1. A espada e o escudo
Era uma vez um rapaz que não conhecia o medo.
Nota do autor: o que acabei de escrever é mentira. Era um rapaz como qualquer outro e se alguém disser que nunca teve medo na vida é tão mentiroso como o início deste conto. Portanto, vou recomeçar, desta vez contando toda a verdade…
Era uma vez um rapaz medroso como nunca tinha sido visto igual naquela pequena cidade do interior. Tinha medo de tudo, desde o escuro aos insetos, passando pelas alturas, pelos palhaços e pelas freiras da Ordem de Cluny da escola onde andava. Só não tinha medo da própria sombra, porque ele podia ser medroso, mas não era estúpido.
Os pais, desconhecendo o caráter que o filho viria a ter, no momento do nascimento deram-lhe o nome de Salvador. Mais tarde, quando o pequeno cresceu e a peculiaridade do seu caráter se mostrou, eles deram-se conta do erro e a ironia tornou-se motivo de chacota na privacidade do casal.
Salvador era pequeno para a idade, tinha pulmões fracos e era alérgico a tudo. No nariz equilibrava uns óculos de vidro grosso que diminuíam os seus olhos a um tamanho anedótico. Na escola, isso bastava para que ele se tornasse motivo de perseguições dos colegas. Só encontrava alguma paz de espírito na biblioteca, a ler livros de aventuras que o transportavam para lugares onde não precisava ter medo – como se isso fosse possível para quem tinha medo de tudo, até mesmo do longo e sombrio corredor da cave que dava para o salão que o pai fizera especialmente para ele.
O caso era de tal ordem que os pais, quando o alarme ultrapassou o aceitável, o levaram a um psicólogo que lhes explicou, depois de algumas consultas pagas a preço de ouro, que o Salvador não sofria de nenhuma doença, porque o medo não podia ser tratado como tal. O medo era apenas medo. Não havia vacina nem comprimido que o tratasse. Era algo tão natural como a coragem. Só precisava de aumentar a sua auto-estima. Pouco convencidos, decidiram recorrer a instâncias mais elevadas.
Ele chegou no seu pequeno Citroën 2CV vermelho de 1966. Deu-se pelo carro ainda antes deste entrar pelos portões da casa, tanto pelo barulho anacrónico do motor como pelo intenso nevoeiro negro que o seguia. Dele saiu o avô, uma criatura ainda mais anacrónica do que o próprio carro. Parecia uma personagem de um dos filmes italianos antigos que o pai do Salvador costumava ver. Usava um fato cinzento e um chapéu gasto pelo tempo. Desde que se lembrava, Salvador sempre o tinha visto com aquele fato e aquele chapéu. Era um gigante de mãos grandes que o sentava ao colo e lhe contava histórias. Quando o avô falava, parecia que o mundo parava para o neto, que contemplava cada palavra como verdade suprema inquestionável.
“Trouxe-te um presente, mas tens de prometer guardar segredo”, disse naquele dia o avô. O coração do Salvador bateu mais rápido – presentes e segredos eram as coisas mais importantes para ele. Estavam os dois sozinhos no salão da cave, sentados no sofá velho, à frente da televisão e de um monte de brinquedos no meio dos quais Salvador costumava passar horas. O avô passou-lhe um embrulho grande de papel castanho toscamente feito, que Salvador rasgou com a gana que lhe era habitual nessas alturas – e só nessas alturas. Lá dentro encontrou um escudo e uma espada de madeira pintados à mão.
“Foi o meu pai que fez, o teu bisavô. Ainda me lembro de quando ele me sentou ao colo e me contou o segredo da nossa família.”
O Salvador abriu muito os olhos. Segredo? Pensava que o único segredo da família era o tio Aníbal que tinha sido preso por assaltar um banco.
O avô tossiu, inundando o salão de um forte cheiro a tabaco que fez o próprio Salvador tossir.
“Desculpa… Como estava a dizer, a nossa família tem um segredo que é passado de geração para geração. Nós temos a missão de defender as nossas casas e as nossas famílias contra a ameaça do mal.”
O pequeno Salvador pegou no pequeno escudo de madeira e na igualmente pequena espada e, brandindo-a no ar, perguntou: “E o avô acredita mesmo nisso? É apenas uma espada e um escudo de brincar. Tenho outros, ainda melhores.”
“Estes são diferentes, Salvador. São mágicos, mas o mal da magia é que tens de acreditar para que ela aconteça. Se não acreditares, nunca vão passar de dois brinquedos de madeira.”
O eco das palavras do avô ficou a ressoar no espírito do pequeno Salvador, que guardou a espada e o escudo num canto sem lhes ligar nenhuma até ao Dia do Barulho.
2. O Dia do Barulho
O Salvador estava sozinho em casa. Anoiteceu rapidamente e ele foi apanhado no salão com a luz do corredor desligada. Primeiro, o Salvador não deu conta, entretido que estava a assistir à sua série favorita na televisão. Foi só quando acabou a série que duas coisas aconteceram:
(1) Ele reparou na escuridão do corredor;
(2) Ouviu um barulho inexplicável que vinha do mesmo corredor e que lhe fez disparar o coração.
Tudo tem uma explicação lógica, disse ele em voz alta, numa tentativa infrutífera de arranjar coragem. O seu olhar caiu, então, sobre o escudo e a espada de madeira do avô. Pegou neles, engoliu em seco e deu dois passos em direção ao corredor. O barulho repetiu-se. Era um som seco e forte. Ele não teve dúvidas: havia alguma coisa no corredor. Depois do barulho, sentiu o cheiro a peixe podre, como quando o Alberto se tinha peidado na aula de Matemática.
Foi só depois dos seus olhos se terem adaptado à escuridão que o Salvador o viu. Era grande, quase chegava ao teto, tinha o corpo coberto de pelos e escamas, umas imensas asas de morcego e garras do tamanho da pequena espada de Salvador. Os olhos eram de fogo e a boca estava cheia de dentes afiados. Dos livros que lera, sabia de que animal se tratava: um Dracossauro, um cruzamento perdido entre dinossauros e dragões. Um ser lendário que só na lendas mais obscuras aparecia. A única coisa que ele não percebia era o que fazia no seu corredor, pensou Salvador, enquanto tentava arranjar uma saída, tolhido pelo medo e hipnotizado pelo olhar de fogo do Dracossauro.
Olhar de fogo.
Salvador saltou para o canto do salão onde o pai tinha colocado um extintor de incêndios, depois de um pequeno acidente com um jogo de experiências de Química. Arrastou-o penosamente até ao corredor e, esquecendo o medo, fê-lo disparar.
“Toma lá gás carbónico, monstro nojento!”, gritou, enquanto admirava a sua obra: uma nuvem espessa de fumo branco que inundava o corredor e o fizera tossir como nunca tinha tossido antes. Quando dissipou, Salvador viu que tinha conseguido o seu objetivo: cegara o monstro. Sem pensar no que estava a fazer, pegou na espada e no escudo e começou a bater no Dracossauro, que grunhia como um javali. A besta era forte, mas o minúsculo Salvador era rápido e ágil. Sentia o poder das suas garras e dos seus dentes, mas também lhe sentia o medo. Num gesto irrefletido baixou demasiado o escudo, recebendo um golpe em cheio no peito que o projetou contra a parede, partindo o jarrão grande que a avó tinha dado à mãe.
“Estou feito”, pensou, com o peito e as costas a gritarem de dor – mas a besta ainda mexia, pelo que voltou a pegar na espada e foi à luta, distribuindo espadeiradas a torto e a direito. Sentiu com orgulho que o monstro estava a perder a força e, no preciso momento em que o Dracossauro soltava o seu último suspiro e desaparecia no ar, a luz do corredor acendeu-se e a mãe do Salvador apareceu. O Salvador, todo sujo e a sangrar da testa, exibiu orgulhosamente a espada e o escudo. Ele tinha morto a besta. O que interessava se a alcatifa estava manchada pelo gás ou se tinha partido tudo? O que interessava se a mãe não acreditava nele? O segredo era para ser mantido. Tinha prometido ao avô e o pequeno Salvador gostava de cumprir as suas promessas. Libertara a casa do monstro e isso fazia valer a pena os gritos e a semana de castigo no quarto, onde passaria o tempo a ler e a olhar pela janela para o jardim que era ocupado quase integralmente por uma nogueira cuja altura ultrapassava em muito a altura da casa.
Foi num dos ramos mais altos da nogueira que o Salvador viu o ninho. Não era um ninho de pássaro. Ele já tinha visto o desenho num livro. Usou os binóculos para ter a certeza. A configuração não deixava margem para dúvidas: era um ninho de Dracossauro. Se o destruísse, a casa estaria a salvo. Só tinha de arquitetar um plano que começava por tentar esquecer o seu medo pelas alturas.
3. O Ninho de Dracossauro
“Salvador, prometes que te portas bem?”, perguntou a mãe.
Ele acenou afirmativamente com a cabeça. No entendimento dele, destruir o ninho de Dracossauros no alto da nogueira estava incluído no bom comportamento, mas sabia que ela, como todos os adultos, tinham dificuldade em compreender esses pormenores. Viu-a sair de casa e ir para o trabalho. O pai tinha saído ainda mais cedo, pelo que ele estava oficialmente sozinho em casa e fora do castigo. Fez os deveres de matemática e depois saiu para o jardim. A nogueira ali estava, imensa. Para todos os efeitos, a árvore mais alta do mundo.
Salvador arrastou o escadote até ao tronco. Fez um esforço para o encostar da forma mais firme que conseguiu, depois engoliu em seco e fez o possível para não olhar para baixo enquanto subia. Do escadote subiu para o ramo mais baixo, e depois foi subindo até ao ramo onde estava o ninho. Foi ali que ele cometeu o erro de olhar para baixo e faltou-lhe o ar. Nunca tinha estado tão alto. Descobriu que não conseguia mexer-se. Estava agarrado ao ramo, paralisado pelo medo. Tremia como nunca tinha tremido na vida. Queria chamar pelos pais, mas sabia que eles não estavam em casa. Tinha de ser ele a resolver o problema. Mas, primeiro, tinha de destruir o ninho. Arrastou-se como uma lagarta pelo tronco e chegou à massa de ramos e folhas que constituía o ninho. Fez força e conseguiu atirá-lo ao chão, mas o feito não o tranquilizou. Faltava o mais difícil. Tentou descer para o ramo inferior, mas desequilibrou-se e caiu desamparado no chão.
4. Mea culpa
“A culpa é sua, pai.”
Salvador acordou na cama de hospital. À sua volta tinha os pais e o avô.
“Que eu saiba, não fui eu que o mandei subir à nogueira.”
A discussão era feita em voz baixa. O Salvador pediu água.
“Estás bem?”, perguntou o pai.
“Como é que ele pode estar bem se partiu o braço? Tu e o teu pai são iguais. Parece que não vivem neste mundo”, gritou a mãe.
“Eu estou bem, mãe”, sossegou-a Salvador, mas a mãe já tinha virado o azedume para o avô.
“Se não fossem as suas ideias, Sr. Aníbal, ele nunca teria subido.”
“Eu caí ao descer, não foi ao subir, mãe…”
“Tu podias ter morrido!”, gritou a mãe.
“Clara, ele podia ter morrido, mas não morreu. Teve a coragem necessária para subir à árvore. Daqui para a frente, vai ter a coragem para enfrentar tudo. Um braço partido é um bom preço a pagar por uma vida sem medo. Claro que não vale a pena abusar da sorte, Salvador. Acabou a tua carreira como alpinista, certo?”
Salvador sorriu e olhou para o braço engessado. Desconhecia que a sua vida mudaria depois do acidente. Tal como tinha prometido ao avô, nunca mais subiu às árvores. Também nunca mais precisou de lutar contra Dracossauros ou qualquer outro animal lendário em casa. Ele tinha feito um bom serviço. Ao regressar à escola descobriu que ele próprio se tinha transformado numa lenda ao cair da nogueira e os fanfarrões da escola nunca mais se meteram com ele. De qualquer forma, não seriam um desafio à altura de quem já tinha matado um Dracossauro adulto com uma espada de madeira.
O tempo acelerou mesmo sem ele sentir a diferença. Ultrapassou a infância e a adolescência. Namorou, tirou o curso. Fez-se adulto. O avô, que ele sempre pensara ser um gigante, tornou-se cada vez mais pequeno com o passar dos anos, até caber debaixo do braço, o corpo mirrado como uma uva-passa fora de época, a pele fina, quase transparente, o olhar sumido mas ainda matreiro, a voz que se transformara num sopro quase inaudível até que um dia deixou mesmo de se ouvir e ficaram apenas as memórias. Nesse dia, Salvador soube o significado da verdadeira dor, apenas suplantada pela dor que sentiria, muitos anos depois, pela morte do pai e da mãe.
5. A luta continua
Chegara o Outono naquela casa, situada a demasiados quilómetros da casa onde Salvador tinha crescido. O choro da criança era uma constante. O Eduardo tinha os olhos da cor do mar e um tufo de caracóis loiros transformavam-no num anjo maroto. A mãe pegou nele ao colo, mas nem assim ele se calava.
“O avô está aqui. Queres que ele pense que és um bebé chorão? Já és um homem crescido!”
O Eduardo calou-se ao pressentir a chegada do homem que adorava. A mãe pô-lo no chão e ele correu para aquele homem que ele pensava ser um gigante. Na realidade, Salvador tinha uma estatura mediana, mas isso nunca lhe tinha feito perder o sono.
“Então, estás a chorar outra vez, Edu?”
O menino abanou a cabeça, limpando as lágrimas à manga da camisola.
“Trouxe-te uma prenda.”
“É um jogo, bô?”
“Não, não é um jogo. Mas tem de ser um segredo só nosso. Um segredo que me foi passado pelo meu avô.”
Salvador pousou o neto no chão e deu-lhe um embrulho que ele tinha feito. O Eduardo desembrulhou-o numa fúria expectante. Sentiu-se algo desanimado quando deparou com uma espada e um escudo de madeira de aspeto antigo, que ainda cheirava ao verniz que Salvador lhe tinha aplicado alguns dias antes. Eduardo pegou na espada, brandiu-a no ar, mas logo se desinteressou dela e pegou na sua consola portátil.
Outros tempos, pensou Salvador, não se deixando desanimar. O menino levantou-se, anunciando-se aflito e saiu da sala a correr, deixando Salvador sozinho na sala com os seus pensamentos, até que um cheiro familiar o fez levantar-se. A besta regressara. Viu-a no canto da sala, a chamar por ele.
Ele pegou no escudo e na espada (que eram tão pequenos, meu Deus!) e investiu. Foi ajudado na luta pelo neto que entretanto chegou. Juntos, derrotaram o monstro enquanto Joana gravava tudo no smartphone, num vídeo que publicaria no Facebook, no álbum chamado de “As fantásticas lutas imaginárias do Edu e do avô contra o lendário Dracossauro”.
FIM
Menino medroso, mas que não era medroso nada, é pego pela artimanha do avô para fazê-lo parar de sentir medo, e a coisa dá certo mesmo. Este garoto acaba passando o truque para seu neto – mas desta vez ambos matam os dragossauros, fica uma espécie de herança de família e então viram vídeo de mídia social.
Uma história simples, infanto-juvenil, sobre valores como perda, coragem e família, achei bacana a construção do texto um pouco mais pausada, cada cena bem descrita e seguindo uma linha de desenvolvimento bem sequencial, tudo bem colocado. No entanto, senti falta de algum elemento mais forte, algo que tirasse a narrativa da normalidade, achei tudo muito óbvio, sem grandes surpresas, como neste final em que a herança é passada de avô pra neto, que se não é ruim pela própria beleza do ato, fica devendo por ser bastante previsível.
Resumo: Salvador é um garoto extremamente medroso e igualmente criativo. Faz sentido que seja assim, se pensarmos que nossos maiores medos estão naquilo que somente podemos imaginar. O avô, procurando uma maneira de ajudar o garoto sem podar sua criatividade, presenteia-o com uma espada e um escudo de madeira. Em um futuro distante, quando o próprio Salvador fosse já avô, repassaria os mesmos presentes à mais nova geração.
Técnica: a narrativa é muito ágil. Antes de nos darmos conta, já estamos nos “finalmentes” e Salvador já envelheceu sua cota. Isso ocorre em parte pela leveza do conto, em parte pelo envolvimento que ele consegue externar.
Conjunto da obra: quem nunca travou batalhas imaginárias? Ouso dizer que continuamos travando, mesmo adultos – ainda que os monstros sejam outros. Os dragões dão espaço para a ameaça do desemprego, o stress, a responsabilidade, as doenças. Temos medo a todo tempo – e às vezes é preciso retornar à infância para buscar um pouco da coragem também.
Parabéns, bom trabalho!
O que entendi: Um menino medroso ganha do avô um escudo e uma espada para enfrentar seus monstros. O presente era uma tradição na família, passada de várias gerações de avôs (ex-medrosos) para netos cagões como remédio lúdico infalível.
Técnica: O (a) autor(a) possui grande domínio da prosa, o que torna o texto ágil e profundo.
Criatividade: Está mais no imaginário do leitor dentro do personagem do que na exposição textual. O que foi uma boa ideia.
Impacto: A simplicidade da construção, e a sabedoria nas entrelinhas, me impressionaram positivamente. Não é preciso ser rebuscado para escrever bem.
Destaque:” Só não tinha medo da própria sombra, porque ele podia ser medroso, mas não era estúpido.” Genial.
Sugestão: “As fantásticas lutas imaginárias do Edu e do avô contra o lendário Dracossauro”. Eu retiraria a palavra “imaginárias”, para não tirar a áurea mágica do conto.
Resumo: uma criança medrosa recebe do avô uma espada e um escudo para lidar com os monstros e também com o medo. Ele enfrenta um dos monstros em casa, se acidenta, mas acaba perdendo o medo. Anos depois, ele passa a espada e o escudo ao seu neto.
Considerações: o conto segue uma estrutura clássica de textos mais infanto juvenis, principalmente com o ensino de vô pra neto, trazendo uma moral à história, como poder superar nossos medos. Gostei que ao final consegue inserir um pouco da modernidade, de como ela pode alterar essa relação que temos uns com os outros. O final também consegue dar uma segunda leitura ao texto, nos fazendo refletir se realmente estamos falando de monstro ou de fruto da imaginação. Gostei.
BREVE RESUMO: Salvador, um medroso, sempre foi frágil, desde a infância. Não houve psicólogo que o consertasse. Porém, recebeu um dia de seu avô um presente especial, espada e escudo toscos, herança de família como armas mágicas para defender a casa do mal. Até o Dia do Barulho, quando entrou em luta com um ser horripilante, o Dracossauro, e utilizar um extintor de incêndio para cegá-lo. Depois de uma luta árdua, o vence com a espada de madeira do avô. Depois, descobriu que tinha um ninho de dracossauros no jardim, e se quebrou tentando escalar a árvore onde eles estavam. Culparam o avô pela peripécia do garoto, mas o menino adquiriu a coragem que a ele faltava. Muitos anos depois, já avô, Salvador repassa a seu neto a mesma herança da espada e escudo, sem que esse se interesse. Então a besta retorna, e é o avô que o derrota – pelo menos na imaginação deles, registrada nas mídias sociais.
PREMISSA: o presente, um arquétipo das histórias antigas, aqui não só funciona como arma, mas como símbolo da transformação e enfrentamento.
TÉCNICA: a técnica é limpa, com notável acento português, ainda que o enredo pareça ter sido construído “como o avião em voo”, ou seja, o autor foi criando à medida em que escrevia.
EFEITO: uma fantasia que, de início, prometia grandes aventuras, mas que não correspondeu a essa expectativa. Pena, mas acho que tem potencial para uma reescrita. Que tal?
O conto narra a história de Zaqueu, um menino medroso, que recebe de seu avô um escudo e uma espada, ambas de madeira, para que ele possa proteger a família de criaturas fantásticas.
`Achei um bom conto infanto-juvenil. Está bem escrito. A trama é simples e termina com um looping. Zaqueu fica conhecendo o grande segredo de família e recebe de seu avô uma espada e um escudo, e acaba presenteando o seu neto com os mesmos presentes anos mais tarde. Fiquei meio sem saber se os dragões eram apenas fruto da imaginação das crianças ou se eles realmente existiam. Mas acho que era isso que autor planejou, deixar uma pulga atrás da orelha do leitor. Boa sorte no desafio.
Responder
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RESUMO
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Garoto medroso ganha espada e escudo do avô, junto com a missão da família de combater o mal.
Após lutar contra um monstro, o garoto perde o medo.
No final, o garoto vira avô e o ciclo se repete.
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ANOTAÇÕES AUXILIARES
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Rapaz corajoso. Quebra de quarta parede. Rapaz medroso.
Pais procuram psicólogo que diz não haver remédio para curar o medo… de fato não há, mas não era justamente isso que deveria ser trabalhado pelo psicólogo, não com remédios, mas com terapia?
Pais recorrem a “instâncias mais elevadas” (bom gancho para prender a atenção)
Mistério já desfeito, era o avô… rsrs
Avô presenteia o neto com uma espada e um escudo (presente raiz! kkkkk) e revela que há um segredo na família
O segredo é que a família tem uma missão contra o mal
Salvador não dá bola ao presente, até um monstro aparecer em sua casa
O garoto enfrenta o dracossauro, primeiro com um extintor, depois com a espada.
Vence o monstro, fica de castigo. No quintal, vê um ninho de dracossauro nas alturas e decide dar fim à ameaça.
Sobe na árvore, derruba o ninho, mas cai da árvore em seguida.
Quebrou o braço. A mãe ralhou com o avô rsrs
Salvador perdeu o medo. E depois cresceu e morreu o avô e depois os pais. (muito bonita e comovente essa passagem)
“Salvador tinha uma estatura mediana, mas isso nunca lhe tinha feito perder o sono”… e por que faria? Nada a ver perder o sono por ter estatura mediana, ou mesmo baixa. Dizem…
Salvador se torna avô de Eduardo e o ciclo se repete.
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TÉCNICA
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Profissional. Ótima condução da narrativa, cadenciada no tempo certo.
Somente senti um pouco de falta de “mostrar” no começo, para sentir melhor o quanto Salvador era medroso. Sei que o espaço era curto, mas talvez detalhar um episódio de medo poderia ter ajudado a caracterizar melhor o personagem. Seria muito mais proveitoso, na minha opinião, do que aquela quebra de parede logo no começo, que soou um tanto deslocada do restante da narrativa.
Algumas palavras travaram nas características do idioma, mas puderam ser entendidas pelo contexto:
– cave
– fato
Algumas expressões me soaram erradas, mas também não sei se é uma peculiaridade do português original:
– sentiu o cheiro a peixe podre
– A mãe pegou nele ao colo
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TRAMA
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Está adequado ao tema fantasia, mas acredito que esse conto se daria MUITO melhor no próximo certame Infantojuvenil.
Foi uma aventura excelente, sem grandes reviravoltas (e quem precisa delas, afinal), mas com um toque de ternura de encher os olhos.
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CONCLUSÃO
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Ótimo conto, leitura muito prazerosa.
NOTA: 4,5
🗒 Resumo: um menino medroso recebe, de seu avô, uma espada e um escudo de madeira junto com o segredo de que seriam usados para proteger a família do mau. Depois de vencer um dracossauro imaginário e se estabacar de uma grande árvore, ele perde o medo. Anos mais tarde, mantém a tradição com seu próprio neto.
📜 Trama (⭐⭐⭐⭐▫): a estruturação da trama é muito boa, seguindo pequenos capítulos autocontidos, como num romance ou novela, mas sem aquela sensação de tentar encaixar uma bola de basquete num buraco de golf. A história contada, em sim, é muito boa, apesar de um pouco previsível: já imaginava o objetivo do avô desde o inicio e também sabia que eram monstros imaginários. Além disso, o final, o epílogo, acabou ficando muito corrido querendo passar duas mensagens em um espaço curto: a conclusão da história, passando a tradição de geração pra geração e a nova infância de internet e videogames. Nesse último parágrafo, o autor empurrou uma bola de tênis no buraco de golf: entrou, mas apertado.
Apesar desses pontos, é uma história muito boa de ser lida, uma trama gostosa, com gosto de infância, e muito bem executada.
📝 Técnica (⭐⭐⭐⭐⭐): um dos motivos para a histórica funcionar tão bem é a excelente técnica utilizada. O autor (certamente lusitano) utiliza daquele tipo de narração como se fosse um pai (ou avô) contando uma história gostosa, interferindo na história, mas sem ser de fato um personagem. Uma habilidade invejável.
🎯 Tema (⭐⭐): a parte fantástica é questionável, pois o monstro é imaginário, mas o conto se adequa na comédia leve e bem feita [✔]
💡 Criatividade (⭐⭐▫): não há grandes novidades na trama geral, mas a personalidade que o autor emprega na narrativa coloca o conto em destaque.
🎭 Impacto (⭐⭐⭐⭐▫): acho que já ficou bem claro que gostei muito do conto, foi uma leitura muito agradável. A estrela descontada aqui é apenas pelo final corrido.
Olá Sal; tudo bem? 😉
O seu conto é o décimo quarto trabalho que eu estou lendo e avaliando.
COMENTÁRIOS GERAIS: A história é simples, porém o autor soube inserir cargas emocionais universalmente tocantes, o que certamente fará com que a obra seja bem avaliada. Destaque para a passagem da ‘passagem’ do avô, seguida da passagem do tempo, citando a ‘passagem’ também dos pais do protagonista. O conto termina antes da ‘passagem’ do personagem principal, numa bonita cena da ‘passagem’ do antagonista, o dracossauro.
Parabéns e boa sorte no Desafio!
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RESUMO DA HISTÓRIA:
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O conta narra a superação dos medos infantis através do desenvolvimento da imaginação. De geração em geração, os filhos (netos, bisnetos…) ganham de seus pais/avós um par de brinquedos que “mágicos” que servirão como armas para vencerem os obstáculos da vida.
A história de um garoto que sofre bullying na escola e que tem um avô super imaginativo que acaba levando ele a uma aventura fantástica.
Eu tenho a impressão de que já vi esse filme antes, haha. Essa premissa é realmente muito comum, mas não me incomodou porque é uma das minhas favoritas. Acho que o texto, no geral, é interessante. Vejo que há muito a melhorar, mas a essência está aí, o que é bom. Creio que os principais problemas estejam relacionados à técnica. O autor, assim que refiná-la, vai ter um universo de possibilidades nas mãos. Sobretudo, atento para a pontuação que em alguns momentos me parece um pouco fora de lugar.
Olá, autor(a),
Tudo bem?
Resumo:
Um menino medroso ganha do avô o presente que muda sua vida em forma de um segredo que guardará e compartilhará, anos depois, com o próprio neto.
Meu ponto de vista:
O ponto alto do texto, para mim, reside no fato de o(a) autor(a) brincar com o gênero fantasia, deixando para o leitor a escolha do fantástico ou não da trama. Aqui, o segredo pode ser real, ou, imaginação de avô e neto, em um mundo só seu, e que, de certa forma, não deixa também de ser real.
O conto é doce, é emocionante, tem ação, reviravoltas, e, embora se encaixe bem em literatura jovem, também pode ser apreciado por uma velha avó (como eu).
Muito bem escolhida, a premissa leva o leitor ao universo da imaginação do menino de forma vívida e instigante, deixando, ao final, aquele gostinho de quero mais. Esta é uma daquelas histórias que causam empatia total.
Parabéns ao escritor(a).
Boa sorte no desafio.
Beijos
Paula Giannini
Olá, Sal Vahdor.
Resumo da história: Salvador era um menino extremamente medroso que um dia foi presenteado pelo avô: um escudo e uma espada de madeira, presentes do avô do avô. Dias depois, em casa, Salvador vê-se obrigado a enfrentar um Dracossauro, e depois, escala uma árvore para destruir o ninho da criatura. Transformado pelos embates, Salvador não era mais motivo de chacota e tornou-se mais confiante. Muitos anos depois, quando Salvador já é avô, presenteia seu neto, Edu, os mesmos escudo e espada, e enfrentam, juntos, um dracossauro.
Prós: história original, de apelo doce, saudosista e infanto-juvenil. Escrita clara e ágil. Boa construção das personagens.
Contra: há muito “contar”. Um pouco mais de “mostrar” daria mais dinamismo à história.
Nota: 4
Salvador é medroso e superprotegido pelos pais, seu avô o da uma espada e um escudo e luta contra contra um Dracossauro. Quando salvador fica adulto, presenteia para seu neto com os mesmos brinquedos, e redescobrem a imaginação da infância.
Conto que levaria ao desafio seguinte por ser mais do tema Infantil que Fantasia. Não acho que sejam a mesma coisa, ainda que numa visão bem abrangente do termo podemos considerar seu conto como de Fantasia, pois sabemos que o mundo fantástico não existe no conto é apenas imaginação, como uma manifestação do amor entre avô e filho, o que deixa o conto muito bonito. o resultado é bom!
Fala, Sal Vahdor (certamente o prêmio de trocadilho mais infame do desafio)
Sinopse: A história de um garoto com pouca coragem, que incentivado pelo segredo familiar contado pelo pitoresco avô, embarca em uma aventura que irá redimi-lo.
Gostei muito desse conto. Autor soube criar uma atmosfera que junta fantasia e realidade, em uma estória sensível, perspicaz e que traz para o leitor uma nostalgia deliciosa. Impossível não se identificar em algum aspecto com a odisseia de Salvador.
O Personagem principal foi bem desenvolvido, sua passado bem contado e seus receios compreendidos. Aliás, o reforço da condição do protagonista foi bem aproveitado e é muito importante para o estilo do conto, aqui um exemplo acertado, no meu entendimento, deste fato: “que Salvador rasgou com a gana que lhe era habitual nessas alturas – e só nessas alturas”
Em determinados trechos podemos perceber bem o pensar do personagem, seu jeito e sua inteligência, destaque para essa parte “No entendimento dele, destruir o ninho de Dracossauros no alto da nogueira estava incluído no bom comportamento, mas sabia que ela, como todos os adultos, tinham dificuldade em compreender esses pormenores.”Aqui é possível acompanhar a lógica típica dos infantes e sua percepção do mundo adulto.” E a lógica a que me refiro é sempre muito curiosa nesses casos, pois mesmo diante de uma mal terrível, uma hecatombe ou fim do mundo, as crianças, mesmo a contragosto, permanecem atadas aos seus afazeres da rotina, a dimensão das coisas ainda diverge da realidade.
As divisões foram bem empregadas e não quebraram o ritmo do texto.
Após o prólogo, jogando o chamado a aventura e após a primeira recusa, esse trecho “em lhes ligar nenhuma até ao Dia do Barulho.” funcionou como ótimo gancho (cliffhanger) para a seguinte parte.
Logo no inicio da 2a parte, o autor realizou uma interessante brincadeira com “O Salvador”, gerando uma interpretação dúbia muito bem vinda para o leitor. (Esse tipo de jogo quase me fez esquecer o trocadilho do pseudónimo,rs)
Nas divisões seguintes vamos embarcando na empreitada e depois na sua consequência, até chegar na cereja do bolo, onde o conto alcance os ares ordinários e podemos já sentir o sabor da saudade e a repetição do ciclo da vida, digo, do BOM ciclo da vida. Da vida que toda criança, e adulto pq não, merece ter.
Uma ode as experiências familiares, as tradições (na melhor acepção da palavra, àquelas que valem a pena e possuem significado) e a efemeridade, cruel e deliciosa.
Parabéns autor!
RATO (Resumo, Adequação, Texto, Ordenação)
R: Um texto muito bonito, de origem lusitana (tenho quase certeza). Resumindo, temos uma passagem de bastão de memórias de um neto para seu próprio neto. Lembranças de como seu avô o ajudou a superar os medos, mesmo que imaginários, ainda que já estivessem em novos tempos. As passagens de geração estão bem pontuadas ao acompanharmos o próprio neto que se torna avô. Enredo bastante nostálgico e cativante.
A: Talvez se encaixasse melhor no gênero de conto infantil. Tem muito de fantasia, mas no âmbito imaginário. Em nada o contexto nos informa de que tudo aquilo foi real. Inclusive, na conclusão, dá a entender que tudo não passou de uma aventura fantasiosa na cabeça das duas crianças: a grande e a pequena. Ganha ponto por parecer um conto infantil, apesar da intromissão desnecessária do narrador no início. – 3,0
T: O clima familiar é muito bom e a história é interessante. Depois que a gente entende que a linguagem é levemente diferente, algumas inconsistências gramaticais passam batido. A nostalgia e ingenuidade das personagens foram bem exploradas. Está bem escrito, com frases bastante suaves. – 4,5
O: As divisões caíram bem. Ainda há certa pressa em algumas partes, mas a história consegue contornar esses problemas. Um texto que me cativou pela simplicidade, embora a adequação ainda esteja bastante subjetiva. – 4,5
[4,0]
RESUMO: Salvador, um menino que tinha medo de tudo, recebe como presente do avô uma espada e um escudo. Começa então a imaginar/fantasiar com perigos que rondam sua família: os temíveis dracossauros. Mergulhada em sua fantasia infantil, o menino enfrenta seus medos. Muitos anos mais tarde, Salvador presenteia o neto Eduardo com o mesmo escudo e com a mesma espada. A tradição é mantida.
AVALIAÇÃO: Conto elaborado sobre o tema Fantasia. A linguagem utilizada é clara e com um charmoso sotaque lusitano, quase imperceptível. O ritmo de leitura não apresenta problemas, embora seja mais lento do que o esperado em algumas passagens. A trama construída parece ter vocação para alcançar um público mais juvenil. Não percebi qualquer falha de revisão, haja vista que respeitei as pequenas diferenças ortográficas entre o português de Portugal e o do Brasil. Achei bonita a tradição criada do avô passar escudo e espada (recursos lúdicos para se combater o medo infantil) para o neto.
Até a próxima rodada. Boa sorte!
É um conto bonito sobre Salvador, um menino medroso e frágil que ganhou coragem para enfrentar a vida graças a uma história fantástica contada pelo avô – uma que passou para a geração adiante.
Seu conto é incrivelmente bem trabalhado e escrito, com frases impactantes, cenas de trazer sorriso ao rosto e uma atmosfera leve de fábula contemporânea. Há algumas rápidas tentativas de comédia que não deram muito certo, mas você foi inteligente em não focar nelas e manter a pegada mais fantástica da história.
A leitura é interessante especialmente por quê o conto se encaixa no tema do desafio mesmo que não seja exatamente uma fantasia. E se encaixa muito bem! Além disso está muito bem estruturado, com início, meio e fim, e uma jornada do personagem principal – Salvador – bem definida e apresentada. Você com certeza sabe o que está fazendo.
A criatividade deixa um pouco a desejar: toda a base do conto é de clichês. A criança frágil e medrosa que sofre bullying e se refugia em livros; o avô sábio que traz histórias fantásticas contadas com ele ao colo; monstros imaginários e coragem vinda de um lugar inesperado; a passagem adiante para que a história se repita. Tudo isto é muito clichê, sendo temas já cansados da literatura. Você, porém, poliu estes temas e nos entregou em um conto muito bem escrito.
Segue dois trechos do seu conto que destaquei como excelentes:
“Trouxe-te um presente, mas tens de prometer guardar segredo”, disse naquele dia o avô. O coração do Salvador bateu mais rápido – presentes e segredos eram as coisas mais importantes para ele.
“O avô, que ele sempre pensara ser um gigante, tornou-se cada vez mais pequeno com o passar dos anos, até caber debaixo do braço, o corpo mirrado como uma uva-passa fora de época, a pele fina, quase transparente, o olhar sumido mas ainda matreiro, a voz que se transformara num sopro quase inaudível até que um dia deixou mesmo de se ouvir e ficaram apenas as memórias.”
Resumo: Salvador é um menino medroso que ganha do avô um escudo e uma espada. Com esse equipamento, o menino enfrenta um dracossauro e o derrota; e depois sobe numa nogueira a fim de dar cabo do ninho do monstro. Essa empreitada alpinística o leva a cair e, em seguida ao hospital. De todo modo, ele deixa de sentir medo constantemente e passa a ser respeitado na escola. Um salto temporal nos leva com ele ao futuro, onde ele repassa escudo e espada ao próprio neto, enfrentando com ele os mesmos monstros de sua infância.
Impressões: é um conto agradável de ler pois imediatamente nos remete à infância e aos tempos de inocência e imaginação fértil. O autor faz uso de uma linguagem simples e adequada ao universo infanto-juvenil, contribuindo assim para com a imersão do leitor no mundo criativo de Salvador. Outro ponto interessante são as observações irônicas que surgem de repente, como o tio que é assaltante de banco, oxigenando a leitura..
O conto tem ares de fábula, que se fortalecem com o salto no tempo e a passagem do equipamento de combate ao pequeno Eduardo, dando sequência à dinastia de guerreiros que combatem dracossauros.
Se entendido como direcionado ao universo de crianças e jovens, o conto funciona bem – inclusive espero lê-lo para minhas filhas -, mas falta, para torná-lo memorável também para os adultos, aquele significado subliminar que só quem cresceu consegue captar.
De todo modo, é um bom trabalho. Parabenizo o(a) autor(a). Boa sorte no desafio!