Pedro desperta às 6:30 da manhã. Muda de roupa. Prepara a marmita, feijão, arroz, um ovo, um pedaço de linguiça, duas bananas. Coloca na mochila. Pega o ônibus. Quarenta minutos até a obra.
Chega quando a sirene toca a primeira chamada. Troca de roupa no reservado, guarda a marmita no armário. Coloca as bananas no bolso. Pelo elevador sobe ao 18° andar. Lá de cima, olha a cidade, ainda envolta na neblina da manhã. Lá embaixo, sombras e fantasmas.
Seu mundo real ─ concreto, areia, tijolos, cimento ─ rotina. Receber o salário, pagar as contas. Sonhos de conquista se diluem nas mãos calejadas, na mente cansada. Faz tempo que não bebe. Há 3 anos não fuma. A tosse sumiu, mas o chiado ficou. No peito dolorido. Faz anos que não vai à praia.
A sirene toca. 8:00, hora de pegar no pesado. Pelo elevador chega a argamassa e os tijolos. Erguer as paredes. O prumo corrige o desnível. Dói as costas encurvadas. O cimento corrói a ponta dos dedos. O cansaço desanima. Trabalha como zumbi. O cérebro corroído. Moído, na mó dos tempos.
9:30. Hora do lanche. Senta-se num tijolo. Come as bananas. Tenta coordenar as ideias. Na saída, antes de chegar em casa, poderia passar num bar. Beber um copo de cerveja. Fumar um cigarro sem filtro. Pegar uma cirrose. Ganhar um tumor no pulmão. Já não importa mais. Sirene. Voltar ao trabalho.
11:45. Hora do almoço. Desce. Senta-se na sombra, come a marmita. Boia fria. Palita os dentes. Dorme sobre uma tábua. A sirene toca, hora de subir. Terminar a parede. Preparar o reboco. O capataz passa. Fiscaliza. Tudo em ordem. As paredes são erguidas, rebocadas. O prédio se firma na rigidez da forma.
As pernas ficam bambas. A comida não caiu bem no estômago. Azia. Ânsia. Náusea. Vai até a beira do abismo. Tomar ar. Pensa em se atirar, voar como pássaro. Não ficaria nada bonito lá embaixo. Imagina uma massa disforme na calçada. Vomita ao pé da pilastra. Coloca um balde de areia por cima. Tudo bem. Volta ao trabalho.
Gestos mecânicos. Mente vazia. 17:00 horas, soa a sirene. Encerram-se as atividades. A rotina continua no cérebro. Uma roda-viva. Desce para o chão firme. Lava-se na água da mangueira. Muda de roupa. Na parada, mãos nos bolsos, mochila ao ombro, espera o ônibus. O ônibus chega. Todo mundo entra. O motorista espera. Pedro permanece parado com as mãos nos bolsos, olha para o horizonte. Num impulso, sai caminhando para o lado contrário.
A porta se fecha, o ônibus vai embora. Pedro some na poeira da estrada.
Em uma planície ampla, sente nos pés descalços a maciez da terra, aspira o doce perfume do campo. Ao redor, nos montes de cumes escarpados, o brilho opaco do feldspato misturando-se aos raios dourados do pôr-do-sol.
Deita-se sobre uma rocha. Olha as estrelas surgindo no crepúsculo.
Morrer, dormir, sonhar, talvez…
Pedro é uma pedra.
Pedro Pedreiro (Calderon)
“O peão entrou na obra, o peão
O peão entrou na obra
Roda peão, bambeia peão
Roda peão na mão do patrão
O peão só pega a sobra, o peão
O peão só pega a sobra“
Wilson Moreira e Sérgio Fonseca
Fiz associação imediata com “Roda Viva”. Todos os pequenos prazeres matam ou são proibidos e mesmo os sonhos ressecaram, tornaram rocha como o próprio Pedro. No instante final, quando devia seguir a corrente, ele breca, sem fazer alarde, muda sua rotina e encara a si mesmo. eu sei, deveria pensar primeiro em “Pedro pedreiro”, do mesmo Chico Buarque, mas além de ser uma canção que eu não goste tanto, o Pedro lá ainda tem esperança. A única coisa que o aproxima da humanidade é o contemplar a paisagem pouco antes de começar o trabalho. O deste texto não tem mais. Sua quebra de rotina é totalmente inesperada.
Sucesso no Desafio. Parabéns pelo conto.
Olá! Fiquei com sentimentos divididos a respeito desse conto… Eu gostei muito do desenvolvimento dele, e gostei muito do final, mas ficou uma sensação de que um não combina com o outro. É uma opinião bastante subjetivo, claro, mas a impressão é de que toda a estrutura construída não nos levou para o ponto final (sem trocadilhos aqui, hehe).
Talvez porque o conto todo se desenvolveu de forma realista, rotineira, e aí o final passa para um tom mais filosófico, surreal, figurativo… Não acho que seja um problema ter feito essa curva no meio do caminho, só me pareceu que faltou um elemento para amarrar as duas coisas.
Mas de qualquer forma, foi uma boa leitura, parabéns pelo trabalho!
Conto belíssimo! Me lembrou “Construção”, do Chico Buarque. E me fez pensar em quão embrutecida talvez precise ficar a mente de um trabalhador da construção para aguentar uma rotina tão massacrante. Se pensar demais, surta. Tem que forçar o riso, fugir de alguma maneira (o bar?).
Gosto muito de contos que abordam a vida e o cotidiano desses atores sociais cujas vozes são sufocadas pela distância do mundo das letras. O índio, o favelado, o trabalhador da construção, os idosos, as crianças, todos esses atores vivem narrativas distantes daqueles que cultivam as artes e as letras. Foi um grande prazer ler seu texto, caro autor(a).
Seu texto também tem o ritmo certo para representar o tom mecânico e repetitivo da vida na construção civil. Ótimo conto! Meus parabéns!
Parabéns pelo conto, quantos de nós somos Pedro, automatizados em uma vida que só marcada por um relógio cotidiano que nunca para, nunca atrasa, segundo pós segundo, enquanto nos perdemos de nós mesmos e nos tornamos parte de um todo que ignora suas partes.
Gostei muito estilo de escrita e em poucas linhas conseguiu trazer um personagem direto, sufocado e preenchido pelo vazio do dia a dia.
Obrigado por propiciar uma leitura tão rica em tão poucas palavras.
Boa sorte.
Olá, Calderon
Gostei bastante do seu conto. Sua escolha por períodos curtos, com poucos conectores e adjetivos, foi realmente acertada para dar ao texto essa sensação opressora. A pobreza, o trabalho mecânico, a falta de prazeres, a solidão – tudo ficou muito bem descrito com apenas poucas palavras.
Quanto à parte técnica, achei bem escrito e não vi nenhum grande problema. Só neste trecho abaixo senti falta de algo, se pensarmos que o que vem entre travessões deveria ser um adendo à oração:
“Seu mundo real ─ concreto, areia, tijolos, cimento ─ rotina.”
Gostei do final também: Pedro é uma pedra. Simbólico e poético.
Parabéns! 🙂
À descrição de rotina de trabalho do pedreiro Pedro, recheada por algumas frases de efeito, seguiu-se um fecho cujo sentido me escapou. Se tivesse concluído o texto antes da citação de Hamlet, para mim soaria melhor. Enfim, está bem escrito, mas a narrativa não funcionou de forma satisfatória comigo.
Desejo sorte no desafio. Um abraço.
Oiiii Pedro Pedreiro.
Meu jesssuuuiiissss!
Teu conto parece pedaços do meu livro “Enxurrente” . Me identifiquei com ele em todos os parágrafos.
Muito lindo e emocionante. A cruel realidade dos nossos trabalhadores assalariados, que sem perspectivas de melhoras, são como sumbis, vivos.
Um grande abraço!
Oi!
Como fórmula de avaliação utilizo os quesitos: G -gramática, F-forma e C-conteúdo, onde a nota é distribuída respectivamente em 4, 3 e 3, e ainda, há que se levar em conta minhas referências, gostos e conhecimentos adquiridos como variável para tanto (o que é sempre um puta risco para o avaliado. KKK). Podemos?
G=4. Não vejo motivos para não dar nota máxima para seu texto neste quesito. Parabéns!
F=2. Curioso o ritmo narrativo empregado neste conto, pois há momentos em que tudo parece ser bula de remédio, receita de bolo, marretada, onde só se apresenta algo de forma imparcial. Já em outros momentos você emprega outro tom e evoca emoções. Proposital, né? Prefiro crer que sim. Fica com ar de quebrar pedras e refletir entre uma pedra e outra (sei lá se me faço entender 😊). Curti as construções mais inspiradas: …O cérebro corroído. Moído, na mó dos tempos… O prédio se firma na rigidez da forma… São bons os sentimentos que despertam em certas passagens. Curti, mas não ficou claro pra mim os motivos dele não mais beber ou fumar ou quanto esse quesito seria importante para ele nesta altura da vida. Há indícios que levam a crer que sim.
C=2. Então, temos um dia duro de trabalho duro para alguém que como tantos ralam assim para comer, beber e sobreviver. Gostaria de extrair também a ideia de recomeço, de alguém que também tenta se manter em pé após fazer merda. Há muita melancolia, mas sem uns toques a mais do universo do personagem não se compreende os motivos dessa melancolia (que difere de cansaço). Ainda assim gostei bastante.
Parabéns e boa sorte.
Média Final: 8
Conto muito bem escrito, que descreve as ações de Pedro de maneira mecanizada e ordeira. Atravessamos a rotina do protagonista, suas frustrações e pensamentos no decorrer de um dia de trabalho e, para minha surpresa, o final que poderia soar repetitivo, um ciclo mesmo da vida de Pedro, vai por um caminho mais satisfatório, de libertação, uma imagem bonita em contraponto com a vida pregressa do protagonista. A frase final fecha bem o texto.
Parabéns!
Oiiii. Um miniconto que mostra a rotina de um homem chamado Pedro que é pedreiro. Foi interessante a forma escolhida para narrar a história, mostrando desde o horário em que ele acorda até o momento em que ele sai da construção e muda a rota que seria para casa . A forma como foi falando a questão dos horários e do que ele fazia reforçou a ideia da rotina em que ele vivia. O final em que ele se deita em uma pedra e ver as estrelas foi poético, pois foi como se ele conseguisse respirar em meio a rotina que o sufocava. Parabéns pelo texto e boa sorte no desafio.
Resumo: O texto se trata de quase uma releitura da música “construção”, de um trabalhador que pega no batente todo dia, que acorda todos os dias de madrugada e que passa quase o dia todo trabalhando, para no final ser Pedro, a pedra. (pode haver uma analogia bíblica ai, porém eu não peguei.).
Pontos que gostei: Gostei muito do enredo do texto, mostrando uma rotina
pesada , os pensamentos e as frustrações.
Pontos que não gostei: Talvez a única que eu não tenha gostado da linguagem usada, por algum motivo a linguagem me lembra poesias ccontemporâneas e eu detesto isso (kkkk).
Legal, sensível!
A roda viva, nem tão viva assim de Pedro Pedreiro.
Se a proposta é miniconto, alguns cortes manteriam a mensagem, com respeito.
Perfeita homenagem a Chico Buarque, admiro muito o fazer literário inspirado em música. Frequentemente as músicas me inspiram.
Sua leitura de Construção, as referências a Roda Viva e Deus lhe pague… Esse conto é um primor!
Sucesso!!!
MINI – Tem a velocidade macilenta da rotina do personagem. As frases curtas e a pontuação seca deu a agonia visceral. Várias pessoas acharam que este conto seria meu, o que considerei um elogio já que a sua técnica é apurada e ousada.
CONTO – Tem aquela pegada de “Construção” de Chico Buarque, mas eu recomendo ler ouvindo “No roots” de Alice Merton. O final tem um arremate poético que faz uma ruptura com o ritmo do texto.
DESTAQUE – “Lá embaixo, sombras e fantasmas.” – Uma síntese sutil do conto.
Olá, Calderon, adorei seu texto. As narrativas no presente tendem a se tornarem cansativas, mas aqui, em um texto curto, com frases curtas, foi uma ótima escolha. As frases curtas dão o tom do enredo, representam a rotina, o martelar sempre no mesmo lugar.
Gostei do final, mas houve um certo incômodo, porque quando diz que ele é uma pedra, entendo que quis se referir a ele como uma pessoa presa à rotina, imóvel, ok, legal a relação aqui, mas justamente naquele dia ele mudou, tomou uma atitude inesperada. Pedro era uma pedra, não mais…
Deslize gramatival só encontrei este:
Dói (Doem)as costas
na mó dos tempos – ? não entendi esta expressão.
Resumo: A labuta do dia a dia na vida de um pedreiro
Gramática: Nada que desabone a escrita.
Comentário: O enredo trata do simples trivial de um dia de trabalho na vida de um pedreiro. Com um desfecho um tanto melancólico, outro tanto poético. No meu entender classificaria este trabalho mais próximo da crônica. Mas, bem que poderia ter aproveitado melhor a ideia, pois este tema é rico em possibilidades.
Pedro Pedreiro (Calderon)
Comentário:
Lendo o texto, não há como não pensar na música de Chico Buarque (Construção). Que boa lembrança! E também na música “Cidadão”, de Zé Ramalho. Homenagens a esses “anônimos” que constroem as metrópoles e que delas são alijados.
O texto descreve a cronologia de um dia de trabalho (ado anônimo) na construção civil, mostra a rotina inglória de Pedro. Não que esta realidade seja afeita apenas a ele. Nesta mesma condição, estão muitos outros trabalhadores. Mas o conto se apega ao desalento, à inexistência de esperança para que este quadro se modifique.
O desfecho é quimérico, muito bonito. Quisera ser tão fácil desvencilhar-se dos compromissos e sair caminhando para uma nova opção, ao léu. Sabemos que não é assim que acontece, somos seres generosos, compromissados com os amores que amealhamos pelo caminho. Não somos pedra. Ainda bem!
Texto muito bem escrito, enredo criativo, bem pensado. A narrativa proporciona uma leitura consciente. A cada parágrafo, surge uma meditação. Crescer dói.
Parabéns, Calderon! Seu trabalho é lindo!
Boa sorte no desafio!
Abraços…
Achei mara! Topíssimo (kkkk): pelo título, pela forma que foi narrado, pelo metódico (e por consequência tedioso e repetitivo) ir e vir da personagem, achei que o conto foi bem sacado, e terminou muito bem. Fora a referência a música Construção, do Chico Buarque, peguei uma vibe cartoon do século passado, A Pantera cor-de-rosa, que tinham essa aparência e estética da imagem utilizada para representar o conto (mas aí não sei se é doideira da minha cabeça), só que com uma pegada dark. Muito bom!
Olá, Calderon.
Gostei da sua história. Mesmo sendo um acumulado de ações, vc conseguiu imprimir alma no conto, há no leitor uma torcida por Pedro. A gente se preocupa com ele.
Gostei da sua maneira de escrever, direta, sem firulas, mas colocando um charme nos pontos certos. Resvalou em usar a expressão “massa disforme”. Existe algo mais clichê?
Mas o texto recupera a sua beleza. e a rotina é subvertida por uma rebeldia do homem. Pedro se dá um momento de contemplação, com direito até a um trecho de Hamlet… Eu gostei da integração de Pedro com a paisagem e achei legal o arremate do conto. Parabéns. Até agora, dos que li, foi o que gostei mais.
Um abraço, querido. Sorte no desafio.
Amei o conto, por ele falar sobre as mazelas humanas de maneira bastante simples, direta e precisa.
O texto está bem escrito, com apenas dois problemas gramaticais observados por mim, mas até em Machado de Assis houve erros gramaticais… Vale ressaltar que esses erros não comprometem de modo algum o entendimento, nem a qualidade do texto.
Pedro parece ao leitor um personagem mais próximo que a maioria dos personagens. Parece que o narrador está dialogando com o leitor, contando sobre um amigo em comum dos dois. É essa a sensação que a leitura nos transmite.
Parabéns à(ao) autor(a).
Não sei qual a referência, se é que você se inspirou em algo, mas lembrei muito da canção “Construção”, do Chico Buarque.
Achei bem legal como criou os parágrafos quebrando em frases pequena dentro dele. Tive a sensação de algo martelando o personagem com a urgência e a pressão para fazer o mais rápido possível.
O único ponto que eu mudaria o início do parágrafo no qual você começa “Tocou a sirene. 8:00, hora de pegar no pesado” por “8:00. Hora de pegar no pesado”, digo isso para manter um padrão da narrativa, já que nos dois parágrafos seguintes o início é feito pela marcação da hora.
Só lembrando que em nenhum momento esse ponto que citei tirou o brilho doloroso do texto.
BOI (Base, Ortografia, Interesse)
B: Esses textos exclusivamente narrativos têm certo charme e apelo. Não gosto muito do tempo presente, mas aqui funciona muito bem. Ainda mais com a pegada mecânica proposital. Quase soa cômico em seu desenvolvimento, mas o autor soube dosar bem as peripécias. Gostei da poética final.
O: Sem grandes floreios, mas a escrita flui que é uma beleza, mesmo em seu estilo direto.
I: Cativa pela simplicidade. É apenas um cotidiano de um trabalhador sofredor/sonhador, mas que atinge lá no fundo, talvez justamente por fazer referência ao cansaço de uma vida de rotinas.
Nota: 9
Parabéns pelo conto. Conseguir descrever o cotidiano de um personagem em tão poucas linhas, mas ao mesmo tempo com tanta sensibilidade e profundidade não é fácil. Também não é sempre que se vê um personagem tão bem construído. Boa sorte!
Olá, Calderon!
Eu gostei bastante do seu conto!
Mas o final não tenho certeza de ter entendido… Pra onde ele foi? Até procurei o que era feldspato no Google, mas não me ajudou muito… Imaginei que ele ia pra praia, mas não… De qualquer forma, ele saiu da rotina e isso é a coisa meia legal do conto, conta a história de uma vida! Da pra sentir a opressão da rotina, o despontar da depressão, a urgência de escapar! E ele decide escapar… Só queria saber pra onde ele foi… Kkk
Parabéns!
Boa sorte! Até mais!
Olá, Calderon!
Gostei bastante de seu conto. É muito bem escrito, e tem um apelo impossível de se esquivar, que é a realidade nua e crua. Diria até que a imagem escolhida faz uma parte importante na visualização do conto, uma vez que ela transmite com eficácia o teor do enredo.
Uma coisa que achei muito bem feito é o domínio sobre o ritmo. O conto tem início com ações rotineiras, repetitivas, que preenchem frases curtas. E esse mesmo recurso é utilizado durante todo o texto, de forma que ele vai ficando monótono, assim como o que está sendo narrado. Não digo isso como crítica, e sim como elogio. Acho que isso funcionou bem para que o leitor se aproxime daquela rotina que está sendo descrita. Pedro sofre com a monotonia, e isso é repassado ao leitor. E, no final, quando Pedro foge dessa rotina, temos o alívio de algumas frases maiores, um respiro, um alento tanto para Pedro quanto para nós que estamos lendo. Não sei se isso foi proposital, mas se foi, parabéns, foi genial. Se não foi proposital, parabéns, você deu muita sorte!
Um dos melhores contos que li até o momento. Parabéns!
É isso, boa sorte no desafio!
Gosto do tema, acho que foi bem explorado. Fica bem o encerramento com o trocadilho Pedro/Pedra, até porque o nome Pedro vem de Pedra mesmo. No teu texto, a temática social foi bem explorada sem ficar cliché.
O problema do texto é a edição. Há muitas frases que quebram o ritmo, outras que têm palavras a mais, Enfim, não é muito grave mas merecia uma revisão mais profunda.
Narrativa em terceira pessoa sobre o cotidiano de Pedro, pedreiro, que embrutecido pelo dia a dia exaustivo, transforma-se em uma pedra, imóvel, parte do concreto, do bruto da natureza.
Linguagem clara, telegráfica, justa, seca para retratar a pesada rotina de Pedro. Não há poesia, a não ser no final, quando Homem e Pedra se fundem, reconhecidos como o mesmo material.
O final ficou interessante, como uma fuga do loop interminável de uma vida sem sentido.
Dói as costas > Doem as costas
Parabéns pela participação e boa sorte no desafio.
Oi Calderon.
Triste história do Pedro. Nem tanto o desfecho, mas no correr do texto mesmo, quando fica claro o quanto ele sofre, o pensamento de morte rondando sua cabeça, o peso de uma existência sem propósito. Um homem esmagado pelo cotidiano.
Final poético, com pedro seguindo a contramão da sua rotina e tornando-se pedra. Triste, mas com um quê de libertação.
Parabéns!
Pedro constrói enquanto se reconstrói.
Gostei do conto, mas senti que carece de originalidade. Se o tema do desafio fosse música, talvez eu tivesse me empolgado um pouco mais, mas, sendo o tema livre, senti que faltou um pouco da mão do entrecontista. Enquanto o conto estava embalado pela canção, identifiquei poucos erros, mas, quando senti o entrecontista entrando em campo, iniciaram-se os deslizes: “doce perfume do campo” me pareceu um lugar comum literário; e “montes de cumes” me soou redundante. Por fim, o excesso de períodos curtos causou algum cansaço.