Passei os olhos pelo jornal, acendi o cigarro e parti para a diversão matinal daqueles dias. Escondido por detrás das grossas cortinas grená, observar os dog walkers passeando pelo parque com suas cachorradas. A curtição era contar quantos cães cada um conduzia. O recorde eram doze. Mas não foi que, do nada, apareceu uma moça desconhecida, alta e bastante magra, com treze animais? E por muito pouco ela não batia o segundo recorde: não haver repetição de raças entre os bichos.
Naqueles dias estávamos trabalhando em uma canção na qual via grande potencial de sucesso. Há cinco anos, com a queda de Saigon, terminara a guerra do Vietnam e continuávamos num mundo absurdamente violento. Era obvio que não havíamos aprendido nada das tantas lições havidas. Com o avanço tecnológico, o aumento da capacidade de eliminação dos inimigos só aumenta e os conflitos vão se tornando ainda mais mortíferos. Recordo-me de haver lido, naquele dia, uma notícia que me chamou a atenção no New York Times. O número de baixas na guerra do Vietnam, que achavam ter sido de um milhão e meio de pessoas, tinha sido revisto e já consideravam ter havido mais de dois milhões de mortos no conflito.
Haveria absurdo maior do que constatar que as guerras, somente nesse último Século, deram cabo de mais de cento e dez milhões de vidas humanas? E torna-se ainda mais louco observar, que nessas cifras somente estão computadas as mortes de soldados e das pessoas às suas voltas nos momentos de batalhas. Não constam desses números as baixas indiretas, ou sejam, aquelas que, com toda certeza, terão ocorrido depois de algum tempo, e isto por causa da fome, miséria, doenças e das tantas desgraças que vão chegando a reboque nos pós guerras. As pragas que a insanidade humana é capaz de provocar com a nossa brutalidade sem medidas.
Ao relembrar aquele dia fatídico, me dou conta de que a tal música tão promissora, foi totalmente abandonada. Ficou esquecida em alguma gaveta do furacão, em que a minha existência se transformou daí por diante.
Jamais tive coragem de retornar ao nosso apartamento. Ele permaneceu vazio por quatro anos. A ideia de transformá-lo em memorial foi de imediato descartada. Os vizinhos esnobes não aceitariam jamais algo assim por lá. Tomei então a decisão de vendê-lo. Nessa época eu já vivia aqui na Ilha de Marajó. Dei ordens para que nada fosse descartado, para que se encaixotasse tudo, pois não queria que nem um detalhe da nossa memória de felicidade se perdesse. Enviaram as caixas para um depósito não sei onde em New Jersey. Incrível como me esqueci totalmente da tal canção e repare que ela estava em estágio bem adiantado. Esse lhe contar a história me faz recordar de coisas que tinham sido, talvez por algum mecanismo de defesa, apagadas da memória. Passados quarenta anos me vem a curiosidade de perguntar para os músicos que me acompanhavam se eles se lembram da música. Quem sabe a tenham gravado, pelo menos alguns dos seus acordes, ou possuam rascunhos da letra… Caso não se recordem, uma segunda opção será o envio de alguém de confiança até o depósito para remexer as caixas, buscando-a em meio à papelada.
Acho que está dando para reparar que aquele foi um dia rotineiro, bem normal mesmo. Passamos a tarde no estúdio. Sean estava conosco e enquanto eu testava uns arranjos para o novo disco, ele tocava bateria, um pouco pior do que Ringo, mas se continuasse tentando, muito em breve o teria superado. Não estou sendo irônico. Era para que risse um pouco. Quero que a nossa conversa seja leve. Brinco assim mas, creia-me, Ringo é um grande homem. Um músico razoável, mas um ser humano de primeira ordem. Um cara de uma simplicidade tão grande que me chegava a dar até raiva. Yoko esteve ao meu lado me ajudando com seus palpites sempre muito pertinentes.
Olha, quero dizer que você pode se considerar privilegiado por estar lhe concedendo essa entrevista tratando da minha existência após o Oito de dezembro. Veja que nunca mais falei com vocês. Por que mantive esse silêncio em relação à imprensa? Claro que, tanto quanto eu, você é sabedor do meu porquê. Faz a pergunta não pela necessidade de saber tal razão, mas pelo simples vício de questionar que os repórteres foram desenvolvendo ao longo das carreiras. Não foi somente por conta do infortúnio que decidi parar de falar com jornalistas. Bem antes da tragédia as nossas relações já estavam em baixa. Sem dúvidas, que tudo começou com a entrada de Yoko na minha vida. Vocês criaram uma imagem totalmente falsa da minha mulher. Aos olhos do mundo ela passou a ser vista como um demônio terrível. Até pelo fim dos Beatles foi considerada culpada! Assim, os fãs e admiradores mundo afora foram criando uma tremenda antipatia e mesmo um certo ódio dela. Vocês a tratavam de maneira polida pela frente e depois, diante das máquinas de escrever, a criticavam ferinamente, mostrando-a como mulher venenosa, frívola e até mesmo pervertida ao desencaminhar o pobre e indefeso John Lennon. Não foram capazes de perceber o tamanho da genialidade dela.
Sim, eu sei que você não passou por isto. Estudou com Sean e se tornaram amigos. Como criancinha que era, não poderia ter vivido esse clima pesado que estou lhe relatando. Só para lhe dar uma ideia mais concreta dessa animosidade com Yoko, conto que o seu amigo Sean jamais teve, por parte dos meus fãs, a mesma atenção que sempre deram a Julian.
Bem, vamos voltar ao nosso foco. Estou falando de raivas passadas e tudo que não quero é reviver sentimentos negativos. Já me libertei deles há bastante tempo. A pergunta que me fez é para que lhe conte como foi aquele dia. Não vou dar voltas, quero permanecer na nossa trilha. Sim, eu sei que sou livre para falar o que quiser, mas é importante que mantenhamos o rumo da conversa. Caso, depois, ainda nos sobre tempo, posso avaliar uma possível volta ao tema ou, ao contrário, constatar que não valeria a pena mexer nesses arquivos guardados faz tanto tempo. Onde foi mesmo que paramos?
Ah, sim, estávamos no estúdio, Sean brincando numa bateria e eu experimentando uns arranjos diferentes para três, ou quatro, canções do novo disco. Yoko me assessorava e eu fingindo não reparar na vontade escondida que tinham em não considerar os seus palpites. Pirracento que sou, tinha coisas que nem queria ponderar, mas que passava a achar relevantes só para lhes mostrar a importância dela no meu processo criativo. Meu amor não somente me completava, ela fazia com que me tornasse um ser humano muito maior do que era até então. Com ela eu dei um salto quântico na existência. Que saudades eu tenho da minha Yoko. Sim, estou chorando. Foi ela que me ensinou a jamais esconder as emoções.
Ah, que a Pequena Yoko estaria feliz demais em viver esse tempo no qual podemos considerar que as guerras vão se tornando história. Aspectos tristes de um passado ainda recente, mas que jamais irá se repetir. A parte dela nessa realidade que está se fazendo: mais pacífica entre as pessoas, justa entre as comunidades e bonita, com a natureza exuberante e bem cuidada, é imensamente maior do que a minha. Isto é o que mais desejo que você e o mundo entendam.
Quando o trabalho rende eu perco a noção do tempo. Era noite e o estômago já tinha dado início aos lancinantes apelos por comida. Jantamos por lá mesmo e em pouco tempo Sean dormia em uma estranha poltrona com desenhos surrealistas. Yoko queria ir embora e lhe pedi que aguardasse um pouco mais. Fez um muxoxo, espremeu-se junto à criança e fechou os olhos. Mais umas duas horas de trabalho e, cansados, encerramos o expediente. Acordei-os e voltamos para casa.
Ao chegamos ao Dakota, a primeira coisa que reparei foi na presença do cara gordinho com o meu disco autografado e um livro debaixo do braço. As duas mãos se protegendo do grande frio que fazia, enfiadas nos bolsos da blusa. Peguei-me pensando nos motivos dele em me esperar, sem nem saber a que horas chegaria e muito menos se retornaria para casa naquele dia. Ao invés de buscar um lugar aconchegante para se abrigar do gelo da noite, havia permanecido ali à frente do meu prédio. Yoko acordou Sean e saímos os três. Meu filho correndo à frente e nós dois andando rapidamente atrás dele. Foi então que os estampidos me agrediram os ouvidos. Não senti dor, o corpo foi lançado para adiante e desabei. O que ouvi por último foi a voz de Yoko pedindo por socorro, enquanto Sean, com voz de choro, nos perguntava:
– Mamãe, papai, por que suas roupas estão ficando molhadas?
Despertei dois meses depois. Indaguei pela minha mulher e por Sean. Nosso filho estava bem, mas Yoko não resistiu ao tiro que aquele louco, o gordinho para quem tinha autografado o disco, tinha desferido. Enquanto estava hospitalizado pensava que ele havia atirado em nós dois. Ledo engano, e isto me causou o segundo choque fazendo crescer ainda mais – como se houvesse espaço para tal – a dor. O assassino louco tinha atirado somente em mim. Suas declarações nesse sentido eram bastante enfáticas. Em nenhum momento ele quis atingir Yoko. Eu, somente eu, fui o alvo.
Como desejei ter morrido naquela noite na entrada do Dakota. Passei meses envolto em pensamentos suicidas. E eles não me vieram por culpa de uma das balas ter se alojado na espinha, provocando-me a perda da sensibilidade e, consequentemente, os movimentos das pernas e pés. A cadeira de rodas foi o de menos.
Depois de um ano de muita tristeza e inútil e intensa fisioterapia, optei por deixar New York. Sean, por minha absoluta incapacidade de ser um bom pai, foi levado para viver com a família da mãe no Japão. Ao vê-lo novamente alguns anos depois, aqui mesmo nessa varanda, verifiquei o quanto estava mudado. Tinha se tornado um garoto mais contido, bem sério e de voz pausada. A tragédia, sem dúvidas, que o amadureceu demais.
Uma reportagem sobre a Amazônia me encantou e resolvi conhecê-la. Foi amor à primeira vista. Marajó, parecia estar em mim desde sempre. Foi o tempo de escolher o lugar ideal, comprar a fazenda, contratar uma construtora para fazer as adaptações na casa, ampliando-a e a tornando acessível a um cadeirante. Aqui crio búfalos, deixando-os viver até que a velhice os leve e mantenho também esse centro de recuperação de animais e aves silvestres que hoje, como podem ver, tem somente esses bichos sem a menor condição de sobrevivência na natureza por conta dos maus tratos sofridos. Os caçadores com as suas gaiolas e jaulas não mais existem entre nós.
Integrei-me totalmente, tornei-me uma espécie de monge curtindo a exuberância da natureza e meditando. A tragédia me aproximou novamente de George. Ele veio conhecer Imagine e se apaixonou pela região. Comprou uma fazenda imensa, bem maior do que essa, mais adiante, mas jamais teve a coragem de dar o passo definitivo e vir pra cá também. Quando sentiu que o câncer iria vencer, doou toda a imensidão das suas terras para que fossem transformadas em um parque e reserva ecológica. Isto é segredo, portanto, considere essa parte em “off”. George, onde ele estiver, talvez não gostasse que o mundo soubesse que foi fazendeiro no Brasil e que dessa sua propriedade nasceu um lindo parque que a tanta gente encanta.
Espera lá. Pensando bem, boas ações são para serem expostas. Por favor, desconsidere o que lhe disse acima. Pode publicar também o que lhe contei do George. Agora você me pergunta pelo Paul? Não sei se sabe, mas ele esteve algumas vezes no Brasil e o convidei para me visitar, mas sempre arrumou umas desculpas.
Na primeira metade dos Noventa vivemos dois genocídios terríveis. Um na África e o outro nos Balcãs, lá na Europa. Foi aí que me tornei ativo novamente. Fiz o que Yoko teria me animado a realizar, acaso aquele tiro equivocado não a tivesse matado. Consegui resolver os dois conflitos. Pacifiquei os Hutus e os Tutsis em Ruanda e mediei o conflito entre Sérvios, Croatas Macedônios.
Considero como uma façanha haver conseguido transformar o modo de atuação da ONU. Deu-me ainda maior trabalho a missão de criar o Conselho Espiritual, composto pelos líderes das grandes correntes religiosas e espirituais. Hoje, sentados diariamente na mesma mesa comum, eles refletem e decidem, também com os votos dos ateus e agnósticos sobre os problemas que mais afligem a humanidade.
Fico triste ao perceber que, por mais que eu tente demonstrar que o espírito da minha esposa é que deu alento a tudo isto, fazendo com que desde 2006 não tenha acontecido mais nenhum conflito e muito menos tenha havido uma criança que fosse a dormir com fome no mundo, o nome dela continua bem pouco lembrado. Só se fala em Lennon e na sua liderança para a criação da cultura de perdão, reconciliação, justiça e paz que implantamos.
Bem, você se arrancou do Japão e veio até o outro lado do mundo para me entrevistar. “Time is over”, preciso descansar. Essa longa conversa me trouxe emoção e quero ficar só. Vale o que combinamos para a realização da conversa. Você só publicará esta entrevista após eu ter ido morar com Yoko do outro lado das estrelas. Confio em você. Confio na humanidade.
Realizei esta entrevista com John Lennon no dia 27 de agosto de 2016, em sua propriedade rural no Norte do Brasil. Como bom jornalista, além de, com a autorização do entrevistado, haver gravado tudo, retornei para o Japão no afã de editá-la o mais breve possível e a deixar pronta e guardada para publicação no Toquio Shimbum no dia seguinte à morte do maior homem desses últimos mil anos. Carreguei comigo, secretamente, esse tesouro imenso. A entrevista foi toda editada e ficou muito boa. Só que tomei uma decisão diferente. Optei por transcrever e publicar para você, nosso leitor, cada palavra – sem perder uma que fosse – do nosso herói. Descansem em paz, Yoko e John.
Tóquio, 31 de julho de 2019
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Texto atualizado em 30/09/2019
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CONTO AVALIADO: Imagine
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Olá Mark Chapman; tudo bem?
O seu conto é o nono trabalho da Série B que eu estou lendo e avaliando.
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O QUE ACHEI DO SEU TEXTO
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Gostei da distopia e de, assim, imaginar como seria um mundo onde o famoso beatle não houvesse sido assassinado. E, confesso, não fiquei surpreso ao ler sua descrição do mundo.
Gostei bastante da associação desta ideia acima exposta com o título do trabalho (Imagine), que é também o título de uma música onde os autores questionam como seria um mundo sem várias coisas consideradas ruins.
Quanto ao tema, não sei bem se seu trabalho se adequa ao que foi proposto pelos organizadores do Certame, mas eu curti a viagem! 😉
Não sei se você já assistiu, mas caso negativo, fica a dica para um ótimo filme que eu vi no mês passado no cinema, chamado “Yesterday”, que trata também de uma distopia envolvendo esta famosa banda inglesa. Vale a pena!
É isso! Parabéns pelo trabalho e boa sorte no Desafio!
Bem, pra finalizar… As regras do Certame exigem que eu faça um resuminho da história avaliada, para comprovar minha leitura. Então, vamos lá:
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RESUMO DA HISTÓRIA
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O conto se trata de uma história distópica, onde o famoso músico-compositor John Lennon não morreu em 08/12/1980, mas sim sua esposa, Yoko Onno. Cadeirante após o atentado, ele veio morar em uma ilha no norte do Brasil e deu uma entrevista, em 2016, para um repórter japonês, pedindo para que a mesma só fosse publicada após sua morte. (Nota: 4)
Categoria: FC (Realidade histórica alternativa)
Ao invés de John Lennon, Yoko é a vítima fatal do atentado em frente ao Edifício Dakota. Narrado em primeira pessoa, nesse contexto, Lennon não só continua a compor, mas ajuda a evitar guerras, como a dos Bálcãs, Ruanda, etc., além de sentir saudades da companheira, discutir o relacionamento com os filhos. Paraplégico após o atentando, além de abandonar NY, vai morar na ilha de Marajó, onde se torna um criador de búfalos e outros animais, quase uma reserva natural. George também tinha propriedade perto, até morrer. Está sendo entrevistado por uma amigo de Sean vindo do Japão, que decidiu publicar na íntegra a conversa após a morte do Beatle.
PREMISSA: a RHA (Realidade Histórica Alternativa) cumpre o sonho de todos nós: que fosse Yoko, e não John, naquela noite fatídica do Dakota. Porém, o desdobramento e a conclusão parecem um pouco forçados e improváveis demais.
TÉCNICA: acho que o principal ponto a melhorar está aqui – o tom de voz do narrador não tem ressonância com a fala de John. Parece aqueles textos psicografados, que você fica imaginando: “não, o cara nunca falaria assim.. ou isso…”. Sugestão: ler algumas entrevistas do Lennon para pegar um pouco mais o espírito do cara.
EFEITO: se tem problemas, a meu ver, a história é bastante simpática e poderá ser base para melhorias. Boa sorte no desafio.
Resumo
Uma entrevista com John Lennon.
Sensação
Achei engraçado, a primeira vez que li o título (bem antes de ler o texto), achei que fosse sobre a música dos Beatles. Aí depois quando li um pessoal elogiando o conto no EC, achei que fosse um mundo suposto, tipo: imagine se …. Mas nada a ver com os Beatles, e sim com coisas convencionais de uma maneira poética.
Aí quando comecei a ler o texto entendi que era sobre a música (exclusivamente) e já no fim do conto me dei conta que, de fato, tinha a ver com um mundo suposto sobre os Beatles xD
Execução
Achei interessante a maneira escolhida pelo autor para a narrativa do conto, interessante o artifício de fala onde o personagem responde uma pergunta que não aparece no texto (feita pelo entrevistador).
Sobre o roteiro mesmo, não há o que dizer, como é um conto de suposição, não há o que pensar sobre o que teria ficado melhor colocado ou não.
Título
Adorei, apropriado e equilibrado com o conto.
Antes de tudo, escrever algo sobre os Beatles é pura trapaça. Rs
Quando vi o nome Mark Chapman já me preparei para o episódio fatídico. Eu mesmo escrevi sobre o tema no desafio música. Meu conto “A felicidade é uma arma quente” conta o episódio pela perspectiva do assassino. Enfim, como não estou aqui para falar de mim, vamos ao “imagine”.
O conto se apresenta como um relato, uma última entrevista do grande Lennon contando um pouco da sua história. Nesse monólogo ele toca nos assuntos que lhe são caros como; guerra, Yoko e seu filho, conferindo verossimilhança ao depoimento. Ocorre que aqui, estamos diante de uma história alternativa, uma realidade paralela onde John não morreu e se tornou um grande líder. Ou seja, creio que ai está a parcela de ficção cientifica, ainda que não esmiuçada ou revelada.
Um dos pontos interessantes é a ambientação que o autor procura fazer. Tirando o “dog walters” que penso ter sido um equivoco de grafia, todo esse cuidado na imersão de nova York funciona bem. Outro aspecto interessante, penso eu, foi criar um vínculo com o Brasil, juntando o real e o imaginário. Fazer daqui o refúgio do guru foi uma ideia ousada e divertida. Só não me surpreendi mais com esse ponto pq acabei de ver o Yesterday que mostra um Lennon também em retiro.
Creio ter observado algumas traduções de letras, em alguns trechos penso que ficaram meio truncadas. “justa entre as comunidades e bonita, com a natureza exuberante e bem cuidada, é imensamente maior do que a minha. Isto é o que mais desejo que você e o mundo entendam” No que diz respeito ao introito falando das guerras, também penso que ficou um tanto didático, professoral. A não ser que essa tenha sido a intenção do autor, tirar a coloquialidade da entrevista, para criar algo mais de palestra…
Enfim, acho que foi um conto bem criativo, com uma premissa muito interessante. A história instiga, porque a original nos é muito familiar. É tipo um “era uma vez em hollywood” onde conhecemos a tensão dos fatos, mas aguardamos a quebra da realidade ansiosamente.
Não sei se ficará tão evidente a ficção cientifica para todos os leitores. Para mim está tudo ok!
Parabéns e boa sorte.
O que entendi: John Lennon não morreu, virou criador de búfalos na ilha de Marajó e ativista pela preservação da fauna, flora e paz mundial. Yoko morreu no atentado de 1980 contra John, que ficou paralítico. Trata-se de uma entrevista só publicada após a morte de Lennon.
Técnica: Embora o estilo não seja particularmente marcante, houve um apurado trabalho de pesquisa. Quem acompanhou aquele fatídico 8/12/1980 sabe o quanto você foi fiel aos acontecimentos, sem perder a capacidade de mudar a história. Eu tinha 17 anos e me lembro perfeitamente do momento em que recebi a notícia. Texto fácil de ler, mas difícil de executar.
Criatividade: A ideia da distopia foi muito bacana e viajou em várias possibilidades.
Impacto: Como bleatlesmaníaca aposentada, fiquei emocionada em imaginar o quanto Lennon ainda poderia ter feito pelo nosso mundinho e pela música.
Destaque: “Integrei-me totalmente, tornei-me uma espécie de monge curtindo a exuberância da natureza e meditando.” – Ele teria sido um grande monge.
Sugestão: Ler mais atentamente o regulamento dos desafios. Este conto não é sabrinesco e nem ficção científica, muito menos erótico. Minha nota teria sido muito maior se este conto estivesse em um desafio de tema livre ou distopia.
RESUMO: Em uma realidade alternativa, John Lennon sobrevive ao atentado e quem morre é Yoko. Ele adquire uma propriedade no Brasil onde cuida da natureza e se torna um tipo de guru mundial, intervindo em guerras.
Tudo isso é contado numa entrevista que só foi divulgada após sua morte.
COMENTÁRIO: O conto tem o apelo inegável de trazer a figura muito querida de Lennon. No (ótimo) filme “Yesterday”, que ainda deve estar em cartaz, há uma cena muito boa com John e esse conto trouxe esse mesmo sentimento.
Infelizmente, deixando o lado Beatlemaníaco de lado, o conto não me convenceu muito. A começar pelo enquadramento no tema: realidade histórica alternativa não é necessariamente uma FC.
Há problemas de revisão e um “como disse acima” que me incomodou na leitura (a entrevista era falada, correto?). Também me pareceu que a figura de John tomou uma dimensão muito grande nessa realidade, quase um Jesus Cristo. Isso também atrapalhou na imersão.
NOTA: 3
Resumo: O conto é a entrevista de John Lennon a um jornalista onde ele conta sobre o assassinato de sua esposa e tudo o que aconteceu depois disso,
Olá, Mark! Não consegui visualizar sem conto como FC e obviamente não é sabrinesco… Li no grupo alguma coisa sobre o “e se” ser uma parte da FC, mas pra mim é só ficção mesmo e não tem nada de científico, porém, não tirarei pontos por isso…
Bem, eu demorei pra entender sobre o que era o conto, achei que teve muita divagação… eu sei que é literalmente o retrato de uma mente divagando, rsrsrs, mas ficou divagado demais… entendeu? Nem eu… Então, achei o cúmulo da imaginação John Lennon ser uma espécie de salvador do mundo, o homem que traria a paz mundial se não tivesse sido assassinado, tipo, eu nunca pensaria nisso, rsrsrsr no mais, está bem escrito, a ideia é interessante mas faltou algo que prendesse o leitor, no caso eu né, não sei dos outros… foi difícil eu prestar a atenção nele até o fim, desculpe se eu não consegui apreciar como seu conto merecia, desejo sorte!
Em uma reescritura da história moderna, John Lennon sobrevive ao tiro e Yoko Ono é quem morre. Segue-se um relato de John Lennon sobre sua vida desde então, data a um entrevistador japonês, muito provavelmente seu filho. Ele fala de como ajudou a trazer a paz ao mundo, de sua relação com o filho e de como sente falta de Yoko.
O conto é interessante. Nunca tinha lido um conto assim. Sua escrita é suave, bem natural, quase como realmente alguém falaria durante uma entrevista. Não vi erros ou problemas na leitura.
O conto… bem, não há trama. É um trabalho de “e se…”, tentando prever um tempo presente alternativo dadas algumas circunstâncias diferenciadas. É uma leitura legal, um exercício de reflexão interessante… mas está longe, a meu ver, de qualquer um dos dois temas do desafio. Muito, muito longe.
De qualquer forma, foi uma leitura agradável e original. Parabéns!
RESUMO: Em formato de entrevista – porém durante maior parte do texto sem a voz do entrevistador -, o conto narra uma realidade alternativa em que, por ocasião do atentado contra John Lennon, Yoko Ono teria sido morta em seu lugar. Na história, John fica paralítico e passa a viver, por longo período, em retiro numa fazenda em Marajó.
TÍTULO E INTRODUÇÃO: Apesar de inicialmente soar pouco atrativo, o título revela-se inteligente quando entendemos que “Imagine”, título da famosa canção, em Português também é flexão, no imperativo afirmativo, da terceira pessoa do verbo imaginar. Imagine, pois, que John tivesse continuado vivo… A abertura, por sua vez, trazendo um conto narrado na primeira pessoa, apresenta de imediato um protagonista/narrador peculiar pela sua linguagem e passatempo. Note-se que inicialmente sua identidade não é revelada e outros leitores provavelmente concluirão, como eu, que o protagonista não convence como John Lennon, mas inicialmente este detalhe é irrelevante e o que conta é que as primeiras frases já delineam o personagem e incitam nossa curiosidade. Contudo, também se nota um estilo caracterizado pela deficiência técnica e, ainda que o critério em questão não seja nem técnica, nem estilo, essa deficiência impacta sim no interesse do leitor mais exigente. Nota: 7
PERSONAGENS: Salvo pela súbita aparição do jornalista que, ao final do conto “assina” a entrevista, o conto é basicamente um monologo e os demais personagens, em sua maioria reais, são apenas superficialmente citados por John. Em suma, temos um personagem muito bem delineado, mas cujo discurso, infelizmente, não convence enquanto John Lennon. Nota: 6
TEMPO E ESPAÇO: A narrativa é bastante fugaz, o monólogo abrange um longo período desde a morte oficial de John Lennon até alguns poucos anos atrás e talvez, justamente por abranger muitos locais e um período relativamente longo, a narrativa é pouco densa, não concedendo ao leitor tempo e detalhamento suficiente para se reportar ao contexto. Nota: 7
ENREDO CONFLITO E CLÍMAX: Uma história bastante interessante por seu caráter “imaginativo”, porém sem um conflito principal, logo sem clímax. Nota: 6
TÉCNICA E APLICAÇÃO DO IDIOMA: Alguns erros que não puderam ser ignorados: dog walters (dog walkers?), O recorde eram doze, repetição sintomática de expressões como “haver lido, ter sido, tinha sido e ter havido”, à reboque, está dando para reparar, motivos dele em me esperar…). De forma geral, o estilo, apesar de virtuoso, é deficiente. As construções são questionáveis, por vezes confusas. Nota: 6
VALOR AGREGADO: A apropriação, numa peça declaradamente de ficção, de um personagem real sempre gera reflexões éticas e, considerada a licença poética, entendo que isso há de ser quase sempre positivo. Aqui, no entanto, pareceu-me que o autor não convence. Provavelmente faltou pesquisa. Nota: 6
ADEQUAÇÃO À TEMÁTICA: O conto definitivamente não possui o mínimo teor erótico, elemento característico da temática a qual se denominou “sabrinesco”. Resta-nos então avaliá-lo segundo os preceitos da ficção científica e ali também não encontramos qualquer afinidade. Afinal, nem toda ficção é necessariamente “ficção científica”. Nota: 0
Uma visão diferente do atentado ao John Lennon. Nessa versão Yoko morreu e John seguiu vivo, cadeirante, e ainda um ativista. Criou a Fazenda Imagine no Brasil, dando fim às guerras do mundo.
É um conto no estilo “O que aconteceria se…” bem interessante, gostei de utilizar a música Imagine como pano de fundo e trazer uma mensagem de paz e harmonia ao mundo, de respeito à natureza. Cai talvez em ficção científica, mas de maneira bem leve. Senti falta talvez de um clímax, alguma reviravolta, mas entendo a mensagem que exige um texto mais calmo. Não sou fã dos Beatles, talvez eu tenha deixado passar alguma outra referência.
Caro(a) escritor(a)…
Resumo: Um jornalista entrevista John Lennon. Nesse conto, ele está vivo porque Mark Chapman não o matou no atentado e, sim, a Yoko.
Técnica: Gostei da técnica. É boa. Não encontrei erros que emperrassem a leitura. Conto linear, epistolar (não tenho certeza se pode ser considerado isso), distópico (também não tenho certeza dessa classificação). Se é distópico é ficção científica, então, ok.
Avaliação: Não sei se considero isso um conto. Tenho dificuldade em visualizar o conto como tal. Mea culpa. Gostei de imaginar John Lennon ainda vivo, mas tenho dúvidas se ele agiria dessa forma, isolando-se e largando o ativismo, até pelo fato de que Yoko não apoiaria essa ideia – só acho, enfim. É um texto bem escrito e prende a atenção até o fim.
Boa sorte no desafio.
Em uma realidade alternativa, Yoco Ono morreu assassinada em lugar de John Lennon. O músico ficou paraplégico e viveu o resto de sua vida criando búfalos na ilha de Marajó e empreendendo ações pela paz mundial. O texto é a transcrição de uma entrevista fornecida pelo artista a um jornalista e publicada após sua morte.
Acompanhei hoje, em silêncio, uma polêmica no grupo do EC do FB sobre a adequação desse conto ao gênero FC. Pois bem, para mim está valendo como FC. E também como conto romântico por causa do desejo de amor eterno entre John e Yoco.
Achei o argumento bem criativo. Já essa narrativa em primeira pessoa na voz do John Lennon, achei uma escolha arriscada. Para mim, o tom desse seu narrador não me soou muito John Lennon , por isso fiquei esperando a revelação de ele ser alguém próximo do artista e não o próprio, o que não aconteceu.
Sua narrativa é consistente e envolvente e o texto está bem revisado.
Foi uma leitura agradável e, como já disse, o enredo me surpreendeu positivamente pela abordagem diferenciada do gênero FC e também por enfocar em sua realidade alternativa o domínio das artes, da música, ao invés de grandes catástrofes. Só lamento você não ter apostado mais nos possíveis desdobramentos artísticos da sobrevivência do John — sei lá, uma parceria com o Chico ou Caetano, Anitta ou Carlinhos Brown.
Um trabalho interessante, na minha opinião, amigo/a entrecontista. Desejo boa sorte no desafio e em tudo mais. Um abraço.
Resumo: Numa realidade alternativa, John Lennon não morreu. Mark Chapman matou Yoko, deixando John numa cadeira de rodas. A vida continuou e John se mudou para a Amazônia. Virou um emissário da paz, resolveu conflitos mundiais e concedeu uma entrevista a um amigo do filho Sean, jornalista no Japão. A entrevista foi publicada depois de sua morte.
Impressões: o conto tem uma premissa muito interessante: como teria sido a vida de John Lennon se ele não tivesse sido assassinado em 1980. Como todo conto de realidade histórica alternativa, este texto brinca com a nossa imaginação. À medida que a leitura se desenrola, ficamos pensando até que ponto a “viagem” do autor é crível, é verossímil, se suas perspectivas são válidas ou se alguma coisa saiu do prumo. A qualidade deste conto está justamente nisso, nessas possibilidades verdadeiras. Sim, porque dá para imaginar o John virando uma espécie de emissário da paz, fazendo dupla com o Bono Vox do U2 na busca por um mundo mais justo, in the name of love. Outro ponto positivo vai para o trabalho de pesquisa do(a) autor(a), que conseguiu reproduzir os fatos à luz do que comumente se diz dos Beatles, suas personalidades, desejos e defeitos — inclusive de Yoko e do pequeno Sean.
No entanto, alguma coisa ficou estranha para mim. Não consegui comprar a ideia de um John tão comportado ao conceder essa entrevista. Não sou um fã daqueles obsessivos dos Beatles, mas conheço um bom pedaço da história deles e sempre vi John como uma espécie de rebelde (contrapondo-se ao bem comportado Paul), alguém que não tinha medo de expor opiniões contundentes, cheias de segundas intenções e significados ocultos, abusando de ironias e de sarcasmo. Não foi exatamente o que vi aqui. Não quero dizer com isso que o exercício seja ruim, muito pelo contrário. Repito que a viagem me agradou e por vezes até sorri discretamente enquanto lia. Só não consegui imaginar o John, o verdadeiro John, tão metódico, medindo palavras para falar.
Quanto ao enquadramento nos temas propostos, penso que por se tratar de Realidade Histórica Alternativa, o conto se aproxima do gênero de Ficção Científica — se bem que isso gera certa polêmica entre os apreciadores do gênero. De todo modo, não creio que isso influencie na impressão final que o texto deixa.
Enfim, um bom conto, interessante, mas que me deixou com a pulga atrás da orelha sob certos aspectos. De todo modo, deixo a(o) autor(a) os parabéns e desejo boa sorte no desafio.
Temos aqui uma ficção de história especulativa, que brinca com o “e se…” John Lennon tivesse sobrevivido ao tiro fatal e Yoko Ono falecido? O evento foi alterado em seu curso, com todas as consequências de tal alteração:
Em uma entrevista gravada por Lennon e só divulgada depois de sua morte, ficamos sabendo que ele sobreviveu ao tiro do fã Mark Chapman (o pseudônimo) e Yoko foi a vítima fatal. Veio para o Brasil e procura viver sem maiores preocupações, a não ser reabilitar a imagem da mulher amada.
O texto é inspirado na música “Imagine”, composta pelo casal, em que é criada a imagem de um futuro com mais igualdade entre todas as pessoas e que desafia os valores da norma. Fica evidente, na música e no conto, o contexto histórico e cultural que vigorou na década de 60. Sem guerras, sem mortes violentas, sem nações ou crenças que motivassem conflitos, os seres humanos poderiam dividir o mesmo espaço em harmonia.
O foco narrativo de primeira pessoa confere maior intimidade e credibilidade ao leitor, sugerindo que a imaginação é capaz de melhorar o mundo. O cenário é realista, traz identificação o leitor, que fica interessado no enredo, tempo e espaço. O tema foi muito bem explorado, texto fluente, bem ritmado, estruturada em formato que alimenta o interesse.
Parabéns pela ideia, sutileza ao criar um mundo alternativo, coerente e que traz situações revoltantes, porém críveis. Abraço.
Observações: à reboque (sem crase); Esse (E se?) lhe contar a história.
Boa tarde, amigo. Tudo bem?
Conto número 25 (estou lendo em ordem de postagem)
Pra começar, devo dizer que não sei ainda quais contos devo ler, mas como quer ler todos, dessa vez, vou comentar todos do mesmo modo, como se fossem do meu grupo de leitura.
Vamos lá:
Resumo: uma perspectiva de como teria sido o mundo se Yoko tivesse morido no lugar de Lennon, contada em forma de entrevista a um jornalista japonês, que só a publicou após a morte (fictícia, em 2019) do cantor.
Comentário: caramba, que interessante! To pensando bastante no que vou comentar, pq o conto me deixou meio perplexo (no bom sentido). vamos lá.
Pra começar, devo dizer que gostei bastante da ideia e da execução. Até certo ponto, eu fiquei imaginando que entrevista do Lenon seria aquela, até que fica claro que é uma alteração da realidade, uma espécie de previsão de resultado na mudança de um acontecimento.
Acredito que podemos dizer que seu conto brinca com a ideia do efeito borboleta, e por isso não vou ficar questionando adequação ao tema. Pra mim está de acordo.
Como ia dizendo, você trabalha a questão do efeito borboleta: e se a Yoko tivesse morrido, e não o Lenon?
Claro que tudo acabou ficando bem fantasioso e ilusório, mas isso cabe muito bem no contexto da canção imagine, não é mesmo? Se for pra imaginar, imaginemos grande…
Enfim, o mundo pacífico e maravilhoso é bastante ilusório, com a sobrevivência de apenas uma pessoa. Mas a mensagem tá ali, alta e clara. Gostei bastante.
Adoro essa temática do efeito borboleta, e já pensei em escrever coisas assim, partindo do “e se”.. Aliás, isso lembra aquela série que mostra o mundo se o nazismo tivesse vencido a segunda guerra. Já viu? Bem legal.
O conto também demonstra um grande conhecimento histórico do autor, dando um brilho extra à história.
O único porém que trago é pra escrita, que apresenta vários problemas de pontuação e concordância. Não sei se foi problema de revisão, mas quis levantar esse ponto. Acho que o conto merece um trabalho melhor na escrita, o que o tornaria ainda maior.
Enfim, belo trabalho. Foi gostoso de ler e me fez imaginar, um pouco, rsrs.
Parabéns e boa sorte!
Resumo
O conto é a transcrição de uma entrevista que John Lennon concedeu a um jornalista em 2016, no Brasil. Imagino que se trate de uma espécie de universo paralelo, onde John Lennon não morreu após os tiros desferidos por Mark Chapman em 1980. Neste universo, John Lennon continuou vivo e foi morar na Ilha de Marajó, onde cria búfalos. John também conta sobre como continuaram as vidas de outros integrantes da banda e diz que foi Yoko que morreu naquele fatídico dia.
Comentário
Adorei o seu conto, muito interessante. Parabéns. Achei a ideia muito boa e o texto bastante envolvente.
Muito bem escrito, só notei a falta de um verbo no primeiro parágrafo do texto: Escondido por detrás das grossas cortinas grená, (fui?) observar os dog walters passeando pelo parque com suas cachorradas.
Agora, vamos ao tema:
A priori, eu considero o seu belo texto uma FC porque o interpreto como sendo o nosso querido John em um universo paralelo, em uma existência onde ele continuou sua vida e se tornou um criador de búfalos no Brasil. Até aí tudo ótimo, o único problema é que o texto só será uma ficção científica se todos os leitores souberem quem foi John Lennon. Lógico que é difícil alguém não saber, mas acredito que não podemos contar com isso quando escrevemos um texto, não é mesmo? Vamos supor que daqui alguns anos, alguém que nunca ouviu falar sobre Beatles, leia este conto…ele certamente não perceberá que se trata de uma ficção científica, porque isso não fica claro no texto, o que mata a genialidade do texto e o tira do tema proposto. Isso independe de minha teoria sobre o universo paralelo ter sido realmente a sua intenção neste texto. O fato é que se não soubermos quem foi John Lennon e um pouco de sua história, o texto passa a ser apenas uma narração de uma entrevista com o integrante de um grupo musical. Pode ser que ele esteja falando do além, do pós-morte. Ou, como sugere o título, seja apenas imaginação do jornalista, mas todas estas hipóteses me levam à mesma problemática. O leitor precisa saber desta sua intenção. Não sei se procede, mas é o que eu acho.
Imagine (Mark Chapman)
Resumo:
Uma entrevista fictícia com John Lennon, feita por um repórter do Tokyo Shimbun. Não sei se pode ser visto como um texto de ficção científica. Há, sim, uma inversão da morte. John Lennon, assassinado por Mark Chapman (pseudônimo utilizado no texto), em 08/12/1980, passa a viver na Ilha de Marajó, paraíso eleito. E Yoko, que na realidade é a sobrevivente, morre no atentado. A fala de John é um tributo ao amor e ao valor que Yoko espalhou por toda a vida. Mostra a maneira com que ele queria que a sua amada fosse reverenciada. E a entrevista tem início falando sobre a composição (suposta?) de “Imagine”. Na realidade, a canção teve como inspiração os primeiros versos do livro de poesias de sua musa Yoko Ono – “Grapefruit”, e a falta de paz que o mundo enfrentava com a Guerra do Vietnã. No desfecho, terminada a entrevista, o repórter compromete-se a só publicar a matéria após a “morte” de John. Passados os anos, ele resolveu enviá-la, particularmente, a cada leitor (entrecontista?). Que presentaço!!!!!!!!!!
Comentário:
Não posso classificar o texto como FC e nem como sabrinesco. Mas, encantada com o reverso da morte (de John para Yoko), da escolha do paraíso (Ilha de Marajó), e com o encantamento que é criado pelo amor de John pela musa, pelo desejo que o mundo reconhecesse a generosidade da sua amada, envolvida pela insensatez da realidade, posso compreender a narrativa como a mistura de tudo. É um texto que, pelo seu conteúdo, prende o leitor. E encanta. Agora, há muitos erros. E erros que incomodam. Seria interessante fazer uma revisão cuidadosa de pontuação, concordância, grafia (inclusive de palavras em inglês) e digitação. Interessante a ilustração colocada – Edifício Dakota – cena do assassinato.
Parabéns, Mark Chapman, você também é o reverso do verdadeiro. Infelizmente, ele calou um ídolo. Você, com muito encanto, nos presenteou com um pouco do ídolo.
Boa sorte no desafio!
Abraços…
RESUMO:
Entrevista com John Lennon, realizada em agosto de 2016, muitos anos depois do real Lennon ter sido assassinado. Uma realidade histórica alternativa – Apesar de John Lennon ser o alvo, Yoko foi também atingida e não sobreviveu. J.L. permaneceu em coma por dois meses e quando acordou percebeu que estava viúvo e fadado a uma cadeira de rodas. O filho mais novo, Sean, foi morar com parentes da mãe no Japão. Uma reportagem sobre a Amazônia fez com que Lennon resolvesse conhecê-la. Encantou-se por Marajó e ali comprou uma fazenda Ali criou búfalos, deixando-os viver até morrerem de velhice e manteve um centro de recuperação de animais silvestres. Ele queria que a memória de Yoko fosse enaltecida pelas suas ideias de justiça e paz para o mundo. Por fim, a entrevista é publicada três anos depois por um jornalista japonês, que quis ser leal às palavras do grande ídolo da música.
AVALIAÇÃO:
Conto difícil de encaixar em um dos dois temas: FC ou sabrinesco. Fico com FC, já que se trata de uma realidade histórica alternativa, uma outra versão para um fato ocorrido em 08/12/1980 – o assassinato de John Lennon.
Interessante usar como pseudônimo o nome do verdadeiro assassino de John Lennon – Mark Chapman.
O texto está repleto de referências aos membros do grupo de rock britânico The Beatles, mas o foco está em Lennon e sua mulher Yoko Ono. A narrativa segue a linha de um relato informal, com toques de humor aqui e ali.
O ritmo do conto mantém-se constante, sem alterações. O interesse é despertado pela curiosidade em conhecer a outra versão dos fatos. O famoso E SE…?
Não sei se entendi bem, ou o narrador da história é mesmo John Lennon ao dar uma entrevista a um jornalista do Japão.
No geral, o conto está bem escrito. Talvez com detalhes demais que poderiam ser explorados em um texto maior, um romance, quem sabe?
Não me deparei com falhas de revisão que chamassem a atenção. Só trago à tona essas duas:
– dog walters > dog WALKERS
– à reboque > a reboque
O autor foi ousado na escolha do assunto, desviando-se da temática esperada no certame.
Parabéns pela sua participação. Boa sorte!
Imagine
Resumo:
Repórter relata uma entrevista que fez com John Lennon. Essa é a história subvertida acerca da morte de Lennon no dia 8 de dezembro de 1980 no Central Park. Nessa história quem morre é Yoko e Lennon fica paralítico e se muda para o Brasil para cuidar de gado e fazer o bem pelo mundo. A história só poderia ser publicada quando Lennon viesse a falecer, mas o repórter se adiantou e nos brindou com ela aqui no EntreContos. Isso é bom.
Comentários:
Caro Mark Chapman,
Conto que provavelmente buscou um viés de ficção científica.
Não tenho intenção de julgar pseudônimos, mas achei equivocada a escolha do seu, dado que o sujeito do pseudônimo termina por ser aquele que narra a história e, no caso presente, quem narra, talvez como repórter, é Mark Chapman, o próprio assassino de Lennon. Não achei que ficou afinado isso, embora pareça irônico, dado que o repórter é dito como amigo de Sean, filho de Lennon, e a idade entre Chapman e Sean é simplesmente absurda, não o fazendo amigos por amplos motivos.
Confesso que fiquei sem muito o que dizer após a leitura. O conto está legal, bem narrado, com algumas pesquisas acertadas e tal, mas não há nele nenhum viés de ficção científica e menos ainda de erótico ou sabrinesco. É apenas uma história contada sob ângulo alternativo, onde quem morre é Yoko e Lennon apenas fica ferido. Não há ciência nisso, nenhuma, apenas ficção, o que deixou o conto sem a segunda perna da proposta, justo a científica.
Fiquei imaginando que em algum momento pudesse surgir uma máquina – ou algo assim — que revertesse o tempo permitindo novas escolhas históricas e tal, mas isso não aconteceu. É apenas um relato que subverte a realidade, talvez um mundo paralelo?, uma realidade alternativa?, mas sequer isso foi mencionado e, se fosse, talvez mudasse o rumo dos resultados.
Não há nada de mal nisso e até que o conto ficou bem legal – salvo por imaginar que Lennon teria paciência de viver por aqui, entre nós, o que acho absolutamente pouco razoável.
Bem, fugindo ao que nos diz a sua história alternativa. Chapman de alguma forma foi considerado um doido e continua preso até hoje, após quase quarenta anos, mas tem uma frase dele que lhe pareceu absolutamente lúcida:
“[John Lennon] nos disse para imaginarmos que não existem posses [bens materiais] e lá estava ele, com milhões de dólares, iates, fazenda e mansões, rindo de pessoas como eu, que acreditaram em suas mentiras, compraram seus os discos e fundaram boa parte de suas vidas no que suas músicas nos diziam.”
Bem, sempre haverá um doido que leve tudo ao pé da letra, sem nenhum senso poético. Esses caras são perigosos demais! Foi quando Chapman pensou “Imagine John Lennon morto!”, então foi até o Dakota e o matou, simples assim.
Bem, é isso. O conto é legal, mas, imagine!, fora do propósito indicado pelo tema.
Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.