O convite.
— Bom dia, está …?
— Acordada? Sim — retorqui, ainda meio a dormir, ninada pela garoa matinal. Depois, dei uma olhadela ao relógio e exclamei com uma careta: — Oh, é tãaao cedo!
As ligações do tio nem sempre eram recebidas com muito entusiasmo, pois ele mantinha uma frequência, persistente em conquistar a afeição da família. Sempre que seu código de área aparecia no registro de chamadas, ficávamos jogando o aparelho uma para a outra, como uma batata quente. “Atende você!” “Atendi na última vez!”, “Agora é com você!” Não é que não gostássemos do irmão de papai, mas ele não parava de falar. Era atender o telefone e o tempo se dissipava tal e qual gotas da chuva no rio.
— Alô, tio Didi. Como vai? — Era início de janeiro. Sabia que era uma época arriscada de atender, porque inevitavelmente ele insistiria na desconfortável viagem para ir pescar com ele. Mas, depois de sete anos dizendo educadamente “Estamos ocupadas em todas essas férias“, minhas desculpas estavam se acabando. Ainda assim, ao atendê-lo eu calculava uma estratégia de fuga. Mamãe, também, sempre colocava empecilhos; parecia ter ciúmes ou preocupação.
— Sinto muito ter de lhes dizer… começou ele. Havia um esforço incomum em seu jeito de falar, como se tivesse um nó na garganta. – Balofo acabou de morrer inesperadamente.
— Oh, uau… Sinto muito! — sem entendê-lo e curiosa: “Quem seria Balofo?”
— Meu gato fazia jus ao nome: confiante, corajoso, volumoso e… gordo. Agora está num lugar de paz — leu-me o pensamento.
— É claro.
— E quando é que vocês vêm ao meu recanto? Vou lhe dizer, a represa está mais cheia do que nunca, o torneio de pesca, é no próximo final-de-semana. Que tal vocês virem para assistir? E, se treinarmos um pouquinho, podemos participar. Uma equipe de primeira.
— Parece ótimo – disse eu, a boca falando sem meu consentimento.
— É mesmo? Que maravilha! — respondeu ele. – Espero vocês na quarta, por volta das cinco da tarde — desligou antes que eu pudesse mudar de ideia, antes que pudesse consultar ninguém. Foi o telefonema mais curto da vida do tio Didi.
A viagem.
Quando eu e minha irmã mais nova entramos no carro para ir à fazenda do tio, virei-me para ela no banco do passageiro: o desprezo emanava dos olhos lacrimosos; eu a arrastara para essa visita. Mesmo de manhãzinha, o ar já estava denso e meloso como uma melancia passando do ponto. E nossa mãe, mais quente ainda:
— Não tem cabimento, não me consultaram! Vai dirigir até lá? Acabou de tirar carta. Cuidado!
— Vou levá-las. É só tomar um café lá e volto — papai foi cortando as lamúrias.
Horas e muitas conversas de WhatsApp depois, o tio nos recebeu na varanda. O aposentado, corpulento, cerca de 1,90 m de altura e nove dedos e meio, usava bermudas e uma camisa justa com bandeira do Brasil, óculos de sol, botinas e sorriso no rosto. Ah! e chapéu panamá. Carregava três varas de bambu com mais de três metros cada. Eu não saberia dizer se ele já estava pronto para a competição ou para as aulas que prometera nos dar; a diferença era mínima. Depois que nos abraçamos, ele nos mostrou o quintal, metade jardim encantado, metade depósito de lixo.
— Este era o arranhador que Balofo preferia. Mas ele também gostava daquele — disse, apontando algumas instalações ao ar livre. — E era aqui que ele costumava tirar seus cochilos — continuou, enquanto nos guiava até um ponto comum no chão. — Esta é uma pedra especial que dediquei a Balofo. Ele também gostava muito dela. E é aqui que venho rezar por Balofo… e por nossa família — ele parou, e notei que inclinara a cabeça para trás, como se esperasse que o olho reabsorvesse a lágrima que escorreu pelo rosto.
— Sabe, é muito bom que vocês tenham vindo — foi a única frase que o ouvi dizer sem aquela voz de tio-pateta. E naquele momento percebi: ali não estava apenas nosso parente, mas um sujeito simples que morava longe e sentia uma saudade danada da única família que tinha… e do gato.
— Também estou contente por termos vindo, tio — no momento em que as palavras me saíram dos lábios, percebi que eram verdadeiras.
— Eu também – concordou Nicole. E, quando a olhei, vi que ela também se amaciara; que era toda sorrisos. E, pensar que viera sob protesto… Também, avistar tão de pertinho aquele mar de água doce dobrava qualquer mau-humor. Contemplava as águas como se as acariciasse; seus olhos pareciam fazer uma pergunta secreta: “Haverá tesouros ali?”.
Então o momento passou.
Retornamos aos planos. Tio Didi tinha mapeado um cronograma para o festival: atividades de esporte, jogos de mesa, exposição de trabalhos temáticos ambientais, apresentação dos grupos, montagem do material, shows com artistas locais, muita cantoria e danças.
— Todos os peixes capturados são medidos, pontuados e devolvidos, com vida, ao habitat. Tem troféu para o pescador do maior peixe, do menor e para aquele que pescar mais — animado ele completou as explicações. Naquele final do dia, rimos, cantamos e comemos coxas de frango caipira. Fazia muito tempo que eu e Ni não nos sentíamos tão bobas e tão livres.
Sentada na cama, estiquei-me até a caneca de café fumegante que a mão do tio segurava. Bebi pequenos goles, aspirando o aroma quente.
— Por que está nos levantado a esta hora? — Pousei a caneca e perguntei-lhe, enquanto minha irmã começava já a se mexer debaixo da manta. Ela esticou-se e deu-me um pequeno empurrão a me provocar.
— Anda daí — ele gesticulou, com um largo sorriso e um olhar de terapeuta em sessão inaugural. — Temos que vencer! Vocês conseguem lançar um anzol em cotovelo, usando uma cana de pesca de carreto fechado? Não vamos perder oportunidades: muito treino e não quero ninguém se aventurando a descer sozinho até ao lago.
Horas de prática.
Ir à pesca significava ir até, onde o grande Lago abundava em peixes. Minutos depois, dirigimo-nos ao estrado de madeira, envergando roupas de pesca e botas de cano alto. Um barco ficava amarrado a um embarcadouro flutuante no fundo do quintal das traseiras, o ano todo. Tio Didi, nessa altura, examinou-o como técnico que verifica um produto para ser consertado, procurando o defeito.
— Lá vamos nós atrás de pacus, tambaquis, dourados e… — aclamava o pescador. — Aposto que apanho mais peixe do que vocês duas juntas. Mais do que qualquer um!
Foram horas de prática naquele dia e no seguinte. O sol, mesmo, às vezes, encoberto por nuvens, estava escaldante; o mormaço subia nos fazendo sentir como em uma estufa.
— A inundação para formar o Lago permitiu o surgimento desses cânions, das cachoeiras e das piscinas. Águas super limpas e transparentes — o tio não parava de gesticular e falar, como nos telefonemas, ansioso em agradar. — Aqui tem uma cidade submersa. Quando as águas baixam é possível ver a torre da antiga igreja — intrigadas olhamos para o fundo.
— Um fazendeiro pedia que ninguém pescasse aqui, que um dos peixes era sua filha, que não a tirassem da doce imersão, banhada em prata. Um caboclo, que era apaixonado por ela, veio resgatá-la. A cada fisgada, a cada puxão, seus olhos se perdiam em desespero. Sua angústia durou a tarde toda, fazia sombra quando alçou o anzol pela última vez. Veio puxando devagar, era o peso de uma menina-peixe. Retirou-o das águas: era ela. Não sabia o que fazer daquele peixe-mulher. Inútil, agora; havia, para sempre mergulhado na escuridão. Medo das águas recobertas de angústia. — o tio deu uma gostosa gargalhada observando nossas expressões — Gostaram da nossa lenda?
Ah! E descobrimos os peixes! Eles se concentravam num poço, como se estivessem à espera dos anzóis. Minha irmã apanhou e depois soltou uns três ou quatro. Tio Didi e eu, nenhum.
— Fisgar um peixe assim é tirar a sobrecarga de mistério das águas — o falante pescador justificava o seu fracasso.
No grande dia.
O sol queimando as nucas, Tio Didi e eu, continuávamos empatados: zero vezes zero, nenhuma pesca. Nicole já havia conseguido algumas unidades. Era pura intuição e não apenas capacidade. Ela aprendera rápido onde estavam os peixes, do que se alimentavam e a melhor maneira de se aproximar sem os assustar. Um dom especial. Nunca vi minha irmã tão feliz.
Depois de uns minutos, atracamos e abrimos caminho através do pequeno resguardo de vegetação que acompanhava o lago. Todos posicionados e atentos, quando fomos subitamente interrompidos pelo som da carretilha. Só que não era o som típico de alguém a fazer um lançamento. Era o som familiar do rápido recolher do fio na bobine.
— Não acredito! — disse o tio, num tom que deixava perceber que apenas metade dele estava feliz pela sobrinha.
— Vamos ver — sugeri. Seguimos a linha de pesca laranja fluorescente, que zumbia, cortando e recortando em múltiplas figuras a água de aço. Um peixe enorme a debater-se. À medida que o dourado abrandava, Nicole, de pé, no meio da água, junto de uma rocha lisa, baixava a ponta da cana para amortecer o choque do salto do peixe. A luta era, pois, com o animal, como se as águas estivessem segurando o pedaço vivo, que retinham por um fio.
A garota foi só surpreendendo. Parecia ter nascido para aquilo. Estava a caminhar corrente abaixo, puxando lentamente a linha, enquanto se deslocava por cima das rochas viscosas das algas, sem uma única vez parecer que ia escorregar e cair.
— É incrível! — exclamei. — Olhem só o tamanho do bicho! — O peixe ensaiou mais uma tímida tentativa de fuga, mas a batalha já terminara. Nicole ajoelhou-se. Segurou as barbatanas do peixe delicadamente nas mãos, retirou o anzol já sem picos e começou a ajudá-lo a recuperar alguma força, apontando-lhe o nariz para a corrente e passando-lhe água fria pelas guelras, num rápido e ritmado movimento. Com os olhos fixos, buscava se assegurar de que o dourado recebia o oxigênio necessário.
Foi então que um desconhecido, que aparentemente tinha estado a observar tudo por detrás de uma curva, aproximou-se.
— Belo peixe, menina — ouvimos o idoso comentar, amistoso, enquanto nos acercávamos. Nicole não se voltou para olhar.
— Eu disse “Belo peixe, menina”!
— Desculpa, filha — insistiu o homem, agora já com uma certa irritabilidade na voz. — Apenas queria cumprimentá-la pela forma como lidou com esse peixe. Nunca tinha visto uma jovenzinha dominar uma situação como essa. Dona das águas…
Mas Nicole continuou a ignorá-lo. Enquanto nos aproximávamos dos dois, o barulho causado pela fricção das botas denunciou a nossa presença. O desconhecido voltou-se em nossa direção.
— Ela é surda — disse eu, inexpressivamente, aproveitando a deixa para as explicações habituais.
— E não somos todos, nessa idade? — retorquiu logo o velhote, magoado. — Adolescentes sem respeito pelos mais velhos!
— O senhor não entendeu. O que eu quero dizer é que ela é surda mesmo. Não consegue ouvi-lo, nem nada — o corpo do velhote como que estremeceu com a revelação.
— Tenho muita pena — balbuciou. — Desculpem, não sabia.
Nesse momento, entramos no campo de visão de Ni, que tirando uma mão do dourado, sinalizou: “gigante”. O tempo foi suficiente apenas para tirar umas fotos e ela abanou a mesma mão, num movimento familiar, soltando o peixe. Depois, saiu da água para se juntar a nós na margem. Apontou para o homem: “Quem é …?”
— Vim para o torneio. Meu nome é Joaquim. — disse o desconhecido. — Isso é que foi uma pescaria, garota. Eu…
— Ela é surda — interrompi. — Não consegue ouvi-lo. Nem sequer ler os lábios. Hereditário e sem recursos.
— Oh, claro, que burro!
Repeti, em libras, tudo que fora dito. Nicole compreendeu e ainda se desculpou com o estranho.
— O que é que ela disse? — perguntou o velho, confuso. — Como pode? — insistiu, realmente aflito. — Como é que pesca tão bem? Lançou a linha suavemente e soube colocar aquele anzol numa superfície de águas tranquilas, cercadas de correntes cruzadas, sem um único sinal de arrastamento, pelo que pude observar. Fisgou o peixe na perfeição.
— Estou espantado também. Pelo que sei é a primeira vez que ela faz algo assim. Não é, Nelma? — interviu o tio tirando o chapéu e coçando a cabeça — E, também, não é preciso ouvir para pescar. A surdez, na verdade, é uma bênção em termos de pesca, principalmente se estou por perto…
— Sabe, Ni? Todos estão boquiabertos. Você fez uma proeza. Falaram que a maior parte dos pescadores não teriam parado no local onde você colocou o anzol. Como é que sabia? — falei e usei os sinais ao mesmo tempo para evitar uma chata repetição.
Nicole riu. Depois, virou-se para nós com uma expressão tão solene quanto lhe era possível: “O segredo é simples, muito simples. Se escutar, consegue ouvi-los.”
— Tio, em que está pensando? — perguntei, já no barco, voltando para a fazenda. Ele pilotava, completamente absorto.
— Em nada de importante — respondeu. Mas, como sabia que uma resposta daquelas não iria satisfazer uma jovem de dezessete anos tão perspicaz (Modéstia à parte!), prosseguiu devagar, não querendo reavivar feridas.
— Estava só a pensar sobre o dom de sua irmã… — rindo — E ainda sabe ser irônica.
Resultantes.
Na viagem para casa, quando nossa quase insolação se transformou em exaustão, fiquei pensando: por que, de todas as vezes que tio Didi nos implorou uma visita, dessa vez eu concordei? Talvez fazer parte de uma família seja perceber, mesmo que de maneira subliminar, quando um parente precisa de atenção ou quando uma irmã precisa se descobrir. O torneio? Nem um prêmio de consolação. Ni soltou o graúdo antes que viessem para a medição e só não ficamos em último lugar graças a ela, que ouvia o nado dos peixes.
Reencontramos tio Didi nas festas juninas. Ele trouxe um molinete brilhante para cada uma de nós. Minha mãe deu uma olhada nos presentes e murmurou:
— O que é que vocês vão fazer com isso?
— Ora, ora para o tio varas e molinetes são um acessório fundamental para o torneio do ano que vem — falei e gesticulei. Nicole riu gostoso. Ela era quase como um peixe dentro da água, uma árvore crescendo na terra úmida ou um pássaro voando, em serena liberdade.
— Este ano vocês molharam os pezinhos; ano que vem, terão de ir com tudo — foi a última fala do tio. Sorrimos, sabendo que era o seu jeito de dizer: “Obrigado por me deixarem participar da vida de vocês.”
Resumo: Uma família evita o tio por, na falta de melhores palavras, acreditam que ele seja um tanto quanto entediante. Por algum motivo, após anos, uma adolescente cede ao pedido do tio e vai encontrá-lo para participar de uma competição de pesca e arrasta a irmã. No processo, a irmã descobre seu lugar no mundo, aparentemente.
Protagonista/herói: a irmã de Nicole –nota: 2 de 2
Interessante como, aparentemente, a maior afetada em toda narrativa é Nicole, mas é através de sua irmã que conhecemos o mundo e as coisas que se passam no universo.
De todo modo, a irmã de Nicole se apresenta como uma personagem bastante sólida, na medida em que convence ser, pensar e agir como uma adolescente inteligente e sensível. A preocupação relutante com a família é facilmente objeto de identificação e empatia. Queremos, via de regra, o bem de nossos familiares. Contudo, somos egoístas e preocupamo-nos também com nosso bem estar e nosso prazer pessoal. Daí o esforço em evitar uma viagem aparentemente entediante. A luta é real e, por ser real, cativa.
Antagonista/vilão: A própria família –nota: 1, 5 de 2
Em alguns textos, a fonte dos conflitos e de oposição aos personagens é mais sutil do que em outros.
Neste, por exemplo, podemos nos perguntar quais são as forças que criam resistência ao desenvolvimento da protagonista. A princípio, é uma pergunta difícil, já que tais forças não são óbvias.
Em uma releitura tive a impressão de que é a própria família quem cria resistência às férias com o tio. Perdidos em seu cotidiano e egoísmo contemporâneo os personagens não se permitem o crescimento.
É uma opção que possibilita bastante reflexão e se encaixou bem na história como um todo.
Mudança nos valores da narrativa 2 de 3
Engraçado como a mistura de terror e infantil no desafio gera certas dúvidas durante a leitura. Precisei de bastante tempo para ter certeza de que não se tratava de uma história de terror.
A mudança dos valores da narrativa que geram conflito já história, portanto, são bem sutis. Normalmente uma história de terror é guiada pelo binômio segurança /perigo.
Aqui os valores parecem transitar entre o arrependimento e o aprendizado da viagem. Há um bom equilíbrio. Achei o texto tão bem escrito que mesmo de um binômio aparentemente menos excitante me mantive preso durante toda a leitura.
O que o texto pretendia o que o texto fez: 3 de 3
Parece-me que o autor escolheu tratar de ética grega em uma situação que seria reconhecível pela juventude.
Aristóteles tinha aquela ideia de que o cosmo é uma máquina que funciona porque cada parte de sua estrutura desempenha um papel. Se alguém que nasceu para ser escritor ganha a vida fazendo contabilidade algo está errado. Se um economista nato vive para lecionar inglês algo está errado. Parte de nossa razão de ser é encontrar aquilo para o qual nascemos e desenvolver nossa potencialidade em tal prática. Ao encontrar e aceitar nossas virtudes encontramos nosso lugar no mundo.
Nicole descobre o seu lugar no mundo quando decide se aventurar em um desconhecido que rompe com a mesmice de sua vida (ou quando sua irmã decide arrastá-la).
O texto acerta ao transmitir a mensagem de que temos todos um lugar, de que às vezes precisamos sair de nossa zona de conforto p descobri – lo e de que às vezes é o que menos esperamos.
Tudo dentro de uma linguagem simples p o entendimento do público jovem, mas muito bela e cuidadosamente trabalhada.
Síntese : Um texto cuidadosamente trabalhado, apresentando uma perspectiva aristotélica do mundo em uma linguagem acessível e bela. Gostei bastante.
Nota final : 4,3
Duas jovens sempre evitam de saírem com o tio, mas num determinado ano acabam cedendo e indo de encontro a ele, que acaba de perder seu gato, assim como participaram de um concurso de pesca.
É um conto bonito, calmo e muito bem escrito. Traz uma seriedade e uma boa abordagem das personagens, como a irmã cega que se destaca na pescaria e no tio, que é solitário e sente que perdeu tudo ao perder o gato. Também é um conto esperançoso, por reacender essa chama no coração dele, em saber que ano que vem tem mais, e também de levar as adolescentes um outro universo. Por seguir uma linha mais juvenil que infantil, traz uma história também sobre amizades, só senti falta de algum momento mais emocionante.
O Segredo é Simples (Irmã)
Resumo: A jornada de descobrimento pessoal de duas irmãs em uma pescaria com seu tio e a importância da família.
Estou lendo esse conto após ver o último episódio de Game of Thrones, ou seja, estou muito frustrado. O fato interessante é que o final das personagens irmãs foi o que ocorreu de melhor. Outro fato interessante é que fui avançando na história sem saber o que esperar, não sabia se estava diante de um conto infanto-juvenil ou se em algum momento uma piranha assassina fosse pular no meu monitor. Confesso que ao final, fiquei com a sensação de não estar diante de nenhum dos dois. Porém, como o enquadramento é sempre muito elástico e não notei uma fuga deliberado do tema (tendo em vista meu conceito sobre o tema) isto não terá repercussão na minha avaliação objetiva.
Vamos ao conto; texto muito bem escrito, o autor transforma o ordinário em uma história com muita emoção e significado. As passagens muito bem descritas, mesclando ação, fluxo de consciência e cenário. Lembrou-me dos grandes contos de Hemingway, especialmente os ambientados na África. Os personagens bem desenhados, especialmente Tio e protagonista.
No que diz respeito as marcações, em minha opinião, não agregaram ou trouxeram prejuízo para o texto. Confesso que não vi muito sentido e que minha predileção para esse tipo de conto (sem reviravoltas, mensagens subliminares, trás pra frente, final impactante) é pelo linear corrido.
Frase destaque: “— Fisgar um peixe assim é tirar a sobrecarga de mistério das águas — o falante pescador justificava o seu fracasso.”
Curti: O autor escreve com segurança e ótimo ritmo. Conseguiu fazer da singeleza da história o grande mérito do seu conto.
Não curti muito: O primeiro diálogo do senhor consigo, os travessões atrapalharam um pouco o entendimento.
Anotações: Desculpe-me, autor, se estiver equivocado, mas se Nicole é surda, esse trecho não faz muito sentido “ficávamos jogando o aparelho uma para a outra, como uma batata quente. “Atende você!” “Atendi na última vez!”, “Agora é com você!” Não é que não gostássemos do irmão de papai, mas ele não parava de falar. É possível entender que essa briga era entre outras pessoas da família, porém esse pequeno trecho que segue a “briga” deixa algo de dúbio no ar “Não é que não gostássemos do irmão de papai”.
O que entendi: Duas irmãs vão, a contragosto, visitar o tio carente e fâ de pescaria. A mais nova, surda, revela-se pescadora nata. Participam de um campeonato de pesca, mas perdem porque a pequena solta os peixes grandes antes da medição. Mas a visita torna-se prazerosa e anual.
Técnica: Muito boa para contos juvenis. Transparente, linguagem direta, clímax controlado e segredo revelado parcialmente.
Criatividade: Foge totalmente do padrão. Tem magia sem ser explícita. No começo pensei se tratar de um conto de terror, no melhor estilo clichê tiozão pedófilo psicopata. Só que não. Pura doçura.
Impacto: A surdez da menina e a pegada bucólica foi realmente impactante.
Destaque:” A luta era, pois, com o animal, como se as águas estivessem segurando o pedaço vivo, que retinham por um fio.” – Bela tradução!
Sugestão: Nenhuma. Perfeito.
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RESUMO
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Meninas são convidadas pelo tio a participarem de um torneio de pescaria.
Elas aceitam e vivem um agradável tempo em família. A irmã mais nova, que é surda, revela-se uma exímia pescadora.
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ANOTAÇÕES AUXILIARES
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– sobrinhas meio que fogem das ligações do tio falastrão que as convida para pescar nas férias
– o tipo diz que o gato morreu (estou em dúvida se é infantil ou um terror meio cemitério maldito… espero que seja infanto-juvenil)
– era uma desculpa para convidá-las para o torneio de pesca. Elas aceitam.
– ao chegarem na casa do tio, percebem que valeu a pena
– o tio tá numa pegada competitiva
– a irmã tem talento de pescadora e o tipo dá uma de invejozinho… kkkkk
– um velho vem cumprimentar a manina, mas ela o ignora
– a menina é surda
– jovem de dezessete anos (ela não tinha carta?)
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TÉCNICA
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É muito boa, um estilo de escrita que casa perfeitamente com o clima bucólico do conto.
– Por que está nos levantado
>>> levantando
– Ir à pesca significava ir até, onde o grande Lago abundava em peixes
>>> sem vírgula aqui
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TRAMA
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Não há no conto um grande conflito, mas isso não é um problema. Eu lembrei a pegada do filme “O Grande Ano”… se não tiver assistido, recomendo.
No fundo, tudo é um pretexto para mostrar as relações familiares e isso é feito com bastante ternura.
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SALDO FINAL
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Um bom conto, uma história simples, cotidiana, contada sem pressa e com muito esmero.
NOTA: 4
Resumo: a visita de duas meninas ao tio Didi, aquele tio chato que vive na fazenda. Vão para o campeonato de pesca, e consolar o tio pela morte do gato Balofo. Nicole, a irmã mais nova, é surda, mas apresenta um talento especial para “ouvir os peixes” e pesca bem. Um desconhecido se surpreende com o talento dela. Gostaram tanto de pescar que prometem voltar no ano que vem. O tio entra então na vida delas.
Premissa: gênero infantil, sem forçar muito na moral da história. A relação entre sobrinhas e um tio que vive sozinho e distante.
Técnica: a escrita é simples, e percebe-se um português que pesquisou bastante sobre o Brasil. Apenas, na parte da construção, me causou estranheza a menina ser surda, mas quando o tio ligava: “Sempre que seu código de área aparecia no registro de chamadas, ficávamos jogando o aparelho uma para a outra, como uma batata quente. ‘Atende você!’ ’Atendi na última vez!’, ‘Agora é com você!’ ”
Voz Narrativa: doce e suave, a narrativa é bastante simples, e falta um elemento surpresa ou curva dramática para dar “velocidade” à história.
Resumo: irmãs cedem ao apelo de um tio meio chato e vão à casa dele, junto a uma represa, para pescar e participar de um torneio. A irmã mais nova é surda, mas aparentemente tem um dom especial que a permite “ouvir” os peixes. Com isso, deixa todos os participantes do evento impressionados. No fim, percebem que o tio só queria companhia e que, de qualquer modo, a mais nova, Nicole, precisava descobrir seus dons.
Impressões: É conto simples, de linguagem acessível, de fácil compreensão, bem ao gosto do público infanto-juvenil. Há algumas nuances interessantes, porém. A relação com o tio, por exemplo, é algo bem bolado, porque revela como os adolescentes encaram os parentes tidos como chatos ou malas – e como essa percepção pode mudar depois que passamos por algumas experiências memoráveis juntos. O elemento fantástico também foi inserido com naturalidade – esse dom que Nicole tem de perceber a presença dos peixes. Notei alguns erros de digitação e também um “interviu” perdido no meio do texto, algo que dá para ser corrigido numa eventual revisão. Enfim, é um conto simpático, que embora não seja marcante cumpre bem a função de entreter. Parabéns e boa sorte no desafio.
O Segredo é Simples – Irmã
O início é o que cativa. O meio é o que sustenta. O final é o que surpreende. O título é o que resume. O estilo é o que ilumina. O tema é o que guia. E com esses elementos, junto com meu ego, analiso esse texto, humildemente. Não sou dono da verdade, apenas um leitor. Posso causar dor, posso causar alegria, como todo ser humano.
– Resumo: Nelma e Nicole evitam os convites de seu tio, que vive no interior, perto de um grande lago, e adora pescar. Porém, depois da morte de seu gatinho, não conseguiram recusar o convite. Surpresa: as férias foram maravilhosas, com Nelma apreciando a natureza e Nicole descobrindo seu talento para a pesca.
– Início: Lento. A primeira parte me deixou uma impressão ruim: que seria um conto bem novelesco, com aquele drama cotidiano e sem graça. Porém, ao mesmo tempo, fiquei curioso de como funcionaria a história, tendo em vista que não tinha capturado qual o tema a ser explorado.
– Meio: Eterna espera. Então, bem, fiquei esperando por algo que quebrasse o ritmo lento do início, que revelasse que a história fosse mais do que uma trama comum de férias e reencontro. Mas ficou apenas nisso: espera.
– Final: Vazio. Não aconteceu nada. A história permaneceu no mesmo ritmo, focando-se bem mais em Nicole e no tio. Algumas passagens excelentes, como da cidade submersa, mas no geral, bem mediano. Acho que o autor realmente encarnou a tranquilidade e falta de preocupação do tio Didi.
– Título: Significativo. Gosto de títulos assim: você percebe suas nuances e verdadeiro significado apenas depois da leitura. Adoro isso, na verdade!
– Estilo: Bem escrito. Sim, isso mesmo, o autor manteve o nível no decorrer da narrativa. Além disso, a escrita possui um pequeno brilho, algo em formação. Isso é ótimo!
– Tema: Inconclusivo. Parece ser um infanto-juvenil. Não senti muita energia no conto, sabe? A mensagem ficou aparente no início da metade do texto. E o autor não apresentou nada de novo, além do reencontro com a família e a importância em reconhecer nossas vocações. Por isso, talvez, tenha encarado o conto como um drama novelesco, não um infanto-juvenil digno para a juventude.
– Conceito: Prata.
Nelma e Nicole são irmãs, sendo que Nicole é surda. Após muitos anos ignorando as ligações do tio Didi chamando-as para pescar, elas finalmente aceitaram, talvez por pena do tio; afinal, ele tinha acabado de perder o gato de estimação. Na casa do tio Nicole revela-se uma grande pescadora pois, mesmo surda, consegue ouvir o “nado dos peixes”. As duas criam amizade com o tio que jamais esperariam conhecer direito, e os laços familiares se fortalecem.
O seu conto tem MUITO de parecido com o conto “Olhos”, deste mesmo desafio. Ambos falam da importância da família e em como lidar com parentes com deficiência. Este conto aqui, por outro lado, me soa mais infantil, o que é bom, já que se encaixa mais na categoria. Seu conto também prende a atenção com as histórias da pesca, mantendo o leitor interessado até o final. A história em si não tem um “final”, mas tem uma boa mensagem e passa uma sensação boa.
Sua técnica é boa. É simples na medida do possível (afinal, é um conto infantil) mas tem certa elegância e fluência na narrativa que cativam o leitor. Há erros de pontuação (muitos, eu diria) e erros de digitação (estes nem tanto) mas, no geral, foi uma leitura agradável. Parabéns!
Olá maninha; tudo bem?
O seu conto é o décimo primeiro trabalho que eu estou lendo e avaliando.
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O QUE ACHEI DO SEU TEXTO
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Gostei bastante da carga emocional que o conto traz e também do desenvolvimento das personagens. Existem algumas passagens que são especialmente bem humoradas, como a descrição: “…ele gesticulou, com um largo sorriso e um olhar de terapeuta em sessão inaugural”.
Isso faz com que o texto atravesse de forma prazerosa as retinas dos leitores e a história seja aceita de forma leve e tranquila, contribuindo para a criação de uma verossimilhança capaz de provocar o efeito da projeção, tão procurada pelos escritores quanto o Santo Graal nas Cruzadas.
Outro aspecto muito interessante observado na narrativa foi a utilização do plot spot como o grande revelador da causa do efeito; no caso, a explicação referente à (até então) inusitada capacidade demonstrada por uma das personagens no que tange a prática da pescaria.
A escolha do(a) autor(a) em anexar à trama (externa) a latente busca pelo sentimento de inclusão social/familiar — a que todos nós estamos inseridos — também foi bastante sábia e, certamente, resultará em boas notas ao final do certame; pois, trabalhar a psicologia das personagens (parte/trama interna), sempre atrai a empatia do(s) leitor(es) para a obra em geral.
Como parte negativa no texto, destaco apenas os problemas de pontuação, em especial na utilização das vírgulas dentro de algumas sentenças, dividindo de forma não muito assertiva predicados de sujeitos. Citarei abaixo algumas ocorrências apenas com o intuito de auxiliar o(a) autor(a) em futuras edições de seu ótimo trabalho e ressaltando que gostei bastante de sua escrita.
“…o torneio de pesca, é no próximo final-de-semana.” ;
“Ir à pesca significava ir até, onde o grande Lago abundava em peixes.” ;
“O sol queimando as nucas, Tio Didi e eu, continuávamos empatados…” ;
“— Ora, ora para o tio varas e molinetes são um acessório fundamental para o torneio do ano que vem(…)”
Bem… É isso! Parabéns pelo bom trabalho e boa sorte no Desafio! 🙂
E, pra finalizar… As regras do Certame exigem que eu faça um resuminho do trabalho avaliado, para comprovar minha leitura. Então vamos lá:
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RESUMO DA HISTÓRIA
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Duas irmãs e seus pais, após muito tempo vivendo na cidade-grande e dando desculpas esfarrapadas aos convites prévios recebidos, vão finalmente passar as férias no sítio de um tio e, lá, redescobrem os valores da simplicidade, deixando fluir — por dentro e por fora — a completude resultante da experimentação do verdadeiro sentido da vida: passar bons momentos junto de quem se ama.
🗒 Resumo: duas irmãs acabam aceitando finalmente o convite de um tio solitário e insistente de visitá-lo para pescar. Durante a viagem, a mais nova, que é surda, acaba descobrindo que tem talento nato para pesca.
📜 Trama (⭐⭐▫▫▫): os personagens são interessantes e ricos e a trama se desenrolou muito bem até a parte em que as meninas percebem que seu tio é solitário e que a viagem não seria uma roubada, mas muito divertida.
Depois daí, fiquei com a impressão de que o autor não soube como conduzir e ainda teve pouco tempo para aparar as arestas do roteiro. Por exemplo, Nicole era surda?! Isso foi muito importante para a conclusão da trama, mas foi dito muito tarde. Seria mais legal que o leitor soubesse disso desde que ela foi apresentada. Só que foi ainda pior, porque, assim que elas chegam na represa, ela disse: “Eu também”. Isso confirma que ela ouvia e também falava. Há alguma nuance na trama que eu tenha perdido? Procurei e infelizmente não encontrei.
Além desse grande furo, achei que faltou à trama um propósito. Sobre o que era afinal? Sobre uma menina surda que descobre seu talento (mas que nem serve para vencer o torneio)? Ou sobre meninas da cidade que percebem como a vida no campo pode ser boa? Ou sobre o tio triste e sozinho? Enfim, faltou um encerramento que justificasse o texto. Algo que amarrasse as pontas e finalizasse o propósito do texto. O conto acabou se encerrando com um resumo do narrador, que é um recurso meio pobre. E mesmo com esse recurso, ainda não percebi o propósito.
Veja, não é um texto ruim. Pelo contrário, gostei muito dos personagens e das cenas narradas, mas faltou algo a mais acontecer. Faltou, eu acredito, um clímax.
📝 Técnica (⭐⭐⭐⭐▫): a técnica utilizada é muito boa, de alguém que compreende o que faz e que tem prática na escrita. Mas, assim como na trama, alguns pequenos deslizes acabaram prejudicando. Coisa boba: vírgulas sobrando e um nome trocado.
▪ uma frequência *sem vírgula* persistente em conquistar a afeição da família
▪ o torneio de pesca *sem vírgula* é no próximo final-de-semana
▪ significava ir até *sem vírgula* onde o grande Lago abundava em peixes
▪ Não é, *Nelma*? (Não era “Nicole”?)
🎯 Tema (▫▫): refliti sobre esse quesito durante quase todo o dia. Por estarmos num desafio com dois temas, fiquei tentando imaginar em qual deles o autor pretendia encaixar. Não há terror algum no texto, então creio que fosse para infantil / infanto-juvenil. Só que também não percebi no texto essa pegada. Nicole era nova, mas não foi dito qual a sua idade. As “aventuras” que elas viveram não têm relação com sua idade. Enfim, acho que faltou abordar mais temas infantis para se enquadrar no desafio. Ou então, um monstro nas represa, para cair no terror.
💡 Criatividade (⭐⭐▫): aqui ganha pontos por tratar de temas cotidianos, mas com uma abordagem bem pessoal. É um texto bastante autoral.
🎭 Impacto (⭐⭐⭐▫▫): para ser bastante sincero, como eu gosto de ser, ao final da leitura, meu sentimento foi “ah, que pena”. Na aquela parte em que as meninas percebem que vão gostar do passeio, meu coração aqueceu e eu pensei que a história ia ser boa. Qdo foi para a pescaria, também curti, apesar do exagero de tempo gasto. Achei que um monstro surgiria ali. Qdo o velho apareceu e descobri que Nicole era surda, o texto me perdeu. Voltei para reler e vi que, sim, ela tinha ouvido e falado um pouco antes. Dali, torci para algo mais acontecer, mas não aconteceu. Infelizmente terminou sem clímax e não me recuperou.
Enfim, um texto muito bom, mas que pecou em alguns pontos graves. Com poucos ajustes, tem tudo para ser um daqueles que marcam pra sempre.
Resumo: O Segredo é Simples (Irmã)
O conto fala de uma viagem, uma competição de pesca, de como damos importância para as diferenças sem entender que elas podem fazer a diferença, por nos deixar mais alerta a tudo que está a nossa volta. Uma garota que não escuta, que consegue pescar melhor, que consegue ser mais atenta que aqueles que estão a sua volta. Um conto que sinceramente tem a ideia e passa uma boa mensagem, porém a narrativa o torna cansativo, poderia ser mais direto, menos cheio de rodeios, o que me deixou um tanto quanto solto demais, vez ou outra eu quem tinha que pegar a frase e falar me segura, quando prefiro que a narrativa me prenda.
Avaliação: (Para os contos da Série A-B não considerarei o título, as notas serão divididas por 5 para encontrarmos a média. Porém teremos uma ordem de peso para avaliação caso tenha empates… Categoria/ Enredo / Narrativa / Personagens / Gramática.
Infanto: de 1 a 5 – 3,0 (vou colocar como infanto, mas pra mim está mais para cotidiano, algo assim)
Gramática – de 1 a 5 – Nota 5,0 (Não vi nada de errado)
Narrativa – de 1 a 5 – Nota 2,0 (Não me convenceu e não me manteve fisgado a leitura)
Enredo – de 1 a 5 – Nota: 2,5 (Achei pouco atrativo, muitos rodeios, a ideia central não é ruim, mas nada impactante e bem construído o bastante.)
Personagens – de 1 a 5 – Nota 3,0 (Não estão ruins, tem uma boa personalidade, mas devido a narrativa mais carregada e pouco atrativa não funcionaram tão bem)
Total: 15,5 / 5 = 3,1
O Segredo é Simples (Irmã)
Resumo:
A “Irmã” (narradora) e Nicole foram a um torneio de pesca, convidadas pelo Tio Didi. De início, estavam contrariadas. Depois, entenderam que o tio precisava da família para não se sentir tão só, e descobriram o encantamento desta convivência.
Comentário:
Um conto infantil/juvenil que leva o leitor a refletir sobre o valor da convivência familiar. O homem precisa do “seu bando” para dar sentido à vida, o afeto faz brotar em nós os melhores sentimentos, e isso nos faz feliz (ou nos deixa mais próximos da felicidade). O SEGREDO É SIMPLES… Um texto brando, agradável. Alguns deslizes na escrita: interviu – maior parte dos pescadores não teriam parado… Há emprego do português lusitano: bobine, cana de pescar, estava só a pensar, arrastamento, enquanto nos acercávamos, resguardo de vegetação… Como eu sempre digo: português de gala. Fiquei surpresa quando soube que Nicole era cega. Não percebi esta condição no início da narrativa. Foi uma leitura prazerosa.
Parabéns, Irmã!
Boa sorte no desafio!
Abraços…
RESUMO: Nelma e Nicole adiavam a visita à fazenda do tio já tinha algum tempo, enfim concordando quando o gato do sujeito faleceu. Já em sua fazenda, são logo intimadas à pesca, onde Nicole se sobressai. É nesse momento que a descobrimos surda, mas impressionantemente sensível aos movimentos dos peixes. Embora não tenham vencido no torneio, descobriram esse novo talento de Nicole e fortaleceram as relações com o tio falador.
COMENTÁRIO: É principalmente um conto sobre família e sobre como o deslocamento de perspectiva pode resultar em novas percepções quanto a si mesmo. Dessa maneira, o enredo nos induz a múltiplos “deslocamentos”. Da protagonista em relação ao tio, de Nicole ao se perceber extremamente talentosa em um novo espaço, e até mesmo ao senhor que, chegando, surpreendeu-se com o talento da pescadora iniciante, choque que nos leva a uma “moral” da história.
A leitura evoca o sentimento de tranquilidade que toca as personagens quando presentes na fazenda do tio, bem como faz sentir o estreitamento dos laços entre ele e as sobrinhas, as personalidades, principalmente a dele, bem definidas e representadas nas ações. Ao mesmo tempo, o conto também passa uma mensagem no que toca a surdez, querendo demonstrar que a ausência de audição se limita à esse sentido, não comprometendo outras possíveis habilidades (no caso de Nicole o que parece ser um dom). É uma leitura agradável.
Olá, EntreContista,
Tudo bem?
Resumo:
Aos aceitar passar as férias com o tio, duas irmãs, uma delas surda, descobrem a importância da família e o dom de uma delas para a pescaria.
Meu ponto de vista:
Este desafio está me fazendo refletir um pouco sobre o que é um texto infantil (ou juvenil), e, o que é um conto que contém crianças ou jovens. A classificação de uma narrativa em um determinado gênero, certamente passa pela linguagem e seu estilo. É a forma como o(a) autor(a) escolheu para, através de seu narrador, se comunicar com o seu público leitor.
No caso deste trabalho, creio que o(a) escritor(a) foi bem-sucedido em sua empreitada de escrever um conto infanto-juvenil. O tema família é pertinente e bem-vindo no gênero, a linguagem é clara, os conflitos, como a inclusão da jovem irmã surda, e, a dificuldade de relacionamento com o tio “chato” são exatamente as coisas pelas quais os jovens passam em determinados momentos de suas vidas.
Parabéns.
Beijos
Paula Giannini
Olá, Irmã.
Resumo da história: tio Didi reside longe das sobrinhas e liga com frequência, e fala copiosamente, o que faz as sobrinhas evitarem seu contato e seus insistentes convites para que o visitem. Certo dia, uma das irmãs atende uma ligação muito rápida do tio e acaba aceitando o seu convite, talvez sensibilizada pela morte do gato do tio.
As moças vão então à casa do tio, que as recebe com alegria e as leva para praticar a pescaria. Nicole descobre que tem um talento especial para a pesca e as meninas acabam por descobrir a felicidade em agradar o tio, um homem solitário e bondoso.
Prós: um conto infanto-juvenil, raro por essas paragens. A escrita é leve e eficiente em contar a história. A figura do tio foi bem construída, e ele resulta simpático e gera empatia em quem lê. O final termina bem e sem forçar lições de moral ou algo do tipo.
Contras: algumas falas do tio estão bem pouco naturais. Há alguns falhas de revisão, feito “antes que pudesse consultar ninguém”. A revelação da surdez de Nicole me pareceu pouco natural. Se a irmã e o tio já conheciam sua condição, não deixariam o velho no vácuo, achando que a moça fosse mal educada.
Boa sorte no desafio!
O SEGREDO É SIMPLES- é a história de uma família que aceita o convite de um tio para participar de um torneio de pesca. Nicole, a jovem surda, pega o maior peixe. É difícil fazer um resumo de um texto como esse, onde não existem pontos marcantes e relevantes, tudo é simples, como um piquenique com a família, onde nada interessante acontece.Quase no fim é revelado que Nicole é surda.
O conto foi bem escrito, com boa narrativa, bons personagens, mas não descobri a que tema se destina. Terror não é, infantil também não, talvez com tema juvenil, do cotidiano, pois é uma história simples, sem surpresas, sem impactos visuais, psicológicos, metafísicos, etc.Para uma competição como essa tem que ter isso no conto. Para um conto juvenil, ou do cotidiano, é válido, porém, faltou algo mais. A revelação que Nicole era surda, não causou nenhuma surpresa e se era para mostrar, ou transmitir alguma mensagem, falhou. “Não captei vossa mensagem venerável guru”.
Boa sorte no próximo tema.
O tio chato, que morava no interior, ao lado de uma lagoa e que sempre convidava as sobrinhas para passarem com ele as férias em pescarias. Um dia elas foram. Nicole, a irmã mais nova, surda, que não desejava ir, foi e se sentiu em casa naquele ambiente de pescaria. Mais ainda, ela conseguia pescar muito bem. O que era para ser um programa chato acaba se tornando em algo agradável. E assim, retornam para casa, felizes. Um conto que não sei bem como classificar. Seria juvenil? Talvez sim, porque narrado por uma garota que acaba de fazer (presumo) seus dezoito anos, eis que terminava de tirar carteira de motorista (autor paulista também presumo, eis que diz carta). Um enredo bem simples e linear. A história do tio chato que fala demais e que termina por receber duas sobrinhas para uma pescaria. Fiquei o conto todo esperando que fosse acontecer algo além das pescas. Confesso. Não reparei grande criatividade na história. Um relato simples apenas. Você usa bem dos recursos da nossa língua. Não há defeitos, pelo menos visualizados por mim, que saltem os olhos. A história, como eu disse acima, deixou-me na expectativa de que fosse me oferecer mais. Deixou-me na esperança de que algo fosse acontecer, alguma reviravolta, mas nada ocorreu. Um conto simples e legal que coloco na lista dos juvenis. Meu abraço fraterno, Fernando.
Bonito conto
gostei mesmo.
Parabéns
Resumo:
[Conto com viés familiar edificante]
Tio chato convida sobrinhas para pescar. Elas vão e uma delas, a surda, se descobre uma excelente pescadora. Eles voltam pra casa e se encontram nas festas juninas, quando o tio chato dá a elas molinetes novinhos, que eram esperanças de que elas aparecessem no ano seguinte para um novo concurso de pescaria.
Comentários:
Cara Irmã,
Gostei do seu conto. Muito bem escrito com algumas expressões típicas de além mar, uma delas, de que gosto muito, é referir-se à parte de trás das casas, dos quintais, como “nas traseiras”.
O conto em si é quase irretocável. Bem ajustado na narrativa, mantém um sentido lógico evolutivo do princípio ao fim.
Há um problema, entretanto: frustrou-me na expectativa que eu tinha de perceber algum terror ou algo de literatura infantil. Salvo pela passagem da mítica garota do lago, que estaria mais para fantasia ou para realidade aumentada ou para realismo fantástico, nenhuma vontade no autor o conduziu a construir algo ligado às propostas temáticas do certame: Terror ou Infantil/Infanto-juvenil. Apenas as meninas eram infantas, mas não o conto.
Se me for permitido, tenho três observações: a primeira delas ocorre logo no início, onde parece que o diálogo ocorre entre irmãs, ao acordarem, e uma delas sendo surda/muda, perguntei-me com quem uma delas dialogava. Com a mãe? Pode ser, mas não fica claro no texto. A segunda é quando as irmãs Nelma e Nicole, logo no início do conto parecem se negar a atender aos telefonemas do tio. Uma delas não poderia fazê-lo. A terceiro é a presença do gato Balofo, que parece merecer do leitor alguma atenção especial, e, aos poucos, ele se dissipa na narrativa e desaparece, dado que não tinha relevância condutiva no conto.
Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.