Acordei muito tarde naquele dia. O despertador instalado no meu implante ótico não tocou, não sabia bem o motivo. Desde que troquei para a nova versão bioquímica, essa joça não funcionava direito. As coisas evoluem muito rápido, não fiquei nem um ano com a versão anterior, que era bem mais intrusiva e incômoda, mas não dava pau.
Não lembrava como vim parar em casa. Na verdade, não me recordava de quase nada depois da oitava droga diferente na noite anterior. Esses malditos criam bebidas e pílulas cada vez mais alucinantes, mas não inventam uma cura para ressaca.
Busquei no dispositivo ocular, que projetava imagens em realidade aumentada na minha frente, os vídeos da noite anterior, mas não tinha nenhuma. Cacete! Vou acabar demitido se a corregedoria descobrir que tenho desligado, mesmo que involuntariamente, a captura de imagens — a lei diz que todo servidor público tem que manter ligada o tempo inteiro, mesmo que teoricamente só a justiça possa pedir as imagens. Se eu não trabalhasse no pior quadrante da cidade e fosse um dos únicos com coragem de continuar, já estaria catalogando mutantes em algum escritório de serviço social ou coisa pior.
Uma infinidade de notificações incomodava a parte superior da visão, mas dispensei todas elas, pois a maioria era inutilidades de redes sociais. Centrei o meu foco no que era mais importante para manter o emprego: a minha lista de tarefas. Puta merda! Assassinato no Lula Molusco, o boteco mais pé-sujo do pior quadrante da cidade, o meu. Era lá que eu costumava me afundar depois do expediente e encontrar um pouco de alegria sintética para o abismo vazio-existencial que eu chamava de vida. Que merda, o morto era o Polvo, o melhor barman do lugar — o que não é grande elogio — e cara mais gente boa que conhecia. Quem ia querer matar ele? E por quê?
Como essas perguntas não costumam se responder sozinhas e o único detetive da cidade a ter coragem de pisar no Lula Molusco era eu, claro que a esse crime só podia estar na minha lista de tarefas. Abri o aplicativo de investigação e, paralelamente, pedi meu café da manhã — o de sempre. Antes que terminasse de ler a ficha do pobre coitado, a campainha do dispersor tocou e dentro dele me aguardava um café aguado e o melhor pão com manteiga mole que o meu salário podia pagar. Aproveitei para olhar o clima e, apesar do enxame dos drones de entrega atrapalhar a visão e incomodar mais que as pragas do Egito, consegui ver o céu escuro e fechado.
Tomando minha primeira droga do dia — cafeína —, passei os minutos seguintes investigando os funcionários e principais frequentadores do boteco. Enquanto analisava, as imagens das fichas de cada um flutuavam na minha frente. Eu costumava criar uma rede de relacionamento entre os envolvidos e coisas mais elaboradas, mas nesse caso isso não parecia ter utilidade alguma — eram todos bêbados e drogados, como eu.
Já estava chegando a hora do almoço e não dava mais para esperar ou o corpo começaria a cheirar mal. Recorri à segunda e terceira droga do dia — antiácido e aspirina — e me dirigi ao local do crime. Coloquei meu sobretudo que um dia foi preto — e hoje figurava numa cor ainda não catalogada —, peguei o elevador e encarei a chuva insistente que estava caindo sobre a cidade há meses. Resolvi ir à pé para queimar as toxinas do corpo, mas desisti na segunda esquina, pois estava impossível trafegar nas ruas superlotadas sem esbarrar em algum mutante a cada passo — não que eu seja preconceituoso, mas às vezes incomoda encostar num cara com pele esponjosa ou corpo cheio de verrugas. Chamei um TAVI — Transporte Autônomo Voador Individual, que já sobrevoava sobre mim e me tirava daquele mar de gente antes mesmo que eu pudesse me preparar corretamente. O TAVI, para quem não conhece, tem vários níveis de preço. O mais barato, claro, era um cubículo tão apertado como poltrona de foguete. Mas era discreto, voava e quase sempre cumpria o prazo estimado.
Cheguei ao Lula Molusco cerca de sete horas depois do crime. O estabelecimento estava isolado e o corpo do Polvo ainda jazia no mesmo local onde fora encontrado, me garantiram os meus colegas.
— Demorou hoje, hein, Gouveia? — um legista brincou.
— Mas esse cara tinha que morrer justo de madrugada? — respondi no mesmo tom.
— Quem teria coragem de matar o cara mais legal do quadrante?
— Também tenho essa dúvida. Um drogado talvez. — Era a única coisa que me vinha à mente, enquanto examinava o estranho corpo do mutante que tinha diversos pequenos apêndices projetados do rosto, como tentáculos de polvo. Quando vivo, as protuberâncias moviam-se involuntariamente e não tinham nenhuma utilidade prática a não ser combinar com o nome do estabelecimento.
— Foram quatro golpes de um objeto perfurante, no ombro, barriga, e dois nas costas. Chutaria que fossem de uma faca de cozinha — ele contou, mostrando as feridas.
— A arma não foi encontrada?
— Não. Procuramos em todos os lugares.
— Parece que houve luta — eu constatei, apontando para a bagunça e garrafas quebradas.
— Sim, alguns hematomas confirmam uma luta violenta antes da morte.
— Que coisa! — foi a única interjeição que consegui dizer.
Inicializei o aplicativo de análise de cena do crime e analisei o corpo com cautela. Pensei procurar algum tecido do assassino na unha da vítima, mas logo lembrei que o mutante não tinha unhas nem fio algum no corpo. Não seria fácil identificar o assassino, pois o local estava imundo, com camadas e mais camadas de sujeira e gordura acumuladas orgulhosamente por cerca de um século. A noite anterior havia trazido muitos visitantes e identifiquei impressões digitais de todos eles, a maioria conhecida — já relacionadas com as fichas levantadas. Tinha muito sangue naquelas paredes, mas somente o do morto era recente. A câmera de segurança obviamente não funcionava há eras — se é que alguma vez tivesse funcionado. Teria que recorrer ao mais antigo e falho método de investigação: entrevista com testemunhas.
Convoquei todos os frequentadores e funcionários que estavam no boteco no dia anterior, com base nas fichas levantadas. E, por mais que o trabalho de investigação possa parecer legal nos filmes e livros (que nunca saem de moda, independente de seguirem sempre o mesmo princípio base), na prática ele é um porre! Passei o resto do dia entrevistando bêbados, drogados, mutantes e traficantes. Quase ninguém tinha informação útil, tampouco testemunharam o crime. Eu já estava começando a achar que o cara havia cometido suicídio — não fossem, claro, os registros de luta e as feridas em partes do corpo impossíveis de se alcançar com as próprias mãos —, quando mais uma pessoa entrou no boteco e se dirigiu à mesa onde eu fazia os interrogatórios.
— Ah, então é você o detetive Gouveia? — disse a mutante de mãos peludas, cabelo arrepiado, olhar penetrante e boca suculenta… quer dizer, carnuda.
— Sabrina? — sim, eu a conhecia.
— Beto, se eu soubesse que era da polícia, não tinha feito metade das coisas que fizemos. Tenho um código de honra a cumprir.
— Por isso não te contei. Não estaria quebrando seu código se não soubesse — abri o meu melhor sorriso, enquanto a examinava com o dispositivo ótico. Devo reconhecer, porém, que a análise era menos profissional que eu desejava.
— Assim você me quebra, gostosão. O que quer de mim hoje? — Ah, aquele sorriso terrível.
— Eu quero… er… quero saber sobre a noite de ontem.
— Ué, você tava aqui a noite toda. Não se lembra?
— Hummm… de algumas coisas… essa entrevista está sendo gravada e enviada para a delegacia, tudo o que disser poderá ser usado contra você e… bem… conte-me o que sabe do assassinato do Polvo.
— Tadinho, ele era tão bonzinho… bom, trabalhei ontem até tarde. Queria muito que a noite terminasse como sempre, eu e você numa cama qualquer, mas você ontem estava diferente.
— Diferente como?
— Não sei, agitado. Você é estressadinho normalmente, mas ontem estava mais que isso. Tava falando alto, batendo na mesa… Tomou alguma droga nova?
— Não lembro de ter usado nada diferente.
— Ah, mas deve ter tomado. O Cabeçudo deve ter te vendido, ou dado, sei lá. Vocês conversaram por um tempo.
— Mas e depois — tentei fugir do assunto —, o que houve?
— Um grandão me pegou e fomos para o quarto — me olhou daquele jeito. — Você não veio, não podia ficar sozinha.
— E não viu mais nada?
— Não… — sorriu com malícia. — O grandão me aguentou a noite toda.
— Ouviu gritos ou briga?
— Desculpa, querido, mas estava realmente ocupada. — A maldita queria me causar ciúmes. E, merda!, estava obtendo um tremendo sucesso.
— Tudo bem, Sabrina. Se lembrar de mais alguma coisa, me ligue.
— Pode deixar, detetive — disse, provocante. — Se você precisar de mim, também estou disponível.
Ah, puta safada! Ela sabia que eu era doido por ela e usava isso a seu favor. Mas o depoimento dela me deixou intrigado. Parecia que havia alguma coisa que ela não queria contar. E, caramba, não sabia que tinha usado uma droga nova. Todos os entrevistados me citavam no local e nenhum me viu sair. É foda admitir, mas as evidências me colocavam como o principal suspeito do assassinato.
Precisava investigar isso a fundo. E tinha duas testemunhas-chave: o traficante Cabeçudo e, claro, Sabrina. Liguei para ela, mas não me atendeu. Mandei algumas mensagens, dizendo queria um encontro naquela noite. Talvez uma desculpa para muito sexo e carinho, como nós dois precisávamos — prefiro acreditar que ela só faz assim comigo.
Enquanto ela não respondia, liguei para o traficante. Disse que ele deveria me encontrar num beco ali perto e levar a droga da noite anterior. Precisava saber seus reais efeitos.
— Então você gostou da vermelhinha? — ele já chegou perguntando.
— Que droga é essa, Cabeçudo? — Era um mutante, como o nome indicava, que possuía a cabeça muito maior que o normal.
— Ué, não lembra? Te dei uma amostra grátis ontem.
— Quais os efeitos?
— Cara, eu te disse: ainda é experimental. Você tava muito estressado e queria algo relaxante.
— Relaxante!? — perguntei, puto. — Além de uma amnésia terrível, fiquei ainda mais irritado e não relaxado.
— Amnésia é um efeito colateral conhecido, mas raiva, não. — Ficou pensativo. — Pode ter sido a mistura. Você já tava bem doidão ontem.
— Hummm. Pode ter sido. Estou confiscando essas que você trouxe como evidências de um assassinato.
— Caramba, Beto. Você acha que…
— Não acho porra nenhuma! E não abre essa boca grande sobre esse assunto, hein!
— Pode deixar, chefia. Sabe que sou discreto.
— Com essa cabeça, discrição nunca vai ser seu forte.
— Também não precisa ofender…
Saí do beco com os comprimidos vermelhos na mão. Tinha que estudar aquela merda antes que mais alguém na delegacia visse os depoimentos e desconfiasse de mim. Todos sabiam da minha vida pouco prudente e juntar as peças parecia fácil até para o idiota do Cabeçudo.
Dessa vez fui andando até minha casa. Atravessei à nado, com braçadas bruscas e pontapés, o mar de mendigos e mutantes e subi no cubículo onde moro. Quando abri a porta, Sabrina me ligou e perguntou se estava confirmado o programa de hoje.
— Sim, minha querida. Estou precisando muito de você — respondi. Eu usava várias drogas, mas meu maior vício era o corpo daquela mutante.
Sentei na minha cama enquanto consumia a quarta droga do dia — uma garrafa de vodca — com uma das pílulas vermelhas na mão. Muita coisa ainda não fazia sentido, mesmo que eu aceitasse a tese de que, sob o efeito daquela merda combinada com outras, eu ficasse violento a ponto de agredir e matar o Polvo.
Estava cansado e estressado e tomei um calmante — a quinta droga. Guardei a vermelha. Pretendia não a tomar nunca mais. A sexta foi uma pílula para aguentar a noite de sexo com a Sabrina, que já tinha avisado que estava subindo. E, como sempre, a azulzinha não me deixou na mão.
Por várias horas, eu me perdi no corpo escultural da única mulher que me aturava e me deleitei com os seus truques — melhor nem comentar como aquela mão peluda trabalhava. Ao fim, acendemos um cigarro — era a sétima? — e puxei o assunto da noite do crime:
— Tem alguma coisa sobre ontem que não me contou?
— Achei melhor não falar no depoimento, mas — ela me fitou com aqueles grandes olhos violetas — eu vi você de manhã cedo no Lula Molusco.
— Me viu!?
— Sim, o Polvo já tava morto e você… sei lá… tava mexendo no corpo — hesitou —, guardando uma faca.
— Será? — gelei. — Ah, tá, lembrei — menti, sem jeito. — Fui de manhã cedo olhar as evidências e recolhi algumas para análise. — As mulheres costumam possuir um dom especial para identificar quando estamos mentindo, mas Sabrina parecia especialista no assunto.
— Beto — ela iniciou a pergunta com cautela —, não foi você, foi?
— Puta que pariu, Sabrina! — gritei e me sentei. — Tá maluca!? Claro que não!
— Sei lá, pode ser culpa da droga nova… — Segurou na minha mão. — Beto, pode confiar em mim…
— Tira a mão de mim, sua mutante nojenta! — berrei e logo percebi que algumas palavras machucavam muito mais que socos ou chutes e são capazes de atingir pontos irreparáveis da alma. Segurei ela pelo braço e ameacei: — Nunca mais fale uma besteira dessas ou acabo com você, ouviu?
— Me solta, seu racista filho da puta! — ela gritou, com voz trêmula. A decepção estampada no seu belo rosto me perfurou mais profunda e dolorosamente que centena de golpes de faca teria conseguido. — O que tá acontecendo com seus olhos?
— O que que tem? — No topo da minha visão, várias notificações de erro pipocavam.
— Está vermelho…
Foi quando tudo ficou turvo.
Daqueles momentos identifiquei apenas algumas imagens: Socos. Tapas. Arranhões. A minha arma. Os disparos. Um corpo ensanguentado no chão.
Ah, Sabrina! A única mutante que eu realmente amei. Que merda que eu fiz!
Verifiquei que as imagens desse período de escuridão não foram gravadas no dispositivo ótico. Esse implante bioquímico devia estar fodido. Será que essa porra era capaz de afetar minha mente?
Triste, desolado, só me restava encarar os fatos e apagar os rastros: coloquei o corpo ensacado num TAVI (numa conexão privada e segura) colocando o lixão como destino (uma forma exótica, mas comum de descartar o lixo), limpei o apartamento e encerrei a investigação do caso do Polvo alegando falta de provas — não haveria tarefas na minha lista na manhã seguinte.
E, para apagar o único rastro que restava, precisava tomar a oitava e última droga diferente naquele maldito dia: a pílula vermelha da amnésia.
Olá.
Este foi outro conto que gostei muito de ler. Adoro estórias noir com detetives, fêmeas fatais e assassinos misteriosos. Isso tudo tem muito a ver com o universo do cyberpunk, e mutantes (biopunk) também podem fazer parte. Não tenho muito a dizer, o conto está correto, bem escrito e dentro do tema. É bem descritivo, tem bons diálogos e um bom final (mesmo que previsível).
Boa sorte.
Valeu, Renato. Também gosto muito de histórias assim, e por isso mesmo gosto de escrevê-las. Grande abraço.
Um conto que se esforçou em mostrar que estava realmente no futuro. Mas despertador instalado no implante ótico? Isso poderia estar em outro lugar e…
Epa, peraí! Deixa eu começar de novo esse comentário: alguns minutos do meu dia hoje foram para ler isso aqui. E eu adorei, hahhaahahahah! Gouveia, você é um boca suja e não vale um vintém (ou uma pílula) sequer, mas eu queria uma dose a mais desse texto. Tadinha da Sabrina… =\
Em uma primeira leitura me cativou, fiquei imaginando isso tudo em uma graphic novel. Essa personagem podia muito bem ser aproveitada em outras narrativas.
No futuro do conto, teremos tudo o que temos no celular e muito mais no implante ótico, por isso estava lá o despertador. Mas também era um motivo de dizer, ainda lá no início, que o dispositivo estava com defeito.
Também gostei muito de escrever o Gouveia, um belo de um fdp. Aquele grito de Sabrina quase que saiu da minha boca. Obrigado pelo comentário e pela nota super generosa. Bjs
Eu gostei muito da sua narrativa e da forma como desenvolveu o enredo! 😉
29. Assassinato no Lula Molusco (Squidward): Nota 8,5
Amigo SquidWard,
Parabéns pelo seu texto. Gostei da atmosfera que você criou. Gostei da ideia de mutantes de diferentes formas vivendo em uma cidade lotada, onde as pessoas se esbarram o tempo todo para andar (quando fizerem o filme da sua história vai ficar caríssimo contratar tanto figurante).
Achei que apenas duas coisas ficaram um pouco fora do prumo pra mim.
A primeira foi que, no início da história, não senti que o investigador era assim tão malzão e esquentado. Ele parecia ser um cara gente boa (bebado e drogado, mas gente boa), principalmente pela forma como ele ficou embasbacado e enciumado por causa da mutante peluda. Daih, quando eles já estão fumando depois da relação é que ele começa a ficar nervoso como um cara esquentadinho tradicional ficaria (respostas curtas e grossas, xingamentos, etc)
A outra coisa que me confundiu um pouco foi o final. Eu estava entendendo que tinha sido a nova droga que tinha feito ele cometer o assassinato do dono do bar. Mas, no final da história, parece que ele surta do nada e mata a mutante que ele tanto amava sem nem ter tomado o remédio novo. Surtou por surtar. E dai ele toma o remédio novo, cujo efeito passou a ser apenas amnésia (e não instinto assassino injustificado).
Fora essas duas coisas, gostei da sua história. Talvez colocar o protagonista como culpado tenha sido um pouco previsível, mas eu não fiquei me preocupando em tentar “adivinhar” sua história. Fui lendo e achei bastante interessante.
Parabéns.
Valeu, Thiago, pelo comentário. Quando fizerem um filme do meu conto, deixa que eu arrumo os figurantes. 🙂
Sobre suas dúvidas: ele é daquelas pessoas que por fora é de um jeito, mas no fundo é um fdp. Ele chegou a deixar isso aparente em algumas partes da narração. E ele matou devido um defeito no implante ótico, que potencializava sua raiva e preconceito latente contra os mutantes. A droga vermelha só causava mesmo amnésia. Abração.
GERAL
Conto muito bom. A estrutura é um dos pontos altos, com a numeração de quantas drogas foi tomando durante o dia. Tudo bastante vívido, a descrição das personagens, dos lugares, das situações. Os mutantes são ótimos, tanto a personalidade dos poucos que aparecerem ou a descrição física dos demais foram bem aproveitados, dando um charme ao texto. Me lembraram do MIB. Engraçado que pelo título, imaginei que seria algo mais trash, releitura do Bob Esponja. Mas me surpreendi.
O X DA QUESTÃO
Superpunk, super X. O conto não esconde a intenção de ter um mistério a ser resolvido, uma investigação. O desenrolar não foi ruim, mas seguiu o óbvio já constatado no início (será que eu matei?). Apesar de ter ficado bom, talvez com uma revelação surpresa (a lá Scooby-Doo), teria sido mais interessante.
Valeu, Fil. Tentei achar essa revelação surpresa, mas não surgiu. Acabei aceitando e justificando apenas o como e porquê. E sobre MIB, esse conto começou a se formar na época em que Aliens era o Tema que parecia que ia ganhar. Acabei inventando os mutantes para manter o clima de bar cheio de criaturas estranhas. Abração.
Olá! Dividi meus comentários em três tópicos principais: estrutura (ortografia, enredo), criatividade (tanto técnica, quanto temática) e carisma (identificação com o texto):
Estrutura: acho que esse foi um bom conto, com trama e técnica que se sustentam, mas falta aquela ponta de iceberg que faz ele sair da água – pode chamar de “diferencial”. Adequa-se bem ao tema, com referências pontuais e um cenário marginal.
Criatividade: se entendi bem, a pílula vermelha seria uma referência a Matrix? Em Matrix, a pílula vermelha é a que revela a verdade por trás da realidade virtual em que as pessoas vivem. Nesse caso, a amnésia do protagonista não seria um esquecimento comum, mas o descarte daquilo que não lhe é verdadeiro/natural, ou seja, daquilo que está fazendo induzido pelo defeito em seu implante (esse dispositivo ocular ganhou mesmo o gosto dos autores).
Carisma: não senti aquele tradicional deslumbramento que nos faz perceber o quanto fomos afetados, mas não deixa de ser uma leitura agradável.
Parabéns e boa sorte.
Valeu, Wender. Legal seu comentário. Concordo com você nos pontos falhos. Tentei, mas foi só isso que consegui no prazo. Abração.
Ah, legal sua interpretação para a pílula vermelha. Mas vou ser sincero: a pílula seria azul, pensando na Matrix (faz esquecer de tudo), mas depois queria fazer a piadinha com o viagra e acabei invertendo as cores das pílulas 😉
Boa tarde, querido(a) amigo(a) escritor(a)!
Primeiramente, parabéns pela participação no desafio e pelo esforço. Bom, vamos ao conto, né?
Cara, gostei! O enredo é bem conduzido, apesar do desfecho ser meio óbvio. Achei que a falta de surpresa acabou diminuindo o clímax.
Mesmo assim, é um bom conto, que foi muito bem conduzido.
A escrita é boa e fluida, o que valoriza o texto e não o torna cansativo.
Enfim, um conto agradável, mas um pouco previsível.
Parabéns e boa sorte!
Valeu, Luis. Não final pensar numa grande reviravolta no fim e optei por focar no como e porquê ele matou. Que bom que gostou. Abração.
Ah ! O policial drogado… o tema é bom e pode ser usado sim, infelizmente, esse policial não me convenceu… olha que o texto é bem escrito, mas tem algo passando ou sobrando, não sei …
Lamento.
Ok, Waldo. Pena que não gostou. Acontece. Abraços.
Assassinato no Lula Molusco (Squidward)
Caro (a), Squidward.
A velha formula da perda de memória, refazendo o caminho da noite anterior para saber quem está por trás do assassinato do polvo no Lula Molusco. E, a grande sacada do conto, é justamente essa ambientação meio “Vingador do Futuro” insana junto com um bom enredo policial.
O estilo Noir foi muito bem empregado, esse trecho destacado é prova disso; “á estava chegando a hora do almoço e não dava mais para esperar ou o corpo começaria a cheirar mal. Recorri à segunda e terceira droga do dia — antiácido e aspirina — e me dirigi ao local do crime. Coloquei meu sobretudo que um dia foi preto — e hoje figurava numa cor ainda não catalogada —, peguei o elevador e encarei a chuva insistente que estava caindo sobre a cidade há meses.”
O texto também é permeado de bom humor, em determinado momento o próprio escritor brinca com o gênero escolhido. Os diálogos sem rodeios, demonstram bom domínio da ferramenta, tal qual os grandes mestres do estilo.
O final era esperado. Mesmo não havendo a famosa reviravolta, o desfecho consegue agradar.
O meu único porém é no perfurante – faca da cozinha, no caso seria cortante, ou na melhor das hipóteses perfuro-cortante. Caso fosse um objeto de estocada, tipo um furador de gelo ou uma escova de dente da cadeia, ai não teria erro.
Parabéns e boa sorte.
Obrigado, Leandro. Meu objetivo era mesmo usar todos os clichês do gênero, mas brincando com eles e subvertendo alguns (como a femme fatale mutante). Valeu pela revisão também, não tive muito tempo pra isso. Abraços.
Comentário errado acima 😦
Obrigado pelo comentário generoso, vizinho. Você é um ponto de referência na questão de diálogos e fico feliz que tenha gostado. Abração.
Ola, Squidward.
Achei a narrativa fluida e o texto divertido, embora estejam presentes bastantes clichês. Claro, isso não é necessariamente um problema, a questão é direcionar a força da narrativa para eles, como, por exemplo, o detetive ser o assassino. E essa ser a “revelação” da trama.
Não acho que o texto se adeque bem ao punk. Parece-me um Noir futurista. Temos o detetive cínico, os traficantes inúteis e uma quase femme fatale.
A revisão pode ser reforçada, destaquei alguns pontos para ajudar.
“Desde que troquei para a nova versão bioquímica, essa joça não funcionava direito.”
Acho que ou o pronome ou o tempo verbal ficou um tanto esquisito.
“os vídeos da noite anterior, mas não tinha nenhuma”
Nenhum.
‘claro que a esse crime só podia estar na minha lista de tarefas”
Suprimir o ‘a’.
Bom texto, pontos por um bom humor bem feito e pela fluidez. Acho que deve ajustar a dosagem de clichês, no entanto.
Obrigado, Leandro. Meu objetivo era mesmo usar todos os clichês do gênero, mas brincando com eles e subvertendo alguns (como a femme fatale mutante). Valeu pela revisão também, não tive muito tempo pra isso. Abraços.
Meu caro Squidward, eis o que percebi do seu conto:
PREMISSA: Gouveia é o detetive noir clássico, outsider até a medula, com suas drogas ilícitas ou lícitas. Tecnologia, controle governamental, ingredientes x-punk presentes.
DESENVOLVIMENTO:a história se desenvolve em leito de rio, correndo claramente para o mar. Na metade da história, a gente já desconfia do que vem ao final.
RESULTADO: lembrou muito um filme que eu gosto, Coração Satânico, transposto para um universo punk. Mas ficou aquém da linha de destaque nesse desafio. Obs. Lembrei do episódio do fiscal da vigilância sanitária…
Obrigado pelo comentário, Daniel. Meu objetivo maior era mesmo criar o clima noir Cyberpunk, sem me preocupar tanto com avaliações ou notas. Abração.
Um conto excelente, bem escrito e com as descrições dos lugares nos fazendo acompanhar, passo a passo, os detalhes. Ironia e um diálogo ferino completa, sem erros, um bem desenvolvido enredo. Nota 9,5.
Muito obrigado pelo comentário e nota generosa, Cilas. Bom que te agradou. Abraços.
Olá, Squidward.
Achei o conto divertido. Tem aqueles elementos típicos de textos noir, misturados a alguns elementos cyber: criativo.
O mistério a desvendar, contudo, foi muito simples. Imagino que não dê para se fazer muito num limite de 3000 palavras, mas ficou um pouco decepcionante o desfecho do conto.
Achei também que o noir predominou no conto, que o cyber ficou um tanto como pano de fundo.
A escrita é boa, e o narrador-personagem foi bem montado.
Nota: 8
Valeu, Rubem. O final realmente foi meu karma. Não consegui pensar em nada muito original sem ficar forçado. Mas tava gostando tanto do clima e dos personagens que decidi mandar assim mesmo. Grande abraço.
Olá, como vai? Vamos ao conto! Um delicioso Noirpunk, com tudo a que uma história do subgênero tem direito: um detetive meio-durão, meio-decadente, mutantes estranhos que são mortos e possivelmente matam, e uma mutante fatale, além, é claro, de um crime que precisa ser solucionado. Tudo isso regado com um agradável humor, tudo muito punk, sem dúvida, desta vez tivemos um acerto total no gênero, é divertido e bem feito, o final, do tipo “o detetive era o culpado”, pertence a uma antiga tradição, que na literatura ocidental começa com a peça “Rei Édipo”, de Sófocles, na qual, como sabemos, o detetive e o criminoso acabam se revelando o mesmo. Um uso mais recente desse tema pode ser visto no filme “Angel Heart”(1987), de Alan Parker.No final, um pílula vermelha trará o esquecimento, ao que parece é versão oposta da pílula vermelha de Matrix (1999), que trazia a verdade dos fatos para os nela interessados. Ficou muito bom, parabéns, desejo para você muito Boa Sorte no Desafio!
Opa, valeu, Rich. Pelos seus comentários no grupo, achei que não tinha gostado. Foi uma gratíssima surpresa ler esse comentário. O legal é que você pegou várias nuances, como o uso sem dó de clichês do gênero. Abraços.
Ahh ele mesmo provocava a amnésia, interessante.. hehe
Olá, autor
Bom, o texto é bom, a trama tb, uns ambientes meio bizarros, mas nao sei se ‘punk’. Os personagens nao me cativaram, achei eles sem alma.
Um incrível Hulk do mundo das drogas.
Eu nao curto por causa deste tipo de leitura mesmo q me afasta, mas vc foi bem, sim. Parabens e boa sorte
Valeu, Anorkinda. Entendo seus critérios. Dessa vez escrevi sem me preocupar muito em agradar a todos. Bjs
Muito bom!
Que escrita legal de ler. É um exemplo de escrita informal de qualidade. Não havia como fugir da informalidade, já que Beto é o narrador. Mas você conseguiu equilibrar as interjeições de Beto com parágrafos marcantes, como o abaixo:
“Recorri à segunda e terceira droga do dia — antiácido e aspirina — e me dirigi ao local do crime. Coloquei meu sobretudo que um dia foi preto — e hoje figurava numa cor ainda não catalogada —, peguei o elevador e encarei a chuva insistente que estava caindo sobre a cidade há meses.”
A ambientação foi perfeita. A contagem das drogas que ele tomava foi genial! Não é diferente do que muita gente mesmo nos dias de hoje. Beto e Sabrina são personagens marcantes. Você os trabalhou muito bem.
Achei que o fato de Beto tomar a pilula vermelha, mesmo desconfiando que ela tenha causado o assassinato, meio ingênuo. Mas vá lá, o cara era um viciado, então assumo que ele não pensava direito quando o assunto eram drogas.
Uma história muito original e bem trabalhada. Uma das melhores por aqui. Parabéns!!
Destaco outro trecho abaixo. Genial!
“Dessa vez fui andando até minha casa. Atravessei à nado, com braçadas bruscas e pontapés, o mar de mendigos e mutantes e subi no cubículo onde moro.”
Muito obrigado, Piscies. Gostei que destacou as frases, pois tentei introduzir algumas no jeito Beto Gouveia de narrar e é bem mais difícil que num narrador externo. Só um detalhe: ele não tomou a pílula vermelha antes da morte de Sabrina, só depois. Muitos não perceberam isso (falha minha, com certeza). O verdadeiro culpado é o implante ótico junto com a raiva e preconceito dele. Abração e parabéns pelo conto.
NOSSA, vou ter que ler TUDO DE NOVO com essa revelação, hahahahahh!
Ainda bem que a nota foi alta mesmo sem entender isso 😀
Tema: Achei punk, sim
Pontos fortes: abordou o tema policial de forma inovadora
– Não foi cansativo de ler, leitura interessante
– Usar a primeira pessoa foi uma boa ideia; não ficou travado cheio de nomes científicos e explicações
– O personagem tinha uma forma própria de narrar a história, conseguiu colocar um pouco da personalidade dele na narração
Pontos fracos: as mortes foram meio sem motivo. Apenas um erro no implante?
Obrigado pelos comentários, Bruna. Gostei bastante dos pontos positivos que sinalizou, pois foi justo onde que queria acertar. Sobre as mortes, elas aconteceram por causa do implante, das drogas e do preconceito latente que ele tinha dos mutantes. Bjs
A linguagem esta adequada para a condução de trama, já deixando claro que o conto não pretende se levar a sério e que haverá alguma comicidade. A escolha do título combinou perfeitamente, brincando algo da cultura pop. Muitos autores(as) se esqueceram de como o cyberpunk é influenciado pela literatura noir/policial. Mas esse é o tipo de texto que tem erros de construção que o impede de sair do razoável, alguns exemplos: dizer que o protagonista quer ver o céu, mas se o céu está fechado, escuro e com incontáveis drones, portanto ele não conseguiria ver nada, só escuridão, além disso sabemos mais a frente que uma chuva cai há meses sem parar, então, há menos ainda pra ser ver. Outra coisa, enumerar as drogas ingeridas como se estivéssemos lendo uma lista de farmácia. Mais um: adorar uma mutante, mas descartá-la como lixo sem o menor ressentimento. Erros desse tipo se repetem por todo o conto e destroem a boa ideia inicial. Outra coisa que atrapalha o andamento da história é a quantidade de informação explicativa que é mastigada ao leitor, exemplos: o TAVI; a realidade aumentada; o sangue na parede… Todo leitor é capaz de raciocinar sozinho e compreender as tecnologias apresentadas.
Obrigado pelo comentário, Sick Mind. Quando ele diz que queria ver o céu era pra saber se ainda estava chovendo, numa esperança vã de ter parado. Ele achava que gostava da mutante, mas no fundo só a usava. Abraço.
Gostei bastante.
A escrita é muito boa, divertida, não tem entraves nem deixa a leitura ficar maçante em nenhum momento. Pontos altamente positivos. Se teve lapsos de revisão, não anotei.
Lá no meio da história, eu pensei “putz, isso aqui vai ficar muito previsível, lógico que foi ele que matou”. Daí, mais para o final, fiquei na dúvida, parecia que ia rolar uma virada, mas não aconteceu. Tinha sido ele mesmo rsrs. Isso foi ruim, porque confirmou que a história era um pouco previsível, mas foi bom, por não forçar uma revelação que poderia estragar tudo. Melhor assim.
O diálogo em que a mutante faz ciúme foi o ponto alto do conto, na minha opinião.
NOTA: 8,5
Valeu, Fabio. Você entendeu meu dilema quanto ao final: não consegui bolar nenhuma reviravolta que não ficasse forçada. Acabei focando no como e no porquê. Abração
Sem dúvida a atmosfera mais punk deste desafio. Tenho a impressão (ou a certeza? ) de que conheço este protagonista de outro desafio, mas isso não vem ao caso. Gostei de como o texto é enxuto e desprovido de regras literárias, tão enfadonhamente em voga na rede. Um verdadeiro colírio; de limão, mas um colírio.
Valeu, Catarina. Para esse desafio, optei por escrever um texto que me agradasse, no clima Cyberpunk que eu tanto gosto, sem me preocupar com as avaliações e notas (achei que seria massacrado pelos clichês e pelo final, mas acabou que na média isso não atrapalhou tanto). O protagonista veio ao mundo desse jeito e gostaria de ficar horas narrando com o tom irônico preconceituosos dele… Abração
Gênero – Good
Além do tom cômico bem empregado, gostei da boa mistura punk-noir. É o segundo texto nesse desafio que traz essa atmosfera, gostaria de ver mais coisas desse tipo.
Narrativa – Average
A narrativa em primeira pessoa funciona bem, mas tem alguns probleminhas estruturais que valem a revisão.
Personagens – Good
A forma como você desenvolve os mutantes e os insere na história é bastante interessante. Ri litros com a mão peluda.
Trama – Average
Tem aspectos interessantes mas poderia ser melhor, sobretudo o final.
Balanceamento – Good
Um conto que se destaca no desafio pela ousadia, mas peca pelo enredo fraco.
Resultado Final – Average
Obrigado pelo comentário, Evandro. Mexi muito no texto perto do fim do prazo para colocar no tom que desejava e acabou passando muita coisa na revisão. E o final, há o final, a mega reviravolta resolveu não vir e acabei mandando essa mesmo. Abração.
Gostei muito da história, por isso, muitos parabéns. Só não sei se não ganharias que o interrogatório fosse realizado de um modo diferente, parece muito semelhante à atualidade, mas adorei o ritmo da trama e todo o desenvolvimento do conto. Espero que acabes no pódio e sem pílula nenhuma.
Obrigado, grande Vitor, pelo comentário e nota generosa. Sobre o interrogatório, acho que tem coisas que nunca mudam. Mas faltou eu explicar melhor que ele analisava batimentos cardíacos e coisas do tipo com o dispositivo ótico para chegar se as pessoas estavam mentindo e coisas do tipo. Abração
Olá, Autor(a),
Gostei bastante do seu conto, o enredo é envolvente. Optou por fazer um lance meio policial Noir e este combina sempre muito bem com a temática Cyber. As informações sutis sobre a tecnologia que ronda este mundo criado foram bem apresentadas, dando um bom vislumbre em suas descrições. Aponto a ambientação como um ponto forte no conto.
O personagem é bem desenvolvido, e entrar na rotina e indagações dele foi uma boa experiência. O outros personagens, mesmo aqueles que são apenas lembrados são instigantes, consegui visualizar bem como seria o Polvo, e Sabrina. Gostei da ideia de mutantes, raças distintas e preconceitos. Enfim, gostei dessa criação, embora queria ter entendido um pouco mais como surgiu esses mutantes, sem nascem assim, ou são objetos de experiência, voluntárias ou não.
A conclusão não conclusiva deixou-me um tanto confusa e poq não dizer, frustrada. Do começo até antes do fim, tudo parecia estar no tempo certo, mas, nesse final o autor parece que deu corridinha e chegou cansado. Não que tenha prejudicado demais o conto, só achei que faltou respostas, o motivo para ele ter cometido os assassinatos. Alguém estava usando ele pra isso? foi implantado alguma coisa de propósito nele, e no tal aparelho despertador? Ele era humano?
Gostei muito do título do conto, e de várias referências ao desenho e etc. 🙂
Enfim, ficam as perguntas.
No geral seu conto é ótimo, e deu um gostinho de quero mais.
Boa sorte no desafio.
Muito obrigado, Amanda. Fico feliz que tenha gostado. Cheguei a ficar horas pensando em como surgiram os mutantes, mas no fim resolvi deixar pra imaginação do leitor. De qualquer forma, não houve experiências, começaram a nascer pessoas assim mesmo (radiação, agrotóxicos, alguma química na água, acho que as pessoas daquele mundo não têm certeza do motivo).
Sobre o motivo dos assassinatos , também deixei no ar, mas prefiro acreditar que era um defeito no implante aliado às drogas que ele consumia e ao preconceito latente contra os mutantes.
Também gostei muito de escrever esse texto. Bjs
Olá Squidward
Gostei bastante do seu conto. Estabeleceu um mistério bacana e a resolução ficou muito boa. É despretensioso (no bom sentido) com os clichês do cyberpunk: Sexo, (muitas) drogas, corrupção policial, morte e traição. Para me deixar bem feliz. O tempero a mais ficou pelos mutantes e deu uma cara de “New Weird” na estória sem perder o noir.
–
“Você teria um minuto para falar de Philip K. Dick?”
[Eu estou indicando contos do mestre Philip K. Dick em todos os comentários.]
Acho que você ia gostar de “A Fé de nossos pais” ou “Podemos lembrar para você por um preço razoável” pois são contos onde as drogas impulsionam a estória, assim como seu conto.
Valeu, Davenir. Lembro de ter lido um post seu sobre os clichês do Cyberpunk e, como também sou muito fã deles, decidi usá-los como se não houvesse avaliações nem rankings. Obrigado pela indicação, me sinto mal em não te lido nenhum livro no Dick… Abração
É um conto policial com muitos clichês do gênero usados sem grande originalidade: o policial meio entediado de seu trabalho, a amizade entre ele e algum bandido, o ambiente de submundo (o bar e o cubículo em que o investigador mora), drogas, prostituição e homicídios.
Destacaria a linguagem, com o uso coerente do coloquialismo e do tabuísmo, embora uma ou outra vez surjam palavras que não se encaixam bem na linguagem, além de alguns erros gramaticais, principalmente em relação a pronome oblíquo, vírgula, tempo verbal e crase.
Obrigado pelo comentário, Selga. Dessa vez não me preocupei com clichês. Pelo contrário, decidi usá-los sem pudor. Grande abraço, professor.
Oi Squidward, muito bom o seu texto!! Gostei bastante!! É bem visual, consegui mergulhar no conto, que é muito interessante e original, fácil e gostoso de ler. Diferente de vários outros contos do desafio, as partes tecnológicas não me deixaram entediada… Parabéns!!
Obrigado pelo comentário e pela nota generosa, Priscila. Comentários como esse pagam cada hora árdua gasta na escrita do conto. Abraços.
Boa Noite, autor(a)!
Acho que quem escreveu esse conto foi o Fabio Baptista, tem um humor sacana e viciante na narrativa que me pareceu ser coisa dele.
Então, um desafio do cacete contar um conto policial, ambientar o leitor no universo sfi-ci sem ser técnico demais e ainda incutir humor, hã? Parabéns! Achei tudo convincente, equilibrado. As tiradas funcionaram comigo e deu ar de conversa de roda (próximo, despojado). O narrador é cínico como os dos escritos noir, mas mesmo assim cativa pelas piadinhas, fato que não nos deixa indiferentes com o desenrolar da trama. Achei tudo muito fluido, tanto que li num tapa esboçando um sorrisão no fim.
Queria ter algo a apontar, acrescentar, mas não tenho. Gostei, enfim.
Boa sorte no desafio.
Nota: 9
Muito obrigado, Maria. Ser comparado ao mestre FB me deixou muito lisonjeado. Escrevi o texto como uma brincadeira, sem me preocupar tanto com notas e avaliações negativas e fico feliz que muitos gostaram. Bjs
O conto traz um tom informal bacana, e vários elementos cyberpunk. A narrativa mantém a curiosidade sobre o desfecho, mas tudo acaba rápido demais, e com ponta soltas: por que Lula Molusco foi morto? Se a mutante viu o que viu, porque aceitou com tanta facilidade ir com Gouveia? Porque ele iria tomar a droga da amnésia, sem antes ao menos tentar sumir com as evidência( ainda mais que ele era investigador e sabia como as coisas funcionavam)? Podem existir explicações para vários desses fatos, mas não ficou bem desenvolvido aqui. Os diálogos também soaram um tanto banais, artificiais até, e acho que o texto fica no meio-termo entre algo mais sombrio e algo mais humorístico. O resultado é uma proposta até bem interessante, que com mais desenvolvimento pode render um bom conto.
Poxa, ainda tô triste por vc não ter gostado. Ficou mesmo no meio entre cômico e trágico, eu mesmo mudei o tom enquanto escrevia, mas deixei assim de propósito.
Já que perguntas não se respondem sozinhas:
Por que Lula Molusco foi morto? O implante ocular dele estava com defeito quando ele ficava muito irritado, e o preconceito latente dele com os mutantes fez com que descontasse a raiva neles. Não ficou claro, mas o Polvo deve ter dito algo que o irritou e ele entrou nesse estado de fúria assassina.
Se a mutante viu o que viu, porque aceitou com tanta facilidade ir com Gouveia? Ela preferia não acreditar e achava que a culpa era da droga que, pra ela, ele não tinha naquele dia.
Porque ele iria tomar a droga da amnésia, sem antes ao menos tentar sumir com as evidências? Ele não sabia, na noite anterior, os efeitos da pílula vermelha, achava que era apenas para relaxar. Ele sumiu com ao menos uma evidência: a arma do crime. Na segunda vez que aconteceu, ele já estava mais safo e fez o trabalho direito.
Desculpa por não ter deixado isso claro no texto. Abração.
Bom conto. Divertido. Gostei de quase todos os diálogos. Gostei também da contagem das drogas, que em sua maioria são as liberadas neste mundo aqui. No entanto, desde o início deu pra sacar que o detetive era o culpado, o quebrou um pouco da emoção. O enredo é simples e a reviravolta não causou surpresa. Boa sorte.
Valeu, Jowilton. O final ficou tão previsível que “até o idiota do Cabeçudo” foi capaz de deduzir, segundo palavras do Gouveia. Tentei, mas acabei desistindo de tentar uma reviravolta e optei por deixar o mistério só para o como e porquê ele matou… Abração.
Boa trama com bom suspense, embora seja o clássico do policial desajustado.
Bem escrito e com narrativa tranquila, muito embora não me seja agradável o cinismo desses personagens por considerá-lo falso demais.
É isso.
Obrigado pelo comentário, Tatiane. Embora concorde um pouco com você, gosto muito desses protagonistas sacanas. Abraços.
Olá, Squidward,
Tudo bem?
Mesmo com a brincadeira de nomenclaturas que remetem ao famoso desenho animado, seu conto acabou me lembrando do filme “Blade Runner”… O taxi, o detetive, os mutantes, os cenários criados, o ar de decadência, enfim.
Você criou um PunkNoir, com um narrador que não conhece realmente todos os fatos, mesmo sendo em primeira pessoa. O resultado ficou bem legal.
Parabéns por seu trabalho e boa sorte no desafio.
Beijos
Paula Giannini
Obrigado pelo comentário, Paula (I, II ou III?). O clima que eu queria passar era mesmo um Blade Runner, mas com mais humor irônico. O nome do bar foi uma dessas brincadeiras por causa dos mutantes. Bjs
Adorei, Leo! Parabéns.
O conto tem uma atmosfera noir bastante interessante, com um narrador sarcástico e autodepreciativo bem ao estilo de Philip Marlowe, que mistura aspectos da investigação com seus vícios e defeitos. Esse contexto, trazido para o universo de um futuro decadente, aproxima o conto de Blade Runner, inclusive por conta da aparição da garota e pelos sentimentos antagônicos que ela provoca em Gouveia. Como conto policial que é – ainda que ornamentado por parafernália futurista – o texto sofre com os limites. Lembro-me que no desafio Noir a maioria dos contos padeceu desse mal, aliás. É muito difícil criar um suspense verossímil e resolvê-lo a contento em meras três mil palavras. O resultado é um final corrido – exatamente o que aconteceu aqui. A criação do “whodunit” é bem feita. Na verdade, eu me mantive ligado na trama porque queria saber, afinal, se realmente Gouveia sofrera alguma espécie de “apagão” transformando-se em um assassino. Isso funcionou bem até a confirmação, no instante em que ele ataca Sabrina. A propósito, devo dizer que o final ficou aquém do restante do conto, pois simplesmente o cara surta por causa da droga e pronto. No frigir dos ovos é um bom texto, ainda que com algumas escorregadas na gramática (crases, falta de paralelismo em alguns parágrafos), mas que poderia ser atribuídas ao personagem-narrador. Só o final deixou a desejar.
Fala, chefe. Reescrevi o final várias vezes, pois não estava me agradando. Mandei ainda antes de estar satisfeito. Só um detalhe: ele não mata ela por causa da droga, mas devido o implante ocular. A droga ele toma no fim apenas para esquecer daquilo. Abraços.
O conto poderia ser classificado como policialpunk ou drogaspunk, pois, um detetive narra a sua investigação de um crime em que se torna o principal suspeito; o seu envolvimento acaba por ser confirmado pela amante que também acaba assassinada por ele. Tudo ocorre em meio às drogas. Uma TRAMA interessante que se enquadra bem no TEMA proposto pelo desafio. A enumeração das drogas usadas pelo narrador-protagonista deram um toque de humor ao texto.
Narrativa ágil, diálogos convincentes, ambientação segura, leitura fluente. Apenas notei um deslize de concordância: “a maioria eraM inutilidades de redes sociais” (O verbo ser concordará com o predicativo do sujeito, se o predicativo estiver no plural.)
Parabéns pelas ideias! Abraços.
Obrigado pelo comentário. Fico multi feliz quis o conto tema te agradado. Gostei muito de escrever ele. Abraços
Obrigado pelo comentário. Fico muito feliz que o conto tenha te agradado. Gostei muito de escrever ele. Abraços
Olá, autor!
Antes de mais nada, esclareço que não levarei em conta a adequação ou não do conto ao tema proposto pelo desafio. Não me considero apta para isso.
O conto flui bem devido à linguagem coloquial e aos diálogos. O suspense chega a prender a atenção, mas o final decepcionou-me um pouco. Talvez pela aparente pressa de arrematar logo a trama.
É um enredo simples, com toques divertidos e uma pegada de desenho animado. Não consegui desassociar o texto do Bob Esponja e sua turma.
Alguns lapsos de revisão:
– essa joça não funcionava > AQUELA joça não funcionava
– Não lembrava como vim > Não lembrava como havia vindo parar…
– claro que a esse crime > claro que esse crime
– o melhor pão com manteiga mole > o que era mole? O pão ou a manteiga?
– Enquanto analisava, as imagens das fichas > Não se separa por vírgula o verbo (analisava) do objeto direto (as imagens das fichas)
– Resolvi ir à pé > Resolvi ir a pé
– e me tirava > e me tirou
– na unha da vítima > sob as unhas da vítima
– o mesmo princípio base > redundância – escolha “base” ou “princípio”
– Atravessei à nado > atravessei a nado
– se estava confirmado o programa de hoje.> (…) daquela noite (a não ser que ele esteja falando de algo que aconteceu no dia em que narra a história)
Boa sorte!
Valeu, Cláudia. Impressionante como passou tanta coisa. Mexi muito no tempo verbal do texto, pois minha primeira ideia era ele estar narrando isso num tempo presente do texto (por isso o hoje). Acabei mudando e sobrou muita coisa. Obrigado pela revisão cuidadosa. Abraços.
TREM (Temática, Reação, Estrutura, Maneirismos)
T: Cyberpunk de raiz, com tudo o que tem direito (até a Sabrina). Excelente. O clima chuvoso, sem parar, dá o tom certo ao enredo. – 9,0
R: O texto tem um tom mais visceral que não me agrada tanto, mas a história é interessante e cativa pelo suspense. Apesar de apostar no clichê, consegue fugir do lugar-comum ao introduzir o “implante” como culpado e encerrar com chave de ouro – esquecer tudo. O que resolve, indiretamente, o caso. – 9,0
E: Transcorre de forma suave, com reflexões bem pontuadas. A linguagem convence. Não notei grandes exageros. O autor preferiu manter os pés no chão. – 9,0
M: A narração tem pequenas falhas, mas que não chegam a atrapalhar. Há alguns pulos de tempo, mas felizmente em pequena escala. Mas ainda precisa de uma pequena lapidação. – 8,5
[8,8]
Valeu, Brian. Eu mexi tanto nesse texto para amarrar pontas e deixar ele no tom que queria, que ficou meio colcha de retalhos mesmo. Sobre o resto do comentário, fico feliz que tenha te agradado. Você matou bem quem era o verdadeiro assassino… Abração
Gostei do clima de história de detetive, apesar que aqui está mais para policial, devido aos métodos de trampo do cara e sua personalidade problemática. Achei bem natural, texto corre bem, diálogos não travam, e a ambientação ficou em minha mente. A mistura com mutantes, outras raças, também cria uma imagem fácil de assimilar, pois já vimos isso em filmes e histórias.
Os únicos pontos meio fora da curva são uma previsibilidade que o conto não consegue fugir (no sentindo de saber que o personagem é o criminoso) e um início que traz toques tecnológicos, mas que depois meio que descarta isso no restante do conto. O início parece futurista e da metade pro fim o conto fica um pouco com outra cara.
Porém, mesmo com isso, achei um conto bem legal.
Valeu, Luna. A parte do final previsível eu não consegui fugir, queria ter satirizado mais isso, tipo ele ironizando que era muito clichê ele ser o assassino, mas a ideia veio depois de mandar. Sobre a parte tecnológica, achei que se continuasse daquele jeito, muita gente ia cansar. Abração.
Muito bem narrado. Uma excelente atmosfera com os mutantes e tudo o mais. Um policial drogado e amoral.
Não gostei do nome escolhido para o bar: tira o encanto da trama, como se fosse uma brincadeira, uma grande piada aumentada com a vítima lembrando um polvo, o que nos remete imediatamente ao desenho animado do Bob Esponja.
Achei que a relação das drogas foi super valorizada no enredo.
Boa sorte.
Obrigado pelo comentário, Olissomar. O nome do bar e o barman surgiram antes ainda da trama começar a se montar minha cabeça. No início o tom ia ser mais cômico, mas acabei mudando numa das revisões e o nome ficou. A parte das drogas também foi uma brincadeira, pois se você notar, grande parte das que ele toma, são legais. Abraços.
O texto flui, a história avança sozinha, muito prazerosa, por sinal.
Estrutura textual bem elaborada, sem excessos. É um texto compacto, conciso.
Ideia bem bolada (Lembrou-me “Coração satânico”), muito bem trabalhada.
Personagens fortes e marcantes, bem definidas.
Diálogos precisos e saborosos. Típica literatura policial, até nos clichês que, nesse caso, não podem faltar em decorrência do tipo de texto detetivesco.
Final bem amarrado, conclusão bem feita.
Muito obrigado pelo comentário, Zé. E não estava em caixa alta. 🙂 Grande abraço.
a história instiga um pouco a princípio, mas começa a se tornar depois muito previsível, e desestimula a continuar. gostei de metade dela, e odiei a metade final…
Entendo seu ponto de vista, David. Tive muita dificuldade em achar um final satisfatório, acabei desistindo e mandando esse mesmo. Abraços
Oi, Squidward,
Eu me peguei dizendo: Já terminou os seus afazeres, hoje?
Gostei do seu conto e de como ele nos leva para a possibilidade de um dia poder esquecer nossas memórias mais incômodas tomando pílulas. Talvez essa seja a solução, mas já temos muitos alienados. Não será preciso pílulas em um futuro próximo. Gostei dos diálogos. Também gostei do personagem.
Parabéns pelo conto.
Obrigado pelo comentário, Evelyn. Estou com certo medo do nosso futuro… Bjs