EntreContos

Detox Literário.

Herdeiros da Vingança (Fabio Baptista)

 

No final da trilha coberta pela neve, surgiu o vulto de um samurai.

Em seus postos no alto da torre de vigia, soldados se alvoroçaram, sentiram as entranhas se contraírem, a respiração fraquejar em baforadas entrecortadas de vapor; contemplaram, sufocados pelo mais primordial de todos os medos, seus pesadelos de infância ganhando contornos e cores cada vez mais definidas, concretizando-se na figura do inimigo solitário avançando pela estrada em sua armadura vermelha – belo, tétrico e inexorável como o magma que, sem pressa, abre caminho entre os gelos das montanhas.

— Honorável Yagyu Yamazaki, suserano da cidade vermelha de Owari, é uma grande honra recebê-lo em Sunagawa. Nosso honorável suserano Katsuo Kojiro o aguarda no castelo dourado – o general de Sunagawa recebeu o visitante.

Yagyu Yamazaki escutou as palavras do general, com a mesma atenção que concederia a um inseto. Sob mira de flechas trêmulas e olhares amedrontados, seguiu sua caminhada cidade inimiga adentro, com a altivez do dragão que voa entre andorinhas. Nos postos de batalha, os soldados observavam o samurai vermelho com admiração quase reverencial. “Sua armadura é mesmo feita com as cascas de Wakunochi-no-kami? Será possível perfurá-la?”, “aquela é mesmo Kusanagi-no-Tsurugi, a espada que colhe as nuvens do céu? Haverá esperança contra ela?” – na privacidade inescrutável de suas mentes, os guardas de Sunagawa perguntavam-se essas e outras coisas, variações da questão derradeira: “aquele é um inimigo que pode ser derrotado?”. Em seus corações, o vento frio do inverno soprava a resposta, tão terrível quanto verdadeira: “não!”.

Dentro do castelo, Katsuo Kojiro aguardava. Seu semblante permanecia sereno, embora, no íntimo, soubesse que o encontro prestes a ocorrer não terminaria sem prejuízos. O que lhe restava era pensar numa solução para reduzir as perdas e derramar o menos sangue possível. Acompanhado por duas vassalas de rostos brancos e pezinhos entamancados de passadas curtas e ligeiras, Yagyu Yamazaki entrou na sala. Sem disposição para cerimônias, sentou-se frente a frente com Katsuo e, ato contínuo, tirou o elmo vermelho e pousou-o no chão. Katsuo Kojiro cumprimentou-o com uma inclinação de cabeça quase imperceptível e, na falta de estratégia melhor, decidiu iniciar a conversa simplesmente relatando a verdade:

— Ele veio há uma semana. Não vestia a armadura vermelha de Owari, não portava brasões, não trazia vassalos… não trazia nada além das roupas do corpo e um enorme tonel de saquê amarrado às costas. Causou muitos problemas, matou fazendeiros, violentou mulheres. Um garoto conseguiu escapar, pulou no rio que era mais gelo do que água e nadou feito um kappa até chegar, já quase sem calor no corpo, ao assentamento militar da região. Ele seguiu o garoto. Havia duzentos soldados ali. Duzentos. Cento e cinquenta e nove foram assassinados antes que ele sucumbisse às nossas flechas e lâminas. Quinze morreram depois, e o garoto também morreu. Uma grande tragédia, Yamazaki. Uma grande tragédia que não foi provocada por nós.

— Eu entendo sua posição, Kojiro – disse Yagyu Yamazaki, após refletir em silêncio por alguns instantes. – E acredito em cada uma de suas palavras. Mas, da mesma forma que compreendo seus argumentos, estou certo de que você compreenderá os meus: ele era meu filho, Kojiro. Meu único filho. E nós dois sabemos que eu não posso abrir mão do meu direito de vingança.

— Sim, Yamazaki… sua perda foi grande e eu lamento muito que tenha ocorrido da forma como ocorreu – afirmou Kojiro, mantendo a diplomacia. – Como prova de minha boa vontade para com a sua busca por justiça, ofereço os soldados que sobreviveram ao episódio, para que os leve como prisioneiros e lhes dê a punição que julgar adequada.

— Soldados, Kojiro? – Yagyu deu um riso anasalado de desprezo. – Meu filho, príncipe e único herdeiro da sagrada cidade vermelha de Owari, foi morto… e você me oferece a vida de soldados como prova de boa vontade e justiça, Katsuo Kojiro?

— O que você tem em mente, Yamazaki? Diga de uma vez! – Kojiro começava a se impacientar e suar frio dentro da vestimenta dourada.

— Você tem uma filha, não tem? – Yagyu Yamazaki proferiu palavras que cortaram como a lâmina da mais afiada katana.

— O que foi que disse? – Katsuo Kojiro exaltou-se com a sugestão: – Seu filho invadiu meu território e promoveu uma matança, Yamazaki. E os soldados que o mataram nem sequer sabiam que era seu filho, eles apenas se defenderam contra um inimigo insano e cruel que lhes arrancaria a cabeça do corpo com as mãos nuas à primeira oportunidade. E agora você vem à minha cidade, entra em meu castelo, desdenha de meus esforços para manter a paz e ainda ameaça minha filha?

— A vida de uma princesa pela vida de um príncipe – disse Yamazaki, com firmeza irredutível na voz. – E depois lhe enviarei duzentos de meus soldados para suprir suas baixas militares.

— Saia da minha cidade… AGORA! – Katsuo Kojiro levantou-se, dedo em riste na direção da porta. De seus olhos e de suas mãos emanava uma luz azulada.

— Meu filho lutou contra seus homens – começou a falar Yamazaki, sem se intimidar. – Sem espada e sem armadura. Em suas veias provavelmente corria mais saquê do que sangue. Mesmo assim, venceu cento e cinquenta soldados. Quantos soldados você acha que eu, sóbrio, vestido com essa armadura e armado com essa espada – Yamazaki puxou levemente a Kusanagi-no-Tsurugi para fora da bainha, deixando à mostra um pequeno pedaço da lâmina –, conseguiria derrotar antes de morrer, Kojiro? Você tentaria me deter com sua magia fraca e destreinada?

— Até mesmo o macaco mais experiente, por descuido ou azar, pode cair da árvore, Yamazaki. Os resultados de uma batalha nunca são totalmente previsíveis. Mas, a menos que algo totalmente inesperado ocorresse, você destruiria todo meu exército – ponderou Katsuo Kojiro, recobrando a calma. – E mesmo que tentasse, eu não teria chance de detê-lo. No entanto… será que devo recordá-lo daquilo que tenho encarcerado em meus calabouços? – o rei de Sunagawa assumiu um tom de ameaça pela primeira vez na negociação.

— Katsuo, não me ofenda com perguntas tolas – respondeu Yamazaki. – Obviamente – continuou –, não me esqueci do motivo que me impediu de tomar seu reino até hoje. O mesmo motivo que impediu meu pai de fazer o mesmo antes de mim e meu avô de fazer o mesmo antes dele. Eu ponderei todas as possibilidades, todos os riscos, e fiz minha escolha. Agora você deve fazer a sua. Aguardarei aqui por uma hora. Se não me trouxer sua filha antes disso, considerarei que sua decisão foi declarar guerra.

Katsuo Kojiro percebeu que palavras seriam inúteis e resignou-se ao ouro do silêncio. Abandonou o salão, dirigindo-se aos aposentos onde a pequena Keiko dormia o sono dos inocentes. Tão frágil, tão bonita. Por baixo das pálpebras, olhos reviravam-se inquietos, reflexo de algum sonho bom onde cruzava os céus em uma nuvem voadora, ou corria ao lado de uma raposa branca que deixava pegadas de flores e esperança pelo caminho, talvez. Seria justo trocar a vida dela para evitar uma guerra? Como seria possível viver depois, com o peso dessa culpa? Como seria possível continuar sendo rei, carregando a desonra do pai que não conseguiu proteger a própria filha?

Desceu ao calabouço.

Há três séculos, as famílias Kojiro e Yamazaki lutavam por poder e território, como sempre fizeram e como sempre haveriam de fazer. Kojiros, mestres da magia. Yamazakis, guerreiros formidáveis. As batalhas tornavam-se cada vez mais sangrentas, os combatentes de ambos os lados cada vez mais cruéis. A aniquilação mútua afigurava-se como o desfecho mais provável das incessantes contendas. Até que um inimigo mais poderoso surgiu. Das mais escuras profundezas do quinto círculo do inferno, onde tengus e kijos guardam as almas amaldiçoadas e a luz da senhora Amaterasu não pode brilhar, veio um demônio atraído pelos gritos de morte e agonia. A esse demônio os soldados dos dois reinos temiam mais do que todas as coisas e a ele se referiam como “Shinigami”. Incansável, o demônio trucidava todos que, segundo o próprio, possuíam “coração impuro”, o que, com exceção às crianças, oferecia-lhe uma vasta quantidade de alvos.

Uma trégua foi declarada, planos desesperados traçados e uma aliança forjada. Após uma batalha que reverberaria por milênios em poemas e canções, o Shinigami foi derrotado e aprisionado. Em consenso, decidiram que ficaria sob custódia da família Kojiro, detentores dos feitiços necessários para mantê-lo preso, até que se descobrisse algum meio de destruí-lo ou expulsá-lo definitivamente.

O tempo passou e a paz amoleceu corações e músculos. Se havia mesmo uma magia capaz de acabar de vez com o Shinigami, nenhum descendente dos Kojiro pesquisou com afinco sobre ela. Pelo contrário, tornaram-se mais fracos e preguiçosos, geração a geração, acomodados com a garantia de terem uma arma de destruição em massa alojada em seus porões. Sabiam que do outro lado das montanhas os Yamazakis treinavam, mas julgaram que jamais ousariam atacar novamente, pois isso significaria a destruição de todos. O raciocínio funcionou com perfeição.

Até aquela noite.

Eram nessas coisas que Katsuo Kojiro pensava ao descer as escadas que conduziam ao calabouço. Em uma jaula de diamantes selada com uma corrente mágica, o Shinigami aguardava. E sorria. Por baixo do kimono real, Katsuo puxou o galho de cerejeira que sempre trazia pendurado ao pescoço. Ele emitia um brilho esverdeado, uma aura de proteção que foi sugada pelos dedos do rei. “Um foco tão frágil para um feitiço tão poderoso…”, Kojiro perdeu-se em devaneios e permitiu-se um sorriso.

— Por que hesitas, Kojiro? – o Shinigami perguntou. De sua voz, estilhaços de cristal partindo-se num universo frio e escuro, escorria uma malícia ancestral.

— Eu posso te libertar agora – disse Katsuo, o frágil graveto formando uma ponte entre as duas mãos –, se me prometer que me ajudará na guerra contra Yamazaki e depois irá embora e não voltará nunca mais.

— HAHuhAUHUahuAHUahUA – a gargalhada do Shinigami estremeceu o castelo. – Por acaso me confundes com um de teus cães de caça, Kojiro? Com um de teus soldados imprestáveis? Ah, Kojiro… eu esperava mais de você.

— Então prefere ficar preso para sempre, miserável?

— Tuas grades e feitiços não vão me segurar para sempre. A despeito de teus esforços, esse galho ainda haverá de apodrecer e se quebrar sozinho, disso tu bem sabes. E teus inimigos não terão pena de ti… disto sabes ainda melhor. Eu odeio tanto a Yamazaki quanto odeio a ti, há séculos nutro o mesmo desejo de vingança por vós.

— Desgraçado… maldito! – As mãos de Katsuo tremiam segurando o galho, enquanto o desespero da impotência escorria por sua face.

— Seus insultos são tão inúteis quanto tu, Kojiro. Aceite: tu não tens como vencer essa batalha. Soldados e reis levantam-se e caem como trigo no campo, por que te preocupas se vão morrer hoje, amanhã ou daqui dez anos? Melhor que os dois reinos sejam destruídos pelas minhas mãos do que apenas o teu pelas mãos de Yamazaki. Além disso – o Shinigami preparou a cartada final –, eu não tenho como tocar nas almas puras… a princesa estará a salvo.

Katsuo Kojiro refletiu sobre o que disse o demônio.

E tomou sua decisão.

***

— Aqui está minha filha, Yamazaki – disse Katsuo, colocando o corpo adormecido da princesa Keiko em frente ao inimigo. – Dei a ela um chá de dormir, estava assustada com a risada do maldito Shinigami.

— Melhor assim. Ela ainda é uma criança e merece morrer sem dor – Yagyu Yamazaki falou, puxando a espada da bainha.

— Yamazaki, como rei seria uma desonra implorar a um inimigo, mas, como pai… – Katsuo contemplou o corpo indefeso da filha. – Como pai eu posso me submeter a essa humilhação e implorar: poupe a vida de Keiko. Por favor.

Yagyu Yamazaki surpreendeu-se com a atitude de Kojiro. E hesitou por um instante. Então respirou fundo e, com um golpe tão rápido quanto um apagar de vela, partiu o corpo da menina em dois.

Ou pensou ter partido.

Yagyu demorou alguns segundos para perceber que não foi carne, ossos e vísceras que a lâmina da Espada Kusanagi encontrou pelo caminho. Diante de seus olhos incrédulos, o corpo da menina desvanecia numa fumaça azul, deixando em seu lugar apenas um graveto cortado ao meio.

— O que você fez, Kojiro?

— Eu fiz uma ilusão, Yamazaki. Ao menos isso ainda consigo fazer. Mas a questão principal aqui é: o que você fez ao partir esse galho de cerejeira.

— Não, você não…

Das profundezas do castelo, o rugido bestial de um demônio sedento por vingança veio como resposta. Galgando degraus com a pressa de um lobo faminto, espalhando medo e sangue pelos aposentos, rindo, matando. O Shinigami não demorou a chegar ao salão onde seus inimigos o aguardavam.

“Se for para morrer, que seja em uma luta digna”, pensou Yamazaki ao investir contra o demônio. Desferiu um golpe transversal, prontamente esquivado pelo Shinigami e, ato contínuo, saltou até quase os caibros do teto e caiu como um meteoro, segurando a Kusanagi-no-Tsurugi com as duas mãos, num golpe que mataria um dragão. Mas dragões são lentos, o Shinigami não – esquivou-se novamente, por muito pouco dessa vez. A espada cravou-se no piso de madeira e o demônio aproveitou a brecha para revidar. Com suas unhas de navalha, golpeou o flanco de Yagyu, despedaçando as cascas de Wakunochi-no-kami que reforçavam aquela parte da armadura.

— Kojiro, ele ainda está fraco… Juntos podemos vencê-lo, como fizeram nossos ancestrais – sugeriu Yagyu, partindo novamente para o ataque.

— HAHuhUAHuHAU – gargalhou o Shinigami, despedaçando mais uma parte da armadura. – Vós sois guerreiros sem honra. Não conseguem resolver nada sozinhos. Matarei a ti, Yamazaki. Depois a esse verme do Kojiro. Então vossos reinos sofrerão dias fogo.

— Faz alguma coisa, papai… – a pequena Keiko, que a tudo observava escondida, suplicou.

As mãos de Katsuo Kojiro brilharam, imbuídas de um poder mágico que ele próprio desconhecia possuir. A coragem avolumou-se no peito, o amor de Keiko o impeliu a dar o primeiro passo, o senso do dever o segundo e a honra de sua linhagem o terceiro.

— Quem vocês pensam que são para invadir meu reino dessa maneira? – disse, concentrando todo o poder e saltando para o lado, de modo a colocar os dois inimigos na mesma linha. – Eu, Katsuo Kojiro, sou o rei da cidade dourada e vou protegê-la, MALDITOS!

A rajada de energia mágica atravessou o peito desprotegido de Yagyu Yamazaki e destruiu toda a lateral do castelo. O Shinigami, no entanto, novamente se esquivou e, num átimo, apareceu na frente de Kojiro.

— O rei da cidade dourada… é mesmo um inútil HUAhuAuhAUHA – disse o demônio, cravando suas garras no peito de Katsuo.

— Papai, nããããooooo…

— Chores por teu pai, tua mãe e tuas amas, menina – debochou o Shinigami. – Tenho assuntos a tratar na cidade, mas, daqui alguns anos, quando fores maior e não tiveres o coração tão inocente, eu haverei de voltar…

O Shinigami desapareceu pelo buraco na parede do castelo e logo gritos de desespero se fizeram ouvir por toda a cidade. A princesa Keiko chorava em silêncio, ninando o corpo do pai em seu colo como se ele só estivesse dormindo. Enquanto os cristais de neve caíam sem pressa em seus cabelos, pensou nas palavras do Shinigami: “haverei de voltar”.

E em suas mãos, cintilou um brilho azulado de vingança.

Publicidade

20 comentários em “Herdeiros da Vingança (Fabio Baptista)

  1. Cirineu Pereira
    10 de abril de 2019

    Resumo:
    Yagyu Yamazaki, um rei samurai chega à cidade inimiga buscando compensação justa em seu entendimento, pela vida do príncipe, tirada pelo exército inimigo, após, embriagado, este adentrar a cidade e, sozinho, matar mais de cento e cinquenta soldados. Katsuo Kojiro, o mago rei da cidade visitada, se nega a entregar sua filha para aplacamento do desejo de vingança do inimigo, o que, segundo aquele, seria interpretado como declaração de guerra. Acreditando-se incapaz de vencer o inimigo, Katsuo Kojiro opta por libertar um terrível demônio preso em seu calabouço, este que seria capaz de destruir a ambos os reinos, mas que no entanto não atacaria a princesa ou qualquer outra criança tida como de coração puro.

    Aplicação do idioma
    Salvo por umas poucas construções questionáveis, não se observa mau uso da linguagem escrita.

    Técnica
    A segunda metade do conto é particularmente virtuosa. A trama é cuidadosamente apresentada, apesar da temática oriental forçar a condução do estilo narrativo, ao meu ver, o autor não conseguiu equilibrar a tradicional circunspecção da cultura japonesa com o espírito dos mangás contemporâneos.

    Título
    O título, apesar de adequado, trás um quê de pieguice, tal como filmes trash e novelas mexicanas.

    Introdução
    No parágrafo de abertura, o autor se mostra hábil em pintar uma cena instigante. No entanto, a narrativa vai perdendo tal capacidade face ao período extremamente longo e a algumas incongruências no enredo.

    Enredo
    Como citado, o enredo possui incongruências que se apresentam na perversão do espírito de coragem, raciocínio lógico e honradez que permeia a cultura japonesa e, ao meu ver, deveriam ter sido mantidos e até mesmo enfatizados, ainda que se trate de um conto fantasioso com influência de animes e mangas. A trama em si, ainda que pouco original, considerado a similaridade com as obras citadas, , é boa e bem distribuída ao longo da narrativa.

    Conflito
    O conflito vivido por Katsuo Kojiro é forte, até por envolver um dilema.

    Ritmo
    A narrativa é particularmente dinâmica a partir da segunda metade do conto, quando realmente começa a ação. A primeira metade, até por sua natureza mais estática, talvez pudesse ter um viés mais poético, mas coube ao autor a opção que, de qualquer forma, não me pareceu devidamente efetiva.

    Clímax
    O clímax é muito bem tecido e igualmente bem narrado, apesar do desejo de vingança recém surgido em Keiko ter sido expresso de forma muito direta, tal como a sugestão de continuidade da história.

    Personagens
    O protagonista, bem como o antagonista inicialmente apresentam sérias impropriedades tanto em seus diálogos, como em suas ações. Não obstante, estejam bem delineados, comportam-se mais como coronéis do sertão do que como honrados senhores do Japão feudal.

    Tempo
    O tempo é bem trabalhado, o autor foge habilmente de uma narrativa cronologicamente linear.

    Espaço
    Os cenários são bem descritos e aplicados, bem como algumas imagens são criativas e eficazes, ainda que o demônio, grande vilão da história, pudesse ter recebido algumas descrições físicas.

    Valor agregado
    O conto, até por suas impropriedades, não incita a maiores reflexões, é basicamente entretenimento.

    Adequação ao Tema
    Totalmente adequado ao gênero fantasia.

  2. Leandro Soares Barreiros
    29 de março de 2019

    A história trata da vingança de um rei herói samurai que busca vingança pela morte de seu filho. Para tanto, exige que o rei mago do reino no qual seu filho foi morto entregue sua criança para que ela seja morta. Ao refletir sobre a proposta, o mago pondera libertar um antigo demônio que pode trazer destruição para ambos os reinos.

    Estou lendo os contos pela segunda vez e, parando para pensar, acho que este foi o mais eficaz no estabelecimento do universo, empatado, talvez, com “o vaso milenar” e revelações.

    As informações sobre o mundo estão bem inseridas aqui e ali. Mesmo quem não conhece com profundidade a cultura japonesa reconhece aspectos que povoam o imaginário do Ocidente sobre o Oriente: o senso de honra, o respeito com figuras de autoridade, a sociedade bem hierarquizada… Para além disso, o autor pontua elementos mitológicos específicos dos nipônicos, com uma naturalidade bastante elegante. Nada pareceu exagerado ou fora do lugar. Nada demandou uma pesquisa para entender a história (embora eu o tenha feito por curiosidade após a primeira leitura).

    Ao mesmo tempo, o texto estabelece magistralmente a narrativa de um herói (no final, é o que o rei vermelho e seu filho eram) e da diferença entre eles e humanos normais. É, portanto, uma releitura de qualquer mito heróico, bem executada.

    A abertura da história também me pareceu bastante competente, com símiles bonitas e com cenas movidas pela ação e expectativa.

    Se tivesse que apontar para a parte mais frágil da história, eu diria que ela ocorre com o encontro entre o rei mago e o demônio, especialmente no que diz respeito aos diálogos. Os insultos do rei me pareceram fora do pouco que fora estabelecido do personagem, e a onomatopeia da risada do demônio simplesmente quebrou a formalidade da história de maneira bastante abrupta.

    “HAHuhAUHUahuAHUahUA – a gargalhada do Shinigami estremeceu o castelo. ”

    Digo, o “Huahuhauhuhauhaua” poderia muito bem ser suprimido e a serenidade do texto seria preservada, bem como o efeito da tensão que a cena deveria executar.

    Digo o mesmo para a última parte do texto. A solução da trama foi competente, mas tenho reticências novamente com os diálogos, o praguejar do rei mago, a risada do demônio e o “nããããããooooo” de Keiko (que me lembra o Nãããããooo do Darth Vader no episódio III). Acredito que o texto ganharia muito com a reescrita dessas passagens.

    Pontos positivos nessa parte, contudo, para a cena de luta entre o rei vermelho e o shinigami. Escrever uma cena de luta é muito difícil, já que temos outras mídias que traduzem essa ação tão bem (desenhos, filmes, jogos…). O autor foi muito feliz na escrita da batalha, mantendo as boas símiles e representando bem o combate.

    Outro aspecto que pode ser discutido é a velha máxima do “show don’t tell”. Isso porque temos três parágrafos de pura exposição:

    “Há três séculos, as famílias Kojiro e Yamazaki lutavam por poder e território, como sempre fizeram e como sempre haveriam de fazer. Kojiros, mestres da magia. Yamazakis, guerreiros formidáveis. As batalhas tornavam-se cada vez mais sangrentas, os combatentes de ambos os lados cada vez mais cruéis. A aniquilação mútua afigurava-se como o desfecho mais provável das incessantes contendas. Até que um inimigo mais poderoso surgiu. Das mais escuras profundezas do quinto círculo do inferno, onde tengus e kijos guardam as almas amaldiçoadas e a luz da senhora Amaterasu não pode brilhar, veio um demônio atraído pelos gritos de morte e agonia. A esse demônio os soldados dos dois reinos temiam mais do que todas as coisas e a ele se referiam como “Shinigami”. Incansável, o demônio trucidava todos que, segundo o próprio, possuíam “coração impuro”, o que, com exceção às crianças, oferecia-lhe uma vasta quantidade de alvos.

    Uma trégua foi declarada, planos desesperados traçados e uma aliança forjada. Após uma batalha que reverberaria por milênios em poemas e canções, o Shinigami foi derrotado e aprisionado. Em consenso, decidiram que ficaria sob custódia da família Kojiro, detentores dos feitiços necessários para mantê-lo preso, até que se descobrisse algum meio de destruí-lo ou expulsá-lo definitivamente.

    O tempo passou e a paz amoleceu corações e músculos. Se havia mesmo uma magia capaz de acabar de vez com o Shinigami, nenhum descendente dos Kojiro pesquisou com afinco sobre ela. Pelo contrário, tornaram-se mais fracos e preguiçosos, geração a geração, acomodados com a garantia de terem uma arma de destruição em massa alojada em seus porões. Sabiam que do outro lado das montanhas os Yamazakis treinavam, mas julgaram que jamais ousariam atacar novamente, pois isso significaria a destruição de todos. O raciocínio funcionou com perfeição.”

    Mas que fique bem claro: eu não acho essa regra absoluta. A exposição aqui não me incomodou tanto, mas se você acredita com mais firmeza nessa regra, talvez fosse legal encontrar outra maneira de realizar toda essa explicação. Mas, de novo, não me incomodou muito.

    Dito tudo isso, devo frisar que gostei bastante do texto e as sugestões são propostas humildes, feitas mais como leitor do que como que gosta de escrever.
    Em tempo, adoraria ver essa história em uma HQ.
    4,5 o um anéis.
    Parabéns pelo conto!

  3. MARIANA CAROLO SENANDES
    27 de março de 2019

    Resumo: no Japão, dois reis disputam uma batalha mortal. Um deles, em desespero, utiliza uma última cartada suicida, levando dor para todos em nome do amor por sua filha. Porém, ele não conseguirá salvar a inocência do coração da menina.

    O autor foi corajoso ao sair da obviedade europeia e se arriscar no Japão, um país de história complexa e pouco entendida pelos ocidentais. A fantasia está presente, com o Shinigami e tudo mais… Algumas sugestões:

    A risada huahauahaua cortou a seriedade do texto. O formalismo japonês se perde nessa linguagem de internet. Apenas mencionar a garaglhada daria um efeito muito melhor.

    Quando fala sobre o sonho de voar em uma nuvem não tem como não lembrar de dragon ball. Aliás, Yamazaki e King of Fighters…

    Eu revisaria o texto, buscando uniformizar a linguagem (varia entre o formal e o informal). E investiria na cena do príncipe embriagado, pareceu bem interessante.

    Parabéns pelo trabalho

    ps: Título excelente.

  4. Priscila Pereira
    26 de março de 2019

    Herdeiros da Vingança (Keiko)

    Sinopse: Um samurai vai até o reino vizinho para vingar a morte de seu filho que havia invadido esse reino, matado muitas pessoas, causado muitos estragos e prejuízos e sendo morto pelos soldados do rei.O samurai quer matar a filha do rei para vingar o seu filho. A magia do rei está fraca, mas ainda guarda um demônio que foi preso muitos anos antes. Para não entregar a princesa para ser morta o rei faz uma ilusão para o samurai pensar estar matando a princesa quando na verdade está quebrando o feitiço que prende o demônio. O demônio solto mata o samurai, o rei e todos que tem a alma impura, a princesa escapou da matança mas jurou se vingar.

    Olá Autor(a)!

    Seu conto foi muito bem pensado e desenvolvido, eu gosto muito da cultura oriental e consegui viajar no seu conto. A ambientação e os nomes estão ótimos. A história é forte e bem estruturada, os personagens são verossímeis e profundos. Tudo foi cuidadosamente preparado nesse conto. Fiquei muito aflita na cena em que o samurai “mata” a princesa. Mas sabia que o rei não ia entregar a filha assim. Aposto que você tem filhos, só um pai ou uma mãe pode entender o que realmente seria sacrificar um filho, mesmo que fosse para o bem de um reino todo. Eu nunca faria isso e fiquei muito feliz do rei não ter feito!! Ótimo conto! Parabéns!!

  5. Renata Rothstein
    22 de março de 2019

    Conto de fantasia onde representantes de reinos inimigos se enfrentam, demonstrando todo seu poder, seja na arte da guerra, seja na arte mágica, ambos com suas dores, perdas e desejos de vingança.
    Demônios encarcerados que servem a um ou outro senhor, ou a todos, ou a nenhum – lutas que atravessam os séculos, movidas pela vingança.
    Excelente conto. O que dizer? magistral!
    Muitíssimo bem escrito, criativo, amei, amei esse conto.
    Acho que vejo aqui um primeiro lugar, com todo mereimento.
    Parabéns!

  6. Fheluany Nogueira
    21 de março de 2019

    O título já revela o tema: a vingança. O filho do rei invade o reino vizinho e causa grande destruição e mortes, antes de ser morto. O pai vem atrás de vingança, exigindo que lhe entreguem a princesa, cujo pai tenta convencer o vingador, lembrando-o de que estiveram em guerra por muitas gerações, atraíram um demônio que então era seu prisioneiro e que se liberto destruiria tudo. O pai da menina, ciente de que ela não poderia ser morta, preparou uma armadilha para o inimigo que acabou libertando o demônio; este matou os dois reis e fugiu prometendo voltar, quando a menina não mais tivesse a pureza de coração. A princesa Keiko velava o corpo do pai quando notou em suas mãos o mágico brilho azulado da vingança.

    O texto é construído como uma lenda oriental e os personagens são baseados em outros: Shinigami, o demônio, é entidade sobrenaturai da mitologia japonesa, que convida os seres humanos à morte ou que os induz a cometer suicídio. Os reis: Yamazaki é um personagem de videogame de jogos de luta, Kojiro é um dos principais personagens do mangá, samurai jovem buscando o aperfeiçoamento espiritual através da arte guerreira e Keiko, a princesa, significa sortuda em japonês. Se não há novidade, ao menos a roupa é nova e bem apresentada.

    A narrativa é madura, consciente, construída num clima de luta que lembra também os mangás e videogames. A imagem da pureza (Keiko) é explorada de forma cativante, emotiva. A graduação dos fatos serve para provocar sentimentos crescentes, pena que o excesso de nomes e outras palavras em japonês tenha travado , em parte, a leitura. O final aberto traz uma reflexão: vingança gera vingança ou, como a Lei de Newton: para toda ação existe uma reação.

    Parabéns pela premissa e pela técnica! É um trabalho muito bom. Boa sorte na Liga. Um abraço.

  7. Jorge Santos
    17 de março de 2019

    Resumo: No Japão feudal, um samurai invade a terra de um inimigo para vingar a morte do filho que tinha feito precisamente a mesma coisa.
    O conto lê-se bem, a ambientação está perfeita. Vê-se que o autor é fã da cultura e da história nipónica. A caracterização das personagens pareceu-me bem, tal como a introdução da magia. O único ponto fraco é, na minha opinião, a razão inicial da vingança e o medo que um homem pode infligir num exercito. Este é um tema reincidente na fantasia, a ideia de que um indivíduo pode ser tão poderoso que consegue fazer com que um inimigo entregue a própria filha para ser sacrificada. Mas estamos no domínio da fantasia, onde tudo é possível. Gostei do final. O meu lado de fã de animes ficou a desejar ver a continuação.

  8. Pedro Paulo
    15 de março de 2019

    RESUMO: Os reinos das famílias Yamazaki e Kojiro guerreiam por gerações, tendo se unido apenas quando diante de um inimigo em comum, posteriormente aprisionado pelos magos Kojiro. A animosidade entre as famílias é retomada depois que o único herdeiro dos Yamazaki é morto pelas tropas Kojiro ao invadir as terras do outro território, acarretando bastante miséria ao reino. O conto se desenrola com os monarcas inimigos decidindo como procederiam para quitar essa dívida, o Rei Kojiro no doloroso dilema de se sacrificar sua filha ou de instaurar o caos pela libertação do Shinigami, vulgo “inimigo em comum”. O enredo se encerra com Kojiro ludibriando Yamazaki, fazendo com que fosse ele a decidir e ocasionando a libertação do demônio. A luta do trio ocasionou a morte dos dois reis, restando apenas a princesa segurando o corpo do pai. O Shinigami prometeu voltar. E ela estará aguardando. A antiga magia dos Kojiro brotara em Keiko.

    COMENTÁRIO: Envolvente e revigorante! O primeiro elogio se atribui primeiramente à habilidade do autor de ter permeado toda a leitura de tensão, da primeira aparição de Yamazaki ao encontro dos dois reis e da conversa entre carcereiro e Shinigami encarcerado. Em todo momento, tudo estava em jogo, o próprio enredo se tratando da resolução de um conflito que foi ao mesmo tempo do presente e também de séculos anteriores, ultrapassando a banalidade do caso para adentrar a grandiosidade de um fato que poderia mudar o rumo da humanidade. Ali, naquele momento, no conto que lemos.

    Quanto ao revigorante, refiro-me ao enriquecimento do enredo com a recorrência à cultura japonesa para situar um plano de fundo singular, ao menos para mim que entendi as referências, mas não conheço profundamente. Mostrou um comprometimento do autor com o universo criado, dando mais vitalidade à leitura, fazendo o leitor sentir o mundo ao qual estava sendo apresentado. Parabéns pela ambientação.

    Enfim, devo elogiar também a qualidade técnica, com analogias e comparações que além de criativas, também corresponderam ao tema do conto, em que chamo atenção para os golpes desferidos por Yamazanaki na batalha final e, para um texto que pode ser exemplar, a maneira como descreveu a risada do Shinigami, algo que me tocou como algo que de fato poderia ser a risada de um demônio. Muito bom!

    Se eu fosse fazer uma crítica seria ao clímax, que na forma da reação de Kojiro ao incentivo da filha, pareceu-me um pouco clichê, à maneira dos animes/mangá shounen em que o protagonista repentinamente recobra sua força ao imaginar ou escutar seus amigos… mesmo assim, a descrição da breve batalha não deixou de ser clara e grandiosa, apenas o desfecho, com a única sobrevivente das duas monarquias tendo que enfrentar o grande mal, parecendo-me um pouco previsível, mas, ainda assim, e também por consideração de como o enredo chegou até ali, um final que me pareceu certo. Nota máxima, parabéns!

  9. Regina Ruth Rincon Caires
    8 de março de 2019

    Herdeiros da Vingança (Keiko)

    Resumo:

    Duas famílias, dois reinos. Yamazaki (de família de guerreiros imbatíveis) busca vingança pela morte do filho, morto pelos soldados de Kojiro (de família de mestres de magia). O pai, inconsolável, pede que seja ceifada a vida da filha do adversário. A princesa Keiko é ainda uma criança. Yamazaki relembra que não havia tomado o reino de Kojiro, o que poderia ter acontecido no passado. As famílias, por mais de três séculos, lutaram por poder e território. As lutas cessaram com o aparecimento de “Shinigami”, que para todos era o demônio, o “coração impuro”. Os dois reinos se uniram para que Shinigami fosse derrotado. E foi. Aprisionado, ficou sob a custódia da família Kojiro. Para não concretizar a morte da filha, Kojiro pediu ajuda ao “demônio” que estava no calabouço. Ele se recusou a ajudar, mas deixou claro que era tão “coração impuro” que nunca poderia tocar em almas puras (a princesa nunca seria atacada por ele). Kojiro prestou muita atenção nisso e arquitetou um plano. Levou a princesa à presença de Yamazaki, que ainda o aguardava no salão, a criança dormia. Yamazaki desfechou um golpe de espada sobre a menina, mas havia a magia de Kojiro e o corpo da menina desvaneceu-se numa fumaça azul. Shinigami fica livre/mata Yamazaki/mata Kojiro. A princesa fica salva. Shinigami promete voltar. E, nas mãos de Keiko, é possível observar o brilho azulado de vingança.

    Comentário:
    Um texto soberano. Bem escrito, bem pontuado, lógico. Trama muito bem costurada, inteligente. A gargalhada do Shinigami é hilária. A descrição da chegada do pai em busca de vingança é tão detalhada e contada de maneira tão ordeira que mostra que o autor conhece tudo de batalha, de luta, de hierarquia. O danado deve ser um leitor apaixonado por fantasia, por lutas orientais, por samurais… Sabe tudo… Se há deslize na escrita, nem percebi. O final é impactante. Conto primoroso.

    Parabéns pelo trabalho!

    Boa sorte no desafio!

    Abraços…

  10. Matheus Pacheco
    4 de março de 2019

    RESUMO: Um conto de Fantasia baseado na riquíssima mitologia japonesa, virando em volta de dinastias lendárias de guerreiros, magos, demônios, onde o filho de um dos lordes japoneses foi morto por um ataque alcoólico e este busca vingança do reino vizinho, fazendo com que esse busque auxílio de um demônio há muito aprisionado nos calabouços.
    COMENTÁRIO: Um conto excepcional que mistura os diversos elementos da cultura oriental de uma maneira que “47 ronins ” falhou miseravelmente, com varios elementos técnicos como os nomes em japones das mitologias.
    Um excelente conto e um abração

  11. Fernando Cyrino
    4 de março de 2019

    Caro Keiko,você me apresenta uma guerra ancestral. Dois reinos que tentam, desde muito tempo, se eliminarem. Uma tribo de guerreiros excelentes e a outra que era dona de um monstro encarcerado, através de mágica, em seus porões. Respeitavam-se até o dia em que o filho do rei dos guerreiros incríveis, ataca, bêbado, seus inimigos e provoca uma carnificina. Ao final ele termina morto e seu pai vem cobrar a vingança. Sangue de príncipe por sangue de princesa e aí a guerra recomeça terrível. No final a indicação de que a guerra havia terminado. As mãos da princesa, ao tomar em seu colo o pai morto, cintila o brilho azulado da vingança. Que bonito o seu conto, amigo. Conto-lhe, com prazer, que gostei bastante dele. Uma fantasia interessante e que me prendeu do princípio ao fim. Você tem um domínio excelente da nossa língua e a sua técnica literária é também muito boa. A trama está muito bem enredada e é bem criativa. Vejo-me, após as leituras (a primeira foi ontem) pensando na sua narrativa, o que mostra que ela me impactou bastante. Parabéns.

  12. Tiago Volpato
    1 de março de 2019

    Resumão
    Começa o texto com o ‘fodão’ da espada entrando em um castelo. Ele clama vingança pela morte do filho (que verdade seja dita foi um babaca e mereceu), ele pede a vida da filha do rei da magia em troca da do filho. O rei da magia fica indignado e depois de receber a garantia de um diabão (que ele tinha trancado no porão) que ia deixar a filha viva, solta o capeta para matar o ‘fodão’ da espada e acaba morrendo no processo. O capiroto deixa a filha em paz, mas diz que um dia vai voltar pra fazer a caridade de juntá-la com o papai querido. A menina decide fazer um cosplay de lady Vingança e jura que vai detonar o diabão.

    Considerações:
    Maravilha, melhor do que isso não dá pra ficar. Excelente narrativa, excelente habilidade de escrita, excelente domínio do tema e da cultura oriental em que o texto foi baseado. O texto é bem gostoso de ler, foi rapidinho, a história muito boa, com bons conflitos, os personagens foram muito bem desenvolvidos. Não tem nada que precise ser mudado, um texto que pra mim está perfeito.

  13. Givago Domingues Thimoti
    26 de fevereiro de 2019

    Herdeiros da Vingança
    Caro(a) autor(a),

    Desejo, primeiramente, uma boa primeira rodada da Liga Entrecontos a você! Ao participar de um desafio como esse, é necessária muita coragem, já que receberá alguns tapas ardidos. Por isso, meus parabéns!

    Meu objetivo ao fazer o comentário de teu conto é fundamentar minha nota, além de apontar pontos nos quais precisam ser trabalhados, para melhorar sua escrita. Por isso, tentarei ser o mais claro possível.

    Obviamente, peço desculpas de forma maneira antecipada por quaisquer criticas que lhe pareçam exageradas ou descabidas de fundamento. Nessa avaliação, expresso somente minha opinião de um leitor/escritor iniciante, tentando melhorar, assim como você.

    PS:Meus apontamentos no quesito “gramática” podem estar errados, considerando que também não sou um expert na área.
    RESUMO: “Herdeiros da Vingança” conta brevemente o encontro entre os chefes de dois clãs rivais: os Yamasaki e os Kojiro, além das conseqüências do ataque do filho de Yagyu.

    IMPRESSÃO PESSOAL: Pessoalmente, sou um grande fã de histórias épicas. Acho que a Fantasia é um gênero mais fácil para os jovens gostarem. Por isso, séries como Harry Potter, Percy Jackson e etc, fazem sucesso com as gerações mais novas.
    Ao final do conto, tive a impressão que li o prólogo de um desses inúmeros livros de Fantasia que tenho guardado comigo.
    O autor conseguiu criar cenas as quais me deram a sensação de estar dentro da história, lendo sobre o ataque de Shinigami.
    Acho que esse conto pode virar livro, quem sabe uma trilogia. Pitaco de leitor: se virar um livro, seria interessante fazer um épico que se passasse no Brasil ou na África… Japão já é muito usado

    ENREDO: O enredo é bom, seguindo o padrão do gênero da Fantasia Épica. A conclusão da história inevitavelmente deixa o leitor com gostinho de quero mais.

    GRAMÁTICA: Notei, em alguns parágrafos, a repetição demasiada da conjunção “e”, além também de outros termos. É um erro que vai travando a leitura.
    “Sem disposição para cerimônias, sentou-se frente a frente com Katsuo e, ato contínuo, tirou o elmo vermelho e pousou-o no chão.“ Aqui, minha sugestão seria: “… tirou o elmo vermelho, pousando-o no chão.”

    PONTOS POSITIVOS
    • O autor tem um talento para construir cenas.
    • É uma história que prende o leitor, com uma conclusão que deixa o leitor ávido por uma continuação.

    PONTOS NEGATIVOS
    • O conto tem a leitura travada em certos pontos.
    • Pensando por um lado, o conto é tradicional demais. Seria interessante escrever a história num outro ambiente social, usando referências mais próximas do nosso país.

  14. Luis Guilherme Banzi Florido
    26 de fevereiro de 2019

    Bom diiiiaaa

    Resumo: clássica história de vingança no Japão feudal: homem chega ao Reino do inimigo para buscar vingança pela morte do filho (que entrou bêbado e fez um estrago na cidade, matando 150 antes de ser morto). Como pagamento, exige a vida da filha do soberano, que se nega, e libera um antigo demônio que mantinha preso (e que também quer vingança, arre égua)

    Comentário:

    Excelente! A escrita é profissional: segura, impecável, agradável e fluida. Foi bem gostoso ler o conto, que passou rapidamente e nem percebi.

    Os personagens são bons, o fundo histórico entre as duas famílias foi bem construído, tem bons diálogos.

    O desfecho é um pouco inferior ao início, mas nada que comprometa o todo. Devo dizer que por um instante, fiquei preocupado que o kojiro virasse um ninja fodão e matasse o demônio. Eu teria achado bem broxante. Ainda bem que você só tava me enganando, e tudo acabou bem legal.

    Enfim, excelente trabalho! Parabéns!

  15. Rafael Penha
    25 de fevereiro de 2019

    RESUMO: Um lendário guerreiro visita o reino inimigo em busca de vingança pela morte do filho irresponsável. Diante da terrível ameaça, o rei se vê em um beco sem saída de escolhas e, de posso de uma arma mortal, decide dar ao inimigo a escolha. Com a libertação do Deus da Morte, o esperado acontece e ambos são mortos na batalha. O demônio parte para promover a matança enquanto a herdeira do rei chora, prometendo vingança.

    COMENTÁRIO: Uma história muito bem narrada e ambientada no lendário Japão místico medieval. A descrição, os nomes, o contexto são todos bem escolhidos e abordados. O conto traduz de forma maestral a o poder sutil, mas aterrorizante das lendas orientais. O enredo é bem costurado, sem se demorar em muitas explicações. Cada motivo é compreensível, justo e verossímil, em se tratando de uma fantasia oriental. O ritmo é crescente e mantém preso a cada segundo, aumentando a empolgação para o que vem adiante.
    A meu ver, o final derrapa. Diante de tanta tensão, o combate foi rápido e a meu ver, houve uma pequena queda na qualidade narrativa, que estava muito bem ao construir a tensão. As mortes de guerreiros tão poderosos não me trouxeram o impacto que mereciam, e achei o shinigami bem menos trabalhado do que os dois reis. O final me pareceu previsível, logo depois do recurso de ouro que foi a ilusão da filha ser a chave da soltura do monstro.
    Apesar da ressalva, adorei o conto! Um abraço!

  16. Fabio D'Oliveira
    25 de fevereiro de 2019

    O corpo é a beleza, a forma, o mensurável, o moldável. A alma é a sensibilidade, os sentimentos, as ideias, as máscaras. O espírito é a essência, o imutável, o destino, a musa. E com esses elementos, junto com meu ego, analiso esse texto, humildemente. Não sou dono da verdade, apenas um leitor. Posso causar dor, posso causar alegria, como todo ser humano.

    – Resumo: Yagyu Yamazaki chega em Sunagawa. Numa audiência com o mestre do clã Kojiro, Katsuo, exige uma troca que julga ser justa: seu filho fora morto pelos soldados de Sunagawa, então, pedia a vida da princesa Keiko. Diante desse impasse, Katsuo reflete. Preso no calabouço do palácio, um demônio feroz e sedento por sangue busca sua vingança. É Shinigami, inimigos dos dois clãs, que, no passado, alinharam-se para derrotá-lo. Katsuo, em seu desespero, causa da liberação do monstro. Todos morrem, numa intensa luta, com exceção de Keiko e Shinigami. Assim acaba a história, com a vingança nascendo nos olhos da pequena princesa.

    – Corpo: Você escreve muito bem. E o melhor, sabe conduzir a história de forma impecável. Percebi que leva jeito para o gênero do infanto-juvenil. Conseguiu dar um ar épico para o conto, criando minha curiosidade acerca do mundo que envolvia a rivalidade secular das famílias. Parabéns! Agora, vamos falar de uma coisa importante: repetição. Não sei por qual motivo, talvez para gerar um clima mais épico, você insistiu nos nomes completos dos protagonistas. É Yagyu Yamazaki aqui, Katsuo Kojiro ali, sem parar. A leitura, no início, foi envolvente pra caramba. Gostei mesmo. Porém, com o tempo e esse tipo de repetição, começou a ficar bem cansativo. No final das contas, não foi tão agradável. Em um momento, inclusive, você bota os sobrenomes dos personagens no plural. O ideal seria colocar algo como: Clã Yamazaki, guerreiros formidáveis, Clã Kojiro, mestres da magia. Cuidado com isso, pois fica estranho e ajuda a quebrar o ritmo da leitura — acho que é até errado de acordo com as normas do Português. Apenas cuide mais da lapidação final. Mas atente-se nisso: você já escreve de forma profissional. E talvez aventuras seja o seu forte. Não sei, só depois de revelado que poderei verificar se tem a mão boa pra outros tipos de narrativas!

    – Alma: O conto começa de forma impecável. Toda a apresentação de Yagyu foi fenomenal. Consegui criá-lo em mente, sólido e vivo. Apesar de Katsuo não seguir a mesma linha, toda a negociação entre os rivais foi bem interessante. Porém, depois que Kojiro desce para ver Shinigami, a qualidade do texto começa a cair de forma gradual. Primeiro, notou-se a irresponsabilidade dos protagonistas, coisa que poderia ser melhor trabalhado, dando certo contraste nisso — Katsuo como o covarde que não assume sua honra e Yagyu como um seguidor rígido da moral do período, mas que pensa no bem estar de seu povo também, coisa que ignorou apenas para manter sua vingança. No meu ver, os dois foram levianos nessa questão e isso não dar ênfase à rivalidade deles. Segundo, a condução do texto ficou acelerada perto do final, não apenas no combate, mas também nas explicações da rivalidade dos clãs e da origem do demônio. Antes, era mais lento e ponderado, depois, ficou meio afobado. Terceiro, as explicações sobre o passado dos clãs e do Shinigami foi muito superficial. Eu apostaria em ocultar alguns detalhes, como sua forma de matar e seu surgimento das profundezas do inferno, e inserir as informações importantes através do diálogo entre Katsuo e o monstro. Quarto, o argumento da liberação do Shinigami me pareceu fraco demais. O cara decide sacrificar quase todo seu povo pela sua filha só porque o demônio mata gente impura. Sério isso? Eu queria algo mais complexo, como uma manipulação mais ardilosa. Até a negociação proposta pelo Katsuo me pareceu mais razoável, sendo que Shinigami poderia enganá-lo no final das contas. E quinto, claro, onde o final foi a última dose que precisei para brochar por completo… Clichê demais! A menina vendo tudo, pedindo para o pai tomar partido e ajudar Yagyu, ele morrendo nas mãos do demônio e, para finalizar, ele provocando a princesa e no final surgindo as faísca da vingança nela — o que acho que esse ódio acaba com sua pureza, por isso achei o argumento da liberação tão frágil. O texto começou de forma sensacional. De verdade. Mas a construção do enredo, no decorrer do mesmo, deixou a desejar. Talvez seja impaciência. Talvez seja certa inexperiência. Não sei. Só sei que você tem muito potencial e poderia fazer MUITO melhor. Ah, apostaria numa coisa: o clã Yamazaki poderia ter algo de especial em seu sangue, como serem descendentes de alguma criatura ou deus, explicando assim sua força descomunal e talento para o combate. Aconselho a mesma coisa para a família Kojiro. Acho que isso fortaleceria as raízes da rivalidade. E, pra finalizar, mude a gargalhada do monstro, por favor. Eu não consegui desvinculá-la da Internet e memes, o que é ruim, pra mim, hahaha. Dê mais personalidade para ele.

    – Espírito: Fantasia. Épica e pura. Encaixou-se bem no tema. Você tem talento, desenvolvido ou inato, e já pode escrever de forma profissional se quiser. Claro, eu esperaria um pouco, para aperfeiçoar a criação e refinamento da obra em geral. Mas fique com isso em mente, pois, de certo, poderá ter pelo menos uma rendinha extra fazendo algo que parece amar.

    – Conceito: Ouro!

  17. Gustavo Araujo
    23 de fevereiro de 2019

    Resumo: rei samurai Yamazaki, de Owari, chega a Sunagawa e é recebido pelo soberano local, Kojiro. Segue-se um diálogo tenso entre os dois: Yamazaki alega que seu filho foi morto pelas forças de Kojiro e exige, como reparação, a vida da princesa Keiko. Para evitar isso, Kojiro ameaça libertar o demônio Shinigami, que tem poder para derrotar ambos os reinos, mas não os puros de coração. No fim, é isso o que acontece, o demônio é liberto, detona geral e poupa a princesa, ameaçando-a de voltar quando ela não for mais tão pura.

    Impressões: sou muito fã de história e cultura japonesas, especialmente aquelas que dizem respeito ao período feudal do país, onde este conto parece se passar. Por isso, já de cara o conto me atraiu. A história em si é contada de forma bastante competente, apoiando-se em diálogos bem tramados, com ameaças veladas e significados ocultos. É graças às conversas entre Yamazaki e Kojiro, e depois entre Kojiro e Shinigami que o conto ganha cores. É que por meio desses embates verbais uma atmosfera de suspense e antecipação vai se construindo, tornando a leitura algo “imparável”. É essa a principal qualidade do conto, aliás.

    O final aguardado, quando o demônio deixa enfim o calabouço, ficou um pouco prejudicado na minha opinião, devido ao limite de palavras, com os fatos se sucedendo de maneira um tanto acelerada. O arremate em si ficou bom, com aquela ideia de continuidade. Dessa forma, dá para imaginar que este conto se insere em algo mais abrangente, fazendo o leitor ansiar pela continuação ou até pelo que veio antes, pela história pessoal de Yamazaki e Kojiro.

    A linguagem e até mesmo os clichês do gênero foram bem utilizados, emprestando à trama uma fluidez típica do universo de mangás infanto-juvenis, com as gargalhadas maléficas e os lamentos de contrariedade. De fato, não há novidades quanto a isso, não há assim algo novo ou criativo, mas talvez não dê para fugir dos elementos tradicionais desse tipo de literatura. Isso também me deixou um tantinho frustrado, mas nada que prejudicasse a boa impressão que tive no fim da leitura.

    Creio que como fantasia temperada com tinturas orientais o conto ficou muito bom e deve agradar a maioria dos leitores, senão todos, sendo um forte candidato ao pódio e ao título.

  18. Antonio Stegues Batista
    23 de fevereiro de 2019

    Herdeiro da Vingança- conta a história de dois reis japoneses que entram em conflito por causa da morte do filho de um deles. Um demônio é libertado, mata os dois reis, destrói o reino, deixando viva apenas a princesa.

    O enredo é parecido com tantas outras histórias de guerreiros samurais, magos poderosos e demônios malignos. Mas a história é boa, o enredo, os personagens, a ambientação e a escrita são perfeitos. Infelizmente o demônio (faltou maiores descrições físicas dele) destrói os dois reinos e deixa viva a princesa. Por um detalhe ingênuo, penso eu, mas mesmo assim, válido, porquê assim é o destino do povo e seu demônio que deve voltar em outra ocasião. No mundo da fantasia vale tudo. Gosto muito de histórias de samurais e também, é claro, gostei desta.

  19. Angelo Rodrigues
    21 de fevereiro de 2019

    Caro Keiko,
    Resumo:
    dois suseranos lutam pela honra decorrente da morte do filho de um deles, que pede ao outro, aquele que matou o filho do outro, lhe entregue sua filha para equilibrar as perdas.

    Avaliação:
    gostei muito do conto, que tem enredo, personagem, clima e cenário. Bem estruturado coloca-se sobre um triângulo de força: dois homens em antagonismo e uma besta capaz de arruinar a ambos. Há também se movendo subterrânea a força do amor dos pais pelos filhos, um deles puro e o outro desregrado, e, ainda assim, capazes de cativar amor.
    Tem um clima delicioso dos contos japoneses, o que é interessante, particularmente por não trair a estrutura da literatura oriental, onde há uma sequência de fatos contados, de modo geral, de forma linear, sem twists ou surpresas irreverentes. Tudo está ali, aos olhos do leitor, que acompanha o fluxo da narrativa de forma passiva, bebendo a beleza que o texto é capaz de dar.
    A linguagem é apropriada, o ritmo, os nomes utilizados que certamente requereram do autor uma pesquisa apropriada. Há poucos escorregões de linguagem que serão facilmente corrigidos com alguma revisão.
    O único senão, talvez, seja chamar Yamazaki e Kojiro de samurais quando eram, ambos, suseranos. Samurai, a rigor, é um servo guerreiro, originalmente um servidor do império japonês, cobrador de impostos e administrador de terras, que posteriormente se tornou um soldado do império. Creio que chamá-los apenas de guerreiros – ou outra coisa qualquer nesse nível reverencial – seria mais apropriado, pois, suserano samurai, embora possa parecer aceitável no imaginário, é (foi) antagônico/contraditório no mundo real.
    Parabéns e boa sorte na Liga!!

  20. Miguel Miranda
    19 de fevereiro de 2019

    Muito bom!

E Então? O que achou?

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

Informação

Publicado às 17 de fevereiro de 2019 por em Liga 2019 - Rodada 1, Série A e marcado .
%d blogueiros gostam disto: