EntreContos

Detox Literário.

Lena (Evandro Furtado)

– Acabou, Lena! – disse Bruno, as sobrancelhas arqueadas em uma expressão de pena.

– Por favor… – ela implorou, as mãos entrelaçadas segurando o terço que foi o último presente de sua mãe. Ainda assim ele partiu.

Lena contemplou as paredes vazias no quarto ainda mais vazio. E ambos ainda estavam mais completos do que seu peito despedaçado.

Ela lançou-se à cama, bagunçando os lençóis brancos que todos os dias alinhava perfeitamente à espera de Bruno. Agora que ele não mais voltaria, não havia motivos para a organização.

Da janela, a luz matinal iluminava a pequena câmara. O corpo jogado de Lena fazia sombra a um pequeno armário cujas portas estavam abertas. Ao levantar os olhos, o que viu não foram as poucas mas limpas peças de roupa que tinha ali. Notou apenas o vazio que agora preenchia o espaço onde antes se encontravam as de Bruno.

Decidida, levantou-se, limpou os olhos e passou a mão pelo vestido. Os seios generosos cresceram ainda mais quando encheu os pulmões de ar.

Abriu a porta e saiu da pequena câmara. Desceu as escadas e chegou à rua em um piscar de olhos. Os cabelos desgrenhados contrastavam com a beleza de seu rosto. Tinha daquelas expressões naturalmente provocativas onde cada sorriso transformava-se em flerte. Ao seu redor, homens de meia idade giravam os pescoços enquanto passavam por ela, eles próprios com tolos sorrisos nos rostos ordinários.

Ela atravessou a rua, ignorando o fluxo constante de automóveis. Quando um deles lançou a mão à buzina para contestar, ela lhe lançou um olhar de desdém e preencheu-o de impropérios, enquanto continuou a balançar as cadeiras em direção à espelunca do outro lado da avenida.

Reconheceu Fabrizio em uma das mesas jogando cartas com outros dois sujeitos. Aproximou-se lançando as mãos experientes ao jovem que lançou-lhe uma reclamação de volta.

– Ora, Lena, não vê que estou jogando?

– Bati.

– Vê, vê o que fez? Acabei de perder 5000 mil liras. – Ela respondeu com um sorriso. Ele arrancou um cigarro das vestes e pôs-se a acendê-lo. – E agora, o que faço? – Lena deixou que ele tragasse uma vez e depois tomou o cigarro de suas mãos. Colocou ela própria na boca e depois lançou a fumaça no rosto dos outros jogadores.

– Ora, mas o que é isso? – protestaram, ao que ela respondeu com uma simples gargalhada.

Saiu rebolando em direção ao balcão, dirigindo-se a Giuseppe.

– Viu Bruno?

– Passou por aqui a pouco. Comprou cigarros e saiu por ali.

– Se ver ele de novo, diz que o procuro?

– Claro.

Virou-se mais uma vez para a rua, o sorriso ainda no rosto. Apoiou-se no balcão e começou a gargalhar. Pôs-se a levantar as pernas para o ar. Os rostos que a contemplavam dividiam suas expressões entre interesse e revolta. Ela não se importava com nenhum deles.

Lançou-se para fora e saiu caminhando pela calçada. Encontrou um grupo de crianças e pôs-se a brincar com elas por alguns segundos, mas logo se entendiou e seguiu seu caminho. Olhou para o céu cobrindo os olhos, checando a possibilidade de chuva. Voltou para a terra e suas banalidades.

Encontrou Bruno em um cruzamento conversando com uma moça. Parecia-lhe uma daquelas garotas comportadas que trabalhavam de costureira em uma fábrica dali de perto. O sorriso desapareceu de seu rosto. Cobriu os olhos com as mãos e saiu correndo na direção oposta.

Chegou ao quarto lançou-se à cama e não demorou muito a dormir.

Na manhã seguinte, levantou-se, limpou os olhos e passou a mão pelo vestido. Os seios generosos cresceram ainda mais quando encheu os pulmões de ar.

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20 comentários em “Lena (Evandro Furtado)

  1. Priscila Pereira
    22 de dezembro de 2018

    Lena foi abandonada por seu amante e decide ir atrás dele, entra em um bar, mexe com os homens, mesmo que nenhum a interesse. Encontra Bruno conversando com uma moça “certinha”, acaba fugindo, volta pra casa onde se prepara para seguir sua vida sozinha.

    Conto muito bem escrito, enredo muito simples, mas eficiente. O autor(a) sabe pintar a ambientação e os sentimentos e pensamentos da personagem muito bem. Parece uma pequena parte de algo muito maior, que com certeza eu leria com prazer. Parabéns e boa sorte!

  2. Givago Domingues Thimoti
    19 de dezembro de 2018

    Olá!

    Tudo bem?

    Bom, li e reli esse conto. Senti que tinha uma mensagem por trás do texto. Pode ter sido um devaneio meu, mas acho que consegui entender parcialmente.

    Gostei da Lena. Primeiro pelo nome. Acho que o primeiro passo para o leitor curtir um personagem é o nome! Além disso, ela me pareceu uma mulher determinada a reconquistar o Bruno. Desde que não se torne uma obsessão, acho ótimo.

    Entendi que no final, Lena desistiu de Bruno e partiu para outra. Se foi isso mesmo que ocorreu, achei que foi uma decisão acertada. Enfim, é só pitaco de leitor chato, pode ignorar se quiser KKKKKKKK

    Quanto à escrita, achei envolvente e muito cotidiana (o que é ótimo. É como se eu pudesse ver tudo acontecendo, do outro lado da rua)

    Parabéns pelo conto!

  3. Paula Giannini
    19 de dezembro de 2018

    Olá, Autor(a),
    Tudo bem?

    Resumo
    Após perder o companheiro, Lena descobre que, na verdade, não precisa dele.

    Meu ponto de vista
    Um conto simples, aparentemente, mas escrito de forma extremamente coerente e madura. A trama se fecha como em um ciclo, em uma metáfora ao feminino e seu modo de interagir com o mundo.

    Lena é bela e sabe-se assim, porém, sofre com o descaso do companheiro, e, ao vê-lo acompanhado, embora sofra, descobre que precisa sacodir a poeira. O modo como o(a) autor(a) conduz o conto é, para mim, o ponto alto do trabalho. Não há pirotecnia alguma aqui. O que se vê é um conto (com ares até de crônica) que, se por um lado nos traz um retrato de um dia na vida dessa mulher, por outro, sem tocar no assunto, nos revela, nas entrelinhas, a alma da construção dessa personagem tão real.

    Parabéns autor(a).
    Desejo sorte no campeonato.

    Beijos
    Paula Giannini

  4. Regina Ruth Rincon Caires
    19 de dezembro de 2018

    Resumo do conto: Lena (De Sica)

    Lena, mulher de beleza ímpar e chamativa, e Bruno terminaram um relacionamento, por opção dele. Percebe-se que Lena é uma mulher de vida desregrada, frequentadora de ambientes dados aos “prazeres do mundo” (gosta das quebradas da vida kkkkk). Abandonada, ela enfrenta a “sofrência” do recomeçar. Sendo uma mulher forte, que encara a vida de qualquer maneira, tenta não se importar com a ferida aberta, bate a poeira e segue em frente.

    Uma narrativa que brinca com a lascívia em meio ao drama. É muito sutil no trato com o desencanto, com a crueza da vida mundana.

    Texto excelente.

    Comentário/Avaliação do conto: Lena (De Sica)

    Texto muito bem escrito. Percebe-se certo refinamento de linguagem, o uso de um português “de gala”. Impecável. O teor essencial do drama, com muita perspicácia, o autor espalha pelas entrelinhas. Há que se ter certa malícia para sorver a feição da escrita, para captar o mordaz. Exige do leitor a mesma malícia que o autor injetou, propositalmente, em cada palavra escolhida. A dramaticidade é latente, não é aparente. Interessante a mistura do santo e do profano na trama (… implorou, as mãos entrelaçadas segurando o terço…).

    Um conto que acontece em um dia, num curto espaço de tempo. A figura escolhida é pertinente, remete à beleza de Cláudia Cardinale (similaridade com a beleza de Lena), atriz de cinema das décadas de 50/60/70. O pseudônimo é sobrenome do ator e diretor (Vittório de Sica), do mesmo período.

    O texto é tão primoroso que torna ainda mais difícil a escolha para o desafio.

    Portanto, diante da decisão que me cabe, tendo no páreo: “Lena” (De Sica) e “Tirana” (Corisco), o meu voto vai para “Tirana” (Corisco).

    Boa sorte!

    Abraços…

  5. Felipe Rodrigues
    16 de dezembro de 2018

    Homem sai de casa, abandonando mulher. Ela sai em busca desse homem, seus olhos são sinônimos de flertes, homens a observas, ela entra em uma espelunca e vê um cara jogando cartas, esse cara, provavelmente amigo do ex, diz que o fujão passou ali pelo bar, comprou cigarro e saiu. Ou seja, foi comprar cigarro… Logo ela, sempre rebolando, sai pelas ruas, brinca com crianças, vê o ex (Bruno) flertando com outra moça, uma bem-comportada. Então ela sai chorando com a mão no rosto, entra em casa, dorme e, quando acorda, o escritor quis dar entender que ela está gravida. É isso?

    O conto segue a tradição da pequenas histórias simples e sem grandes reviravoltas, mostrando esta espécie de drama feminino de um forma bastante peculiar. A frase “Tinha daquelas expressões naturalmente provocativas onde cada sorriso transformava-se em flerte” é digna de uma análise profunda e deixa a pergunta no ar, o texto é uma homenagem ou julgamento em relação a esta mulher?

    No conto, nada me parece autêntico, os escritor parece brincar com essa personagem, mostrando de forma estranha o seu modo de caminhar, aparenta até mesmo que – junto aos passantes da rua – ele mesmo não consegue vê-la como pessoa, dotada de história e sentimentos, mas sim como um misto de ingenuidade e sensualidade que serve para alegrar o dia de marmanjos e chorar por um amor perdido. Ao final, sabe-se que ela está grávida, e isso fecha o conto com um falso ar de grandiosidade. Não gostei.

  6. rsollberg
    13 de dezembro de 2018

    Fala, de Sica.

    Storyline: Mulher abalada por um rompimento desperta, resolve viver antes de “morrer” mais uma vez ao fim do dia,

    Então, lembrei-me de “Cotidiano” do Chico, todo dia Lena faz tudo sempre igual, enchendo seus generosos peitos com ar… Esse tom de estranheza, gerado pelo loop funcionou comigo, O fato de ser curto me fez ir e vir algumas vezes para buscar nas entrelinhas algo mais, num movimento do “loop” particular. A personagem de extremos, do terço e da fumaça do cigarro, do dia e da noite, serviu muito bem ao conto. Aliás, o ponto mais interessante do texto, no meu entendimento, é essa dicotomia tão presente, a bipolaridade hodierna, da tristeza a euforia, o rompante e a estagnação, o dormir e o acordar.

    A técnica é boa, rápida como pede o conto, dando movimento necessário para toda a história. O fragmento de um vida inteira.

    Parabéns.

  7. Matheus Pacheco
    12 de dezembro de 2018

    RESUMO: O Conto nos narra a separação de um casal e a não aceitação da mulher (Lena) com término. Mostrando que mesmo ela sendo uma pessoa que tira atenções ela é frágil e se mantem presa a uma rotina de tristeza.
    COMENTÁRIO: Me chamou muito a atenção desse conto porque eu tenho “Lena” em minha vida, uma pessoa muito bonita mas ao tempo frágil. Me chamando atenção até as coincidências de detalhes.
    Um ótimo conto e um abração.

  8. Ricardo Gnecco Falco
    7 de dezembro de 2018

    Resumo: Bonita mulher do signo de Peixes passeia pelas vizinhanças à procura de um homem que, mesmo mulherengo, julga ser o amor de sua vida naquela semana. Ao defrontar-se por um momento com a aspereza cinzenta da realidade, decide retornar para seu castelo encantado e mergulhar novamente em seus sonhos cor-de-rosa, onde prefere viver.

    Impressões pessoais: O texto está bem escrito e existe uma ponta poética permeando a história. Por tratar-se de um conto bem curtinho, não deu muito tempo para mergulhar com profundidade no multicolorido universo da personagem.
    Boa sorte no Desafio!
    Paz e Bem!

  9. Jorge Santos
    6 de dezembro de 2018

    Lena é um conto curto que conta a história de uma igualmente curta decepção amorosa. Bruno termina a sua relação com Lena, que perde a vontade de viver até que o vê com outra. Só nesse momento ela volta a ganhar vontade de viver. Estes momentos são habilmente descritos pelas decisões da personagem e não são uma revelação gratuita de um narrador omnisciente. Resulta daqui o charme do conto, que considero elegante e minimalista. Apresenta alguns problemas de pontuação e é excessivamente curto. Gostei da ideia do ciclo marcado com o elevar dos seios ao respirar. A vida é assim, feita de pequenos nada diários.

  10. Gustavo Araujo
    6 de dezembro de 2018

    Resumo: garota é abandonada pelo companheiro (namorado/marido), que deixa a casa em que vivem. Depois, ela vai atrás dele, nos lugares que ele costuma frequentar, para encontrá-lo conversando com outra mulher.

    Impressões: Confesso que fui atraído para este conto por causa da foto da Claudia Cardinale, rs Talvez por isso, talvez pelos nomes italianos que permeiam o texto, a impressão que me deu foi tratar-se de uma história pinçada do cinema daquele país. O nome “De Sica”, usado como pseudônimo pelo autor, conduz a isso também. O que se vê é um recorte cotidiano de uma mulher que é deixada pelo marido ou namorado – uma mulher voluptuosa, como a própria Claudia – e que depois vai em busca dele, passando pelos locais que ele frequenta. Boa descrição da cena no bar, aliás, atrapalhando o jogo de cartas. No fim, ela encontra o tal sujeito, que parece conversar com uma mulher comum, talvez até sem graça, o que força Lena (nossa protagonista) a encarara a realidade da separação, ainda que esteja pronta para começar um novo dia. Dito desta forma, o conto se assemelha mais a uma espécie de homenagem aos expoentes daquela escola cinematográfica, escrito sem grandes pretensões, mas ainda assim com boas descrições e bons diálogos. Leitura fluida e interessante, que permite um vislumbre da psiquê arrasada da mulher deixada para trás. Talvez o autor pudesse trabalhar mais nesse aspecto, alongando o texto, mas, pensando melhor, isso poderia prejudicar esse viés pelo qual optou. Uma escolha que merece respeito, em todo caso. Ao que se propõe, é um ótimo trabalho. Parabéns e boa sorte no desafio!

  11. angst447
    5 de dezembro de 2018

    RESUMO: Lena, um misto de Claudia Cardinalle com Sofia Loren, começa o dia sendo dispensada pelo namorado/amante Bruno. Primeiro, ela se entrega ao desespero pela perda, depois resolve ir à lutra. Na rua, revela seu poder de sedução, por onde passa atrai olhares de cobiça. Pergunta por Bruno, mas ninguém sabe onde está. Ele apenas havia comprado cigarros e partido. Logo depois, ela encontra o ex-love com uma moça, o que a faz perder a alegria espontânea e fechar os olhos, fugindo da cena que tanto a magoa. Volta para casa, atira-se à cama e ao acordar recomeça o seu ritual de protagonista sexy.

    Conto curto e bem escrito. O começo repete-se no final, embora as circunstâncias sejam outras. O clima criado é daqueles dos filmes italianos (se a moeda é lira, estamos na Itália, certo?), com a protagonista de formas generosas, exalando paixão e sedução. Um filme em preto e branco, com um diretor fumando sem parar.
    Gostei da caracterização da personagem e do quarto. Também achei bem provocativa a cena em que ela se insinua para a roda de amigos.
    A trama é simples, mas o sentimento abordado complexo. Há amor? Ou apenas apego a um amante? Afinal, Lena é mesmo apaixonada por si mesma, pelas promessas de felicidade, e talvez por uma ingenuidade tocante, cativa de sua própria teia de sedução.
    Não encontrei erros de revisão. Se existem, não os percebi. A linguagem empregada é adequada e agradável.
    O ritmo é bom, pois o texto é curto e não cansa em momento algum. Conto com vocação para roteiro cinematográfico.
    Boa sorte!

  12. Ana Maria Monteiro
    4 de dezembro de 2018

    Observações: o conto é curto, mas a história também o é, creio que falta mais ação.
    Prémio “A capacidade de seguir em frente”

  13. Virgílio Gabriel
    1 de dezembro de 2018

    O conto narra a história de uma mulher rejeitada pelo companheiro. De início ela se entristece, porém depois resolve ser superior a dor sentida. Ocorre que após demonstrar poder e força para quem estivesse a sua frente, logo se despedaça ao encontrar o seu antigo companheiro conversando com outra. Volta para casa, dorme, acorda, e um novo dia a espera pela frente.

    Dentro da proposta do(a) autor(a), o conto está perfeito. Bem amarrado (o início se abraça com o final), num mesmo ritmo, e de português adequado. Não é um conto que surpreende enquanto se lê, mas o faz refletir sobre ele ao final. Sem dúvida ficará em ótima colocação. Parabéns.

  14. Júlia Alexim
    28 de novembro de 2018

    O conto conta a história de Lena que é rejeitada por Bruno. Ela o procura ou quer aparecer para ele em uma espelunca próxima a sua casa, depois o vê com outra moça e parece estar se recuperando da rejeição, o que o conto insinua com a imagem de seios fartos cheio de ar. O conto é bem escrito, tem uma questão feminina, mas não faz um arco, uma história que prenda o leitor e permita que ele se emocione com essa personagem.

  15. iolandinhapinheiro
    26 de novembro de 2018

    Olá! Bom dia, De Sica. Vamos ao resumo: Moça chamada Lena recebe um fora do marido, fica alguns instantes no quarto onde morava com ele e depois sai pela rua com os cabelos despenteados, briga com o cara que buzina para ela (não porque ela seja bonita, mas porque ela atravessa sem olhar para os carros). Depois entra num bar, conversa com um boy magia amigo dela, pergunta pelo ex-bofe, faz coisas entranhas apoiada no balcão causando revolta nos fregueses, dá um gargalhada, sai, brinca com crianças e depois de tudo encontra o Bruno já com outra moça que pela descrição do autor é uma criatura bela, recatada e costureira. Naturalmente ela se chateia e sai correndo com as mãos no rosto. Estaria chorando? No dia seguinte ela repete a ação de passar as mãos pelo vestido e inflar os seios.

    Achei o começo do conto muito bom. O conflito já aparece no primeiro parágrafo, o autor traz lindas descrições para mostrar o sentimento de Lena, a gente vai criando uma empatia pela bela moça desolada. Aí Lena sai pela rua e parece não ter propósito algum além de morrer atropelada, fazer coisas loucas e desfilar sua exuberância pelas ruas da Itália. A impressão que tive foi que o autor é um cinéfilo dos que curtem filmes antigos (eu curto muito) e descreveu uma cena de algum destes filmes em que a mocinha sai pela rua toda provocativa para se autoafirmar como fêmea desejável. O problema é que no filme, onde o autor supostamente se inspirou, a parte da briga e o passeio posterior são apenas cinco minutos de duas horas de exibição, e serve para mostrar uma faceta do caráter da moça, e no seu conto é a história inteira. A parte final dá a entender que ela vai fazer tudo de novo todos os dias. A gente perde o interesse pela protagonista e passa a entender o Bruno. Quando se chega o fim do conto a gente pensa, ok, mas é só isso? Faltou emoção, faltou consistência ao conto, faltou sabermos mais sobre a Lena, o que faz, do que gosta… No primeiro parágrafo eu estava me perguntando por que o conto havia perdido para o seu oponente, mas quando chegou ao final eu estava concordando com os juízes, mesmo sem ter lido o que concorreu com este seu. O pessoal acha que fazer um conto é algo fácil, mas não é. O grande desafio de escrever um conto é conseguir concentrar uma ideia com começo, meio e fim, em um número reduzido de palavras, e ainda arrematar o texto com um final que agrade, surpreenda, gere impacto para quem leu, saca? No mais o conto tem fluidez, encontrei alguns problemas de colocação pronominal e o uso excessivo do verbo lançar/se lançar. Todo mundo lança ou se lança muitas vezes neste conto, especialmente a Lena. A repetição de palavras em frases próximas prejudica o conto. Agora vou ler o conto do seu concorrente. Um abraço.

  16. Sidney Muniz
    25 de novembro de 2018

    Bem, o conto fala de Lena, apaixonada por Bruno, uma moça bela que qualquer homem cobiçaria, mas que viu seu amor deixá-la e ainda tenta aceitar essa separação, o conto é bem curto e mostra apenas um recorte, um passeio dela à procura de Bruno, e quando vê que ele já está à procura de outra, ou parece estar ela tenta voltar para sua vida… Mais ou menos isso.

    Bem, é um conto muito bem escrito, num intervalo curto de letras e palavras, mas também é um tanto superficial e em minha opinião não revela tanto quanto deveria…

    Estou dando nota para o conto sem o pedido prévio de análise, caso venha a ser solicitado haverá o confronto das notas finais dos dois contos para escolha do vencedor do embate.

    Critério nota de “1” a 5″

    Título: 4 – Não sei, acho que o título é bom, mas penso que deveria ser um sentimento ao invés do nome dela, pois o texto na verdade não fala dela e sim da ausência de Bruno em sua vida… talvez algo parecido com “Ausência”, mas isso é porque sou chato demais.

    Construção dos Personagens: 4 – Lena é uma personagem bem construída, mas como falta algo mais para mim, queria ver mais sobre ela, entender um pouco mais de sua angústia e do que ela realmente sentia falta, seria mesmo apaixonada, ou acostumada a companhia?

    Narrativa: 5 – Uma narrativa deliciosa em minha opinião, me carregou pelo texto e por isso senti ainda mais falta de um pouco mais.

    Gramática: 5 – Vi a falta de uma vírgula antes de um “mas”, mas nada demais.

    Originalidade: 3 – É aquela história de um término de relacionamento, e “aparentemente” nada mais que isso.

    História: 2 – O problema está justamente neste nada mais, pois ele termina, ela caminha e divaga, e não há nada, ela simplesmente volta para seu quarto. Essa falta de atitude dela seria devido a sua imaturidade? Não sei, mas senti que essa ausência de algo atrapalhou muito e queria ver um pouco mais.

    Não é um bom conto em minha opinião, mas como continuo dizendo, sou meio chato mesmo, muitos devem gostar.

    Total de pontos: 23 pts de 30

    Boa sorte no desafio!

  17. Marco Aurélio Saraiva
    24 de novembro de 2018

    Seu conto, por um lado, agrada aos olhos graças ao seu estilo fluido, carinhoso com as palavras e bem escrito. Por outro lado, porém, o texto não tem muito sentido. Nada acontece, realmente. Lena aparentemente teve um passado difícil ou fácil demais, a ponto de tornar-se uma mulher com problemas sociais. Não foi a toa que Bruno a deixou; ela parece enlouquecida. O conto inteiro roda ao redor de uma Lena recém-deixada pelo namorado, e umas poucas ações que ela toma em seguida que não a levam a lugar nenhum. Apesar de haver um conflito no conto, não há desenvolvimento do personagem, nem um clímax ou uma conclusão.
    Enfim, apesar de você ter uma intimidade interessante com as palavras, o conteúdo do conto não agradou.

    • Marco Aurélio Saraiva
      24 de novembro de 2018

      Nota: lendo uma segunda vez acho que entendo o que você quis passar: que Lena, agora sem o namorado, está perdida na vida e, sem um norte, repete os mesmos erros, vez após vez, dia após dia.

      Mas ainda assim acho que o conto carece de profundidade ou mesmo de uma conclusão; qualquer que seja.

  18. Ana Carolina Machado
    24 de novembro de 2018

    Oiiii. Um conto que fala sobre uma jovem chamada Lena que termina um relacionamento com um rapaz chamado Bruno. Na casa dela observa o vazio que a ausência dele parece causar, tanto o peito dela como no guarda roupa, porém ela não desisti e no dia seguinte ajeita o vestido, respira enchendo os pulmões de ar e vai atrás dele. Até encontrar ele a Lena para e brinca com um rapaz que estava jogando dominó e o faz perder algum tipo de aposta, brinca com um grupo de crianças e no fim encontra Bruno com outra moça, o que a faz voltar para casa e logo dormir na sua cama solitária. No fim ela acorda novamente, seca os olhos, ajeita o vestido, enche os pulmões de ar respirando fundo e se prepara para outro dia. É interessante que o conto no fim dá a ideia de recomeço como se ela não fosse desistir dele tão fácil e fosse continuar o ciclo ou como se ela fosse viver um novo dia, esquecendo ele e respirando fundo. Um dia de cada vez. Parabéns pelo conto. Boa sorte no desafio.

  19. Paulo Luís
    23 de novembro de 2018

    Olá, De Sica, boa sorte no desafio. Eis minhas impressões sobre seu trabalho.

    Enredo: Uma bela jovem, apaixonada? E devota? De relacionamento rompido, a priori parece ressentida, mas em seguida passa a agir com certo deboche.

    Gramática: Nada que prejudique a narrativa.

    Tema: Um tanto dúbio, se alguma mensagem houve com a intenção de passar para o leitor, ficou muito bem enrustida, pois não senti a sutileza do autor(a). A falha pode está em mim mesmo, perdoe-me, mas realmente nada entendi. A tirar pela a atitude do uso do terço, a suposta devoção e a atitude debochada no ambiente do bar, o qual me passou o entendimento de bordel. Ficou-me tudo muito obscuro.

E Então? O que achou?

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Publicado às 20 de novembro de 2018 por em Copa Entrecontos e marcado .
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