Zelinda – Conto (Regina Ruth Rincon Caires)
Feito fogos de artifício espocando em noite escura, trazendo um misto de medo e encantamento, assim era Zelinda. Talhada para esbarrar na tênue fronteira do imponderável. Cabocla faceira, sem rédeas. … Continuar lendo
Desterrados (Regina Ruth Rincon Caires)
Daud não conheceu o bisavô, mas, alinhavando as velhas fotos com todas as prosas ouvidas sobre ele, criou uma memória próxima muito estimada, justa. Semelhante ao avô e ao pai. … Continuar lendo
A derradeira viagem – Conto (Regina Ruth Rincon Caires)
Três horas da tarde… O sol escaldante de outubro, hoje, castiga mais que de costume. É um calor no limite do suportável, causa um imenso desconforto. Dentro do ônibus, com … Continuar lendo
O chapéu de passeio do meu avô – Conto (Regina Ruth Rincon Caires)
Naquele último mês, na vila não se falava em outra coisa. Desde que a notícia chegara através do serviço de alto-falante, tornou-se a motivação da vida de todos os moradores. … Continuar lendo
Quando o adeus não machuca (Regina Ruth Rincon Caires)
Dia sim, dia não, a peleja se repetia. De casa, até pisar na estação do trem, era um bom pedaço, e eu sempre chegava esbaforido. Esperava o trem iniciar o … Continuar lendo
Vida Arteira (Regina Ruth Rincon Caires)
Num espreguiçar sem fim, entreabriu os olhos e percebeu que ainda era noite. No morno da cama e perdido no aconchego acetinado dos lençóis, avistou apenas uma réstia prateada que … Continuar lendo
Pausa para balanço – Conto (Regina Ruth Rincon Caires)
Conheci uma pessoa de outro tempo. Ou de outro mundo. Como qualquer outra, concebida não sei se por descuido ou de maneira programada, e que chegou ao mundo em casa, … Continuar lendo
Microcontos 2021 – Coraline (Regina Ruth Rincon Caires)
[A4] O olhar aflitivo da criança, do lado de lá da cerca farpada da alfândega, cortava o sossego do agente. Estava ali por horas, no colo do pai, na noite … Continuar lendo
GIRA-MUNDO (Regina Ruth Rincon Caires)
− Anda logo, moleque! Vá se jogar na água limpa antes que esse barro todo vire pedra! Avie! Era o fraseado de todos os dias. O pai falava por falar, … Continuar lendo
Os Benzimentos de minha avó – Conto (Regina Ruth Rincon Caires)
Miúda, serena, calma e doce. Mulher extremamente dócil. Submissa como nenhuma outra. Assim era minha avó. Silenciosa e terna. Não me lembro de sua voz alterada. Soava sempre no mesmo … Continuar lendo
Belarmino do Depósito (Regina Ruth Rincon Caires)
− Pode dar meia-volta, Belarmino, hoje você não trabalha. Vai descansar a carcaça por um bom tempo. Pode até ficar mais bonito, sabia? Só de ouvir a voz enfadonha do … Continuar lendo
Epitáfio – Conto (Regina Ruth Rincon Caires)
Domitila sentou-se novamente ao lado do minúsculo túmulo, debruçou o corpo sobre ele, como se o abraçasse. Fechou os olhos e sentiu uma paz que havia muito não sentia. Não … Continuar lendo
Ajuricaba do Nascimento (Regina Ruth Rincon Caires)
– Aceita um refrigerante? Água? Ao mesmo tempo em que meneia a cabeça negativamente, coloca a mão à frente reforçando recusa para a comissária. Ajeitando-se na poltrona, procura afastar o … Continuar lendo
Meu Presidente – Conto (Regina Ruth Rincon Caires)
Início da década de 1960… A pequena vila, acanhada, era quase estéril de empregos. Afora os pequenos sitiantes e comerciantes, o resto lutava só Deus sabe como… Mas tudo era … Continuar lendo
Mulher-Dama (Regina Ruth Rincon Caires)
Não fosse a dor lancinante nas pernas, não sairia da cama antes que o sol estivesse a pino. Mas tornou-se insuportável. Precisava de café forte. Tateando as paredes, chega à … Continuar lendo
Fanho (Regina Ruth Rincon Caires)
Na praça, o brilho debochado do sol incomodando os olhos funcionava como bodoque na volta para casa. Tinha mais gosto quando estendia o corpo na velha cama. Não diria … Continuar lendo
Amarga Travessia (Regina Ruth Rincon Caires)
Pela vibração das tábuas dispostas no piso metálico, sob os pés, percebia-se que o vapor começava a movimentar-se. As roldanas giravam, e hélices iam cortando as águas salgadas. Seriam … Continuar lendo
Santo Segredo (Regina Ruth Rincon Caires)
No canto do quarto, no restolho de um berço, Zaqueu dormia. Aquele arremedo de cama, sem grades laterais, havia servido como abrigo de muitos rebentos, ali, por aquelas paragens. De … Continuar lendo