EntreContos

Detox Literário.

Mater Malum – A Mensageira do Mal (Elisabeth Lorena)

Tem uma luz surgindo atrás da porta, no fim do corredor. As pessoas do quarto tentam espremer-se nos cantos, mas, os pequenos corpos se chocam em objetos frios, fétidos, secos, machucando-se. Dói com o contato, porém, eles estão sufocando a dor. Não querem chorar, não podem ser encontrados. Os pequenos queixos tremem e os dentes se chocam. Não há esperança.

Há vozes lá fora. Estranhas. Estranhos que acreditam que há alguém atrás das paredes. Eles empurram, puxam móveis, movem objetos na estante. Os pequenos seres escondidos mordem os lábios, seguram a respiração. Os estranhos conversam. Os pequenos prisioneiros não podem distinguir o que dizem, eu, infelizmente, posso: “Alarme falso, guri. Não vê que não há nada aqui?” Outro responde: “Aquelas crianças disseram aos pais que ouviram choro e gemidos”. “Avise ao capitão que não encontramos nada… As crianças,  assustadas, espremem-se em sua agonia, parecem nervosos. Sei que se perguntam se os invasores são realmente ruins? Há mais dor além da que eles sentem, perguntam-se no escuro, as pequenas criaturas.

Que se movem, são apenas dois. Bem, dizer que se movem é até exagero. Seus corpos diminutos não podem se mover, estão presos pelo medo e por enormes correntes que lhes seguram aos cantos mais escuros do ambiente imundo. Não se pode divisar muito do lugar. Pode-se sentir o cheiro. A podridão está por toda a parte. As vozes vão se afastando, até que o som dos carros, se retirando, garante um pouco de sossego para os pequenos prisioneiros, que de medo, nem se falam… Um ouve apenas a urina do outro descer pelo chão. E nada fala. Ele mesmo esteve a ponto de se sujar de tanto medo.

Agora que o medo passou, desce devagar o corpo, procurando encostar-se ao outro. A luz da fresta do teto alto ilumina parcialmente o corpo que se move. É algo semelhante a um menino humano, porém muito mais magro que aquelas fotos da Guerra. Olhos fundos passam devagar sob a pequena luz e o outro corpo encosta-se a ele, sem ser de fato definido. É outra criança. Outro menino, uma menina? – você há de me perguntar. Não lhe digo. Eles continuam silentes. Não se falam ainda. Não quero vê-los, conheço-os, suas dores refletem em mim. Sem querer ver, imagino seus lábios feridos, secos e desnutridos. Então uma luz se faz sobre todo o espaço tão rapidamente, como uma iluminação de um pátio de xadrez. Por mais que eu não queira ver, meus olhos captam algumas coisas. Esqueletos de diversos tamanhos, cabeças espalhadas pelas cantoneiras e muitos excrementos estão misturados pelo chão – cenário que conheço desde sempre. É uma menina a outra figura. O cabelo um emaranhado de fios embaraçados, igual ao do menino, ambos sujos. Soluçam aproximados, seus corpos se tocam em carícia fraterna, imunda. O cheiro nauseabundo para mim é só uma lembrança, a eles nem incomoda.

Eu tento alertá-los do perigo, entretanto, por não estar em seu campo de visão, não podem me ouvir. Continuam ali, parados, ouço os corações batendo descompassados, os braços que a luz rápida iluminou, sangram. O pavor de não ser ouvido me irrita. Um animal se move nervoso no quintal. Sinto o medo das duas criaturas tomarem nova forma, pulsos chocarem-se com os corpos descarnados pendurados atrás deles, os dentes de novo se chocam – eles conhecem a ameaça que o animal assassino representa, já foram testemunhas dela. O medo tem som e eco. E, de novo, passos ecoam pelo extenso corredor. Algo é movido do outro lado da parede e um homem entra, empurra de qualquer jeito um  arremedo de comida na boca das duas crianças e me olha como se me visse. Seu olhar me desespera, mesmo que eu desconfie que ele não consiga me ver. Quando nota o chão molhado, dá um tapa no rosto da menina e a cabeça dela desce. A comida, que ela ainda tentava mastigar, cai aos pés do homem, que se afasta. A mão se levanta com violência e fere o rosto já desacordado da menina.

Ele sai, a luz se apaga, porém a visão do lugar não sai de mim. Ainda vejo no canto a geladeira entreaberta, com algo asqueroso saindo pelos cantos, vísceras de animais – humanos e domésticos. Como essas crianças sobrevivem a isso? Tento esquecer e procurar a saída, mas, é impossível. Estou preso, por correntes invisíveis. Tento falar com o menino. Não me ouve. Seus olhos estão focados em algo que não alcanço.

De repente, a porta se abre de novo. A mulher entra nervosa, gritando. “Quem esteve aqui? Minhas coisas estão mexidas, foram seus amigos.” Afirma, mesmo sabendo que ninguém que está aqui teve oportunidade de conhecer alguém, além deles dois. Sei que seu desespero é parte de sua tática. Gritando ainda, acende a luz e fica procurando uma corrente entre as coisas. Eu conheço esse olhar, sei o que ela vai fazer, grito, ninguém me ouve. Grito mais, tento impedi-la, não consigo. Desabo sem forças no exato momento em que a corrente entra nas carnes flácidas do menino, uma, duas três vezes. E a mulher canta. É um demônio, mas, parece um anjo e canta como tal. Açoita o corpinho agora inerte, que sangra e ela atinge notas graves e agudas com a mesma precisão. Tento me arrastar para fora da masmorra maldita, porém, estou preso.

O homem volta: “Não os viram, Olga. Se tivessem alcançado o esconderijo, teria levado esses teimosos.”.

As duas crianças sangram, acordadas de novo, não possuem forças para reagir. A mulher me nota, puxa-me  pelos braços e me joga para fora. Vejo ou sinto meu corpo cair sobre o sofá e escorregar.

A noite chega, mas, meu desespero em deixá-los  sozinhos ali dentro, não me conformo, mesmo não podendo fazer nada. Tento esquecer meu corpo, porém o frio não deixa. Grito sem ser ouvido uma vez, outra e outra. O mundo gira e gira. Ouço a mulher se aprontar. Vão jantar fora. Está bonita, linda, resplandecente, quase etérea. Sorri, como se pudesse me ver e diz, falando sobre mim: “é o único que eu poderia amar,  mas protegia os outros imundos”. O vestido azul turquesa combina com a pele acetinada e sua voz, como as vestes, diferem tanto de sua alma. Alma sem aura, sem cor, sem sentimentos. Apego-me  aos meus últimos pensamentos, sabendo que mesmo agora, que não pode me notar, ela me manipula com sua falsa doçura.

Lembro ainda de sua mão suave a me tocar, quente, protetora, momentos antes de… A voz dela me assombra agora, tenho receio de seus motivos e descubro que, mais uma vez, estou certo: “amanhã nos livramos dele e dos que guardamos na mala”. O homem responde, surgindo à minha frente, também elegante: “sim. Precisamos desocupar um pouco o espaço. Precisamos de trânsito livre para  educá-los”. Meu medo quase me cega e eu sufoco, como se realmente ainda pudesse.

Tenho que pensar nos pobres prisioneiros. Está acabando o tempo deles, logo outros virão tomar nosso lugar. Alguém tem que parar isso. Imploro ao céus, que agora sei que existe, e ouço vozes a me animar. Faz parte de minha jornada…

A noite se vai de novo, mais um dia sem descanso… A luz do sol me encontra no mesmo lugar em que fui deixado… Os dois anjos do Exício estão de volta. Despem suas roupas civis e colocam suas luvas e capas. Sei que hoje tem Faxina. A primeira que vi foi quando chegamos… É terrível, arrepiante, cruel. E limpeza é tudo o que não representa essa faxina.  Estranho não ouvir choro desconhecido… Os conhecidos já não ouço há meses. Faz tempo que as criaturinhas entenderam que chorar é pior. Muito pior. Mesmo sem vê-los agora, percebo que estão acordados e que já reconheceram que o fim se aproxima. Primeiro a mulher vai liberar a menina das correntes. Quer saber se ainda consegue manter-se  de pé. Se conseguir ficar, voltará para a parede. E se, por acaso, não conseguir… Bem, eu sei que para o bem dos dois, é melhor que consiga dar ao menos um passo. Na minha vez, no último teste, não consegui…

A mesa está preparada. Foice. Martelo. Agulhas. Máscara de ferro. As poltronas de veludo branco – limpas de novo. As duas cadeiras de espinho. Os vidros estranhos. Se pudesse, me arrepiava, mas, hoje, mais que nunca, sei que não posso… Não pude desde que perdi a pele… A mulher dá as ordens, sacerdotisa do Mal. O homem dirige-se ao armário na parede e  a destrava, tudo se move e surge a porta. Do lugar em que fui deixado não vejo as pessoinhas, meus irmãos, com quem nunca brinquei…

O homem traz primeiro o menino, como um fardo leve e amarra no trono branco, rindo. A mulher pergunta se ele vai obedecer. Ouço sua voz trêmula, quase desconhecida, murmurar a resposta desejada. O homem que um dia foi nosso pai, traz a menina como um lixo qualquer e coloca de pé no piso elevado, próximo a mesa. Eu começo rezar para que ela ande, embora nem saiba se realmente meu desespero seja de fato uma prece. Ela dá um passo e cai. Não fui ouvido…

Grito de novo. Ninguém me ouve. A menina chora. O homem a banha, praguejando, a mulher sorri. Ela sempre se diverte mais, bem mais… Ele coloca minha irmã na mesa e a amarra, de braços e pernas abertos, ela soluça, meu irmão e eu choramos. É o fim dos dois. Eles sabem. A mulher coloca as agulhas afiadas nas pontas dos dedos da menina, eu vejo a urina descer pelas pernas da mesa, porém, não choro.. Não olho para a cena da tortura. Não quero ver. Quero gritar tão forte, até que alguém ouça. E grito. Grito enquanto meu irmão tenta soltar-se em defesa da maninha. Nem ele e nem eu a ajudaremos.

É o fim. Vejo o desespero tomar posse definitiva do menino à minha frente, o pavor de reconhecer que a dor é final, mas, longa, muito longa, interminável. A mulher fala, carinhosa, com a menina, acaricia seu rosto e pescoço, devagar, ouço o choro esperançoso e então, grito com tanta força que vejo algo se mover à minha frente. Grito de novo e de novo.  Todos se voltam em minha direção.

Percebo, porém, que não sou eu quem interrompe a cerimônia.

– É a Polícia! Saiam com as mãos para o alto.

A mulher mostra, com a cabeça, o armário das armas, em uma ordem muda, para que ele a defenda… Sua mão, erguida fora da visão da menina, para agora, um sabre imóvel, espera pelo próximo ato.

O menino grita de novo, perdido entre o desespero e a esperança . A mulher tenta uma reação contra ele no momento exato em que a porta se rompe. Um tiro interrompe definitivamente o caminho da arma antiga, afiada e cruel. Uma pele foi preservada. Ao menos as deles, suspiro aliviado. Para mim e para os que vieram antes, não houve defesa. Continuamos mortos. Mortos, porém em paz. Nossos irmãos mais novos sobreviveram…

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47 comentários em “Mater Malum – A Mensageira do Mal (Elisabeth Lorena)

  1. Lucas Cassule
    18 de junho de 2019

    A narradora😟

  2. Lucas Cassule
    18 de junho de 2019

    Sua narrativa é boa demais, só falta dar uma ajustadas nos dialogos com um tracinho ou vírgulas altas para separar, de resto está impecável

    • Elisabeth Lorena Alves
      19 de junho de 2019

      Lucas Cassule, olá.
      Obrigada pelas dicas.
      Vou utilizá-las.
      Abraços desde o Brasil
      Elisheva

  3. Elisabeth Lorena Alves
    17 de junho de 2019

    Olá, Sidney Muniz
    Kkkkk. Patrick Swayze, boa!
    Porém, vamos à parte séria.
    Você achou meu Conto denso… Mas achou o fim abrupto…
    Que bom que o Suspense agradou sua percepção. Era meu intuito mesmo, usar o suspense como parte importante da trama, para mim, enquanto leitora, Terror sem arrepios e expectativas não é terror, é comédia. Perceber que você, lendo, percebeu a tecitura de forma correta me agrada e quase esqueço do denso-abrupto intragável (hehehe).
    Bem, infelizmente, citando seu comentário, não senti necessidade de “ter um pouco mais de suspense e sofrimento.”, porque, apesar do narrador fantasma, minha dor estava o tempo todo presente, a expectativa da dor é tão real quanto a dor em si quando se vive sob tortura e foi isso que tentei passar com o texto. Não consegui isso com você, infelizmente.
    Realmente, tenho problemas com parágrafo. Na faculdade fiz uma prova de quatro (4) páginas de texto com um único parágrafo. E pior, não foi para o livro de Recordes – odeio o novo nome: Guinness Records.
    Acredita que quase tirei isso sobre a Sinestesia do medo? De o sentimento ter som e eco? E tinha gostado. Pensei em tirar isso e de fazer o narrador inanimado – o que ele é, mas queria que ele tivesse consciência total disso. Entretanto, ele tenta se mover – o que mostra que não tem certeza de sua inabilidade
    Vamos à Avaliação:
    Era um terror de suspense com polícia desde o início. Mas vou tentar alongar os ápices e fazer um terror aterrorizante para você. (Hehehe – porém, como não conheço seu envolvimento com o que e terror, posso não agradar de novo!)
    Em Gramática… tinha alguns erros sim… Infelizmente.
    A Narrativa – que bom que você não teve uma percepção do ambiente. Foi proposital. Quis deixar o mínimo, porém o importante: paredes e portas ocultas, apesar de luz indireta, geladeiras com sujeiras, corpos secos atrás dos corpos das crianças acorrentadas. O Ambiente era o campo das emoções. Essa de Nota 4 teve valor de mil para mim.
    Quanto ao Enredo, pena levar 3… Acreditava, pelos seus comentários que só tivesse pecado no Desfecho, mas errei em algo mais… Foi na Situação inicial? Não consegui convencer você de quão equilibrado estava meu tecido, apesar do peso da trama?
    Não foi no Estabelecimento de um conflito, pois você elogiou o Suspense e tentei elaborar a caramuça exatamente na expectativa. O Desenvolvimento você pontuou com qualidade, disse que a Narrativa era boa… Será que não criei um bom anti-clímax e clímax?
    Bem, vamos à minha risada inicial. Em uma história com um fantasma que fala e quase quebra a quarta parede – nenhum comentarista viu isso! – era natural, frente às torturas sofridas por seus iguais – crianças/prisioneiros/irmãos – tentar fazer algo. E não, eu não pensei em ‘Ghost’ nessa hora. Qualquer alusão ao personagem Sam Wheat de Patrick Swayze foi totalmente inconsciente. (Santo Google, obrigada pela pronta resposta)
    O Título parece que não foi do agrado de todos… provavelmente pelo desconhecimento do Latim… Mas você até gostou, que bom!
    De resto, grata pela Leitura.
    Elisabeth

  4. Luciana Monteiro Gennari
    17 de junho de 2019

    Gostei muito da narrativa e me coloquei no lugar do personagem, percebendo a incapacidade de ajuda, o apego a matéria e fiquei com arrepios de frio.

    • Elisabeth Lorena Alves
      17 de junho de 2019

      Luciana, minha amiga.
      Realmente usar a empatia com o narrador para fazer a “imersão” é a melhor forma de sentir o texto.
      A Empatia é o lugar da dor e da percepção dessa incapacidade de ajuda muito antes do momento em que ela aparece explicita.
      E que bom que você teve esse arrepio, é sinal que consegui mesclar bem o horror e o medo.
      Continue lendo os textos.
      Tem muitos bons textos e alguns maravilhosos.
      Abraços,
      Zabeth

  5. André Felipe
    15 de junho de 2019

    Narra-se que duas crianças são mantidas em cativeiro e torturadas. O narrador apenas assiste, tenta, mas não consegue ajudar. Quando parece que as crianças vão ser mortas, a polícia chega e os salva dos torturadores se descobre que o narrador era uma das vítimas anteriores.

    Achei um conto de suspense sombrio bem escrito e estruturado. Com o cuidado de esconder e mostrar as informações que entregariam o enredo. Talvez pecou em mostrar muito pouco. Eu cansei do meio pro final pois o texto fica as cegas por um período longo demais. Isso prejudica também o desenvolvimento dos personagens, comprometendo o envolvimento emocional com eles. Tirando isso é um texto muito bom. Boa sorte.

    • Elisabeth Lorena Alves
      16 de junho de 2019

      André,
      Grata pela leitura.
      Pena que o Conto lhe cansou…

  6. gabrieldemoraes1
    15 de junho de 2019

    RESUMO:
    A história relata a vivência de alguns prisioneiros dentro da casa de um casal torturador e assassino, os prisioneiros são crianças e a história se desenvolve mostrando o ponto de vista perturbador de seu esconderijo, no final a policia encontra a todos e consegue salvar dois.
    CONSIDERAÇÕES:
    Gostei do desenvolvimento da história e do terror, o autor usa de um certo mistério para prender o leitor e no final tudo é revelado com muita tensão. Não tenho críticas apenas observações, talvez uma descrição mais interessante dos sentimentos e sentidos dos personagens pudesse ter trazido uma experiência mais aterrorizante, mas isso foi um mínimo detalhe. Bom trabalho!

    • Elisabeth Lorena Alves
      16 de junho de 2019

      Olá Gabriel.
      Tentei prender o leitor em outros aspectos com a narrativa pois realmente queria imprimir uma dor oca nas personagens, afinal, é assim que se sente quem está nas teias narcisistas, entretanto vou reler o texto levando em consideração suas observações.
      Grata pela leitura.

  7. Benjamim Nkadi
    15 de junho de 2019

    O conto é sobre três irmãos encarcerados, vivendo sob ameaças de tortura. No final a polícia chega e dois deles são salvos, porém o outro, o narrador, há muito que já se encontrava morto.

    Enquanto lia, me subia à pele dois sentimentos: terror e medo. Acho que foi uma excelente junção dos dois temas, se era isso o que o autor(a) pretendia. O texto fez-me lembrar do livro: “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (Machado de Assis) e “Sua Excelência de Corpo Presente” (Pepetela), em que, não obstante estar o própria narrador já morto, pode ainda narrar sobre seus medos, angústias e suas aventuras enquanto em vida.

    Parabéns e boa sorte!

    • Elisabeth Lorena Alves
      16 de junho de 2019

      Olá, Benjamin
      Que bom que consegui despertar em você o medo. E terror, claro, mas meu desejo era mesmo esse despertar o medo. Ótimo saber que consegui, para mim o terror e o drama precisam despertar em quem lê ao menos um frio na espinha. Só isso traz a verdade do texto, pois é o sentir que transporta o leitor à sua condição de “voyeur” e constrói a veracidade do sentir. Alguns teóricos da Literatura acreditam que o ler exige “empatia, projeção, identificação” e eu, simples mortal que sou, acredito que temos poucos leitores porque o ser humano tem dificuldade de abrir-se frente essa tríade e, de todos o projetar-se no texto e buscar a identificação são exercícios difíceis, pois requer o despir-se de si mesmo.
      Quanto à “Memórias” pode ser que haja me inspirado, é um texto que me agrada e que pretendo reler. Já Pepetela, mesmo sendo fã da Literatura-Oralidade Africana, não li sua obra – tirando um Conto e uma Análise parcial de sua bagagem literária.
      Obrigada pela Leitura.

  8. Renan de carvalho
    13 de junho de 2019

    Duas crianças sofrem diversos maus-tratos de seus cuidadores, privação de cuidados básicos, deixados ao léu, acorrentados e sofrendo por diversas formas de tortura, tantas que nem aparentam mais serem humanos. Esperam desesperadoramente pela intervenção de algo que pare a princípio a dor.

    Conto muito bom. Narrado assim em primeira pessoa, dá a sensação de sofrimento, acredito, pretendida pelo autor.

    • Elisabeth Lorena Alves
      16 de junho de 2019

      Olá, Renan.
      Obrigada pela leitura e que bom que percebeu o distanciamento da condição de humanos de minhas personagens. Para mim, o excesso de dor e sofrimento nos distancia sim de nossa condição humana, assim como o sadismo, marca registrada dos narcisistas que no Conto impões às suas vítimas toda essa dor.
      Grata

  9. Carolina Pires
    13 de junho de 2019

    RESUMO: Uma vítima em um cativeiro narra o sofrimento de outras vítimas (crianças). Um casal as mantém naquele cárcere e as torturam de várias maneiras (física e psicológica). No cômodo há fezes, urinas, corpos mortos, esqueletos e crânios de vítimas anteriores que não sobreviveram. Alguns policiais vão até o local após indicação de crianças (vizinhança?) que ouviram choro vir dali, mas não encontrando nada, vão embora. Os algozes chegam, tiram a criança que narra a história de dentro do quarto, e machucam as crianças vivas (irmãos) por verificar que alguém esteve ali e mexeu nas coisas deles. No outro dia, o casal de algozes, pegam as duas crianças, e antes que concluíssem o assassinato delas, a casa é invadida pelos policiais que conseguem salvar as duas crianças vivas. O narrador da história, também uma vítima, está morto.

    CONSIDERAÇÕES: Achei o conto confuso. Notei logo no início que como o narrador não era visto e nem ouvido, se tratava de um espírito, uma vítima que não sobreviveu. Mas, mais adiante na narrativa, a mulher consegue vê-lo e o joga para fora do quarto. Ou a mulher podia ver espíritos, ou o narrador não estava morto. Achei bem contraditório. Outra contradição: o narrador descreve o cômodo como: repleto de fezes, urinas, corpos mortos, corpos sem pele, sangue para tudo quanto é lado etc. Mas os policiais, que parecem entrar na casa no início do conto, não sentem cheiro nenhum e vão embora sem encontrar nada. Ou seja, ou eles tinham certos problemas em não sentir odores, ou foi um erro na narrativa. O autor/a autora não precisa entregar tudo de mão beijada para o leitor, mas tem que se preocupar com o excesso de ocultações de detalhes e fatos para não deixar a leitura incompreensível. Eu acho interessante o autor manter mistério numa narrativa como esta, mas tem que ter cuidado com o excesso para não atrapalhar e travar a leitura. Mas o conto está bem escrito, sem erros gramaticais, exceto por aspas que não foi fechada e outro equívoco de pontuação.

    Boa sorte na competição. 🙂

    • Elisabeth Lorena Alves
      16 de junho de 2019

      Olá, Carolina.

      Desculpe aí, vou usar seu comentário para construir minha resposta:
      Você diz: “Achei o conto confuso.” Ok, respeito. Eu acho alguns textos de Lispector confusos também, entendo você e não tenho pretensão de ser Clarice. (Hehehe)
      Você percebe que o narrador não é visto, mas acredita que houve uma contradição quando a genitora narcisista o vê, só que mais a frente está a resposta e você a apontou: há corpos ali, restos de outras torturas, ou seja, o espírito que você acredita ter percebido desde o início da leitura não consegue se desprender de seus restos mortais.
      Outro ponto que você crê ser contradição e não é e que volta para sua percepção visual de corpos, fezes e excisões dérmicas e os primeiros policiais nada encontraram: bem, eu acredito que estava descrevendo um quarto secreto, provavelmente com algum tratamento específico que, uma vez lacrado, não pode expelir os cheiros comprometedores da morte. Fique em paz, os policiais não estão doentes…
      Pena que a leitura ficou incompreensível para você, realmente quis.
      Vou observar aspas – e olha que a nuvem do Google é bem chatinha, mas está salva em espanhol, deve ter me traído.
      Vou fazer uma leitura observando a pontuação.
      Grata pelos apontamentos.

  10. Higor Benízio
    12 de junho de 2019

    Resumo: Aparentemente um casal mantem um quarto onde prisioneiros são torturados. Ao final, a polícia chega e “descobrimos” que o narrador estava morto o tempo todo.

    O texto está bem confuso, bem confuso mesmo. E um conto ruim, com pontos e vírgulas mal colocados, como no trecho: “A noite chega, mas, meu desespero em deixá-los sozinhos ali dentro, não me conformo, mesmo não podendo fazer nada. ”
    Precisar amadurecer a escrita. Como todos nós, sempre.

    • Elisabeth Lorena Alves
      16 de junho de 2019

      Olá, Higor.
      Vou iniciar do fim e seguir seu conselho: “amadurecer a escrita”.
      Quando a pontuação, tenho mania quase dialetal de utilizar vírgula depois de advérbios e nesse texto fui fundo, juro que tento enxugar, porém (,) é mais forte que eu, quanto a essa “confusão” que você vê, ao menos nessa parte, posso explicar: o fato de ter seu corpo ou o que restou dele da sala de tortura faz com que o narrador se angustie e perca o fio do pensamento, destacar essa frase sem observar o que está fora do texto aleija a compreensão. O narrador é uma alma ou espírito, como queira, que não consegue se distanciar do que foi sua forma física. Ele se entende como uma presença protetora, mesmo deixando claro que nada pode fazer.
      Pena que você achou meu Conto ruim…
      Mesmo assim, agradeço a leitura.
      Vou ali me cortar…

  11. Em uma pequena cela, dois prisioneiros são mantidos em condições precárias. Na medida em que o texto vai desenrolando, percebemos se tratar de crianças, um menino e uma menina, presos ali por um casal de adultos – seus pais. O narrador é um misterioso observador, que participa da cena sem ser notado. A vida precária dos prisioneiros está prestes a ter um fim, quando há uma ação inesperada.

    Conto bem redigido, com descrições bem feitas de um ambiente desagradável. Não há muita ação, é o tipo de conto em que o narrador vai descrevendo cenários e situações e o leitor, por sua vez, vai descobrindo do que se trata. Um texto com tanta descrição e poucas ações acaba, por um lado, sendo monótono para o leitor. Mas acredito que o autor/ a autora controlam bem a narrativa e constrói um texto bem feito.

    • Elisabeth Lorena Alves
      17 de junho de 2019

      Olá, Fernando.
      Obrigada pela leitura.
      Vou observar melhor o desenvolvimento.
      Grata

  12. Momo Blair
    26 de maio de 2019

    Conto: Mater Malum – A Mensageira do Mal
    Autor: Chris Crawford

    Resumo: O Fantasma de uma criança morta observa agoniada, sem poder nada fazer e ajudar, a tortura de seus irmãos mais novos. As crianças ainda vivas que estão sendo torturadas por um casal que deveriam ser seis pais, sofre muita violência e humilhação. Quando as crianças vão tragicamente serem assassinadas a polícia invadi o local e salva as duas crianças que sobraram.

    Crítica: Inegavelmente é uma história de horror, uma história que realmente incomoda e as vezes causa repulsa, isso é muito importante para a proposta, faz do conto uma história de terror eficaz. Achei bem interessante a história ser narrada por um personagem em primeira pessoa que é um fantasma, e isso dá um contraponto muito legal, o grande vilão da história são os vivos e não os mortos. É uma história bem descritiva, muito bem detalhada, não acontecem muitas coisas, na verdade o conto se trata apenas sobre tortura de crianças em sua reta final, sendo encaminhadas para a morte ou abatedouro, isso foi o suficiente, não precisava mais disso, apenas isso alimenta com sucesso um bom terror. Na minha opinião um final igualmente trágico, como foi o do narrador, seria ainda mais impactante, pois o leitor espera a todo momento uma salvação que realmente se concretiza no final, mas super entendo a escolha, eu mesma fiquei feliz e aliviada com a chegada da polícia. Lembrando, que se o leitor realmente se importou com os personagens é porque a história foi de certa forma convivente, pessoas psicopatas existem, foi um BOM terror realista, mostrou que não precisa de sobrenatural para dar medo. Parabéns.

    • Elisabeth Lorena Alves
      16 de junho de 2019

      Olá, Momo
      Confesso que começar sua crítica com o adjetivo eficaz meio que me assustou. A eficácia não é minha melhor qualidade e as demais críticas mostram isso.
      Repulsa é um sentir que mescla expressão física e emotiva e conseguir isso de um leitor é bastante interessante, acho que consegui despertar a empatia do leitor. Gosto da sua percepção de que o meu narrador serve para mostrar que o perigo está com os vivos, se fiz de propósito é uma resposta que levarei comigo – hehehe, um autor, mesmo que amador, pode ter seus segredos…
      Gostei da sua percepção: “não acontecem muitas coisas” e confesso, era isso que esperava dos leitores, perceber que o terror e o medo está no que não acontece, essa ausência faz com que os horrores da prisão se intensifiquem, atinjam a alma, congelando-a sem libertá-la de fato. A tortura está também no esperar acontecer…
      Como vítima de narcisismo perverso fica difícil para mim construir um final não esperado nesse Conto, justamente por abordar a perversidade no ambiente materno…
      E que bom que você conseguiu perceber que apesar da condição de fantasma de meu narrador, a força de meu Conto está no plano real…
      Grata pela Leitura

  13. Amanda Gomez
    25 de maio de 2019

    Olá,

    A história de um casal de psicopatas que mantem crianças, possivelmente seus filhos(?) em cativeiro e os torturam até a morte. A história é contata pelos olhos de um dos irmãos que já está morto, é uma alma que vaga na esperança de libertar os mais novos. No dia em que eles iam se livrar de todas as crianças da pior maneira a policia chega e põe fim ao sofrimento dos mais novos e dos mais velhos que não tiveram a mesma sorte.

    É um conto que se sustenta quase que totalmente nas cenas de horror, repete-se muito essas cenas, as angustias, os medos as torturas, os cheiros. Isso é basicamente o conto inteiro. Há um problema de estrutura, os parágrafos são longos com uma pontuação estranha, que confunde mesmo, tive bastante dificuldade com essa leitura, por esse problema de estrutura mesmo, de não saber quem narra, e os diálogos…e enfim. Confuso.

    O conto retrata algo horrível que infelizmente é real, quantos casos não conhecemos ? não com essa riqueza de detalhes torturantes, mas igualmente horrível. Acredito que a intenção do autor foi mostrar essa realidade em um conto, as emoções e etc. Conseguiu, mas pecou no desenvolvimento.

    Boa sorte no desafio.

    • Elisabeth Lorena Alves
      16 de junho de 2019

      Olá, Amanda.
      Obrigada pela leitura.
      Vou observar melhor o desenvolvimento.

  14. Vera Marta Reis
    23 de maio de 2019

    Mater Malum- A mensageira do mal ( Cris Crawford)
    Um quarto, a busca, onde arrastam móveis, procuram pensando ter pessoas atrás da parede.
    Silêncio, não sabem se podem confiar nas vozes estranhas.
    Estão presos, magros, sujos, secos, desnutridos.
    Passos no corredor, o homem traz comida, a mulher fala que teve alguém no local.
    Após canto e açoite, vão jantar. Deixam a limpeza para depois.
    Voltam preparam mesa, foice, martelo,
    Agulha, máscara de ferro. A polícia os interrompe.
    Pele preservada, os outros filhos não tiveram esta sorte.

    • Elisabeth Lorena Alves
      16 de junho de 2019

      Olá, Vera.
      Obrigada pela leitura

  15. Vera Marta Reis
    23 de maio de 2019

    Mater Malum – A mensageira do mal
    ( Cris Crawford
    O narrador fala de criançada prisioneiras na parede.
    A busca, sem que encontrem nada que algumas crianças afirmaram ouvir.
    Assustadas, magras, desnutridas e sujas, seguram a respiração. Não sabem se podem confiar.
    Passos ecoam trazendo comida e são espancados.
    Desconfiam que alguém esteve no local.
    Saem para jantar, combinando uma limpeza para o outro dia.
    Preparam a mesa, foice, martelo, agulha, máscara de ferro.
    Novamente o narrador fala do desespero do que ocorrerá.
    A polícia interrompe a cerimônia.
    A pele preservada, os outros não tiveram defesa, apenas os mais novos sobreviveram.

  16. Estevão Kinnek
    23 de maio de 2019

    Resumo: crianças são torturadas por um casal, enquanto o espírito de uma criança já morta pela dupla assiste a tudo, sem nada poder fazer.

    Comentários: É um texto bem complicado, precisei ler duas vezes para compreender. Na primeira, achei que seria algo como o que vi no filme “Os Outros”, mas não, é bem diferente. A narrativa é angustiante. O tom do terror existe, estamos a todo momento sendo obrigados a observar aquela situação perversa e dramática das crianças que estão presas. É revoltante. Revoltante porque sabemos que na vida real muitas crianças passam por isso, por tortura, atos de violência, como se fossem nada. O conto perturba também por isso.

    Primeiro conto que me despertou a sensação de medo. Não digo pavor, mas medo, sim, pelo que poderia acontecer às personagens. E esse foi um saldo bem positivo, parabéns! Gostei também que o narrador manteve o tom empregado à narração do começo ao final. Quanto aos toques gramaticais, apenas uma revisão para cortar o que não é tão necessário assim, se houve mais que isso eu não consegui perceber, tanto que estava mergulhado na narrativa. Valeu a leitura!

    • Elisabeth Lorena Alves
      16 de junho de 2019

      Olá, Estevão.
      Já vi que vou ter que assistir “Os outros”. Hehehe.
      Não me importo que o leitor faça uma segunda leitura, na verdade, aposto nela. A segunda leitura é o segundo olhar, ele já vem carregado com algo mais que a curiosidade crua, ela pede empatia e envolvimento maior por parte do leitor. E isso é que faz com que apreendemos mais de nós no texto – aff, ainda bem que Antonio Candido não pode me bater…
      Bem, mas fugindo do *”pro-lixismo”… A revolta é importante em uma leitura como essa carregada dos horrores do homem contra seu semelhante e principalmente quando estamos falando sobre crianças.
      Medo para mim é essencial no terror e é bom ver que alguns dos colegas leitores marcaram isso, sinal que neste ponto atingi meu objetivo. O tom do narrador é sempre minha preocupação, principalmente quando quero trabalhar uma narrativa mais próxima do tempo sem destacá-lo tanto.
      Vou anotar sobre a revisão.E obrigada por dizer que conseguiu mergulhar no texto, isso é libertador para mim.
      Grata pela leitura.

      * a quem interessar possa: pro-lixismo: lixo, descarte, etc…

      • Estevão Kinnek
        16 de junho de 2019

        Oi, moça, então, quando eu vejo que me envolvi demais com o texto eu acabo relendo, porque esse envolvimento às vezes atrapalha, tenho receio de perder algum coisa… Eu gostei bastante do seu estilo narrativo. Parabéns, viu?

  17. Antonio Stegues Batista
    20 de maio de 2019

    Uma história de terror, crianças sofrendo torturas sem explicação. Simples maldade? Não sei.
    Muitas perguntas sem resposta, apenas cenas de terror, narração de alguém morto, sem início, mas com um final que pouco ou nada explica. Foi a opção do autor. Parece que a história é assim e pronto! O título deve ter alguma relação com a personagem; ela é a mãe do mal, e é só. Talvez se o narrador explicasse o que, como, quando e porque começou tudo aquilo, a história ficaria melhor.

    Boa sorte no próximo tema.

    • Elisabeth Lorena Alves
      16 de junho de 2019

      Antonio Stegues Batista
      Grata pela leitura.
      Mãe do Mau não digo, mas ela os pariu… está posto no texto.
      Espero agradar no proximo tema…kkk

  18. Thiago Barba
    16 de maio de 2019

    Conta a história de um prisioneiro, num local onde tem outros prisioneiros, que são levados para tortura até a morte. Ele vê a quase morte de seus dois irmãos.
    Gostei muito da narrativa. De início tive a impressão de estar lendo uma dramaturgia contemporânea, mas do meio para o final vai perdendo um pouco a característica e vai seguindo para a linha do conto.
    Ritmicamente ele me aparentou dois fôlegos, do início num ritmo acelerado, ao final um ritmo mais lento, não tanto pelas frases, mas pelas imagens criadas por quem escreveu.
    Gostei dessa diferença do início para o final, me trouxe um outro gás para a leitura, me deixando sempre no texto, tem uma ótima dinâmica.
    Final da história surpreendente pelos irmãos que terminam vivos, mas o narrador já estava morto.
    Apenas dois pontos negativos. A polícia que chega do nada pra salvar. Solução fácil para o problema. E o outro ponto o título. Quando li, imaginei que leria um conto bem terrível, sem técnica de escrita, sem vivacidade, pois é um título utilizado nos filmes ruins de terror. O Título não faz jus ao conto.

    • Elisabeth Lorena Alves
      16 de junho de 2019

      Olá, Thiago
      Vou começar pelo fim. Pena que os filmes trashs estraguem nosso velho e bom Latim.
      Minha intenção era marcar desde o início a dubiedade semântica sagrado-maligno já que estava falando de uma mãe que tortura os filhos. Acho que com você não acertei bem a mão pela referência externa negativa – o lado ruim de se ter um leitor empírico, mas não curto muito o direcionar interpretação de quem irá ler meus textos… Não quis usar quebra de janela, queria um texto mais intimista, subjetivo e nem sempre isso funciona bem para o escritor – como foi meu caso…
      Solução fácil… Aqui outro pecado meu. Quis um narrador menos intuitivo e ele não pode saber o que acontece fora desse espaço em que ele está. Fora que o narrador é um espírito que ainda não consegue estar em um lugar em que seu corpo – ou o que restou dele – não está.
      Minha intenção foi realmente justapor sensação e ação: quando da primeira visita da polícia e os momentos que sucedem a esse fato, o aceleramento, o desespero e o temor de que o que vai acontecer seja bom ou ruim e nada acontece e, depois a lentidão da certeza de que nada externo vai interferir no que é irremediavelmente o fim, então a tensão se desfaz e quebra-se com a chegada da Polícia. Queria imprimir outro ritmo à leitura e parece que com você consegui…
      Grata pela Leitura

  19. Fabio Monteiro
    12 de maio de 2019

    Mater Malum (A mensageira do mal) de Chris Crawford

    Narrativa de contexto bem diferente do esperado. Um quarto, a cena de um crime, duas crianças e dois possíveis torturadores. Um menino e uma menina que se estão presos, acorrentados, a espera da morte.

    Pontos fortes: A pessoa que narra a história toda já esta morta e a espera de uma solução do problema. Isso me deixou apreensivo, pois, durante toda a leitura eu pensava no por que ele não conseguia gritar de forma alguma.

    Ponto Fraco: Não vi nenhum na narrativa. Só não gostei do titulo.

    Existe um termo chamado de mater amabilis que se refere a mães amáveis. Eu pensava com o titulo se as crianças faziam parte dos laços maternos de uma mãe insana. Não há certeza da origem dos possíveis maníacos usados nesta narrativa. Porém, creio que isto a torne também interessante.

    • Elisabeth Lorena Alves
      17 de junho de 2019

      Fábio Monteiro
      Grata pela leitura.
      Sobre sua Análise:

      Que bom que conseguiu entender a posição do narrador. Sim, ele está morto e não consegue interferir nos acontecimentos, embora sinta que ajuda de algum modo
      Que bom que não viu nada de errado. Exceto o título.
      O nome usei por vício de cátedra. Sou de Humanas e tem costume acadêmico que se condensa em nossa personalidade.
      A informação sobre o parentesco deles está no décimo quarto parágrafo: “O homem que um dia foi nosso pai, traz a menina como um lixo qualquer e coloca de pé no piso elevado, próximo a mesa.”
      E sim, tentei segurar a informação de parentesco mesmo contando com um título óbvio: “Mãe Maligna”.

      Elisabeth

  20. Prometeu
    10 de maio de 2019

    O texto conta sobre três crianças presas em um cômodo. Elas sofrem maus tratos e passam fome, acorrentadas e entregues à própria sujeira. Um dos meninos já morreu. Seu espírito se vê preso ainda à realidade material. Ele sofre duramente com a tortura das duas crianças. Policiais vasculham a casa, mas não encontram a cela onde estão presos. Eles se vão. Um homem vem e lhes empurra um pouco de comida na boca. Bate na menina por ter urinado no chão. Ele se vai e uma mulher chega. Ela percebe que a polícia esteve lá. O espírito do menino morto tenta afastá-la, entretanto não consegue. O homem retorna e junto com a mulher se preparam para a última sessão de tortura. O menino morto se desespera. Não pode fazer nada. A mulher deita a menina, que não podia nem mais andar, começa a torturar-lhe. A polícia chega e os pega em flagrante.

    O conto tem um enredo bom, mas está escrito de forma amadora. Achei um pouco confuso também. Você precisa trabalhar o texto para que fique mais redondinho, com as partes se conectando mais harmoniosamente. Poderia construir os cenários mais claramente. O que eu gostei foi o clima tenso que você criou e manteve até o final. O português é bom.

    • Elisabeth Lorena Alves
      17 de junho de 2019

      Prometeu, olá.
      Obrigada pelas dicas.
      Tenha uma boa vida.
      Lembrancas à Zeus, “porfa”.
      Elisabeth

  21. neusafontolan
    6 de maio de 2019

    Um ótimo conto de terror.
    Pelo menos esse teve um final feliz.
    Parabéns.

  22. José Leonardo
    5 de maio de 2019

    Olá, Chris Crawford.

    SINOPSE:
    Várias crianças estão confinadas num quarto de tortura, que de fato é um palco de horrores, com esqueletos e excrementos. O foco narrativo é em primeira pessoa, de alguém que observa sem qualquer possibilidade de ação para proteger aqueles que, parágrafos depois, descobrimos se tratar de seus irmãos naturais ou de cárcere. Mais detidamente, duas crianças estão presas em correntes e aparentemente serão as próximas a sofrerem tortura. Enquanto o casal de torturadores aplica seus instrumentos nas duas crianças, ouve-se a chegada da Polícia. A torturadora é alvejada. A narradora, que está morta, ao menos pode diminuir sua aflição com a vida poupada do garoto.

    ANÁLISE:
    O conto é exitoso do início ao fim quanto àquela atmosfera proposta, que é sufocante e pesada. Praticamente não há refugos. Imergimos na angústia desse quarto de torturas; a narradora é crível, não é forçada, e podemos entender seu sofrimento e sua impotência diante daquilo que lhe é tão familiar. A execução, o estilo, está impecável, a meu ver. Creio que haja muitos méritos no seu texto. O mais interessante é que, apesar do elemento sobrenatural (e da falta de sua intervenção), “terror”, aqui, define-se por elementos que estão exclusivamente na esfera da ação humana. Não conhecemos a motivação dos carrascos. Essa imprecisão permite ao leitor aduzir qualquer motivo, e a História nos tem apontado um caçambão de maus pretextos para atos afins, desde encarceramentos isolados (maníacos, psicopatas etc.) até aqueles em massa (campos de concentração), mas aqui já estaria tateando o terreno especulativo, o que não é minha intenção. (Por curiosidade: Olga-foice-martelo, como combinação ao acaso, faria algum sentido?)

    Em resumo, vê-se que o autor tem pleno domínio do uso da Língua e elaborou um enredo torturante num estilo preciso. Parabéns.

    Desejo a você sucesso neste desafio.

    • Elisabeth Lorena Alves
      16 de junho de 2019

      José Leonardo
      De principio, “gradecida” pela leitura, vou pontuar suas observações desde o início:
      Bom saber que você se envolveu na atmosfera, sentindo seu peso e sufoco. Isso,em si, já é um elogio bárbaro!
      E você aponta diversos acertos em minha narrativa. A credibilidade do narrador-personagem. Meu estilo ou estilo do texto – tanto faz… A natureza humana ou desumana do texto em que a narrativa é do ser sobrenatural e que que costumeiramente traz o terror aos vivos. Bem, a motivação do Narcisismo é desconhecida. É considerado por alguns um transtorno de perverção de caráter e por outros um trasntorno psiquiátrico, certo mesmo é que não há torturar o outro não é justificável nem em guerra, principalmente quando a vitima é um filho qie ps pais deveriam proteger.
      O truque para você entender melhor está no texto, desde o nome que mistura Latim, uma lingua sagrada para o Catolicismo (antigo?) e a oração adjetiva explicativa que vem depois do hifen – A Mensageira do Mal. Suprimi o uso da virgula de forma proposital porque para buscasse o uso do pseudônimo o Conto se desnudaria. Cristina Crawford é a autora do livro “Mamãe Querida” (1978), que depois virou filme. Cristina é a prkmeira pessoa famosa a apresentar o Na rcisismo Materno ao mundo. Se a barreira de significados fosse quebrada aí, meu Conto perderia o tema interno, já que o parentesco entre carrasco e vitimas está no meio dele. Foice e Martelo estão no texto porque sim, fazem eu pensar mais em tortura que em trabalho, dado as minhas muitas leituras sobre a Morte e a Tortura, principalmente em-entre guerras. Eu poderia satisfazer sua curiosidade com Olga, omitindo a verdade, mas não farei.
      Olga é sim um nome proposital, mas usei pela possibilidade de utilizar o significado em nosso vernáculo: olga, substantivo feminino, de uso agricola, 1. área de cultivo delimitada; leira.2.
      depressão em terreno fértil. E tudo o que está ligado à terra encontra simbolismo na figura materna: proteger, suster, amparar. Só que a terra também guarda os corpos dos mortos – a Olga não, ela não tem respeito nem vivos e nem pelos mortos. A outra possibilidade de Olga é etimológica. É um nome -Halag – de origem escandinava e que chegou até nós através dos russos, já que foi a primeira mulher canonizada. O “pulo do gato” está no significado original: “a consagrada a Deus”, “a Sublime”, “Santa”.
      Grata pela leitura.

      PS. Curiosamente, “consagrada a Deus” é o significado de meu verdadeiro nome: Elisheva (אליזבת).

  23. Paulo Cesar dos Santos
    4 de maio de 2019

    Mater Malum, em sua obra, fala sobre o mal que um casal proporciona a crianças, que estão aprisionadas e não podem fazer nada, apenas conviver com o medo e um destino certo. Estão acostumadas aos maus tratos e sabem que será sempre assim, porém, um dia isto acaba com a chegada da polícia.
    Chris Crawford, espero que aceite minhas criticas como construtivas. Vi assim as feitas sobre meus trabalhos e sempre rumo a escrever melhor, aceito a visam de outras pessoas e isto ajuda a melhorar.
    Eu, lendo coisas que escrevi há cinco anos, hoje rio de alguns erros, concerto lendo e escrevendo mais. Acho que deveria fazer também. No modo como eu vejo, algumas frases são desconexas, que você poderia/deveria escrever de outro modo, pois isto, deixaria aquilo quer você quer dizer, de um modo mais fácil de se entender sua ideia.
    Mas assim, é como eu vejo e posso estar enganado, por exemplo: “….A mesa está preparada. Foice. Martelo. Agulhas. Máscara de ferro….” A mesa está preparada, cheia de coisas horrendas, foice, machado, agulhas, até uma mascara de ferro…. Por favor, é apenas uma dica, uma visão minha. acho que treinar mais, ler, ler, ler e escrever muito, vai ajudar você a melhorar.
    Sucesso…

    • Elisabeth Lorena Alves
      16 de junho de 2019

      Oi, Paulo Cesar.
      Entendi sua proposta quanto ao campo semântico, mas acredito que você não percebeu o meu plano de ideias – sinonimia/antonímia. Há no Conto mesclas semânticas que quis que fossem sutis: ‘Mateŕ’ sagrada, sacerdotisa e cântico levaria à essa mesa com os apetrechos de tortura sem a marca da maldade explícita. A maldade e a morbidez deixei, propositalmente, nos outros elementos.
      Seguirei seu conselho e lerei mais. Quanto ao “concerto” não vai dar para fazer pois não sou boa com música – desculpe o trocadilho idiota. Kkkk
      Obrigada pela leitura.

  24. Leide Pereira
    4 de maio de 2019

    O autor parece refletir a dor do convivio com narcizistas contumazes,pessoas que se alimentam da dor, da agonia.Um conto ressaltando psicopatia humana, a crueldade donde deveria haver amor. Uma ficção que retrata uma sociedade ausente, sem percepção sobre o OUTRO, e absolut
    amente sem empatia.

    • Elisabeth Lorena Alves
      16 de junho de 2019

      Leide Pereira
      Agradeço a Leitura.
      Sim, o Conto mostra uma relação unilateral narcisista, pelo ponto de vista de uma das vítimas, que é um narrador homodiegético. E é essa posição que possibilita retratar os males provocados pela inêrcia da Sociedade excluisivamente pautada na cegueira em relação ao outro e a falta de empatia, como você observou.
      Abraços…

  25. Sidney Muniz
    2 de maio de 2019

    Resumo: Mater Malum – A Mensageira do Mal (Chris Crawford)
    Viajamos nessa narrativa aos olhos do personagem que assiste seus irmãos terem os mesmos destinos do dele. A mãe do mal e o pai lhe torturam até a morte, arrancam as peles literalmente das crianças uma a uma. Qual seria a prisão pior? Ser morto e vagar como ele sofrendo assistindo aquilo ou ficar acorrentado esperando quando a porta se abrirá para que você seja torturado até a morte? O conto termina com um final feliz quando a polícia entra num momento de total impotência do fantasminha que não consegue fazer nada a não ser sofrer com o sofrimento dos seus irmãos, e assim a mãe do mal é morta.
    Um conto que tem uma narrativa densa, é um conto que usa do suspense como pano de fundo para apresentar um terror um pouco mais sólido que os demais até aqui, mas ainda assim peca pelo final a desejar, poxa, esse final foi abrupto demais e ainda mais tão feliz, esperava que pudesse ter um pouco mais de suspense e sofrimento.

    Num geral o conto é bom, a narrativa é muito bom, não vi nada quanto a gramática, talvez os parágrafos estejam um pouco longos, mas é questão e estilo e isso não dá para criticar negativamente.

    O medo tem som e eco. – Muito bom isso! A melhor frase do conto para mim.

    Avaliação:

    Terror: de 1 a 5 – Nota 3,5 (Quando pensei que ia chegar no ápice a cena foi cortada e virou um conto policial, uma pena)

    Gramática – de 1 a 5 – Nota 5 (Não vi nada de errado)

    Narrativa – de 1 a 5 – Nota 4 (Muito boa, mas senti falta de descrições dobre o ambiente, as emoções e intenções em contrapartida estão bem descritas)

    Enredo – de 1 a 5 – Nota 3 ( A ideia é um pouco melhor que as demais até agora, mas o enredo tem um desfecho que deu aquela tristeza, poderia ter ousado mais)

    Personagens – de 1 a 5 – Nota 3,5 (Aqui tive mais empatia pelo persona, senti, claro um pouco de ranço quando ele vira o Patrick Swayze, e tenta mover as coisas, mas relevei isso ao máximo.)

    Título – de 1 a 5 – Nota – 4 (Gostei do título para um conto de terror)

    Total: 23 pts de 30 pts

    • Elisabeth Lorena Alves
      17 de junho de 2019

      Olá, Sidney Muniz
      Kkkkk. Patrick Swayze, boa!
      Porém, vamos à parte séria.
      Você achou meu Conto denso… Mas achou o fim abrupto…
      Que bom que o Suspense agradou sua percepção. Era meu intuito mesmo, usar o suspense como parte importante da trama, para mim, enquanto leitora, Terror sem arrepios e expectativas não é terror, é comédia. Perceber que você, lendo, percebeu a tecitura de forma correta me agrada e quase esqueço do denso-abrupto intragável (hehehe).
      Bem, infelizmente, citando seu comentário, não senti necessidade de “ter um pouco mais de suspense e sofrimento.”, porque, apesar do narrador fantasma, minha dor estava o tempo todo presente, a expectativa da dor é tão real quanto a dor em si quando se vive sob tortura e foi isso que tentei passar com o texto. Não consegui isso com você, infelizmente.
      Realmente, tenho problemas com parágrafo. Na faculdade fiz uma prova de quatro (4) páginas de texto com um único parágrafo. E pior, não foi para o livro de Recordes – odeio o novo nome: Guinness Records.
      Acredita que quase tirei isso sobre a Sinestesia do medo? De o sentimento ter som e eco? E tinha gostado. Pensei em tirar isso e de fazer o narrador inanimado – o que ele é, mas queria que ele tivesse consciência total disso. Entretanto, ele tenta se mover – o que mostra que não tem certeza de sua inabilidade
      Vamos à Avaliação:
      Era um terror de suspense com polícia desde o início. Mas vou tentar alongar os ápices e fazer um terror aterrorizante para você. (Hehehe – porém, como não conheço seu envolvimento com o que e terror, posso não agradar de novo!)
      Em Gramática… tinha alguns erros sim… Infelizmente.
      A Narrativa – que bom que você não teve uma percepção do ambiente. Foi proposital. Quis deixar o mínimo, porém o importante: paredes e portas ocultas, apesar de luz indireta, geladeiras com sujeiras, corpos secos atrás dos corpos das crianças acorrentadas. O Ambiente era o campo das emoções. Essa de Nota 4 teve valor de mil para mim.
      Quanto ao Enredo, pena levar 3… Acreditava, pelos seus comentários que só tivesse pecado no Desfecho, mas errei em algo mais… Foi na Situação inicial? Não consegui convencer você de quão equilibrado estava meu tecido, apesar do peso da trama?
      Não foi no Estabelecimento de um conflito, pois você elogiou o Suspense e tentei elaborar a caramuça exatamente na expectativa. O Desenvolvimento você pontuou com qualidade, disse que a Narrativa era boa… Será que não criei um bom anti-clímax e clímax?
      Bem, vamos à minha risada inicial. Em uma história com um fantasma que fala e quase quebra a quarta parede – nenhum comentarista viu isso! – era natural, frente às torturas sofridas por seus iguais – crianças/prisioneiros/irmãos – tentar fazer algo. E não, eu não pensei em ‘Ghost’ nessa hora. Qualquer alusão ao personagem Sam Wheat de Patrick Swayze foi totalmente inconsciente. (Santo Google, obrigada pela pronta resposta)
      O Título parece que não foi do agrado de todos… provavelmente pelo desconhecimento do Latim… Mas você até gostou, que bom!
      De resto, grata pela Leitura.
      Elisabeth

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Publicado às 1 de maio de 2019 por em Liga 2019 - Rodada 2, Série C - Final, Série C2 e marcado .
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