EntreContos

Detox Literário.

Às Cegas (Claudia Roberta Angst)

Apertou o passo e olhou com desaprovação para os sapatos. Deveria ter calçado tênis confortáveis e deixado a elegância de lado. Desejou não ter perdido tanto tempo com detalhes, pois agora acabaria se atrasando. Os pensamentos seguiam um ritmo próprio sem que seus passos pudessem acompanhá-los. Será melhor desistir? Era só dúvida e pressa.

Chegou ao lugar marcado, perdido em algum espaço sem data. Fachada parcialmente coberta por heras que quase escondiam uma pequena placa de metal envelhecido. Letras desgastadas indicavam a natureza da atividade ali desenvolvida. Um lugar com o charme das antigas construções já esquecidas. Se não fosse pelo atropelo do tempo, ela observaria com mais atenção a casa, erguida em outro século, sem dúvida. Mas tinha pressa e qualquer outro interesse ficaria para depois. Movia-se atraída pelo mistério, apesar do receio, quase pânico, que sentia. O que eu estou fazendo aqui? 

Não havia tempo para mudar de ideia, e se pudesse refazer o caminho até ali, encontraria respingos de ansiedade por toda parte. Agora, dividia-se entre a urgência de minimizar o atraso e a possibilidade de ver todo o seu esforço se tornar inútil. Sentiu a visão turvar como se os segundos desabassem junto com os seus sentidos. A impaciência já escorria pelas mãos, no mesmo descompasso do coração. Estava tudo fora do ritmo. Devo estar louca! 

Haviam concordado em viver aquilo juntos. Pela primeira e, quem sabe, última vez. Aquela experiência inusitada, sem expectativas, às cegas, assim do jeito que a vida convidava. Sabemos mais do que o necessário. Pode confiar em mim? Ele a desafiara como se fosse somente um jogo. E ela gostava de jogar. 

Nada foi dito sobre onde exatamente se daria o encontro. Em frente do pequeno muro, no banco com pintura descascada que se fingia de desocupado? Sob a árvore quase sem folhas? Ou devo entrar? 

Sabia que estava atrasada e teria que se justificar. Culpava-se pela falta de organização, pela escolha dos sapatos, pela vida que levara até então. Isso não deveria ter acontecido. Não logo hoje. Talvez o pretendido jogo virasse apenas um engano de peças.

 Remexeu a bolsa à procura da carteira. As mãos trêmulas dificultavam os movimentos. Inspirou mais fundo e tratou de se controlar. Está tudo bem, é só um encontro. Nada mais. Comprou o ingresso, mesmo informada de que já haviam começado sem ela.  

De olhos vendados pela ignorância, adentrou o silêncio. Sem tato, sem aromas a provocar instinto de acolhimento ou fuga, desceu os poucos degraus com receio de cair ou mesmo desaparecer.

Instalou-se no caos, sentando na primeira poltrona que conseguiu encontrar. Tudo era escuridão a sua volta. Imaginou que aquele prenúncio obscuro era também um alerta. Quis se levantar e fugir, mudar a rota dos acontecimentos, deixar tudo para outro dia. Talvez para nunca mais. Sentiu-se presa à própria sorte.  O atraso, a deslocada realidade, tudo a mantinha atada à expectativa do próximo minuto. O que sabia dele, afinal?   

Tentou fixar a atenção na tela que reproduzia imagens que seus olhos mal conseguiam captar. Tudo muito escuro, com pontos difusos de luz. Inspirou e expirou, procurando acalmar a pulsação que ainda se mantinha acelerada. Uma adolescente! Pareço mesmo uma adolescente! Então, reconheceu o óbvio. Ele não viria. E se apareceu e não me viu? Só brincou quando disse que vinha e … Sentiu-se uma tola e fechou os olhos desejando sumir.   

─ Lia?

Ela sobressaltou-se com a voz que lhe chegava aos ouvidos desatentos. Abriu os olhos, visualizando o recorte de uma figura ao seu lado. Alguém abaixado, tentando não atrapalhar os outros presentes. Leonardo…Só pode ser ele!

Suspirou, entre aliviada e aflita. Sem pensar, aceitou o apoio da mão estendida e se levantou da poltrona. Deixou-se conduzir pelo pequeno corredor até o destino demarcado. 

─ Que bom que você veio. ─ ele disse baixo, lábios rentes ao ouvido, esperando que ela o ouvisse, apesar do volume da música.

Lia só balançou a cabeça e sorriu, camuflando o próprio constrangimento sob a penumbra mais do que oportuna. Notou quando ele se desfez dos óculos, guardando-os fora dos limites dos movimentos. Não precisaria deles para enxergar o que viria. Já tinham previsto os primeiros gestos, durante as longas conversas que atravessaram madrugadas. O jogo começava naquele instante, ali, sem qualquer máscara ou rede de proteção. Saltariam os dois. Juntos.   

Um facho de luz escapou da tela, iluminando os rostos por segundos. Lia voltou os olhos para ele, pretendendo que se refletisse acolhida. Ele sorriu, mantendo a mão sobre o braço dela, como se buscasse o reconhecimento imediato, sem ousar se desprender daquele contato.   

Estavam próximos o bastante para serem notados pelos demais. Alguns olhos se desviavam da tela, curiosos, em direção aos dois. Eles não se importaram com aquilo. Tinham as mãos estendidas, acolhidas, ungidas por óleos imaginários. Leo seguia um ritual até então desconhecido, em secreta hipnose. Passava os dedos pela pele recém-descoberta, negando-se a desapegar, sem querer escapar ao apelo dos próprios sentidos. 

O tato revelava-se natural no deslizar pelo braço coberto por uma leve penugem que Leo imaginava dourada. Pressentia a pele salpicada por uma constelação de pequenas sardas que se estenderiam pelos ombros e colo. Desejou experimentar aquela maciez com os lábios, sorvendo o perfume que se desprendia em leve torpor. Conteve-se. Só mais um pouco… 

Na impossibilidade de abraços, pois o vão entre as poltronas delimitava avanços, deixaram as palmas das mãos abrigarem mistérios, misturando linhas que aos poucos se completavam. Feita a apresentação informal, trocaram delicadezas, em sintonia com a luz oscilante. 

Lia sentiu o calor do hálito dele em contato com o seu rosto. Agora me beija! Não esperava nada muito inocente, pois já haviam se despido de qualquer pudor. O que restava era o mistério do sabor, do toque úmido, do deslizar de línguas e saliva. Ainda não.  

A luz furtiva, rara e inexata testemunha, vez ou outra, banhava os perfis, e eles então podiam se decifrar por segundos. Sorriam, encantados. Talvez ela fosse assim mesmo: iluminada, parte estrela; e ele, incandescente, resquício de um relâmpago. Dividiam a mesma febre, cientes da atração que os dominava, e nada mais precisava ser dito. Ardiam.  

Lia sentiu o roçar da barba rente, sem chegar a arranhar. Satisfazia-se com a companhia, desfrutando de uma estranha e deliciosa cumplicidade. Aquele era o momento prometido, a jogada mais arriscada. É loucura! Tão bom enlouquecer!  

Ele a puxou para perto, deslizando as mãos nos cabelos fartos e macios. Pôde sentir o perfume suave que recobria os fios agora entrelaçados em seus dedos. Ela não oferecia resistência, seguindo o mesmo fluxo do instinto. Quis ir além. Um leve tremor prescindiu o avanço dos lábios pela nuca, dedos afastando a camisa da pele. Invasora! Lia sussurrou algo, talvez censurável, e beijou bem no limite do pescoço com a orelha, demorando-se ali com um prazer quase sádico. O gemido sufocado, mas ainda assim audível, a fez rir.  

Leonardo ajeitou-se na cadeira, como se estivesse desconfortável. Lia temeu ter ousado demais e procurou se afastar um pouco, muito pouco, pois ele logo a puxou de volta. Ela entendeu o jogo. Agora espere! Decidiu provocá-lo com uma pausa bem no alto da montanha-russa de sensações. 

─ E o filme? ─ ela sussurrou 

─ Que filme? ─ perguntou ele, segurando-a nos seus braços, restaurando o fluxo de devaneios.  

O filme perdia-se como mero pano de fundo, sem qualquer significado para eles. Os outros ali, senhoras de idade incerta e senhores já aposentados, permaneciam quase imóveis, quebrando o silêncio com o desembrulhar de balas. De vez em quando, o casal recebia um olhar censurador, que logo se desviava para a tela, retirando-se em psius mudos. 

Lia e Leo em nenhum momento haviam predeterminado quais seriam os limites, o antes, muito menos o depois. Era como se soubessem possuir uma única chance: aquele encontro. Por semanas, tinham conversado como misteriosos cúmplices, elaborando tramas sem aparente sentido. Diziam ser a dupla perfeita: o promissor cineasta e a escritora amadora. Mas até que ponto aquilo era real?  

Entretidos com o particular enredo, não se incomodaram com os flashes sucessivos produzidos pelo desenrolar do filme. Viviam uma experiência à parte, imunes a qualquer censura. Deixaram os compassos tocarem espaço e tempo, sem pausas para abstrações. Fosse quem fosse, ela estava ali. E ele, o desconhecido personagem, também permanecia no jogo. Sem domínio ou trégua. Ambos repletos de suposições que lhes acariciavam a pele e despertavam novos desejos.

Revezavam-se em instintivo sincronismo, cobrindo todo espaço livre de tecido com dedos e lábios, tentando reconhecer o que já suspeitavam encontrar um no outro. Esbarravam provocações, aproximando-se cada vez mais as bocas, em desafio mútuo. Era quase dor a espera. Cederiam a qualquer momento. Mas ainda não.

Após minutos de muda resistência, deixaram-se inundar por luzes coloridas, que já não sabiam de onde vinham, se da tela ou deles. Refletidos nas paredes, os sentidos derretiam-se sem pressa de se recompor. Argumentos foram silenciados boca a boca. O apreciar da descoberta, multiplicando sensações impensáveis. Tudo agora ganhava um significado especial.

Todas as dúvidas desapareceram, cessaram as provocações, desmanchando-se em lava incandescente sobre qualquer raciocínio. O beijo, o primeiro, transformou-se em outros tantos, que se precipitaram sedentos. Um mergulho seguiu o outro, ainda mais profundo, misturando sabores, odores, todos os humores da conquista. Não tem como o beijo não ser bom, ele havia dito. Às vezes, a química não funciona, alertara Lia. Funcionou! 

Ela fechou os olhos e ele beijou-lhe as pálpebras, soprando em cada uma, pedidos clandestinos. Deslizou uma das mãos até encontrar o tecido macio da saia. Em suave movimento de vaivém, alcançou o joelho e dedilhou a carne desnuda sem, contudo, se permitir subir muito além. Lia pôde sentir a hesitação dele e aprovou a reserva. Cedo demais para isso. Ou tarde demais para me salvar?

Já tão acostumados à escuridão, supunham-se protegidos, imunes a tudo mais que acontecia ao redor. Lia, incentivada pelos beijos, escorregou a mão pelo pescoço de Leo, conseguindo alcançar os pelos que escapavam mais abaixo… Deixou-se entreter com o leve enroscar, o atrito aumentando entre os dedos. Voltou ao pescoço, à boca, tateando a nuca e terminou por mordiscar a ponta da orelha. Escutou novo gemido, entredentes, camuflado sob a respiração densa, profunda, que buscava ar entre chamas. 

Os corpos, ainda impossibilitados de verdadeiro enlace, exibiam lenta coreografia orquestrada pelo crescente desejo. O raciocínio mantinha-se à parte, em privado retiro. Trancando gemidos, embriagados com palavras não ditas, deixaram-se aquietar pela promessa de uma completude que a partir dali se anunciava provável. Muito provável. 

De repente, o susto. A incontestável passagem do tempo puxando-se para fora de si mesmos. Voltaram a ter os sentidos domesticados pela insistente realidade. 

─ Já? ─ ele deixou escapar a decepção na voz. 

Os primeiros créditos do filme rolavam na tela, e a movimentação ao redor denunciava o fim do espetáculo. A crescente luz os despertava de um sono particular.  Flashes espalhavam-se pelo teto, que ganhava outra dimensão. Não era o céu. Ou era? Levantaram, disfarçando a agitação que ainda percorria seus corpos. Saíram de mãos dadas, ela carregando a bolsa e ele uma mochila. 

Os poucos passos seguiram acompanhados de cuidados velados. Nenhum dos dois tinha pressa alguma. Ao contrário, temiam a veloz sequência de atos, já pressentindo o inevitável craquelar da despedida. Alcançaram a calçada, deixando-se margear pelas pessoas que entravam e saíam do cinema. 

Já não era mais dia. O céu preparava-se para a noite que caia em simulado desmaio. Cores entre o cinza e o dourado tingiam nuvens, em volta de uma lua que despontava envaidecida.   

Por um momento, soltaram as mãos. Ele remexeu na mochila, alcançando os óculos, agora tão necessários. Ela fingiu procurar algo na bolsa, somente para manter as mãos ocupadas, evitando a sensação de vazio abandono. 

Ele pôs os óculos e sorriu. Ela sorriu também. E tudo parou. As sombras ganharam cores vivas, gestos valsaram em câmera lenta, deixando livres as sensações ainda pulsantes, agora multiplicadas. Olharam-se, satisfeitos com a aguardada revelação.  

Ele, não muito alto, nem magro, nem gordo. Cabelos castanhos quase nos ombros, óculos equilibrados sobre o nariz ligeiramente adunco.  Timidez estampada na pele clara, um rosto que refletiria juventude sob qualquer luz. Vinte e poucos anos, talvez um pouco mais. Trinta, se tanto. Leo.

Ela, mais baixa do que ele, centímetros. Talvez mais velha do que ele, anos. Cabelos ondulados, tom acobreado. Ruiva. Olhos verdes. E o sorriso mais aberto do que a noite. Lia. 

 Se tivessem combinado algoritmos e se submetido a outros cálculos da prudência, jamais teriam se conhecido. Sabiam-se personagens de cenários diferentes, com papéis desencontrados. Mas lá estavam os dois, isolados em um universo repleto de possibilidades. 

Olharam-se com mais atenção como se buscassem outra alternativa que não fosse a erosão do adeus. Em segredo, transferiam palavras e sentimentos em faíscas de aflição. Não quero ir, pensou ela. Não vá, pediu o olhar dele.

─ Gostou do filme? ─ ela perguntou brincando, rindo de si mesma. 

─ Eu já tinha visto. ─ Leo piscou, provocando-a. ─ É ótimo…

─ Ah, você… ─ Fingiu quase zanga, aproximando-se dele. 

O insistente querer. As mãos próximas, os lábios abrindo-se sem permissão, o desejo de preencher cada poro, cada ponto que ainda não recebera luz. Mais uma pausa, o silêncio tramando se instalar entre eles. Sem sucesso. 

─ O filme que vai passar na quarta recebeu ótima crítica… ─ ele tratou de dizer antes que as palavras escavassem novos abismos ─ Quem sabe, podemos…

Ela sorriu, desfazendo uma nuvem de negativas que flutuava sobre sua cabeça. Leo ajeitou os óculos, tossiu e a olhou com medo de perder alguma reação ou resposta. 

─ Filme iraniano… ─ acrescentou inseguro. 

Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, a chuva chegou mansa. Lia encostou a cabeça no ombro dele, tentando fugir das gotas mais apressadas. Sentiu novamente a embriaguez sem álcool, promessa de algo mais. Precisamos de mais. 

─ Tenho certeza de que deve ser ótimo. ─ Foi tudo o que ela disse, já se afastando. 

As mãos dela deslizaram pelos braços dele, deslocando o calor que os unia. Até as mãos se tocarem em um último laço, abraço, acaso. 

Seguiu-se o temido epílogo. Os passos dela, mais lentos que o pretendido. A virada de cabeça só para checar se ele ainda lhe pousava os olhos. O sorriso satisfeito da confirmação. O aceno tímido dos dois. A vontade de voltar, de se deixar ficar.   

─ Nos vemos na quarta? ─ ele perguntou alto o suficiente para se fazer ouvir. 

Ela levantou a mão e acenou positivamente, esculpindo uma promessa com os lábios. Sim. Leo sorriu, enfiando as mãos nos bolsos e começou a assobiar uma canção que até então desconhecia. Alegria.

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21 comentários em “Às Cegas (Claudia Roberta Angst)

  1. Thiago Barba
    15 de setembro de 2019

    Lia e Leo não se conhecem e marcam um encontro para ficarem no cinema. Ficam durante todo o filme e ao final, resolvem se encontrarem na semana seguinte.

    Gosto muito do final. Acho bonita a despedida do casal remarcando o encontro para semana seguinte. Gosto da história e da ideia do conto também, mas acho um texto longo demais. Muitas vezes me pegava cansado dele. Na hora da “pegação” achei exaustivo, tive vontade de pular, de passar algumas linhas e até mesmo parágrafos. Não é porque estava mal escrito, mas eu já tinha entendido, aquela parte para mim já estava suficiente, poderia seguir a história, queria saber o que viria. Senti isso muitas vezes durante o texto, para mim ele poderia ser sintetizado, tornar-se mais dinâmico. Tentaria contar essa história com no máximo 1500 palavras.

  2. Gabriel Bonfim
    15 de setembro de 2019

    O conto fala sobre a reunião de Lia e Leo, e sua viagem romântica durante uma sessão de cinema.

    O conto é belamente escrito, conseguindo envolver o leitor na rápida cena do filme e mostrando os sentimentos verdadeiramente sabrinescos entre os dois. Posso falar que não é o meu tipo de história, mas consegui ficar entretido com a forma da escrita e com as metáforas, parabéns pela escrita!

  3. Amanda Gomez
    14 de setembro de 2019

    Resumo 📝 A história de um casal que depois de um tempo falando-se apenas pela internet resolvem marcar um encontro às cegas, literalmente. Num cinema diferente os dois se conhecem por meio de outros sentidos, o tato, o principal deles.

    Enredo🧐 Achei um texto muito bem construído, conduzido, a escrita belíssima e poética deixou tudo mais atraente. Gostei da interação dos personagens, dos sentimentos palpáveis graças a escrita do autor. Seus receios, a vontade fuga, a entrega e no fim, o desejo de fazer de novo.

    Gostei 😁👍 Gostei da escrita poética, do lugar da cena, a escolha do cinema, do tato, da timidez. Gostei de muita coisa no seu texto.

    Não gostei🙄👎 Não tenho certeza, mas imaginar que outras pessoas estavam ao redor pode ter deixado um ar meio inverossímil. Ou estou apenas tentando preencher todos os tópicos sem deixar nada em branco rs.

    Impacto (😕😐😯😲🤩) 😲 O texto me agradou, a leveza da cena causou o impacto desejado pelo autor… de elegância, sutileza, sem deixar de ser sensual.

    Tema (🤦🤷🙋)🙋 Elegantemente adequado ao tema.

    Destaque📌 “Entretidos com o particular enredo, não se incomodaram com os flashes sucessivos produzidos pelo desenrolar do filme. Viviam uma experiência à parte, imunes a qualquer censura. Deixaram os compassos tocarem espaço e tempo, sem pausas para abstrações. Fosse quem fosse, ela estava ali. E ele, o desconhecido personagem, também permanecia no jogo. Sem domínio ou trégua. Ambos repletos de suposições que lhes acariciavam a pele e despertavam novos desejos.”

    Conclusão ( 😒🤔🙂😃😍) = 😃 Ótimo conto, dentro do tema, escrita belíssima e muito envolvente.

  4. Leo Jardim
    14 de setembro de 2019

    🗒 Resumo: uma moça marca um encontro às cegas com um rapaz no cinema. Eles se pegam durante todo o filme, para o terror dos velhinhos que queriam assistir a sessão. No fim, dado o bom encontro, marcam uma nova sessão.

    📜 Trama (⭐⭐▫▫▫): Quase não há uma trama. Trata-se apenas de um recorte de algo maior, um pequeno recorte bastante floreado.

    A cena do encontro às cegas funcionou bem no início, enquanto o leitor também estava no escuro. Mas quando percebi que se tratava de uma pegação no cinema, confesso que ficou meio decepcionante e, em algum momento, até cansou um pouco.

    O final acabou sendo anticlimático, já que a resolução do conflito foi muito cedo: eles estavam num cinema. O que veio depois não sustentou muito bem minha atenção. Eles marcariam de novo em um outro cinema e continuariam nesse excesso de pudor… num desafio sabrinesco, esperei por mais 🙂

    📝 Técnica (⭐⭐⭐⭐▫): é uma técnica boa e bastante eficiente, sem erros importantes. Em alguns momentos, porém, acaba pecando pelos excessos: tanto os descritivos quanto os de adjetivação.

    ▪ ─ Que bom que você veio. ─ ele disse (pontuação do diálogo)

    Obs.: Sobre pontuação no diálogo, escrevi um artigo explicando a regra mais comum: http://www.recantodasletras.com.br/artigos/5330279

    🎯 Tema (⭐▫): faltou um pouco mais de erotismo para ser Sabrinesco, na minha opinião.

    💡 Criatividade (⭐⭐▫): não é clichê nem totalmente criativo. Ou seja, na média.

    🎭 Impacto (⭐⭐⭐▫▫): confesso que gostei do início, da incerteza do que estava acontecendo. Imaginei várias safadezas que poderiam acontecer no ambiente escuro (não me julgue). Mas acabei me frustrando pela revelação de ser apenas mais um “pega” no cinema. Muito banal para a expectativa tão alta.

  5. Gustavo Azure
    14 de setembro de 2019

    RESUMO
    Lia e Leo se encontram, aparentemente, pela primeira vez no cinema depois de um tempo de conversas, revelando um relacionamento promissor. Antes, é claro, um “test-drive”.

    CONSIDERAÇÕES
    Os personagens não apresentam nada muito particular, são um lugar comum, mas de fácil identificação. O autor também caracterizou a protagonista com a ideia de conforto/elegância e até mesmo o atraso. Isso fala um pouco sobre a personagem que é confirmado ao longo da história. Leo é menos caracterizado, mas alguns relances de suas características são ressaltadas, sendo deles o mais forte o uso do óculos.
    As figuras de linguagem utilizadas para descrever o ambiente escuro, até mesmo o movimento entre os personagens, foram boas. O suspense crescente criado pelo ambiente escuro e o nervosismo de Lia provoca uma expectativa inicialmente tensa, mas que é dissipada ao perceber que o local se trata de um cinema. Considerei isso positivo, pois me ajudou a vestir a pele da protagonista, entrando uma situação nova, hesitante e curiosa. Os momentos posteriores à escuridão também são bem descrito e criam um clima que se casa com a cena. Essas descrições foram o ponto forte do conto.
    Entretanto, a história em si mora no cotidiano quase monótono. O conflito maior trata-se de uma incerteza do que irá acontecer depois do beijo e do encontro, se eles “têm química” ou não. Aparentemente uma premissa fraca, mas que reflete muitas questões dos relacionamentos atuais. Acaba revestida por um texto bem escrito que a embeleza, deixando mais singular. Por outro lado, conta a história do casal irritante que fica se pegando no cinema, atrapalhando quem realmente tem interesse no filme. Mas quando percebemos isso já estamos imergidos nos sentimentos do casal para se importar. A narrativa inicia com uma tensão que me levou a pensar em até mesmo risco de vida, mas que foi se acalmando e chegou em um final relaxante.
    A fluidez da trama foi boa, mas em alguns momentos, principalmente no meio, parece um pouco arrastada. Não se tornou monótona, mas o centro da história se passa entre as carícias de um casal que conversam pouco (pois já conversaram demais antes do encontro), centrando-se em hesitação/excitação. Os elementos do início e do final são mais envolventes.
    NOTA 4,4

  6. Carolina Pires
    12 de setembro de 2019

    Resumo: Um homem e uma mulher, que não se conhecem pessoalmente, marcam o primeiro encontro no cinema. Dão mais atenção para “amassos” do que para o filme. Com o fim da sessão, marcam um novo encontro no mesmo local, confirmando que ambos gostaram da companhia do outro.

    História simples. Um encontro simples. Uma “pegação” simples. Um conto simples? Sim, bem simples e, ao mesmo tempo, IN-CRÍ-VEL! É a isso que me refiro quando falo de um texto bem escrito. Na verdade, muito mais que bem escrito. Desconhecida, quanta poesia cabe dentro da sua prosa? Você não trabalha com limites quanto a isso. A estrutura prosaica totalmente acometida por uma invasão de poesia do simples, do corriqueiro, do banal, porém do tão humanamente forte também: as relações sociais.

    É fato que me senti uma invasora. Mais um dos olhares curiosos dos presentes na sala de cinema. Mas ao mesmo tempo envolvida com o nervosismo e “jogo” inicial dos personagens Lia e Leo. Achei bem interessante a parte “Se tivessem combinado (…)”. Será que todos esses cálculos, testes, compatibilidades cada vez mais “racionadas” não são nada mais que um empecilho que dificulta as verdadeiras relações humanas? O contato, os olhares, a entrega, não deveriam estes falar mais alto? Muito interessante essa questão levantada (quase que indiretamente) no seu conto.

    Completamente apaixonada pelas metáforas muito bem encaixadas ao longo do texto. Aí vai algumas delas, minhas preferidas: “Talvez o pretendido jogo virasse apenas um engano de peças.”; “(…) sem qualquer máscara ou rede de proteção” (máscara/aparência das redes sociais/proteção); “retirando-se em psius mudos” (pirei com essa); “Refletidos nas paredes, os sentidos derretiam-se sem pressa de se recompor.” (assim como são as sombras – perfect); o parágrafo perfeito “Os corpos (…) Muito provável.”.

    Desconhecida (ou desconhecido), quer ser minha amiga? Trocar algumas ideias comigo sobre literatura e criação, Desconhecida! Nunca te pedi nada! (rsrsrsrs) Brincadeiras à parte, parabéns pelo trabalho exímio.

    Por fim, quero deixar registrado que eu amei a forma como finalizou o conto. A passagem do último parágrafo “uma canção que até então desconhecia” me fez lembrar a música do Lulu Santos “Tão bem”. Achei tão interessante que tive que ouvir em seguida: “Ela demonstrou tanto prazer / de estar em minha companhia / eu experimentei uma sensação / que até então desconhecia”.

  7. Renan de Carvalho
    11 de setembro de 2019

    Um casal marca encontro as cegas numa sessão de cinema e se deixam levar pelas carícias sem prestar sequer uma mínima atenção ao filme. Ao rolar dos créditos os dois se desenlaçam e ficam na promessa de um novo encontro, mesmo não desejosos da despedida.

    Um conto muito bom, suave e picante na medida certa. Chega a ser cadenciado pela narradora, que parece partilhar do gozo existente entre as personagens.

  8. Fernando Cyrino
    9 de setembro de 2019

    Olá, Desconhecida, que sabrinesco mais interessante você me traz. Um encontro virtual, creio que agendado pela internet, que vai acontecendo durante o tempo nesse espaço mágico e maluco do éter, até que, tomando coragem, os dois se encontram em uma sessão de cinema. Rostos e corpos fisicamente estranhos. Conhecimento apenas pela palavra. E aí não é que me vem à mente a citação bíblica de São João: o verbo se faz carne. Ou estaria sendo herege ao escrever isto? Que Deus me perdoe. E veja, amiga, que você consegue criar uma sensualidade tão bonita no encontro dos dois que me remeteu ao Cântico dos Cânticos com seu imenso e também tão delicado erotismo. E aí me dou conta de que como a própria Bíblia contém o sabrinesco, posso me sentir aqui totalmente perdoado pelo Senhor Deus. Uma bela de uma narrativa você me oferece, um cuidado bem bacana com as palavras você tem, Desconhecida. O enredo é simples mas me envolveu. Seu cuidado e atenção para com a nossa língua são bem legais. Achei somente que o encanto e o mistério teriam permanecido mais intensos e fortes caso eles tivessem se despedido quando estavam ainda no interior do cinema, naquele momento em que passava ainda o filme (que eles nem assistiam, tão envoltos estavam na sensualidade daquele encontro às cegas. Conto-lhe, minha amiga, que achei que a despedida ter se dado no meio da rua provocou a quebra do mistério para um novo encontro, já prelibado (epa, que palavra mais esquista) quando combinam do novo encontro, também cinematográfico, para a quarta-feira vindoura. Acho que é isto. Parabéns.

  9. Estela Goulart
    9 de setembro de 2019

    Lia e Leo são um casal que nunca se viram. Se encontram no cinema num encontro peculiar, intenso, para um encontro mais quente.

    Um conto repleto de analogias e comparações. O autor soube bem dar narrativa e conduzir a trama repleta de mistério e enigmas. Não sabia como estava ocorrendo as cenas do conto, demorei para entender. Acho que o excesso de mistério, mas é opinião pessoal. Não gostei do conto, mas é bem escrito.

  10. Elisabeth Lorena Alves
    8 de setembro de 2019

    Às Cegas (Desconhecida)
    Conto. Sabribesco
    Resumo: Um encontro de um casal desconhecido, combinado previamente. No Cinema, no fim de tarde, os dois se conhecem entre beijos e carícias e promessas de algo mais que não se realiza ali.

    Comentário
    Geral. Texto bem escrito. Mais um difícil de situar no gênero. Linguagem rica, poética. Sintaxe reversa bem pontuada em algumas frases, dando efeito de intimidade, sensualidade, latência. A introdução mostra uma mulher indecisa entre o querer e o realizar e isso torna o texto provocativo, instigante, as palavras utilizadas criam uma cadência bem interessante para a busca da mulher e para o texto.
    Interessante o uso de frases como: olhos vendados pela ignorância; luz furtiva; inexata testemunha – aqui a construção contrária ficou fantástica; há também uma construção de contraste entre estrela e relâmpago interessantíssima; a frase “era quase dor a espera” além de ser poética cria uma força de sentimento que fortalece a cumplicidade da narração com o leitor; e não fica por aí, há outros jogos de palavras que seguram o leitor como um espectador real da cena que visita o sentimento das personagens: craquelar da despedida; noite que caia dissimulada e que encontra a própria Lia a dissimular uma busca na bolsa o vazio das mãos recém separadas; a erosão do adeus; de novo o recurso da sintaxe contrária em insistente querer; embriaguez sem álcool também tem uma força que cria uma imagem límpida dos dois enamorados. O final grita poesia e docilidade, frente a promessa de um novo encontro, “Leo sorriu, enfiando as mãos nos bolsos e começou a assobiar uma canção que até então desconhecia. Alegria.”

  11. tikkunolam90
    6 de setembro de 2019

    Resumo: Lia se encontra com Leo. Vão assistir um filme, mas acabam se entrelaçando no cinema, mas isso já estava meio que planejado, claro. O detalhe da história são as sensações, pois o enredo é só isso. Pegação e tchau, até a próxima, isso no início da paixão, óbvio!

    Pesquei mais de três vezes e escapou sete bocejos, mais ou menos. Foi um conto difícil de ler, para mim, pois o estilo aplicado, com floreios em demasia e denso, não é do tipo que me conquista com facilidade. Preciso me interessar MUITO pela história para me envolver com a leitura. Se não, infelizmente, fico mergulhado no tédio.

    No que se refere à forma e estrutura, achei tudo perfeito. Sua escrita é impecável. De dicionário rico e tom poético, sua narrativa é muito bonita e com certeza irá agradar muitos que gostam desse estilo de texto.

    Gostei da forma como o romance foi inserido na história, na saída do cinema, na ressaca da paixão. Remeteu às lembranças de antigos amores, daqueles momentos bobos, de frio de barriga, dos abraços e da sensação de leveza pós-sexo. Foi a única parte que me prendeu, de fato. Acredito que o tesão que inunda a cena que comanda o conto deve surtir maior efeito em quem viveu algo semelhante, pois o estilo recheado de floreios depende muito dos sentimentos dos personagens, algo bem individual e um pouco difícil de associar, principalmente quando não estamos envolvidos na leitura.

    A parte final compensa o início e meio? Um pouco, porém, nem tanto, admito. A impressão final é que o conto é muito bem escrito, mas chato.

    Uma coisa que me incomodou muito durante a leitura foi a constante repetição de ideias. A insegurança de Lia é lembrada inúmeras vezes no começo da história até o esperado encontro, por exemplo. Você sempre voltava para a mesma tecla, repetindo, batendo, insistindo. Eu, como um leitor mais ágil e voraz, sinto-me sugado com isso e logo fico cansado. Acredito que muitos podem acabar se incomodando com isso. A história poderia ser mais limpa, mesmo com o estilo bonito e narrativa densa, mas aproveitando o espaço para apresentar novas ideias.

    Bem, apesar da leitura cansativa, o final foi gostoso. Parabéns pela escrita maravilhosa. Você escreve muito bem e com certeza entrega um texto de qualidade.

  12. Paulo Luís
    4 de setembro de 2019

    Olá, Desconhecida, boa sorte no desafio. Eis minhas impressões sobre seu conto.

    Resumo: Um encontro quase frustrado pela ansiedade da espera, mas que enfim acontece. É no cinema que se dar o idílio amoroso.

    Gramática: Uma leitura sem grandes figuras de estilo literário, mas bem colocada, sem percalços. Fluindo do começo ao fim sem atropelos gramaticais.

    Comentário crítico: Um enredo muito bem elaborado, entretanto, por demais prolixo quanto o desenrolar das carícias no escuro do cinema. Um excesso de frases com o intuito de descrever a sensualidade das cenas. Salvo de maiores exageros pelo fim do filme. Ficando, também, o final pouco arrastado, e sem um desfecho propriamente dito. Mas um conto que atende com todos os louvores a temática do sabrinesco.

  13. Às cegas

    Lia vai ao cinema para um encontro. Ela está ansiosa, pois é um encontro às cegas. O rapaz que ela espera é um conhecido da internet, mas eles nunca se viram pessoalmente. O filme já começou, ela senta em um lugar aleatório e, na expectativa, teme ser abandonada pelo rapaz, Leonardo encontra Lia e senta ao seu lado. Seguem-se movimentos cautelosos de aproximação, seguidos por contatos e, enfim, carícias. O casal pouco vê do filme, afinal, há expedientes mais urgentes. Ao fim do filme, Lia e Leonardo finalmente se olham, despidos da escuridão. Na despedida, o rapaz convida a garota para um novo encontro, para “assistir” o filme da próxima quarta. Ela aceita.

    Texto bem escrito, o autor consegue, com bons adjetivos, descrever uma situação romântica. Percebe-se um olhar bastante poético, que está atento a toda complexidade que pode envolver uma sessão de cinema. Não percebi nenhum problema em relação à gramática. A narrativa pode ser considerada um pouco monótona, sobretudo na primeira parte do conto, já que o autor vai, a conta-gotas, lançando informações bem vagas até esboçar um quadro completo. Mas seria o texto monótono ou é o leitor que está apressado demais? Enfim, texto muito bem construído, mostrando um autor sensível e talentoso.

    Originalidade: 5
    Domínio da escrita: 5
    Adequação ao tema: 5
    Narrativa: 4
    Desenvolvimento de personagens: 5
    Enredo: 4

    Total: 4,6

  14. Fernanda Caleffi Barbetta
    19 de agosto de 2019

    Muito bom!!! Delicado, envolvente. Traz um erotismo romântico e delicado, na dosagem certa. Adorei o conto e a forma como foi escrito. Parabéns!

  15. Contra-analógico
    13 de agosto de 2019

    Sinopse: Lia está indo para um encontro às cegas com seu novo pretendente, o Leo. É num antro escuro, ou melhor, com a menor incidência de luz que dois corpos se exploram em carícias amorosas e toques de excitação. Num jogo de claro e escuro, dois corpos vão sendo despidos até sobrar duas almas ardentes de paixão.

    Comentários: Um conto muito sensual, com passagens muito bem escritas. A autora Desconhecida trouxe uma obra repleta de nuances bem estimulantes dentro do conto, ao ponto de querer que o file durasse uma eternidade, só para ver os sentimentos que se escondiam debaixo das carícias. O ambiente onde se desenvolve a história, é clássico, por assim dizer, porém, para esse tipo de narrativa, diferente. Isso foi o charme, pois até o final da história não sabia se era um sonho da protagonista ou algo real e onde estava ocorrendo. A autora mesmo usando ponto final nos parágrafos, após o travessão deixa a palavra em minúscula, quando o usual é maiúscula.

    Notas de Contra-analógico:
    – A Bruxa: 1,0
    – A Hora Certa de Dizer “Eu te Amo”: 4,5
    – A Obradora e a Onça: 3,5
    – Às Cegas: 3,8
    – As Lobas do Homem: 3,0
    – De Forma Natural: 2,0
    – Espectros da Salvação: 3,5
    – Folhas de Outono: 2,0
    – Humanidade: 4,0
    – Love in the Afternoon: 3,0
    – Neo: 2,5
    – O Buquê Jamais Recebido: 2,5
    – O Dia Em Que a Terra Não Parou: 1,0
    – O Touro Mecânico: 2,0
    – Poá: 2,0
    – Rosas Roubadas: 1,5
    – Show Time: 5,0
    – Sob um Céu de Vigilância: 4,0

    Contos Favoritos
    Melhor técnica: A Hora Certa de Dizer “Eu te Amo”
    Mais criativo: Show Time
    Mais impactante: Show Time
    Melhor conto: Show Time

  16. Luis Guilherme Banzi Florido
    9 de agosto de 2019

    Conto número 13 (estou lendo em ordem de postagem)
    Pra começar, devo dizer que não sei ainda quais contos devo ler, mas como quer ler todos, dessa vez, vou comentar todos do mesmo modo, como se fossem do meu grupo de leitura.

    Vamos lá:

    Resumo: Gostei! Até agora, acho que o conto mais picante, ainda que não tenha havido sexo (até então, né? com o fogo dos dois, imagina o que ia rolar depois da quarta que vem, hahahah).

    O domínio da escrita e da narrativa são evidentes, o que demonstra que o autor é alguém experiente na escrita.

    Você não deixou em nenhum momento o enredo escapar. Na verdade, temos mais um slice of life, uma situação recortada de um momento, do que uma história, em si. Porém, esse pequeno recorte da vida dos dois, traz toda uma história por trás. A insegurança da Lia, escondendo possíveis frusrações passadas, o possível primeiro amor de Leo (a primeira vez que cantava a alegria), e todo o resto.

    Você soube muito bem como passar todo um fundo de cena numa simples situação, aparentemente sem grandes aspirações.

    Muito bem!

    A escrita é impecável. Gostei muitíssimo das descrições das sensações. Muito mesmo! Os adjetivos, as metáforas, as brincadeiras. Tudo na dose certa. A linguagem tem até mesmo um tom poético, usando as palavras para criar um ambiente sensual. O conto é quase sinestésico.

    A relação dos dois é apaixonante, também, o que valorizou o sabrinesco. Deu até vontade de conhecer uma mina e chamar pro cinema! hahahahah

    Enfim, antes que eu comece a viajar demais, é isso. Um conto muito bem trabalhado, que demonstra experiência e domínio. Gostei.

    Parabéns e boa sorte!

  17. Evandro Furtado
    8 de agosto de 2019

    A história de um casal que se encontra às cegas em um cinema e trocam “carícias”.

    Acho que o conto, em sua maior parte, é demasiadamente monótono. Talvez britânico demais, ou realisticamente italiano. Diante disso, perde-se um pouco o leitor pela falta do extraordinário. O final, no entanto, oferece um pouco mais, revelando sensações que, ainda que comuns, são poderosas o suficiente para criar empatia em quem lê.

  18. Antonio Stegues Batista
    5 de agosto de 2019

    ÀS CEGAS
    Resumo:
    Lia e Leo, se conhecem, talvez por um aplicativo de namoro e sexo casual, marcam o primeiro encontro num cinema e ali eles se acariciam e nada mais. Não há nada mais além disso, portanto é um resumo bem curto mesmo porque a história não tem mais nada além disso.

    Comentário:
    Gostei da escrita, mas achei o enredo bem simples e Sabrinesco, (que se adéqua ao tema) sem grandes impactos, sem revelações mirabolantes, mistérios, dramas psicológicos, etc. A narrativa se detém muito em repetidos detalhes sobre o estado de espírito da personagem que só serviram para dar extensão ao texto. Em princípio achei que ela estava entrando num prédio abandonado, pois a descrição é o de um lugar lúgubre.
    Gostei da escrita, Desconhecida, você tem talento para escrever, mas a história não me cativou. Ela não é ruim, mas eu esperava algo mais dramático, pois achava que ela estava entrando num cemitério(!). História de mulher e homem que se encontram para fazer sexo, é muito comum, não tem nada de original, porém para o tema está bom.

  19. Gustavo Araujo
    5 de agosto de 2019

    Resumo: garota encontra rapaz desconhecido no cinema — tendo combinado previamente com ele uma sessão de amassos –, onde deixam-se levar pelos instintos à revelia do filme. Ao final, quando se veem, quando se conhecem, prometem a si mesmos outra dose daquele encontro.

    Impressões: acho que dificilmente haverá no desafio um conto mais sabrinesco do que este. Pelo menos na minha concepção, esse tipo de narrativa condensa todas as características do gênero, já que mistura paixão (não amor), angústia, desejo e insegurança, não necessariamente nesta ordem. Tudo isso traduzido por uma prosa bastante inspirada, às vezes melosa, às vezes poética, mas que em todo caso tem o dom de encaixar as palavras nos lugares exatos, gerando uma sensação de empatia e fazendo com que em alguns momentos consigamos nos colocar nos lugares dos personagens.

    O começo é ótimo. Quando Lia chega ao cinema, somos com ela reféns da antecipação, do palpitar, do receio do desconhecido. Há, evidente, um suspense bem construído. Após o encontro dela com Leo, seguem-se as descrições dos momentos pelos quais todos já passamos ou haveremos de passar, com o embate silencioso de sensações, com o jogo de sedução, com os movimentos que arriscamos, com os sentimentos que experimentamos. Cabelos, mãos, línguas, pele, dedos, tudo se mistura em tentativas de conseguir algo a mais, equilibrando-se no muro estreito entre o acerto e o erro, entre o prazer e a vazio, entre o voo e a queda. Talvez alguns leitores achem um pouco repetitivas ou mesmo cansativas essas descrições, mas a meu ver elas contribuem muito bem para com a criação do clima, algo sensível e verossímil, ainda que pouco provável, infelizmente.

    O final condiz com a atmosfera criada, mas penso que uma despedida sem perspectiva de reencontro entre Leo e Lia seria mais impactante, fazendo o leitor indignar-se (na melhor acepção da palavra), permitindo a ele, leitor, constatar que alguns momentos de loucura, de prazer, e de coragem, são fechados em si mesmos. Em todo caso, isso e só o meu pitaco sem qualquer base científica. Parabéns e boa sorte no desafio.

  20. Pedro Paulo
    4 de agosto de 2019

    RESUMO: Lia e Léo se encontram no cinema. Não assistiram ao filme, ocupados um do outro. Assistirão a outro filme, iraniano, quarta-feira, sucesso de crítica, mas quem se importa?

    COMENTÁRIO: É uma leitura doce, uma história simples, mas uma complexidade de sentimentos e sensações. O primeiro conflito do conto é introduzido logo no início, pronunciado nas constantes hesitações da personagem até encontrar Leo. A partir do encontro, as hesitações são de outra natureza, o que engaja o leitor no crescente vai e vem do: “será que foi muito ousado?”, “ele foi até aqui, mas não para além daqui”. As sensações e desejos das personagens, bem como as promessas que se ocultam no contado cada vez mais acalentado que trocam entre si, envolvem a leitura de expectativas que fazem do conto mais valoroso. Não há uma tensão, algo que os impeça, os “psius” do cinema tomados apenas para serem ignorados por leitor e personagens, insuficientes para serem obstáculos ao sentimento entre as personagens. Desse modo, o que é climático, o que faz o leitor ler mais uma linha, é o desafio do quão distante irá o envolvimento das personagens e o quão desavergonhados se encontrarão, cegos não só pelo escuro, mas pelo desejo…

    O primor do conto é, portanto, a qualidade descritiva, enquanto o enredo não é nada complicado e nem necessita de ser, algumas sutilezas acrescentam camadas interessantes, como o fator de ambas as personagens não se conhecerem até aquele momento, em que algumas linhas concluem que os algoritmos não os teriam unido, suave e merecida crítica ao cálculo por detrás dos encontros. Ao mesmo tempo, talvez por minha falta de qualidade do leitor, o vai e vem se torna um pouco cansativo por ocupar a maioria da leitura, tirando o tom de novidade e impacto que o encontro das personagens tem. Ainda assim, ótimo. Parabéns!

  21. Higor Benízio
    3 de agosto de 2019

    Dois adultos (visto que ele é um “promissor cineasta” e ela “escritora amadora”, e visto que ele tem quase trinta e ela é mais velha que ele) se pegam numa sala de cinema como dois adolescentes virgens.
    Minha crítica é justamente essa: são adultos. Caso o conto tratasse de adolescentes, seria bacana, mas como são adultos (de novo), ficou uma coisa meio sem vigor, boba. Dois cabaços cheios de fogo. No mais, a escrita é boa, e é louvável conseguir descrever um “amasso” por tantos parágrafos. Vale reescrever.

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Publicado às 1 de agosto de 2019 por em Liga 2019 - Rodada 3, R3 - Série A e marcado .
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