EntreContos

Detox Literário.

Humanidade (Luis Guilherme)

 

Caminhava cabisbaixo pelo centro da cidade desolada, o sobretudo azul-marinho protegendo o corpo encolhido de frio e chuva. Mesmo o capacete, item obrigatório no ar ácido da metrópole, não impedia que gotículas encontrassem seu caminho até a pele. Calafrios percorriam o corpo, e mesmo que tivesse tempo ou vontade para tanto, não saberia dizer se causados pelo frio, pelo ambiente opressor, ou pela urgência do que pretendia fazer.

Cruzou o beco que levava à entrada do bar, desviando de mãos suplicantes que puxavam suas vestes e balbuciavam línguas desconhecidas. O brilho neon dos letreiros, piscando em ritmo débil pela falta de manutenção, tingia de púrpura e azul aqueles rostos cadavéricos de que desviava. Reconheceu alguns, de tempos prósperos que agora pareciam pertencer a outras vidas.

Criaturas pequeninas, estranhamente parecidas com aqueles antigos macacos de brinquedo que tocavam prato, pareciam se divertir, oferecendo comida estragada para aqueles miseráveis lutarem até a morte. 

Empurrou a portinhola e adentrou, removendo o capacete claustrofóbico. Uma cicatriza cortava o rosto, dando à pouca parte não dominada pela barba um aspecto taciturno que causava certa repulsa. Somada a isso, a pesada maquiagem roxa emprestava ao sujeito um ar pouco amistoso. Repousou o objeto sobre o balcão. 

– Procuro Darte – o sussurro grave quase se perdeu na balbúrdia. Vozes se misturavam, numa verdadeiro sinfonia de incontáveis línguas. Um sujeito alaranjado com inúmeros tentáculos saindo do rosto entoava cânticos antigos, contrastando com o jukebox, que berrava, em francês.

 

Ton amour, mon bébé, m’a toujours rendu folle

Donne moi ton coeur, tu sais

Et tu en auras mon cul, parole

 

Bonjour, mon chéri. Onde estão seus modos? – a proprietária, Madame Amélie, ainda conservava o sotaque francês, embora a sensualidade a tivesse abandonado a mais tempo que a classe de seu antigo bar, outrora ponto de encontro da alta sociedade. 

Por um instante, o homem despertou de seus devaneios e olhou para ela. O semblante, deformado pelos inúmeros procedimentos de reconfiguração biosintética (muitos dos quais ele próprio havia realizado), contrastava com o exuberante vestido de pena de pavão que portava nessa noite.

– Você sabe que não tenho tempo. O corpo só permanece apto à transferência por 48 horas, e já se passaram seis, então desculpa se não pareço muito simpático – nem mesmo o torpor em que sua mente se encontrava era capaz de suprimir seu caráter irônico. Assim são os traços mais profundos da personalidade.

 

Oh, dis-moi la vérité

Je sais que tu m’désire

Ton corps veut me goûter

Arrête-toi d’en fuir

 

– Fica calmo, coração. Eu vou mandar o Eduardo chamá-lo. Você tá mui..

“Fuiiiirrrrr” – o restante da frase de Amélie foi encoberto por um trecho particularmente animado – e particularmente agudo – da vedette francesa.

Uma espécie de névoa agora encobria o salão, misto de fumaça de cigarro e da neblina que há tempos pairava sem descanso sobre a cidade. Enquanto esperava, apenas bebericando, Ted observava o local, desconfiado, divisando apenas vultos, silhuetas e o eventual brilho de olhares difusos. No bolso do sobretudo, segurava com firmeza a pistola Volcanic, enquanto apertava o ferimento recente no abdômen.

A ferida parecia latejar ao ritmo da canção, causando náuseas. A vista começou a pesar, e agora mal conseguia distinguir algo à volta. Esticou o braço, a voz teimando em não escapar da garganta. Então apagou.

 

 

– Quando você falou que ele tinha um corpo pra transferência, achei que se referisse a Janine… – uma voz masculina tão rouca que mais parecia um ronco de motor podia ser ouvida de algum lugar acima.

– Foi o que pensei, chéri – replicou a voz familiar. – Ele me ligou mais cedo, não falava coisa com coisa, e logo depois chegou ao bar naquele estado que você viu. Transtornado. Mal tive tempo de te chamar e ele estava lá, se debatendo no chão, a ferida a bala na barriga jorrando.

– E você não sentiu que ele fedia? – o outro respondeu, entredentes. Parecia achar graça, entretanto. 

Antes que a francesa pudesse responder, porém, uma porta se abriu com violência, e Ted finalmente abriu os olhos. Encontrava-se deitado numa espécie de maca improvisada num quarto insalubre. Um lugar que conhecia bem. O barulho que ouvira vinha da entrada ao canto, que podia ser acessada pelos fundos do bar. Eduardo, o ajudante de Amélie, forçou a entrada,  empurrando a porta com o ombro enquanto carregava precariamente uma caixa.

Quando os pés de Amélie apareceram nos degraus da escada, o barman já havia se retirado.

– Ah, Ted, meu bem, que bom que acordou. Fiquei realmente preocupada – coroou o cumprimento com uma piscadela que pretendia ser sedutora.

– O que aconteceu?

– Parece que você anda meio morto – o rosnado provocador precedeu a chegada do homem à sala. – Você está péssimo, meu velho.

Mesmo conhecendo Darte há décadas, Ted ainda sentia arrepios ao vê-lo. Dono de um porte físico impressionante – mesmo com a miscigenação das raças após a descoberta do portal dimensional, via-se poucos humanos de 3 metros –, o homem causava um efeito repulsivo aos desavisados. A cabeça raspada ostentava uma única trança verde, que contrastava estranhamente com a maquiagem: rosto muito branco, batom preto e sombra vermelha ao redor dos olhos. Estes, e Ted jamais soube se eram reais ou lentes, eram o mais assustador na figura toda: inteiramente brancos. O vestido preto comido de traças não melhorava em nada a aparência.

– Meio morto? Fico feliz que tenha notado – com um sorriso torto, meneou a cabeça em direção ao gigante. – É, esse maldito buraco na minha barriga pode ter algo a ver com isso.

Mon amour… desculpe a curiosidade, mas… se você morreu – a mulher parecia oscilante, incapaz de conceber a terrível ideia que passava pela mente –, quem fez o procedimento de preservação de consciência? Janine? 

– Janine? – repetiu Ted, numa risada demente tão rouca que poderia ter vindo de Darte – Janine está morta. A única coisa que ela me deixou foi esse rombo no estômago. Mas não deixei barato, te garanto.

– Você sabe que isso é proibido. Quer dizer, mesmo entre nós, isso é proibido. Passa qualquer limite, Ted – Darte pareceu ainda mais pálido, recuando alguns passos em direção à saída. 

Uma névoa fétida agora recobria o recinto, pesando estranhamente sobre os ombros. Os olhos de Ted brilhavam intensamente, uma sombra vermelha perpassando a íris azul.

– Sim, grandão. É exatamente o que você está pensando. Fui eu, mesmo. Jamais aceitei a ideia de morrer, você sabe. E depois de tantas vidas que trouxemos de volta, depois de tantos mortos que revivemos, você acha que eu realmente correria o risco de morrer? – o homem falava rapidamente, uma expressão alucinada no semblante – Preparei uma infusão alquímica, muito parecida com a sua original, e tomei. Chamei de vacina. Me vacinei contra a morte.

O casal olhava estarrecido, incapaz de responder. Lágrimas escorriam pelo rosto de Amélie, que parecia tentar segurar a cabeça para que não explodisse.

– Mas Ted – a voz, agora baixa e trêmula, escapava timidamente de Darte – você sabe o que acontece quando alguém volta sem passar pelo procedimento de preparação e purificação de enzimas. Fizemos centenas de experiências. Você deve ter ido… você deve ter visto…

– … o demônio. Sim, eu vi o demônio, e vi muito mais do que qualquer um sonharia imaginar. Mas não foi pra falar disso que vim até aqui. Você sabe o que quero, e vai me dar. Esse corpo está se decompondo, o melhor que eu pude fazer com minha vacina foi me assegurar uma sobrevida, tempo o suficiente pra fazer uma transferência.

– Ted, você sabe melhor que ninguém que o que fazemos não tem nada a ver com renascimento, nem com trazer ninguém de volta à vida. É impossível reverter a morte! O que fazemos é transferir a consciência, ou melhor, uma cópia da consciência, das memórias, pra um receptáculo…

– .. inumano, nada mais que uma máquina robótica perfeitamente semelhante ao corpo humano, ou da espécie de preferência – a morte não havia tirado do homem a desagradável mania de completar frases. – Sim, eu conheço o texto. Fui eu que o escrevi, e era eu quem explicava o procedimento pros parentes desesperados, quando eles traziam o defunto recente do querido filho. Eu sei dos riscos, e sei que, diferente do que dizíamos pra esses miseráveis, o que voltaria seria muito diferente do filho deles, e não seria nada humano. Apenas uma réplica patética.

– E como você poderia desejar algo assim? – o sotaque e a sensualidade haviam desaparecido completamente da voz da mulher. Os traços mais profundos da personalidade jamais desaparecem, mas as máscaras superficiais caem rapidamente nos momentos cruciais.

– Eu vi o que nos espera. Eu vi a dor, o sofrimento. Fomos longe demais, brincando de Deus. A humanidade foi longe demais. Não posso aceitar morrer – as feições do homem distorciam-se, corrompidas pela obsessão que o dominava. 

A noite caía no horizonte, e a chuva continuava a castigar o cômodo precário, causando uma constante sensação de urgência. As luzes dos letreiros atravessavam as gotas poluídas, lançando prismas que penetravam pela persiana semifechada, projetando sombras fantasmagóricas sobre a cena. Já passara a hora do toque de recolher, mas o movimento nas ruas jamais cessava. Malandros, ladrões, traficantes e prostitutas circulavam furtivamente pelos becos ao redor, seus sussurros e risadas pouco audíveis em meio ao barulho da chuva e da sirene das rondas policiais.

– Normalmente, como você sabe, os pacientes estão desfalecidos quando têm sua consciência copiada e transferida. Isso deve ser…

– …doloroso – completou, numa careta. – Existem dores piores que as físicas, e você deveria saber disso. 

– Eu ia dizer terrivelmente torturante, mas doloroso serve – o bom humor ainda encontrava espaço, apesar da contrariedade que Darte sentia pelo que fariam.

Amélie, recusando-se a assistir, partira para o andar de cima, onde orava a deuses há muito esquecidos. Ouvindo suas débeis súplicas, Ted riu, um tipo de riso que certamente não teria relação alguma com deuses, e olhou à volta. Conhecia bem cada um daqueles aparelhos e máquinas, então não pôde evitar os calafrios que percorriam seu corpo. 

Ao lado da maca, sentado numa estranha e nada humana posição ereta, encontrava-se seu futuro corpo, ainda inconsciente. Os robôs haviam sido declarados ilegais pela Corte Marcial do Sistema Solar há 5 anos, e todo seu comércio era um crime passível de execução sumária pelas forças de segurança. 

Mesmo após tantos anos nesse ramo, Ted ainda se impressionava com a perfeição daquelas máquinas, sua pele macia e quente, o cabelo perfeito, as expressões e movimentos. Não fosse pela postura incomum em que se encontrava, aquilo poderia facilmente ser confundido com um humano dormindo.

Além dos homens e do robô, o ambiente, de pouco mais de 12 metros quadrados, estava abarrotado de instrumentos e máquinas que os dois amigos haviam criado ao longo de muitos anos. Fios e telas com números e letras incompreensíveis pareciam coordenar aquela aparelhagem. 

Suspirando profundamente, Darte abriu uma fornalha ao canto, jogou uma pilha de tocos de madeira sintética em seu interior e acendeu. Uma série de bipes e movimentos iniciou-se, num ritmo impressionantemente organizado, enchendo a sala de fumaça e vapor. 

– Ted, você sabe que a anestesia impede, ainda que momentaneamente, a transmissão de impulsos nervosos. Isso quer dizer que, pra eu poder duplicar sinteticamente seu padrão de movimentos, eu não posso usar uma dose de anestesia local maior que a mínima necessária pra que você não tenha uma parada cardíaca causada pelo choque – a hesitação nas palavras entregava a gravidade da situação. Em termos leigos, se eu te der uma anestesia forte, não vai ser possível…

– … terminar direito essa droga de cirurgia. Entendi. Faz isso logo, grandão, antes que eu enfie essa agulha no seu olho – a frase surpreendentemente carinhosa espantou, por um instante, mas retomando a concentração, Darte inclinou-se sobre o outro, respirou fundo, e fez a primeira incisão.

Após um período inconsciente, que não saberia dizer se durou horas ou dias, Ted despertou num solavanco. Sonhos confusos haviam povoado a espécie de coma em que permanecera, e, ainda sem abrir os olhos, relembro as imagens que havia vislumbrado. 

 

Primeiro, encontrava-se deitado sobre a grama no alto de um monte, completamente nu, observando uma noite estrelada. Respirava um ar puro, há muito extinto, herança de tempos há muito perdidos nos labirintos da memória. Sem a poluição e os incontáveis prédios e luzes, era possível observar a imensidão do universo.

Ainda era jovem e belo. Um longo cabelo liso amontoava-se ao redor da cabeça, e um sorriso despreocupado dominava os lábios. Olhos brilhantes de sonhos e esperanças replicavam as infinitas estrelas.

Permaneceu assim por um tempo incontável, até que, na inconstância de seu ser, sentiu pulsar algo diferente da alegria até então experimentada. Um tédio, uma insatisfação, um tipo de incômodo que começou a borbulhar em seu estômago, e foi crescendo até transbordar por sua boca, numa espécie de vômito cinzento que ameaçou afogá-lo. Desesperado, debateu-se, tentando liberar, sem sucesso, amarras invisíveis que mantinham seus braços atados ao chão. Quando o vômito parecia prestes a cobri-lo e asfixiá-lo, liberou os pulsos e levantou-se num pulo.

Sem voltar a olhar para o céu, saiu caminhando a esmo, até encontrar um lago cristalino. Nem notou que todas as estrelas o acompanharam, observando-o e comentando entre si. Miríade de testemunhas num cerco celestial. Olhou para a água, esperando ver seu reflexo, mas o que viu foi um homem velho, com uma imensa barba desgrenhada e suja e uma profunda cicatriz que atravessava o rosto.

Observou o desconhecido por instantes, até começar a sentir uma estranha familiaridade. O rosto, até então apenas um reflexo, lentamente começou a se descolar da superfície da água, tomando dimensões vívidas, como nadador que emerge. Após um período incomensurável, levantou-se completamente e permaneceu em pé diante de seu duplo 30 anos mais jovem. Jovem e velho se estudaram em silêncio.

Num movimento preciso, o velho levou a mão à testa do outro. Seus dedos, como a não-matéria que preenche o vácuo, penetraram livremente pela testa do rapaz, e puxaram delicadamente algo de profundo do jovem, como se puxassem um longo fio brilhante.

Estarrecido, o jovem mal pôde reagir enquanto sentia perder tudo. Lentamente tornou-se um reflexo perfeito do idoso. Mas não envelheceu sozinho. A grama secou instantaneamente, e as estrelas, espectadoras atônitas, explodiram e deixaram de brilhar. Prédios cinzentos, cobertos de letreiros de neon vermelho e roxo, emergiram todos ao mesmo tempo, cobrindo toda a vista do firmamento e enchendo o local com sons e ruídos metálicos.

E então, subitamente, não mais sonhou.

 

Suando frio, Ted balançou a cabeça, espantando as imagens da retina. Abriu os olhos pela primeira vez após a cirurgia. Olhou à volta e viu Amélie e Darte observando-o, ansiosos. 

– Você está se sentindo… – iniciou a mulher.

Porém, dessa vez, Ted não completou a frase. E nunca mais, a partir desse dia, ele completou nenhuma frase. Mesmo o traço de personalidade mais enraizado é incapaz de sobreviver, quando se deixa morrer aquilo que se tem de mais profundo.

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24 comentários em “Humanidade (Luis Guilherme)

  1. Thiago Barba
    15 de setembro de 2019

    Num futuro distante, homem utilizando um corpo provisório, procura outro homem que faz transferência de consciência para um novo corpo. Depois de conseguir, já não é mais o mesmo.

    O texto precisa de uma revisão, não digo nem apenas por conta de erros como “Uma cicatriza”, “numa verdadeiro”, mas probleminhas com pontuação, inclusive um refinamento com palavras repetidas, existem alguns parágrafos que precisam desse cuidado.
    Infelizmente o texto não conseguiu me pegar. Gostei do final, foi o único texto que li por três vezes, tentando procurar, encontrar algo que talvez eu não tivesse vendo para tentar gostar mais dele, pois gostei de algumas ideias, mas a escrita não consegue me atingir, me encantar. Descrições demais de tudo acabam deixando a narrativa cansativa e a história toda parece que é contada apenas pelos discursos diretos, porém, é justamente nos diálogos que há mais problemas com a escrita, onde o texto é mais frágil e pobre.
    As separações do texto, exceto a parte em itálico, também não fazem diferença alguma ao texto, totalmente dispensáveis.

  2. Gabriel Bonfim
    15 de setembro de 2019

    O conto fala sobre a transferência de consciência de um homem chamado Ted, suas reflexões sobre o que há depois da morte, e o que pode ser copiado e transferido de um corpo para o outro.

    Gostei do uso da ficção cientifica para lidar com reflexões humanas, na minha opinião, é exatamente do que se trata o gênero, usar o conceito da ciência para analisar nossos erros e nossa humanidade. Ótimo texto, só desejaria que tivesse sido mais claro em alguns pontos, mas parabéns!

  3. Marco Aurélio Saraiva
    15 de setembro de 2019

    Ted, Amélie e Darte são uma equipe peculiar que faz um trabalho proibido: o que transferir as memórias e traços de personalidade de alguém recentemente morto para um corpo robótico que, apesar de ser muito fiel ao corpo humano, agirá, daquele momento em diante, de forma semelhante mas muito longe do que foi um dia o ser vivo que tentavam replicar. Desesperado por ter morrido, Ted pede para Darte aplicar o processo nele mesmo. E ele volta… mas não era ele mesmo.

    Sensacional!! Um conto incrível! Tem muita originalidade aqui, muita criatividade. O cenário é único, de um futuro inimaginável, decadente, distópico. Imaginei um cenário tenebroso, noturno, com cheiro de morte e decadência. Cyberpunk? Não sei dizer, mas é um cenário diferente, muito autoral.

    O enredo é muito bem montado, do início ao fim. A transição de um Ted jovem e vivaz para um velho morto foi uma espécie de metáfora do que acontecia na mente de Ted – jamais o mesmo. Á mensagem é clara: não é possível ultrapassar as barreiras da morte, mesmo que tentemos brincar de deus. É um conto com reflexões profundas e existenciais, e uma crítica à forma que pensamos – ao menos, no Oeste.

    Sua escrita é muito boa. Vi algumas falhas de revisão, como “Uma cicatriza cortava o rosto” e “Vozes se misturavam, numa verdadeiro sinfonia…” (tem mais umas três como essa), mas, no geral, o conto é muito bem escrito, com imagens nítidas, bem narradas, e com tons únicos de sua autoria.

    Uma história original, bem trabalhada e cativante. Parabéns!

  4. Renan de Carvalho
    14 de setembro de 2019

    Um humano, provavelmente dos últimos, busca um antigo conhecido para que faça uma transferência de consciência de seu corpo, moribundo a um corpo mecanico, mesmo sabendo ser contra as leis bem como arriscando a perda de sua personalidade.

    Conto bem escrito. Me lembra algo do “Carbono alterado”, mas com sua própria vertente histórica. Enredo envolvente e construção de cena e personagens bem elaborados. Um abraço

  5. Amanda Gomez
    14 de setembro de 2019

    Resumo 📝 Uma história futurista sob a perspectiva de Ted, aparentemente um homem que já viveu em muitos corpos e hoje está cansado disso tudo, ou os procedimentos não estão sendo mais benéficos. Ele decide agora mudar para um corpo cyborg, abrindo mão então, da sua humanidade. Mesmo contrário, seus ‘’ companheiros’’ fazem o procedimento. Depois de um sonho que é mais como um adeus definitivo ao que era, ele desperta sem sua essência humana.

    Enredo🧐 Olá, O enredo não traz necessariamente novidades, o leitor ‘“cai” de paraquedas no meu de uma história em andamento, demora um pouco para se situar, saber quem são os personagens, como funciona aquele mundo cyberpunk. A referência a Janine se perde no contexto, quem era ela não diz nada ao leitor, portanto, achei as passagens sobre ela deslocadas. Temos um fluxo de vozes de personagens que são importantes pra tudo que acontece nesse mundo, mas não se tem um desenvolvimento necessário para o leitor ter algum apego a eles, a não ser para a madame. Achei interessante o sonho do Ted, a ambientação, a escrita está segura. O texto entretém.

    Gostei 😁👍 O ponto forte é a ambientação, me senti de fato naquele mundo claustrofóbico e insalubre. O início e a descrição do sonho são muito bons.
    Não gostei🙄👎 Acho que dos personagens… não senti afinidade.
    Impacto (😕😐😯😲🤩) 😐 O texto é linear, não há surpresas ou questões que causem um sentimento maior do leitor.

    Tema (🤦🤷🙋) 🙋 Está adequado.

    Destaque📌 “Observou o desconhecido por instantes, até começar a sentir uma estranha familiaridade. O rosto, até então apenas um reflexo, lentamente começou a se descolar da superfície da água, tomando dimensões vívidas, como nadador que emerge. Após um período incomensurável, levantou-se completamente e permaneceu em pé diante de seu duplo 30 anos mais jovem. Jovem e velho se estudaram em silêncio.”

    Conclusão ( 😒🤔🙂😃😍) = 🤔 Texto bem escrito, envolvente, mas que carece de…humanidade?

  6. Leo Jardim
    14 de setembro de 2019

    🗒 Resumo: num futuro distópico, um homem moribundo procura ajuda de seus amigos para fazer a transferência de consciência para um corpo robótico. A transferência é feita com sucesso, mas perde a humanidade no processo.

    📜 Trama (⭐⭐⭐⭐▫): curto muito essa ambientação cybernoir. Me lembrou bastante meu conto Assassinato no Lula Molusco, do desafio X-Punk (ainda mais na parte do cara com tentáculos na cara). Ambientação é muito boa e imersiva, mas o conto gasta muito tempo com ela e acaba sobrando pouco para o restante da trama.

    Creio que se trata do clássico caso de uma história muito maior reduzida para caber no limite de palavras. Isso acabou resultando em um excesso de gordura (como o tiro, a Janine, etc.). Coisas que estão no conto, mas acabam sobrando um pouco na história ou que ficaram tão isoladas que não parecem fazer parte da trama ou ainda acabam levantando mais dúvidas que respostas (por exemplo: Por que Janine atirou nele? Qual a história deles?).

    O conto, por causa disso, ficou parecendo um recorte de uma história maior. Uma história que eu gostaria muito de ler, pode ter certeza disso!

    📝 Técnica (⭐⭐⭐⭐▫): bastante madura, com ótimas descrições e ambientação. Se tivesse cortado mais a gordura, teria sido quase perfeita.

    ▪ Uma *cicatriz* cortava o rosto

    ▪ numa *verdadeira* sinfonia de incontáveis línguas

    ▪ *relembrou* as imagens que havia vislumbrado

    🎯 Tema (⭐⭐): ficção científica do jeito que eu gosto [✔]

    💡 Criatividade (⭐⭐▫): apesar de ser uma ambientação muito boa, acaba não se destacando totalmente das outras com temática semelhante. Esses universos costumam precisar de tempo (e espaço) para mostrarem vida própria, algo que é bem complicado num texto curto.

    🎭 Impacto (⭐⭐⭐▫▫): pra ser bastante sincero, se ainda não ficou claro até aqui: gostei mais da ambientação e do universo criado que da história em si. A parte filosófica é muito boa também. Então, na minha opinião, a única coisa que falta a este conto é mais espaço para crescer.

  7. Gustavo Azure
    14 de setembro de 2019

    RESUMO
    Ted vai ao bar para fazer uma troca de corpo, pois o corpo que usa está morrendo. Lá encontra velhos amigos. Ao realizar o procedimento, algo na sua personalidade se perde para sempre.

    CONSIDERAÇÕES
    Os personagens são bem desenvolvidos apresentando características particulares para cada um. A caracterização deles também é um ponto positivo. Pelo que o conto tenta passar, os personagens seriam o elemento mais importante na narrativa, mas em alguns momentos os diálogos parecem um tanto quanto forçados e puramente explicativos. Entretanto, a ideia de perca de personalidade ou do enfraquecimento dela está bem presente, principalmente pela abordagem do conto sobre essa “cirurgia” de transferência da mente.
    Os elementos colocados no cenário falam muito além deles mesmos, mostrando como é aquela sociedade e como costumava ser em alguns aspectos. A ambientação da rua e do bar, até mesmo no sonho, cooperam de forma bastante satisfatória para que o leitor entenda que tipo de mundo é esse, como as pessoas lidam umas com as outras, como elas vêem a si mesmas etc. Acredito que essa ambientação foi um dos pontos mais fortes do conto.
    A narrativa inicia de forma bem dramática e sombria, mantendo o tom por todo o conto, mas adquirindo um clima um tanto sinistro a medida que as personagens conversão entre si, revelando situações e atitudes controvérsias. Dessa forma, a linha emocional da narrativa se mantém levemente inclinada, sem nenhuma reviravolta surpreendente, o que não é negativo, pois a narrativa pedia algo mais contemplativo. Entre as falas, é inserido algumas frases para remeter à personalidade e questões que vão ser abordadas no final do conto, porém, essas frases pareceram um pouco forçadas, obrigando o leitor a notar que existe algo relevante para a mensagem do texto naquela frase, já que ela parece propositalmente deslocada. Ficou deslocada demais, acredito. O final um pouco em aberto sugere que o doutor não é mais quem era antes da cirurgia, como se a personalidade houvesse sido completamente devorada pela(s) anterior(es). Ou ele simplesmente ficou mudo, o que é menos provável. O sonho remete à uma troca de posições, em que aquele que estava inconsciente emerge para inverter os papéis com a consciência.
    De forma geral, há um ritmo equilibrado durante o conto inteiro, apesar do final parecer um pouco cru. O ritmo cresce lentamente sem movimentos abruptos. O ápice de mais ação já tem se consumado com a morte de um personagem que é mencionado algumas vezes. Esse ritmo funciona para o que foi proposto na narrativa.
    NOTA 4,5

  8. Gustavo Azure
    14 de setembro de 2019

    RESUMO
    Ted vai ao bar para fazer uma troca de corpo, pois o corpo que usa está morrendo. Ao realizar o procedimento, algo na sua personalidade se perde para sempre. CONSIDERAÇÕES PERSONAGENS Os personagens são bem desenvolvidos apresentando características particulares para cada um. A caracterização deles também é um ponto positivo. Pelo que o conto tenta passar, os personagens seriam o elemento mais importante na narrativa, mas em alguns momentos os diálogos parecem um tanto quanto forçados e puramento explicativos. Entretanto, a ideia de perca de personalidade ou do enfraquecimento dela está bem presente, principalmente pela abordagem pela do conto sobre essa “cirurgia” de transferência da mente. AMBIENTE Os elementos colocados no cenário falam muito além deles mesmos, mostrando como é aquela sociedade e como costumava ser em alguns aspectos. A ambientação da rua e do bar, até mesmo no sonho, cooperam de forma bastante satisfatória para que o leitor entenda que tipo de mundo é esse da narrativa, como as pessoas lidam umas com as outras, como elas vêem a si mesmas etc. Acredito que essa ambientação foi um dos pontos mais fortes do conto. TRAMA A narrativa inicia se forma bem dramática e sombria, matendo o tom por todo o conto, mas adquirindo um clima um tanto sinistro a medida que as personagens conversão entre si, revelando situação e atitudes controvérsias. Dessa forma, a linha de emocional da narrativa se mantém levemente inclinada, sem nenhuma reviravolta surpreendente, o que não é negativo, pois a narrativa pedia algo mais contemplativo. Entre as falas, é inserido algumas frases para remeter à personalidade e questões que vão ser abordadas no final do conto, porém, essas frases pareceram um pouco forçada, obrigando o leitor a notar que existe de algo relevante para a mensagem do texto naquela frase, já que ela parece propositalmente deslocada. Ficou deslocada demais, acredito. O final um pouco em aberto sugere que o doutor não é mais quem era antes da cirurgia, como se a personalidade houvesse sido completamente devorada pela(s) anterior(es). Ou ele simplesmente ficou mudo, o que é menos provável. O sonho remete à uma troca de posições, onde aquele que estava inconsciente emerge para inverter os papéis com a consciência. FLUIDEZ De forma geral, a um ritmo equilibrado durante o conto inteiro, apesar do final parecer um pouco cru. O ritmo cresce lentamente sem movimentos abruptos o ápice mais de ação já tem se consumado com a morte de um personagem que é mencionado algumas vezes. Esse ritmo funciona para o que foi proposto na narrativa.
    NOTA 4,5

  9. tikkunolam90
    13 de setembro de 2019

    Resumo: Ted foi ferido e precisa trocar de corpo. Com velhos conhecidos, que promovem essa troca de corpo, aparentemente ilegal, ele suporta as dores da recém-morte e ressurreição. O processo é doloroso, mas um sucesso, porém, Ted termina perdendo algo muito importante nesse processo: ele mesmo.

    O conto está bem escrito, de fato, mas há algo nele que despertou meu tédio. Tenho duas suspeitas: a história é tão grande, tão densa, que precisava de um espaço maior para ser desenvolvida de forma cativante, sem essa pressa toda (desculpa, mas inserir a história nos diálogos, uma informação atrás da outra, acabou tornando tudo artificial demais, sem a naturalidade que ajuda no fluxo da leitura e no interesse do leitor); a ambientação suscita alguns grandes clássicos da FC, mas sem o devido desenvolvimento dela, acaba se tornando um mero espelho daquilo que já foi criado, sem a menor dose de originalidade, tirando qualquer chance de brilhar.

    De qualquer forma, a leitura não foi prazerosa. Tive que me esforçar para terminar.

    A história é boa, porém, e com potencial. A falta de espaço para desenvolvê-la naturalmente prejudicou um pouco, mas dá pra imaginá-la maior, com o mundo se transformando aos poucos, e eu gostei da ideia. Não é original, claro, o legal seria conhecer as subtramas apresentadas, o surgimento e amadurecimento delas, etc. Parte da criatividade está aí: se não conseguimos criar um cenário original, ao menos podemos conduzir a história de uma forma única, própria do autor.

    Tenho certeza que seria capaz de fazer um conto bem melhor com um limite bem maior de palavras. Fica a reflexão, então, de que é melhor se focar naquilo que é tangível no momento. Esse conto é um fracasso, ao meu ver, mas pode ser um belo sucesso se for construído em sua forma certa. Era melhor ter reservado a ideia para o futuro. Ter escrito algo que funcionasse no limite. Eu tenho esse mesmo problema, entendo essa ânsia, mas ando aprendendo muito com os limites. É uma afronta a você mesmo não dar a criação que sua ideia merece, não acha?

    Enfim, você escreve bem, tem talento e vontade, então continue compartilhando suas escritas! Vamos evoluir juntos!

  10. Elisabeth Lorena
    12 de setembro de 2019

    Humanidade (Personalidade)
    Ficção científica
    Conto
    Resumo: Um humano tenta de todas as formas manter sua condição de ser vivo. Vivendo em condições precárias, ele que sabe como transferir consciência quase perde a sua enquanto busca outro corpo para habitar.

    A Introdução é bem marcada com a apresentação de Ted, sua situação, seu comprometimento com atitudes consideradas perigosas. O problema é que a falta de limite entre apresentar a enredar o leitor, compromete o Desenvolvimento da narrativa. Esse é um deslize comum em quem substitui uma trama mais descritiva por excessos de diálogos. E talvez o receio de usar parágrafos mais consistentes.
    O texto acaba por ser confuso, envolvido entre o cantar em francês e depois um sonho em que a personagem central encontra a si mesmo em idade avançada e rouba algo, provavelmente a personalidade do mais jovem. Essa cena parece um pouco aqueles comerciais antigos da vodca Orloff: “pense em você amanhã, exija Orloff hoje”.
    Uma pena, porque a ideia de seres trans espécies seria interessante se bem trabalhada. O cenário pós apocalíptico também. Fica em aberto a origem dos pequenos macacos que zombam dos miseráveis.
    O Conflito, se existe, passa despercebido pela confusão de ideias. Logo, a virada que deveria acontecer, fica comprometida. O desfecho é meio incongruente, já que se Ted perde suas principais características e já ficou o problema de entender quem é Jasmine e porque ela feriu Ted de morte.
    Ao entrar no ambulatório-laboratório ilegal, temos um acerto de significados. O narrador expande a trama semântica com termos que explicam melhor a condição de zumbi de Ted, que está morto, mas ainda está de posse de seu corpo em decomposição
    iniciada. Aparece a presença de seu novo corpo um robô muitíssimo similar ao corpo humano; as madeiras sintéticas; máquinas e maca para procedimentos técnicos específicos. Mas no diálogo entre Darte e Ted há um ruído: o que é proibido mesmo para eles? Matar Janine ou tomar a vacina sozinho?
    Desfecho: Inconcluso, porque Ted volta a vida sem ser quem era e não sabemos se além da personalidade ele também não perdeu a capacidade de praticar a sua alquimia.

    *postado pela moderação

  11. Carolina Pires
    12 de setembro de 2019

    Resumo: Em um futuro, em que vários seres misturam-se (depois da descoberta de um portal dimensional) e vivem em sociedade, um homem chamado Ted, gravemente ferido, chega em um estabelecimento em busca de Darte. Ted, depois de morto, está vivendo uma subvida e tem 48 horas para ter sua consciência transferida para outro corpo. Mesmo não concordando com os procedimentos, Darte aceita fazer o procedimento ilegal, colocando a consciência de Ted em um corpo robótico. Após o coma, Ted volta à vida no novo corpo, mas bastante afetado, apenas com a sombra de sua consciência.

    Primeiramente, sinto que devo começar explicando como faço com cada conto que leio e avalio neste concurso. Eu seleciono o conto, passo para um documento, imprimo e só depois leio atentamente. Leio um – apenas um – conto no dia. Faço desse jeito para ser o mais justa possível. Busco, dessa forma, uma familiaridade com o texto, com o narrador, com os personagens, com a história, antes de fazer qualquer tipo de julgamento.

    O que eu tenho para te dizer, Personalidade, é que seu conto me tomou três dias. Mas eu o li sem pressa, com vontade, com perseverança, tentando compreender cada informação crucial que me era apresentada. Eu li e reli até perder a conta. Por quê? Porque senti a necessidade de fazer isso uma vez que não obtive uma compreensão satisfatória do seu conto em um primeiro momento. Achei o texto complexo, com algumas falhas na escrita que poderiam ter sido evitadas com revisões. Mas não por isso perdeu a sua força. Eu gostei muito da dinâmica do conto e da realidade retratada, cheia de personagens diferentes: alienígenas, raças miscigenadas, humanos incomuns etc.

    Eu entendo perfeitamente que o limite de palavras “limita” certo aprofundamento na história. Senti falta de explicações ao longo do texto, perguntas sem respostas, etc. Mas sei que você optou por um “recorte” dentro de um universo criado e que este “recorte” é o seu conto. Acho que você tem aí grande potencial para continuar escrevendo sobre este universo. Eu fiquei extasiada com as descrições de personagens tão diferentes fisicamente. Isso contrastou de maneira positiva com os demais contos de ficção científica com os quais me deparei. Eu fiquei bastante curiosa de entender mais sobre essas criaturas, senti falta de explicações mais detalhadas deles (mas como eu disse, super entendo devido ao limite de palavras, acaba que temos que fazer escolhas).

    Achei bem convincente – e inteligente – a escolha do tema de perpetuação da vida, não aceitação da morte, mesmo que por uma sobrevida. Achei bem curioso o fato dos robôs serem proibidos neste mundo, por que será? Será que teve alguma guerra entre robôs e humanos, a qual foi vencida pelos humanos? Bem interessante!

    Achei bem surreal a parte do coma, do encontro com o eu dele. Na verdade, isso é bem arriscado da sua parte. Colocar em um conto de ficção científica essa parte de fantasia, mística. Mas eu achei um trabalho interessante. Por que não? Gosto da ousadia em misturar gêneros e concepções conflitantes, afinal, o ser humano é feito disso, né? De conflitos. Inclusive no mundo literário.

    Parabéns pelo conto, Personalidade. Por favor, continue desenvolvendo essa história!

  12. Fernando Cyrino
    9 de setembro de 2019

    Olá, Personalidade, cá sigo eu às voltas com a sua história. Num tempo futuro e lúgubre, além de violento e distópico, seres manipulam a vida, fazendo-a retornar dos mortos, mas sem que os que ressurgem sejam realmente como eram no passado. Nessa realidade terrível e poluída, Ted busca salvação a partir da sua transmutação em outro ser. Um conto complexo e muito bem escrito. Você realmente escreve muito bem. O conto é de uma tristeza terrível e o ambiente do bar decadente, a música na caixa antiga, o neon sem manutenção, ajudam a desenvolver esse clima lúgubre. Não sei se porque não posso me considerar um aficionado da FC, mas fiquei com um gosto de quero mais ao final da sua história. Como se o final se posicionasse aquém do que estaria por vir. É como se pudesse ir mais adiante e parou antes de gerar a emoção prometida.

  13. Estela Goulart
    9 de setembro de 2019

    Em alguma era, Ted está em transição de corpo. Encontra Amelie em um bar com o próprio corpo machucado, mas então encontra-se com Darte. Este lhe opera a cirurgia e, sabendo dos riscos de uma transferência de consciência, ele vira um robô.

    Achei legal, suas descrições são muito bem escritas. A narrativa é normal, nada de muito extenso. O conto é previsível, mediano. Interessante o uso da maquiagem nos homens, de modo meio que natural.

  14. Paulo Luís
    4 de setembro de 2019

    Olá, Personalidade , boa sorte no desafio. Eis minhas impressões sobre seu conto.

    Resumo: Individuo ferido, caminha por uma cidade, de aspecto apocalíptico, por entre figuras de certa forma bizarras. Entra em um bar em decadência, de mesmo aspecto da cidade à procura de ajuda. Numa espécie de reconstituição da mente para a manutenção da vida em outro receptor.

    Gramática: A leitura flui bem, sem problemas gramaticais, exceção um provável deslize de digitação como nesta palavra “cicatriza” em vez de cicatriz.

    Comentário crítico: Em um mundo do futuro, já em decadência, seres agigantados permeiam a cidade. A ficção trata de uma ciência onde a morte do individuo é apenas do corpo, ficando a mente transferida para um outro receptáculo… Uma espécie de robótica? (de acordo com o próprio texto) Enredo um tanto complicado em seu entendimento. O mau desses enredos de ficção é que os autores abusam da imaginação, dando aspectos diversos, a bel prazer, sem grandes fundamentos, sem nenhuma base de veracidade para suas invenções, que dê ao leitor a oportunidade de acompanhar com o mínimo de semelhança com a realidade das coisas. A trama deste enredo é bem arquitetada, entretanto, há no decorrer tropeços na forma de desenvolvê-lo. Haja vista as citações de Deus e o Diabo embrenhado numa ficção científica e biotecnológica. As lucubrações nos parágrafos finais também ficam entre a ficção e um certo deslumbramento.

  15. Elisa Ribeiro
    1 de setembro de 2019

    Um bom conto de FC, que poderia ser parte de algo maior. Muito imagético, criativo e impecável na escrita.

    O comentário crítico que faço a seguir talvez tenha a ver menos com o conto do que com a dinâmica que nos impomos aqui no EC – leituras apressadas por causa do volume. O fato de vc nominar alguns personagens – o barman Eduardo e Janine – acabou me confundindo e me obrigando a reler o conto para compreendê-lo melhor.

    Parabéns pelo trabalho! Um abraço.

  16. Fernanda Caleffi Barbetta
    21 de agosto de 2019

    Parabéns pelo conto, bastante criativo.Apesar de ser um conto com bastante informação, muitas vezes até um pouco “técnicas”, o texto fluiu bem.
    Destaco este parágrafo, do qual gostei bastante:” – Bonjour, mon chéri. Onde estão seus modos? – a proprietária, Madame Amélie, ainda conservava o sotaque francês, embora a sensualidade a tivesse abandonado a mais tempo que a classe de seu antigo bar, outrora ponto de encontro da alta sociedade.”

  17. Humanidade

    Enquanto o personagem principal caminha pela noite, o leitor é introduzido a um futuro distópico. Em uma metrópole desolada, usa-se capacete para evitar o ar tóxico. Letreiros em neon, criaturas semelhantes a macacos, mendigos em grande número. O personagem entra em um bar, após passar por um beco e informa estar procurando por Darte. Madame Amélie, proprietária do bar, conversa com ele, que revela estar morto e, portanto, com pressa. O homem desmaia. Ao acordar, Ted, o personagem principal, se vê diante de Darte, que conhece há décadas. Ted revela ter tido um embate fatal com Janine e que, através de uma infusão alquímica, fez o procedimento de presevação de consciência. Agora, precisa de uma transferência de corpo, já que o seu está se decompondo. Darte reforça o que Ted conhece: não há renascimento, o que eles fazem é uma cópia de consciência, de memórias, para um corpo robótico. Ted lembra que foi ele quem escreveu o texto sobre o procedimento. Ele é submetido ao procedimento e acorda, após um sonho que simboliza essa transferência de consciência, no novo corpo.

    O texto constrói bem um ambiente de futuro decadente, com degradação e tecnologia dominando uma metrópole, bem ao estilo cyberpunk. Apesar de um conto de ficção científica ter que gastar um bom tempo ambientando o leitor no universo da narrativa – o que pode consumir caracteres preciosos em um desafio com limite de palavras – acredito que o autor fez isso com habilidade. Alguns erros de gramática/ concordância escaparam, nada que prejudique, mas acho necessário pontuar esse aspecto já que os contos que li até o momento estão sendo impecáveis nesse aspecto. Curioso é que este é o segundo conto de FC em que vejo um ponto em comum com a história que eu escrevi para o certame – parece que a busca pela vida eterna é uma tendência que estamos projetando para o futuro. Enfim, conto criativo, o autor tem domínio do gênero e possui potencial para investir em mais histórias de FC.

    Originalidade: 5
    Domínio da escrita: 4
    Adequação ao tema: 5
    Narrativa: 4
    Desenvolvimento de personagens: 4
    Enredo: 4

    Total: 4,3

  18. Evandro Furtado
    19 de agosto de 2019

    A história acontece em um mundo futurístico onde diversas raças alienígenas/multidimensionais convivem. Um sujeito que não quer morrer procura por um amigo, buscando transferir sua consciência para um robô.

    A descrição dos cenários é muito boa e vívida. O/a autor/a consegue materializar esse universo de forma muito competente. E a história, de forma geral, é boa o bastante para manter o leitor interessado. No entanto, a partir do momento em que ele passa pela “cirurgia”, o conto perde o rumo e vai por um caminho nada interessante. Esse “mergulho em si mesmo” não causa o efeito esperado e acaba estragando um conto que tinha grande poterncial.

  19. Contra-analógico
    13 de agosto de 2019

    Sinopse: Ted vaga pelas ruas nevoentas da metrópole sob uma chuva ácida, onde a luz é neon aumenta a poluição visual. Ele chega ao que parece um bar decadente, onde mais uma vez tentará satisfazer a sua obsessão: vencer a morte. Mas os procedimentos para vencer esse embate, além de ser questionáveis, são extremamente perigosos.

    Comentários: A ambientação do conto é muito boa. Ted é o tipo de protagonista que combina bem como esse mundo, um personagem ambíguo, mas com motivações próprias. A histórias lembra muito o cyberpunk, mas pode muito bem se passar em um outro planeta. Um futuro onde transferirá consciências e memórias como arquivos de computador não serão tão longínquas assim, esse conto tratar disso mostra o quanto o autor estar antenado em termos de ciência. Mais uma vez, um erro comum aqui entre vocês entrecontistas é nunca saber quando usar maiúscula após o travessão nos diálogos, recomendo ao autor estudar isso e remediar isso logo. Nesse caso reconfiguração biosintética, deveria ser biossintética.

    Notas de Contra-analógico:
    – A Bruxa: 1,0
    – A Hora Certa de Dizer “Eu te Amo”: 4,5
    – A Obradora e a Onça: 3,5
    – Às Cegas: 3,8
    – As Lobas do Homem: 3,0
    – De Forma Natural: 2,0
    – Espectros da Salvação: 3,5
    – Folhas de Outono: 2,0
    – Humanidade: 4,0
    – Love in the Afternoon: 3,0
    – Neo: 2,5
    – O Buquê Jamais Recebido: 2,5
    – O Dia Em Que a Terra Não Parou: 1,0
    – O Touro Mecânico: 2,0
    – Poá: 2,0
    – Rosas Roubadas: 1,5
    – Show Time: 5,0
    – Sob um Céu de Vigilância: 4,0

    Contos Favoritos
    Melhor técnica: A Hora Certa de Dizer “Eu te Amo”
    Mais criativo: Show Time
    Mais impactante: Show Time
    Melhor conto: Show Time

  20. Pedro Paulo
    11 de agosto de 2019

    RESUMO: Ted lidera um negócio clandestino, uma espécie de transfusão de consciência de falecidos a duplicatas artificiais. Processo meticuloso, perigoso e fraudulento, seu ganha pão e, um dia, quando ferido, sua esperança. Prevenido contra a morte, obrigou seus companheiros de trabalho a guiarem a operação nele, embora estivesse vivo. Houve receio de todos quanto ao que restaria dele na duplicata, mas ele não poderia esperar seu corpo apodrecer, quis tentar mesmo assim. Tardia, sua mente seguiu o mesmo destino do corpo, enfim.

    COMENTÁRIO: Muito bom! Logo no começo, o cenário cyberpunk é colocado, as primeiras descrições logo anunciando a máxima: high tech, low life. Com a mesma agilidade nos vem as características do protagonista e dos seus companheiros, em que existem sim arquétipos comuns: o protagonista é o durão; a dona do bar é uma espécie de “alta classe da baixa classe” que há muito perdeu seu brilho; e temos o companheiro, imponente, mas, amigo. Apesar disso, o desenvolvimento, especialmente do protagonista, é interessante, em função do dilema que enfrenta: morrer ou se entregar à incerteza de uma vida incompleta? O meu dos seus colegas contrastam com a sua obstinação e se torna um conflito que engaja o leitor. Mas antes que eu conclua essa parte do comentário, devo fazer mais um adendo à ambientação, em que cada descrição, do capacete usado por Ted aos traços de Darte, evocam um plano de fundo complexo, com chuvas ácidas, portas dimensionais e leis marciais. Foram detalhes que rechearam o enredo elevando-o mais próximo à ficção científica, o principal mote ainda perto de importantes questões filosóficas humanas, bom sinal para uma distopia. Enfim, o desfecho! Basicamente, a coragem da personagem não o levou a lugar nenhum e os limites da natureza humana se colocaram em seu caminho. Mas, a sequência onírica destacada em itálico foi uma ótima escolha, metáfora perfeita para a perda de personalidade pela qual passa a personagem, essa perda que também foi brilhantemente sinalizada ao recobrar um trecho anterior: a mania do protagonista em completar frases. Escrita astuta, parabéns!

  21. Antonio Stegues Batista
    10 de agosto de 2019

    HUMANIDADE
    Resumo:
    Num futuro distante, é possível as pessoas idosas transferirem suas memórias para um robô, ou clone, e evitar a morte, mas o procedimento fica proibido por lei e quem infringir a lei, será exterminado. No entanto, o procedimento é feito clandestinamente e Ted, às portas da morte, procura e paga para as pessoas fazerem a cirurgia.

    Comentário: O argumento não é novo, o mesmo procedimento está no filme Altered Carbon, com leves variações. O texto não é ruim, embora não seja nada original, é bem escrito, a ambientação, descrições e diálogos são bons. O autor escreve bem, só precisa melhorar suas ideias e argumentos.

  22. Gustavo Araujo
    10 de agosto de 2019

    Resumo: num mundo distópico, homem moribundo chega a um bar decadente visando transferir sua consciência para um robô; quando desperta após o procedimento, sua vontade de viver desaparece.

    Impressões: contos de ficção científica ambientados em realidades distópicas costumam render ótimas histórias. Blade Runner é o exemplo mais conhecido. Este conto parece beber na mesma fonte do mestre Philip K. Dick, já que emula com êxito a atmosfera noir que permeia a obra original. Lá está o protagonista cínico — não exatamente um detetive em busca de resolver um mistério, mas um sujeito “comum” com ganas de continuar vivendo –, lá está o bar, lá estão os seres fantásticos com suas características físicas peculiares mas que mantêm traços de personalidade eminentemente humanos.

    O conto ganha pontos pela parte descritiva desse ambiente, havendo de fato passagens inspiradas, como no início do texto. Aliás, a canção francesa que se desprende do jukebox, erótica e provocante, surge como contraponto bem pensado para quebrar o diálogo soturno entre Ted e Amélie, fazendo crer que os dois tiveram um passado mais — me falta a palavra em francês — quente.

    Não gostei muito, porém, das explicações científicas que são colocadas nas falas dos personagens, para passar ao leitor as informações sobre como a transferência de consciência se opera. Entendi a intenção do autor, mas creio que desse modo ficou um tanto artificial. Boa a sacada, por outro lado, da mania (enervante) de Ted em completar as frases dos outros — quem não conhece alguém chato assim?

    O final é muito bom. O sonho que Ted tem durante o coma permite várias interpretações, com o confronto entre as versões de si mesmo. Ótima descrição sobre a maneira como ambas se encontram no lago, com o reflexo do “velho” ganhando vida. Ao retirar a essência vital, o velho põe termo ao sofrimento do novo ou age por inveja? Isso não fica claro e creio ser esse um grande mérito da narrativa, já que possibilita ao leitor tirar suas próprias conclusões.

    Há algumas coisinhas a acertar na parte gramatical — erros bobos que escaparam à revisão, mas que não comprometeram a trama na essência.

    Enfim, é um ótimo conto de sci-fi que deve agradar aqueles que apreciam o gênero. Parabéns e boa sorte no desafio.

  23. Higor Benízio
    5 de agosto de 2019

    Aparentemente Ted, que tentou inventar uma vacina “contra a morte”, sem sucesso, precisa transferir sua consciência para um corpo artificial visto que o seu esta se deteriorando.

    O conto está muito confuso. Muitos personagens aparecendo e falando sem ordenamento, transições estranhas. Quando o texto diz, por exemplos “os dois amigos”, que amigos? Todo aquele tom hostil e de negociação era entre amigos?

E Então? O que achou?

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Publicado às 1 de agosto de 2019 por em Liga 2019 - Rodada 3, R3 - Série A e marcado .
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