É o papai que me acorda todo dia, desde que a mamãe trocou de emprego de novo.
Ele me leva todas as manhãs pra passear no parque, logo depois que a gente prepara junto os sanduíches. O papai coloca o nosso café da manhã dentro dos saquinhos plásticos e guarda tudo na merendeira que a mamãe me deu, quando eu entrei na nova escola. O suco vai lá dentro também, mas fica separado, em uma garrafinha com tampa de rosca, pra não derramar durante o caminho. E, antes de fechar, o papai coloca as maças da Turma da Mônica, que ele sabe que eu e a mamãe adoramos.
É lá no parque que a mamãe agora trabalha, desde que foi mandada embora do hospital.
Eu não gostava de quando ela trabalhava no hospital, e sei que o papai também não. Mas foi o papai quem me explicou, quando nos mudamos, que o hospital era um lugar muito importante, onde ficavam muitas pessoas que precisavam de ajuda e que por isso que a mamãe tinha que passar tanto tempo lá, trabalhando bastante.
Longe de casa… E de mim.
Foi o papai também quem me falou que a gente ia ter que se acostumar a fazer coisas que, antes, era a mamãe quem fazia. Tipo: preparar lanche, lavar a louça que a gente sujasse, arrumar a nossa cama, colocar as roupas usadas dentro do cesto… Essas coisas todas.
Eu até que me acostumei bem com tudo isso. O difícil, mesmo, era não ter mais a mamãe por perto todos os dias, brincando comigo, rindo das minhas piadas bobas, fazendo cafuné gostoso e contando histórias para eu dormir…
Não importava se era dia de aula ou fim de semana, eu não encontrava mais com a mamãe, porque ela trabalhava todos os dias até bem tarde. Eu não conseguia ficar acordado até a hora que a mamãe chegava em casa e, quando eu acordava na manhã seguinte, ela já tinha saído pra trabalhar de novo! O papai falava que ela vinha aqui no meu quarto e me dava um beijo toda noite, mas como eu estava dormindo, eu nunca me lembrava.
Eu só conseguia ver a mamãe uma vez por semana, quando o papai me levava lá no trabalho dela na época, no hospital.
E como era bom! Mesmo muito cansada, ela me abraçava tão forte, mas tão forte, que até esmagava as minhas costelas! Então eu contava tudo que tinha acontecido desde a última vez que a gente tinha conversado, pois a mamãe gostava de me ouvir falar sobre tudo que eu tinha feito aqui em casa, junto com o papai, enquanto ela estava trabalhando no hospital. E, às vezes, ela chegava até a chorar lá, de tanto orgulho de mim!
O papai também chorava de vez em quando, mas não no trabalho da mamãe; e não era de alegria, como quando a mamãe ouvia as minhas histórias. Ele tentava disfarçar, mas eu via a água escorrendo pelos cantos dos olhos do papai quando ele ficava sentado sozinho aqui em casa, no escuro da sala.
O papai nunca, nunca mesmo, chorava na minha frente. Ele dizia que era alergia, ou que tinha entrado alguma coisa nos olhos dele… Mas eu sabia que era mentira, pois tinha vez que, antes de eu dormir, eu escutava o papai chorando baixinho no quarto dele, esperando a mamãe chegar.
Ele também sentia saudades dela.
Foi quando a mamãe começou a trabalhar direto no hospital que o papai passou a ficar mais triste. Eu nem sabia que ela tinha parado de vir dormir aqui em casa. Só numa madrugada, quando eu tive um pesadelo horrível e acordei com muito medo e fui correndo para o quarto deles, foi que eu vi que a mamãe não estava lá. Então o papai me explicou que a mamãe tinha passado a dormir lá no trabalho dela também.
Era o papai que me levava e buscava na escola nova, e tinha dia que ele não falava nada durante o caminho. Às vezes, o papai nem me levava lá, porque ele tinha que ajudar a mamãe no trabalho dela também. O papai ficava bem chateado com isso, pois a mamãe tinha cada vez mais trabalho pra fazer lá no hospital.
E ela não estava mais dando conta sozinha.
Mas, mesmo fazendo também tantas coisas, o papai ficava bem menos cansado do que a mamãe. Na verdade, como a mamãe passava o tempo todo no trabalho dela, lá dentro do hospital, ela não passeava mais na rua e não pegava mais sol, então também foi ficando cada vez mais branquinha.
A mamãe sabia que não estava mais tão bonita como ela era antes de ir trabalhar no hospital.
Foi a mamãe mesmo que me explicou, na época, que teve que fazer um regime pra conseguir passar por algumas portas lá de onde ela trabalhava, porque eram muito finas, e então a mamãe teve que ficar fininha também.
Bem magrinha, mesmo.
Mas, o pior foi quando o andar do prédio onde ficava a sala da mamãe teve uma infestação de piolho e, por causa disso, algumas pessoas lá tiveram que cortar o cabelo todo. A mamãe disse que foi uma infestação pior do que a que teve na minha escola antiga, quando eu era pequeno e ela raspou a minha cabeça…
Eu fiquei muito triste quando vi a mamãe carequinha.
Eu gostava muito do cabelo dela e o papai também. Mas a mamãe não gostava quando eu ficava triste. Por isso ela pediu para o papai não me levar mais lá no trabalho dela.
Pouco tempo depois, a mamãe foi mandada embora do hospital.
Hoje eu acho que a mamãe gostava mesmo de trabalhar lá. Mais até do que quando ela trabalhava no restaurante do meu tio, antes da gente se mudar pra cá… Porque agora, no novo emprego, a mamãe também tem que ficar direto lá, só que ela não parece estar nem um pouco feliz.
Pelo contrário… A mamãe agora está é com raiva; muita raiva. Mesmo! E o papai nem sabe disso, porque a mamãe, desde que saiu do hospital, não fala mais com ele. Só comigo. Mas não me abraça, não faz mais cafuné, não brinca, não ri… Só quer saber de ficar me mandando fazer coisas e, se eu não faço o que ela me pede, ela fica com mais raiva ainda!
Todo dia, quando a gente chega lá no novo trabalho da mamãe, o papai costuma me colocar nos ombros dele. Aí, ele sai correndo pelo parque, comigo montado nas costas, e a gente fica brincando de avião e piloto o maior tempão. Às vezes, o papai amarra a toalha do piquenique no meu pescoço e me levanta láááá no alto. Ele faz eu me sentir como se eu fosse um super-herói, voando de verdade pelo gramado.
Quando a gente vai chegando mais perto do lugar onde a mamãe fica, a gente para de brincar. O papai me põe no chão, dá um oi pra mamãe e pega a toalha do meu pescoço, pra estender na grama.
Mas, a mamãe nem responde pra ele.
Aí, a gente passa a preparar as coisas do piquenique. O papai abre a minha merendeira e é nessa hora que a mamãe começa a cochichar no meu ouvido. Às vezes o papai fala comigo ao mesmo tempo que ela; e a voz da mamãe ficou tão rouca que, baixinho do jeito que ela fala, eu não posso me distrair com mais nada.
Se eu respondo pro papai, ou me desconcentro com a arrumação das comidas, ou me afasto um pouquinho mais do lugar onde a mamãe fica sentada, ela me dá uma bronca daquelas! E repete tudo no meu ouvido, de novo.
A mamãe fica com muita raiva se eu não presto atenção no que ela cochicha pra mim, sempre bem baixinho, pro papai não escutar nada. E faz aquele olhar estranho, que dá medo…
Ela fica bem brava comigo; mesmo!
E se eu me esquecer de algo, ou não fizer alguma coisa que a mamãe me mandou, do jeitinho exato que ela me ensinou, ela aperta a minha barriga com força no dia seguinte e faz doer tudo que tem dentro.
Ultimamente eu devo estar fazendo mais coisas erradas, porque a minha barriga tem doído bastante.
Ontem de manhã, quando o papai estava fechando a merendeira, depois que a gente terminou de tomar o café lá no parque, eu vi que ele botou a mão na barriga dele também, e fez uma cara de dor igual a minha. Mas eu não perguntei nada pra mamãe, porque ela não gosta de conversar sobre isso comigo.
Depois que a gente come e bebe, é a hora que a mamãe costuma me passar a próxima receita dela. E, de tempos em tempos, ela muda os ingredientes secretos. O papai não sabe de nada disso. Ele fica lá só sentado no chão, na grama, olhando para o nome da mamãe escrito ali em cima dela, sem ouvir o que a mamãe cochicha pra mim e sem falar nada também. Quando o papai fala alguma coisa, é sempre um elogio. Pra mim, ou pra mamãe.
Mesmo sem ela nunca responder pra ele…
A mamãe diz pra mim que o mais importante é eu não deixar o papai perceber nada. Nada do que ela me manda fazer. E só quando ela termina de me explicar tudo, tudo que eu tenho que fazer no outro dia antes de voltar pra lá, é que a mamãe desaperta a minha barriga.
É o único momento em que todo mundo fica em silêncio. Eu e o papai já comemos os nossos sanduíches, já dividimos o suco da garrafinha de rosca, já comemos as maçãs de sobremesa, já guardamos os plásticos vazios de volta dentro da merendeira… E a mamãe também já me ensinou a receita e como fazer para colocar os ingredientes secretos no nosso café da manhã do dia seguinte.
Então ela fica lá só olhando pra gente, daquele jeito estranho dela de agora.
E aí, na manhã seguinte, depois que o papai me acorda, eu vou com ele pra cozinha e espero ele terminar de colocar tudo que a gente preparou junto na merendeira. Quando ele vai tomar banho, eu espero um tempo, abro a tampa com cuidado, sem fazer barulho, e coloco dentro dos sanduíches o tempero secreto da mamãe, do jeito que ela me ensinou, prestando bastante atenção pra não fazer nada errado.
Tem que ser bem pouquinho, e espalhar direito pra não ficar muito de um lado e pouco do outro. Tem que girar a tampa de rosca da garrafinha com cuidado também, colocar o que sobrou lá dentro, girar a rosca ao contrário até não mexer mais, depois sacudir bastante a garrafa, colocar tudo de volta lá dentro da merendeira, igualzinho como estava, fechar a tampa e voltar para a sala.
Tudo isso no tempo em que o papai está tomando banho lá em cima.
A parte final que a mamãe me ensinou é a mais importante, porque eu não posso me esquecer da posição de nada que eu tiver mexido. Eu tenho que prestar muita atenção.
Sempre que eu pego um tempero secreto dentro do armário do quartinho, do lado do cesto das roupas sujas, eu preciso me lembrar de fechar bem as embalagens e de colocar tudo no mesmo lugar, igualzinho como o papai tinha guardado lá.
Eu faço tudo direitinho…
Porque eu não quero que a mamãe fique com mais raiva ainda e aperte a minha barriga. E nem a barriga do papai, também! Mas a dor é muito forte. E hoje a mamãe deve estar muito brava com a gente…
Porque a gente não foi lá no trabalho dela. A minha barriga está doendo demais… E a minha cabeça está muito pesada. Eu não estou conseguindo nem me levantar da cama…
E hoje o papai não veio me acordar.
Queridões e queridonas,
Aproveitando o feriado, venho agradecer a todos vocês pelas leituras feitas e análises deixadas aqui em meu continho. Fiquei muito feliz com o resultado alcançado e espero que a experiência tenha sido satisfatória para todos vocês também, independente da classificação final.
Um grande abraço em todos e até a próxima edição!
Paz e Bem!
🙂
RESUMO O novo hábito de uma família depois que a mãe mudou de emprego, que na verdade estava com câncer e faleceu. O novo emprego na verdade é o cemitério. A filha continua ouvindo sua mãe que lhe diz para colocar um ingrediente secreto na comida e se ela não fizer o que sua mãe manda, sua barriga será apertada por ela.
CONSIDERAÇÕES O conto começa com uma ingenuidade inofensiva da criança que se revela bem traiçoeira, trazendo uma abordagem negativa sobre a ingenuidade. Um bom conto, parabéns.
NOTA 4,6
Resumo
Criança ingênua narra sua rotina familiar em que, após retornar de período de internação num hospital, a mãe supostamente enlouquecida usa a filha para envenenar lentamente a família.
Aplicação do idioma
Linguagem adequada ao perfil da narradora protagonista e assim empobrecida, porém sem erros notáveis, salvo uma provável falha de digitação.
Técnica
Narrativa em cadência regular, sem enlevos e até mesmo cansativa. O conto é narrado pela protagonista, uma criança pretensamente ingênua, mas também sem carisma. Sem traços de estilo, a escrita soa realmente infantil.
Título
Sem atrativos
Introdução
Um relato infantil pouco interessante.
Enredo
Enredo pobre, visto que, apesar de haver uma trama, não há indícios das motivações da antagonista.
Conflito
Há conflito quando as vítimas do problema ou situação não têm ciência do risco que correm ou não sentem grande contrariedade? De certo que há. Porém o quão válido é este tipo de conflito? Ao meu ver pouco válido ou até mesmo nulo para efeitos do conto.
Ritmo
Um conto fastidioso. Sem enlevos, sem revelações, sem clímax, com final inconcluso. História extremamente prejudicada pela pretensa “inocência” da protagonista narradora. Há um quê de cinismo na narrativa.
Clímax
O autor opta pelo final inconcluso – neste caso, uma escolha infeliz – e ali reside o clímax, no mal estar de pai e filha.
Personagens
Delineados pelos atos narrados pela protagonista. Logo, são apenas superficialmente apresentados. O pai, o herói. A mãe, a antagonista. Porém a filha não pode enxergar na mãe a vilã. É tudo deveras infantil, porém triste, deprimente e morno.
Tempo
Não há marcações mais precisas do tempo, mas tão somente aquelas observadas por uma criança. Algumas menções imprecisas ao passado familiar, ademais, uma narrativa linear.
Espaço
Sem detalhes descritivos, limitados as menções de cenários.
Valor agregado
Uma história depressiva, aparentemente sem valor agregado.
Adequação ao Tema
Seria uma história sobre a mãe que envenena a família um contado orientado a crianças? Seria uma narrativa tão infantil e sem recursos voltada a adultos? Opto por classificá-la como uma história infantil, de mau gosto, mas infantil.
Oiiii. Um conto sobre um pai e um filho que enfrentam o luto da perda da mãe, mesmo que a criança não entenda que a mãe morreu. A criança achava que a mãe trabalhava no hospital(ao invés de entender que estava internada), achava que tinha ficado magra para passar pelas portas(ao invés de entender que estava magrinha da doenças), achava que tinha ficado careca por causa de piolhos(ao invés de entender que doenças a mãe tinha). A mãe morre mesmo com o tratamento e é nesse momento que começa a ficar assustador, pois a criança ainda ver a mãe lhe dando ordens de colocar temperos especiais(venenos) na comida dela e do pai. No fim parece que o envenenamento dá certo, pois o pai não vai acordar o menino por provavelmente ter morrido e a criança se sente mal. Achei o terror do conto bem assustador e sutil. Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.
RESUMO O novo hábito de uma família depois que a mãe mudou de emprego.
CONSIDERAÇÕES O conto começa com uma ingenuidade inofensiva da criança que se revela bem traiçoeira, trazendo uma abordagem negativa sobre a ingenuidade. Um bom conto, parabéns.
NOTA 4,6
Resumo: um menino que narra a dificuldade da vida dele com seus pais, quando a mãe vai ao hospital e só moram os dois na casa. No entanto, o menino ouve vozes, que são da mãe, e passam a ir ao parque, cemitério. Ela manipula o menino para que tenham o destino dela.
No início, o leitor até acha que é uma história infanto-juvenil, mas quando percebe que a história é mais tensa, simplesmente já está na leitura. Uma história macabra, principalmente com a linguagem do menino, deixando tudo de fácil compreensão. É horripilante, o modo de deixar uma narrativa doce com um fundo de terror enorme.
O Parque (Drico Clorí)
Resumo: A narradora é uma menininha que perdeu a mãe e quando vai visitar o túmulo dela, vê e ouve as instruções da “mãe” para preparar os lanches dela e do pai. O conto termina com a morte dos dois.
Olá, Autor(a), eu não gosto nadinha de contos de terror, nenhum! Então vou analisar tecnicamente. Imaginei que fosse um conto infantil, mas alguma coisa me dizia que não ia ser só isso… Bem, a história é interessante, gera curiosidade e vamos sacando as coisas aos poucos, pra mim foi uma experiência horrível, me levando a detestar o conto, mas acho que isso é uma qualidade em um conto de terror… Está bem escrito, muito verossímil como relato de uma criança. Mexe com os sentimentos, mesmo que seja de repugnância, horror e tristeza. Pontos por isso! Um ótimo conto de terror psicológico infantil (cruzes). Parabéns! Desejo boa sorte!
O conto mostra a rotina de um garotinho que começa a passar mais tempo apenas com o pai, pois a mãe está muito ocupada trabalhando.
Ao longo do conto percebemos que na verdade a mãe do menino estava doente e talvez para não assustá-lo diziam que era apenas trabalho.
Em um dado momento a mãe do garoto morre e ele passa a ver o fantasma dela. Ela dá instruções ao menino para colocar temperos secretos nos lanches que ele prepara com o pai e no final parece que ambos vão acabar morrendo por conta da intoxicação.
Que conto genial! A sacada foi incrível! Fazer parecer que a mãe do menino estava trabalhando, eu só percebi que ela estava doente quando cita que estava ficando magra, branquinha e quando citou a infestação de piolhos no hospital. A ideia de que ela trabalha no parque e o fato de só o garoto poder vê-la foi algo criativo e genial!
Alguns trechos precisei voltar para ler de novo e perceber o que estava acontecendo de fato e o que o menino pensava estar acontecendo.
Sei que é narrado por uma criança, mas o que me incomodou um pouco foram muitas palavras repetidas. Ainda assim não foi nada que prejudicasse a leitura.
Achei uma história excelente, surpreendente, o final meio em aberto, pois nos perguntamos: será que o pai dele morreu? Ficou incrível, o conto no geral ficou muito criativo e bem estruturado.
Achei que o conto não tem grandes impactos. Não sei se é infantil ou terror, talvez uma mistura dos dois temas. Achei também, que tem muita “gordura”, pouca ação, muitas palavras e pouco conteúdo.
Bom diaaa! Tudo bem?
Resumo: a história parece tratar da forma como uma criança encarou a doença e morte da mãe, mas tem uma reviravolta bem inesperada e relata como o fantasma raivoso da mãe incita a criança a colocar algum produto de limpeza no café dele e do pai, causando sua morte.
Comentário:
Uau, que bela surpresa, o trecho final do conto!
Não que o começo estivesse ruim, mas estava bastante comum e sem muitas emoções. Por mais que a situação em si fosse triste e tal, não tinha muita coisa que destacasse o conto. Desde o começo dava pra perceber que a mãe não trabalhava realmente no hospital, e sim estava internada, mas ficava no ar o mistério sobre o “emprego no parque”.
A mudança de gênero foi muito bem utilizada. O conto ganha muito em enredo e ritmo quando é revelado o “fantasma” da mãe.
Por algum motivo, talvez os sofrimentos da doença, a mãe parece ter virado um espírito rancoroso. Ou, talvez, apenas um espírito saudoso que quer levar filho e marido pra junto de si. Não sei bem, e não importa, também. Ter deixado isso inexplicado me soou bem, também.
O conto não chega a causar medo, e o final não surpreende, pois à partir de certo ponto, já ficou claro que ambos morreriam. Porém, isso não atrapalha a experiência do conto.
É criada uma tensão na dose certa que manteve o interesse até o final.
Enfim, bom trabalho! Gostei bastante de ler seu conto.
A escrita também é segura e não notei problemas gramaticais ou estruturais que chamassem atenção.
Parabéns e boa sorte!
A protagonista é uma menina que tem sua rotina modificada com um novo trabalho da mãe no hospital, e como isso afeta seu pai também. O trabalho revela-se na verdade um período de tratamento intensivo para uma doença grave (câncer?) da mãe. Quando esta começa a pedir coisas estranhas para a filha, entende-se que ela morreu e um espírito, (da mãe ou, o mais coerente de imaginar) orienta a menina a envenenar a comida dela e de seu pai aproveitando-se de sua inocência.
A narrativa usa e abusa do ponto de vista infantil para criar um suspense/horror bastante envolvente. Conseguiu misturar bem os dois temas, mesmo que bastasse ser uma boa história de terror. Bom conto!
Um garoto pensa que a mãe está trabalhando num hospital, mas na verdade ela estava doente e morre.
Realmente eu não estava esperando por esse final.
O começo do texto foi um pouco cansativo para mim, como o conto começa contando que a mamãe trabalha no parque agora, quando o autor começa a falar do hospital eu achei que seria uma passagem rápida (tipo esse parêntese) e que logo voltaria a falar do parque, então eu fiquei segurando o parágrafo do parque por bastante tempo enquanto eu lia sobre o hospital. Até muito tempo depois quando eu percebi que o personagem realmente iria ficar falando do hospital e só aí que eu deixei pra lá a informação inicial do parque.
Senti falta de algumas atitude de criança ao longo do texto, tipo ele levar um desenho pra mãe, ou qualquer coisa assim. Além disso achei que o texto se demorou na parte do hospital (talvez por conta do que relatei no parágrafo anterior).
Quando o conto fala que a mãe está com raiva eu fiquei: hã? Achei muito legal a reviravolta, por mim o conto poderia ter explorado mais o espírito zangado da mãe e a aparição dela para o garoto. Fiquei me imaginando como que ele a via, se a via, se imaginava, vish, várias coisas hehe
Olá, Drico Clori, boa sorte no desafio. Eis minhas impressões sobre seu conto.
Resumo: Pai cuida de seu filho com a missão mascarar a permanência da esposa/mãe em hospital, como se fosse seu trabalho, onde toma sessões de quimioterapia. Após sua morte, o pai fala para o filho que a mãe deixou de trabalhar no hospital para trabalhar em um parque, provável cemitério; quando passa a ter conversas com a criança, lhe dando recomendações e cuidados de mãe.
Gramática: Sem problemas gramáticos aparentes. Embora, de uma leitura um tanto cansativa em virtude de muitas repetições, “minha mãe, papai, hospital, trabalho, lancheira, e tantas outras”
Tema/Enredo: É um conto de enredo um tanto enigmático, visto pelo esforço do autor em subentender uma real situação de doença da mãe, fazendo com que o pai forje, junto ao filho, situações diferente da realidade. Como simular trabalho em vez de internação; regime alimentar para dissimular efeitos da quimioterapia; troca de trabalho pela fatalidade da morte; parque por cemitério. Mas o desenvolvimento do enredo fica devendo uma melhor objetividade. O subentendido só dificulta o entendimento daquilo que realmente quis dizer. Ao meu entender só prejudicou a compreensão do texto. Incluindo aí a definição do tema. Infantil ou terror? Se terror, não acredito, pois que, doença não é terror, no máximo um infortúnio. Se infantil, não houve fundamentação para tal.
Uma história infantil de um menino cuja mãe está doente, morre e vira um fantasma obsessor que fica assombrando-o e dando direcionamentos.
Temos duas histórias pra lá de interessantes. O começo, bem infantil, tem uma carga dramática forte. O objetivo não é, de forma alguma, suportar-se nos plot twists porque tudo é bem previsível. Ainda assim, é bastante impactante. Ver a mãe se deteriorando enquanto o pai cria uma narrativa ficcional para não entristecer o garoto é de cortar o coração. Então tudo vira de ponta cabeça. Começa uma história de terror assustadora sem, no entanto, perder a essência narrativa da primeira parte. De início, eu fiquei com medo que essa segunda parte ficasse desconectada, mas o(a) autor(a) consegue dar uma consistência que não causa tal choque. O impacto, sobretudo da fase final, é extraordinário.
Resumo: O Parque (Drico Clorí)
Um conto que tem uma primeira parte brilhante, realmente seria um dos melhores infantis, mas que ao final, numa reviravolta faz algo que infelizmente (se eu compreendi bem) estraga o conto. Uma pena querer misturar dois gêneros quando o primeiro seria mais que o suficiente. Eis mais um final frustrante.
Esse é um conto onde um garotinho vive a perda da mãe, que tem câncer, mas isso acontece enquanto fabulosamente (estilo A Vida é Bela) o garoto acha que a mãe está trabalhando em um hospital e cada vez mais tem que se doar ao serviço, chegando até mesmo a ter que emagrecer muito para passar por algumas portas bem fininhas… Mas aí, depois que a mãe morreu, aparentemente o fantasma dela não superou estar longe de pai e filho, assim seduz o filho e o faz pegar veneno dentro do armário e colocar na comida e nos lanches tanto do filho como do pai… Ao fim o pai aparentemente morre, e o filho está quase no fim… Pena isso, seria um conto belo demais se continuasse a tratar apenas da linha que seguiu tão bem enquanto a fábula da perda da mãe era lindamente escrita.
Avaliação: (Para os contos da Série A-B não considerarei o título, as notas serão divididas por 5 para encontrarmos a média. Porém teremos uma ordem de peso para avaliação caso tenha empates… Categoria/ Enredo / Narrativa / Personagens / Gramática.
Pequeno equívoco:
o papai coloca as maças da Turma da Mônica,
Terror / Infanto Juvenil: de 1 a 5 – Infanto Nota: 3 (Seria um 5 sem o terror, com ele ficou na média) (Terror – Nota 0)
Gramática – de 1 a 5 – Nota 4,5 (Apenas pelo pequeno deslize)
Narrativa – de 1 a 5 – Nota 4,0 (Uma boa narrativa, a gente lê o conto e não se cansa)
Enredo – de 1 a 5 – Nota 3 (Outro que seria nota 5 sem a segunda parte, escolha péssima, mas é só minha opinião de leitor, o autor(a) é muito talentoso(a))
Personagens – de 1 a 5 – Nota 3 (O que o menino e o pai tem de bom, a mãe perde quando simplesmente seu espírito mostra um egoísmo que ela não tinha e que a história não pedia)
Total: 17,5 / 5 = 3,5
Criança narra o seu relacionamento com a mãe desde quando ela “trabalhava” em um hospital até ela mudar de fase e se transformar em uma outra espécie de criatura.
Interessante a inversão de expectativa que você habilmente construiu. Pensamos tratar-se de uma narrativa sentimental sobre a orfandade de um menininho e eis que nos vemos em uma história macabra de fantasmagoria.
O que não gostei a princípio foi a linguagem do narrador que me soou um pouco artificial, muito madura, para uma criança incapaz de compreender a real situação da mãe. Mas com a evolução da história, achei até que deu um efeito interessante. Não sabemos se há de fato um fantasma ou se o menino na verdade é um psicopata mirim.
Uma observação sobre a minha leitura. Dei uma “pulada” na parte que você explica os estratagemas do menino para envenenar a comida. Para o meu gosto, essa parte poderia ser resumida.
Trabalho interessante. Gostei de ler.
Desejo sorte e sucesso! Um abraço.
Resumo
Criança conta sobre o período em que acreditava que sua mãe trabalhava exaustivamente num hospital, mas, na verdade, ela estava internada, passando por um tratamento. Quando a mãe more, o filho conta que passa a visitá-la em um jardim, que seria onde ela está enterrada, a vê e conversa com ela, apesar de o pai não vê-la e nem ela se dirigir a ele. Sempre nervosa e brava, a mãe pede insistentemente ao filho que coloque alguns ingredientes no café da manhã dele e do pai, sem que o pai note Os ingredientes estão no fundo de um armário, o que nos faz supor que o pai tenha envenenado a mãe. O menino começa a sentir dores na barriga, que acredita ser a mãe o beliscando até que ele cumpra com as suas exigências. Um dia o menino acorda muito doente e o pai, também doente, não aparece para acordá-lo.
Comentário
No início achei que fosse um texto infantil, com o menino sendo “enganado” pelo pai para não sofrer com a doença da mãe (estilo A Vida é Bela). Gostei do conto e da ideia de fazer essa virada justamente neste desafio que envolve contos infantis e de terror. Muito bom. O texto está bem escrito, quase não notei erros gramaticais. Só achei um pouco cansativa a primeira parte, talvez pudesse ter sido reduzida.
Fiquei um pouco na dúvida com relação à morte da mãe. No final, parece que o pai a matou porque ele possuía os ingredientes escondidos no armário e porque ela parecia brava com ele (já em espírito), mas a forma lenta como ela morreu, o fato dele não ser responsável pela alimentação dela no hospital e os sintomas (magreza, queda dos cabelos) são mais condizentes com uma pessoa com câncer.
Ah, o título é fraco, não gostei.
de ajuda e que por isso que (tirar este que) a mamãe tinha que passar tanto tempo lá
Foi a mamãe mesmo (mesma)
Sinopse: um menino narra sua vida cotidiana em primeira pessoa. Ele sente falta da mãe ao mesmo tempo em que fica mais próximo do pai. O conto se desenvolve numa ambiguidade: qual seria o estado verdadeiro da mãe do garoto? Seria ela uma mãe ausente ou uma mulher debilitada. Ao longo da história, por meio de uma visão ingênua, descobrimos um mistério que pode provocar uma tragédia familiar.
Comentário: embora o autor tivesse uma boa história de terror com uma criança como protagonista, não consegui me conectar com o conto. A narração é muito infantilizada, o final surpreende, mas um pouco tarde.
A Árvore que Divide o Mundo – NOTA: 1,0
Amarga Travessia – NOTA: 5,0
Aquilo – NOTA: 4,5
Capitão Ventania – NOTA: 4,0
Demasiado Humano – NOTA: 4,5
Lobo Mau, A Garota da Capa Vermelha e os 3 Malvados – NOTA: 1,9
Magnum Opus – NOTA: 4,0
O Fim de Miss Bathory – NOTA: 5,0
O Jardim da Infância – NOTA: 5,0
O Ônibus, a Estrada e o Menino – NOTA: 3,5
O Parque – NOTA: 1,0
Penumbra – NOTA: 1,5
Prisão de Carne – NOTA: 3,5
Rato Rei – NOTA: 3,0
Seus olhos – NOTA: 4,0
Troca-troca Estelar – NOTA: 5,0
Variante Amarela – NOTA: 1,0
Vim, Vi e Perdi – NOTA: 1,0
——————————–
Melhor técnica: Aquilo
Conto mais criativo: Amarga Travessia
Conto mais impactante: O Jardim da Infância
Melhor conto: Troca-Troca Estelar
——————————–
Uau! Menino pensa que a mãe está ausente porque trabalha no hospital e, depois no parque, onde ele e o pai a visitam e tomam lanche. Enquanto o pai está no banheiro, o garotinho acrescenta, ao lanche e suco, ingredientes indicados pela mãe, com quem apenas ele consegue conversar. (Spoiler:) A mãe morreu com câncer e seu fantasma está envenenando o marido e o filho, com a ajuda da inocência deste? O parque visitado seria o cemitério? Bastante impactante.
A narrativa é fluida, possui alguns detalhes interessantes e outros clichês, mas que funcionam para colocar o leitor dentro das cenas construídas. O ponto de vista é do menino, que me pareceu pequeno, pela modo como vê os fatos, pela linguagem repetitiva e o vocabulário. Texto com linguagem infantil, mas bem tenso e aterrorizante.
A trama traz uma série de situações identificáveis ao leitor. Nessas cenas, sobretudo nas descrições da ação do garoto sob o comando da mãe-morta, o ritmo calmo e constante usado não confere tanto impacto e tenho a sensação de ver a intenção de emocionar, mas amornada pela naturalidade com que o personagem-narrador as apresenta. Contudo, traz envolvimento, pela empatia com o protagonista. A revelação final vem de forma mansa, sem surpresas e com certa previsibilidade, desde que se falou das dores de barriga.
Parabéns pela premissa sinistra e pela técnica! É um trabalho muito bom. Abraço.
RESUMO:
A criança que narra a história e seu pai têm uma rotina diária. Vão todas as manhãs passear no parque. Levam sempre lanche – sanduíches, suco e frutas. Nesse parque eles se encontram com a mãe da criança que agora trabalha lá, desde que foi mandada embora do hospital. Antes era a mãe que preparava tudo, mas o trabalho no hospital lhe tomava muito tempo e agora cabia a criança e ao pai as tarefas da casa. Era tanto trabalho que a criança não encontrava mais com a mãe que saía muito cedo e voltava muito tarde. Nem nos finais de semana a mãe estava em casa, era quando o pai levava a menina para ver a mãe no hospital. De tanto trabalhar a mãe foi ficando magrinha, branquinha, cansadinha, carequinha, emocionadinha, às vezes chorava e o pai também, mas, disfarçavam e afirmavam que estava tudo bem. Então, sucedeu que a mãe foi mandada embora do hospital e foi trabalhar naquele parque. Todo o dia, quando chegam no novo trabalho, a mãe, que parece brava, não fala com o pai, só cochicha receitas para a criança com uma voz rouca. Fala baixinho e fica com muita raiva se a criança não presta atenção no que ela cochicha, sempre bem baixinho, para o papai não escutar nada. E faz um olhar estranho, que dá medo… e toda vez que a criança erra a mãe aperta a barriga dela com muita força e no dia seguinte e faz doer tudo que tem dentro. A criança prepara a receita da mãe todos os dias, aproveitando que o pai esta no banho. A criança tem preparado tudo como a mãe ensinou até o dia em que sua barriga dói como nunca, tanto que não consegue levantar-se da cama… e o pai não veio lhe acordar.
Considerações:
Uma construção precisa que leva o leitor por um caminho e quando ele menos espera, é surpreendido implacavelmente. Me arrisco a dizer que é o tipo de história que EU procuro escrever e nem sempre consigo. Parabéns ao autor (a) – já imaginei o filme que será produzido a partir desse conto. Se quiser escrevo o roteiro. rsrsrs
Eita que mulher malvada! Usou o menino pra acabar com a vida do pai e a dele .
Parabéns.
Drico Clorí, paz e bem.
O conto fala sobre uma criança que tem uma mãe doente internada no hospital. O pai dela e a mãe escondem a doença para não lhe trazer sofrimento, dizendo que a mãe mudou de emprego e está muito atarefada no hospital.
O pai muito cuidadoso e carinhoso com a criança, sofre calado pela dor da doença da esposa. Depois a mãe morre e o pai diz a criança que ela mudou de emprego.
O pai e a criança vão ao cemitério visitar o tumulo da mãe, mas o pai não revela a ela que a mãe está enterrada lá.
Seu conto é comovente e doce, mostra o drama que as pessoas atravessam quando uma doença fatal entra numa família.
É triste e cheguei a derramar lágrimas.
Não encontrei nenhum erro de gramatica, nem de estrutura. A narrativa flui bem e apesar das lágrimas, que tu fizeste eu derramar, achei bem gostoso de ler.
Boa sorte.
RESUMO:
Garotinho vive em um mundo de fantasia, acreditando que a mãe ainda vive e trabalha em um campo, que na verdade, é o cemitério. Antes, ela trabalhava em um hospital (quando estava doente) onde teve uma infestação de piolhos (queda de cabelo devido à quimioterapia). O menino diz ouvir a mãe dar instruções sobre colocar um certo tempero no lanche que ele e o pai comem juntos. Sem se dar conta, o menino está envenenando a si mesmo e ao pai. No final, o menino está deitado muito doente e o pai não vem acordá-lo, pois já deve estar morto.
AVALIAÇÃO:
Conto que engana no início, pois parece ser uma história infantil e acaba mostrando um terror sútil. O começo, a fantasia criada na cabeça do menino me fez pensar no filme A Vida é Bela. O pai do menino cria uma fantasia para encobrir a realidade cruel: a doença e morte da mulher. Até aí, tudo bem. Só não entendi por que a mãe queria que os dois morressem e tinha raiva do menino. Para que todos ficassem juntos? E a raiva era apenas imaginação do moleque?
Não encontrei grandes problemas de revisão neste texto. Faltou o til em maçãs.
O ritmo da trama é cadenciado, e conduz o leitor sem cansá-lo. A construção do narrador protagonista também foi bem realizada. Chegamos a sentir afeição, ternura e depois um certo medo do menino.
Conclusão após a leitura: melhor tomar cuidado com lanchinhos inocentes, nem sempre temperados com amor.
Boa sorte no desafio!