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Detox Literário.

Eu já disse que te amo hoje? (Daniel Reis)

Desde a primeira vez em que o viu, encostado num canto, teve a intuição de que ele seria tudo. Exatamente o que ela precisava e queria, a vida inteira. Ainda distante, parecia tão misterioso, tão interessante. Amor à primeira vista. Foi ela quem tomou a iniciativa, aproximando-se dele. Não mais se separavam. Passaram a viver juntos, quase o tempo todo, um para o outro.

E toda a alegria, riso e encantamento dos primeiros momentos espalhou-se e transbordou, ultrapassando paredes, incomodando vizinhos. 

Ao se descobrir. 

Ao se conhecer.

Ao se experimentar. 

Ao se amar, intensa e profundamente. 

Em suas mãos, sentia a vibração, ao roçar as coxas. Apaixonada. Os olhos brilhavam ao apresentá-lo à família e aos amigos, radiante com o simples pensamento de que continuariam sendo um do outro, para sempre. 

Só que o “para sempre” é sempre muito tempo.

Brigavam feio também, e muitas vezes, como acontece com os amores intensos. Drama, dor, lágrimas e rancores. Então, ela se afastava. E ele continuava à espera, à espreita de sua passagem.

E, em cada reencontro, havia a reconciliação.

Daí amavam-se com velocidade e prazer, paz e harmonia.

Então ela dizia a ele: “eu já te disse que te amo hoje?”.

Mas, enquanto ela evoluía, ele estava envelhecendo muito. 

Depois de anos, não eram mais os mesmos. 

O silêncio só aumentava. Paulatino. Inevitável.

Como se o riso antes fácil se escondesse atrás de um sorriso amarelecido pelo hábito do descuido, e a vibração inicial cedesse lugar à ausência do toque, à rotina da distância. Cada vez menos tempo dedicado e disposição de se encontrar e se ouvir. O mecanismo deteriorou-se permanentemente, deixando alguma coisa presa, engatada. E os defeitos de cada um acabaram por abafar o que restava daquele encantamento dos primeiros tempos. 

Um dia, quando ela já havia perdido o interesse, saiu de casa.

Os pais dela, solidários, ainda cuidavam dele. 

Até que ela voltou e sentou-se à sua frente, ereta, muito séria. E ele pôde finalmente se abrir. Mesmo que fosse só para uma breve despedida. Porque, por ela, a decisão já estava tomada. 

Melhor assim.

Colocar à venda e deixar que fosse embora seu velho piano e os planos e sonhos que teve, desde quando era criança.

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22 comentários em “Eu já disse que te amo hoje? (Daniel Reis)

  1. José Oliva
    27 de abril de 2020

    Lindo de ler. Surpreendente! Te leva a imaginar cada frase seguinte, a conclusão e quando se toca é o piano. Maravilhoso!

  2. Carlos Pita
    21 de abril de 2020

    Muito bom texto, meus parabéns por sua escrita fácil, rápido e certeira.
    Nos levando nos altos e baixos do amor ao desgaste de uma relação.

  3. Rafael Carvalho
    11 de abril de 2020

    Um ótimo conto, apresenta na minha opinião tudo que um bom conto deve ter, um inicio interessante, desenvolvimento que nos leva a uma direção, para nos surpreender depois nos mostrando uma reviravolta interessante.

    Achei a escrita fluida e com um bom desenvolvimento, o narrador onipresente esta bem utilizado e não apresenta muitos problemas. O meio da escrita achei meio “lenta”, teria cortado algumas linhas para deixar a escrita mais dinamica, mas claro, isso é questão de gosto, não tirou nada o brilho do texto.

    Parabéns e boa sorte.

  4. sergiomendessola
    11 de abril de 2020

    11. Eu já disse que te amo hoje? (C. Bechstein)

    “Para sempre” é sempre muito tempo. Deixou ir embora o piano e os planos…

    Pouca história, mas uma história que é a história de muitas histórias de casais. Conto para o fraco.

    Pontuação: 2

  5. Eneida Ferrari
    11 de abril de 2020

    11) Eu já disse que te amo hoje?
    Casal se aproxima. Amam-se ardorosamente. Ao passar dos anos, não eram mais os mesmos. Envelheceram. O silêncio aumentou. Ela sai de casa. Retorna apenas para vender o piano que deixara.
    ANÁLISE: Português bom, claro, bem escrito. História meio sem graça, sem o porquê.

  6. Luciana Merley
    11 de abril de 2020

    Olá, maravilhoso seu conto. Muito surpreendente no final e singelo durante todo o trajeto. As pistas estão todas lá, mas impossíveis de se prever até que vc nos revele. Parabéns.

  7. Pedro Paulo
    10 de abril de 2020

    Ótimo jogo de palavras, enganando o leitor até o fim, quando se descobre a relação que o conto realmente descreve.

  8. Claudinei Maximiliano
    10 de abril de 2020

    Resumo: A protagonista adquire um piano e, nos primeiros anos, toca com frequência e empolgação. Com o passar dos anos, o instrumento desgastou-se, ficou velho, e não era mais o mesmo, não tinha a mesma performance. E com isso, a protagonista perdeu seu interesse pelo instrumento.

    Comentários: Conto bem escrito e apenas no final do conto o leitor percebe se tratar de um instrumento musical, e não de um namorado. Acredito que não se adequa ao tema proposto, ainda assim, uma leitura leve, agradável.

  9. Bia Machado
    10 de abril de 2020

    Resumo: A história de uma moça e a paixão por seu piano durante um longo tempo.

    Desenvolvimento do Enredo: O autor/a autora escreveu tentando deixar um mistério sobre quem é que ela ama, às vezes parecendo ser uma pessoa mesmo, às vezes um gato (sugestionado também pela imagem utilizada), eu fiquei muito incerta quanto a isso, mas não imaginava que seria um piano. Eu só me pergunto: por que tentar enganar o leitor? Achei que algumas partes acabaram ficando forçadas com essa necessidade tão grande de fazer esse jogo. Poderia ter sido um conto mais envolvente, mais sentimental e que mostrasse mais o envelhecimento, da moça e do objeto.

    Composição das personagens: a jovem e o seu piano, que durante grande parte do texto foi um suspense sobre quem realmente ele era. Em minha opinião não houve um cuidado com os dois, na busca de se manter esse jogo de esconde-esconde. Havia espaço, creio, para colocar mais sentimento nessa relação da jovem com o piano.

    Parágrafo inicial: Teria ficado melhor sem forçar utilizando a frase “Foi ela quem tomou a iniciativa, aproximando-se dele.” Mas é claro, não podia ser de outra forma, afinal era um piano. Novamente a intenção de “pregar uma peça” no leitor, para mim de forma desnecessária.

    Finalização: A finalização do texto parece feita como uma mera formalidade. A frase “Colocar à venda e deixar que fosse embora seu velho piano – e os planos e sonhos que teve, desde quando era criança.” não combinou com tudo o que ela narrou. E em outra parte, que diz que o mecanismo se deteriorou, permanentemente, mas depois de um tempo ela volta e consegue “se despedir” dele?

  10. Catarina Cunha
    9 de abril de 2020

    Resumo — Mulher se apaixona e vive intensamente um grande amor pelo piano. Até que o amor e os sonhos se acabam, e ela o vende.

    Técnica — Enxuta e e de linguagem direta. Houve aqui excesso de adjetivos, o que empobreceu um pouco a densidade da narrativa.

    Trama — Aparentemente simples, mas a grande revelação final deu liga a todo o argumento.

    Impacto — “Desde a primeira vez em que o viu, encostado num canto, teve a intuição de que ele seria tudo.” Sempre me emociono com uma primeira frase taxativa de impacto.

  11. Ana Carolina Machado
    9 de abril de 2020

    Oiiiii. Um conto sobre uma moça e seu velho piano , com quem tinha uma história de amor e sonhos mas que no final resolveu vender o objeto . Em um primeiro momento pensamos que se trata de uma pessoa ou gato, pois fala de amor intenso desde o começo , brigas ao longo e por fim o distanciamento, como se fosse um romance que foi se esfriando ou uma dona que abandonou seu animal de estimação . Mas no final vem a revelação final de que se trata de um piano. Eu fui ler novamente depois da reviravolta e notei que todas as peças se encaixam principalmente aquela parte que diz que a alegria ultrapassou paredes e incomodou vizinhos, percebemos que é uma referência ao som do piano que era ouvido pelos vizinhos. O conto foi uma reflexão interessante sobre como o amadurecimento, o envelhecer, faz muitas vezes sonhos de infância ficarem para trás, gostei da mensagem . Parabéns pelo conto e boa sorte

  12. Jorge Santos
    8 de abril de 2020

    Já sei que deveria começar este meu comentário, mas prefiro começar com o sentimento de profunda surpresa pelo inesperado desfecho, que foi ao nível do melhor que já li neste grupo.
    Este conto relata o amor, evoluindo desde a infância até à maturidade, passando pelas normais zangas e desinteresses. Só no final vemos como o autor ou autora nos enganou o texto todo, levando-nos a pensar num amor físico entre duas pessoas, quando no final vemos como essa visão do amor pode ser tão diferente, levando-me a uma segunda leitura do conto que escorre numa linguagem cuidada e fluída. O facto de ser curto não lhe tira qualidade. Por vezes os autores tendem a colocar descrições e expressões que em nada adicionam de valor ao conto. Este está, no meu entender, na medida certa. O cuidado com o texto e com a vontade de surpreender foi ao ponto de deixar uma pista logo no pseudónimo: C Bechstein é um fabricante de pianos.

  13. Fabio D'Oliveira
    8 de abril de 2020

    Resumo: A relação de uma menina com seu piano. E como tudo envelhece, incluindo relacionamentos com objetos.

    Olá, Bechstein!

    Sua narrativa poética quase me conquistou! Não sei o que faltou, sinceramente, mas suspeita que deva ser a complexidade dela. Gosto da poesia em linhas simples. A leitura correu naturalmente, sem entraves, e isso é algo positivo! O jogo de palavras para esconder o objeto/ser que é amado pela menina é lindo. Você o revela, aos poucos, sem comprometer a surpresa do final. É o tipo de conto que precisamos ler duas vezes para apreciá-lo por completo. E não considero isso uma falha.

    A história, em si, não é brilhante, estando focado na narrativa que, essa sim, brilha na criatividade. Isso também não é ruim, mas pode sofrer nas mãos de leitores que criam expectativas nos contos, esperando sempre algo mirabolante. Você consegue fazer um bom trabalho dentro do que se propõe a fazer. E o tema ficou bem aplicado, pois acompanhamos, do início ao fim, o relacionamento da menina com o piano e a música. Seu nascimento e seu envelhecimento. O ciclo completo.

    Gostei do conto, não me conquistou, como disse, mas gostei! Foi uma boa leitura e achei a imagem linda, haha.

  14. Paula Giannini
    7 de abril de 2020

    Olá, Autor(a),

    Tudo bem?

    Resumo: Uma pianista e sua história de amor com seu piano, ao longo dos anos.

    Um texto metafórico que pretende comparar o amor da artista pianista, sua paixão, entrega, decepção, ao amor entre dois seres humanos. É interessante notar a construção do(a) autor(a) no sentido de, mesmo no parágrafo final, quando fala em colocar o piano à venda, deixar ao(à) leitor(a) um certo quê de lacuna. Ora, em um casamento, também a mobília e coisas pessoais são vendidos.

    Confesso que desconfiei do tal romance desde o início, porém, estou certa que isso deveu-se unicamente ao fato de estarmos em um desafio literário entre escritores(as), e, mesmo a ilustração (que não apareceria em outros contextos, como em um livro, por exemplo) fez-me pensar que o tal amor poderia vir a ser o de um gato.

    O conto é bem construído, claramente pensado e planejado.

    Parabéns por seu trabalho.

    Beijos
    Paula Giannini

  15. Rubem Cabral
    7 de abril de 2020

    Olá, C. Bechstein.

    Resumo da história: mulher se apaixona à primeira vista, e ambos vivem por muitos anos uma relação harmoniosa, cheia de juras de amor. Contudo, o tempo começou a trazer problemas, pequenos de início, mas mais graves e insolúveis depois. Enfim, com o coração partido, ela resolveu se livrar de seu velho piano.

    É uma história bem curta, que funciona bem pela surpresa do final. A imagem do gatinho despista, pois de início pensei se tratar de algum animal de estimação. No entanto, tal brevidade do texto deixa tudo também muito simples, sem permitir muitas nuances, deixando o conto um pouco refém da surpresa do desfecho.

    Boa sorte no desafio!

  16. angst447
    6 de abril de 2020

    RESUMO:
    Menina se encanta com um piano e passa a viver essa paixão durante anos, surpreendendo a família e incomodando os vizinhos durante o conhecimento de suas teclas. Com o tempo, o instrumento envelhece e a moça perde o interesse por ele, que já não acompanha a sua evolução, e acaba o abandonando na casa dos pais. Volta para uma última despedida antes de colocar à venda o seu velho piano.
    ___________________________________________________________

    F  Falhas de revisão  Esta é a parte que menos importa na minha avaliação. Só para constar mesmo. Não mais se separavam > separaram
    I  Impacto do título Dá uma ideia completamente diferente do que a leitura entrega. Mantém o impacto da surpresa.
    C  Conteúdo da história  Conto curto, que aos poucos vai revelando que a real paixão da menina era um piano e não um homem como deduzimos nos primeiros parágrafos. Bem bolado isso. Por não se alongar, a narrativa flui fácil e prende a atenção sem cansar. Imagens muito bem trabalhadas.
    A  Adequação ao tema  O envelhecimento é do piano, mas o tema é perfeitamente abordado.
    _____________________________________________________________

    E  Erros de continuação  Não encontrei erros de continuação ou pontas soltas. Tudo redondinho.
    M  Marcas deixadas  Um sorriso pela surpresa e riso por ter caído direitinho no conto do piano.
    ________________________________________________________________

    C  Conclusão da trama  Um final quase triste, de encerramento de uma fase de vida e despedida de um sonho que tinha perdido o seu prazo de validade.
    A  Aspectos quanto à originalidade do conto  A originalidade está em ter um objeto – um instrumento musical – como personagem que envelhece.
    S  Sugestões  Nada a sugerir.
    A  Avaliação final  Conto bem trabalhado e bem sucedido na sua intenção de causar uma agradável surpresa.

  17. Paulo Luís
    5 de abril de 2020

    Resumo: Um amor enigmático entre uma jovem e um estranho ser. Por toda uma vida de amor incondicional. Por fim a separação inevitável pelas circunstâncias da vida. A venda do velho piano.

    Gramática: Sem problemas, a leitura fácil e fluída.

    Avaliação: Mais um conto singelo tratando o tema da velhice por uma narrativa de uma originalidade ímpar. Sutil e inteligente narrativa. A princípio nos engana dando o parecer de que se trata da amizade de uma criança para com um animal: um cachorro, um gato; um gato provável, levando-se em conta a ilustração. Mas por fim a agradável surpresa de ser um piano. Belíssimo conto.

  18. Fernando Cyrino
    1 de abril de 2020

    Olá, C. Bechstein, você me traz a interessante história de amor entre a mulher (desde menina) e o seu piano. O amor intenso, as rusgas, brigas e as reconciliações, a paixão forte, até que, um dia acontece a separação e o C. Bechstein (você, né?) passa a ser cuidado pelos pais da antiga amada. Um conto de surpresa. Uma narrativa que vai levando o leitor para um lado para em um determinado momento, dar uma banda nele. Eu gosto disto. Acho bacana me sentir surpreendido, enganado mesmo pelo autor. Conto para você, C. Bechstein, que senti certo estranhamento com algumas pontuações, mas sempre achei que são mais questão de estilo e então, não as considero. Parabéns pelo conto redondinho, ficou bem legal. Meu abraço fraterno.

  19. cgls9
    27 de março de 2020

    A narradora conta a trajetória de uma grande paixão, desde o primeiro olhar, passando pelas pequenas descobertas, todas as experiências prazerosas ou não, até a inevitável separação, o apagar das chamas. E nos surpreende quando revela que o objeto dessa paixão é um piano.

    Considerações:
    O grande charme desse conto é a surpresa que traz no final, nos levar por um caminho que parecia nos levar a determinado lugar e depois nos mostrar que estávamos indo para o lugar errado. Bem o (a) autor( a), (acho que é autora), realiza seu intento de forma magistral. Então parabéns e boa sorte.

  20. Inês Montenegro
    26 de março de 2020

    O que parece uma história comum de amor entre homem e mulher revela-se como sendo a relação de uma mulher com o seu piano. É uma boa premissa – não única, mas ainda não abusada – e foi uma abordagem original, mas a imagem utilizada para acompanhar o conto entregou o final – esperava que se referisse a um gato e não ao objecto do piano, mas ainda assim quebrou o efeito surpresa que teria sido o ponto alto.
    Uma narrativa simples, curta, mas aprazível.

  21. Cilas Medi
    26 de março de 2020

    Olá C. Bechstein…
    Uma conto metafórico, cheio de insinuações sobre uma vida que se diz amorosa, contemplativa, angustiante. Muito amor – diário, sofrido, correto e desordenado ao mesmo tempo – e muita falta de atenção com o tempo que passou.
    Não entendi bem o final, alguma mensagem sub-reptícia e sugestiva para a figura de um piano que não me permite e não permitirá nunca, interferir na possibilidade de ser diferente.
    As vezes ou quase sempre, um poeta de versos faz um conto diverso, extemporâneo, entre concreto e dissonante… pois é, não se pode escrever mais do que aquilo que não se entende…
    Parabéns! Boa sorte no desafio.

  22. Fheluany Nogueira
    24 de março de 2020

    Uma história de amor e envelhecimento do casal; no final, a separação. O texto sugere o romance com um homem, a ilustração aponta para um gato e só depois da leitura que atentei para o pseudônimo. Foi bom, porque não teria me surpreendido.

    Poesia minuciosamente elaborada, como uma teia de aranha. Capturou-me. Frases ou versos sonoros e sugestivos vão constituindo um conjunto a partir do qual, cada fragmento pode ser sentido e capturado. Texto lindo, em estilo que não me é desconhecido.

    Parabéns pelo trabalho. Abraços.

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Publicado às 22 de março de 2020 por em Envelhecer, Envelhecer - Grupo 2 e marcado .
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