EntreContos

Detox Literário.

Santo Segredo (Regina Ruth Rincon Caires)

No canto do quarto, no restolho de um berço, Zaqueu dormia. Aquele arremedo de cama, sem grades laterais, havia servido como abrigo de muitos rebentos, ali, por aquelas paragens.  De tamanho reduzido, não permitia que o menino esticasse as pernas. Dormia como vivia: encolhido. Não reclamava, era o suficiente. 

Pareada com a dele, a cama grande da mãe era dividida entre ela, Gerusa – a filha mais velha, já moça, e a caçulinha. Mais lá no canto, dormiam os gêmeos, um cheirando o pé do outro. O espaço era abarrotado, sobrava apenas um vão para a velha cômoda, perto da porta. Móvel imenso, carregado por gerações. E sobre a cômoda, a santa. 

Desde os quatro anos, Zaqueu passou a coabitar com a santa.  Até então, era apenas uma peça de barro, um adereço que a mãe cuidava com muita afeição e que servia para escorar um puído rosário que lhe era enlaçado nos ombros. 

De início, a convivência com a santa foi turbulenta. Tempo de pavor, de gritaria, de desespero. Um desassossego só. Período sem entendimento. Foram muitos tapas, beliscões, conflitos, engalfinhamentos.  Ninguém compreendia as atitudes de Zaqueu. Era desacreditado, tido como doido. Mas, não era. Só ele sabia que não era. Só ele, não. Ele e a santa.

Nem bem escurecia, não restava opção que não fosse se aninhar. O dia levava, com a sua claridade, as brincadeiras, o andar sem rumo, a largueza de correr pela estrada tentando chegar ao encontro do céu e da terra, lá no fim, no mesmo lugar em que se esconde o pote de ouro. E todos se recolhiam. A mãe e a irmã mais velha, cansadas com a trabalheira do dia, dormiam assim que colocavam o corpo na cama. Parecia desmaio. Os gêmeos ficavam arreliando por um tempo, mas logo o sono os vencia. A caçula, pendurada na mirrada teta da mãe, resmungava por pouco tempo.

Zaqueu, não. Lutava contra uma insônia sem nome. Remexia-se tanto na minúscula cama que o pano amarfanhado que forrava o colchão escapava das beiradas. E aí, nessa briga de pernas, tudo começou. 

Em noite de lua clara, com a luminosidade que vazava as telhas desalinhadas, conseguia divisar os vultos da mãe e dos irmãos. Mas, nas noites negras, na pretura do quarto, não via nada, absolutamente nada. E observava tudo isso quando estava deitado, com a cabeça levemente alteada pelo surrado travesseiro. Tinha uma visão turva do ambiente, menos da santa. Ela estava sempre lá, no lugar mais alto, imponente. O rosto era suave, havia mansidão naquelas mãos em gesto de dar, de receber. Era bonita. A cobra sob os pés era o incômodo. O menino não entendia a razão de aquela cobra fazer parte do adorno. Mau gosto.

Nesse tempo, Zaqueu não tinha mais que quatro anos. Não havia razão aparente para a falta de sono. O corpo estava sempre cansado das estripulias do dia, a comida era pouca, mas costumeira. Só o que lhe cutucava o sossego era a saudade do pai. Havia partido em busca do sonho sulista logo que a mãe embarrigou da caçula.  Até ali, nada de notícia. Era só essa amolação que ele remoía. Nada mais. Era uma saudade tão aguda que não tinha dia que Zaqueu não apertasse os olhos para tentar ver o pai despontar lá longe na estrada, voltando.

E numa noite, num repente, Zaqueu olhou o vulto da santa e percebeu que o quarto começou a ficar iluminado. Era uma luz tão intensa emanada das mãos e da cabeça da santa que parecia feixe de raios incandescentes. A potência da luz era tamanha que ofuscava totalmente a visão, alucinava, cegava. Queimava os olhos. Não havia como olhar demoradamente naquela direção. E Zaqueu, assustado, gritava, se debatia, pedia para que a mãe desviasse aquela luz. 

A mãe, sem entender o pavor da criança, tentava de todas as formas acalmar Zaqueu. Sentia angústia quando ouvia os gritos em razão de não compreender de qual luz ele falava, que claridade era aquela que ninguém mais via! Querendo engolir a dor que teimava em lhe castigar o peito e lutando para enxotar o pensamento de que o filho era leso das ideias, a mãe ralhava com o menino em altos brados, tentava fechar-lhe a boca, dava-lhe beliscões como se quisesse trazê-lo para a realidade. Ordenava que ele se calasse, que parasse com aquele berreiro que tirava o sossego das crianças. 

E nada. A cena se repetiu por muito tempo.  Zaqueu chorava e gritava até perder o fôlego e adormecer, exausto. 

A caçulinha já corria sozinha por todos os cantos quando, pela primeira vez, após meses e meses de constantes crises de pavor, Zaqueu não se incomodou com as luzes. Não gritou, não esbravejou. Aliás, naquela noite, a santa não ficou iluminada. O menino dormiu encolhido, mansamente. O sono era tão profundo e sereno que, sentindo os sacolejos, Zaqueu despertou totalmente confuso. Custou a perceber que a mulher que o tocava não era a mãe. Era a santa. E não ficou assustado. Não gritou, nem esperneou. Sentou-se, rapidamente. Apesar da escuridão da noite, via com nitidez a figura angelical ao seu lado. 

Com calma, a santa acomodou-se, acariciou os cabelos do menino e tomou-lhe as mãos. Arrepiado, olhou para os pés dela. Ainda bem que a cobra não estava lá. Sentiu um alívio. 

A santa, amorosamente, dizia que Zaqueu não precisava temer a presença dela, que seriam grandes amigos. Sussurrou que estava se sentindo sozinha, que queria conversar, que sofria quando Zaqueu olhava para ela e punha-se a gritar, que nunca teve a intenção de assustá-lo. Ele perguntou a razão do silêncio da santa por todos aqueles anos, que ela poderia ter falado com ele, que ele a teria ouvido. Ela retrucou que não, que ele precisava de um tempo para amadurecer, e agora com sete anos, Zaqueu teria a capacidade de compreender e conseguiria guardar segredo da amizade deles. Se o menino falasse sobre isso com alguém, iria voltar para a condição de amalucado. 

Naquela noite, não conversaram muito. Reservaram tempo para pensar sobre o encontro, sobre as sensações. E vendo que o menino estava sonolento, a santa, sussurrando, entoou uma cantiga de ninar. A melodia na voz tão doce logo trouxe o silêncio. 

Ao acordar, Zaqueu colocou-se diante da santa e, com um sorriso travesso, enviou-lhe uma piscadela. Sentia-se seguro, confiante. Teria um dia ainda mais completo. Passou pela mãe esperando que ela bronqueasse com o falatório da noite. Imaginava que ela tivesse escutado a conversa dele com a santa. Nada. Ninguém tocou no assunto.

Que vontade de contar! Mas não podia, era trato guardar segredo. Um dia alguém iria perguntar.  Até lá, não teria que se preocupar. Levou tempo para ficar convencido de que a conversa com a santa não era percebida por outros ouvidos. Sentiu-se confortado. Teriam muita liberdade nas conversas.  E quantas aconteceram. Encontrava na santa a melhor amiga, a conselheira, a parceira de risadas gostosas, a confidente. Artífice da esperança. 

Demorou a falar sobre a saudade do pai. Por muitas vezes, planejou perguntar sobre a volta dele. Sabia que a santa guardava segredos sobre este assunto, que conhecia os seus sentimentos. Mas tinha medo de ouvir a resposta.  

Zaqueu desenvolvia, a cada dia, uma tolerância amorosa com os irmãos, estava sempre de prontidão para amainar as rusgas entre eles, vivia uma ligação de profundo afeto e esmerada proteção com a mãe. Apesar da dificuldade da vida, do pouco, a paz era infinita. 

De começo, a mãe ficou confusa com a parada da gritaria e do choro.  Observava de longe. Ruminou pensamentos por algum tempo, ficou cismada, mas como a vida já havia lhe cobrado tanto, entregou-se à ventura. Assim era melhor, muito melhor…

Uma noite, resolveu falar com a santa sobre o pai. Perguntou se ele voltaria algum dia. Depois que fez a pergunta, o coração pulava no peito. Queria ouvir, mas queria que a resposta fosse aquela que precisava ouvir. Mas não ouviu nada. A santa não falou. Reservada, combinou que a resposta seria buscada por eles dois, era um novo compromisso. 

Sem entender, Zaqueu nunca mais tocou no assunto. 

E nesse compasso, a vida seguia.  A irmã mais velha já estava casada, os gêmeos eram homens feitos, trabalhadores. Zaqueu era um jovem cheio de sonhos. O maior deles: o sonho sulista. Falava sempre com a santa sobre o desejo de pousar em outras terras. E sentia que este tempo havia chegado.  A mãe acompanhava os planos, agoniada.  

Numa última conversa, sem que ele soubesse que assim seria, a santa, com a mesma ternura, com o mesmo cuidado de todos aqueles anos, alisava os cabelos de Zaqueu e dizia que chegando ao destino, ele encontraria a resposta que mais buscou ouvir. Lá, no desembarque, terminaria o compromisso que eles tinham selado. Então, seria o fim de um tempo e o início de outro. E foi um abraço longo, um abraço de adeus. O menino, que deixara de ser menino, percebeu que seria o último encontro. Não questionou, não pediu, não implorou. Compreendeu. A santa ficaria ali, sobre a velha cômoda. Era o seu canto. 

Em meio a choros e despedidas, bagagem carregada de sonhos, Zaqueu partiu. 

Naquela noite, não haveria conversa com a santa. Nem na outra, nem na outra…

Três dias depois, o ônibus chegava ao destino. 

O dia acabava de clarear, o sol despontava com uma luminosidade intensa, parecia que labaredas brotavam do céu. Zaqueu protegeu os olhos. Desta vez, a claridade descomunal não o fez gritar, nem chorar. Não sentiu pavor, não sentiu medo. Compreendeu. 

De repente, ouviu alguém chamar pelo seu nome. Demorou um tempo para assimilar. Virou-se devagar e percebeu que o velho ao seu lado dizia: “meu filho”…  

Nas mãos dele, uma fotografia. A mesma foto que Zaqueu havia tirado, dias atrás, para fazer os documentos.  

Olharam-se, profundamente, em silêncio. E foi um abraço longo, um abraço de saudade.

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41 comentários em “Santo Segredo (Regina Ruth Rincon Caires)

  1. Regina Ruth Rincon Caires
    31 de março de 2019

    Obrigada pela leitura e pela análise do meu texto. Talvez, para alguns, eu não tenha deixado claro que, no desfecho da história, a mesma fantasia que acompanhava a trama (as frequentes conversas com a santa) levasse ao “milagre” (utopia) de a santa ter enviado a fotografia ao pai de Zaqueu. Como ele recebeu a fotografia do filho sendo que ninguém sabia do paradeiro dele?! Eu quis mostrar a quimera que envolvia o reencontro. Vou tentar melhorar… Abraços…

  2. Wender Lemes
    30 de março de 2019

    Resumo: a narrativa acompanha a história de um garoto de família humilde chamado Zaqueu. Durante seu amadurecimento, Zaqueu desenvolve um relacionamento muito particular com a imagem de uma santa – de tal modo que ela deixa de ser apenas uma imagem. Um foco do texto está no modo como a santa acaba afetando a criança, desde o espanto inicial até a amizade memorável. Por fim, o jovem Zaqueu parece conseguir um último milagre da santa personificada e, após viajar para o sul, acaba encontrando o pai – de quem não tinha notícias há muito tempo.

    Técnica: é visível a simpatia pelo uso de vírgulas no conto. É só uma percepção minha, mas tenho a impressão de que o excesso de pausas quebra a dinâmica da narrativa. Não notei nenhum trecho em que tal uso tenha sido grosseiramente equivocado . Não encontrei também nenhum outro detalhe destacável, visto que o conto foi muito bem revisado.

    Conjunto da obra: ainda que tratando um aspecto religioso como fantasia, o conto é muito sensível e respeitoso em sua abordagem. Acho que, por mais que não tenha se aproximado muito do limite de palavras, a história está bem fechada e esticá-la muito mais seria encher linguiça.

    Parabéns, bom trabalho!

    • Regina Ruth Rincon Caires
      31 de março de 2019

      Obrigada pela leitura e pelos comentários! Abraços…

  3. Jowilton Amaral da Costa
    29 de março de 2019

    O conto narra a história de Zaqueu um menino que cresceu sem a presença do pai e que conversava com uma santa.

    Esse é o comentário certo para o conto. Desculpe pelo comentário anterior.

    Achei um bom conto. Tem uma trama simples, e o final me deixou um pouco confuso, não sei se entendi. O pai dele já o esperava na rodoviária? Isso quer dizer que o pai também falava com o santa, é isso? Está bem escrito, tem boas construções de frases. Só não sei se tem muito de fantasia no conto, e não é uma comédia e sim um drama, mas essa minha cisma não alterara nada na nota final, não se preocupe. Boa sorte no desafio.

    • Regina Ruth Rincon Caires
      31 de março de 2019

      Obrigada pela leitura! Não, o pai não falava com a Santa. Talvez, para alguns, eu não tenha deixado claro que, no desfecho da história, a mesma fantasia que acompanhava a trama (as frequentes conversas com a santa) levasse ao “milagre” (utopia) de a santa ter enviado a fotografia ao pai de Zaqueu. Como ele recebeu a fotografia do filho sendo que ninguém sabia do paradeiro dele?! Eu quis mostrar a quimera que envolvia o reencontro. Com você, não consegui… Que peninha… Abraços!

  4. Catarina Cunha
    29 de março de 2019

    O que entendi: Um menino pobre é assombrado pela luz da imagem de uma santa. Depois se tornam amigos e a santa o acompanha até a fase adulta, sem revelar o destino do pai do garoto que foi embora. Ele parte para o sul buscando vida melhor e reencontra o pai.

    Técnica: Prosa bem escrita, domínio total do texto.

    Criatividade: O imaginário, unido ao sagrado, deu um toque especial à trama.

    Impacto: muito positivo, principalmente nas expressões usadas. Há um esmero estiloso nas construções, um “quê” de intimidade com o cotidiano que me encantou.

    Destaque:” Ela retrucou que não, que ele precisava de um tempo para amadurecer, e que, agora, com sete anos, Zaqueu teria a capacidade de compreender e que conseguiria guardar segredo da amizade deles, e se o menino falasse sobre isso com alguém, iria voltar para a condição de amalucado.” – Kkkk, muito bom o conselho da santa.

    Sugestão: Dar uma incrementada nessa aparição do pai. Ficou meio boiando na trama.

    • Regina Ruth Rincon Caires
      31 de março de 2019

      Obrigada pela leitura e pela análise do meu texto. Talvez, para alguns, eu não tenha deixado claro que, no desfecho da história, a mesma fantasia que acompanhava a trama (as frequentes conversas com a santa) levasse ao “milagre” (utopia) de a santa ter enviado a fotografia ao pai de Zaqueu. Como ele recebeu a fotografia do filho sendo que ninguém sabia do paradeiro dele?! Eu quis mostrar a quimera que envolvia o reencontro. Não consegui, não é?! Vou tentar melhorar… Abraços…

  5. rsollberg
    28 de março de 2019

    Fala, Glória.
    Resumo: A história de Zaqueu, um menino pobre que divide um espaço com seus irmãos, mãe e uma santa. E, justamente, com essa santa trava embates na infância até que um dia ela faz uma aparição. Ela revela-se para o jovem, selando um pacto. Por fim, Zaqueu encontra sua resposta.
    Análise: Um ponto que inevitavelmente se destaca é o fato da história ser narrada basicamente em um cenário, o que é muito difícil e exige muito da capacidade do autor se concentrar nos personagens. A descrição inicial bem detalhada faz o leitor rapidamente imergir no modesto quarto, quase como mais um membro da tal família. O ambiente “confinado” certamente também é um dos protagonistas. Nesse sentido, o autor soube criar uma atmosfera rica e com ótimas passagens, inclusive aproveitando-se do local para descrever certas características, esse exemplo é perfeito: ” Dormia como vivia: encolhido”. Percebo que ao não nomear a santa, o conto ganha uma dimensão espacial genérica, onde sabemos apenas que fica ao Norte do sonho do Sul. Uma opção provavelmente pensada pelo autor.
    Após a primeira aparição da santa, estabelecemos mais contato com Zaqueu e seus anseios. O pacto selado gerou expectativa, bem como a promessa para a resposta principal do conto.
    Contudo, preciso dizer que na minha opinião, o final destoou do resto do texto no que diz respeito a qualidade. Há um paralelismo que entendo como desnecessário. Outrossim, mesmo achando que não existe a menor necessidade de uma reviravolta, ou um final surpreendente de cair o queixo, creio que esse ficou morno e abrupto. Sem contar que a explicação da foto poderia ter vindo antes e não após ao encontro, como que para justificar para o leitor o tal reconhecimento do pai. Como sugestão penso que poderia jogar o fato antes da viagem e no final você arremataria. No roteiro essa é uma solução preguiçosa, mas na literatura creio que seja apenas uma questão de escolha. É realmente complicado fechar as pontas soltas no final sem parecer uma explicação pós-conto. Assim sendo, deixaria ainda uma maravilhosa pulga atrás da orelha do leitor de como essa foto conseguiu chegar nas mãos do pai; uma solução divina, uma ajudinha da mãe, um irmão?
    Já me desculpando, vou usar um exemplo tolo de como chegou pra mim:
    Autor:”Ai ele pegou a espada e matou o Dragão” Leitor: Como assim?
    Autor: Porque no dia anterior ele havia esfregado sua espada em Kriptonita” Leitor: Ah tá.
    Sacou?

    Enfim, resta claro que na parte técnica é um conto acima da média. No que diz respeito ao tema, é possível enquadrá-lo na fantasia, embora tenha menos natureza de causo do que de mundano.

    Bom conto.
    Parabéns e boa sorte.

    Ah, mais uma vez peço desculpa pelo exemplo tosco.

    • Regina Ruth Rincon Caires
      31 de março de 2019

      Obrigada pela leitura e pela análise do meu texto. Talvez, para alguns, eu não tenha deixado claro que, no desfecho da história, a mesma fantasia que acompanhava a trama (as frequentes conversas com a santa) levasse ao “milagre” (utopia) de a santa ter enviado a fotografia ao pai de Zaqueu. Como ele recebeu a fotografia do filho sendo que ninguém sabia do paradeiro dele?! Eu quis mostrar a quimera que envolvia o reencontro. Não consegui, não é?! Vou tentar melhorar… Abraços…

  6. Daniel Reis
    26 de março de 2019

    BREVE RESUMO: Zaqueu desde criança vê a santa do seu quarto ganhar vida, e de certa forma guiá-lo e protegê-lo nos cuidados com o irmão e a mãe, já que o pai foi trabalhar no sul. Aos poucos, começa a conversar com a aparição, em segredo, até que, já adulto, vai para o sul também ganhar a vida, e não mais falará com a santa. Ao chegar lá, para sua surpresa, seu pai o espera.
    PREMISSA: a premissa do fantástico está nas conversas entre o menino e a santa – tema ainda que bastante explorado em histórias como Marcelino Pão e Vinho, ou Dom Camilo, se mostra bastante aberto a novas narrativas.
    TÉCNICA: a técnica é precisa, sem floreios desnecessários, sendo utilizada em proveito da história.
    EFEITO: foi a narrativa que mais me cativou – não sei se por ter essa imagem da santa iluminada no nicho da casa da minha avó, na infância, e as histórias que ela contava sobre Santa Rita de Cássia e outras mais. O autor não exagera, felizmente, na emoção, mas conta uma história simples, ainda que tocante. Meus parabéns!!

    • Regina Ruth Rincon Caires
      31 de março de 2019

      Obrigada pela leitura e pelo doce comentário. Comentários como este, generosos e profundos, fazem com que eu persista neste mundo da escrita. Interessante que você sempre gosta dos meus textos! Obrigada, muito obrigada! (Acho que já lhe disse, mas meus filhos têm os nomes: Daniel e Daniela).

  7. Fil Felix
    25 de março de 2019

    Resumo: uma criança vive apertada num quarto, junto da mãe e os irmãos. Há uma cômoda com a imagem de uma santa, que o menino estranha e em seguida começa a conversar com ela. Seu sonho é reencontrar o pai, que foi pro sul, reencontro que se dá ao final do conto.

    Considerações: é um conto bastante delicado e interessante, que traz o fantástico de maneira sutil, na conversa entre o menino e a Santa no passar dos anos. Não força a barra na fantasia, mas também não deixa de ser. Há bastante simbolismo, levando pra uma segunda leitura, como a imagem da serpente sob os pés da Santa, que pode indicar o conhecimento primordial (lembrando lá do paraíso) ou até mesmo a imaginação infantil. Alguns momentos me lembraram de Central do Brasil, o garotinho que queria conhecer o pai, além de trazer essa questão do interior e da simplicidade cotidiana. Gostei.

    • Regina Ruth Rincon Caires
      31 de março de 2019

      Obrigada pela leitura, obrigada pelo comentário generoso! Abraços…

  8. Leo Jardim
    23 de março de 2019

    🗒 Resumo: um menino, de família humilde, começa a ver uma luz na estátua de uma santa em seu casebre. No início, se assusta, mas depois de mais velho passa a conversar em segredo com a Santa. No fim, ele se despede e realiza sei maior desejo: encontrar seu pai no Sul.

    📜 Trama (⭐⭐⭐▫▫): a trama é até bem simples, não há nenhuma grande reviravolta, nem alguma invenção na estrutura. Funciona bem assim, somos levados tranquilamente pela narração até o fim, numa estrada segura. A única parte ruim disso é que o final, que era onde eu esperava um pouco mais de emoção, acabou sendo um tanto previsível. Dessa forma, a viagem terminou como foi durante todo o trajeto: tranquila e sem sobressaltos.

    📝 Técnica (⭐⭐⭐⭐▫): o grande mérito do conto está em sua técnica bem construída, numa narração muito eficiente. Não é daquelas técnicas que se destacam por si só, mas cumpre muito bem a principal função de contar a história.

    🎯 Tema (⭐⭐): mesmo podendo ser coisa da imaginação do menino, estou considerando a Santa e o milagre do reencontro com o pai o elemento fantástico do conto [✔]

    💡 Criatividade (⭐⭐▫): não é um plot daqueles de explodir cabeças, mas também está longe de ser clichê. Valeu por fugir do padrão de fantasia.

    🎭 Impacto (⭐⭐⭐▫▫): o conto é bom, gostoso de ler. Li todo em pouquíssimo tempo. A linearidade da trama e o final previsível, porém, fizeram com que o impacto não fosse muito forte.

    • Regina Ruth Rincon Caires
      31 de março de 2019

      Obrigada pela leitura e pela análise do meu texto. Talvez, para alguns, eu não tenha deixado claro que, no desfecho da história, a mesma fantasia que acompanhava a trama (as frequentes conversas com a santa) levasse ao “milagre” (utopia) de a santa ter enviado a fotografia ao pai de Zaqueu. Como ele recebeu a fotografia do filho sendo que ninguém sabia do paradeiro dele?! Eu quis mostrar a quimera que envolvia o reencontro. Não consegui, não é?! Vou tentar melhorar… Abraços…

  9. Fabio Baptista
    20 de março de 2019

    ———————–
    RESUMO
    ———————–
    Garoto pobre divide a casa com a mãe e os irmãos, enquanto aguarda o retorno do pai, que foi tentar a vida no “Sul”.
    O pai não volta e, conforme cresce, o garoto estabelece amizade com a Santa de barro da mãe.
    No final, vai ele também para o “Sul” e encontra o pai.

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    ANOTAÇÕES AUXILIARES DO RESUMO DURANTE A LEITURA:
    ———————–
    Menino Zaqueu dorme num berço semidestruído
    Mãe Gerusa e vários irmãos no mesmo ambiente.
    Algum problema entre Zaqueu e a Santa de barro.
    Insônia, saudade do pai, medo da cobra da Santa (no bom sentido)
    Luz misteriosa emanada da Santa
    Santa vai falar com Zaqueu
    Depois de um tempo, toma coragem e pergunta à Santa sobre a volta do pai
    (a Santa ser má seria uma reviravolta previsível, espero que não ocorra)
    Zaqueu vai tentar a vida no “Sul”, a Santa profetiza um encontro
    Encontra o pai que o reconhece por uma… fotografia? Não entendi muito bem isso

    ———————–
    SOBRE A TÉCNICA:
    ———————–

    Gostei da narrativa, conseguiu empregar um ritmo bem singelo que combinou com a história. Há um estilo característico também, um certo regionalismo bem sutil.

    Só encontrei uma falha de revisão:
    – Nnguém

    ———————–
    SOBRE A TRAMA
    ———————–
    Uma linha reta e objetiva. A Santa aparece ali, não sei se com algum simbolismo, mas aparentemente apenas como uma projeção de Zaqueu para suprir a falta do pai.
    Curiosamente, esse evento gerou uma expectativa de “putz, será que é um conto de terror?” que contrastou com a doçura da narrativa, causando uma curiosidade interessante pelos rumos da história.
    Não era terror, o menino conhece o pai num final que não entendi muito bem. Mesmo assim, foi bonito.

    ———————–
    CONSIDERAÇÕES FINAIS
    ———————–
    Um conto muito bem escrito, permeado de uma ternura que tornou a leitura bem agradável.

    NOTA: 4

    • Regina Ruth Rincon Caires
      31 de março de 2019

      Obrigada pela leitura e pela análise do meu texto. Talvez, para alguns, eu não tenha deixado claro que, no desfecho da história, a mesma fantasia que acompanhava a trama (as frequentes conversas com a santa) levasse ao “milagre” (utopia) de a santa ter enviado a fotografia ao pai de Zaqueu. Como ele recebeu a fotografia do filho sendo que ninguém sabia do paradeiro dele?! Eu quis mostrar a quimera que envolvia o reencontro. Não consegui, não é?! Vou tentar melhorar…Entendi a “cobra da Santa” no bom sentido… kkkkkkkkkkkkkkk Abraços…

  10. Rodrigues
    19 de março de 2019

    Zaqueu é um garoto pobre que divide o quarto com uma família grande, enfrentando a ausência do pai. Ele encontrar na Santa um abrigo para a infinidade de problemas que passa, começa a conversar com ela, ouvir suas cantigas. Logo pede que ela lhe diga onde está o pai, e a revelação se dá ao final, onde me parece que ele encontra o pai em um paraíso, não ficou bem claro para mim se essa viagem de ônibus foi algo real ou metafórico, de qualquer forma, creio que o destino dele foi triste.

    Um dos contos mais bem escritos do desafio no que se refere à escrita, ao concatenamento de ideias, descrições, personagens, etc. O garoto é muito bem construído, gerando empatia, e sua jornada simples é o trunfo do conto. As descrições iniciais da família apertada em um quarto conseguem passar uma sensação de claustrofobia, mas também de uma união entre os familiares, isso foi um recurso interessante, difícil de chegar. O final não me agradou muito, mas não porque eu esperasse algum tipo de reviravolta na trama, mas simplesmente por não ter me deixado satisfeito como entusiasta do começo do conto. É isso.

    • Regina Ruth Rincon Caires
      31 de março de 2019

      Obrigada pela leitura e pela análise do meu texto. Posso garantir que Zaqueu não morreu… Talvez, para alguns, eu não tenha deixado claro que, no desfecho da história, a mesma fantasia que acompanhava a trama (as frequentes conversas com a santa) levasse ao “milagre” (utopia) de a santa ter enviado a fotografia ao pai de Zaqueu. Como ele recebeu a fotografia do filho sendo que ninguém sabia do paradeiro dele?! Eu quis mostrar a quimera que envolvia o reencontro. Não consegui, não é?! Vou tentar melhorar… Abraços…

  11. Ricardo Gnecco Falco
    17 de março de 2019

    Olá Glória Maria; tudo bem? 😉

    O seu conto é o décimo sexto trabalho que eu estou lendo e avaliando.

    COMENTÁRIOS GERAIS: Gostei da história, do formato e da escrita. É um texto muito bem escrito e prova de que seu autor manja dos paranauês desta arte. Repleto de sensibilidade, o texto toca o leitor de forma certeira e lemos o conto inteirinho com um sorriso no cérebro, pois é muito gostoso se deparar com uma obra profissa, de um autor profissa. Meu único contraponto ao trabalho tange só a questão da temática, pois não sei se consigo considerar a obra como Fantasia, pois engloba questões de Fé religiosa (e eu não sou ateu)… Contudo, é um obra que merece ser enaltecida! (rs!)

    Parabéns e boa sorte no Desafio!

    ————————————-
    RESUMO DA HISTÓRIA:
    ————————————-
    Criança com aparente terror noturno descobre que uma imagem de Nossa Senhora, localizada dentro de seu quarto de dormir, tem “vida própria” e passa a conversar com ele durante a noite. Quando torna-se adulto, o rapaz decide sair de sua cidade e ir tentar a sorte na cidade grande, no sudeste do país. Lá chegando, encontra o pai, sumido desde quando ele era criança.

    • Regina Ruth Rincon Caires
      31 de março de 2019

      Obrigada pela leitura e pela análise do meu texto. Talvez, para alguns, eu não tenha deixado claro que, no desfecho da história, a mesma fantasia que acompanhava a trama (as frequentes conversas com a santa) levasse ao “milagre” (utopia) de a santa ter enviado a fotografia ao pai de Zaqueu. Como ele recebeu a fotografia do filho sendo que ninguém sabia do paradeiro dele?! Eu quis mostrar a quimera que envolvia o reencontro. Não consegui, não é?! Vou tentar melhorar… Abraços…

  12. Evandro Furtado
    14 de março de 2019

    A história de um menino que consegue conversar com uma santa. Ele cresce e se torna amigo da santa que o ajuda a encontrar o pai desaparecido.

    Achei uma premissa interessante que é conduzida por uma narrativa bastante consistente. O autor tem claro domínio e sabe o que faz. Creio que poderia ter sido desenvolvida a relação de uma forma mais profunda com o uso de diálogos. Acho que o aspecto religioso poderia ser explorado para aumentar o impacto. Sugiro o filme Song of Bernadette que, pra mim, é um dos melhores e mais impactantes filmes religiosos já feitos.

    • Regina Ruth Rincon Caires
      31 de março de 2019

      Obrigada pela sugestão! Eu quis dar tom de fantasia ao texto. Nenhum cunho religioso.Obrigada pela leitura e pela análise do meu texto. Talvez, para alguns, eu não tenha deixado claro que, no desfecho da história, a mesma fantasia que acompanhava a trama (as frequentes conversas com a santa) levasse ao “milagre” (utopia) de a santa ter enviado a fotografia ao pai de Zaqueu. Como ele recebeu a fotografia do filho sendo que ninguém sabia do paradeiro dele?! Eu quis mostrar a quimera que envolvia o reencontro. Não consegui, não é?! Vou tentar melhorar… Abraços…

  13. Paula Giannini
    12 de março de 2019

    Olá autor(a),
    Tudo bem?

    Resumo:
    Um menino sem pai é assombrado por uma imagem de Nossa Senhora.

    Meu ponto de vista:
    Este conto tem uma pegada bem brasileira e lança mão do imaginário popular para construir a trama. O menino assombrado por Nossa Senhora, até descobrir que ela pode ser sua amiga, faz lembrar histórias de Suassuna, cordéis e até um belo conto de Domingos Pellegrini no qual me inspirei, certa vez, para criar uma rádio novela para uma AM.

    O ônibus, o mote do pai, a foto, a Santa, tudo colabora para emprestar esse ar retrô e interiorano brasileiro de forma bem vívida ao imaginário do leitor (ao menos assim foi comigo).

    Interessante notar que, ao cortar o cordão umbilical, o menino, já um rapaz, finalmente encontra o pai. Pelo que entendi, foi um milagre da Santa, dando uma mãozinha para que o pai visse a foto do filho no documento. Talvez por este motivo, ao terminar, o texto me levou a imaginar sua continuidade. Terá o rapaz mantido um bom relacionamento com a mãe após encontrar o pai que passou toda uma vida sem o ver?, foi apenas uma das perguntas que me fiz, involuntariamente, como se também não fosse escritora. Acho que esse é um grande mérito de um texto, manter o leitor mesmo após a leitura.

    Parabéns.
    Desejo sorte no desafio.
    Beijos
    Paula Giannini

    • Regina Ruth Rincon Caires
      31 de março de 2019

      Obrigada pela leitura! Em nenhum momento pensei em como ficaria o relacionamento da mãe depois que o filho encontrasse o pai. Talvez, para alguns, eu não tenha deixado claro que, no desfecho da história, a mesma fantasia que acompanhava a trama (as frequentes conversas com a santa) levasse ao “milagre” (utopia) de a santa ter enviado a fotografia ao pai de Zaqueu. Como ele recebeu a fotografia do filho sendo que ninguém sabia do paradeiro dele?! Eu quis mostrar a quimera que envolvia o reencontro. Não consegui, não é?! Vou tentar melhorar… Abraços…

      • Paula Giannini
        4 de abril de 2019

        Oi, Regina, conseguiu, sim, também gosto de contos que são recortes de momentos. Apenas refleti aqui… E se… E se… A leitora, divide-se da autora na hora da leitura, não é?
        Beijos
        Paula Giannini

    • Elisabeth Lorena Alves
      1 de abril de 2019

      Mas, era para ser um Conto, Paula, não um Romance! O fecho do Conto acontece na chegada do rapaz à rodoviária, onde se cumpre a promessa da santa… Saber como ficou a relação mãe-pai-filho seria sair da proposta…

      • Paula Giannini
        4 de abril de 2019

        Oi, querida, sim, foi apenas uma sugestão de curiosidade de leitora. Grande beijo.
        Paula Giannini

  14. Victor O. de Faria
    12 de março de 2019

    RATO (Resumo, Adequação, Texto, Ordenação)
    R: Outro texto com tons religiosos, mas bem dosados. A história é bonita, e tem leves toques de sertão nas entrelinhas. Resumindo, temos uma criança que recebe uma espécie de “chamado” e passa a se comunicar com o objeto inanimado, o qual responde através de conversas internas, sem que ninguém possa ouvir, a não ser o garoto. O cotidiano familiar é exposto em pequenas doses, e como toda boa história de amadurecimento, temos a passagem de sua vida infantil para a adulta, com o reencontro com o pai e consequente silêncio/abandono da relíquia.
    A: Outro difícil de ser avaliado. Não contém quase nada do padrão inconsciente que buscamos em histórias de fantasia, mas contém elementos fantásticos. Tem muito sentimento e realidade (talvez seja esse o porém). Não fica bem claro se o objeto realmente era “encantado”, ou tudo não passou de uma experiência religiosa “real”. – 3,0
    T: Já no quesito enredo, agradou-me pelo ritmo mais lento e cadenciado. Dificilmente um texto de cotidiano atrai se não carregar a prosa de sentimentos ou situações sofridas – o que tem aqui de sobra. Cativa pela melancolia nas entrelinhas. – 5,0
    O: A estrutura está excelente. Mesmo com a troca de tempo verbal no fim, o restante fluiu muito bem. As reticências ajudaram, mas ainda senti a quebra. Notei apenas um “nguem” ali no meio. A escrita é firme e segura, carregada quando precisa, leve na maior parte do tempo. Se a adequação não estivesse tão subjetiva, com certeza esse levaria uma das maiores notas. – 5,0
    [4,3]

    • Regina Ruth Rincon Caires
      31 de março de 2019

      Obrigada pela leitura e pela análise do meu texto. Talvez, para alguns, eu não tenha deixado claro que, no desfecho da história, a mesma fantasia que acompanhava a trama (as frequentes conversas com a santa) levasse ao “milagre” (utopia) de a santa ter enviado a fotografia ao pai de Zaqueu. Como ele recebeu a fotografia do filho sendo que ninguém sabia do paradeiro dele?! Eu quis mostrar a quimera que envolvia o reencontro. Não consegui, não é?! Vou tentar melhorar… Abraços…

  15. Rubem Cabral
    12 de março de 2019

    Olá, Gloria Maria.

    Resumo da história: Zaqueu é um menino pobre cuja mãe tem uma estátua de uma santa sobre a cômoda. Certo dia a estátua começou a brilhar toda noite e Zaqueu por meses chorou, com medo. Finalmente, Zaqueu fez amizade com a santa, que se mostrou maternal e conselheira. O menino tinha vontade de perguntar sobre o pai e, quando o fez, a santa deu-lhe uma resposta misteriosa. Anos depois, Zaqueu resolveu viajar para o sul, atrás de sorte melhor, e teve uma última conversa com a santa. Ao chegar em seu destino, ao encontrar seu pai, Zaqueu compreendeu o que a santa quis lhe dizer.

    Prós: uma história original, cheia de Brasil e de ternura. Escrita ágil e personagens bem estruturados.

    Contras: a trama foi um tanto rápida e poderia ter sido mais desenvolvida, pois as personagens são cativantes.

    Nota: 4,5

    • Regina Ruth Rincon Caires
      31 de março de 2019

      Obrigada pela leitura e pelo comentário generoso! Abraços…

  16. Davenir da Silveira Viganon
    12 de março de 2019

    Santo segredo
    – Zaqueu cresceu sem o pai, do qua sentia muito a falta. Então passou a conversar com uma manifestação de uma imagem de santa que fica no seu quarto. Quando fica maior Zaqueu pergunta a santa sobre seu pai. Quando ele se muda para o sul acaba encontrando ele.
    – fantasia com F minúsculo. Parece uma história de fundo religioso com um drama tocante e a fantasia existe apenas no ser mágico que é a santa. Achei bom, bem escrito, pouco cativante e nada mais que isso.

    • Regina Ruth Rincon Caires
      31 de março de 2019

      Obrigada pela leitura e pela análise do meu texto. Talvez, para alguns, eu não tenha deixado claro que, no desfecho da história, a mesma fantasia que acompanhava a trama (as frequentes conversas com a santa) levasse ao “milagre” (utopia) de a santa ter enviado a fotografia ao pai de Zaqueu. Como ele recebeu a fotografia do filho sendo que ninguém sabia do paradeiro dele?! Eu quis mostrar a quimera que envolvia o reencontro. Não consegui, não é?! Vou tentar melhorar… Abraços…

  17. Rsollberg
    7 de março de 2019

    Fala, Glória.

    Resumo: A história de Zaqueu, um menino pobre que divide um espaço com seus irmãos, mãe e uma santa. E, justamente, com essa santa trava embates na infância até que um dia ela faz uma aparição. Ela revela-se para o jovem, selando um pacto. Por fim, Zaqueu encontra sua resposta.

    Análise: Um ponto que inevitavelmente se destaca é o fato da história ser narrada basicamente em um cenário, o que é muito difícil e exige muito da capacidade do autor se concentrar nos personagens. A descrição inicial bem detalhada faz o leitor rapidamente imergir no modesto quarto, quase como mais um membro da tal família. O ambiente “confinado” certamente também é um dos protagonistas. Nesse sentido, o autor soube criar uma atmosfera rica e com ótimas passagens, inclusive aproveitando-se do local para descrever certas características, esse exemplo é perfeito: ” Dormia como vivia: encolhido”.
    Percebo que ao não nomear a santa, o conto ganha uma dimensão espacial genérica, onde sabemos apenas que fica ao Norte do sonho do Sul. Uma opção provavelmente pensada pelo autor.

    Após a primeira aparição da santa, estabelecemos mais contato com Zaqueu e seus anseios. O pacto selado gerou expectativa, bem como a promessa para a resposta principal do conto.

    Contudo, preciso dizer que na minha opinião, o final destoou do resto do texto no que diz respeito a qualidade. Há um paralelismo que entendo como desnecessário. Outrossim, mesmo achando que não existe a menor necessidade de uma reviravolta, ou um final surpreendente de cair o queixo, creio que esse ficou morno e abrupto. Sem contar que a explicação da foto poderia ter vindo antes e não após ao encontro, como que para justificar para o leitor o tal reconhecimento do pai. Como sugestão penso que poderia jogar o fato antes da viagem e no final você arremataria. No roteiro essa é uma solução preguiçosa, mas na literatura creio que seja apenas uma questão de escolha. É realmente complicado fechar as pontas soltas no final sem parecer uma explicação pós-conto. Assim sendo, deixaria ainda uma maravilhosa pulga atrás da orelha do leitor de como essa foto conseguiu chegar nas mãos do pai; uma solução divina, uma ajudinha da mãe, um irmão?
    Já me desculpando, vou usar um exemplo tolo de como chegou pra mim:
    Autor:”Ai ele pegou a espada e matou o Dragão” Leitor: Como assim?
    Autor: Porque no dia anterior ele havia esfregado sua espada em Kriptonita” Leitor: Ah tá.
    Sacou?

    Enfim, resta claro que na parte técnica é um conto acima da média. No que diz respeito ao tema, é possível enquadrá-lo na fantasia, embora tenha menos natureza de causo do que de mundano.

    Bom conto.
    Parabéns e boa sorte.

    Ah, mais uma vez peço desculpa pelo exemplo tosco.

    • Regina Ruth Rincon Caires
      31 de março de 2019

      Obrigada pela leitura e pela análise do meu texto. Talvez, para alguns, eu não tenha deixado claro que, no desfecho da história, a mesma fantasia que acompanhava a trama (as frequentes conversas com a santa) levasse ao “milagre” (utopia) de a santa ter enviado a fotografia ao pai de Zaqueu. Como ele recebeu a fotografia do filho sendo que ninguém sabia do paradeiro dele?! Eu quis mostrar a quimera que envolvia o reencontro. Não consegui, não é?! Vou tentar melhorar… Abraços…

  18. Marco Aurélio Saraiva
    25 de fevereiro de 2019

    Zaqueu vive uma vida pobre e cheia de restrições, e tem o coração apertado com saudades do pai que os deixou para trás a fim de viver uma vida distante. Para tentar conviver com aquela dor, a sua mente cria um mecanismo de defesa na forma da santa cuja estátua enfeitava o pequeno quarto onde vivia (ao menos foi assim que eu entendi o conto). Seguem-se conversas com a santa até a despedida de suas terras e o esperado reencontro com o pai.

    É um bom conto, que mantém o leitor ávido por saber um pouco mais sobre Zaqueu. O conto todo é sobre ele, na verdade, e a sua luta mental para tentar lidar com o afastamento sem sentido do pai. A leitura é claustrofóbica, tal qual o quarto onde ele dormia – isso você fez muito bem, com suas descrições bem trabalhadas e uma técnica impecável. Foi muito interessante, inclusive, acompanhar a saída de Zaqueu da casa onde cresceu – a leitura torna-se mais ampla, tal qual Zaqueu conquistando a estrada. Bem interessante e esteticamente muito bonito.

    A abrangência do conto é o que incomoda. A santa não me parece ser nada senão um mecanismo mental do garoto – algo que já faz o conto flertar com o risco de não estar compatível com o tema – e o reencontro dele com o pai me pareceu meio sem sentido; quase forçado demais. Aliás, dá certa raiva ver Zaqueu reencontrar o pai depois de tantos anos como se ele fosse algum inocente coitado, e não um pai ausente que escolheu se ausentar para satisfazer o próprio egoísmo.

    Enfim… uma boa leitura, uma técnica impecável mas que, no final, deixa um gostinho de “poderia ser melhor”.

    • Regina Ruth Rincon Caires
      31 de março de 2019

      Obrigada pela leitura e pela análise do meu texto. Talvez, para alguns, eu não tenha deixado claro que, no desfecho da história, a mesma fantasia que acompanhava a trama (as frequentes conversas com a santa) levasse ao “milagre” (utopia) de a santa ter enviado a fotografia ao pai de Zaqueu. Como ele recebeu a fotografia do filho sendo que ninguém sabia do paradeiro dele?! Eu quis mostrar a quimera que envolvia o reencontro. Não consegui, não é?! Vou tentar melhorar… Abraços…

  19. Gustavo Araujo
    21 de fevereiro de 2019

    Resumo: Garoto de família pobre desenvolve amizade com uma (imagem de) santa, que é testemunha de sua vida difícil. No decorrer da amizade, ele tende a perguntar à santa pelo pai, mas só o encontra no fim, aparentemente depois de morrer (?)

    Impressões: é um conto bem escrito, fluido, gostoso de ler. Tem aquela atmosfera de causo, desses que as avós contam aos netos antes de dormir. É fácil gostar de Zaqueu e de compreender o medo inicial e depois a amizade que ele constrói com a santa. Aliás, excelentes as descrições da casa em que habita a família.

    O problema do conto é que tudo se desenrola rápido demais. O conto é curto, sem espaço para grandes digressões, para acontecimentos de relevo ou para que outros personagens, que poderiam ser também muito interessantes, fossem explorados. De fato, o que temos é que Zaqueu é menino e de repente já é homem.

    A impressão que surge para o leitor – ao menos para mim – é que o conto foi desenvolvido, ou melhor, foi concebido já com o final pronto, no intuito de causar uma surpresa. Lembrou-me, por isso, daqueles antigos quadros do Fantástico, apresentados pelo Mario Lago: “Incrível, Fantástico, Extraordinário”, rs Essa impressão foi reforçada pelo final, quando, pelo que entendi, Zaqueu morre e reencontra o pai.

    Em suma, é um bom conto, escrito de maneira muito competente, mas que peca por não se permitir ir mais a fundo na relação entre o menino e a santa.

    • Regina Ruth Rincon Caires
      31 de março de 2019

      Obrigada pela leitura e pela análise do meu texto. Talvez, para alguns, eu não tenha deixado claro que, no desfecho da história, a mesma fantasia que acompanhava a trama (as frequentes conversas com a santa) levasse ao “milagre” (utopia) de a santa ter enviado a fotografia ao pai de Zaqueu. Como ele recebeu a fotografia do filho sendo que ninguém sabia do paradeiro dele?! Eu quis mostrar a quimera que envolvia o reencontro. Não consegui, não é?! Vou tentar melhorar…

      Por favor, não mate o meu Zaqueu!!!!!!!!!!

      Abraços…

  20. angst447
    21 de fevereiro de 2019

    RESUMO: Zaqueu é um menino de origem humilde que dorme em um mesmo cômodo com a mãe e os irmãos. No espaço restrito, passa a conviver desde bebê com a Santa, uma imagem de Nossa Senhora, e se assusta principalmente com a cobra aos seus pés. Com o tempo, a Santa e Zaqueu passam a se relacionar em harmonia, talvez em uma fantasia criada pelo menino. Quando cresce, o rapaz decide ir para o sul, atrás de uma vida melhor como fez o seu pai. E na rodoviária, encontra um homem com a sua foto nas mãos, que o chama de filho. Um milagre da Santa?

    AVALIAÇÃO: O conto está bem escrito e não notei erros que me despertassem a atenção. A princípio, o enredo apresentado parece mais um drama do que uma fantasia, mas aos poucos, o tema escolhido é revelado, sob camadas de sensível narração. Impossível não se comover com a história de Zaqueu, com a sua visão infantil da vida e do surreal representado pela imagem da santa. Achei a trama bem desenvolvida, trabalhada com delicadeza e destreza.

    Até a próxima rodada, autor(a). Boa sorte!

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Publicado às 17 de fevereiro de 2019 por em Liga 2019 - Rodada 1, Série B e marcado .
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