Algumas histórias são realmente terríveis de se viver, e só se tornam cômicas depois que já passamos por elas e estamos confortáveis na mesa do bar fazendo os amigos rirem, não é mesmo?
Estava eu de pé no ingrato Trem da Central as sete da manhã, quando vi aquele projeto de deusa ébano sentada no banco bem à minha frente. O fato dela conseguir estar sentada no trem àquela hora já a fazia especial de algum modo. Além dos lábios carnudos e os cabelos cheios de negra vaidosa, algo mais me atraiu. A presença dela atravessava quatro ou cinco suburbanos e prendia minha atenção, tomando todo o meu bom senso.
Fiquei tão inebriado que, quando dei por mim, a mulher já me encarava, curiosa. Certamente, notara meu olhar, que no mais educado dos termos, era faminto. Desviei os olhos rapidamente, como um adolescente pego olhando os seios da professora, mas em poucos minutos, já trocávamos olhares cúmplices, como velhos adúlteros.
Foi quando o trem anunciou que estava próximo de uma estação, num típico, mas inesperado solavanco. Por milagre divino, ou obra do cão, o sonolento homem que estava ao lado dela, se levantou num susto e abriu caminho pela turba de trabalhadores, rumo à saída. Num salto felino, me meti na frente da senhora que se adiantava para sentar e roubei seu lugar ao lado de minha fascinação, apesar da mulher praguejar contra a minha falta de educação.
Após o papo mole introdutório, tática velha, mas sempre eficaz de todo carioca, obtive sem custo o nome da moça. Aos poucos, eu quebrava a falsa timidez que ela, experiente, encenava.
O tempo passou tão rápido que quando nos demos conta, já havíamos chegado à estação final. Descemos juntos do trem e caminhamos lentamente pela plataforma, atrapalhando a multidão apressada e atrasada (como nós também deveríamos estar). Os sorrisos dela se encontravam com os meus e a conversa fluía fácil.
Por fim, chegamos a uma inevitável bifurcação em nossos caminhos. Pedi seu telefone e ela, sacando uma caneta da bolsa, sem licença, pegou minha mão, e no melhor estilo adolescente, anotou seu número.
Enquanto meu interior implodia de emoção e meu ego chegava a níveis nunca antes experimentados, ela se aproveitou de minha momentânea distração e roubou um beijo de meus lábios entreabertos. Quedei-me surpreso, e quando comecei a me dedicar, a filha da mãe descolou os lábios dos meus, me deixando na mão, ou na boca. Ela sorriu, acariciou meu rosto com uma das mãos, cujo toque arrepiou-me como um mistral, e se foi, sumindo na turba do dia a dia.
Respeitada a máxima de dois dias de espera, lhe mandei uma mensagem e a resposta veio alguns minutos depois; melosa e receptiva. Liguei para ela e, após alguma conversa, marcamos de nos encontrar.
Quando cheguei ao bar onde marcamos, ela já estava na mesa e me acenou. Tivemos um encontro agradável e divertido e, quando os assuntos já escasseavam, arrisquei:
“ – Está ficando meio tarde né… se você quiser ir pra outro lugar…” – ciente que ela pescaria a maldade.
Ela respondeu como só uma mulher carioca e experiente em lidar com gajos, como eu, faria:
“ – Você está na sua condição? ”
Ante a minha afirmação positiva em termos monetários, prosseguimos para o motel mais próximo.
Não vou me imiscuir nos acontecimentos íntimos sucedidos no referido té-téu, mas ocorreu que a barregã (fato que iria descobrir futura e desagradavelmente), saiu do estabelecimento apaixonada por minha pessoa. Você pode me chamar de convencido, mas também estaria se estivesse no meu lugar.
Conhecendo-a melhor, descobri que era mãe de dois garotos e vivia da pensão do ex-marido, somada a pequenos bicos de manicure. Morava sozinha com os filhos num local que depois, jurei a mim mesmo jamais voltar a pôr os pés.
Na última vez em que nos encontramos, a dama me disse que deveríamos passar a nos ver na casa dela. Ficaríamos mais à vontade e sem limite de tempo, o que de pronto concordei, visto que para um plebeu como eu, era hercúlea tarefa de bancar idas semanais a motéis.
Ocorreu que, na famigerada data, chovia cântaros no Rio de Janeiro. Daquelas chuvas que te faz amaldiçoar o fato de ter saído de casa de manhã. E apesar de querer muito voltar para casa, contra qualquer orientação de bom senso, fui encontrá-la.
Após agradáveis duas horas de viagem, sob um dilúvio bíblico e, encerrado junto com mais sessenta pessoas num ônibus, finalmente chego ao ponto marcado.
Aguardei minha dulcinéia por algo em torno de meia hora, e quando a ideia de tomar o próximo ônibus de volta começou a me parecer atraente, ela surgiu dirigindo uma lambreta, tão encharcada como se estivesse dirigido por dez quilômetros na chuva. Instantes depois, eu perceberia que a comparação era lamentavelmente próxima da verdade. O temporal incomodava, mas tornava-se preocupação secundária ante o verdadeiro imbróglio que me esperava.
A bordo da moto guiada pela mulata, assustado, eu via uma verdadeira floresta de tijolos e lama me cercando. As construções não acabadas passavam rapidamente pelos meus olhos enquanto singrávamos o chão de barro, que a essa altura já se tornava pantanoso. O som alto da lambreta parecia despertar pessoas suspeitas, e olhos nos espreitavam pelas janelas entreabertas. A visão de um valão pútrido não melhorou minha impressão do lugar enquanto passávamos pela ponte por cima dele. Em seguida, um cavalo passou correndo ao nosso lado, provavelmente, fugido de alguma charrete (vi algumas largadas, ou estacionadas, pelo caminho), mas dada minha aflição, eu facilmente teria confundido com uma mula-sem-cabeça, a não ser pelo fato daquele equino ter cabeça.
Depois de mais alguns minutos que me pareceram vitais para empreender minha última chance de fuga, a moto finalmente parou aos pés de uma colina. Descemos do veículo e nos dirigimos para um muro chapiscado, com um vão onde deveria haver um portão. Ela encostou a moto na parte de dentro da propriedade e corremos juntos para a casa, que ficava há uns seis metros do muro.
O interior era humilde, mas muito organizado, e eu gostaria de ter ficado mais impressionado com o tamanho da televisão do que com os dois gaiatos que estavam sentados no sofá e agora me fitavam, imóveis.
A mãe os beijou e, não sei se já era minha mente falando mais alto, mas tive a impressão de que nem mesmo sob o abraço materno os dois deixaram de me encarar com olhares um tanto desaprovadores, como quem diz: “- Quem é você? O que está fazendo aqui? Não gostamos de você. ”
Cumprimentei os dois infantes da melhor forma que pude, enquanto minha amante sumiu num dos quartos, mas logo retornou, com uma camisa e uma bermuda. Agradeci do fundo da alma pelas roupas secas, sem sequer questionar o porquê dela ter roupas masculinas na casa.
Sentei-me no sofá, gloriosamente seco e já esquecendo as agruras do caminho até ali, enquanto ela foi preparar o jantar. Foi quando me vi cara a cara com os dois garotos. Eles me assistiam, tão sérios quanto uma criança raramente poderia estar. Eu resolvi sustentar o olhar contra eles, afinal eram crianças!
Nisso, um comentário vindo do guri mais velho me desmantelou:
“ – Essa camisa é do meu pai! ”
Fiquei branco instantaneamente, e minha temperatura corporal deve ter despencado uns cinco graus. Em termos educados, meu esfíncter se contraiu como poucas vezes antes.
O garoto acabou de falar, me encarou mais uns instantes, e voltou sua atenção para o desenho animado na TV, junto ao irmão mais novo. Eu fiquei processando a informação até me colocar de pé num salto e ir até a cozinha conversar com a mãe dos pirralhos. Contei-lhe o ocorrido e ela explicou-me que o pai dos garotos não morava com eles há mais de ano e que não o via desde que ele estivera internado, vítima de um tiro.
Minha mente girou. Esperei ela fechar a boca e fui ao banheiro. Precisava elaborar um plano de fuga imediatamente. O quebra-cabeças era óbvio para mim; por isso haviam roupas masculinas na casa. Com certeza o homem se tratava daquele tipo de ex-marido que acha que ainda está num relacionamento com a mulher. Ele vai na casa dela com a desculpa de ver os filhos, mas quer opinar na casa e agir como se ainda fossem casados. E, apesar de no Rio de Janeiro alguém levar um tiro ser mais que corriqueiro, o fato dele estar internado por este motivo só me levava a uma conclusão: se tratava de algum bandido das redondezas, que foi alvejado em algum dos não raros confrontos com a polícia. EU PRECISAVA SAIR DALI! Mas como? Chovia o diabo lá fora e mesmo que eu empreendesse uma fuga, estaria só, a noite naquele sítio totalmente hostil e desconhecido, podendo ser emboscado por um grupo de elfos, atacado por uma matilha de lobisomens, ou pior, cair nas mãos dos traficantes locais.
Sem um plano formado, sai do banheiro e sentei sozinho na sala. Onde estariam os malditos moleques? A mãe surgiu de um quarto que tinha uma cortina de miçangas servindo como porta, e me chamou à mesa para jantarmos, informando que já colocara os filhos para dormir e que a noite enfim seria nossa.
Transamos e dormimos no chão da sala, onde ela havia providenciado uma cama de colchões, mas o que posso me lembrar da noite, é que provavelmente foi a pior performance sexual que já tive, afinal, transar com medo de não acordar no dia seguinte, é premissa capaz de abalar até o desempenho de Rocco Sifreddi.
Apesar de tudo isso, o sexo foi cansativo, minha concubina não reclamou de meu desempenho pífio e dormi como uma pedra.
Na manhã seguinte, não findo o sofrimento, fui despertado com um jorro de adrenalina fluindo pelas minhas veias. Alguém esmurrava a porta da sala violentamente, como se quisesse arrombá-la: O MARIDO!
Em um átimo, eu já estava de pé e pronto para sobreviver, quando vi minha anfitriã sair do banheiro, com uma toalha enrolada no corpo. Ela me beijou e explicou que na porta provavelmente era uma amiga que levava seus filhos para a escola todos os dias.
Enquanto meu coração desacelerava, ela abriu a porta da sala e eu voei para baixo do edredom esticado no chão.
A amiga entrou. Alta, magra, rosto fino e olhar de desprezo. As sobrancelhas grossas e as maçãs do rosto lhe conferiam uma aparência desdenhosa. Ela passou por mim ignorando-me totalmente, ao que agradeci, pois estava com um verdadeiro cagaço dela puxar as cobertas e me ver ali, vergonhosamente nu.
As duas desapareceram no quarto das crianças e pouco depois, retornaram com os garotos em uniformes escolares. Os dois me fitaram com aquele olhar que dizia: “ – Eu sei que você transou com minha mãe, seu miserável!”, mas podia ser também um olhar que nada dizia, admito que estava tendo alguns devaneios graças aos sucessivos sustos e aflições.
Tendo deixado os filhos com a amiga, minha correspondente sexual deixou a toalha cair bem ali onde estava, exibindo-me seu corpo nu, junto a um sorriso malevolente. Por mais que aquele convite parecesse irresistível a mim e a qualquer um, minha sanidade mental e, talvez também a física, não aguentariam mais desventuras.
Rapidamente inventei uma desculpa para sair dali o mais rápido possível e, apesar dos protestos da moça, vesti-me tão ligeiro quanto pude, dispensando até o banho.
Decepcionada, ela me levou até o ponto final de um ônibus e o tomei. Ainda passei uns 15 minutos de agonia enquanto a condução fazia um tour pelas favelas locais, até que finalmente, ela tomou a rodovia, quando eu, agradecido, finalmente relaxei no assento.
Até hoje não sei bem como me meti naquilo, mas o fato é que fiquei tão aturdido com a situação, que imediatamente cortei os laços com a moça e desapareci do radar dela, grato por estar vivo e com todos os meus órgãos em seus respectivos lugares para continuar contando esta anedota nos churrascos de amigos.
Oi Blackbridge.
Gostei muito do seu conto, mais de como foi escrito, do que da estória em si. Só posso dizer uma coisa sobre o seu protagonista… ô homem frouxo!! É por isso que uma mulher pobre não encontra mais o amor… kkkk não existe mais cabras machos pra enfrentar o perigo por elas… kkkk Mudando de assunto.. Está delicioso de ler o seu texto, parabéns!!
Obrigado, Priscila! Continuarei me aprimorando. Grande abraço.
Olá autor, já havia lido o seu conto na 1a. fase, sem a obrigação de comentá-lo, eis que faço agora, porém tristinha pelo fato dele não ter se classificado. Sem entrar no mérito dos que se classificaram, mas para o meu gosto pessoal, votaria no seu conto para passar de fase. A ideia é engraçada, a narrativa foi bem conduzida, tem umas frases do uóooo, como: “Você pode me chamar de convencido, mas também estaria se estivesse no meu lugar”, ou ““ Eu sei que você transou com minha mãe, seu miserável!”. Talvez o excesso de descrições, como nas partes da chuva, da moto, quebraram um pouco a narrativa e a comédia pretendida. De qualquer forma, é um belo texto, afie a pena para o próximo, go ahead! Abçs.
Oi Roselaine, infelizmente não passei, mas estou começando agora no Entrecontos. Meu objetivo é aprender, e aprendo muito coim seus comentários. Obrigado !
Amigo BlackBridge,
Gostei da sua história, achei que você conseguiu captar a essência do malandro- cafajeste-playboy do Rio de Janeiro (ou o estereótipo). Eu conseguia até ouvir seu texto na minha cabeça com sotaque.
O problema é que vc abusou nos estereótipos é o texto foi aos poucos deixando de ser divertido.
Não achei que o seu texto é exatamente uma comédia, mas é divertido de ler, como eu disse, só achei que vc pesou um pouco a mão com relação ao local onde a mulata morava, do que ela vivia e etc. Não que isso não exista, mas acho que tentar fazer graça com isso ficou meio sem graça.
Abraço
Olá Thiago. Fui um dos que jamais escreveu comédia na vida, então ficou meio difícil enquadrá-lo. Não foi minha intenção explorar de forma pejorativa o local e a vida de nossa mulata, mas ficarei mais atento a estes detalhes no próximo desafio. Abraços e obrigado pelo comentário.
Roubada com a mulata (Blackbridge)
Minhas impressões de cada aspecto do conto:
📜 Trama (⭐⭐⭐▫▫): simples e sem grandes percalços. O perrengue estava no título e não surpreendeu, acho que esperava mais (só conto num bar regado a muita cerveja, mas eu mesmo já passei perrengues piores hehehe). Não sei exatamente porquê, mas não comprei a tensão do cara. Tudo bem ele ficar com medo do lugar onde ele estava, mas precisava acontecer algo mais para o medo ganhar ares maiores, como por exemplo o tal ex-marido ser o dono da boca ou coisa do tipo. O plot das crianças focou muito no mais do mesmo: elas reagiram conto qualquer criança no lugar delas e a mulher que chega para buscar elas acabou sobrando, não serviu para nada na trama. Enfim, faltou ousadia e um perrengue maior…
📝 Técnica (⭐⭐⭐▫▫): o texto se desenvolve facilmente, sem nenhum erro ortográfico que incomodasse, deixando a trama fluir. Peguei só esse erro:
▪ finalmente *chego* ao ponto marcado (o texto estava no passado, aqui escorregou para o presente)
💡 Criatividade (⭐▫▫): como adiantei, faltou ousadia, algo que fizesse esse perrengue ser diferente de vários outros. Na mesa de bar, eu conhecendo o protagonista, seria uma história engraçada e “diferente”, mas como conto ficou comum.
🎯 Tema (⭐⭐): o texto conta uma história cômica.
🎭 Impacto (⭐⭐⭐▫▫): o final foi anticlimático, no fim ele foi embora sem nenhum grande conflito. Afora isso, achei o texto levemente divertido e um causo legal de se ler.
🤡 #euRi:
▪ “emboscado por um grupo de elfos, atacado por uma matilha de lobisomens, ou pior, cair nas mãos dos traficantes locais” 😃
⚠️ Nota 7,0
Fala Leo. Obrigado por uma análise tão meticulosa. Eu realmente poderia ter utilizado um plot mais bombástico no ultimo ato, mas achei que poderia quebrar o clima de realidade que tentei instaurar. Sua critica foi bastante importante pra mim. Grande abraço!
Blackbridge,
o teu trabalho tem uma escrita sólida. Quanto a história, meu amigo, ela deixou a desejar. É uma história simples de um cara que conhece uma mulata e que, reforçando todos os esteriótipos, tem uma aventura sexual com ela dentro de um barraco. Nada de novo. Nada de inusitado. É apenas uma descrição clichê (e eu adoro clichês, mas nesse caso ele precisava de uma melhor roupagem).
Gustavo, acho que realmente, abusei em não abusar. Mais uma lição aprendida! Obrigado pelo comentário.
Olá!
Será esse um dos contos que não se tem definido se é crônica ou conto? Bem, como eu não sei a diferença exata entre os dois, vou desconsiderar qualquer descaracterização.
Seu conto é bom, não achei engraçado, mas é bem humorado, há uma boa tentativa de diversão. É bem real, cotidiano, parece mesmo algo que tenha acontecido de verdade e o autor estar mesmo apenas relembrando esse momento.
O homem é bem corajoso, ou burro… como tem coragem de dormir na casa de uma mulher com dois filhos sinistros e a possibilidade de ter um ex mau encarado? Mas entendi que sair sozinho aquela hora seria muito arriscado, mas só o fato dele sair do seu ‘’habitat’’ e ir pra lá já é loucura.
As cenas finais são cômicas, e fiquei apreensiva se o texto se tornaria uma tragédia. A narrativa está muito boa, envolvente. Acredito que passará de fase.
Boa sorte no desafio.
Amanda, também fiquei na dúvida se trata-se de um conto ou uma crônica, mas assim como você, não sei bem a diferença, então, foi assim mesmo.
Quanto ao fato de parecer uma história real, vamos manter isso em OFF ok? rsrs.
Nunca escrevi comédia, meu ramo é mais para o suspense e fantasia. Acho que no clímax acabei deixando aflorar essa minha veia em detrimento da comicidade.
Obrigado pelo comentário!
Olá! Primeiramente, obrigado por investir seu tempo nessa empreitada que compartilhamos. Para organizar melhor, dividirei minha avaliação entre aspectos técnicos (ortografia, organização, estética), aspectos subjetivos (criatividade, apelo emocional) e minha compreensão geral sobre o conto.
****
Aspectos técnicos: percebo como gatilho e guia da narrativa o encontro do protagonista com sua companheira. Paralelo a esse eixo, faz-se presente o humor tragicômico pela incapacidade do rapaz de lidar com as situações desencadeadas pelo encontro.
Aspectos subjetivos: não achei tão criativa a peleja descrita em si, mas os personagens possuem uma carga legal de carisma. A visão do protagonista, deturpada pelo pânico, é especialmente engraçada. Embora ele não perceba tanto, temos a noção do quanto a euforia o afeta.
Compreensão geral: penso que o conto carece de um pouco mais de explicação para o trauma do rapaz. Ao menos para mim, não ficou clara a razão da tempestade em copo d’água, como se houvesse ali uma bagagem que não foi mostrada. O trabalho dessa parte poderia substituir o excesso descritivo em passagens que não afetam tanto o desenrolar da história (por exemplo, senti que se prolongou bastante na viagem de ônibus até o ponto em que ela o esperava de moto).
Parabéns e boa sorte.
Olá Wender. De fato, posso ter exagerado em algumas descrições. Obrigado pelo comentário.
Um texto sem grandes novidades. Como o proprio texto diz no inicio, é um relato que seria mais interessante de se ouvir em um churrasco do que em um texto literário. Sem grandes nuances e sem muita personalidade. Eficaz, correto, mas pouco cativante.
Obrigado pelo comentário, Anderson.
Olá, Blackbridge!
Que roubada, hã? Ou excesso de medo? Rsrs
Bom, primeiramente gostaria de dizer que seu conto foi bem escrito, a trama segue uma ordem que obedece à lógica, seja ela qual for.
Pois bem. Achei que houve uma mudança gritante na personalidade antes arrojada do protagonista, avançando “com tudo” na mulata no trem rumo a Pedro II (final da linha).
De repente o corajoso conquistador transforma-se num medroso, isso não condiz com o perfil.
Posso estar enganada, mas me pareceu história vivida ou ouvida por alguém que andou pelo Rio de Janeiro…bom, eu achei triste o final.
Pela inteligência e fluidez, minha nota é 8,5
Abraços!
Oi, Renata. Obrigado pelo comentário. De fato, preciso trabalhar melhor a transição de sentimento de meus personagens. Obrigado pela análise. Quanto à história ter sido vivida… melhor deixar em OFF rsrsrs.
*Não irá gostar
Achei um bom conto. Acho que a mulherada participante do desafio não irão gostar muito, só acho. O conto está muito bem escrito, não vi erros, e é bem divertida, não me fez gargalhar,mas, tem um bom humor de esteriótipos, que podem ser interpretados como preconceito por alguns leitores. Boa sorte.
Olá, Jowilton. De fato, o contrário aconteceu. Temos muitas Entrecontistas que gostaram do conto. Leitoras e escritoras maduras! Obrigado pelo comentário e pelos elogios.
Meu caro Senhor Ponte Preta (claro que seu nick name é uma bacana homenagem ao Grande Estanislau, bacana isto). Comecei a ler animado o seu conto. Fui saboreando-o gostosamente, mas aí me dei conta de uma questão. É que comecei a reparar que, quanto mais a história estava avançando, menos ela me entregava em sorrisos, em lucros na matéria de humor. O que foi crescendo em mim, ao invés das risadas, foi o temor. Uma pena, eis que no início achei tudo bem bacana, numa história bem escrita e que, de pronto me geraria excelentes piadas. Agora, Mister Blackbridge, por favor, não se apoquente com essa minha avaliação tão chata e metida a besta. Claro que o problema está muito mais em mim, enquanto leitor, do que em você escritor. Evidente que fui eu quem não soube, ou não fui capaz de encontrar os risos prontos a serem explorados no interior da sua história. Receba o meu grande abraço.
Olá, Fernando, Voc~e foi o único que sacou (ou mencionou) a alusão ao mestre das crônicas. Deveras, meu gênero de escrita é mais para a aventura, suspense e fantasia. É a primeira vez que escrevo comédia e temo que minha veia inicial tenha influenciado no ultimo ato do conto. Provavelmente, isso traduz a sensação que você experimentou com o progresso na leitura. Pode deixar que não me apoquento, pois estou aqui para aprender com todos vocês, leitores e autores experientes. Abraço recebido e retribuído!
Método de Avaliação IGETI
Interesse: O conto começa muito bem despertando o interesse do leitor e garantido a fluidez da trama até o fim. Todo mundo, e eu também, queria saber o que afinal ia acontecer entre o narrador e a moça. E até o fim eu mantive mesmo a esperança em uma revelação bombástica, mas o cara só era frouxo.
Graça: O conto é muito bem escrito e o autor cria situações diversas que deveriam ser engraçadas. Talvez eu tenha lido em uma tarde ruim, mas mesmo na melhor cena do conto (a chegada da vizinha + o olhar das crianças + o pulo do cara para se esconder) eu não consegui rir. Já falei que o conto é muito bem escrito?
Enredo: Jovenzinho encontra belíssima mulher no transporte coletivo e não consegue desenvolver um relacionamento com ela por falta de experiência e coragem. Um conto bem estruturado e com muita fluidez que, infelizmente não conseguiu ser engraçado. Não vi motivo para o cara amarelar. Só vi uma mãe de família com seus filhos sendo julgada por ser pobre e morar num local estranho. Como disse antes, o narrador era um frouxo.
Tente Outra Vez: Dê uma olhada na concordância, elabore melhor as passagens que deveriam ser engraçadas.
Impacto: Um conto bom é um conto bom, ainda que não cumpra o item de adequação ao tema.
Oi Iolandinha! Obrigado pela crítica, mas em muitos momentos, não entendi se estava sendo irônica ou sincera rs. A carência de uma bomba no ultimo ato, é de fato, o maior defeito apontado pelos colegas. Mas agregou experiencia e é isso que conta! Obrigado e grande abraço!
Eu jamais sou irônica nos comentários. Achei que seu conto precisava de uma solução mais impactante, e que o personagem narrador era muito medroso. Fora isso eu achei tudo muito bem escrito, envolvente, gostoso. Um abraço para você também.
té-téu = tetéu ou téu-téu.
Uma aventura insípida, parecendo e querendo fazer graça, mas contando aflição e destemperos. Não considero um conto comédia, nenhum sorriso, ao contrário, acompanhei a odisseia com os nervos abertos à flagelação. Foi realmente uma roubada, mas contra o leitor.
Olá Cilas, minha veia no suspense pode ter sobressaído mais do que a conta. Obrigado pelo comentário!
Houve uma preocupação com os detalhes, que são muitos, onde o texto torna-se cansativo.
A descrição do acontecimento pelo personagem é quase um monólogo. Está tão rigidamente estruturada que parece artificial, não dá para sentir a tal “roubada”.
O enredo não empolga, nem rouba a atenção.
Por outro lado, o personagem é bem desenvolvido no perfil psicológico, pena que este fato não gera vida ao texto.
Tem várias passagens com erros de colocação de pronomes.
Não encontrei os elementos cômicos do texto.
Nota 5.
Obrigado pela crítica, Cláudia.
Faltaram situações engraçadas. O conto parecia promissor, mas não conseguiu se enquadrar como comédia. Talvez descrições mais irreverentes ajudassem, ou falas mais divertidas.
Olá, amigo, tudo bem?
Aiai, acho que vou ser execrado por isso, mas vou entrar no politicamente correto. Desculpa.
Achei um pouco de mal gosto o conto.
Tudo bem, tem uma pegada de humor, um tom divertido no contar da história, e acaba sendo uma leitura gostosa.
Mas achei um tanto indelicado o jeito que retratou a favela e seus moradores.
Mas vamos deixar isso pra lá e nos ater apenas aos aspectos técnicos, deixando de lado minhas preferências particulares.
Dentro do que se propõe, a história entrega bem. É uma escrita leve, bem ambientada, que flui naturalmente. Desde o começo imaginei como terminaria, então não tive muitas surpresas. Achei o fim meio sem graça. Por ser previsível, acabou deixando a desejar, se tratando de um conto de humor.
A gramática e estrutura do texto são bons, e a linguagem é fluida e prazerosa.
Queria deixar claro que compreendo se tratar da opinião do personagem, e não necessariamente retratar o pensamento do autor. Ou seja, não tô dizendo que você tenha algum problema com favelas, nem nada. Só não me pegou, mesmo.
Enfim, tecnicamente é um bom conto, mas como esbarrou em algumas questões particulares minhas, acabei não conseguindo apreciar. Não é culpa do autor: não dá pra agradar a todos, né? De qualquer forma, demonstrou talento. Parabéns e boa sorte!
Obs: fiquei na dúvida sobre a palavra “barregã”, e não achei uma definição conclusiva no google. Em alguns lugares encontrei a definição “mulher que se envolve com um homem mas não é casada com ele”, e em outros, “prostituta”. Poderia esclarecer qual das definições você utilizou? (Pelo conteúdo do conto, acreditei se tratar da primeira).
Olá Luís. Pena ter compreendido assim. Minha intenção nem foi de fato mostrar uma favela, apenas um local feio mesmo. Fui criado em local “feio” então, posso ter transmitido a imagem errada, mas longe de mim qualquer preconceito quanto à favelas. Quanto ao termo “barregã”, a primeira opção foi a empregada aqui. Obrigado pelo comentário!
O que achei engraçado foi o fato dos perigos serem todos frutos dos estereótipos criados pelo personagem covarde: mulata, moradora de comunidade pobre, com filhos, ex-marido envolvido em tiroteio. Nada aconteceu, ele que era um cagão. Kkkk. Ela se livrou de uma mala e uma grande roubada. No final, fechando com chave de ouro, a postura dos canalhas, dividiu a história com os amigos. Eu ri de raiva do cara.
Frase auge: “Certamente, notara meu olhar, que no mais educado dos termos, era faminto.” – Aqui o gajo já estava entregue.
Sugestão:
Colocar o personagem em 3ª pessoa, e não em 1ª, para que não passe a impressão errônea (ou não?) de que esta visão machista e preconceituosa seja a do (a) autor (a). Quando escrevo personagens com posturas diferentes das minhas procuro manter o distanciamento ideológico através da 3ª pessoa. Mas isso é uma escolha muito pessoal. Bom conto.
Nota 9,2
Que cilada! Custava nada a mulher avisar que morav na PQP, esquina com o Quinto dos Infernos, e que para chegar lá tem que atravessar a faixa de Gaza. Meio clichê, entretanto.
*morava (correção)
Olá.. então…
naõ saquei qual foi a roubada, afinal.
Todos os medos dele foram imaginários, fora ele entrar na favela e perceber olhares de provaveis malfeitores.
Gostaria que ao final, ele percebesse que a vida corria normal por ali, apesar dos problemas que toda periferia tem. A mulher nao explicou melhor a situação com o ex-marido, pq pra ela estava tudo dentro da normalidade…
Até entendo que ele sentisse o choque de uma realidade a qual ele nao estava familiarizado, mas dae a dizer q fora uma roubada… e contar para os amigos… deveria ter ocorrido realmente algo que o prejudicasse…
Mas o texto é bem construído, somente o desenrolar da historia é que ficou devendo uma coerência entre o q ocorreu e o que foi prometido pelo título e pela conclusão do conto.
É isso, abraço
Conto leve e muito divertido. Muito bem conduzido pelo autor, tem o humor na medida certa. Por uns instantes me vi na aflição do protagonista sem saber o que fazer naquela casa de favela, no seio familiar de uma mulata estonteante. Realmente a violência Rio de Janeiro cria histórias e comédias deliciosas como essa. Texto sem erros e escrito de forma clara e bem humorada. Gostei!
Texto muito bem escrito, cuida da descrição em seus mínimos detalhes, o que nos coloca na cena. Narrativa que discorre solta, mostra que o autor tem uma grande capacidade de escrita fluente, lógica, clara. Enredo interessante, prende o leitor, é cômico, tira sorrisos pela simplicidade do contar e pela incrível parecença com a realidade. É o que acontece ou pode acontecer a qualquer momento. Texto delicioso de ser lido, perspicaz. Pode acreditar, ter lido este texto não foi uma roubada! Parabéns, Blackbridge!!!
SOBRE O SISTEMA DE COMENTÁRIO: copiei descaradamente o amigo Brian Lancaster, adicionando mais um animal ao zoológico: GIRAFA!
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*** (G)RAÇA
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Não teve muita, infelizmente.
Algumas piadas até funcionaram, dando um ar divertido:
– O fato dela conseguir estar sentada no trem àquela hora já a fazia especial de algum modo.
– Em termos educados, meu esfíncter se contraiu como poucas vezes antes.
– é premissa capaz de abalar até o desempenho de Rocco Sifreddi.
– Eu sei que você transou com minha mãe, seu miserável
(essa última foi a única que eu ri mesmo kkkkk)
Mas entre uma e outra teve um longo trecho “sério” e piadas que não funcionaram tão bem, como:
– a não ser pelo fato daquele equino ter cabeça.
– emboscado por um grupo de elfos, atacado por uma matilha de lobisomens, ou pior, cair nas mãos dos traficantes locais.
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*** (I)NTERESSE
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Aqui, o ponto alto.
Prendeu bastante a atenção, por todo o mistério em torno da moça. Só dispersei um pouco no final, quando o personagem começa a tomar atitudes afobadas.
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*** (R)OTEIRO
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Muito bom, ações bem encadeadas, uma linha narrativa bastante clara, que renova o interesse a cada parágrafo.
Apenas o final que me desagradou bastante.
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*** (A)MBIENTAÇÃO
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Muito boa, tanto no trem quanto na favela durante a chuva.
Gostaria de ter visto mais da personalidade da moça, além das descrições de sua beleza, condição social e lugar onde morava.
O protagonista me pareceu um cara comum e a identificação foi imediata. Até o final, onde ele me pareceu meio afobado nas atitudes. Apesar que, sinceramente… também não sei o que faria na situação.
O que me incomdou (e olha que é difícil esse tipo de coisa me incomodar) é que soou meio preconceituoso com a favela, sei lá.
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*** (F)ORMA
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Boa gramática e boa fluidez narrativa.
– cabelos cheios de negra vaidosa
>>> claro que dá pra entender, mas uma vírgula ajudaria a eliminar ambiguidades nessa frase
– “ – Está ficando meio tarde né
>>> não entendi por que marcar diálogos dessa forma. Usaria ou aspas, ou travessão, não os dois juntos.
– chovia cântaros
>>> chovia a cântaros
– tão sérios quanto uma criança raramente poderia estar
>>> essa frase ficou estranha. Talvez usar: “sérios como raramente as crianças costumam ficar”.
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*** (A)DEQUAÇÃO
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Não está totalmente adequado ao tema, na minha opinião. É mais uma história de cotidiano, um amor bandido, talvez, entremeada com uma ou outra tirada de efeito cômico.
Em outras palavras, não me pareceu que o humor fosse o foco do conto, mas uma consequência da situação que, no fim, não ficou tão engraçada em forma de texto (imagino que contando no churrasco deve ficar bem melhor rsrs).
NOTA: 7,5