EntreContos

Detox Literário.

Palavras (Fabio Baptista)

 

Quando jovem, Guilherme tinha certeza de que um dia seria o Papa. 

A retidão inabalável, a presença de púlpito aliada à dicção perfeita, o carisma transbordando num sorriso onipresente ao lidar com os devotos e, sobretudo, o dom divino de, com perícia de advogado tarimbado perscrutando parágrafos e incisos num tribunal, citar o versículo exato, encontrar a passagem que traria mais conforto e acalentaria o espírito de qualquer fiel em sua hora mais desesperada – todos esses talentos o levavam a crer que nascera para se tornar o sumo pontífice e era questão de tempo até que a fumaça branca subisse e seu nome fosse anunciado na Santa Sé. Ele então poderia ajudar não só a um bairro ou uma cidade, mas ao mundo inteiro. 

Ironicamente, essa ânsia de ajudar, de fazer a coisa certa, aliada à inaptidão para  politicagens e bajulações exigidas para se chegar ao alto clero, acabaram afastando-o cada vez mais do destino que sonhara quando menino, até que os caminhos insondáveis da fé conduziram-no a Santa Edwiges do Pinhal, um município esquecido na divisa de dois estados esquecidos, que estava para o Vaticano como uma pintura rupestre Neanderthal estava para um afresco de Michelangelo. Mas se o criador de todas as coisas, com sua infinita sabedoria, decidira enviá-lo para lá, algum propósito maior haveria de existir – assim resignava-se Guilherme, no confessionário que já era mais banquete de cupim do que cabine.

– … padre, eu juro pro senhor, olha, vai parecer mentira, mas não é mentira, não. A danada me provocou, padre. Olha, ela me encarou assim, ó… só faltou falar, juro pro senhor. Daí, olha, agora eu me arrependo, mas na hora não aguentei, não. Fui lá e sapequei a danada.

– Filho, você cometeu bestialidade… de novo.

– Eu sei, padre, mas, olha, ela me provocou eu ju…

– Tenho certeza de que a cabra não te provocou, Nestor – Guilherme se exaltou, menos pela tentativa débil do homem justificar o pecado do que pelo tédio da repetição. Retomou a serenidade: – “Nem te deitarás com um animal, para te contaminares com ele”, é isso o que ordena o Senhor. Reze dez vezes o Pai Nosso e dez a Ave Maria, Nestor. E pense no quanto isso é errado para você, para o pobre animal e para Deus. Vai-te e não peques mais, filho.

Três semanas haviam se passado desde a transferência. Tempo suficiente para conhecer praticamente todos os habitantes da não tão acolhedora Santa Edwiges do Pinhal, decorar seus costumes, manias e pecados, e, desafortunadamente, comprovar que alguns esteriótipos da vida no campo não existiam apenas nas anedotas maldosas contadas na capital. Imaginou como seria passar meses e anos ali, encarcerado numa capela caindo aos pedaços, ilhado num oceano de pastos e terra vermelha, até pleitear uma nova mudança que, se dependesse do bispo Fernando (que Deus lhe conservasse a saúde, apesar de tudo), jamais ocorreria. Sentiu vontade de chorar.

– Ainda tem tempo pra ouvir mais um pecado, padre? – uma voz feminina vinda do outro lado da grade arrebatou Guilherme dos devaneios.

– Claro, filha. Sempre há tempo para a confissão e arrependimento – ele respondeu, observando o rosto da mulher através das frestas.

– Eu desejei a morte de alguém, padre. Muitas vezes – ela disse, a voz num amálgama de rancor e impotência. – E meu único arrependimento é não conseguir realizar esse desejo com as minhas próprias mãos.

– Filha, isso é muito grave – Guilherme falou, inclinando-se para frente, um pouco assustado, um muito curioso. – Quem é essa pessoa para quem você deseja a morte?

– Antes de responder isso, preciso te mostrar uma coisa, padre. Meu nome é Isabel, sou governanta na fazenda do coronel Otacílio. O senhor tem que visitar a filha dele. Tem uma coisa muito errada acontecendo com aquela menina… Vá até a fazenda amanhã, padre. Lá o senhor vai entender.

***

No dia seguinte, o padre tocou o sino na porteira da fazenda.

Um dos capatazes conduziu-o de carro até a “casa grande”. No caminho, contou sobre os pensamentos pecaminosos de um amigo a respeito de relações extraconjugais. Guilherme fez obervações protocolares, mas não deu muita atenção. O olhar estava perdido na paisagem bucólica, nos campos que se estendiam a perder de vista no horizonte, nos rostos sofridos dos lavradores que caminhavam à beira da estrada compondo um cenário quase pré-lei-áurico. Enquanto isso, pensamentos apreensivos, uma inquietação incomoda de mãos suadas esfregando-se uma à outra, com a imaginação regada a versículos do apocalipse desenhando os piores cenários para o encontro com a menina. Isabel o aguardava, em pé, abrigando-se nas sombras da varanda.

– Padre Guilherme, essa é Janaína. Janaína, esse é o padre Guilherme – a governanta fez as apresentações logo ao entrarem. – Ele será seu professor de catecismo – completou, para surpresa do “professor”.

– Oi, padre – a menina cumprimentou, abrindo um sorriso desfalcado de alguns dentes de leite recém-levados pelo barbante amarrado à fechadura. – Eu tô desenhando, quer ver meu desenho?

– Quero, quero sim…

– Essa aqui sou eu – apontou um borrão rosa. – Essa é a mamãe – disse, batendo o indicador sobre um emaranhado de linhas azuis e amarelas no alto da folha. – Ela tá lá no céu, né, tia Isa?

– E esse aqui, quem é? – Guilherme mostrou uma figura verde, cortada por um risco dourado, algo que lembrava um dinossauro fugido de um quadro de Picasso.

– Esse? Esse é… o monstro… – Com lápis vermelho, Janaína começou a riscar a figura.

O “ric ric” da ponta do lápis quase trespassando o papel soou aos ouvidos de Guilherme como navalha afiada tirando espuma e pelos do pescoço numa barbearia silenciosa. Viu mais alguns desenhos e depois começou as lições do catecismo (já estava ali mesmo e a menina estava na idade, afinal). Janaína revelou-se um pequeno prodígio para a entender os conceitos da criação do mundo – o Céu definitivamente estava reservado aos puros de coração.

– Tirando o “monstro”, não vi nada de errado até agora – o padre comentou com Isabel quando a menina foi ao banheiro.

– Pois pergunte a ela sobre as histórias que o pai conta. Daí o senhor vai ver, padre.

Quando a menina voltou, Guilherme controlou a ansiedade e continuou com os estudos do Gênesis. Tentou preparar o terreno para encaixar a pergunta de modo natural, no momento oportuno:

– Encerramos por hoje, querida. Na próxima vamos falar sobre a história de Adão e Eva. Você já ouviu falar deles?

– Não…

– Ah, é uma história bem conhecida… pensei que seu pai pudesse ter te contado…

Então Guilherme viu.

O semblante, até então ingênuo e sorridente, desmanchou em rubor e desolação. Os olhos castanhos, cheios de vida havia dois segundos, encheram-se de lágrimas e acinzentaram-se. Seu   rosto, antes iluminado, exalava alegria suficiente para encher um casarão, mas agora, depois daquela maldita frase, parecia tão triste quanto folhear o álbum de casamento de um casal que não se ama mais.

– Meu pai… não… me conta história nenhuma… – Janaína correu para o quarto, batendo os pés escadaria acima.

– Viu? – Isabel perguntou, conduzindo o padre a um canto reservado da sala de jantar. – Se eu contasse, o senhor ia achar exagero, não é? O pai dela… o coronel Otacílio – ela tomou fôlego –, ele faz com essa menina coisa que pai nenhum devia fazer com uma filha, padre. E que homem nenhum devia fazer com uma criança…

– Isabel – Guilherme sussurrou, agarrando-a pelos ombros –, isso é uma acusação muito grave. Se você tem provas, tem que levar à polícia…

– Polícia? – a governanta deu um riso tão desesperado quanto irônico. – O coronel manda e desmanda aqui, padre. Ele é a polícia. Não dá pra pedir ajuda pros homens, padre. Eu tive que pedir ajuda pra Deus.

As palavras voltariam incontáveis vezes para atormentar Guilherme naquela noite. Ele também era só um homem, o que poderia fazer? Realizar ele próprio a denúncia? Com quais provas? Confrontar diretamente o coronel, tentar obter mais informações com a menina? E se Isabel estivesse mentindo, droga, mas por que ela mentiria sobre uma coisa dessas? Reportar ao bispo? Quanto tempo demoraria até algo efetivo ser feito, se todo aquele horror fosse verdade, quanto tempo Janaína passaria nas mãos de um monstro sem que ninguém pudesse salvá-la. Um monstro. No âmago, de alguma forma Guilherme sabia que era verdade. Sabia que ajudar aquela menina era seu propósito. E, sabia também, que para o mal prevalecer, basta que os bons não façam nada. Ele estava disposto a fazer. Mas o quê?

No dia seguinte, com a insônia pendendo em bolsas escuras abaixo dos olhos, recebeu a visita do coronel Otacílio.

***

– Fiquei sabendo que o padre foi lá em casa ontem – disse Otacílio, tirando o chapéu ao entrar na capela. Contrariando as imagens mentais feitas por Guilherme, o coronel era um homem de gentil aspecto, magro, sem barba, com um sotaque interiorano bastante carregado. – A Janaína tava precisando mesmo entrar pro catecismo.

– Ela aprende muito rápido.

– Bom. Muito bom – disse Otacílio, encarando o padre. – Por aqui é bom a gente aprender rápido, seu padre. Saber onde a gente pode pisar, onde não pode. Muito bom.

– Combinamos de ter uma aula por semana, se o senhor estiver de acordo.

– Estou de acordo, sim, seu padre. Vou até fazer uma oferta mais gorda esse mês, pra ajudar na reforma aqui da igreja. Isso aqui tá um chiqueiro que dá nojo – disse o coronel, não desprovido de razão, observando as paredes e bancadas. – O outro padre, que Deus o tenha, tinha um bom coração, mas tava muito acomodado, preguiçoso. Ficar muito tempo no mesmo lugar deixa a gente assim. É bom ter sangue novo de vez em quando. Muito bom.

– Toda oferta será muito bem recebida e utilizada, coronel.

– Otacílio. Me chama só de Otacílio. Foi bom tirar esse dedinho de prosa com o senhor, seu padre. Só queria te conhecer melhor, pra não colocar minha filha em contato com qualquer um, sabe como é esse mundo. Até mais ver, seu padre.

Enquanto Otacílio saía da igreja, Guilherme não pôde deixar de reparar no lustre do sapato do coronel, na qualidade da camisa e do couro do chapéu e, sobretudo, no cinto que lhe segurava as calças – parecia feito de ouro.

***

– Tem certeza disso, Isabel?

– Tão certo quanto vaca prenhe dar bezerro em virada de lua, padre.

Guilherme se questionou milhares de vezes sobre qual seria o certo a se fazer. Não encontrou respostas. O que Jesus faria na mesma situação? Certamente não se esconderia no armário dentro do quarto de uma menina, esperando pelo flagrante derradeiro com um celular na mão. Isabel planejara tudo. Depois da aula, o padre permaneceria na fazenda, alegando uma indisposição qualquer. A governanta o conduziria ao quarto de hóspedes e o tiraria de lá no momento oportuno, entre o banho e o sono da menina, pouco antes da hora das “histórias”. O padre filmaria a atrocidade e teria provas para levar à polícia da capital que, assim esperavam, trancaria Otacílio numa cela e não o tiraria de lá nunca mais. O plano soou totalmente absurdo quando Isabel contou pela primeira vez. E ficou ainda mais absurdo no escuro, entre vestidos e casacos, dentro do guarda-roupa que era quase um cômodo à parte. Mas ali estava ele, feito herói de fábulas infantis, movido pela fé e pela certeza do propósito. Aguardando e observando pelas frestas, com um arrepio nada heroico percorrendo-lhe periodicamente os intestinos. Isabel colocou a menina para dormir e, ao sair do quarto, acenou positivamente na direção do armário.

O Lobo Mau não tardou a chegar.

– Quer escutar uma historinha hoje, filha?

– Não sei…

– Ah, quer sim. O papai vai te contar uma historinha que você vai gostar bastante, viu? Igual a mamãe gostava – disse Otacílio, de pé em frente à cama de Janaína. Então ele tirou o cinto dourado e baixou o zíper.

– Hoje eu que vou te contar uma história, seu Otacílio – disse o padre, saindo do armário com o ímpeto de um serafim, espetando as costas do coronel com a faca que trouxera, por insistência de Isabel, certo de que jamais usaria.

– Seu padre, seu padre – Otacílio falou com calma, ajeitando as calças –, pensa bem no que o senhor vai fazer.

– Eu só vou dar uma volta com o papai e adiantar uma aula do catecismo com ele, tá bom, querida? – disse Guilherme, dirigindo-se à menina que se encolhia assustada junto ao travesseiro.

***

Saíram de caminhonete, Otacílio dirigindo com a faca pronta para lhe trespassar as costelas. Passaram pela porteira, sob o olhar mais sonolento do que desconfiado do capataz. Seguiram até um lugar ermo onde uma olaia solitária balançava os galhos ao gosto da brisa fresca trazida pela noite enluarada. Desceram pela porta do motorista, Guilherme pulando os bancos com agilidade para não desgarrar do refém.

– De costas – o padre ordenou e o coronel obedeceu. – De joelhos. Eu falei pra ficar de joelhos, coronel – dessa vez, a ordem precisou de um pequeno auxílio da faca para ser cumprida. – Agora, filho… confesse. Confesse todos os seus pecados, todas as iniquidades que você fez com aquela criança. CONFESSE!

As lágrimas falaram mais do que quaisquer palavras. Otacílio sucumbiu a um choro de soluços, como se uma barragem de arrependimento tivesse desmoronado em seus olhos. Encolheu-se, sujou as mãos na terra escura. Só na terceira tentativa conseguiu falar sem desabar em prantos.

– Eu… eu queria parar, seu padre… eu quero… mas desde que Deus levou a minha Cristina… é mais forte do que eu, seu padre. Quando eu vejo, já tô lá no quartinho dela. E daí no dia seguinte o mal tá feito e eu quero me matar, mas não me mato, me engano que vou mudar, mas não mudo.

– Você se arrepende, filho?

– Mais do que tudo nesse mundo – Otacílio respondeu, as lágrimas voltando a escorrer a cântaros.

– “E, se tua mão direita te fizer pecar, corta-a e atira-a para longe de ti. Pois te é melhor perder um dos teus membros do que ter todo o teu corpo lançado no inferno”, isso é o que disse Jesus, seu Otacílio. Essas são as palavras em que eu acredito. Acho que você entendeu o que eu quis dizer – disse Guilherme, jogando a faca ao lado do coronel. – Eu acredito no poder da fé, acredito no poder de Deus, acredito que as pessoas podem mudar. E se nada disso for verdade, se tudo isso forem só vãs palavras, prefiro não continuar vivendo. Estou aqui, rezando por você, filho. Espero que tome a melhor decisão.

O padre virou as costas e ajoelhou-se, fechou os olhos e começou a rezar, a alguns passos do coronel. Otacílio pegou a faca caída a seu lado e secou as lágrimas antes de examinar a lâmina. Sabia que o padre tinha razão, sabia qual era o certo a se fazer. Olhou para trás, o pescoço desprotegido de Guilherme praticamente cintilando ao luar. Não, não poderia fazer aquilo, tinha que mudar. Por Janaína. Pela doce Cristina. Tão difícil. Tanto arrependimento, tanta dor. Respirou fundo. E finalmente decidiu. 

A lâmina fez seu trabalho e um grito ecoou na noite. A terra escura sob a olaia recebeu seu quinhão de sangue.

Numa fazenda perto dali, o galo cantou pela terceira vez.

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22 comentários em “Palavras (Fabio Baptista)

  1. Elisabeth Lorena Alves
    15 de dezembro de 2019

    Palavras
    Mateus
    Resumo:
    Guilherme, um padre cheio de sonhos acaba sendo enviado para uma igreja capenga em um lugar isolado. Confiando que há um propósito especial em sua vida, ouve, em uma confissão que há algo errado acontecendo em uma das fazendas e vai verificar a denúncia que surge com a visita que faz à casa grande.

    Comentário
    O texto é interessantíssimo, cheio de idéias escondidas. Olaia é a mesma árvore-de-judas, logo podemos esperar o pior. Há os três cantos da galo. A promessa velada na visita de Otacílio à igreja. A oferta também discreta de um cala-boca financeiro para as despesas da igreja. A falsa candura nas atitudes servis do fazendeiro que contrastam com o poder, representado pelo ouro até no cinturão da calça e no bom acabamento dos sapatos.
    Guilherme não teve traquejo político para fazer subir a fumaça eclesiástica do Vaticano e agora acredita que tem o poder de convencer um pecador a fazer uma auto mutilação genital para evitar o Inferno?
    A malha semântica é bem construída tanto no plano geral da percepção religiosa quanto na ambientação da cidade, com seus pecados estranhos, com seu clima pesado, segredos e fuxicos. Elementos como a consagração do papa, a árvore símbolo de traição da fé e dinheiro, os três cantos do galo, que remete a negação-traição petrina, a politicagem religiosa que impede o,jovem Guilherme alçar seus nobres objetivos e a verdadeira fé demarcam bem o ambiente do padre.

  2. M. A. Thompson
    15 de dezembro de 2019

    É a história de um padre que queria ser papa e graças a denúncia da governanta, descobre que a filha de um fazendeiro influente sofria abusos do pai. Através de um plano meio louco leva o sujeito para local ermo e o obriga a confessar seus crimes, mas surpreendentemente o deixa com a faca à disposição e ficamos sem saber se quem morreu foi ele ou o padre. Gostei do conto porque a narrativa prende, mas esse final deixou a desejar.

  3. Ricardo Gnecco Falco
    15 de dezembro de 2019

    Resumo: padre recém-chegado a uma paróquia numa cidadezinha pequena e esquecida acaba descobrindo, através da denúncia de uma funcionária de um coronel dono de uma fazenda da região, sobre uma criança que era abusada sexualmente pelo próprio pai e decide agir com o intuito de salvar a todos.

    Impressões: o texto está bem escrito e o enredo foi bem desenvolvido. Um tema bem forte, com alguns momentos de maior tensão. Desfecho inusitado e ao mesmo tempo aberto, deixando a história martelar a mente do leitor mesmo após a leitura.

  4. Adauri Jose Santos Santos
    15 de dezembro de 2019

    Resumo: Padre que almejava ser papa é mandado para uma cidade do interior. Lá ele se depara com um coronel que abusa da filha menor de idade. O padre vai à casa do coronel e, depois de surpreendê-lo no momento do abuso, leva-o para longe da casa para puni-lo.
    Comentários: Gostei da história no geral, é bem interessante, o enredo é bem trabalhado e tem um impacto legal no final. Porém, não tem um desenrolar muito diferente de outras estórias do gênero. Acho que a parte em que os dois entram na caminhonete deve ser revista. Ficou, a meu ver, mal explicada. Isto sendo retificado, a estória vai ganhar pontos em verossimilhança. A escrita é boa, mas tem alguns problemas de revisão.

  5. Jowilton Amaral da Costa
    15 de dezembro de 2019

    O conto narra a história do padre Guilherme que sonhou ser Papa quando criança mas acabou como pároco de uma igreja numa cidadezinha do interior do Brasil. Lá chegando, o padre Guilherme se envolve numa situação de pedofilia denunciada por Isabel, a governanta de uma fazenda. O coronel Otacílio, dono da fazenda, abusava de sua filha Janaína.

    Achei o conto médiano, nem tão bom, nem tão ruim. A narrativa é boa. A trama eu achei fraca. essa do padre se esconder dentro de um armário no quarto da menina não me convenceu muito. Achei bem improvável. Além de tudo ter se resolvido muito rápido, sem algum mistério que despertasse sensações. No entanto, ficou em mim a dúvida se o coronel cortou seu membro ou matou o padre. Acho que nesta parte o conto deu um levantada. Apesar do tema ser pesado, a condução da história não teve o peso necessário para este tipo de história, ao meu ver, não me impactando muito. Boa sorte no desafio

  6. Thiago Barba
    13 de dezembro de 2019

    Padre recém chegado na cidade, é chamado numa casa para resolver um caso de um pai que estuprava a filha. Pego de surpresa pelo padre, estuprador tem que domar uma decisão entre tirar a vida do padre, ou cortar seu genital.

    Técnica: 4,0
    Criatividade: 3,5
    Impacto: 4,5

    Ótimo conto. Adoro finais quais não tenho a resposta do que aconteceu. O Final foi o que me trouxe esse impacto alto, pois, pelo gosto pessoal, a história estava, confesso, bem chata (rs), coisa de gosto mesmo, leva a mal não.
    O texto muito bem escrito, com ótimas imagens. Para mim, o pecado do texto (hihihi), foi o início. Falar sobre papa é algo muito forte para a desvirtualização total da história que se segue, é como entregar uma bomba na minha mão, dizer que vai explodir e depois querer conversar sobre nossos planos futuros de construir um jardim de orquídeas (hahaha… tá bom, é um exemplo totalmente hiperbolizado).
    As separações do texto também são totalmente inúteis. Entendo que ali é como se “fechou esse capítulo, próximo capítulo a seguir”, mas conto é tão rápido que capítulos são inúteis. Corta essa de cortar o texto. É tão manjado isso aqui entre entrecontistas que se torna uma falha de técnica. Corto ponto mesmo nesse quesito pra quem corta texto inutilmente, podia ter ganho 4,5, viu?!
    Mas tá! Já escrevi palavras demais aqui pra você.
    =P

    PS: “Enquanto isso, pensamentos apreensivos, uma inquietação incomoda de mãos suadas esfregando-se uma à outra…”
    Seria “incômoda”, com acento, né?!

  7. Cicero G. Lopes
    12 de dezembro de 2019

    Resumo: Guilherme tinha um talento e uma ambição: seria Papa. Mas a vida o trouxe para assumir uma pequena paróquia na minúscula cidade de Santa Edwiges do Pinhal – seja lá onde fique isso! Sofria o exílio, ter que ouvir as confissões dos mesmos pecados ligados à carne. Uma ovelha da igreja de nome Isabel, alerta-o para um caso de abuso infantil que estaria ocorrendo na fazendo onde esta mulher trabalhava.Comprovado a iniquidade, o padre, armado com uma faca, conduz o criminoso ao um lugar deserto, onde o monstro confessa seu crime e implora absolvição. O padre fiel as palavras, concede o perdão e se desarma, se oferece ovelha, rezando por um mundo puro. O malfeitor, mesmo se contorcendo em culpa, apanha a faca abandonada e o galo canta uma terceira vez.

    Considerações:
    Para mim, trata-se de um “causo” contado por mais um autor de ótima técnica e domínio da narrativa, mas, infelizmente, sublinhe-se para o meu gosto pessoal, não achei nada que fosse além disso, não tem uma “virada”, não surpreende, não tira folêgo, não vejo propósito ou motivação para reflexão. É uma história incômoda, como todas as histórias que envolvam o abuso de crianças. A decisão do padre em se deixar abater, considerando que o mundo, a humanidade e a vida não são ideais, me destruiu de vez!

  8. Rafael Penha
    12 de dezembro de 2019

    RESUMO: Um jovem hábil com as palavras e em sua devoção se torna padre e acaba indo parar numa cidadezinha de interior. Em meio às vicissitudes do dia a dia, se viu tendo de enfrentar um crime hediondo, onde sua atuação seria crucial para o bem da vítima.

    COMENTÁRIO: Um conto bem descrito, bem ambientado. Uma narrativa fluida e prazerosa de acompanhar.
    Personagem principal é o estereótipo do padre perfeito. Resoluto, leal à sua fé até acima das maldades humanas. Creio que o início contextualizou até demais, entendo que teve o objetivo de mostrar o quão “santo” era o protagonista, mas me pareceu estranho alguém com tal potencial ser relegado a uma zona tão erma, mesmo não sendo bajulador. Enfim, isso é apenas um problema pequeno.
    A história é bem narrada, envolvente e leva a um clímax interessante, com um final ainda mais interessante. O recurso de fazê-lo projetar o plano ao mesmo tempo de já inseri-lo na ação foi brilhantemente executado e se encaixou como uma luva na ocasião, dando charme e relevância ao texto, ainda economizando tempo.
    Gostaria que o final fosse um pouco mais fechado, pois gostaria de saber o que aconteceu, mas é algo de minha opinião, o final totalmente aberto também se encaixou bem no conto.
    Muito Bom!

  9. Claudinei Ribeiro Novais
    12 de dezembro de 2019

    RESUMO: Um padre, com forte vocação religiosa e inclinação de fazer o bem ao próximo, nutria o desejo de se tornar papa e, assim, poder fazer o bem para uma grande quantidade de pessoas e não apenas para os que estivessem mais próximo. No entanto, devido à politicagem envolvida nessas questões, o padre foi enviado para uma cidadezinha pequena, afastada. Nessa cidadezinha, atuando como confessor, ficou sabendo do pecados de praticamente toda a comunidade, inclusive que o coronel abusava da filha. Disposto a ajudar a garota, o padre arma um plano com a governanta do coronel e o pega quando estava baixando as calças para abusar da filha. Levou o coronel para um lugar afastado e o fez confessar o delito.

    CONSIDERAÇÕES: Conto muito bem narrado, enredo interessante e prende a atenção do leitor e relata o que de fato ocorre nos bastidores das instituições religiosas, onde, nem sempre, o religioso bem intencionado consegue agir em benefício do próximo. Uma pena que o fim não deixou claro sobre o que teria acontecido . O coronel teria cortado o pescoço do padre? O coronel teria cortado o próprio pênis? Talvez esse tenha sido o grande trunfo do(a) autor(a). Se o objetivo foi apresentar o final aberto a fim de fazer deixar o leitor intrigado, o autor alcançou o que desejava.

  10. Luis Guilherme Banzi Florido
    9 de dezembro de 2019

    Bom dia/tarde/noite, amigo (a). Tudo bem por ai?
    Pra começar, devo dizer que estou lendo todos os contos, em ordem, sem saber a qual série pertence. Assim, todos meus comentários vão seguir um padrão.
    Também, como padrão, parabenizo pelo esforço e desafio!

    Vamos lá:

    Tema identificado: drama, cotidiano.. nao sei bem hahah

    Resumo: o padre Guilherme é transferido para uma cidade no meio do nada, e acaba se deparando com a história da filha do coronel que está sendo estuprada pelo pai. Num ato desesperado, leva o homem para o meio do nada, o faz confessar seu pecado e cortar o próprio penis.

    Comentário: um conto interessante, e que de certa forma é ousado na temática, que é forte e pesada. Vamos por partes.

    Pra começar, a escrita é muito (muito mesmo) boa. Quer dizer, não só gramaticalmente e estruturalmente (a técnica é impecável), como também em fluência e ritmo. Pela escolha apurada de palavras, vocabulário rico, bom uso de metáforas (ainda que leves e sutis, estão presentes), e boas referências, inclusive usando bem as passagens da bíblia. Tudo isso tornou a leitura um deleite. Quando percebi, já tinha terminado, não travei em nenhum momento Dá até uma invejinha do bem hahahahaha

    A escrita também tem um tom de bom humor, apesar de o enredo ser pesado e um um pouco denso. Parece que o autor sabe brincar com as palavras, dando um ritmo bem humorado pra elas, não sei explicar.

    Por outro lado, o enredo em si não é nada muito espetacular. Não tô dizendo que seja ruim, afinal, é muito bem estruturado e tem um bom fluxo de acontecimentos. Porém, falta algo pra que ele seja marcante. Acho que a história é muito linear, sem surpresas ou grandes acontecimentos.

    Quer dizer, meio que fica óbvio logo de cara que a menina tá sendo estuprada pelo pai. Quando ele tá indo pra fazendo, até dá a impressão de que poderia ser uma possessão, e quando o monstro aparece no desenho, fica um mistério no ar. Porém, o mistério logo se dissipa e tudo fica visível. Além disso, algo no tom do conto me dizia que não haveria monstro nem demônio (não no sentido tradicional de demonio e monstro, como algo sobrenatural, pelo menos. Afinal, o que é o cara faz é a verdadeira monstruosidade/ação demoniaca, né?). Não sei dizer o que, mas fiquei com essa impressão clara em mim.

    O desfecho é acima da média do enredo. Foi surpreendente ver a atitude desesperada do padre. O clímax se dá no momento da decisão do homem, que não fica clara, apresentando um final aberto.

    Acredito que muito da construção do final aberto se dá pelos últimos trechos:

    “A lâmina fez seu trabalho e um grito ecoou na noite. A terra escura sob a olaia recebeu seu quinhão de sangue.

    Numa fazenda perto dali, o galo cantou pela terceira vez.”

    Entendo quinhão como parcela ou pedaço de algo. Essa palavra parece ter sido usada para delinear que o cara cortou o próprio canário. Mas isso é só interpretação, não tá explícito.

    Além disso, existe um filme BR que chama “quando o galo cantar pela terceira vez, renegarás tua mãe”. Nunca assisti o filme, mas o título parece ter relação com a situação.

    Enfim, a linguagem é impecável e de ótima leitura, mas apesar de ter um enredo curioso e denso, com final bem bom, algo faltou pra que o conto me marcasse e me emocionasse de alguma maneira.

    De toda forma, bom trabalho. Parabéns e boa sorte!

  11. Rosário dos Santoz
    8 de dezembro de 2019

    Resumo: Aspirante a Papa acaba sendo enviado para uma cidadezinha agreste onde um pecado quase indizível acontece. Então lá, ele se vê no lugar que Jesus provavelmente estaria.

    O que vi: Parabéns! Começo com “Parabéns!” porque não há forma mais justa que escrever sobre um conto tão cativante e completo. Isto vale ouro! Mesmo com o cruel final aberto, que deixa o leitor com a dúvida sobre o que realmente aconteceu… foi uma escolha justa e necessária ter usado este tipo de final em seu conto.
    Obrigado por esta excelente história. 🙂

  12. Priscila Pereira
    7 de dezembro de 2019

    Olá, autor!
    Nossa, estou chocada com esse conto!! Muito bom! E que final foi esse?? Aberto demais para o meu gosto…. Mas, como ainda tenho fé na humanidade, vou imaginar que ele fez o serviço em si mesmo. Que ato de fé mais sem juízo esse do padre, heim… Misericórdia!!
    O conto está extremamente bem escrito, é muito inteligente, fluido, com um suspense crescente que deixa o final aberto ainda mais desconfortável pro leitor. Ótimo conto!! Parabéns e boa sorte!

  13. Paulo Luís
    6 de dezembro de 2019

    Olá, Mateus, boa sorte no desafio. Eis minhas impressões sobre seu conto.

    Resumo: Sacerdote almeja ser papa, como não foi o escolhido, enviaram-lhe para uma cidade interiorana. Na cidade, entre outras confissões, lhe denunciam sobre um pai que abusa da filha, uma criança. O padre forja um flagrante. Obrigando o pai e se redimir do pecado, este dissimulando arrependimento, volta-se contra o padre, matando-o.

    Gramática: Leitura sem problemas gramaticais.

    Comentário crítico: Conto com um enredo muito bem estruturado. Com destaque para os três primeiros parágrafos, brilhante literariamente. O confronto entre a erudição e o humanismo de um sacerdote versos a bestialidade, não como uma cidade por ser interiorana, pois essa condição não é prerrogativa de uma cidade, mas a bestialidade humana mesmo. A narrativa se desenvolve muito bem, mas o desfecho me decepcionou um pouco, como leitor. Embora caiba ao autor o direito de tal tarefa. Mas o conto tem ainda a seu favor a denúncia e o desmascaramento dos falsos bom-mocismo.

  14. Luciana Merley
    6 de dezembro de 2019

    Resumo
    Um padre enfrentando os crimes e os pecados de uma cidade do interior. Ele recebe uma acusação de que um pai abusava de sua filha e é envolvido na tentativa de desmascarar o abusador.

    Técnica
    Bem escrito e com linguagem fluída. Achei bastante explicativo e com algumas frases de efeito já bastante gastas. A atitude quase subserviente do coronel no final não combina nem um pouco com a personalidade que ele demonstrou no início. A cena final, que imaginamos ter sido de automutilação, não aconteceria em situações normais com um homem que não demonstrava até então nenhum traço de culpa ou grande sofrimento interno, logo, bastante inverossímil.
    Por fim, assuntos asquerosos como esse devem ser tratados com mais cuidado, a meu ver. Pareceu quase que um conto irônico-cômico do interior, só que tratando-se de um dos maiores horrores humanos.

    Criatividade
    Casos como esses não são raros em cidades pequenas (também). Não gostei muito de como foi abordado. Além disso, essa relação com o texto bíblico não ficou clara.

    Impacto
    O impacto foi ruim. Não somente porque o tema é muito incômodo (indignante na verdade) mas pelo modo quase cômico como foi abordado.

  15. angst447
    3 de dezembro de 2019

    Ai, meus sais! O que aconteceu com os dois, afinal? O padre livrou-se da morte e o pai monstro castrou-se? Ou foi o padre que perdeu a vida para que o crime de Otacílio ficasse impune? Conte-me!
    “Jesus declarou: Em verdade te digo que esta noite, antes que o galo cante, me negarás três vezes!” (Evangelho de Mateus 26,34) .
    O conto está muito bem escrito, com clima de suspense e tudo bem coordenado. Os personagens são bem críveis e trazem emoção para a narrativa. Prendem a atenção do começo ao fim.
    Não encontrei falhas de revisão.
    Só sei que gostei bastante do seu texto!
    Parabéns por participar desta última rodada do desafio. Feliz Natal e que 2020 te traga só felicidade.

  16. Elisa Ribeiro
    3 de dezembro de 2019

    Padre, que na juventude ambicionava tornar-se Papa, é designado para uma pequena paróquia interiorana onde lida com indivíduos bestializados e acaba se envolvendo em um caso de abuso da uma menina pelo pai.

    Uma história de abuso sexual de menor. Confesso que o tema não é dos meus prediletos.

    Acho que o maior problema da história é a falta de empatia dos personagens. O padre, embora generoso e altruísta, é também apresentado ao leitor como vaidoso, ambicioso e frustrado. O vilão da história abusa da própria filha e um personagem secundário transa com uma cabra. Sobra a personagem Isabel, a única que parece normal na história, mas que infelizmente tem pouco participação no enredo.

    Também não gostei do desfecho. Achei totalmente nonsense a cena do padre entregando a faca para o sujeito e o final ficou aberto demais.

    Como pontos positivos destaco a fluidez da narrativa e a correção gramatical do texto.

    Desejo-lhe tudo de bom.
    Um abraço.

  17. Fabio Monteiro
    1 de dezembro de 2019

    Palavras

    Resumo: Jovem que acreditava que um dia poderia se tornar papa. Quando escalado para trabalhar em uma cidade pequena, recebe a confissão de que um homem abusa sexualmente de sua filha. Ele tenta intervir quando o homem parece demonstrar arrependimento, mas, acaba sendo morto por ele.

    Ponto Forte: fatos e desejos ocultos que vão se revelando com o destrinchar da história.

    Ponto Fraco: Finalização

    Comentário geral: Criação dos personagens e o desenrolar da história cativam o leitor. Confesso que esperei um final diferente (talvez, o padre matando o homem que tinha tanto poder sobre as pessoas).

  18. Cirineu Pereira
    30 de novembro de 2019

    Resumo:
    Em Palavras, Guilherme é um jovem sacerdote que aspira ser Papa. Por inaptidão política acaba transferido para Santa Edwiges do Pinhal, paróquia interiorana e que pouco contribuiria para a realização de seu sonho. Lá é notificado pela governanta do mandachuva do munícipio que o mesmo abusa sexualmente da própria filha, uma criança órfã de mãe. Incitado a investigar o assunto, o padre confirma o crime. Então, ante a oferta de carona do coronel, Guilherme, armado com uma faca, o confronta e subjuga.

    Comentários:
    Ainda tentando atinar com a pertinência do título. A introdução utiliza de uma fórmula desgastada, com a apresentação imediata do protagonista, bem como de suas aspirações. A quebra do primeiro parágrafo, reduzido então a uma linha, parece-me inadequada, já que o segundo é a imediata continuidade do que antes se iniciara, ou seja, a apresentação do protagonista.
    De forma geral, observa-se que o autor não demonstra indícios de estilo próprio, mas apresenta uma narrativa linear, pobre em recursos e com alguns poucos erros de Português, caso de palavras grafadas erroneamente, como estereótipos, observações e lei-áurea, bem como do erro de concordância em “ mãos suadas esfregando-se uma à outra”.
    Outros aspectos são mais subjetivos, como a metáfora em “sorriso onipresente” que, ao meu ver, longe de ser uma boa metáfora, dentro daquele contexto soa mais como uma blasfêmia. Quero crer que o autor quis pontuar que o sacerdote possuía um sorriso de ampla projeção. Em se confirmando, talvez devesse ter dito tão somente isto, caso uma figura apropriada e original não lhe ocorresse.
    Da mesma forma, provavelmente ficaria melhor se alguém, ao invés do próprio jovem sacerdote, lhe apontasse os prejudicados do segundo parágrafo e, até mesmo, lhe tivesse inicialmente sugerido a vocação para papa. Da forma como é apresentado, Guilherme nos soa assumidamente vaidoso.
    O conto traz várias incongruências e eventos de pouca verossimilhança. A mim particularmente soa muito improvável que o padre se deixasse convencer pela governanta a esconder-se num armário na casa do Coronel. Da mesma forma, o perfil psicológico do Coronel me parece extremamente frágil. Um homem que manda na cidade e na própria polícia local, ao meu ver, não se comportaria daquela forma quando confrontado pelo padre, salvo estivesse dissimulando e pretendesse, desde o início, assassiná-lo. No entanto, fica claro que o Coronel titubeia antes de degolar o padre. O canto do galo, ao final da narrativa, é claramente uma referência bíblica, porém não pude atinar com seu significado e pertinência dentro da história.

    Em números:
    Título e Introdução: 5
    Personagens: 5
    Tempo e Espaço: 6
    Enredo, Conflito e Clímax: 5
    Técnica e Aplicação do Idioma: 5
    Valor Agregado: 7
    Adequação Temática: 10
    Nota Final: 2,8

    Observação:
    As parciais, baseadas nos critérios, variam de 0 a 10, mas possuem pesos distintos na composição da nota final, que varia de 0 a 5.

  19. Jorge Santos
    30 de novembro de 2019

    Guilherme tem a ambição de ser Papa, mas não gosta dos jogos políticos, pelo que é relegado a padre de uma pequena cidade. Uma paroquiana denúncia os supostos maus tratos que a filha de um Coronel sofre, e ele decide investigar, descobrindo que o causador é o próprio pai. No final, Guilherme obriga-o a auto-mutilar-se.

    É um conto actual, cuja singeleza do título não faz antever a dureza do tema. A menção da bestialidade, no início do texto, desfaz o engano e prepara o leitor para o que se vai seguir. O conto segue numa escalada de crueza até ao desfecho brutal, prendendo o leitor em todo o percurso.

    Em termos de linguagem , nada a apontar.

  20. Fernanda Caleffi Barbetta
    26 de novembro de 2019

    Seu conto, forte, trata de assuntos muito importantes que precisam ser expostos. Gostei do texto, só não sei se entendi o final. Pela referência que fez ao galo, acredito que ele tenha pecado mais uma vez e matado o padre.

    Obs: esta não é uma leitura obrigatória para mim neste desafio, por isso não há resumo. É apenas a minha breve impressão sobre o texto.

  21. Antonio Stegues Batista
    20 de novembro de 2019

    PALAVRAS- Resumo= Um padre, chegando a uma cidadezinha, passa a exercer seu oficio de sacerdote, a pregar a Palavra. Por palavra entende-se os ensinamentos de Jesus Cristo. No confessionário, ele ouve as mais estranhas e bizarras confissões. Certo dia, uma mulher confessa que queria a morte de alguém e pede ao padre para visitar uma garotinha, porque ela acha que a menina está sendo abusada pelo pai. Comprovando que a suspeita é verdadeira, o padre confronta o homem e o convence a se redimir.

    COMENTÁRIO= A história começa muito bem, com as descrições do padre, seus pensamentos e anseios. A narrativa é perfeita. A trama é bem desenvolvida, gerando-se um suspense, mas o final me decepcionou. Foi óbvio demais. Eu esperava algo diferente, original. O suicídio do coronel, ou mesmo que ele matasse o padre, tirou toda a graça. A história se tornou mediana, entre ruim, boa e ótima, ficou só um pouco melhor que ruim. Mas cada um tem seu gosto particular, o que gosto é de originalidade, finais inusitados (geram pontos), arte literária enfim.

  22. Fheluany Nogueira
    19 de novembro de 2019

    Padre, que sonhava ser o Papa, torna-se pároco de uma pequena cidade. É chamado para ver o que acontecia com a filha do coronel e descobre que o pai abusava da menina. Através de um subterfúgio, o padre pega o coronel em flagrante, leva-o para um local isolado e o obriga a se confessar. Distrai-se rezando, o coronel pega a faca e o mata.

    A última frase do texto, o título e o pseudônimo remetem o leitor, de forma inteligente, à Bíblia (Mateus 26:75): “E naquele momento, Pedro se lembrou da palavra de Jesus que lhe advertira: “Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes.” E, deixando aquele lugar, chorou amargamente.” O historiador Plínio afirma que o toque da trombeta da vigília romana, era conhecido como o “cantar do galo”.

    Não consegui captar bem se, no texto, seriam essas negações referentes ao desejo do protagonista de ser Papa ou (mais provável) referentes ao desejo do coronel de evitar o incesto.

    O texto está bem organizado, com cada passagem mostrando sua importância para a construção do todo. Percebe-se muito cuidado para que a narrativa não pareça preconceituosa.

    Parabéns pela ideia, sutileza ao criar uma ambientação bem elaborada, coerente e que traz situações revoltantes, porém críveis. São atrocidades narradas com naturalidade impactante.

    A escrita é muito boa, segura, e com algumas construções frasais bem elaboradas.

    Parabéns pelo trabalho. Sorte na Rodada. Abraço.

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Informação

Publicado às 1 de novembro de 2019 por em Liga 2019 - Rodada 4, R4 - Série A e marcado .
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