EntreContos

Detox Literário.

O Expresso Fantasmão (Welington Pinheiro)

Te segura que lá vem ele, o Expresso Fantasmão. Todo preto, chei’de marra; sem luz, sem buzina; lá vem ele à toda, cavalgando endiabrado na buraqueira do morro.

Não é ônibus raro cá em cima, onde rua tem lama e beco é escuro, mas ninguém sabe a hora que ele passa. Não tem essa de escolher muito, malandragem, se Fantasmão dobra na tua esquina e você tá no ponto, não é você que pega ele, mas ele que veio te pegar. Sem atalho, sem moleza. Sem rota de fuga.

Expresso Fantasmão gosta de lugar feio e sinistro, só buraco. É tão raro no Asfalto que neguin às vezes se esquece que ele existe. Cá em cima a gente não esquece. Claro! Se tu num fica ligado, ele passa por cima, sem dó; não dá moral pra malandro.

No Asfalto, não. No Asfalto, Fantasmão é raro, pede licença pra passar.

Aqui no morro ele passa todo dia. Tem vez que fica até lotado e aí é o maior deus-nos-acuda. Chora mulher, chora criança, chora vovô.

“Tem jeito não”, diz os coroa na barbearia, “se tu mora no Rio, Fantasmão um dia te pega também. Tu sobe nele porque foi pro destino errado ou porque foi atropelado. Deu bobeira, busão sinistro te catou”. 

Sua rota preferida é aqui em cima. Sai todo dia pela manhã de alguma garagem escondida que ninguém sabe onde fica, passa pelos morros e cata jovem, cata velho; cata homem, cata mulher; bandido e trabalhador. Sobe malandro, sobe puliça, sobe geral. Se é você que tá no ponto, é você que vai embarcar. Então ele segue seu rumo, trotando a toda pelas ruas esburacadas, chacoalhando os bancos enferrujados e fazendo uma barulheira que deixa todo mundo com o coração na mão. E por fim termina no abismo do fim da linha. Lá, onde ninguém sabe o que tem no fundo ou além, breu total, gritaria sumindo no nada e deixando saudade pra geral que fica.

Dia seguinte ele volta, vazio; estômago faminto de gente.

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45 comentários em “O Expresso Fantasmão (Welington Pinheiro)

  1. Pingback: Resultados do Desafio Minicontos 2021 | EntreContos

  2. Elisabeth Lorena
    24 de julho de 2021

    quele conto que até poderia ser de terror, mas, mesmo bem escrito, deixa a desejar. Acho que pelas verdades que deixa antever entre sua obscuridade.
    Merecia mais umas linhas…
    Sucesso no Desafio.

  3. Natália Koren
    24 de julho de 2021

    Excelente! Adorei a forma da escrita e o ritmo, fluido, com frases curtas e marcadas. Tudo contribui para um impacto muito grande, que a temática merece. A ideia do ônibus é uma metáfora perfeita, e foi muito bem utilizada. Achei muito inteligente, bem construída e que faz realmente a gente refletir. Parabéns!

  4. Rafael Carvalho
    24 de julho de 2021

    Estou hoje que só lembro em música quando leio os contos de vocês… hehehe

    Não sei se serviu de inspiração ou foi eu que embarquei na loucura da comparação. Mas achei seu conto com um quê de “Veraneio Vascaina”, que li alguns trechos no ritmo da música. 😛

    Parabéns pelo conto, cheio de significado e critica social. Gosto mais de contos com histórias concretas que me contem sobre algo especifico, por mais que tragam metáforas de fundo, apesar disso é inegável a qualidade, força e criatividade do teu texto. Fico feliz de ter tido o prazer de ler ele. Boa sorte no desafio.

    • Welington Pinheiro
      25 de julho de 2021

      Olá, Rafael! Obrigado pelo comentário. Você está certo sobre a inspiração musical. Inclusive, no processo de revisão tive que alterar certos verbos porque sem querer acabei rimando, o que para o gênero conto não fica legal.

      Esse conto me veio de uma vez só, numa tarde enquanto trabalhava na minha varanda. Daqui é possível olhar meu bairro todo e eu acho que o conto foi sussurrado pelo mundo, o drama da minha cidade. Cresci num bairro pobre aqui no Rio de Janeiro e vi muitas “histórias do Expresso Fantasmão”, se você me entende. A metáfora a que o ônibus representa é onipresente nos rostos dos ambulantes, os bêbados do bar, as crianças na rua, os policiais cheios de feridas na alma, os velhos da barbearia, as donas de casa cuidando do dia, a juventude negra que tem seu futuro negado.

      Mas se é pra falar em música, eu ouvia Tihuana, “Bonde do Terror”, enquanto olhava um prédio todo descascado onde um dia moraram muitos amigos meus. Mas é a vida, amigo. Muito obrigado pela conversa, a leitura e o reconhecimento. Um abraço.

  5. gisellefiorinibohn
    23 de julho de 2021

    Hmm, sei nem o que dizer sobre este texto… se eu já sou ruim pra comentar o que é fácil, imagine este aqui…
    Conto? Crônica? Ensaio? Sei lá. Interessante, diferentão? Ah, sim, muito.
    Não dá pra negar que é intrigante e gostoso de ler… mas faltou alguma coisa, tipo, quem sabe, um enredo?
    Achei que a linguagem próxima da oralidade foi uma boa sacada. Mas não entendi o critério para as partes em itálico. Isso me distraiu um pouco.
    Quanto a erros, só vi um “à toda” na segunda linha, que está correto, e outro que já saiu “a toda” no último parágrafo.
    É isso. Gostei, mas não adorei. Desculpaê.
    Parabéns de qualquer maneira. Boa sorte! 🙂

  6. acapelli
    22 de julho de 2021

    Gostei do seu texto. Da metáfora e do ritmo da linguagem, quase poética. Não considero, entretanto, que ele tenha a estrutura de um conto, soou-me mais como uma crônica. Um comentário social muito oportuno, que se vale de uma alegoria para falar de uma realidade, mas que não conta uma história.

    Desejo sorte do desafio. Um abraço.

  7. antoniosbatista
    20 de julho de 2021

    Gostei do seu conto. As frases descrevem excelentes ideias, formando conexões perfeitas, elaboradas. Um bom argumento, bem escrito. Tive a impresso de ter lido algo parecido em algum lugar, não sei onde, não sei quando, mas isso não importa. Gostei das descrições e o final também ficou perfeito, não podia ser outro. Um conto surreal. Acho que vou dar uma boa nota para esse.

    • Welington Pinheiro
      25 de julho de 2021

      Seu Antonio! Que satisfação ver que o senhor gostou do meu conto e sentiu-se motivado a dar uma nota boa! Vindo de um escritor criterioso e criativo como o senhor, me sinto honrado. Muito obrigado.

  8. mariasantino1
    20 de julho de 2021

    Olá!

    Como fórmula de avaliação utilizo os quesitos: G -gramática, F-forma e C-conteúdo, onde a nota é distribuída respectivamente em 4, 3 e 3, e ainda, há que se levar em conta minhas referências, gostos e conhecimentos adquiridos como variável para tanto (o que é sempre um puta risco para o avaliado. KKK). Posso passar o rodo?

    G=4. Não há nada que possa justificar uma nota baixa nesse quesito. Parabéns!

    F=2. Confesso que não curti seu texto quando li pela primeira vez, pois tenho esse lance de achar tudo prepotente quando há qualquer alusão de que a narrativa fala diretamente com o leitor, e, como achei que meu texto não teria menor chance, não voltei a ler o seu, uma vez que julguei não ser necessário fazer qualquer avaliação para ele (desculpa se pareço rude). Bem, hoje vim conferir mais uma vez e o saldo foi positivo. Compreendi melhor e pude extrair maior significado do Expresso Fantasmão. É bacana esse tipo de texto onde há mais de uma leitura, pois, se formos observar o elemento sobrenatural matando e matando pelo prazer de matar utilizando-se do oportunismo no vacilo do outro é bacana, mas o elemento fantástico também é metáfora de sistema. Sendo assim, o ar de protesto e denúncia é passível de compreensão e a forma repassa isso sem necessidade de didatismo (o que é muito bom, pois todos nós temos dentes, né?). O tom de passividade também joga a favor, porque, a grande maioria só pode mesmo aceitar.

    C=3. É possível extrair sentido de denúncia acerca do sistema capitalista, de segregação populacional, onde no asfalto há pedido de licença e no local de menor infraestrutura o trem corre solto. E, nesse sentido, não há diferença nem de sexo, nem de idade, tudo é massa de manobra. Não é difícil chegar a essa interpretação e vc trabalhou bem para repassá-la.

    Parabéns e boa sorte neste desafio.

    Média final: 9

    • Welington Pinheiro
      25 de julho de 2021

      Caramba, Maria! Interessante esse seu modo de avaliar. Bem criterioso e com um espaço maior para a objetividade dos critérios. Acho que vou copiar isso nos próximos desafios.

  9. thiagocastrosouza
    19 de julho de 2021

    Bom, outro conto que li antes da final e fiquei assombrado com a qualidade. O texto nos coloca na rota do Fantasmão, como um passageiro que é pego de surpresa pelo ônibus que roda entre vielas do morro. Não sou do Rio, mas em São Paulo temos as lotações, peruinhas que vão pelas vielas das quebradas, muitas vezes, a única rota de fuga para quem volta para casa ou corre para o trabalho.

    O conto parece sair da boca de um morador, e vai nos trazendo aspectos da vida dessas pessoas. Mas, não podemos nos enganar, o protagonista é o ônibus, e é ele que o enredo vai carregando, feito gente, um amigo ou bicho da família, que transita entre nós, sente fome, dorme e acorda para mais um dia.

    Gostei demais desse conto!

    • Welington Pinheiro
      25 de julho de 2021

      Que legal, Tiago! Muito obrigado pelo comentário. Bem, hoje em dia eu não sou mais morador de periferia, como fui na minha infância, daí eu conhecer as gírias, as falas, o encadear musicado do pensamento e o jeito muito expressivo da galera. O bairro que vivo hoje também não é muito distante daquele passado. Há favelas por toda parte ao redor e da minha varanda aqui em cima (moro no alto de um morro, mas é “Asfalto”) vejo um mar de desigualdade social ao meu redor.

      E sim, você está certo: o “Expresso Fantasmão” é o protagonista sim. E ele não é o camburão da polícia, o “bonde da rapazeada” ou o “carro da linguiça” como alguns leitores entenderam (embora também não estivessem errados). Ele é todos esses juntos e mais algumas coisas bem abstratas, bem psicológicas. Ele está nos olhos e nas falas do povo periférico todos os dias. As narrativas do “sumiço” de vizinho, os conselhos para os mais (“te liga aí, moleque!”), as conversas sussurradas sobre possíveis “operações” da polícia. Igualmente, do outro lado, na casa do policial, enquanto ele se entope de diazepan pra dormir na véspera da “operação”. O “Expresso” assombra a todos nesta cidade, ele povoa os pesadelos das pessoas, as torna presa fáceis de discursos políticos demagógicos de inconformismo e às vezes leva alguns ao abismo sem fundo.

      Bem, é isso, amigo. Foi uma grande satisfação ter a sua leitura e ver o seu comentário. Um abraço.

  10. Matheus Pacheco
    18 de julho de 2021

    Resumo: Um texto que reflete o popular e o real. O fantasmão é o transporte precário e assombrado que devora homem, mulher e criança. Que corre de madrugada sem farol, buzina e freio. Quase como o ônibus 34.

    Coisas que gostei: Gostei muito da totalidade do texto, que mistura o popular e o real em uma semi lenda urbana.

    Coisas que não gostei: Gostei do texto em sua totalidade.

  11. Ana Carolina Machado
    18 de julho de 2021

    Oiiii. Uma história que é ambientada na favela e mostra a atmosfera de medo em que os moradores da comunidade vivem, a narrativa também mostra a questão da desigualdade social e de tratamento, pois tem um trecho que fala de como no Asfalto(provavelmente está se referindo a bairros nobres e com ruas pavimentadas) a história é diferente. O enredo foi bem conduzido e no final fica a ideia de um ciclo sem fim. Parabéns pelo texto e boa sorte no desafio.

    • Welington Pinheiro (W. Green)
      25 de julho de 2021

      E olha de quem eu ganhei uma leitura e um comentário super bacana! Valeu, Carol! Wilde Green falando por aqui. To chegando no Entrecontos e to curtindo rs.

      Minha querida, eu adorei o seu conto. Ele foi um dos melhores do concurso pra mim. Quando vi as autorias serem divulgadas fui buscar quem havia escrito o “conto das crianças” e que surpresa foi a minha quando vi que era de uma escritora conhecida. Valeu, minha amiga. Grande abraço e obrigado pelo comentário no meu busão do mal rs.

  12. Regina Ruth Rincon Caires
    18 de julho de 2021

    O Expresso Fantasmão (Mc Plutão)

    Comentário:

    Menino, não sei dizer qual é o fundamento, mas li o texto como se ele falasse do Caveirão. A incoerência entre a abordagem serena e a abordagem truculenta que acontece no asfalto e no morro.

    Texto sensacional, de muita amargura sem ser “down” (na acepção da palavra). A linguagem simples, coloquial, aproxima o leitor. Juro que até me escondi detrás de um muro!

    Além de entreter, o conto leva o leitor a matutar sobre problemas sociais, sobre essas diferenças cruéis entre morro e asfalto. Parabéns pela abordagem sem ódio, consciente. A paz só será alcançada com paz, aconchego, amor. Não testemunharemos a virada, mas ela virá. Gerações futuras, ainda em formação, serão protagonistas da mudança.

    Não há qualquer crítica a ser feita sobre o texto. Nada sobra e nada falta, tudo está na medida exata.

    Parabéns, Mc Plutão!

    Boa sorte no desafio!

    Abraços…

    • Welington Pinheiro
      25 de julho de 2021

      É uma pena que não exista o botão do coração indicando um “super curti” para este comentário. Regina, você captou perfeitamente o que desejei transmitir. Sim, o conto não tem uma atmosfera down, embora trate de um tema tão pesado. E isso foi proposital. Morei toda minha infância em zona periférica e boa parte da minha família ainda está por lá, embora o lugar tenha sofrido melhorias. E as pessoas na periferia têm uma liguagem própria, um jeito diferente (que não aparece muito nos livros), de falar sobre as angústias e sofrimentos da vida. Nossa cultura está cheia de manifestações dessas dores. O samba, o funk, os terreiros de umbanda, todos contam histórias tristes, narrativas sofridas e algumas histórias de superação, mas tudo isso numa linguagem nada down. Não pode haver espaço para o esmorecimento da alma quando problemas sociais estão a toda velocidade correndo atrás da pessoa, entende?

      Bem, é isso, querida. Obrigado pelo comentário.

      • Regina Ruth Rincon Caires
        26 de julho de 2021

        Obrigada pelo retorno! Seu conto é lindo! ❤

  13. Andre Brizola
    17 de julho de 2021

    Olá, Mc Plutão!

    Este, talvez, seja o conto mais singular deste lado do desafio. Muitas gírias, frases construídas de formas atípicas e, provavelmente, uma metáfora como tema central. O enredo substituído pela descrição do ônibus do título do texto.

    Achei, logo no início, de que o Expresso Fantasmão seria uma metáfora para alguma espécie de camburão da polícia militar. Ser no Rio de Janeiro, citar os morros, e o fato dele não distinguir quem sobe (exceto no asfalto, que entendo ser a parte abastada da cidade), me causaram essa impressão. Entretanto, essa minha impressão de ser uma metáfora fica abalada com “sobe malandro, sobe puliça, sobe geral”. Então, desprovido de maior conhecimento da periferia carioca, fico na dúvida sobre do se trata de fato. E sem a metáfora o conto perde muito.

    Está bem escrito, o linguajar cheio de gírias confere até um certo ar musical para o texto (reforçado ainda pelo MC do pseudônimo), e flui fácil e rápido. Mas, no geral, achei que faltou algo mais.

    Bom, é isso, boa sorte no desafio!

    • Welington Pinheiro
      25 de julho de 2021

      Fala, Brizola! Olha aí, o cara tem o sobrenome do governador que quis educar a favela. Muitas homenagens aqui.

      Cara, você foi o único que se ligou no detalhezinho do “sobe puliça”, que foi colocado ali justamente para fazer o leitor ficar com a sensação que você ficou. Não, eu não estou falando do camburão da polícia. Não apenas, entende? O Expresso Fantasmao é uma metáfora para o medo permanente e a fragilidade da vida no contexto de violência urbana da nossa cidade. Ele é o espírito da guerra do tráfico no morro, que mata preto favelado mas também mata policial, barbariza o espírito dos seres humanos, embrutece. O soldado da polícia é algoz e vítima também. Você tem pobre dos dois lados, pretos dos dois lados, corações “atropelados” e esperanças pisoteadas dos dois lados.

      Quem vê o camburão da polícia, interpreta bem (“sente a história”), mas não esgota a questão. Enquanto conto que flerta com a fantasia, com um ar surreal, “Expresso Fantasmao” é metáfora da morte decorrente da violência urbana, da banalidade da vida, do anonimato dos cadáveres e da indiferença das autoridades para com a vida de todos nós.

      Valeu pela leitura, governador. “Tamo junto”!

  14. Fabiano Sorbara
    16 de julho de 2021

    Conto que usa a linguagem das comunidades carioca, bem atual e representativa.
    Sinistro o texto. Por incrível que pareça ele usa do bom humor para falar de problemas tão sérios. Posso estar errado, mas na minha interpretação o “Expresso Fantasmão” é uma metáfora para o Caveirão do Bope. Olhando por essa perspectiva só posso dizer que foi uma ótima sacada na construção para uma crítica social. Por favor, não diga que estou enganado (rsrsrs).
    História bem original. Meus aplausos.

  15. Catarina Cunha
    16 de julho de 2021

    MINI – Perfeito em sua forma e originalidade. Estilo consolidado e ousado.

    CONTO – Brilhante o paralelo com o famoso “caveirão”. Tenho uma queda por contos do cotidiano com pegada de critica social. “Pega um, pega geral”!

    DESTAQUE – “Todo preto, chei’de marra; sem luz, sem buzina; lá vem ele à toda, cavalgando endiabrado na buraqueira do morro.” – Só esse comecinho já merecia nota 11, mas não pode, né?

    • Welington Pinheiro
      25 de julho de 2021

      Ahaha obrigado pelo comentário, Catarina! “Nota 11”? Po, muito obrigado! Legal que você percebeu a linguagem musicada do narrador, o espírito da voz do morro.

  16. DAYANNE DE LIMA PINHEIRO
    15 de julho de 2021

    A linguagem típica do carioca, questões típicas do carioca, e Caronte de repente não conduz mais uma barca e sim um ônibus, afinal a morte já não é mais no varejo e sim no atacado.
    Excelente texto, parabéns!

    • Welington Pinheiro
      25 de julho de 2021

      Tem um quezinho de carioca nesse comentário: “morte não é mais no varejo, mas sim no atacado”. Vou desenrolar o tapete pra princesa passar, heim! Rs

  17. Fernanda Caleffi Barbetta
    13 de julho de 2021

    Olá, Mc Plutão, li seu conto como se ouvisse um rap, pois ele tem ritmo, ginga. E, pelo seu pseudônimo, vejo que era justamente esta a sua intenção. Missão cumprida. Gostei bastante.
    É um texto que parece ter sido escrito para ser divertido, mas que, na verdade, foi escrito para chocar, para incomodar, com uma mensagem pesada, real, que nos convida à reflexão.
    O único ponto negativo é que achei o texto repetitivo. A mesma ideia é contada mais de uma vez. Creio que poderia ter sido escrito com bem menos palavras.
    Bem escrito, encontrei apenas um deslize nessa crase: “trotando a (à) toda”

  18. Giovani Roehrs Gelati
    12 de julho de 2021

    O conto está legal, mas seria mais interessante se esse expresso fosse uma metáfora com alguma coisa. Por algum momento pensei se tratar do Caveirão do BOPE ou algo do gênero. Acredito que a narrativa teria uma pegada mais crítica e a meu ver não seria tão linear se seguisse nessa ideia.
    A leitura é bacana, tranquila e vale a pena.

  19. Paulo Luís Ferreira
    12 de julho de 2021

    Resumo: Ônibus de uma comunidade carioca
    Gramática: Linguagem coloquial das comunidades carioca
    Comentário: O conto procura, numa linguagem dos morros carioca, trazer uma alegoria popular, embora não seja uma linguagem universal, passa a ideia de um cotidiano de uma comunidade. Não conheço a realidade dessas comunidades, mas acredito que o autor passou a mensagem com maestria. Bom trabalho.

  20. Kelly Hatanaka
    11 de julho de 2021

    Oi Mc Plutão.

    Excelente, seu texto. Muito raro uma crítica social construída com elegancia e inventividade.

    No início, não entendi do que falava. Mas, à medida que lia, fui me sentindo familiarizada, entendendo, construindo o entendimento junto com o texto, usando o que vemos no cotidiano.

    Achei coisa de mestre!

    Parabéns!

    • Welington Pinheiro
      25 de julho de 2021

      Ora, “coisa de mestre”! Obrigado pela gentileza, cara autora!

  21. iolandinhapinheiro
    10 de julho de 2021

    Olá, MC Plutão.

    E aí eu encontro um texto que usa um expresso para representar a morte que chega no morro com a sua democrática coleta. Basta estar no ponto, na hora, no local que o destino escolheu para que ele lhe colha. Não com uma foice, mas com um coletivo que vai arrastando suas vítimas.

    Achei criativo. Achei a linguagem adotada coerente com a história escolhida. Infelizmente a linguagem algumas vezes resvalava para mais formal, seria interessante se fosse do começo ao fim mais a cara do povo das comunidades.

    Muito criativo o seu conto. É bom encontrar textos que nos tiram da produção em série.

    Por outro lado, a escolha de colocar um veículo como protagonista desta história dificulta uma maior identificação. Por quem eu vou torcer? Mas é uma escolha.

    É isso, parabéns pela participação e sorte no desafio.

    • Welington Pinheiro
      25 de julho de 2021

      “Por quem eu vou torcer?” Esta é a ideia, Iolanda. Você percebeu magistralmente com essa sensação de desorientação. Deixar o leitor no meio do tiroteio. A guerra do tráfico no Rio de Janeiro não é uma brincadeira de polícia e ladrão como muitos discursos demagógicos buscam mostrar, achando que tudo se resolve com ainda mais violência.

      As coisas são como são aqui pela indiferença do Estado para com a vida dos mais pobres. Por isso, joga brasileiro contra brasileiro, enquanto a omissão e a indiferença governa o destino de todos.

      Que surpresa vê-la por aqui! Obrigado pelo comentário.

      • iolandinhapinheiro
        27 de julho de 2021

        Olá, Will.

        Fiquei anos sem participar do Entrecontos e resolvi voltar somente neste desafio, isso porque fiz uma grande campanha pelo Tema Livre, torcendo para que não ganhasse, e como ganhou eu me senti na obrigação de participar.

        Quase ninguém compreendeu o meu texto, mas eu me diverti muito até com as críticas rudes que fizeram. Acho que vou tentar participar mais.

        Meus parabéns pelo seu sucesso no desafio. Foi brilhante.

        Obrigada por seu comentário no meu conto e por me responder gentilmente por aqui.

        Sorte sempre.

  22. Júlio Alves
    10 de julho de 2021

    Muito bom. As metáforas estão no ponto, a voz narrativa também e o que se fala é muito importante. Me parece algo vindo de Marcelino Freire ou Férrez, de via alegórica bem viva. Me encanta sempre narrativas que tragam a realidade como uma extrapolação.

    A única coisa que achei estranho foi o uso de itálico, algo que me soou em alguns momentos como o pé musical do conto e em outros apenas um modo de destacar palavras que fugiam da norma (coisa que eu, particularmente, não faço e não recomendo que se faça, por motivos além de estético).

    Parabéns pelo conto, foi um dos meus preferidos!

    PS: O título ficou muito bom, o paralelo com o Expresso Polar (crê em deus pai, que filme bizarro) e a realidade carioca permite que o conto seja mais afiado ainda.

    • Welington Pinheiro
      25 de julho de 2021

      Júlio, obrigado pela crítica e gostaria que você me falasse mais sobre isso. Enquanto coloquei esses itálicos confesso que me senti desconfortável. Minha intenção foi apenas mostrar que a fuga da norma culta era proposital. Mas os colegas criticaram isso e fiquei com a sensação que realmente não era necessário.

      Obrigado pelo toque.

      • Júlio Alves
        25 de julho de 2021

        Ah, não acho que seja um problema destacar, só que, ao destacar, você também destaca um pouco quem te lê, e se for só pela linguagem, você pode deixar direto. Mas é um detalhe de nada, relaxe!

        Abraços, e mais uma ve, parabéns pelo conto

  23. claudiaangst
    10 de julho de 2021

    O expresso fantasmão me pareceu a morte ceifadora. Recolhe todo tipo de gente sem fazer distinção.
    O texto é fluído, bom de ler, mas estou em dúvida se pode ser considerado um conto. Parece mais uma ótima crônica, mas não vou levar isso em consideração na hora de avaliar.
    A descrição foi tão boa que fiquei mesmo com medo de tomar esse expresso … Melhor não dar bobeira no ponto, viu.
    O final é bem fechado e preciso. Impactante.
    Parabéns pela participação e boa sorte no desafio.

    • Welington Pinheiro
      25 de julho de 2021

      Sim, Claudia! Interpretação perfeita. A morte ceifadora na visão do periférico. Não era o camburao ou o bonde, como muitos quiseram ver, mas a metáfora maior por trás de todos eles. Em poucas palavras você resumiu super bem. Valeu, minha querida!

  24. Victor O. de Faria
    9 de julho de 2021

    BOI (Base, Ortografia, Interesse)
    B: Pontos pela criatividade! Só eu que li pensando numa música? É uma narrativa musical bastante inovadora, que traz elementos culturais e uma história bem fechadinha, focada no personagem do título.
    O: Tem muitas pausas, mas compreendo que é pelo estilo adotado. Mesmo assim, o texto flui muito bem. Só faltou saber em que batida o autor(a) se inspirou.
    I: Seu texto foi o primeiro que me chamou a atenção pelo início. Dizem que é no início do texto que se prende o leitor, então aqui você conseguiu. Tem uma pegada bem humorada com ares de crítica ao cotidiano da periferia. Provavelmente, alguns vão dizer que isso não é um conto. Mas pra mim, a história está toda ali. Só não vê quem não quer.
    Nota: 10

    • Welington Pinheiro
      25 de julho de 2021

      Ahaha valeu, Victor! Tem sim, uma pegada musical, meu caro. Inclusive, na revisão eu precisei modificar construções que nasceram rimadas, o que a meu ver, não é adequado ao gênero textual proposto.

      E te respondendo: “Tihuana”. A ideia surgiu enquanto trabalhava na varanda ouvindo “Tihuana”. Valeu, meu caro.

  25. Priscila Pereira
    9 de julho de 2021

    Fala aí, MC Plutão!
    Isso aí é um Rap? 😏
    Então, eu achei legal a ideia da morte ser representada por um ônibus fantasma, e tals, mas… Faltou um enredo, uma história, alguém que de verdade que foi pego por ele… Ficou meio repetitivo a ideia, sabe, já tinha sacado que ele pegava geral os desavisados, não precisava explicar mais. Mas acho que como Rap ia ficar bem legal, heim! Quero ouvir depois!
    Parabéns!
    Boa sorte! Até mais!

  26. Eduardo Fernandes
    7 de julho de 2021

    Gosto muito da ideia. Gosto da linguagem rasgada e cheia de gírias, mas não exageradamente que prejudique o entendimento como aconteceu num outro texto que li.

    Acho que há alguns problemas a nível da edição, que quebram um pouco o ritmo do texto.

    Tipo, tás a usar frases curtas impondo um ritmo rápido, depois lanças uma “Não tem essa de escolher muito, malandragem, se Fantasmão dobra na tua esquina e você tá no ponto, não é você que pega ele, mas ele que veio te pegar. ”

    Mas não é nada assim tão grave que prejudique muito.

    Parabéns

  27. Anderson Prado
    6 de julho de 2021

    A morte ronda os morros cariocas.

    Como era o título mais besta do meu grupo, só peguei pra ler porque era obrigado. O título promete pouquíssimo, mas o conto entrega muito. Leitura deliciosa, divertida; com uma escolha sábia, criativa de palavras; e há muita, muita crítica social disfarçada de bobice. Leva um surpreendente 10 pra casa.

    • Welington Pinheiro
      25 de julho de 2021

      Ahahaha “título besta”, “bobice” ahahaha. Gostei do teu estilo, camarada. Sincero e bem humorado. Po, valeu pelo comentário e a leitura. “Tamo junto”! Rs

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