Levada pelo vento, uma touceira de capim seco rolou pela rua de chão batido, precedendo a entrada de um cavaleiro no povoado.
Ele parou em frente ao bar, apeou, amarrou o cavalo no moirão e entrou no estabelecimento. Chegou ao balcão, pediu um copo de água.
Três homens jogando cartas numa mesa, prestaram atenção no homem esguio, de roupas empoeiradas, chapéu cinza ornado com uma fita preta.
Os três sujeitos cercaram-no. Um deles usava cabelos compridos.
— Bebendo água? O amigo não gosta de cachaça? Conhaque?
— Vim de longe. A garganta tá seca. Melhor água pra matar a sede.
O outro o encarou, examinando as faces.
— Apesar dessas rugas, do cabelo grisalho, dessa barba maranhada, reconhecemos você, Daniel Cavilha. Com essa cicatriz na beira do olho não há quem não reconheça. Traidor do bando. O sujeito que matou Zelão e roubou o malote com dinheiro.
— Vocês estão enganados. Meu nome é Jonas Silvestre. Não conheço vocês.
— Não me conhece? Sou o Milton, aquele é o Soneca e o Tonho. Eu, você, nós e o Zelão, roubamos o trem pagador. O Zelão inventou da gente se separar por causa da patrulha do delegado Severino. Zelão apareceu morto e o dinheiro sumiu.
— Você também sumiu– acusou Soneca, espetando um dedo no peito de Jonas. — Por longos anos estivemos a tua procura. Tivemos notícias de um tal Daniel Cavilha morador de Mesa Verde. Fomos lá, com sangue nos olhos para te dar uma surra, pegar o nosso dinheiro, mas descobrimos que tinhas morrido. Não, não desistimos, subimos o morro, entramos no cemitério e cavamos a tua sepultura. E o que encontramos dentro do caixão? Sacos de areia.
Tonho puxou uma pistola da cintura e encostou no flanco de Jonas.
— Vamos sair e nada de frescura. Para os olhos dos outros, somos um grupo de amigos que se reencontram para um bate-papo amistoso.
Jonas foi levado para uma casa abandonada. Amarrado a uma pilastra nada pode fazer.
— Vai confessar, ou não? – indagou Milton, arregaçando as mangas da camisa. Soneca pegou um pedaço de pau.
— Acho que quem matou Zelão foi o delegado Severino. Ele é quem ficou com o dinheiro. Eu fui preso em Butiá. Fiquei seis anos na cadeia. Cumpri minha pena e resolvi mudar de vida.
— Mentira! –gritou Milton e lhe deu um soco no rosto. A cabeça de Jonas foi jogada para o lado, um fio de sangue escorreu da boca. Uma paulada no peito quase quebrou uma costela. Ele respirou fundo, precisava resistir.
— O que veio fazer em Estrela? – vociferou Milton.
— Vim registrar um lote de terras.
— Que você comprou com o dinheiro roubado.
— Não. Ganhei de herança de um tio. O papel tá no bolso da minha calça.
Foi a vez de Tonho dar-lhe um soco no rosto. Uma mancha roxa surgiu abaixo do olho esquerdo. Jonas achou melhor confessar. Eles estavam dispostos a matá-lo a pancadas.
— Chega! Eu falo. O dinheiro está em Mesa Verde.
Milton estava impaciente. — Onde? Que lugar?
— Eu mostro o lugar. Vamos precisar de uma pá.
Milton desamarrou-o da pilastra, mas manteve os pulsos amarrados. Soneca arranjou uma pá, eles montaram em seus cavalos e partiram. Acamparam durante a noite e seguiram viagem logo que amanheceu.
Ao avistarem a cidade, Jonas disse: — Está no cemitério.
— Não acredito que está enterrado no teu túmulo! – exclamou Tonho. — Eu ainda pensei em cavar debaixo do caixão.
— Não, em outro lugar.
Ele seguiu na frente, caminhando entre os sepulcros. Parou por um momento diante de um túmulo, observando a cruz com o nome de Daniel Cavilha, seu verdadeiro nome. Havia simulado a morte, mas nem tudo dá certo. Seguiu adiante, estacando ao lado de um túmulo delineado por tijolos. Na cruz de ferro estava o nome do defunto pintado em letras brancas; Augusto de Borba Canto.
— Meu tio Agostinho, que Deus lhe tenha. O dinheiro está dentro do caixão.
Milton ordenou: — Tonho, pegue a pá e cave.
— Acho melhor colocar um lenço no rosto. – recomendou Jonas. — O velho morreu faz poucas semanas e deve de tá fedendo e cheio de vermes.
Tonho exclamou, enojado — Eu é que não vou abrir esse caixão!
— Nem eu! – disse Soneca, recuando. — Meu estomago é sensível.
— Me desamarra que eu cavo. – pediu Jonas, estendendo os braços.
Milton pegou a faca e cortou as cordas. Jonas agarrou a pá e começou a cavar. Estava cansado, com dores, fraco, mas precisava fazer aquilo. Tirou toda a terra até aparecer o caixão. Amarrou um lenço no rosto e abriu a tampa. A mochila estava aos pés do defunto. Ele pegou alguns maços amarrados com uma fita adesiva e atirou aos pés dos homens.
Eles ficaram surpresos e ao mesmo tempo maravilhados, a cobiça embotando seus sentidos. Quando voltaram a olhar para a cova, viram Jonas de pé, o caixão entre as pernas e dois revolveres reluzentes nas mãos.
As armas cuspiram fogo, cinco disparos e os três homens caíram mortos.
O som dos tiros sumiu na distância. Lá no alto um gavião guinchou e flutuou no ar ascendente. Jonas voltou a colocar o dinheiro na mochila. Desenrolou um pedaço de couro, pegou um par de esporas de prata e colocou nas botas.
Amarrou a mochila na cela. Jogou os três corpos na cova, cobriu de terra. Deixou a pá ficada na cabeceira do túmulo.
Quatro homens entraram no cemitério, apenas um saiu.
Olá, Billy
Resumo: num ambiente de faroeste, essa é a história de um desertor dum bando de criminosos que volta, é encontrado pelos antigos companheiros, tenta disfarçar sua identidade, mas é reconhecido. O desfecho da história é sua tentativa de lidar com esse clímax.
Comentários: é um bom roteiro, apesar de bastante comum (pro gênero) e simples. Conseguimos imaginar o cenário, há um tom meio teatral, dramático na história, mas é aquela superfície que queria ter visto mais aprofundada. O sentimento que fica é de algo com potencial que ficou devendo. Despretensioso talvez seja a palavra.
Além do mais, um ponto que costuma ser essencial em contos desse tipo é o desfecho. Às vezes, a frase final. E essa, eu sugeriria que fosse repensada. Soa bem infantil.
Boa sorte, meu caro!
Olá, Billy the Kid.
Numa vã tentativa de ser mais objetivo, resolvi, para este desafio, pegar emprestado o modelo de comentários do EntreMundos. Então vou dividir meu comentário em ambientação, enredo, escrita e considerações gerais.
A eles.
Ambientação: Funcional. Há uma pequena descrição no início que nos joga num cenário já muito conhecido, um western clássico. A partir daí, a situação e as falas dos personagens são responsáveis por construir a atmosfera do conto. Não há brilho; é tudo muito conhecido e sem as típicas pausas contemplativas que tanto fazem bem ao gênero. Mas há o conforto de estar numa viagem familiar. E, como fã do gênero, me senti bem aqui.
Enredo: Tal qual a ambientação, funcional. É uma história que usa e abusa dos clichês do gênero, sem fazer cerimônia, sem tentar disfarçar suas inspirações. Os personagens são rasos, até um tanto caricatos, estão ali apenas para fazer a trama se movimentar. Mas é difícil apontar como defeito, já que é exatamente a isso que o texto se presta: é um conto homenagem, e é muito honesto em sua empreitada. Gosto dessa franqueza.
O efeito colateral, porém, é a extrema previsibilidade do enredo. É muito fácil antecipar os rumos da história. E como o conto não traz nada além de seu enredo, sem nenhum tipo de aprofundamento em algum outro aspecto, o resultado final fica um bocado vazio. Mas acredito que sua intenção era realmente apenas entreter por alguns minutos e homenagear os clássicos do gênero. O que foi bem executado.
Nesse sentido, faço apenas uma crítica: como o conto não revela os motivos que fizeram Daniel Cavilha trair seu bando, não sabemos se eles são justificáveis, se têm alguma “honra” por trás. Dessa forma, a dicotomia “mocinho x bandidos” enfraquece, já que o nosso mocinho aqui pode ser ainda pior que os bandidos. Em outros contextos, não apontaria essa questão como um defeito. Ao contrário, seria até uma qualidade, rs. Mas, aqui, com a intenção tão escancarada de emular os westerns americanos, sinto que esse elemento fez falta para a construção do herói.
Escrita: O ponto fraco do conto. Confesso que tenho uma enorme má vontade com diálogos expositivos, e o texto é quase inteiramente construído em cima desse recurso. Várias falas são claramente inseridas para situar o leitor, servindo a ele, não aos personagens. Isso tira toda a naturalidade dos diálogos – que já seriam naturalmente difíceis de digerir por carregarem na caricatura. Foi um aspecto do texto que realmente me desagradou. Mas faz parte do jogo.
Considerações gerais: É um conto simples, honesto, que entrega aquilo a que se propõe. O problema, talvez, é que se propõe a ser muito pouco. De tão despretensioso, torna-se esquecível. Não é ruim, mas não alça grandes voos. Fica na média.
Desejo sorte no certame.
Abraço.
Buenas, Billy!
Nesse desafio, irei avaliar três fatores: aparência, essência e considerações pessoais.
O que ele veste, o que ele comunica e o que eu vejo.
É uma visão particular, claro, mas procuro ser sincero e objetivo. E o intuito é tentar entender o texto em sua totalidade, mesmo falhando miseravelmente, hahaha.
Vamos lá!
APARÊNCIA
Simplicidade.
Essa é a palavra certa para resumir a estrutura do conto. Narrativa simples, linguajar simples, estilo simples, desenvolvimento simples, enredo simples.
Sinceramente, não sei definir se isso é uma qualidade ou não.
É bem linear, sem promover nenhuma inovação, tendo uma natureza despretensiosa.
ESSÊNCIA
É uma homenagem.
A quantidade de clichês do western deixa sua intenção bem clara. É um texto que procura brincar com o leitor, não impressioná-lo. Não entendi algumas críticas quanto a isso. Se é intenção do autor, acho justo respeitá-lo, mesmo não gostando.
Tendo isso em vista, apenas reforço o pensamento que apresentei no campo da aparência: a simplicidade impera nos traços do enredo. Todos os personagens seguem estereótipos do subgênero. As cenas lembram os clássicos. E tudo é encaminhado propositalmente para isso.
Vejo isso como um mérito.
CONSIDERAÇÕES PESSOAIS
Eu não gosto muito desse tipo de conto, sendo sincero.
Ele não é ruim, não mesmo, mas sua falta de ambição acaba me incomodando um pouco. Gosto quando as homenagens acabam subvertendo tudo, criando o inesperado dentro do esperado. Mas isso é uma questão pessoal, que não influencia tanto na avaliação.
Mesmo assim, a leitura não foi ruim. Ela ocorreu com tranquilidade. A narrativa fácil ajudou nisso.
Parabéns pelo trabalho, Billy!
Olha, me desculpe. Acho que você não vai gostar muito do meu comentário.
Vou começar parafraseando o Jorge Santos no entremundos: “sabe quando você acha que vai comer churrasco e acaba comento peixe feito?” Eu sempre fui muito fã de western, em todas as mídias. Desde os épicos do Sérgio Leone estrelados por Clint Eastwood, com música de Ênio morricone, atores como John Wayne e terrence Hill, até jogos como call of Juarez e red dead redemption. Estava feliz em ver um texto com essa temática no desafio, mas infelizmente achei o texto bem fraco. Primeiramente, são tantos os clichês apresentados sem nenhum tratamento, de forma enlatada, que parece que estou lendo uma paródia. Além disso, a ambientação fica confusa ao apresentar nomes brasileiros, tanto de personagens quanto de lugares, o que quebra com um estilo que é puramente norte americano. Seguindo, temos os diálogos que parecem duros e expositivos demais, o que quebra o realismo. Por fim, temos um final pouco explicado, apesar de todas as exposições, cheio de furos. Por que o dinheiro estava enterrado? Por que o homem foi ao bar, sabendo que ali encontraria os seus antigos companheiros? O plano deles era matá-los desde o início? E de onde surgem as armas? Os homens haviam pego o protagonista, e não o desarmaram? A arma estava no caixão? O texto não explica nada. Enfim, acredito que seja um autor com pouca experiência (assim como eu). Não desanime, todo mundo começa de algum lugar, e faz parte do processo de amadurecimento receber críticas, pois a partir delas podemos perceber nossos erros. Boa sorte.
Felipe Lomar, pelo seu comentário vejo que você gosta de faroeste, que assistiu muitos filmes, inclusive de Sergio Leone. Você deve ter assistido O dólar Furado, com juliano Gemma. No filme ele leva uma surra dos bandidos, depois se vinga. Tem tem outros filmes que ele apanha dos bandidos também, parece que o mocinho gostava de apanhar para ganhar raiva. No filme Django, logo no início o personagem surge puxando um caixão por uma corda e se você viu o filme sabe que lá dentro tinha uma metralhadora. O diretor do filme gostava de filmar as cenas no barro, na lama, algum motivo ele tinha, não sei. Você assistiu o bom o mau e o feio de Sergio Leone e deve se lembrar da cena do cemitério, uma das cenas mais famosas do filme. O meu conto tem exatamente esses detalhes, esses clichês que é uma homenagem ao faroeste americano, tem cemitério, dinheiro no caixão, o personagem apanha dos bandidos e depois se vinga. Agora respondendo as suas perguntas, respondo a primeira com uma pergunta; quem disse que ele sabia que encontraria seus antigos companheiros naquela cidade? Ele foi lá registrar um lote de terra, era o único lugar que tinha um cartório. Quando ele roubou o dinheiro, ele enterrou no cemitério em Mesa Verde, não na cidade onde encontrou os bandidos. Ele enterrou o dinheiro junto com as armas e foi embora para outra região onde arranjou emprego de vaqueiro e esperou passar o tempo para depois pegar a grana. O conto é cheio de clichês, não é necessário dar muitas explicações, os clichês por si só se explicam tapando os furos que você encontrou.rs. Boa sorte no desafio.
Um enredo bem de faroeste, um estilo de narrativa cinematográfico, certa aridez na linguagem que encaixa bem com a história, personagens planos, algo cartunescos, eu diria, tudo muito articulado dentro da proposta do autor. Eu gosto do seu conto.
Minha única sugestão seria dar um pouco mais de corpo às descrições. Explicando, seu conto me remeteu para os filmes de faroeste, como eu disse acima, só que nesses filmes, há certa lentidão no ritmo, lentidão essa que falta ao seu conto.
Outra coisa que não curti foi a frase final. Explicativa e desnecessária ou eu não saquei a intenção, ou a referência, do autor ao finalizar o texto com ela.
Parabéns pelo trabalho. Desejo sorte no desafio. Um abraço.
Este é um conto bastante pragmático, bem encaminhado dentro do tema e seguro da história que apresenta, operando por através de diálogos que são informativos e situam a relação entre os personagens, sempre a lançar a história para frente. Por outro lado, desperdiçou a chance de trabalhar os personagens com maior profundidade, o que enriqueceria o texto e, possivelmente, desenvolveria complexidade no enredo, envolvendo ainda mais o leitor. Todo o contexto trabalha lugares-comuns do faroeste, o que atenua o impacto ao final do conto. O resultado é um texto cabível no certame, mas sem destaque.
Olá, Billy!
Gostei de seu conto. Tem um enredo simples, diálogos muito bem ajustados e ritmo bem adequado ao que se pretendia contar. Não vejo problemas em ficar abaixo do limite de palavras do desafio, desde que isso signifique que o texto alcance seu objetivo, e acho que você assim o fez.
Um enredo simples como este aqui sempre corre o risco de se atrapalhar quando esticado. Você optou por algo mais enxuto e acho que acertou na escolha. Embora o texto não tenha construções mais elaboradas, ou poéticas, sua graça fica mesmo na objetividade com que as ações acontecem e nos diálogos entre os bandidos. Os diálogos, inclusive, se configuram no principal mérito do conto pra mim.
Mas, embora seja um conto mais voltado à simplicidade, é possível também que não deva despertar nos leitores sentimentos mais extremos, tanto de ódio quanto de amor. E acho que esse detalhe vai fazer falta no decorrer do desafio, pois a simplicidade pode ser ótima, mas se a ideia é se destacar dentre tantos outros contos, pode ser que aqui ela seja prejudicial.
É isso. Boa sorte no desafio!
Caro Anderson você parece um dos bandidos do bando, teu comentário é duro e cru. 1- A única mensagem que eu tinha para dizer, eu disse.2- O enredo é o que ele é aquele que você leu assim como é. 3- Tens razão, a linguagem é estéril como são os desertos do Velho Oeste, terra de macho que pega boi na unha. Rebuscamento é para quem gosta de lantejoulas coloridas, coisa de maricas. 4- O leitor não presta atenção diz besteira.5- O outro encarou, examinando as faces para ver se tinha uma cicatriz, sacou broder? 6- Você precisa trocas de óculos.7- A fala eu coloco onde eu quiser, não me venha com regras ultrapassadas.8- Sim, o estômago tem acento, mas naquela hora não tinha. 9- A fincada foi fincada como ficou, fica o dito pelo não dito, sacou? De qualquer forma, obrigado pelo comentário. Se não gostou das respostas é só marcar o duelo, my brother, meus dedos estão coçando pra apertar o gatilho.
1. o tema do desafio está presente, e só; não há brilhantismo ou novidade; é tudo um pouco lugar comum; pra honrar as tradições, eu diria que o conto entretém, mas não edifica; não há a transmissão de qualquer mensagem relevante; ocupa as horas;
2. o enredo é o que é: entretém fazendo-nos acompanhar o desenrolar de uma treta entre bandidos; o protagonista é bastante fodão; gostei dele; mata a cobra e mostra o pau;
3. a escrita é correta, o que é um elogio, sem sê-lo; significa que a linguagem é crua, sem rebuscamentos, sem beleza, sem riqueza vocabular ou figuras de linguagem; apenas transmite, da maneira mais correta e objetiva possível, a mensagem pretendida; algo até um pouco jornalístico; a beleza, quando aparece, vem na forma de cenas, como desfecho fodão;
4. não se separa o sujeito do verbo com vírgula, o que, tive a impressão, ocorre em “Três homens jogando cartas numa mesa, prestaram atenção”;
5. só se tem uma face para ser encarada, o que torna injustificável o plural em “O outro encarou, examinando as faces”;
6. tive a impressão de que faltou uma vírgula na frase “Amarrado a uma pilastra nada pode fazer”;
7. notei que algumas falas aparecem em parágrafos já em curso, quando o mais correto seria inaugurar novo parágrafo;
8. a palavra “estomago” deveria ter acento;
9. a palavra “fincada” foi grafada sem o “n”.
O conto não traz exatamente uma novidade quando se pensa em faroeste: bandidos disputando entre si a recompensa. Ainda assim, o contista conseguiu prender a minha atenção para ver como ia acabar aquela história, ainda que supusesse o seu fim. Por que isso? Porque todo mundo gosta do desenvolvimento! Ainda que saibamos o que vai acontecer! Afinal por que assistimos a novelas, se sabemos que a bonitinha vai sofrer o pão que o diabo amassou e depois vai se dar bem, graças a Deus?!
Este conto é um western à boa maneira de Hollywood, cheio dos clichês do género. Nem sequer falta o arbusto a ser levado pelo vento. É uma história com arco narrativo fechado, que se lê de um trago. Peca pela rapidez desse mesmo trago, mostrando a ansiedade do autor em chegar ao desfecho. Aqui e ali poderiam ter sido incluídos momentos descritivos, por exemplo no momento da abertura do caixão.
Ambientação: Achei a ambientação boa, sacamos de imediato que estamos numa história de bang-bang
Enredo: O enredo é de médio para fraco. Os acontecimentos evoluem muito rapidamente, não deixando que o leitor se envolva com os personagens, que a meu ver, deveriam ser mais desenvolvidos, tinha espaço para isso. A trama é bastante linear, sem muitos atrativos.
Técnica: Achei a técnica boa, a leitura fluiu sem qualquer tipo de entrave.
Considerações Gerais: Um conto simples de médio para bom.
O conto é bem construído. Começa muito bem, com uma cena de bastante leveza, ambientando bastante bem em um pequeno povoado. Praticamente dá pra ouvir as músicas de bang-bang. O ardil para eliminar os inimigos foi muito bem planejado, surpreendente e verossímil. A frase final, no estilo Django, ficou muito legal. Como essas histórias faziam sucesso na década de 70… John Wayne faz falta. E eu acho que comparar um conto a um roteiro é elogio.
Conto simples e muito agradável, revelando o talento do escritor.
E aí, Billy!
Ambientação: boa, bem no estilo filme de faroeste. Tudo bem visual.
Enredo: razoável. A história não ficou muito verossímil. Se o cara forjou a própria morte pq voltaria pra cidade onde seus perseguidores moravam? E me diz, o que o título tem a ver com o conto? As esporas de prata são mencionadas de leve no final mas sem ligação lógica com o resto…
Escrita: boa. Precisa de revisão. Mas funciona muito bem pra contar a história de maneira interessante e fluida, apesar dos clichês do gênero.
Considerações gerais: um bom conto de faroeste. Mais pra enredo de filme que pra literatura.
Boa sorte!
Até mais!
Seus comentários são delicados, fofos, provem de uma mente arguta e sábia. Obrigado pelas gentis palavras. Em relação a imagem, eu não consegui um cowboy usando chinelo de dedos e por isso coloquei aquela mesmo. Quanto ao significado do título, acontece que não tem significado nenhum. Tem um filme chamado Sela de Prata, outro, Pistola de Ouro então resolvi colocar o que eu coloquei sem intenção alguma. Quanto a você considerar o conto enredo de filme, pois eu o escrevi com essa ideia, vai que alguém da Netflix lê e compra os direitos para um filme? Legal né?
😂😂😂 Cara, vc é muito da hora, gostei!
Eu não falei nada da imagem não, tá ótima e combina muito bem com o conto!
Coloca aí numa revisão alguma serventia pra espora, ia ficar ótimo! E eu amo a Netflix e vou torcer pra vc conseguir! Me avisa quando sair sua primeira série ou filme! 😘
Oi Billy The Kid.
Um faroeste bem classicão, daqueles que eu gostava de assisitr com meu pai, para desgosto da minha mãe, que achava violento demais para a minha idade rsrsrs.
Gostei, uma narrativa simples, sem firulas e que conta uma boa história. Por conta dessa simplicidade toda, não há grandes complexidades nos personagens ou no enredo. Mas, é um bom conto e é bem conduzido.
Num Masterchef, seu conto seria o picadinho bem feito, servido com arroz fresquinho e que dá vontade de sentar o chão e limpar o prato. É o suficiente para vencer a competição e superar os pratos sofisticadíssimos e complicadíssimos e cheios de técnica dos outros participantes? Não sei. Mas é bom e é bem feito e gosto muito.
A escrita é correta, sem deslizes, fluida e gostosa de ler.
Parabéns!
4 – Esporas de Prata
O conto funciona dentro da proposta.
Um amarrado de clichês de faroestes passados no Brasil. Não ficou mal, ficaria melhor se contasse uma história nova.
O texto tem algumas fragilidades que poderiam ser sanadas, tal como a rápida transformação do homem comum em ladrão ao tempo em que se transforma em alguém que havia preparado uma armadilha para futuras incursões ao túmulo onde ficara a mochila com o dinheiro.
O autor trabalhou sobre as necessárias coincidências relativas aos filmes que não carecem de lógica razoável, quando tudo parece ser construído de trás para a frente, gerando necessárias saídas que justifiquem um futuro “explicável”. O nome disso, entre outros, creio, é recurso ao clichê.
O conto é curto e, assim sendo, poderia ser trabalhado para dar maior verossimilhança aos fatos e amarrar melhor a lógica dos personagens.
Há necessidade de revisão, o que já foi abordado por outros comentaristas.
Boa sorte no desafio.
O conto aborda o tema proposto pelo desafio.
Há claramente intenção de explorar uma gama de clichês relacionados ao faroeste.
A construção da trama torna o conto bastante visual como roteiro de um filme de bang bang. A leitura flui fácil devido ao ritmo preciso e sem pausas desnecessárias.
Pequenas falhas de revisão:
nada pode fazer. > nada PÔDE fazer
dois revolveres > dois REVÓLVERES
a pá ficada > pá FINCADA
O desfecho da trama não chega a ser surpreendente, mas funciona.
Parabéns pela participação e boa sorte no desafio.
Esporas de prata
Olá.
Um faroeste reproduzindo cenas clássicas dos filmes e tendo como pano de fundo um também conhecido roubo de dinheiro.
Coesão – O texto é bastante curto, resumido eu diria e, sim, é coeso. Não diverge tanto na trama e mantém um certo conflito pulsante, apesar de não apresentar nenhuma novidade, nem no enredo, nem nas personalidades dos homens, nem no desfecho.
Ritmo – É bom, apesar de que os diálogos não pareceram tão naturais. Pareceu-me que você tentou dar algumas explicações do enredo por meio das falas e não soou tão bem para mim.
Impacto – Veja! Narrar histórias contendo elementos muito conhecidos tem dessas coisas, o leitor não vê tanta graça. Não é um texto ruim, precisaria de um enredo um pouco mais inovador, com personagens mais bem trabalhados. Você tinha espaço o bastante para fazer isso, para criar alguma subtrama, mas preferiu ser bastante resumido. Okay.
Espero ter contribuído um pouco.
Um abraço.
Caro Billy, o conto é um tanto simples e caricato. Todos os clichês conhecidos de filmes de velho oeste estão presentes: o forasteiro, cowboys, bandidos no saloon, tesouros enterrados no cemitério, tiroteios, etc. Contado de forma breve, com poucas reviravoltas ou originalidade, tive a impressão de estar assistindo uma esquete ou curta ilustrando o gênero western nos seus anos de ouro, naquilo que tem de mais comum. O tema do desafio está presente, mas pouco explorado. A frase final, entretanto, é um charme no todo do texto.
Boa sorte!
Esporas de prata
Achei um conto razoável, enredo e escrita simples. Não. Não é um comentário efeito manada, só porque os outros disseram uma coisa que eu vou dizer o mesmo. Sou sincero, autêntico tenho minhas próprias opiniões e gostos. Concordo com o colega, seus personagens parecem robôs. Acho que o enredo ficaria melhor num conto de ficção científica do que faroeste. Você disse mas não mostrou. Boa sorte.
Júlio Alves eu fiz um comentário, a forma de falar é clara e sincera, odeio gente que faz um festa para o conto e da nota zero. Temos que ser sinceros. Eu respeito o conto da outra pessoa falando o que penso. Desrespeito seria eu dizer que é lindo e não dar um parecer honesto.
Vou contratar o Jonas para defender as cidades do interior paulistas que estão sendo assaltadas por quadrilhas do crime organizado. Não precisa nem de metralhadora por em revólver de mocinho nunca faltam balas.
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O conto é bem simplista, o autor não mostra a movimentação dos personagens e em apenas dois trechos mostra o que eles sentem. Os diálogos são ruins e quem lê tem de adivinhar quem é quem que tá falando . A estrutura é razoável e o final sem graça. É meio que óbvio que “Quatro homens entraram no cemitério, apenas um saiu.” O leitor já sabia do acontecido na cova.
Emanuel Maurin, my brother, tu falou que o conto é simplista. Como, simples? O início do conto é digno de um filme de Sergio Leone, com trilha sonora de Ennio Morricone, se tu não gosta de filmes de faroeste não vai saber quem são, né? Imagina a câmera do Sergio focando a touceira de capim seco rolando pela rua, em seguida ele dá um close nas botas do cavaleiro quando ele apeia do cavalo e coloca os pés no chão.
Falou que eu não mostro a movimentação dos personagens, como assim, bro? Eles caminham, andam a cavalo, acampam, o bandido dá um soco no Jonas, a cabeça dele salta para o lado, o sangue esguicha. O Sergio Leone daria um close nessa cena, com certeza. Tu falou que os diálogos são ruins que não sabe quem ta falando. Você não prestou atenção, incomodado porque não gosta de faroeste? Se o bandido faz uma pergunta para o Jonas, quem responde é o Jonas. Por que eu iria dizer que o Jonas respondeu, se é obvio que a resposta é dele? Que é obvio que a fala seguinte ao do Milton é dele? Se tu não gosta de faroeste caboclo, não coloque defeitos onde não há.
Tu falou também que é meio que óbvio que o leitor já sabia o que aconteceu na cova. Tu não percebeu a filosofia semiótica da frase, o significado metafórico transcendental. Nem todos que entram num cemitério, sai, não é verdade? A frase é apenas um rótulo mostrando o final melancólico da figura do Jonas e todo o seu passado conturbado. As esporas que ele coloca nas botas, significa um novo recomeço, uma nova vida. De qualquer forma obrigado pelo comentário.
Por mais que eu tenha achado o comentário do colega meio descabido (devido à forma como comentou, não o conteúdo que falou), Sr. The Kid, o conto realmente tende ao lugar-comum e sua resposta falando sobre Leone só provou que não cumpriu sua missão na escrita, pois se Leone faria, você ou não deveria fazer ou já deveria ter feito e não precisado comentar aqui. Só não faço um comentário separado analisando pois 1) não tenho o tempo agora para ler tudo e 2) me perdi pela metade e o começo é Westworld (mecânico) e merecia mais
O começo é legal, concordo, mas quando chega aqui:
“Três homens jogando cartas numa mesa, prestaram atenção no homem esguio, de roupas empoeiradas, chapéu cinza ornado com uma fita preta.” SE OS TRES HOMENS ESTAVAM SENTADOS COMO FOI QUE ELES CERCARAM O PERSONAGEM? ” Os três sujeitos cercaram-no. Um deles usava cabelos compridos.”
Depois entra no diálogo:
— Bebendo água? O amigo não gosta de cachaça? Conhaque? – QUEM PERGUNTOU ISSO?
— Vim de longe. A garganta tá seca. Melhor água pra matar a sede. CADE A MOVIMENTAÇÃO DA CENA?
O outro o encarou, examinando as faces. – QUEM ENCAROU?
— Apesar dessas rugas, do cabelo grisalho, dessa barba maranhada, reconhecemos você, Daniel Cavilha. Com essa cicatriz na beira do olho não há quem não reconheça. Traidor do bando. O sujeito que matou Zelão e roubou o malote com dinheiro. OLHA O TAMANHO DESSE DIÁLOGO, QUEM CONVERSA DESSE JEITO E CADE A MOVIMENTAÇÃO?