivo.
– Conhece então o seu objetivo? – perguntou ele.
– Sim – respondi – Eu já disse: “fora-daqui”, é esse o meu objetivo.
– O senhor não leva provisões disse ele.
– Não preciso de nenhuma – disse eu. – A viagem é tão longa que tenho de morrer de fome se não receber nada no caminho. Nenhuma provisão pode me salvar. Por sorte esta viagem é realmente imensa.
Tenho aqui uma tradução que me aparenta ser melhor que a tradução que foi publicada.
A Partida, Franz Kafka;
Eu ordenei que meu cavalo fosse tirado do estábulo. O servo não me entendeu. Eu fui por conta própria ao estábulo, selei meu cavalo e o montei. Ouvi na distância uma trombeta soar e perguntei a ele o que aquilo significava. Ele não sabia de nada e não tinha ouvido nada. No portão ele me parou e me perguntou:
– Para cavalga, senhor?
– Não sei direito – eu disse – Só sei que para fora daqui. Fora daqui. Fora daqui sem parar. Só assim eu posso alcançar meu objetivo.
– Conhece então o seu objetivo?
– Sim – respondi – eu já disse: fora daqui, esse é o meu objetivo.
– Você não está levando nenhuma provisão de comida – ele disse.
– Eu não preciso de nenhuma. – eu disse. – A viagem é tão longa que eu devo morrer de fome se não receber nada no meio do caminho. Nenhuma provisão pode me salvar. Por sorte é mesmo uma viagem verdadeiramente imensa.
“Ordenei que tirassem meu cavalo da estrebaria” Fui pessoalmente a estrebaria.
Ficou um quê de onde estavam patrão e subordinado, ao mesmo tempo. que a conversa parecia na cozinha, no entanto, o subordinado já estaria na estrebaria e ao mesmo tempo no portão. Ficou faltando alguma coisa.
Boa Sorte!
Leda mitou com esse “turn down for what?” no Kafka!!! 😀
A mensagem do conto é bem bonita. A saída da zona de conforto; do status quo. A não conformidade com o presente; a vontade de mudar. A necessidade de simplesmente começar a mudança, sem pensar em planejamentos, sem levar muito tempo. A necessidade de ser ajudado no caminho, significando que não podemos atingir muitos objetivos sozinhos.
A escrita não está muito agradável mas não sei se é problema da tradução. Li o conto em inglês e a escrita não parece muito melhor. Infelizmente, não entendo alemão para apreciar Kafka na sua forma original.
Nossa seu comebtario foi muito bom
Acredito que esteja faltando a parte final.
Ao menos segundo alguns sites, como esses: https://traducaoliteraria.wordpress.com/2012/06/13/a-partida-de-franz-kafka/
e
http://limacoelho.jor.br/index.php/Cinco-minicontos-de-Kafka-O-Timoneiro-O-pi-o-A-partida-O-Bras-o-da-Cidade-e-Uma-mensagem-imperial/
Obrigado, Eduardo. Já fizemos a correção.
Kafka genial
Putz… acho (e espero) que teremos melhores microcontos aqui na quinta-feira. kkkkkkk
Terá o meu, kkkkkkkkkkk
“Não vamos colocar meta. Vamos deixar a meta aberta, mas quando atingirmos a meta, vamos dobrar a meta”
Só consegui lembrar dessa frase… hehehehe
Só consegui pensar nisso também! (rs)
Magistral.