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Detox Literário.

Ariano – Crônica (Douglas Costa)

Ariano sumiu com o peixe-dourado (que tinha o nome de Mario), ao menos foi essa a história que depreendi, porque ele disse que o que aconteceu na verdade foi que o peixe escapou, se enfezou dentro do seu aquariozinho pequeno e tratou logo de escalar pela beirada e pular pro chão. Disse ainda que se arrastou desajeitadamente até pra longe de sua vista e, quando perguntei – assumindo sua história como real – por que não fez nada e pegou ele, Ariano me respondeu que estava muito estupefato pra fazer qualquer coisa. História engraçada.

Segundo ele o bichinho nem mesmo hesitou, foi com toda determinação pra longe daquela esfera de vidro. Fiquei pensando numa coisa doida dessas, o peixe com as escamas cintilantes brilhando fora da água e se arrastando pelo chão até não-sei-aonde. Pro mar que não foi, não moro perto do litoral – será que encanamentos dão lá? Já ouvi dizer que sim, dai talvez faça sentido. Tentei dissuadir ele a contar a verdade mas o menino teimou e bateu o pé que já estava falando a verdade, disse até que ia sentir saudades, mas que achava que tinha encontrado uma casinha melhor.  

Me peguei pensando que pro Mario ter feito isso deve ter tido um motivo bom, bom do tipo ter visto o imenso-mar e ter comparado com sua imensamente-pequena-bolha-de-vidro. Absurdo isso (nesse ponto já não sei se me refiro à história de Ariano ou às condições de vida do peixe). Só sei que  ele não tá em canto nenhum e eu, como o adulto, deveria saber o que aconteceu – pois bem, não sei. Mas sei que não vou comprar outro, o lugar deles é la no mar.

Mas, de qualquer forma, deixei o aquário destampado no chão e com água, vai que ele volta.

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Um comentário em “Ariano – Crônica (Douglas Costa)

  1. Fabio D'Oliveira
    18 de janeiro de 2019

    Não tenho experiência com crônicas, então tudo o que posso falar é o que senti ao ler e um pouquinho sobre o Português.

    Foi uma boa leitura, não completamente agradável, mas também não foi ruim. Mediano, diria. O problema, ao meu ver, foi abordar um acontecimento um tanto engraçadinho, explorando a mentira criativa e fantasiosa do Ariano, com uma escrita simples, mas usando um dicionário mais complexo. Há uma quebra de ritmo, pois nem todos sabem o que é depreender, por exemplo. Para ficar acessível e leve, um dicionário simples ficaria excelente e com um leve toque de poesia, bem, poderia ficar maravilhoso!

    Notei, inclusive, que faltou um pouco de atenção em algumas partes, como, por exemplo, uma vírgula a mais num ponto ou criar uma frase de observação desnecessária.

    Geralmente, uma crônica parece trazer alguma mensagem, alguma reflexão, nem que seja boba. Mas não encontrei nada do tipo no texto. Talvez, por isso, acabei não gostando tanto. Percebi a oportunidade de falar sobre as famosas mentiras “inocentes” das crianças, moldar o conto em cima disso, etc.

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Publicado às 16 de janeiro de 2019 por em Crônicas e marcado .
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