Engraçado como a emoção não casa-se com o raciocínio de jeito nenhum. Água e azeite. E na tentativa desta união, a consequência é a morte das lembranças. Pode esforçar-se, tente… Você nunca lembra perfeitamente de um fato inundado de emoção. Você pinta ele, como um artista e seu pincel deveras colorido, mas um retrato fiel, você não é capaz de fazer.
Estou dizendo isto porque estou aqui tentando achar o princípio desta bagunça a que eu chamo de ‘minha vida emocional’, mas não há… É como puxar o fio de uma meada embaraçada. E eu nunca tive paciência para os desembaraços. Eu que gostava tanto de ter minhas estantes de intimidades, limpas, arejadas, completamente acessíveis para que a qualquer momento eu lhes tocasse com deleite. Gostava de compartilhar com os especiais as narrativas fantásticas de meu Eu e de minhas criações, algumas eram inventadas, para divertimento, outras eram verdadeiras para uma sincera entrega de sentimentos.
Mas um descuido, um piscar, uma inusitada febre de aventura me fez ousar e desse acontecimento, o desenrolar dos atos e dos dias antes pacatos, veio a devastação! Confesso que sonhei, criei castelos de areia onde antes eu construía palácios evanescentes. Estes com os sopros iam e vinham, sem danos. Mas aqueles, formados por grãos de incompatibilidades não se desfizeram sem alarde… Deixaram um rastro, uma tempestade no deserto.
Quero lembrar como se organizam os diários e os calendários e os diáfanos pontos de filosofia que permeavam os meus dias. Como encontrar aquela frase, aquela sacada inteligente que grifei em tinta gritante justamente para momentos como este? Se por sobre os destroços ainda há a poeira de todas as lágrimas jorradas… Se na zoeira de tantos murmúrios não consigo me orientar para localizar de onde vem o som deste trovão.
Pensei em uma limpeza onde eu jogasse tudo fora, mas não há ‘lá fora’. Não existe em mim o botão de reset e da varinha mágica não saem mais truques pois perdi o manual de magia e iniciação. Na verdade, ele está por aí, no meio deste tumulto que é hoje o meu coração. É hora de ajoelhar com tempo e paciência e catar grão por grão, um a um, cada letra e cada espasmo, ordenar cada centímetro do espaço sem contar com a fada madrinha mas com os amigos da jornada.
Recuperar as cores dos meus dias é o principal objetivo. Desde o desmaiado azul de minha poltrona macia como um abraço, aquele espaço em mim que me aconchega por ser minha própria fonte de amor e carinho, até o vívido amarelo das portas que se abrem para o exterior, este mundo alheio e que me pertence em expansão. Quero auxílio para proteger-me das impurezas que desabam sobre o solo de meus anseios, uma ácida chuva acinzentada como o azedo das palavras tortas.
É urgente caiar os lisos limites de meu Eu, para que minha visão despoluída volte a criar metáforas luminosas de esperança. Preciso avisar os noticiários para que pausem, que segurem os ponteiros da vida porque estou em restauro, porque minha alma está suspensa num ponto vertigem entre o medo e a descrença. É intermitente como o bruxulear da chama de uma vela o meu ímpeto pelo trabalho de trazer de volta hábitos e manias, sabendo de antemão que jamais serei a mesma que habitava suavemente o meu universo.
Depois da intempérie vem mesmo a tal bonança? O que posso ver é a mansa letargia de quem não mais se vê refletida num espelho danificado pelo refluxo de densas emoções, sofreguidões que desconfiguraram a imagem e a serenidade dos tempos de sentar e ler a si próprio com a desenvoltura de quem domina sua linguagem interior. O que posso ouvir não é mais alegre ou terna melodia mas um uivo constante como o vento nas montanhas que me faz intuir um gélido resfolegar de desilusões…
Engraçado como é difícil reescrever sobre as tintas do passado. De um passado recente. Como é mais fácil querer voltar a ser criança… Concorda comigo? Vontade de traçar à giz por sobre todos os apontamentos revirados desta confusão. Vontade de realizar os feitos dos super-heróis num êxtase de poderes recém conquistados e que, no fundo, você sabe que não é capaz de fazer.
Belo demais, mas não fui atingido em cheio por questão de gosto. Prefiro os mais convencionais aos mais poéticos. No entanto, enxerguei a beleza nesse desabafo. De certa forma, o meu conto também aliou a biblioteca aos sentimentos e a sensação de desordem. Você foi feliz aqui, no que se propôs a fazer. E quanto ao lado poético, esse aqui tem muito, mas de um tipo poético com clareza, o que às vezes não encontro, geralmente terminando boiando ao fim do conto.
Obrigada pela leitura, Luna.
Legal que a ‘mensagem’ ou o desabafo foi sentido por todos os leitores, independente de estilos… 🙂
Abraço
eu também não gosto de puxar os fios das meadas embaraçadas, por isso não vou falar de alguns problemas na construção de frases que perturbam a leitura, mas outros amigos vão seguramente sublinhar isso. Gostei do texto e da tua ligação ao teu interior, foi bonito e ficou bem, muito bem. (pausa para nova leitura) Para mim não importa se é conto ou é outra coisa qualquer, nem importa se o dialogo pessoal, pois também é meu. também me vejo no texto. resumindo muitos parabéns e votos de felicidade neste desafio, mereces!
WOW:
“Eu que gostava tanto de ter minhas estantes de intimidades, limpas, arejadas, completamente acessíveis para que a qualquer momento eu lhes tocasse com deleite.”
Olá, Vitor!
Obrigada pela leitura. Que bom que te identificaste!
Tem algumas frases confusas, né? Foi a empolgação que fez isso! hehehe
Abraço
Confesso que este estilo de conto não é o meu favorito.
entretanto, confesso que esse foi um dos únicos a me fisgar emocionalmente.
O autor(a) conseguiu, com belas palavras, transmitir seu desabafo e captar a essência de forma que nós leitores pudéssemos nos identificar. Está de parabéns!
Ahh que glória que é fisgar um leitor e ainda mais um leitor de outras águas! Acho que fiz uma boa pescaria aqui! hahaha
Abração!
Muito bonito, cheio de emoção e desabafo. Consigo reconhecer o talento e a beleza do texto, mas não faz meu gosto de plebeu viciado em Star Wars.
Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!
kkkk que os plebeus sejam inundados de poesia!
Obrigada pela leitura, Lucas!
O seu poema em prosa, repleto de reflexões filosóficas, lembrou-me muito William Butler Yeats:
“O prazer do difícil tem secado
A seiva das minhas veias…”
é evidente que você é um escritor desse gênero. caso você opte por contos com “histórias” ser-lhe-á de grande valia o fato de saber elaborar frases poéticas, que enriquecerão muito seus enredos. Parabéns pela categoria poética. Mas do jeito que você escreve já está espetacular. Como diria Yeats:
“E então, disse o fantasma de Platão,
E então?
E daí,
(disse o fantasma de Platão)
E daí?”
Querido Wilson…
Não faça destas comparações, pois elas inflam o ego de uma maneira avassaladora! hahaha
Muito obrigada pela leitura, Yeats é um grande poeta e eu sou apenas uma brincadora!
Abraços!
Gostei muito das reflexões, em um texto bem escrito. Saiu do lugar comum também, associando a imagem a um estado, a um conjunto de pensamentos… Certa de que não tenho capacidade suficiente para analisar um texto desse tipo, digo apenas que gostei muito do que li, foi uma boa leitura! Boa sorte!
Que bom que gostou, Bia!
Fico muito feliz!
Abraço
O texto é bem poético, com analogias e metáforas e devaneios. A autora sabe utilizar as palavras como bem quer. O problema pra mim foi acompanhar a narrativa, que inexiste, são apenas pensamentos, sem um fio para se seguir. A imagem do desafio também, para mim, não aparece claramente. Talvez a mente desordenada? Seja como for, me parece que o texto não está exatamente dentro do desafio.
E o título me fez lembrar ‘Divertida mente’ da pixar, filme tão recente, e por isso mesmo não acho que tenha sido uma escolha feliz, sugeriria trocar por outro.
Olá! Willy
Sabes que não pensei no filme, talvez de forma inconsciente, pois está na lingua do povo nao é? nem assisti.
Sim, a mente desordenada compara-se à biblioteca devastada, na minha imaginação e tentei explanar sobre um evento emocional que devastou-me a tranquilidade de meus dias. Pena que não encontraste o fio deste meu labirinto… rsrs
Abraço
É mais poesia do que conto, é o que achei.
No princípio é a morte das lembranças, causada pela senilidade, desgastes dos neurônios.
Ele gostava de escrever, criar e de repente aconteceu alguma coisa; “mas um descuido, num piscar, uma inusitada febre de aventura(singular), me fez ousar e desse acontecimento, o desenrolar dos atos e dos dias antes pacatos, veio a devastação (doença?). “Se por sobre os destroços ainda há a poeira de todas as lágrimas (?) jorradas. Segundo o dicionário, metáfora é: Tropo em que significação natural de uma palavra é substituída por outra, em virtude de relação de semelhança subentendida.
O texto é uma mistura de tudo, onde você tentou criar um enredo com frases bonitas e fracassou. Talvez, tirando algumas coisas, reste o que você realmente pretendia fazer.
Olá, Antonio.
Toda interpretação é válida em se tratando de poesia, sim, é poesia, uma prosa poetica. E na poesia fazemos muito dessas metáforas, ‘licenças poéticas’, como dizer que há poeira nas lágrimas.
Na verdade, eu nem tentei criar um enredo, por isso, admito que não inscrevi um conto aqui, mas uma prosa.
Abraço
O texto tem frases legais, mas a prosa poética em altas doses não me agrada muito não e a falta de trama me incomoda mais ainda. Não consegui apreciar o conto.
Obrigada pela leitura, Davenir.
Sinto dizer, mas como outros, a prosa poética fará parte de sua vida, se continuar conosco…rsrsrs
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Que bom que encontrou frases legais 😉
Abraço
O texto mais confessional desse desafio. Não tem exatamente uma narrativa, mas uma reflexão do narrador sobre a sua vida. A biblioteca aparece somente sugerida na “vida emocional” da protagonista. Pareceu-me introspectivo demais e parado, não consegui me conectar com os sentimentos. Mas é um material muito bem escrito. Parabéns!
Obrigada pelo elogio, Daniel!
A biblioteca foi meu ponto de partida e nela montei as metáforas, realmente não usei da biblioteca física, mas da mente.
Um abraço, bemvindo ao EC!
Também senti falta de uma trama. Para mim, conto também implica em contar uma história. E se havia alguma trama ali, perdão, mas não consegui alcançar, talvez vc precisasse ser um pouco mais explicito. Pra mim soou mais como um desabafo de vida, com o qual me identifico, claro, pois a vida não é mesmo ‘para principiantes’, como costumo dizer. Vc usa muito bem as palavras, seu texto flui com leveza e em determinados momentos dá até um nózinho na garganta. Boa sorte ao protagonista, que um dia consiga olhar mais para o que pode vir pela frente do que para o que ficou pra trás. Parabéns.
Obrigada, Juliana!
Todas as suas palavras me emocionam… é muito boa esta troca que a literatura proporciona e que este site nos propicia.
Abraço
Caro autor, seguem minhas impressões de cada aspecto do conto antes de ler os demais comentários:
📜 Trama (⭐▫▫▫▫): em algum momento eu achei ter encontrado um pequeno fio de trama nessa prosa poética, mas acabei perdendo-o. Gosto de textos bonitos e introspectivos, mas ainda acredito que contos precisam de alguma trama, uma história a ser contada. Esse texto aqui é muito bonito, mas não possui trama.
📝 Técnica (⭐⭐⭐⭐▫): a técnica utilizada é muito bonita, uma prosa poética intimista muito bem executada. Só tenho a reclamar de uma prolixidade, pois no meio o texto ficou um tanto cansativo.
🎯 Tema (⭐⭐): a biblioteca aqui relatada como uma mente devastada.
💡 Criatividade (⭐⭐▫): a representação da biblioteca como a mente/memória já foi feita nesse desafio, mas aqui a dose de novidade ficou por conta dos questionamentos iniciais e finais.
🎭 Emoção/Impacto (⭐⭐⭐▫▫): gostei muito dos primeiros parágrafos e dos últimos. No meio eu me cansei um pouco, pois parecia que estava repetindo a mesma ideia de várias formas diferentes. Ainda bem a que pergunta do penúltimo parágrafo me trouxe de volta e consegui gostar do texto.
💬 Trecho de destaque: “Engraçado como a emoção não casa-se com o raciocínio de jeito nenhum. Água e azeite. E na tentativa desta união, a consequência é a morte das lembranças. Pode esforçar-se, tente…”
🔎 Problemas que encontrei:
◾ Engraçado como a emoção não *casa-se* (se casa) com o raciocínio de jeito nenhum
Obrigada pelos apontamentos, Léo!
Que bom que gostou do texto…isso me deixa feliz!
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Me repetindo, eu precisei obrigá-los a ler esta prosa, foi mais forte que eu e a única ideia pro desafio… rsrs
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Abraço
Apesar de eu também não apreciar muito histórias sem uma narrativa específica, ou seja, o que denominaram prosa poética, achei o conto bastante intimista, quase que um desabafo do eu-lírico perante as adversidades da vida; e gostei disso. Boa sorte no desafio!
Andre! Obrigada pela leitura!
Que bom que gostou, vou voltar às narrativas numa próxima oportunidade, prometo-vos! Embora isso possa ser mais terrível do que fazê-los engolir uma prosa poética! hahaha
Abraço
TÍTULO traduz bem a situação do personagem. O FLUXO me é simpático, tenho uma queda pela prosa poética e o estilo feminino é marcante, ganhou pontos pela beleza intrínseca. Não há TRAMA, apenas lucubrações existenciais da PERSONAGEM, que é o narrador e o autor. FINAL impossível, se não há trama, não há fim.
Menina! Quer dizer que, sem fim, o tormento será infindável? Céus, me socorram!
Mentirinha, até tô melhorando…
Obrigada pela leitura, Catarina e por achar belo e simpático meu texto.
Abraços
O texto é bastante poético, sensível e delicado. Com ótimas passagens, sendo bem escrito e que consegue tocar o leitor. A gente se identifica com essas situações, com as emoções da personagens, essa devastação interior. Todos pontos muito positivos e que fazem o deleite dos fãs do gênero. Porém, pela falta de uma histórias propriamente dita, de algo a contar além desse turbilhão poéticos, não entra na minha lista de preferidos, não é o estilo de conto que conseguirei lembrar pela trama, por exemplo.
Fil!
Obrigada pela leitura! Realmente, é uma prosa poética, entenda.. eu precisei trazê-la… rsrrs
Não sendo fã do gênero, mesmo assim, consegui te tocar e vc se identificou com algumas emoções? Atingi, então, meu objetivo!
Abraço
Belíssimo texto.
Normalmente não costumo gostar de prosa poética, mas costumo curtir um tom mais intimista. Aqui, nesse casamento, o resultado foi positivo.
Confesso, porém, que já estava ficando cansado (e olha que o texto é curto), mas daí rolei a página e vi que o final já estava a dois parágrafos e foi tranquilo. Mas é questão de gosto pessoal, o texto está muito bom.
– não casa-se com o raciocínio
– Pode esforçar-se
>>> Andei tomando uns puxões de orelha por causa desse negócio de próclise e ênclise, daí fiquei mais atento a isso. No primeiro caso, teria omitido o “-se”: não casa com o raciocínio.
No segundo, deixaria: Pode se esforçar
– formados por grãos de incompatibilidades não se desfizeram sem alarde
>>> Algumas partes do texto rimaram (exemplo acima). Normalmente apontaria isso como um problema, mas aqui, obviamente, combinou totalmente com a narrativa:
– mais alegre ou terna melodia mas um uivo constante
>>> colocaria uma vírgula antes de “mas”
Muito bom, parabéns!
Abraço!
Oi, Fábio!
Só pra me gabar, vou apontar esta rima que eu gostei bastante..rsrs:
‘que segurem os ponteiros da vida porque estou em restauro, porque minha alma está suspensa num ponto vertigem entre o medo e a descrença.’
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Obrigada pelas dicas vou dar uma olhada nelas!
Fico feliz que apesar do estilo diverso, mesmo assim conseguistes apreciar a leitura… ufa! que bom! hehe
Abraço
Lindo texto, muitos significados que tocam direto a emoção. Voltar pelo caminho não dá mesmo, e a gente tenta achar a ponta do fio da meada que está emaranhada de emoções. Adorei todo o texto, com destaque para o seguinte parágrafo: “Depois da intempérie vem mesmo a tal bonança? O que posso ver é a mansa letargia de quem não mais se vê refletida num espelho danificado pelo refluxo de densas emoções, sofreguidões que desconfiguraram a imagem e a serenidade dos tempos de sentar e ler a si próprio com a desenvoltura de quem domina sua linguagem interior. O que posso ouvir não é mais alegre ou terna melodia mas um uivo constante como o vento nas montanhas que me faz intuir um gélido resfolegar de desilusões…” Parabéns!
Bom desafio!
Obrigada, Simoni!
A cada comentário, vários significados e nuances vao aparecendo, até os que eu mesma não vi! rsrsrs
Abraço
Ótimo texto. À primeira vista parece uma digressão, um embate entre razão e coração que, embora bonito, não chegará a lugar algum. Porém, à medida que a leitura avança, percebe-se que há, de fato, uma história, que as digressões acompanham alguém em processo de amadurecimento ou mesmo de envelhecimento, alguém que, talvez, tenha se cansado da luta que é manter o cérebro no comando. Claro, o embate não é novo, mas aqui foi tratado de forma sensível, em cores vibrantes, revelando toda a angústia que esse tema provoca. De minha parte, consegui me identificar e muito. Com o passar dos anos a gente se torna mais emotivo, manda às favas a racionalidade. Em nossa própria cabeça autorizamos que os livros despenquem, que nossa biblioteca pessoal e indevassável seja revirada. Enfim, um texto bonito e cheio de significados. Parabéns!
Oi, Gustavo!
Que bom que viu o potencial para vários significados aqui… Estou feliz com sua leitura, até vou pensar um pouco sobre… ops… melhor deixar a razão de lado, né mesmo?!
Abraço
Olá, Imóbile!
Se eu fosse um quiromante, encontraria em suas mãos o seguinte legado: Tu és escritor(a) de mão cheia! rsrss
Gostei do estilo, do cuidado com a escolha das imagens e palavras aplicadas para criar o efeito “Divertidamente”. Inclusive, soube escolher o momento certo de encerrar a narrativa introspectiva. Nem todos apreciam longos textos poéticos…
Boa sorte!
Sim, minha preocupação era de não ficar cansativo.
Nossa, tuas palavras só me alegram demais! (Nem imaginas o quanto, ou imaginas? rsrss)
Um abraço!
É difícil mesmo, mas nós o fazemos. Seguimos em frente mesmo aos tropeços. Gostei muito de ler esses pensamentos, já tinha lido antes e voltei agora para sentir o prazer de ler novamente. Parabéns.
Uma releitura! Ou uma releitora! hehee
Isto é um prêmio!
Muito obrigada, Neusa!
Agora, seguir em frente é inevitável.. mas e a vontade de ficar parada lá atrás?!
Um abraço!
Boa Noite.
Eu adorei a sua escrita. Muito mesmo. Mas, infelizmente, não gostei do seu conto.
Você tem um controle invejável sobre as palavras e maestria em escrever. Enquanto eu lia, só conseguia pensar “Uau! Como ele(a) escreve bem.”
Tenho certeza de que cada palavra e frase foi minimamente planejada e executada. Não houve espaço para acasos e a essência da imagem proposta permeia toda a narrativa. Enfim, um(a) escritor(a) de mão cheia. Meus parabéns.
Porém, e devo atribuir minha crítica muito mais aos meus gostos pessoais do que à sua habilidade como escritor(a), não consegui me apegar.
Confesso que li o texto duas vezes e, mesmo assim, ele não me ganhou. A bela poesia que você usou para construir seu conto foi a mesma que o destruiu para mim. Não consegui prestar atenção e nem compreender o que a narrativa queria dizer. O texto repelia minha atenção constantemente e, quando eu tentava voltar atrás e reler pela terceira vez aquele parágrafo, continuava incapaz de me concentrar.
Captei frases muito bonitas e seus significados encantadores, mas não consegui conectar tudo como um todo.
Sinto muito, sinceramente. Gostaria de ter gostado.
hehehe Philip!
Na verdade, tuas palavras me inflam e ao mesmo tempo lamento por não conseguires a concentração necessária. Às vezes não é o momento adequado para esta leitura. Outras vezes é o autor que não soube ser menos ‘dificultoso’ com as palavras.
Espero te ‘ganhar’ noutros textos, quem sabe? hehe
Obrigada, muito obrigada por tuas palavras sinceras e agradáveis!
Caramba, que texto bom.
Foi a partir da entrecontos que comecei a gostar de textos mais poéticos. O grande problema é que quase nunca tenho embasamento nenhum para falar qualquer coisa rs
Eu achei a ideia de explorar a imagem enquanto um estado da consciência e manter isso como o espaço do conto excelente. Acabei fazendo uma leitura bem pessoal da reflexão da personagem, do porque de estar como está.
Sinto em não pode adicionar nada, fica só o meu parabéns mesmo.
Fizeste uma leitura bem pessoal?!
Uia isto já é ‘Tudo’… hehehe
Obrigada pela leitura, Leandro!
Então, como já comentaram aqui, o pronome oblíquo ficaria melhor entre o “não” e o “casa”, isso porque o NÃO funciona como partícula atrativa e puxa o SE. Leia e veja se não soa melhor.
Achei interessante trabalhar a ideia da biblioteca em paralelo às emoções. Claro que me lembrei do filme Divertida Mente.
O tom do conto é poético, escorregando nas imagens mais sutis. Em alguns momento, a leitura dá uma ralentada. Não é de fato, uma narrativa de ação, e todos sabem, que não sou lá muito chegada a grandes reviravoltas na narrativa.
O tamanho do conto é animador e acho que cansaria o leitor se fosse mais longo devido a carga emocional.
Boa sorte!
* Em alguns momentoS
* devido à carga emocional
Obrigada pela leitura, Claudia!
Sabes que não assisti Divertida mente? rsrss tô achando que o título acabou por trazer simpatia ao texto logo de cara! que bom se assim for!
Muito medo eu senti de ficar uma leitura cansativa, espero mesmo que não tenha ficado.
Abraço!
Gostei ein. A sacada de captar a bagunça da biblioteca como uma imagem da confusão de sentimentos de quem acabou de passar por uma devastação emocional foi muito boa. O texto é poético e muito bem escrito. Agrada aos olhos, agrada o coração, e me fez identificar diversos trechos onde eu mesmo já havia sentido o que o narrador falava.
A brevidade do conto é bem-vinda. Muitas vezes sinto que os contos muito breves foram escritos de forma preguiçosa, mas este conto não pede nem mais uma palavra. Está completo em si.
Parabéns!!!
Algumas sugestões de melhoria (sinta-se a vontade para acatá-las ou não. Não sou nenhum revisor profissional, rs):
1) Não sou o rei das próclises, ainda tenho que estudar muito a nossa língua, mas eu senti que as duas que você usou no início eram desnecessárias:
“…não casa-se…” ficaria melhor “…não se casa…”
“Pode esforçar-se…” ficaria melhor “Pode se esforçar…”
2) Seguindo o tom poético do texto, o trecho “Você pinta ele…” ficaria melhor “Você o pinta…”
3) No trecho abaixo, achei que ficaria melhor trocando uma vírgula por dois pontos e retirando a repetição dos “eram”:
“Gostava de compartilhar com os especiais as narrativas fantásticas de meu Eu e de minhas criações, algumas eram inventadas, para divertimento, outras eram verdadeiras para uma sincera entrega de sentimentos.”
Poderia ser:
“Gostava de compartilhar com os especiais as narrativas fantásticas de meu Eu e de minhas criações: algumas inventadas, para divertimento, outras verdadeiras para uma sincera entrega de sentimentos.”
4) No trecho abaixo, as vírgulas me parecem melhor de outra forma:
“…me fez ousar e desse acontecimento, o desenrolar dos atos e dos dias antes pacatos, veio a devastação!”
Poderia ser:
“…me fez ousar e, desse acontecimento, o desenrolar dos atos e dos dias antes pacatos veio a devastação!”
5) No trecho abaixo o “Eu” me soou fora de lugar. Pode ser removido facilmente:
“Confesso que sonhei, criei castelos de areia onde antes eu construía palácios”.
Valeu! Ótimo texto! Boa sorte!
Opa!
Obrigada pela leitura cuidadosa e pelas palavras!
Valeu muito!
Que bom que o pessoal tá achando que o conto está num tamanho bom, apesar de estar bem aquém do limite máximo.
Claro que considerarei tuas sugestões… estão todas pertinentes!
Um abraço
Oh… Será que não somos capazes mesmo?
Claro que amei a prosa poética, a crônica, seja o que for… Viajei nas reflexões e achei bonitas as comparações.
Havia reparado no ‘você pinta ele’, tanto infantil esta construção não é? Mas nos escapa mesmo, é normal.
Abraço e boa sorte!
Oi.. Anorkinda!
Que bom que vc gostou!
Eu havia pensado em ‘repincelar’ o primeiro parágrafo q acabei não voltando nele, a inspiração tinha acabado…rsrs Tenho uns trenzinhos pra arrumar neste texto.. mãos à obra!
Apesar de bem escrito, tenho minhas dúvidas se o texto se qualifica como conto porque, tecnicamente falando, não há nenhuma história sendo contada. São em essência reflexões do narrador sobre seu estado emocional, uma prosa poética ou crônica.
A impressão que dá é que é a introdução de um conto, mas quando a história vai começar, a escrita para.
Porém, tenho que confessar que gosto de frases boas e que sintetizam verdades. Como essa: ” Você nunca lembra perfeitamente de um fato inundado de emoção.” Tenho uma teoria de que, por pior que um texto seja (não que seja o caso deste texto), uma boa frase sempre o salva.
Ps: até dá para pensar na imagem como metáfora e usá-la nesse sentido como o autor fez. Não acho que tenha se desviado (muito) da proposta do desafio.
Oi… eu também acho que não desviei do tema do desafio.. rsrs embora possa ter desviado do conceito ‘conto’ no meu texto. Eu sei que o conto precisa de um enredo, e enredo aqui somente os fios enredados da emoção mesmo!!!!
Interessante vc pensar em introdução de um conto… quem sabe você plantou uma ideia aqui na minha cabeça?!
Obrigada pela leitura.
Boa noite.
Eu realmente gostei muito do seu conto. Me senti como se estivesse dentro da mente da protagonista. Apesar de ser melancólico, você conseguiu escreve-lo de forma fluída e leve. Gostei disso. Me senti lendo uma poesia. Até deu pra imaginar violinos tocando a medida que lia.
Gostei também do fato de você não ter feito uma analogia direta com a imagem do desafio. Interpretei a relação da desordem emocional da personagem com a desordem da sala na imagem.
Parabéns 🙂
Ahh que bom, você captou tudinho… é gostoso saber isso de um leitor!
Obrigada!
Violinos tocando? Oh céus… é a glória! hehe
Meio ruim chegar atrasado e comentar o que foi bem comentado rsrs.
Enfim, como CRÍTICA possível, creio que pra quem espera um conto habitual, no sentido do senso comum, pode ser decepcionante. A imagem suscita um ambiente devastado por intempéries físicas e quem estiver viciado no paradigma de ação cinematográfica ou em literatura de aventura pode sentir que simplesmente jogar tudo para o plano subjetivo é “golpe baixo”, pois se pode falar de cotidiano, de guerras, de bastidores, de bibliotecas, de… enfim, qualquer coisa do ponto de vista interno. Passa-se ao reino da metalinguagem, encerrada em si mesma e separada da noção de efeito que se apregoa necessário ao conto segundo certas definições.
Dito isto, pode-se pensar em PONTOS POSITIVOS para um público mais aberto a sutilezas. Textos como este possuem a seu favor a polissemia natural do fazer poético, podendo ser relido sem a obrigação de fazer sempre o mesmo sentido, pois os objetos das paixões em jogo são apenas pretexto para uma revisão à luz da sempre atualizada emoção. Isso embarca tanto o Eu lírico em cena como o leitor no papel de “co-construtor” dessa subjetividade. Pode servir de oportunidade para “brincar de crise”, ou para usar o jargão fazer a catarse, aprendendo sobre o reino psicológico através de suas metáforas possíveis.
Olá, Cleber! Bem-vindo ao EC!!
Pois é… realmente o que fiz foi uma catarse, necessária, muito necessária neste meu momento. O golpe baixo foi eu me aproveitar do desafio numa tentativa de cura, que não surtiu muito efeito, a bem da verdade… rsrss
Como somos todos amigos e vc agora é mais um dos nossos, acredito que ninguém vai levar a mal este meu desdobre literário.
E espero mesmo, que assim como qualquer poesia este texto possa auxiliar muitos subconscientes por aí e por aqui…
Boa sorte pra nós todos!
MULA (Motivação, Unidade, Leitura, Adequação)
M: Texto intrigante, carregado de reflexões, quase uma crônica pessoal. O objetivo do personagem principal está implícito: o desejo de organizar o caos de sentimentos.
U: Bem escrito, leve e fluente. Notei apenas uma rima que destoou um pouco no 5º parágrafo. As palavras rebuscadas e sentimentos ganham mais força do meio para frente (mas se tivesse começado por elas, ficaria mais poético).
L: Conseguiu transmitir bem a angústia ao lidar com as situações descritas e termina na famosa nostalgia que arrebata os mais (in)experientes.
A: Outro texto que buscou mais a essência do que a parte física da imagem. Gostei, pois as palavras utilizadas condizem com as sensações.
Esqueci de mencionar: o trocadilho com a famosa animação da Pixar casou perfeitamente com a proposta.
Olá! Adorei a MULA, dei uma boa risada! Ótimo!
Obrigada pela leitura!
Foram as reflexões a que a imagem me levou, embarquei nelas sem pensar muito em prós e contras pois que foi osso ter uma ideia que seja!
Agora que terminou a pressão me vieram várias ideias para a biblioteca! Pode isso, produção?!!
Gostaria de ressaltar que no Desafio eu não considero o que se chama “adequação ao tema” porque apenas uma imagem ou palavra não bastam para defini-lo. Existem bibliotecas internas. A composição textual e estética para mim valem muito mais.
Dentre as várias características do gênero lírico (escrito em versos) há o fato de ser uma espécie de depoimento do EU. O ELE não aparece com destaque, portanto não há personagem, tampouco conflito. Trata-se, pois, do universo interno do eu lírico (não confundir com o poeta).
Pois é exatamente isso que temos neste conto, que pertence ao gênero narrativo. Do início ao fim, não há propriamente um enredo, uma trama: é o EU falando de si mesmo, como no gênero lírico. Nesse sentido, é bem interessante observar que os parágrafos quase podem ser lidos independentes um do outro, pois funcionam como poemas, não como parágrafos. É um longo poema escrito em prosa. Um poema doído, por sinal, feito com algum sangue de alma ferida, com várias passagens inspiradas e algumas que resvalam na imagem gasta.
No primeiro caso podemos citar “É urgente caiar os lisos limites de meu Eu, para que minha visão despoluída volte a criar metáforas luminosas de esperança”. A ideia de pintar com cal, que é branco, uma região limítrofe do sujeito, que costumam ser obscuras, é bem interessante na medida em que é a cor nova que deverá criar novas metáforas e esperanças.
No segundo caso, existem alguns clichês oracionais, como “tintas do passado” e “bruxulear da chama de uma vela”. Como o texto poético é muitas vezes altissonante, como este, o uso do clichê me parece negativo na medida em que parece ter sido inserir apenas para causar efeito. Nesse sentido, creio tivesse sido melhor uma construção textual que, sem abandonar o francamente poético, abandonasse esses jargões líricos.
E também para resolver alguns problemas formais do uso indevido do pronome em “a emoção são casa-se” (deveria ser “a emoção não se casa”) e “Você pinta ele” (pronome do caso reto não pode ser predicado).
No último parágrafo do texto, talvez para o leitor não se esquecer de que se trata de um conto, surge um “você”, dando a entender no mínimo duas possibilidades: 1) o narrador relatou todos os seus sentimentos íntimos a alguém, inominado do início ao fim; 2) é mera figura de retórica, de modo que o “você” é, de fato, o próprio EU. Aliás, seria de grande proveito estilístico se essa segunda possibilidade fosse levada a efeito em todo o texto, e houvesse uma falsa terceira pessoa gramatical.
Existem bibliotecas internas! Maravilhoso olhar este teu! Obrigada pela leitura, Eduardo!
Sim, estes erros nos pronomes destoaram… foi um lapso imperdoável! Mas estou sujeita a eles todo o tempo, quem não está, não é?
Nos jargões mencionados, concordo que parecem lapsos também, mas agora de preguiça mesmo da autora de procurar expressões originais para seu texto…
Quanto ao ‘você’, você está certo nas duas suposições 1) relato a alguém inominado e 2) figura retórica, referindo-se ao uso do pronome na última frase do texto e tb na última frase do primeiro parágrafo.
Note que utilizei este recurso no início e no final do texto.
Abraço, professor!
Olá autora!
Já vou logo te parabenizando pela excelente gramática e a grande eloquência do texto. Você escreve muito bem! Seu estilo se parece bastante com o meu, o que me faz ter um carinho maior com o seu texto haha.
O grande ponto positivo do texto certamente foi a estrutura e a poesia que rega as palavras.
Porém não gostei da correlação que você fez com a imagem. A impressão que me passou foi que você já tinha o conto pronto e apenas soltou aqui, tentando arranjar uma brecha pra incluí-lo no tema. Não foi contra as regras, mas acho que você não explorou o tema como deveria e, nos meus critérios, isso conta pontos.
Sobre a estrutura do texto, sem diálogos, em estilo de devaneios, eu o relaciono mais com a estrutura das crônicas do que com os contos… Não sei, posso estar errado, mas foi minha análise pessoal.
Mas por fim, foi um bom conto! Meus parabéns, você tem futuro.
Obrigada!
Não. Eu não tinha o texto pronto e a correlação dele com a biblioteca veio a partir da imagem proposta. Posso ter entrado demais nos sentimentos e na poesia e deixado a biblioteca meio de lado…
Que bom que este estilo parece-se com o seu, vou procurar por outro texto poético neste desafio ^^
Eu sabia desde o início de minha ideia que viria uma prosa poética ou uma crônica, mas mesmo assim quis inseri-lo aqui só pra vocês serem obrigados a ler algo diferente! (Risada macabra!)
Boa sorte pra nós!
O conto é bom. A relação com a imagem talvez tenha sido livre demais, ao meu ver. As reflexões expostas no texto são interessantes, no entanto, eu não consegui captar a relação destas reflexões com a imagem da biblioteca. Talvez a comparação da emoção com a razão com a desarrumação, bagunça, abandono, que a imagem da biblioteca nos traz. Mesmo assim, ainda insisto que a adequação do texto a imagem, para mim, foi feita de forma muito tênue, o que não me agradou. Boa sorte.
Olá, colega!
Tudo bem que tua leitura seja esta, é por aí mesmo , a comparação de um estado emocional devastado com a imagem da biblioteca devastada.
Ok
😉