EntreContos

Detox Literário.

Velharia (Fernando Cyrino)

Caso fossem essas diferenças bobas do tipo: eu gosto de azul e o Jairo adora o vermelho, tudo bem. Só que na nossa situação os contrastes são tremendos e nos colocam em cantos opostos no ringue da convivência no mundo. Trata-se de coisas do tamanho de: sou socialista e estou sempre pronta a lutar pelos direitos dos empobrecidos, enquanto ele é radical de direita, odeia homossexuais e considera os brancos superiores. O mais louco disso tudo é que eu o amo com toda a força de que é capaz o meu coração.  É isto, mesmo que ele me faça, não, poucas vezes, sentir raiva e ficar de nariz torcido, rabo metido entre as pernas por causa dos absurdos que costuma dizer. Conhecem vergonha alheia? Pois é…

Há uns meses veio visitá-lo um amigo, chamado por ele de Major. Vocês não imaginam o tamanho das maluquices que conversaram. Foi chocante vê-los discutindo a respeito do formato da Terra. Sim, os doidos mais do que questionar, afirmavam que o planeta é plano! Pior foi quando o cara abriu os mapas e tirou do embrulho uma terra plana coberta por um domo de vidro. Fiquei toda aflita e como nem percebiam meu desconforto e eu não queria me meter naquelas doideiras, parti para a cozinha. 

Estávamos diante de um novo interesse e claro que ele fez com que várias coisas mudassem em casa. Por exemplo, as séries que curto na televisão foram ficando para escanteio. Somente os documentários a respeito desse assunto é que passaram a ser mais que exibidos, repetidos infinitas vezes.

Enquanto os exércitos de tratores do Major e do Jairo iam aplainando a Terra, Dona Branca, permanecia envolta nos seus “glória a Deus”. Ela se converteu e passou, de um ano para cá, a dividir seu tempo entre os cultos na igreja e o apartamento. Meus pedidos a Deus eram para que o Senhor a fizesse obreira, pastora, sei lá. Que lhe desse um trabalho tal que nem mais viesse em casa, deixando o marido só para mim. Não gosto dela e sou correspondida. Está sempre me agredindo. O paraíso para ela aconteceria se eu não existisse. Odeia-me porque Jairo me ama. Simples assim. 

A tragédia que fez com que tudo mudasse e eu perdesse a proteção do meu amado, aconteceu num domingo. Deu seis horas e nada de ele descer para fazermos o nosso passeio matinal. Caso me pedissem para apostar, diria que a demora acontecia porque a minha rival dera um jeito de prendê-lo. Cheguei a pensar que devia me vingar fazendo as necessidades no tapete novo da sala. Como os gemidos não surtiam efeito e eu já estava no auge da aflição por um “banheiro”, me preparei para os latidos desesperados. O alarido ia ser tão grande que o meu senhor não teria alternativa, a não ser vir correndo.

No mesmo momento em que abri a boca ouvi vozes lá em cima. Dona Branca chorava ao telefone. Subi as escadas e me postei onde podia ouvir o que acontecia. Orelhas em pé e soube que a questão era de saúde. Pedia socorro dizendo que o marido jazia na cama feito morto. Tomei um choque e por um momento, até esqueci a aflição. Desci e, na certeza de que não haveria passeio, me aliviei na área de serviço. A ambulância levou o meu amado. 

O velho ausente e a bruxa se tornou mais bruta. Parecia querer descontar em mim a doença do marido. Jairo tinha sofrido um “Acidente Vascular Cerebral”. A primeira surra, se deu por conta daquilo que eu havia deixado entre a máquina de lavar e um balde. 

Tinham se passado uns quatro meses e   o meu amor estava voltando. Aquilo merecia fogos e champanhe. Minha felicidade sofreu um baque ao vê-lo: pele e osso, rosto flácido, boca torta e dedos parecendo garras. Jairo, além de não falar, perdera os movimentos. Somente o braço e pé esquerdos se mexiam. A cama nova era de ferro. Alta, estranha e cheia de manivelas. Foi com dificuldade que consegui escalá-la. Nossos olhos se encontraram e pude sentir o tamanho da alegria dele ao me abraçar, todo sem jeito, com aquele braço que ainda servia para alguma coisa. A gente chorou de felicidade.

Olhos fechados e não notei a chegada da rival. Dona Branca entrou aos berros e seu safanão me jogou longe. Senti dor, mas o que precisava era de correr, pois que iria me lançar o que estivesse à mão, machucando-me ainda mais. Relevei tudo, o que importava era que Jairo havia voltado. A lembrança deliciosa de sentir o braço do meu amor tentando, inutilmente, me segurar tornava molhados os meus olhos. 

Acabaram-se os passeios. Tinha que cumprir as necessidades em uma folha de jornal e ai de mim se as minhas unhas grossas de bicho velho rasgassem o papel. Estava aos pés da cama quando a bruxa me acenou. Segurava nas mãos a coleira vermelha. Acreditei no milagre. A madrasta tinha se transformado em mãe carinhosa e me chamava para passear. Saímos, eu à frente abanando o rabo, quando o puxão me jogou aos seus pés. “Calma, sua cadela sem vergonha, não caminharemos até o parque. Dessa vez passearemos de carro.” 

Confesso que perdi metade da minha animação, mas se tem algo que a gente não resiste jamais é a sair de casa, então entrei no carro cinza. Dona Branca ia silenciosa ao lado do motorista. Passamos por vários bairros e nada de chegarmos ao lugar do tal passeio. A cidade rareava, as casas iam ficando espaçadas. Pensei cá com as minhas pulgas que seria uma caminhada pelo campo. Nunca tinha ido tão longe e torcia para que a experiência diferente fosse interessante, mesmo tendo ao lado uma companhia tão desagradável.

Segurava o enjoo quando, enfim, paramos. O homem abriu a porta e arrancou a minha coleira, sinal convencionado para todo cachorro de “aproveita e corre”. Correr já não tenho mais idade para isto, mas saí para explorar a área. Cheirei um tronco, espantei um passarinho, reparei na borboleta azul em seu voo meio sem rumo. Então olhei para trás e cadê o carro que estava ali? Fui abandonada. Experimentei, da pior forma possível, a expressão que tinha ouvido uma vez do meu velho Jairo: “mais perdida do que cachorro caído de mudança”. 

Eu, uma cadela idosa de um casal de velhos, aliás, não dos dois, mas do marido da velha, castrada, o que significa que acumulei gordura pelo corpo afora, largada num fim de mundo. Só que de uma coisa eu tinha certeza: jamais permaneceria ali parada. Administrei o pavor que sentia, cheirei o ar e me virei para a direção que tínhamos vindo. Então corri. Constatei logo à frente, língua faltando pouco para se arrastar na poeira, que há muito deixara de ser atleta. Afrouxei o passo na certeza de que acertaria o caminho. Sol forte e a sede me obrigaram a beber da água suja de um córrego e a barriga desandou. Escurecia quando aquelas casas distantes umas das outras apareceram. Sentia-me esgotada e resolvi descansar em um abrigo de ônibus. Tive um sonho lindo, meu Jairo estava curado e nem sinal de dona Branca. 

Fui acordada pelo canto do primeiro galo. Aproveitei a trégua dada pela fome e me lancei na estrada. A cidade ia crescendo, chegou o asfalto e aumentava o movimento de automóveis e gente. Quase morri umas quatro ou cinco vezes até descobrir que motorista não respeita cachorro. Meu senso de direção, igual ou mais apurado do que o dos pombos correio, fazia toda diferença. Virei à direita em uma avenida e, três quadras adiante, à esquerda na rua em curva. Apertei o passo ao reparar que me aproximava dos meus domínios. Só mais dois quarteirões e bem à minha frente o parque se mostrava imponente. Eu estava salva. Dá para imaginarem o tamanho da minha alegria?

Um pouco mais de esforço, o estômago encostado às costas e eu latia e abanava  o rabo diante do nosso prédio. Josias sorriu e pegou o interfone. Seu rosto foi se tornando sério. Balançou a cabeça e veio até mim. “É, Pretinha, não tenho notícias boas para a senhora. A patroa, não aguardava a sua chegada. Contou-me que tinha te doado para uma amiga e que ela lhe ligara para dizer que a senhora, não tendo se adaptado ao novo lar, tinha fugido.” Ainda por cima ela mentia descaradamente. Ânsias que tive de morder as pernas gordas da bruxa.

Queria morar por ali, viver na expectativa de ver meu Jairo de vez em quando, mas nem precisava ter alguma inteligência para perceber que aquilo era algo impossível. Jamais que os moradores consentiriam em um cachorro habitando por lá. Nessa hora conclui que eu tinha me tornado uma velha cadela em situação de rua. Abaixei a cabeça e desci do passeio. Nem sei se foi carro, ônibus, ou caminhão que me atropelou. 

Bem, senhoras e senhores santos Anjos, agora que lhes contei a minha história, vocês já têm todos os dados para concluir minha ficha. Ainda há uma pergunta? Os meus três maiores desejos aqui na eternidade? Essa eu tiro de letra: aguardar a chegada do meu amor Jairo. O segundo é que fizessem aqui no céu uma réplica do Central Park, exatamente como via nos filmes, para que todo dia possa passear nele com o meu Jairo. O último talvez seja um pouco mais complexo: Dá para vocês mandarem Dona Branca lá para as profundezas do inferno? 

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21 comentários em “Velharia (Fernando Cyrino)

  1. M. A. Thompson
    11 de abril de 2020

    Olá autor(a)!

    Antes de expor minha opinião acerca da sua obra gostaria de esclarecer qual critério utilizo, que vale para todos.

    Os contos começam com 5 (nota máxima) e de acordo com os critérios abaixo vão perdendo 1 ponto:

    1) Implicarei com a gramática se houver erros gritantes, não vou implicar com vírgulas ou mínimos erros de digitação.

    2) Após uma primeira leitura procuro ver se o conto faz sentido. Se for exageradamente onírico ou surrealista, sem pé nem cabeça, lamento, mas este ponto você não vai levar.

    3) Em seguida me pergunto se o conto foi capaz de despertar alguma emoção, qualquer que seja ela. Mesmo os “reprovados” no critério anterior podem faturar 1 ponto aqui, por ter causado alguma emoção.

    4) Na sequência analisarei o conjunto da obra nos quesitos criatividade, fluidez narrativa, pontos positivos e negativos, etc.

    5) Finalmente o ponto da excepcionalidade, que só darei para aqueles que realmente me surpreenderem. Aqui, haverá fração.

    Dito isso vamos ao comentário:

    TÍTULO/AUTOR: 9. Velharia (Pretinha)

    RESUMO: Mais um conto narrado por um cão que presencia as trivialidades da vida, a morte de vizinhos e a discussão sobre assuntos polêmicos ou idiotas, de acordo com o ponto de vista.

    CONSIDERAÇÕES: A narrativa é agradável, mas eu fiquei esperando decolar e não decolou. O final também não foi aquele fechamento com chave de ouro, talvez pelos três desejos fugirem bastante da minha realidade.

    NOTA: 3.5

    Independentemente da avaliação aproveito para parabenizar-lhe pela obra e desejo sucesso na classificação.

    Boa Sorte!

  2. angst447
    11 de abril de 2020

    Adorei seu conto. E detestei a Dona Branca, que bruxa insensível! Leitura bem gostosa, mas ao mesmo tempo, angustiante devido ao abandono de Pretinha. Quando criança, em casa, tínhamos um pequinês chamado Pretinho. Saudades!

  3. Daniel Reis
    10 de abril de 2020

    9. Velharia (Pretinha)
    Tema: abandono e fidelidade que não passam com o tempo.
    Resumo: Pretinha, a cachorrinha narradora, é apaixonada pelo seu dono Jairo e maltratada por Branca. Quando o dono sofre um AVC, a mulher dele tenta abandoná-la, mas ela volta e acaba morrendo atropelada, quando então descobrimos que conta sua história aos anjos.
    Técnica: a técnica é bem límpida, a história segue o fluxo natural, sem solavancos…
    Emoção: …porém, me fez muito mal ler essa história, eu sinto muito o sofrimento da personagem, demais até para eu conseguir gostar da história ou me satisfazer com seus desejos no céu…

  4. Valéria Vianna
    10 de abril de 2020

    A tristeza e as dificuldades de uma velha cadelinha, que sonha viver sozinha com o seu dono, que a ama e sofreu um AVC, e é maltratada pela esposa dele, que não a suporta e aproveita o momento de fragilidade dele para abandoná-la à própria sorte e morte.

    Nota: 4,5

    Mais um conto em que o narrador é um cachorro (aqui, especificamente, uma cadelinha) e isso faz com que o tema se perca um pouco. Passa a ser o conto de um cachorro e suas impressões propriamente ditas diante das intempéries da vida, entre elas, as limitações do dono. O que não tira a qualidade do texto. Outro que merecia um final à altura. O leitor aguarda isso: um final. À altura do narrado até então.

  5. Gustavo Araujo (@Gus_Writer)
    10 de abril de 2020

    Resumo: a vida de uma cachorrinha e seu amor por seu dono; depois que ele sofre um derrame, sua esposa abandona a bichinha; a muito custo ela consegue regressar à casa, mas é impedida de entrar. Acaba morrendo e conta sua história aos anjos e santos que a recebem.

    Impressões: gostei do conto no geral. É uma espécie de fábula, em que se sobressai a dedicação e o amor da cadela Pretinha pelo seu dono, Jairo. Não curti muito o início, porém, com as descrições sobre as personalidades, digamos, ideológicas de um e de outro. Entendi que seriviriam para afastar do leitor, ali no começo, a suspeita de que a narradora era uma cadelinha. Essa questão de direita X esquerda não combinou com o restante do conto, que prima pela leveza e pela devoção de um animal a seu dono. Talvez, ainda falando na diferença entre eles, o melhor teria sido algo sobre preferências alimentares ou mesmo televisivas. Mas, enfim, creio que você, autor, já entendeu aonde eu pretendia chegar. Não há motivo para me alongar mais.

    Ultrapassada essa questão, digo a você que a partir do instante em que o Jairo fica doente, o conto ganha muito em desenvolvimento e suspense, principalmente no trecho em que a megera da Dona Branca age da pior forma possível. O retorno da Pretinha (olha o paradoxo Branca x Preta) para casa, a muito custo, fez a leitura fluir que foi uma beleza. E, no fim, a realidade se fez mais presente. O final ficou bem adequado, com ela contando sua história àqueles que vieram recebê-la.

    Enfim, penso que o conto tem tudo para agradar o universo infanto-juvenil se for suprimida a alusão política do início. Sinceramente, seria um conto que eu contaria às minhas filhas, rs De todo modo, ainda assim eu gostei do que li, pois há sensibilidade de sobra, uma ótima dose de aventura e emoção e, se pensarmos bem, um inídicio de redenção lá no final. A receita dos contos que, pelo menos a mim, agradam em cheio.

    Nota: 4,0

  6. Fernanda Caleffi Barbetta
    9 de abril de 2020

    Resumo
    Cadela idosa, ao chegar ao céu, conta sobre sua relação de amor com seu patrão e de ódio com a esposa dele, dona Branca, que a odeia reciprocamente e a trata muito mal. Um dia o dono, Jairo, sofre um AVC e fica em uma cama. A esposa aproveita para abandonar a cadelinha em um lugar afastado, mas ela consegue retornar após passar por muita dificuldade. Acaba morrendo atropelada e, no céu, faz seus três pedidos: que volte a ver ser seu dono, que seja criada uma réplica do central park no céu e que Dona Branca vá para o inferno.

    Comentário
    Seu conto me enganou direitinho. No início achei que fosse a história de um casal e fui surpreendida quando percebi que a apaixonada era uma velha cadelinha. Gostei de ter sido surpreendida e entendo que tenha escrito com esta intenção, mas ficou um pouco sem sentido o trecho: Só que na nossa situação os contrastes são tremendos e nos colocam em cantos opostos no ringue da convivência no mundo. Trata-se de coisas do tamanho de: sou socialista e estou sempre pronta a lutar pelos direitos dos empobrecidos, enquanto ele é radical de direita, odeia homossexuais e considera os brancos superiores.
    O texto está muito bem escrito.
    Talvez tenha misturado muitos assuntos, primeiro pareceu que seria algo sobre política, depois sobre terraplanismo, depois algo sobre o amor entre o dono e cachorro, depois abandono e depois a maldade da senhora Branca, terminando com o desejo de vingança da cadela. Não que esteja errado, mas talvez tenha e perdido o tema central.
    Gramaticalmente, apenas alguns deslizes:
    mesmo que ele me faça, não, (tirar essa vírgula) poucas vezes
    Enquanto os exércitos de tratores do Major e do Jairo iam aplainando a Terra, Dona Branca – faltou explicar quem é a dona Branca.
    O velho ausente e a bruxa se tornou mais bruta. – essa frase ficou estranha.
    A patroa, não aguardava a sua chegada

  7. Amanda Gomez
    9 de abril de 2020

    Olá,

    Resumo 📝 História narrada por uma cadela, depois que o seu dono fica doente é abandonada pela esposa dele que sempre a tratou mal. Consegue voltar pra casa mas não é recebida e acaba morrendo atropelada.

    Gostei 😁👍 Apesar da confusão narrativa que eu senti lendo o texto, foi um conto que me despertou certa curiosidade.

    Não gostei🙄👎 Vamos lá, só no quarto parágrafo entendi que se tratava de um cão narrando a história, isso foi proposital claro, mas me fez ir e voltar várias vezes porque a voz do cachorro não tem nada a ver com um cachorro, seus pensamentos são inverossímeis. Sei que não tem nada de anormal em uma narrativa assim, mas foi realmente o uso das palavras. A consciência dele sobre coisas como terra plana, homossexualismo, esquerda, direita. Não comprei essa narrativa, infelizmente. E isso prejudicou muito a leitura pra mim. Tem algumas falhas da escrita que contribuem para isso também, o texto está confuso. O ‘’ meu amado’’ me fez torcer o nariz também… Enfim, uma texto que tem suas qualidades, mas não funcionou muito bem para mim, teve a cena clássica do abandono, mas não consegui sentir emoção pela forma meio superficial que foi contada. Desculpe.

    Destaque📌 “Olhos fechados e não notei a chegada da rival. Dona Branca entrou aos berros e seu safanão me jogou longe. Senti dor, mas o que precisava era de correr, pois que iria me lançar o que estivesse à mão, machucando-me ainda mais. Relevei tudo, o que importava era que Jairo havia voltado. A lembrança deliciosa de sentir o braço do meu amor tentando, inutilmente, me segurar tornava molhados os meus olhos.’’

    Conclusão = 🤨 Um texto com alguns problemas de estrutura e verossimilhança, abusa de alguns clichês e o personagem não me cativou. Entretém.

  8. Felipe Rodrigues
    9 de abril de 2020

    História de amor com Jairo. Mesmo tendo diferenças, eles mantinham a relação. Após o acidente com Jairo, ela continuava a ser parceira, pois era a melhor amiga do homem, mas acaba sendo colocada na rua pela idade e o trabalho que daria junto a Jairo. Mesmo assim ela retorna e o porteiro indica que ali não é mais o seu lugar e revela a mentira. Resolve ir embora e acaba sendo atropelada. Do além, faz desejos por Jairo, por passeios e para que Dona Branca vá pros QDI.

    Achei um pouco desnecessário a caracterização de Jairo como terraplanista. A dubiedade do começo, onde se confunde se é a esposa ou a cachorrinha a protagonista, se revelou para mim com bom humor a partir da cagadinha no jornal e me fez rir. Embora tenha personagens caricatos e ar de Sessão da Tarde, o conta apresenta boa dose de criatividade e parece cumprir seu papel de diatração vespertina.

  9. Priscila Pereira
    8 de abril de 2020

    Resumo: Uma cachorrinha anciã é abandonada pela esposa de seu dono quando ele fica doente, morre e está no céu canino.

    Olá, Pretinha!

    Olha, eu gostei bastante do seu conto, tirando umas coisinhas…
    A protagonista é muito fofa e crível, a ambientação está ótima, o tema não é original, mas foi muito bem desenvolvido, está bem escrito, e a ideia geral do conto é interessante.

    Não gostei só do partidarismo, então os cachorros, criaturas puras e sem maldade são todos socialistas, ou só a Pretinha? E espero que a bruxa da Dona Branca não represente todos os cristãos, não é mesmo?

    Tirando essas questões, o conto é ótimo. Mas não consegui gostar dele, desculpe a sinceridade.

    Desejo boa sorte!

  10. Fabio
    7 de abril de 2020

    Resumo: Uma cadelinha que ao perder o seu amado (protetor) acabou tendo de viver nas ruas e sofrer pela ausência de sentimentos de seus novos donos.

    Comentário: No início não achei que se tratava da história de um cão. O escritor deixou esta parte bem enigmática.
    Confesso que não gosto muito de histórias de animais como se fossem humanos, dando ao texto um duplo sentido. A falta de clareza inicial me confundiu um pouco.
    Entretanto, este texto é lindo e revela gradualmente a vida de uma cadelinha e de como animais também amam.
    Me comoveu o seu final.
    O texto seguiu com um proposito único que visou relatar o tempo, os acontecimentos e fatos que fazem parte da vida de todos os seres vivos.

    Boa Sorte no desafio.

  11. Marco Aurélio Saraiva
    6 de abril de 2020

    Olha só! Geralmente é um só, mas nesse desafio tivemos dois contos com protagonista cachorro, rs rs rs.

    A protagonista é uma cadelinha idosa que pertence a Jairo, amada por ele, mas odiada pela esposa do dono. Quando Jairo fica incapacitado, dona Branca aproveita a abandona a cadelinha mas ela, corajosa, volta ao lar apenas para ser dispensada. Então, é atropelada, e descobrimos que ela contava a história de sua vida aos anjos no céu.

    É um conto leve, daqueles que apelam aos sentimentos. Mas sinceramente, a surpresa que foi tentada ao relevar a “real natureza” da narradora não funcionou muito bem. “Pretinha” é humana demais, não fez muito sentido. Como pode uma cadela ser socialista, assistir seriados e ficar com vergonha alheia de terraplanista? Ok, ok, talvez a caricatura tenha sido proposital. Mas, mesmo assim, pra mim a revelação tirou muito do conto. No início achei que era uma esposa e estava curioso para saber como ela e o marido ainda se amavam mesmo com tantos contrastes. Mas quando vi que era uma cachorrinha, perdi o interesse.

    O conto é bem escrito. Simples, fácil de ler e agradável. O tema, porém, está bem fora do desafio. O conto não fala sobre velhice – apesar de Jairo e Branca serem idosos e Pretinha também. É a história de uma cadelinha abandonada e sua aventura voltando para casa.

  12. Luciana Merley
    4 de abril de 2020

    Olá, autor.
    Pretinha é uma cadela de estimação, amada por seu dono e odiada pela esposa dele e que, por ocasião da doença incapacitante do marido, aproveita-se para abandoná-la à própria sorte. No final, descobrimos que Pretinha nos conta a história quando em companhia dos anjos após morrer em um acidente trágico.

    AVALIAÇÃO: Utilizo os seguintes critérios: Técnica + CRI (Coesão, Ritmo e Impacto) sendo que, desses, o impacto é subjetivo e é geralmente o que definirá se o conto me conquistou ou não.

    Técnica – O autor opta por uma narração fluida, simples, sem muitos apetrechos de linguagem. Inicia como se narrasse a história de humanos e nos surpreende logo com um animal assumindo o protagonismo em primeira pessoa. A linguagem me pareceu propícia, bastante parecida com o que vemos em filmes de animais falantes.
    Tenho duas ressalvas:
    1 – Me parece que o texto não se apega ao tema, pelo menos não consegui identificar uma conexão direta em que o “envelhecer” causasse algum impacto na narrativa. Mas como percebi que tem outros textos assim também, considerarei adequado.
    2 – A curva brusca, destoante, tocando em pelo menos 3 temas polêmicos da atualidade, que não acrescentaram ao que percebi ser o cerne da sua narrativa (a relação afetuosa com Jairo e odiosa com a sua esposa). Nesse caso, me pareceu muito explícita a intromissão do autor.

    CRI – A coesão foi um pouco prejudicada pela fuga para temas muito polêmicos e que, inevitavelmente, atraem toda a atenção do leitor em detrimento da mensagem central. O ritmo parece adequado à narrativa. O impacto, como efeito do texto sobre mim (leitora) foi muito ruim no início, amenizado no meio quando você focou na trajetória da Pretinha e piorado na última frase.
    Pareço uma radiola repetindo isso, mas temas políticos, religiosos e da atualidade devem ser tratados com muitíssimo cuidado em textos de ficção (dizer, não dizendo) para que não pareçam panfletos ideológicos e preconceituosos.

    Um abraço. Espero ter contribuído.

  13. Cilas Medi
    4 de abril de 2020

    Olá Pretinha.
    Uma cadela e as explicações de sua devoção pelo dono. A esposa, possivelmente, mais do que ciumenta, bruta, insensível. O marido com forte tendência à estultícia por acreditar na terra plana.
    Enfim, uma história bem elaborada, fluida, escrita em profunda identidade com você, Pretinha, parecendo ser uma aula de leitura de cérebro, pensamentos, desejos e ambições.
    O autor(a) deve gostar imensamente de cachorro(a) a ponto de pedir para mandar alguém para o inferno, quando for existente. Vingança faz mal à saúde eterna.
    Parabéns!
    Sorte no desafio.

  14. Elisa Ribeiro
    3 de abril de 2020

    Uma cadelinha idosa narra o adoecimento de seu amado dono e seu abandono pela sua rival, a esposa do dono então acamado.

    Uma história triste contada por um simpático e nada amargurado narrador canino. A combinação rendeu um bom resultado. O enredo aborda temas pesados como doença e abandono na velhice, mas a narrativa leve e o final bem-humorado (a parte do céu, depois do acidente) produziram um efeito interessante no seu conto, para o bem e para o mal. Para o bem, no sentido de não deixar o conto pender para o sentimentalismo raso. Para o mal, pelo efeito de banalizar de certa forma o drama da velhice doente ou abandonada.

    Tecnicamente seu texto está muito bem narrado, o enredo está bem distribuído e a leitura foi muito agradável.

    Parabéns pela participação. Desejo sucesso no desafio e em tudo mais. Um abraço.

  15. Pedro Paulo
    1 de abril de 2020

    O conto consegue nos dar perfeitamente a ideia da relação entre uma cadela e o seu dono, Jairo. Ao tempo em que logo nos acostumamos a estar acompanhando a história pelos olhos de uma cadela, algumas simplicidades de sua posição vão aparecendo ao longo do enredo, dando consistência a narrativa. Então a forma como suas necessidades e preocupações aparecem são fontes de verossimilhança para a leitura.

    O que achei é que o tema do certame ficou tangenciado. É claro que há idosos na narrativa, bem como a cadela é obrigada a reconhecer a sua velhice e falta de preparo em outro momento. A morte, para mim, embora tenha de fato impactado e chocado, já que é fácil se apegar à paixão sincera da personagem, não aproxima o enredo da temática. Envelhecer não é morrer, exatamente. Bem como, envelhecer não é sinônimo de velho. Acho que foi isso que fatou.

    Mas, como um conto em si mesmo, é cativante!

  16. antoniosbatista
    28 de março de 2020

    Resumo: O conto é a história de um casal de velhos que tem uma cadela, também idosa. Após o homem adoecer, a mulher abandona o animal longe de casa. A cadela volta, mas é atropelada e morre.

    Comentário: Pelo resumo se vê que é um argumento simples e comum. Abandono de animais acontece todo dia, não é novidade. Inserir algo novo nesse argumento é difícil, mas não impossível. Não li nada de original, de interessante. Não me surpreendi com o AVC do velho, tampouco com a morte da cachorra. Se a velha virasse um lobisomem, talvez a história ficaria mais legal. Boa sorte.

  17. Angelo Rodrigues
    28 de março de 2020

    Velharia (Pretinha)

    Resumo: Cadela relata suas agruras vivendo com seus donos, ambos idosos. Ama e é amada por Jairo e detestada por Branca, a esposa de Jairo. Solta na vida, retorna, mas, infelizmente, morre atropelada. No céu dos cachorros faz seus pedidos.

    Comentários: Conto bem legal mostrando a relação entre uma cadela e seus donos, ambos idosos. Não fala de envelhecer, mas de estar velha. Não é ruim que seja assim. Ficou bem construído quando o autor fugiu do corriqueiro e pôs a velhice em um cão.
    Algo, logo no início, entretanto, me confundiu. A maneira como o conto começa não deixa claro a intenção do autor. Em princípio imaginei que a narrativa viesse de uma mulher, a esposa de Jairo, em seguida imaginei que quem relatava seria uma empregada, quando diz que “parti para a cozinha”, como se fosse se encarregar de alguma tarefa doméstica.
    Logo em seguida o conto toma o rumo explícito, quando deixa o leitor perceber que realmente se trata do amor de uma cadela por seu dono. Bacana isso.
    O final, que não chega a surpreender, ficou adequado quando diz que toda aquela narrativa era feita aos anjos.
    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.

  18. Jorge Miranda
    28 de março de 2020

    Pela fluidez da narrativa atribuo a nota 3,5

  19. Jorge Miranda
    28 de março de 2020

    Temos aqui uma história que envolve um idoso e sua cadela também idosa.Comecei a ler o seu conto sem atentar para a gravura (que falha minha…) e só lá pelo quinto parágrafo é que deduzi que se tratava de uma cadela contando uma história. Confesso que quando percebi quem era o narrador a coisa toda mudou de configuração. Gostei da condução da narrativa, senti pitadas de algo melancólico com uma certa ironia, principalmente em relação ao personagem da Dona Branca. Confesso que senti uma certa empatia com a personagem Pretinha, até porque tenho duas cadelinhas em casa e uma delas caminha para a terceira idade canina. Não percebi erros gramaticais que comprometessem o texto. Parabéns pela narrativa

  20. Julia Mascaro Alvim
    26 de março de 2020

    A velha cadela Pretinha ama o cão Jairo apesar das diferenças.
    Major veio visitar Jairo. porém Major foi dominando o espaço deixando Pretinha de escanteio. Há no apartamento também, Dona Branca que odeia Pretinha porque Jairo a ama. Certo dia, Jairo teve um acidente vascular cerebral e foi internado . Dona Branca se torna mais cruel. Jairo volta para casa depois de 4 meses. Ele está pele e osso, sem voz e com a maior parte dos movimentos comprometidos.Dona Branca leva Pretinha no carro e a abandona. Pretinha consegue voltar sozinha. Josias, o porteiro, conta que dona Branca mentira dizendo que a doara à uma amiga e que esta fugira de lá. Pretinha acaba sendo atropelada e ressurgida no céu proclama 3 desejos: reencontrar Jairo, passear numa réplica do Central Park e ver Dona Branca no inferno.
    O texto discorre de acordo com o pensamento de Pretinha, uma cachorra. Senti falta de elementos surpresas. A história é simples. Nota 02.

  21. Regina Ruth Rincon Caires
    25 de março de 2020

    Velharia (Pretinha)

    Resumo:

    A história de Pretinha, cadelinha de estimação de Jairo (que era casado com Dona Branca). Pretinha é a narradora do conto de pura ternura e está a contar sua vida, lá no céu. Conta que Jairo adoece, que Dona Branca não tem afeto por dela e a abandona na rua. Então, Pretinha é atropelada, morre, vai pro céu (onde está a contar), e faz três pedidos aos santos.

    Comentário:

    Texto impecavelmente escrito. De início, ele prende o leitor pelo momento político do país. A descrição dos princípios de direita e de esquerda são “felomenais”. Daí em diante, a leitura passa a ser igual a um prato de comida deliciosa. Quero mais, e mais, e mais… Uma narrativa tocante que lindamente explora a cumplicidade de um cão com seu dono, fala da carência, da saudade, da tristeza, da alegria. De tudo.

    No texto, nada sobra e nada falta. Tudo perfeitamente dosado, coerente. A estrutura é perfeita, o enredo bem tramado. Narrativa delicada, sensível, não percebi qualquer deslize de escrita. Sem dúvida, daqueles textos que a gente acaba de ler e pensa: bendita literatura!

    Parabéns, Pretinha! Você é craque na arte de escrever, danadinha!

    Boa sorte no desafio!

    Abraços…

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Informação

Publicado às 22 de março de 2020 por em Envelhecer, Envelhecer - Grupo 1 e marcado .
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