Eu nunca quis aquela linha de telefone. Quem ainda liga para número fixo? Só telemarketing ou gente mais velha. Só que a empresa de internet praticamente me obrigou a ter a linha telefônica. Com ela, eu teria um desconto de 30% no plano, mesmo que não usasse o telefone. Eu, pela primeira vez bancando sozinha minhas despesas, aceitei.
Foi um erro. A princípio, o telefone parecia inofensivo. Só tocava em determinados horários, sempre com alguma oferta: cartões de crédito, plano de saúde, TV a cabo… Propostas que eu cortava, sem cerimônia. Aí, sem querer, contei para meus pais que eu tinha aquele número. Eu pedi a eles: “não precisa ligar no telefone fixo, é só me dar um toque no celular que eu retorno”. Mas, não. Eles são orgulhosos demais, não aceitam que eu gaste crédito ligando para eles. Preferem pagar a ligação de distância para número fixo, comprometendo o pequeno orçamento deles.
Até aí, tudo bem. De fato, era importante conversar com eles. O recomeço estava sendo muito difícil. Nunca esperei que meu casamento acabasse. Ainda mais da forma como foi. Depois das tentativas frustradas para engravidar, que minaram nossas energias. De repente, meu marido fazia horas extras, tinha arranhões nas costas e cheirava a perfume barato. Não fui criada para divórcio, mas também não aguentaria ser feita de trouxa.
Morar sozinha foi um desafio. Com meu salário, não tive muitas escolhas e acabei alugando um apartamento em um prédio antigo. Ficava bem no centro, eu iria à pé para meu trabalho, o que era uma economia. Ele tinha um cheiro que, francamente, me incomodava. Não era forte, mas era azedo. Como se tivesse comida perdida ali. Pensei que o cheiro vinha da pia da cozinha, que estava vazando. Chamei um bombeiro hidráulico para fazer o reparo. O cheiro continuou.
Meses depois, precisei trocar a válvula da descarga. Tive esperanças de que, desta vez, o cheiro desapareceria. Chamei novamente o bombeiro, um senhor obeso que fazia serviços para outros moradores do prédio. Reparo feito, a descarga passou a ter uma força vigorosa. O cheiro, entretanto, continuou. Derrotada, me acostumei com ele.
O apartamento me atendia bem. Tinha uma boa luminosidade, ideal para minhas violetas e orquídeas. Havia um quarto a mais, que acabou ficando com o Xavier, nosso gato que, com o divórcio, ficou comigo.
Não era a vida com a qual eu sonhara, mas, em vista do que ocorreria, eu estava bem. Meus problemas começaram numa madrugada de domingo para segunda, no mês de janeiro. Lembro nitidamente do meu sonho. Luiza, minha irmã mais velha, jogava baralho comigo e com seu namorado da época. No meio de uma partida, ela me pede para ir para o quarto, para deixá-los a só. Quando eu respondo que não, que o papai não deixava, o telefone toca. Luiza, irritada, vai atender. Ela tira o aparelho do gancho, mas ele continua a tocar. Ele chama ainda mais alto, sem parar. Ninguém entende nada e, de repente, eu acordei. Era o telefone do meu apartamento que tocava. O som parecia ecoar de forma ainda mais escandalosa fora dos sonhos. Talvez fosse pelo assoalho de madeira. Ou pelo silêncio, apesar de estarmos no centro. Meu coração estava disparado, pelo susto de ser acordada de forma tão brusca. E disparou mais ainda quando comecei a pensar nas possibilidades. Meu pai infartou? Minha mãe caiu no banheiro? Um assalto na casa de Luiza?
Corri até o aparelho, desesperada pelas diversas tragédias que poderiam ter ocorrido. Atendi, a aflição na voz trêmula, ansiosa e, por outro lado, com medo do que ouviria. Mas ninguém respondeu. Fiquei ali, dizendo alô, alô, contendo o choro. E do outro lado, quase que um absoluto silêncio. O único som que eu ouvia era o de uma respiração bem leve. Havia alguém lá.
Desliguei o telefone e disquei, imediatamente, para meus pais. Eu precisa conferir se estava tudo bem. Do outro lado da linha, meu pai, sonolento, teve a prudência de tentar me acalmar, estava tudo bem. Mas eu não ficaria tranquila. Liguei para minha irmã que disse que nada havia acontecido e que não era hora de ligar para os outros.
Não dormi mais naquela noite. Fiquei pensando em quem poderia ter me ligado. Depois de me preocupar com a segurança dos meus parentes, agora o medo era por mim. Por que alguém me ligaria naquele horário? Seria algum bandido querendo saber se eu estava em casa? Eu fui até a porta do apartamento e conferi se estava trancado. Estava. Trouxe o Xavier para junto de mim. Precisava de companhia. A noite custou mas, em algum momento, acabou.
No dia seguinte, no trabalho, Vanessa, minha melhor amiga, notou que eu não estava bem. Dormir me faz muita falta. Ela me disse que coisas assim acontecem, que na semana anterior haviam ligado para ela no meio da noite com o falso golpe do sequestro. Ela me sugeriu tirar o telefone do gancho durante a noite.
Concordei. Era lógico, afinal, ninguém me ligava naquela linha. Só meus pais. Tirei o telefone do gancho na noite seguinte e, por meia hora, me revirei na cama. Não encontrava posição, sentia calor, sentia frio. Não tinha paz de espírito. E se algo estivesse acontecendo naquele momento com meus pais? Meu pai não se cuida, não vai ao médico. Minha mãe é frágil, poderia sofrer um acidente fatal escovando os dentes. E por mais que eles me dissessem que não dariam má notícia pela madrugada, eu não acreditava. Fui até o telefone e o recoloquei no gancho. Depois, liguei para eles, para confirmar que estavam bem.
A semana passou e eu fui, aos poucos, voltando a dormir. Havia sido um episódio isolado, eu pensava. Até a semana seguinte, na mesma madrugada de domingo para segunda. Dessa vez, eu sonhava que estava trabalhando. Um desses sonhos que só servem para cansar a gente. De repente, lá estava eu, acordada, suando frio, enquanto o telefone chamava. Fiquei, em primeiro momento, sem reação. O telefone que tocasse, não havia de ser nada. Três toques depois, lá estava eu, de pé, a mesma camisola da semana anterior, insistindo para que a pessoa do outro lado respondesse. Eu dizia, “mãe, pai, são vocês? Por favor, digam alguma coisa”. Mas eles não diziam. Não eram eles. Era alguém que respirava. Aparentemente, ele, ou ela, fazia questão que eu ouvisse sua respiração. Forte e serena. Saboreando o meu desespero.
A pessoa também não desligava. Ele ficaria ali a noite toda se eu não desligasse? Eu não sei. Voltei para cama e, novamente, não consegui dormir. Não liguei para os meus pais dessa vez. Independente do que fosse, talvez fosse melhor estar desperta.
No dia seguinte, Vanessa me perguntou se eu não suspeitava de Jair, meu ex-marido. Mas não fazia sentido. Pelo que me diziam, ele estava morando com uma moça que tinha metade da minha idade. Não havia sido um divórcio litigioso. A mágoa era só minha.
Eu tentei tirar o telefone do gancho. Juro que tentei. Mas era mais forte do que eu, pensar em estar incomunicável com meus pais me deixava em pânico.
A expectativa, agora, era saber se ocorreria de novo na madrugada de segunda. Não aconteceu. Foi antes, na noite de quinta para sexta. Eu deslizava por um sono tão gostoso, envolvida pela roupa de cama recém trocada, sentindo seu cheiro de amaciante – que, por milagre, se sobressaía ao azedo que impregnava o apartamento. De repente, o telefone aprontava aquele escândalo. Eu havia reduzido o volume de seu toque, em vão. Continuava alto demais para as duas horas da manhã. Do outro lado, o mesmo silêncio, a mesma respiração intimidadora.
Fui a uma delegacia no sábado. Apesar das olheiras, do aspecto cansado em meu rosto, o delegado não se sensibilizou. Não havia qualquer crime ali, ele disse. A pessoa não me ofendia, não fazia ameaças. E eu não tinha provas. Podia, inclusive, ser um problema de telefonia. Ouvir a respiração podia ser coisa da minha cabeça.
Enfim, foi tempo perdido procurar a polícia. Só valeu pela sugestão que o delegado me deu: comprar uma bina. Isso não havia me ocorrido. Foi o que fiz já no caminho de volta para casa. Com o identificador de chamadas, eu conseguiria encontrar o número que me importunava.
Deixei um caderno e um lápis ao lado do telefone. Meu sono foi leve naquela noite, com a expectativa de receber a ligação. Ela não veio. Tampouco na noite seguinte. O que, em certo ponto, era um alívio. Melhor assim, que não me ligassem mais.
Mas cinco noites depois, eu finalmente ia tendo uma noite de sono digna, quando o telefone tocou. Não importava por qual espaço ou tempo os sonhos me levassem, o telefone me arrancaria de lá impiedosamente. E me trazia para um inferno. Daquela vez, ao menos, havia a expectativa de descobrir qual número fazia as ligações. Fui atender ao telefone e, novamente, o silêncio, a respiração. Na bina, uma mensagem: número não identificado. Não seria assim que eu descobriria o autor das ligações.
As noites mal dormidas e a sensação de medo foram me minando. Comecei a fazer hora extra no serviço para passar menos tempo no apartamento. Ao voltar, o medo estava lá, as ligações continuavam.
Quando o ralo do banheiro entupiu, precisei chamar novamente o bombeiro hidráulico, Seu Evair. Fiquei ali, aguardando ele fazer o serviço e, então, percebi como eu era vulnerável. Os telefonemas, afinal, eram a parte mais inofensiva da ameaça. O problema era aquele tipo de situação. Eu, sozinha, com um homem que poderia estar mal intencionado. Seu Evair, enquanto realizava o serviço, tocava insistentemente em suas partes íntimas. Aquilo, junto com os olhares que o homem lançava ao meu corpo, me fizeram temer.
Podia ser ele. O homem visitara minha casa em outras oportunidades, sabia que eu morava sozinha. Ele podia estar me provocando com aquelas ligações, confirmando que não havia um homem na minha casa. Não sei. Vê-lo tocando suas partes íntimas me deu repugnância. Abri a porta do apartamento, fiquei afastada. Quando terminou o reparo, paguei ele de longe, desconfiada de suas intenções. Pude ver uma grossa aliança em sua mão esquerda. Não significava nada.
Encontrei outros suspeitos. Waldir, um dos porteiros, me incomodava há algum tempo com sua atitude. Eu o cumprimentava com a atenção normal que dou a todos. E ele, um homem com idade para ser meu pai, sempre puxava conversa, perguntava se estava tudo bem. De repente, passou a me chamar de “linda”, “querida”. Queria me cumprimentar com beijo no rosto. Comecei a evitar o diálogo com ele.
Também havia os dois jovens que moravam no apartamento de cima. A princípio, sempre tive eles como inofensivos universitários, jogando videogames noite adentro. Mas, com a insônia que adquiri naquele período, comecei a ouvir sons estranhos vindos de cima. Não sei o que eles faziam. Mas, em algumas oportunidades, ao cruzar com eles pelo elevador, percebi uma troca de sorrisos de cumplicidade.
Podia ser eles. Todos eles. Inclusive meu ex-marido, como Vanessa suspeitava. Eu não sabia. A lista de suspeitos ia crescendo na medida em que eu definhava. Perdi peso, cabelo e acumulei advertências no trabalho. Não conseguia me concentrar em nada.
Até que numa madrugada, quase quatro horas da manhã de quarta para quinta, o telefone tocou. E eu ia atender, como sempre fazia, mas escutei algo. Parecia ser um passo. O assoalho de madeira do apartamento era barulhento. Eu escutei algo, havia alguém ali. A porta do meu quarto estava fechada. Meus batimentos cardíacos foram à mil. Escutei outros ruídos, um estalo, talvez um osso estalando. Era alguém que não queria ser ouvido. Ou eram só os barulhos que um apartamento faz à noite? Foi a única vez que eu não atendi o telefone. Não tive coragem. Fiquei o resto da noite toda apavorada, olhando a porta, esperando ela ser aberta. Se eu me concentrasse, conseguia ouvir sua respiração. Fria, calma, como no telefone. Havia alguém lá. Fiquei com medo por mim, pelo Xavier. Eu suava, tremia, arregalava os olhos. Mas a porta não abria.
O dia amanheceu e eu tive que levantar. Abri a porta com cuidado, para ver o que estava lá. Eu tive muito medo do que encontraria. Não havia ninguém. Se houve algum invasor naquela noite, ele foi embora.
Nessa época, apesar de todo o caos na minha vida, eu comecei a conversar com o Gustavo. Ele era dez anos mais jovem do que eu, estava começando na empresa. Tinha uma sensibilidade enorme. Ele percebeu que eu não estava bem, começou a se aproximar com cuidado. A gente almoçava junto, ele me acompanhava até o prédio no fim do expediente. E só. Não dávamos as mãos, não nos beijávamos. O Gustavo me respeitava.
Um dia, ele me chamou para ir ao cinema. Ainda lembro de cada detalhe do filme, uma comédia bem boba. Ele me trouxe em casa e eu achei que não havia mal em chamá-lo para tomar um suco. Era tarde, ele disse, podíamos combinar outro dia. E foi embora. Não achei ruim. Ele era respeitoso, isso não era defeito. Entrei no prédio e o Waldir, na portaria, me olhou desconfiado, talvez, por me ver acompanhada.
Entrei no apartamento, não eram nem 22h00, e o telefone fixo tocou. Estranhei, era tarde demais para o telemarketing. Podia ser meus pais. Atendi e, do outro lado da linha, o mesmo silêncio de sempre. A respiração, porém, não estava calma. A pessoa estava apreensiva. Eu, da minha parte, também fiquei:
– Alô?
Silêncio. E então, finalmente, uma voz masculina respondeu:
– Não fica sozinha com ele, deixa a porta aberta. Ele está armado.
– O quê? De quem você está falando?
A ligação foi desligada. Pela primeira vez, ele desligava. Também foi a primeira vez que eu escutava sua voz. Não parecia ser alguém que eu conhecesse.
Da escuridão, com Xavier no colo, surgiu Jair, meu ex-marido. Ele tentou ser casual, simpático. Mas algo estava errado com ele, o suor escorria pela sua testa, suas mãos estavam agitadas. Ele não tinha as chaves do meu apartamento, se ele havia entrado, algo muito estranho estava acontecendo. E, sim, havia algo em sua cintura.
– Helena, eu preciso conversar com você. Fiquei sabendo que está de namorico com um guri bem mais novo do que você. Você quer me humilhar, é isso?
Eu poderia discutir com ele, dizer que minha vida pessoal não era da sua conta. Mas eu sabia do risco que estava correndo. Escutei a porta do elevador se abrindo e corri para ele. Um dos jovens que morava no apartamento de cima estava lá e viu Jair me seguindo com a arma na mão. Foi testemunha. Dessa vez, o delegado aceitaria minha denúncia.
No dia seguinte, com Gustavo, voltei ao apartamento só para buscar meu gato. Mudei dali na semana seguinte.
A operadora até tentou, outra vez, me fazer aceitar a linha de telefone móvel para ter desconto na internet. Mas eu preferi pagar mais caro.
Uma mulher se muda para um apartamento fedorento e começa a ter ligações estranhas que não diziam nada. No final a ligação acaba por ajudá-la com uma investida perigosa do ex marido.
O conto é bem escrito e estruturado. Constrói bem o suspense, prende a atenção. Mas depois da metade acaba ficando cansativo. O que incomodou foi que se estabeleceram dois mistérios: o do mau cheiro e sobre quem fazia as ligações, mas nenhum dos dois foi resolvido. O texto nos faz esperar pela revelação mas não acontece. Isso acabou comprometendo a qualidade do texto que começou tão bem.
Resumo: Helena está recém-divorciada e vai morar sozinha num apartamento. Lá, ela começa a receber lições estranhas durante a noite e fica paranoica com isso. Ao final, aparentemente era seu marido quem ligava. Ele invade seu apartamento mas não consegue ferir Helena.
Ficou com mais cara de um conto sobre paranoia do que terror. Algumas passagens parecem inverossímeis, isso atrapalha um pouco (visto possibilidade de bloqueio de número, mudança de linha etc). Sim, trata-se de ficção, porém, uma batalha entre uma barata e um dragão, por exemplo, pode ser verossímil (por mais incrível que pareça) . No mais, cuidado com os excessos. Vários “eu”s poderiam ter sido cortados neste texto. Olha essa sua frase, presta atenção: “Eu, da minha parte, também fiquei”. “Eu”, “minha”, “fiquei”. Isso acontece o tempo todo no texto. Você tinha várias possibilidade melhores: “Também fiquei”, “Eu também”, “Fiquei também”, “E eu também”…
Olá,
A história de uma mulher recém separada que vai morar sozinha e assina uma linha telefônica. Tem que conviver com seus dramas e telefonemas misteriosos na madrugada. Ela passa a se abalar muito com essas ligações, onde se pode ouvir apenas uma liação. O final é confuso, mas o ex-marido é preso por ameaça-la.
Olá, uma conto bem cotidiano no exato sentido da palavra, é uma narrativa que se repete muito, digo, a rotina da personagem. Demora-se muito para que aconteça algo de mais concreto, aterrorizante…acho que o autor falhou um pouco no ”time” dava para aproveitar mais o espaço. O final ficou inconclusivo, aparentemente o ex marido estava feliz da vida com uma mulher mais jovem e a mágoa da separação foi dela, foi uma surpresa esse desfecho. O começo promete algumas coisas que não cumpre. No mais, é um conto bom, entretém, mas acho que não cumpre a proposta, pelo menos não como eu imaginei quando comecei a ler. A escrita é boa e o autor tem um bom caminho pela frente.
Parabéns!
RESUMO: Um mulher recém-divorciada decide seguir sua vida e morar sozinha em um apartamento (com o seu gatinho Xavier). Adere a um plano de internet, o qual a operadora ofereceu desconto se ela também aderisse a um plano telefônico, um telefone fixo em casa. Acontece que após alguns dias, o telefone começa a tocar nas madrugadas, a deixando apavorada. Ela liga para os pais e a irmã, pensando ter acontecido alguma coisa, mas descobre que a ligação não vem deles. E essas ligações voltam a repetir. Ela só consegue ouvir uma respiração do outro lado da linha. O pânico começa a tomar conta da mulher que desconfia do bombeiro hidráulico, dos vizinhos e do porteiro. Vai até a polícia, compra uma bina e instala no aparelho, mas nada disso foi capaz de resolver o problema. Ela conhece um colega de trabalho mais novo que ela e começa a conversar mais com ele, o qual a acompanha até o prédio onde mora. Sob os olhares desconfiados do porteiro, a mulher entra no prédio e acessa o apartamento. Neste momento o telefone toca e ela atende, dessa vez uma pessoa fala, dizendo para ela deixar a porta aberta porque “ele” está armado. Do escuro do apartamento surge a imagem do ex-marido com uma arma na cintura, ameaçando-a por estar saindo com um homem mais jovem que ela. A mulher sai correndo dali e dá de cara com os vizinhos, que servem como testemunha do perigo que o ex-marido estava causando a ela. Ela muda de apartamento e decide não ter mais telefone fixo em casa.
CONSIDERAÇÕES: Foi um dos contos que mais me deixou apreensiva. Gostei da forma de mistério que pairou sobre a situação da personagem principal e da desconfiança que ela começou a alimentar para com os homens que tinham contato diário com ela. Mas o final não me surpreendeu. Acabou sendo o ex-marido, o qual já estava entre as suspeitas dela. Eu acompanhei o conto esperando algo diferente ou totalmente inesperado. Isso me desagradou um pouco, não vou negar, mas não impediu que eu gostasse da leitura e do conto de maneira geral.
Boa sorte na competição. 🙂
Resumo: Mulher recebe ligações estranhas e começa a desconfiar de quem poderia ser e a ficar desesperada com a situação.
Comentário: Olha, eu fiquei bastante animado com o conto, e continuei animado até chegar ao final, quando a coisa toda terminou de forma péssima, sem emoção alguma. Não sei se “péssima” é uma palavra forte demais, mas convenhamos, que graça teve esse final, diante de um texto que foi nos entregando, de forma muito interessante, um clímax crescente e tudo mais? Não sei, posso estar muito errado, mas essa sensação de “fail end” não passa, faz mais de meia hora que terminei de ler o conto. Enfim, o texto foi ótimo até o Jair ter uma fala na história. O Gustavo, esse sim prometia muita coisa, para o bem ou para o mal, mas nem fala teve, heehe. Eu ainda sigo desconfiado dele. Quanto a revisão, nada de mais, só destaco uma crase antes de número (à mil, se não me engano).
Mulher recém divorciada compra um telefone fixo que começa a tocar durante a madrugada diversos dias e lhe tirar o sono. Ao final, quando seu ex invade seu apartamento, se muda.
A linguagem simples e leve acabem prejudicando o conto. Ele tem ótimo mistério e suspense, tem um bom ritmo, embora tem uns momentos que cansa um pouco, pois tem sempre uma mesma maneira dela chegar ao telefone, uma mesma velocidade. Acaba dando a mim a impressão de “tá bom, atende o telefone de uma vez que essa parte eu já sei”, visto que não há diferenças entre um atender e outro. Para mim o final também não agrada, mas isso acredito ser mais uma questão pessoal que técnica, não gosto de ficar sabendo que o ex é um problema e pode ter sido ele quem telefonava. Talvez o conto nem precisava ter uma resolução.
RESUMO: Depois de se separar do marido mulher se muda para apartamento com cheiro ruim e começa a receber ligações estranhas de madrugada de alguém que nada faz além de respirar.
CONSIDERAÇÕES: Acredito que não se trata de terror e sim de um suspense. Acho que há uma diferença. Reconheço que o gênero pra mim, junto com o humor, seja o mais difícil. O suspense não é ruim, mas a coisa toda termina sem que nada de efetivo aconteça e sem sabermos nada sobre o cara da ligação. Pareceu-me uma história bem aleatória. O arremate em tom cômico foge totalmente do tom anteriormente empregado e decepciona, porque por mais que as ligações tenham uma pegada sobrenatural e misteriosa, tudo parece ter acontecido pelo simples fato de a protagonista ter adquirido o plano mais barato da operadora, e todos os seus problemas, tanto com o ex e com as ligações misteriosas, seriam solucionados, deixando na verdade os melhores elementos do conto suspensos.
Olá Mallone!
Seu conto é sobre uma mulher divorciada que passa a morar sozinha e desde então é incomodada com ligações sem voz feitas para o telefone fixo recém instalado. Isso até o dia em que o marido invade o apartamento, aproveitando a ausência da mulher, e ligação misteriosa a avisa que o perigo está ali e está armado.
Em minha opinião estava tudo certo até chegar ao final. A origem das ligações continuou misteriosa, mas aquele desfecho de ela simplesmente ir para o elevador e o ex-marido deixar, não convenceu. Terro aqui passou distante, sendo melhor classificado como suspense.
De qualquer forma parabéns pela participação e boa sorte no Desafio.
“O telefone” conta a história de uma mulher recém-divorciada que ao ir morar sozinha, para economizar aceita a proposta da operadora de ficar uma linha telefônica fixa. Com o passar dos dias ela começa a receber ligações tarde da noite, mas do outro lado não há resposta, apenas respiração. Os dias passam, a história se repete, ela passa a desconfiar de todos os homens que se aproximam e ela começa a definhar. Um dia, ao chegar em casa tarde, a história se repete, mas dessa vez a voz do outro lado a alerta sobre o perigo eminente. O ex-marido, enciumado, a esperava em casa armado. No desfecho ela consegue prende-lo, mas decide nunca mais contratar uma linha fixa.
A história avança de maneira sagaz. Consegue-se sentir a aflição da personagem a medida que o tempo passa. E deixa em aberto a identidade do assediador. Legal.
Gabriel Bonfim Silva de Moraes
Resumo:
A história se inicia com a chegada de uma mulher em sua nova casa e arranjando um plano de internet e telefone fixo. Ela começa a receber ligações no meio da noite e suspeita que talvez seja o seus pais, ou então seu ex-marido ligando para lhe amedrontar. Isso começa a ocorrer várias vezes e a mulher cada vez mais se sente com medo. No final, a história se conclui com seu ex-marido, Jair, chegando em sua casa e a ameaçando com uma arma, ela consegue fugir, conseguir uma testemunha e se mudar da casa.
Considerações:
O escritor/a procura focar no terror psicológico ao invés do horror artístico, e consegue perfeitamente! O desenvolvimento do conto consegue passar o medo e a paranoia que uma mulher deve passar no mundo em que vivemos ao ser perseguida por um homem. Uma clássica história é contada lentamente e tem o ritmo necessário. Minha única crítica é na conclusão, que termina abruptamente e na minha opinião poderia ter sido tratada com mais fidelidade a narrativa. Fora isso, ótimo trabalho!
Resumo
A aquisição indesejada de uma linha fixa coloca uma mulher recém separada em apuros. O aparelho começa a tocar em horário inapropriado e o trote se repete em dias diferentes, causando-lhe um desgaste psicológico. Ao final, o ex-marido aparece armado para matá-la por ciúmes de um homem mais novo, que ela acabou de conhecer.
Comentário
O Conto tenta enganar o leitor, mesmo usando um nome óbvio, que abre precedente para algo relacionado à comunicação, que pode acontecer ou não. E o narrador tenta afastar o leitor do tema, criando um ambiente ambíguo em que as personagens secundárias aparecem como prováveis antagonistas, embora não tenham força suficiente para exercer esse papel – o que é um acerto do autor. Cria um contraste entre exterior e interior do apartamento, cenário de tudo.
O contraste do enredo se nota claramente na cacosmia que a mulher passa a ter em relação ao apartamento que não se sabe se é real ou se é apenas uma reação sensorial causada pela dificuldade dela aceitar sua nova condição. E é a Cacosmia que gera o caminho ao inimigo imaginado. E há a questão da mágoa, a narradora diz que é só dela. Ela aponta fatores que desencadearam todas as suas dúvidas, mas, acredito que por ser um narrador em primeira pessoa, não consegue me convencer da tensão psicológica que a situação obviamente geraria. Minha dúvida eterna é querer saber quem ligou na última vez…
E, espero que seja uma um ato falho, ao final, quando o círculo vicioso tenta se refazer , ela afirma que não quis a linha móvel… Isso porque se ela realmente rejeitou a linha móvel quebra a sequência, na minha percepção de leitora, obviamente. Pensando que é uma linha fixa que ela rejeita, gosto do conto.
Apesar desse meu medo e de não ter sentido o terror esperado, o Conto me agrada.
O telefone, é um bom conto de suspense,mas com um final bem ruim. Eu achava que algo de sobrenatural aconteceria, já que o tema é Terror, mas não, nada de interessante aconteceu.
O autor escreve bem, mas acho que ele não soube como terminar o conto. Todo conto para o Desafio precisa impressionar, tanto na escrita, no enredo, quanto no final.
Talvez no próximo tema o autor (a) nos surpreenda com algo original e impactante. Boa sorte.
Mulher se divorcia e passa a morar sozinha, porém é importunada por ligações estranhas durante as madrugadas, envolvendo ela várias pessoas suspeitas em torno do caso, além de seu ex-marido. Um dia o mesmo aparece em seu apartamento armado, com o pretexto de indagar sobre os encontros que a ex-esposa ultimamente estava a ter com outro homem, mas felizmente sai ilesa da situação.
Não tendo nada a apontar, quero dizer que achei o conto simplesmente sensacional, escrito com uma prosa de muito ritmo. Parabéns ao autor(a).
Olá, autor(a)! O conto é bem escrito, bem revisado e tem um bom ritmo, mas há alguns problemas. Acho que faltaram mais descrições de sensações, e o final ficou com pontas soltas: toda a narrativa trabalha com a expectativa da revelação de quem está fazendo as ligações pra ela. A conclusão também não traz nenhum impacto. Talvez uma maneira de enriquecer a trama seria colocar algo como um admirador secreto que vigia a protagonista, algo assim, e avisa do perigo. Parabéns e boa sorte!
Olá, autor(a)
Resumo: Uma mulher divorciada morando sozinha ha pouco tempo começa a receber ligações no meio da noite que a assustam. A pessoa do outro lado apenas respira. Ela começa a surtar de medo, de apreensão, de terror.. começa a procurar suspeitos entre os conhecidos e mesmo neste período turbulento, ela emplaca uma paquera.. o ex-marido fica sabendo e vem com intenções de matá-la, ate´seu apartamento, entra sem se saber como e a pessoa q faz as ligações, sabe q o ex está lá e liga a avisando.. ela consegue se safar pq seguiu o conselho da pessoa da ligação e depois mudou-se dali.
.
Considerações: Talvez a explicação da história seja a de que havia um fantasma no apartamento, por isso o cheiro de azedo e este conseguia se comunicar com a mulher através do telefone. Mas ficou muito no ar isto ae, se bem q eu entendi, mas, enfim, nao tenho certeza. Nao fiquei com uma sensação boa de que desvendei o mistério, sabe? rsrs
Até que conseguiste plantar alguma tensao com estas respirações ao telefone e os passos no apartamento.. gostei do aviso do perigo, foi o momento alto da historia.. mas terminou muito rapidamente, acho que precisaria mais paragrafos ali, dentro deste ápice.
Também estou pensando agora que as ligações provinham do porteiro… enfim.. é um conto bom que faltou pouco para ficar ótimo.
Resumo: O Telefone (Mallone)
Ah… Mas como? O conto estava perfeito, indo bem demais com uma trama interessantíssima, o autor(a) criou todo um suspense, todo um terror psicológico, “o telefone que toca e eu digo alô sem resposta” mas aí nos 45 do segundo tempo, nos tempo extra… putz, o pior final viria a cena, o marido, o mais simples de todos para justificar o que não precisaria é o agressor. Que pena… Ah nem!
Mais um bom trabalho que tem seu final muito mal executado, tirando o terror e se transformando em algo broxante para mim, uma pena mesmo, pois estava adorando!
Avaliação:
Terror: de 1 a 5 – Nota 3 (Estava indo muito bem, mas o final explicou demais, além de ter sido ao meu ver a pior escolha possível para fechar o conto)
Gramática – de 1 a 5 – Nota 5 (Não vi nada de errado)
Narrativa – de 1 a 5 – Nota 4 (Muito boa)
Enredo – de 1 a 5 – Nota 3,5 (Tudo, tudo estava perfeito, até… o final foi realmente chato demais)
Personagens – de 1 a 5 – Nota 3 (Gostei mais da ambientação e do clima que envolve o conto)
Título – de 1 a 5 – Nota: 3 – Um bom título, mas com o final infelizmente perde o sentido, ou ao menos não fica tão impactante.
Total: 21,5 pts de 30 pts
Então o culpado era o ex-marido?
Parabéns pelo conto
Moça recém-divorciada se muda para apartamento novo e resolve aceitar uma linha de telefone fixo. O aparelho começa a tocar de noite, o que a incomoda profundamente e começa a tirar sua paz. Além disso, quando ela atende, alguém fica apenas respirando do outro lado. No final, o estranho simplesmente lhe diz pra tomar cuidado com o ex-marido, que estava em seu apê. Com o aviso (precisava?), ela escapa do ex e se muda novamente, dessa vez sem telefone fixo.
A escrita do conto é ótima, e indica alguém com experiência. Notei pouquíssimos erros (“precisa” em vez de “precisava” e algumas crases onde acho que não devia ter). É um texto gostoso de ler, que apresenta bastante informação de um jeito nada cansativo. Dá pra ter uma boa noção da vida da protagonista e, ao mesmo tempo, nada parece inútil.
No entanto, senti que tudo é contado de forma um pouco casual. Há momentos em que ela descreve como ficou sem dormir, apavorada, etc. Mas não entramos de fato nos SENTIMENTOS APAVORANTES. Não senti muito medo. Foi no máximo um suspensezinho. Acho que faltou maior atmosfera de medo ou suspense mesmo, usando vocabulário e clima mais pesados, talvez. Também não sei muito bem como faz isso ainda, hehe.
Mesmo assim, ao longo da leitura, fiquei envolvido o suficiente e curioso pra saber como seria o desfecho. Pena que ficou meio corrido, como se tivesse que terminar logo. Aí se inventou o retorno do ex como ameaça, fuga e fim. Foi uma construção calma, cuidadosa, que acabou abruptamente.
Pelo menos ficou um mistério no ar, sobre quem estava ligando. Gosto desse tipo de coisa, e a vida tem dessas, mesmo. Foi uma boa idea o twist de ter sido tudo aparentemente para o bem, no final.
Conclusão: Escrita bastante competente, mas faltou emoção e um final que não quisesse apenas terminar tudo.
RESUMO: Ao adquirir o plano de internet, a operadora ofereceu também uma linha de telefone fixo. Devido ao desconto de 30% no plano, e também devido ao fato de seus pais só fazerem ligações para telefone fixo, ela aceitou. Desde então não teve mais sossego. Toda noite o telefone fixo tocava, mas do outro lado da linha ninguém respondia. Por fim, o espírito de seu marido aparece em seu quarto, e ela decide mudar de apartamento. Na nova moradia, ao adquirir o plano de internet, preferiu pagar mais caro, mas não quis adquirir o telefone fixo junto no pacote de internet.
CONSIDERAÇÕES: Um bom conto, mas gostei mais ou menos. Prendeu a atenção no começo, mas acabou se tornando repetitivo. Se adequou pouco ao tema, haja vista que de terror teve muito pouco.