EntreContos

Detox Literário.

Graça (Giselle Bohn)

– Cadê a cachorrinha?

– Ela… ela…

– Cadê ela?

– A moça, sinhá, a das Dores… que começou no outro dia… foi embora… e levou ela junto…

– Como assim, foi embora?

– Ela catou as coisa dela e foi…

– Quando?

– Ontem mesmo… depois que a sinhá pegou a bichinha e…

– E levou aquele pinto gorado?

– Levou, sinhá.

Dona Inácia se enfureceu, gritou, ameaçou. Mas então se calou, menos porque se acalmara e mais porque não havia mesmo o que fazer. Aquele maldito 13 de maio de novo. Agora nem podia mandar alguém atrás da infeliz que tinha lhe roubado aquele lixo, pra lhe dar uma lição. Qualquer coisinha e já chamavam a polícia. Qualquer coisinha. Falando com o vigário nesta tarde, entretanto, percebeu que ele estava certo: era um favor que lhe haviam feito. Quem precisava daquela coisa ruim, daquele trapo? Sim, o padre tinha razão. Ela já tinha feito demais pela criatura; quem a quis levar que então cuidasse dela. Sim, agora ela se dava conta de que fora um livramento. Deus sempre escrevendo certo por linhas tortas, como bem disse o Monsenhor Lopes. Nem despesa iria dar mais. 

– Só prestava pra uma coisa, aquela: era boa pra um cocre!

E foi assim que saiu para sempre a menina da vida de Dona Inácia. Já Dona Inácia saiu também assim para sempre da vida da garota, mas não sairia nunca de seus pesadelos. Do dia anterior, pouco ficaria na sua lembrança, criança de sete anos que era. Esse pouco, porém, provar-se-ia demais. 

Para sempre ela se lembraria de ter visto Dona Inácia adentrando a cozinha com ódio no andar; se o tinha nos olhos, não podia dizer, pois nunca a olhava nos olhos. Lembrar-se-ia das mãos gordas da senhora, uma segurando-lhe o pescoço e a outra lhe abafando os gritos. Lembrar-se-ia do som que fez o ovo, agora tornado morno com sua saliva, quando Dona Inácia finalmente o tirou de sua boca e o bateu com força sobre a mesa de madeira. Lembrar-se-ia do silêncio que ficou quando ela saiu do cômodo, deixando-a caída ali, entre as outras mulheres. Lembrar-se-ia de ouvir Dona Inácia recebendo na sala o vigário, que chegava naquele momento, e algumas frases soltas: não se pode ser boa nesta vida, criando aquela órfã, que trabalheira, caridade, virtudes, Deus. Lembrar-se-ia de ter sido recolhida do chão por mãos negras como as suas e de ter sido colocada sobre a pia e de ter água jogada em seu rosto, que sobre os lábios destroçados e quentes de sangue pulsante veio ao mesmo tempo como um gozo e uma agonia. Lembrar-se-ia de ter ouvido sussurros acusatórios das mulheres que a cercavam e balbucios explicativos. Tu tá feliz agora? Eu num pensei. Que dó da bichinha. Como eu ia saber? Criança é assim, fala coisa que nem sabe. Eu num achei que ela ia fazer isso. Pru mode de um xingamento de nada. Achei que ia ser só um cascudo. Uma bobagem de criança. Eu num pensei que ela ia fazer uma coisa dessa. Ocê não conhece a infeliz. Eu num sabia. Carecia de ter falado? E então ela não se lembraria de ouvir mais nada.

Quando acordou, encontrou-se embalada por braços finos, que só conseguiam segurá-la porque também ela era toda fina: braços, mãos, pernas, pés, pescoço, costelas, tudo pele, ossos e ligamentos. Se algum dia já estivera naquela posição, cabeça apoiada sobre um antebraço, tendo um rosto assim, tão perto do seu, olhando-a sem ódio, não se recordava. Todas as vezes em que alguém a tocara fora apenas pra poder lhe dar um beliscão ou para segurá-la enquanto lhe dava um pontapé bem dado, ou ainda quando a arrastavam de um lugar para outro. Sua primeira reação foi a de fugir dali, antes mesmo de reconhecer quem a embalava. Os braços a apertaram ainda mais, instintivamente.

– Não, não, fica aqui, fica aqui… num precisa ficar com medo, não…

Seu corpinho, tenso, ficou imóvel, e a criança finalmente reconheceu a mulher que a segurava apertado, e encheu-se de pavor. Estava nos braços da criada nova, aquela que tinha lhe roubado um pedaço de carne do prato, aquela a quem tinha xingado por isso, com uma das poucas palavras que conhecia. “Peste? Espera aí! Ocê vai ver quem é peste!”, ela havia dito antes de ir ter com a patroa. Fora ela quem, com um sorriso de triunfo, entrara na cozinha logo atrás de Dona Inácia, e que a levantara do chão segurando-a pelo pulso estreito, e que a colocara de pé. O que a criança não viu, porém, foi o momento em que o sorriso vitorioso desapareceu de seu rosto e foi lentamente sendo substituído pela perplexidade e, finalmente, pelo terror. Dona Inácia, ao contrário do que a criada esperava, não dera um cascudo ou mesmo um beliscão na menina. Quando a patroa pediu um ovo, a moça imaginou a pobrezinha sendo obrigada a comê-lo cru, mas logo viu que estava de novo enganada. A patroa colocou ela mesma uma chaleira de água a ferver, ovo dentro, e lá ficou, mãos na cintura, muda, antecipando o prazer que a aguardava, os olhos fixos na infeliz, que tremia de volta ao canto no chão onde estivera antes. A moça, ainda nova na casa, nada entendia. Os minutos passaram em total silêncio. As outras criadas, acostumadas aos rompantes da patroa desde os tempos em que ela era feroz senhora de escravos, se já imaginavam o que viria em seguida, nada disseram. “Venha cá!”, Dona Inácia vociferou, e a criança obedeceu. “Abra a boca!”.

Os urros que saíram pelas narinas da garotinha, já que se via amordaçada pelas mãos de Dona Inácia, atingiram a moça no peito como um soco. Ficou ali, estarrecida, queixo caído, as pernas bambas. Como seu próprio nome prenunciava, já tivera ela mesma sua história de torturas e martírios e essa era forte demais para que ela algo dissesse ou para que tentasse intervir. Os gemidos da menina, asfixiados, diminuíam na mesma proporção em que suas lágrimas aumentavam, escorrendo por seu rostinho negro e deixando rastros brilhantes peito abaixo.  

E agora ela estava aqui, em seus braços, seus olhos assustados, a boca uma flor bizarra de pele escamada, sangue coagulado e bolhas.  

– Fica quietinha, fica… num vou fazer nada de ruim, não… juro por Nosso Senhor Jesus Cristo…

A criança, ainda retesada em seus braços, desviou os olhos dos seus e passou a vasculhar o local, como se planejando uma fuga. Não reconhecia aquele lugar. Sua vida se passara entre o chão da sala, onde ficava com Dona Inácia por horas e horas sem nada dizer ou fazer, com os braços cruzados como exigia a senhora, e o chão da cozinha, onde comia e dormia entre farrapos de esteira e panos imundos. Estava em um cômodo iluminado apenas por uma lamparina em cima da mesa pequena, entre paredes de taipa. Pela janela ela viu que já era noite.   

– Eu num queria isso, não… juro por Nossa Senhora… eu num pensei… não falei pru mode dela fazer isso, não… eu num queria… quem tem coragem de fazer uma coisa dessa, meu Deus do céu…

A menina voltou os olhos arregalados aos da moça. Nada falava, mas talvez nada pudesse por um tempo. Sua língua, que tanto ardera, apenas repousava imensa e amortecida, como se não lhe pertencesse. A dor mesmo, a dor excruciante, aquela que escurece a vista e ameaça um apagão, veio quando o ovo foi empurrado, ainda pingando a água fervente, para dentro de sua boca pequena onde ele mal coube, queimando a pele fina dos lábios pelo caminho. Lidaram melhor do que eles o palato, a língua e o interior das bochechas, ou talvez só tivessem doído menos porque o limiar da dor recém infligida fosse alto demais para ser atingido uma segunda vez. 

 

– Ocê vai drumir aqui… não vai mais ficar no chão, não… vou trazer uma sopinha pr’ocê, bem facinho de tomar… ocê agora vai ficar comigo…

E ela deitou a garotinha no colchão de palha seca, que nem se moveu com a leveza daqueles quinze quilos mal pesados.

– Ocê vai ficar comigo. E daqui em diante eu vou cuidar d’ocê. Ninguém mais vai fazer malvadeza c’ocê, não. 

E a moça, sentada ao seu lado na cama dura, pousou a mão na testa quente da criança, fechou os olhos e iniciou um murmúrio que mal se conseguia ouvir. Novamente, daqui a menina apenas se lembraria um dia das palavras soltas sussurradas: perdoa, juro, Senhor, resto da vida, Deus, olhar por ela, perdão. A garota era jovem demais para compreender o que estava se passando ao seu redor, e a dor agora amenizada mas ainda latejante lhe confundia os pensamentos, se os tinha. 

A moça, ela também uma menina aos dezessete anos, abriu os olhos e acariciou longamente os bracinhos raquíticos da criança, onde havia toda sorte de cicatrizes e marcas. A sensação do toque morno daquelas mãos ásperas e calejadas causou-lhe, como um reflexo, um tremor de medo. Mas então a menina finalmente rendeu-se àquele prazer desconhecido, e por um longo momento dissipou-se toda a dor; não só a pulsante que sentia nesse momento, mas também aquela sem adjetivos que sentira durante toda sua curta vida. 

– E ninguém mais vai chamá ocê de Negrinha, não. Ocê tem nome, sabia? Me falaram que ocê chama Maria, que nem eu. Só que ocê é Maria da Graça. E é assim que eu vou chamar ocê: Graça.

Das Dores sorriu.

Graça fechou os olhos, e, se pudesse, teria sorrido também.

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42 comentários em “Graça (Giselle Bohn)

  1. Elisabeth Lorena
    23 de abril de 2021

    Gisele
    Olá, começo por dizer que, primeiro, não curto Fanfic, elas geralmente desintegram o texto original, sem acrescentar nada; segundo, odeio que elas sejam de meus textos preferidos. E você pegou o meu conto predileto de um de meus autores preferidos. Obviamente a chance de eu gostar era nula. Mas um bom escritor sabe como conquistar o leitor. Você respeitou a estrutura narrativa, respeitou a história, manteve a denúncia da hipocrisia, mostrou as picuinhas do negros com a síndrome do pequeno poder característica das situações de risco.
    Vale lembrar que os “negros de dentro de casa” eram “invejados” pelos escravos de trabalho pesado, naturalmente sua dor muitas vezes fazia com que desejasse um castigozinho inocente para esses seres. Mesmo o texto situado logo após a abolição, este sentimento ainda persistia. Como ainda o péssimo tratamento dado aos “pretos da casa”. Infelizmente, a dor do outro sempre é inferior à nossa, por isso mesmo a Empatia é um exercício de captar a dor do outro e metamorfosear-lá em sua própria pena. Isso para explicar a cena da agressão, que ao assistir pela televisão em uma série sobre escravos, me fez fechar os olhos as três vezes que tentei olhar. Ao acusar a menina para a patroa, a jovem esperava uma vingancinha boba, um croque ou safanão. E seu texto mostra que não foi só isso.

    No mais, me deu uma vontade boba de analisá-lo e quando tiver prontinha minha pequena Análise, publico no lugar que deixarem.
    Hehehe.
    Obrigada por esse texto lindo.
    Elisabeth

    • gisellefiorinibohn
      23 de abril de 2021

      Olá, Elisabeth!
      Esperando ansiosa aqui por sua análise, que é sempre tão bem embasada e minuciosa!
      Mais uma vez agradeço pela leitura e pelas palavras. Bem que eu estava precisando de uma boa notícia hoje.
      Um abraço!

  2. Jowilton Amaral da Costa
    19 de setembro de 2020

    O conto narra a história de uma criança chamada Maria que sofre de abusos físicos da senhora que cuida dela.

    É um bom conto. É uma fanfic de Monteiro Lobato. A narrativa é muito boa e nos ambienta ao período histórico que se passa a história. Percebemos claramente o racismo da sinhá ao tratar a criança negra como um bicho. Acho que o conto poderia ter sido mais desenvolvido, principalmente a personagem da criança. No entanto, mesmo sendo um conto curto, deu o recado. Boa sorte no desafio.

    • Giselle F. Bohn
      23 de setembro de 2020

      Oi, Jowilton! Obrigada pelo comentário! O perfil raso da menina foi proposital, justamente por ela não ter muito “passado”. Mas é interessante ver o que cada um retirou disso! Um abraço! 🙂

  3. Fernando Dias Cyrino
    17 de setembro de 2020

    Olá, Otabol, que legal me trazer essa homenagem ao grande Monteiro Lobato. Um autor que até alguns têm dito por aí que era racista. Bem, este não é o nosso ponto. O que sei e o que ele me trouxe muito encanto à infância e adolescência. Você me traz um conto triste, como é aquele que o inspirou e que li faz tanto tempo. E a menina que vivia uma des – graça, agora não mais vai ser chamada de Negrinha, mas de Graça. Das Dores cuidando da menina em suas imensas dores. A maldade da dona da fazenda, a moça que a denunciara à patroa e que se redime levando-a junto. Mas o que me toca mais fundo ainda que a maldade humana é o medo terrível da garotinha. Acho que posso mesmo senti-lo. Um belo conto você me traz. Muito bem escrito, sem problemas de linguagem e com um roteiro simples e direto. As pessoas falando conforme suas classes sociais, o que lhe confesso que não gosto. Sim, tenho um certo desconforto com isto de se colocar as pessoas mais simples errando as concordâncias, por exemplo.

    • Giselle F. Bohn
      23 de setembro de 2020

      Olá, Fernando! Em primeiro lugar, parabéns por aquela obra prima! Obrigada pelo comentário elogioso! Eu havia escrito o texto com a norma culta na boca da personagem das Dores, mas ao ler em voz alta soou completamente artificial. Eu não vejo esses “erros” na literatura como preconceito com os “mais simples”, na verdade, o oposto disso: como na realidade, cada um tem sua história, seu jeito de falar e isso pra mim enriquece a vida, e, por extensão, o texto. Mas é interessante seu ponto de vista. Mais uma vez parabéns e obrigada! 🙂

  4. Marco Aurélio Saraiva
    17 de setembro de 2020

    A negrinha finalmente se liberta e foge de Dona Inácia neste conto; um destino muito diferente do que aconteceu com ela no livro de Monteiro Lobato. Após ser praticamente torturada, ela foge junto com outra escrava.

    Nunca li o conto original, mas li um resumo e o seu conto faz jus. O interessante é que ele funciona mesmo para quem não leu o original: é uma história de época, forte, cheia de um sentimento pesado de humanidade e caridade. Dona Inácia em sua ignorância era benevolente; negrinha, por outro lado, aprendia o que era amor de verdade nas mãos de outra escrava.

    Sua escrita é muito boa, sem erros e com leitura natural e fluida. Destaque para o diálogo: cada personagem tem sua voz, sem precisar ser identificado de outra forma. Foi uma boa leitura!

    • Giselle F. Bohn
      23 de setembro de 2020

      Olá, Marco! Muito obrigada pela leitura e pelo comentário! Fico feliz de saber que o texto se sustentou sozinho, esse foi o meu objetivo! 🙂 Um abraço!

  5. Gustavo Araujo
    14 de setembro de 2020

    Resumo: Das Dores quer dar uma lição em Negrinha, uma criança, usando a severidade de dona Inácia, patroa de ambas, uma antiga dona de escravos, mulher severa que as mantém consigo em nome da boa moral cristã. O plano de das Dores funciona, só que foge do controle, já que dona Inácia enfia um ovo fervido na boca da menina. Arrependida, Das Dores cuida da menina e foge com ela, embora o futuro lhes seja incerto.

    Impressões: gostei muito deste conto. Aqui temos a conhecida história de Monteiro Lobato, “Negrinha”: lá está a patroa que, munida de uma boa intenção falsificada (alguns diriam “paraguaia”, mas isso é MUITO errado), age como uma feitora de escravos, torturando suas empregadas a pretexto de educá-las, o que obriga duas delas a fugir.

    Em relação à obra original, gostei da escolha pela não linearidade da narrativa, uma técnica que obriga a o leitor a redobrar a atenção e, com isso, mergulhar de modo mais profundo na história. A recompensa é a melhor possível, já que isso permite a quem lê ver-se envolvido pelas nuances, pelos easter eggs, pelo que não está escrito mas que ali se fixa, latente, incômodo, necessário.

    Questões raciais devem ser abordadas sempre, com insistência, mesmo que em releitura, já que nossa dívida para com os quase 400 anos de escravidão jamais será compensada. Isso vale para o aspecto social mas também para o cultural. Não quero, contudo, transformar este comentário num libelo acusatório, mas não posso deixar de dizer que fico contente com a ideia de que alguém, neste desafio, tenha trazido a questão a lume, especialmente utilizando-se da obra de um autor reconhecidamente racista, embora talentoso, como Monteiro Lobato.

    O que gosto na versão original, que foi habilmente replicada a aqui, é a crítica social, inserida nas conversas entre o vigário e dona Inácia, em que se sobressaem os argumentos que tentam justificar a superioridade condescendente de quem age amparado pelos ensinamentos da Igreja Católica que, diga-se de passagem, historicamente nunca fez muito esforço para combater a escravidão. Enfim, creio que neste aspecto, também, o conto acerta em cheio pois confere à trama uma verossimilhança assustadora e, se pararmos para pensar, que se prolonga para muito além dos dias de Lobato, atingindo mesmo a nossa realidade, já que ainda hoje é preciso lembrar que “black lives matter”, que não há como comparar o sofrimento de pretos com o que sofrem os brancos.

    Outro ponto a ser observado na construção narrativa refere-se ao limite quase ultrapassado para nos fazer sentir pena da Negrinha. O uso de diminutivos é uma técnica muito boa para revelar a fragilidade de quem sofre a violência e você, cara autora, fez excelente uso disso, ainda que, como eu disse, a um passo do sentimentalismo.

    De todo modo, no geral, é um conto excelente, necessário e inteligente, não só por resgatar uma obra menos conhecida do ML, mas por dar à história uma feição própria, especialmente no final, mais esperançoso. Espero que outros leitores possam apreciá-lo. Parabéns e boa sorte no desafio!

    Nota: 4,0

    • Giselle F. Bohn
      23 de setembro de 2020

      Muito obrigada, Gustavo! Fico muito feliz pela análise cuidadosa, mas mais ainda que tenha simplesmente gostado da leitura! Um abraço! 🙂

  6. Andreas Chamorro
    12 de setembro de 2020

    Uma criada leva embora uma criança de uma antiga Casa Grande.

    Olá, OTABOL! Parabéns pelo conto! Que texto desafiador. O conto fora escrito em média-rés pelo que entendi. Primeiro somos apresentados à consequência depois à causa, e esta causa é realmente horrível. Histórias que retratam nosso passado escravocrata são sempre incômodas, ainda mais quando bem construídas como este conto. A figura de Dona Inácia fora exibida através de detalhes singelos mas o suficiente para sentirmos sua maldade, seu desgosto para com o novo estado de coisas, visto que a história se passa após a abolição. Quando enredemos que Maria da Graça está livre dessa senhora, já que é um texto em média-rés até dá um alívio. A cena do ovo também fora um ponto alto, pois sentira a agonia junto da menina. Gramaticalmente falando não encontrei nenhum erro, provando que o autor revisou bem seu trabalho. Agora a respeito da obra de inspiração: não identifiquei contudo entendo como deficiência minha. Este texto não sendo desclassificado (coisa que acho que não ocorrerá) volto para mais uma visita após a leitura da obra original. Em suma: boa sorte!

    • Giselle F. Bohn
      23 de setembro de 2020

      Olá, querido! Muito obrigada pelo comentário tão elogioso! Você sabe que considero DEMAIS sua opinião! Agora cumpra sua promessa, leia o original e depois o meu de novo! 😉 Um beijo!

  7. Daniel Reis
    11 de setembro de 2020

    8. Graça (OTABOL)
    Original: Lobato (Negrinha)
    Resumo: Maria da Graça, uma menina negra, num contexto de abuso de sua patroa, dona Inácia, que a tratava como bicho, como escrava, encontra a redenção de tantos castigos físicos na figura protetiva de Maria das Dores, outra jovem doméstica que faz papel de Nossa Senhora redentora e leva embora a menina maltratada daquela vida de sofrimento.

    Comentário: um texto maiúsculo, que integra a história tão criticada de Lobato (e que eu ainda desconheço, devo admitir) com a redenção similar à do Negrinho do Pastoreio, lenda do sul do Brasil. Impossível não sentir uma ponta de inveja não só da construção da história como da técnica descritiva do autor, inclusive pelo uso das variações linguísticas e do modo de falar, e das transições narrativas entre primeira e terceira pessoa. Parabéns, é um dos meus preferidos!

    • Giselle F. Bohn
      23 de setembro de 2020

      Uau, muito obrigada, Daniel! Não me passou desapercebido que você me deu um 5.0! Fico muito feliz de saber que alguém percebeu as construções e as desconstruções que tentei fazer! Um abraço! 🙂

  8. Letícia Oliveira
    11 de setembro de 2020

    Resumo: Baseado no conto Negrinha, do Monteiro Lobato. Dona Inácia, uma patroa que sente falta dos tempos antes da lei áurea, pune uma criada colocando um ovo quente na boca da menina. A outra criada que a entregou se horroriza e decide protegê-la a partir de agora.
    Comentários: Bonito conto. “Mas então a menina finalmente rendeu-se àquele prazer desconhecido, e por um longo momento dissipou-se toda a dor; não só a pulsante que sentia nesse momento, mas também aquela sem adjetivos que sentira durante toda sua curta vida.” Este trecho me agradou muito e me emocionou. Pro conto, no geral, acho que faltou um pouquinho de descrição, pro leitor mergulhar na narrativa. Também acho que a linguagem formal usada também é mais uma emulação do estilo do escritor original, lá nos anos 1920, do que uma forma natural de se expressar nos dias de hoje, ao menos na minha opinião, e não acho que seja necessário para que o conto cumpra seu objetivo.

    • Giselle F. Bohn
      23 de setembro de 2020

      Olá, Letícia! Obrigada pela leitura e pelo comentário! A escolha da linguagem formal foi menos para emular o estilo de Lobato (que, admito, com seu exagero e seus “!!!” não me agrada nada) e mais para criar uma aura mais lírica e poética. Mas parece que não deu muito certo! Vivendo e aprendendo! 🙂 Um abraço!

  9. Fernanda Caleffi Barbetta
    10 de setembro de 2020

    Resumo
    Dona Inácia cuida de uma menina órfã, filha de escravos e a trata de forma muito rígida, até cruel. Um dia, uma empregada da casa reclama dos maus modos da menina e dona Inácia a faz engolir um ovo cozido muito quente. Arrependida e inconformada com o modo como a patroa tratava a menina, a empregada foge com ela.

    Comentário
    Muito bem desenvolvida a sua fanfic baseada no conto Negrinha. Uma história triste e forte que ganhou uma bela versão a partir de um novo olhar para o enredo. Muito interessante a ideia de ter feito a empregada salvar a menina. Gostei.
    O texto está muito bem escrito, fluido, sem erros gramaticais, mantendo o estilo e as características do original. Os personagens foram muito bem desenvolvidos, ganharam vida e nos transportaram para dentro da história.
    Só me incomodou quando colocou a voz da empregada dentro do parágrafo do narrador sem distinção. Ficou confuso quando percebi a mudança na forma de falar e precisei reler para entender. Sugiro diminuir o parágrafo e deixar claro que em dado momento é uma fala da personagem. “Lembrar-se-ia de ter ouvido sussurros acusatórios das mulheres que a cercavam e balbucios explicativos. Tu tá feliz agora? Eu num pensei. Que dó da bichinha. Como eu ia saber? Criança é assim, fala coisa que nem sabe. Eu num achei que ela ia fazer isso. Pru mode de um xingamento de nada. Achei que ia ser só um cascudo. Uma bobagem de criança. Eu num pensei que ela ia fazer uma coisa dessa. Ocê não conhece a infeliz. Eu num sabia. Carecia de ter falado? E então ela não se lembraria de ouvir mais nada.”

    • Giselle F. Bohn
      23 de setembro de 2020

      Oi, Fernanda! Muito obrigada pelo comentário! Fiz uma escolha deliberada de manter os falas das empregadas ali dentro para que ao leitor ficasse claro que foi o que a menina ouviu antes de desmaiar de dor: “lembrar-se-ia de ter ouvido sussurros acusatórios das mulheres que a cercavam e balbucios explicativos.” Agora, em retrospecto, vejo que se eu tivesse colocado dois pontos ali, ao invés de um ponto final, teria ficado mais claro. Quanto ao parágrafo longo, ah, esse é um problema sério meu! 🙂 Um beijo!

  10. Paulo Luís Ferreira
    9 de setembro de 2020

    Resumo: Criança negra criada como escrava é levada da casa onde é serviçal. Enquanto a sinhá se lastima com o vigário.

    Gramática: O texto em si não tem problemas com a gramática, entretanto a extensão dos parágrafos dificulta um pouco o entendimento do enredo. Falas de personagens e voz do autor se entrelaçam. O uso das mesóclises em demasia também atrapalha um pouco.

    Comentário Crítico: Texto baseado nas histórias de Monteiro Lobato, mas pela narrativa do conto não se identifica a história do Lobato. Sabe-se de uma criança que sofria maus tratos de sua sinhá é levada por alguém para cuidar dela. A criança tem lembranças dos maus tratos sofridos. Como o enredo, também confunde um pouco a história que quer contar, também fica difícil fazer um comentário com mais apuro. Entretanto valeu pela boa escolha, ao homenagear o Monteiro Lobato.

    • Giselle F. Bohn
      23 de setembro de 2020

      Olá, Paulo! Obrigada pela leitura! Tentei escrever um conto que se sustentasse sozinho, mas como você não o compreendeu, acredito que teria sido melhor fazer uma consulta rápida ao Google: com apenas “Monteiro Lobato Dona Inácia” você teria tido acesso ao conto de referência, e, quem sabe, sua nota para mim não teria sido um 2! Doeu! 🙂 Um abraço!

  11. Jorge Santos
    8 de setembro de 2020

    Olá Otabol. Este foi mais um conto que me obrigou a uma pesquisa. Desconhecia o conto adaptação. Tive de o ler para conseguir contextualizá-lo, e tenho de lhe agradecer por me dar a conhecer uma obra desta grandeza humanitária. O seu texto é uma adaptação de um dos momentos, quando a Negrinha é torturada por D. Inácia para depois esta revelar uma faceta mais humana, revelando-lhe o nome.
    Achei o seu texto bem escrito, mas algo confuso, sem conseguir definir correctamente em que tempo ou local se passa a narrativa. Isto, independentemente da qualidade da narrativa e do conhecimento do leitor do texto do conto de Monteiro Lobato, pode fazer com que o leitor perca a vontade de continuar a leitura. Talvez tivesse sido preferível recriar um momento que não estivesse já no conto original, em vez de ter detalhado um momento de infelicidade.

    • Giselle F. Bohn
      23 de setembro de 2020

      Olá, Jorge! Obrigada pelo comentário! Não compreendo, pra ser sincera, por que não ficou claro o local e o tempo em que se passa a história, uma vez que remete à abolição da escravatura no Brasil nos seguintes trechos: “Aquele maldito 13 de maio de novo. Agora nem podia mandar alguém atrás da infeliz que tinha lhe roubado aquele lixo, pra lhe dar uma lição. Qualquer coisinha e já chamavam a polícia. Qualquer coisinha.”; “As outras criadas, acostumadas aos rompantes da patroa desde os tempos em que ela era feroz senhora de escravos, se já imaginavam o que viria em seguida, nada disseram.”. Quanto ao momento recriado, minha intenção não foi destacar o momento de infelicidade, mas o oposto: a redenção da empregada e a salvação da menina. Uma pena que aos seus olhos não consegui manter o interesse do leitor. Mas agradeço o retorno! 🙂 Um abraço!

  12. Thiago Amaral
    5 de setembro de 2020

    Nesse conto, acompanhamos Negrinha, adotada por dona Inácia e tratada como bicho. Outra criada, ao ver os maus tratos com a menina, vai embora com ela e lhe batiza com um novo nome.

    Oi!

    Gostei do conto. Tem uma linguagem simples e clara. A única coisa possivelmente negativa que poderia apontar é o tamanho dos parágrafos. Algo a se pensar, já que afeta a leitura, podendo fazer com que o leitor se perca. Mas que não considero poder estragar a leitura.

    Na sua releitura, você pegou muita coisa do original, tornando a leitura bastante derivativa. Quem já conhece a história poderia achar que não tem muita coisa nova ao longo da sua versão, e tiraria o interesse da leitura. Talvez se você houvesse colocado outras situações de mesmo impacto, resolveria o problema

    De qualquer modo, apreciei o que você quis fazer aqui e entendi a proposta de mudança do final. Bom trabalho

    • Giselle F. Bohn
      23 de setembro de 2020

      Oi, Thiago! Obrigada pelo comentário! Você já é a terceira pessoa que reclama do tamanho dos parágrafos, então vou dar atenção mesmo a isso! 🙂
      Propositalmente quis incluir palavras e trechos do texto original, mas discordo de você quando diz que não tem muita coisa nova: no conto de Lobato o foco central é a transformação da menina ao brincar com as outras crianças e com as bonecas. Lá, o incidente do ovo serve apenas para mostrar a crueldade de Dona Inácia. O que tentei fazer foi mudar completamente a trajetória da personagem da menina a partir desse acontecimento, tirar a senhora dos holofotes e redimir a empregada, que, no original, parece ser tão má quanto a patroa. Enfim, eu achei que mudei muita coisa! Mas é interessante ver outro ponto de vista! 🙂 Um abraço!

  13. angst447
    4 de setembro de 2020

    RESUMO

    Maria das Dores conta para Dona Inácia que a menina chamada Negrinha que a senhora criava a base de croques e maus tratos, tinha lhe roubado um pedaço de carne do prato. Por causa disso, veio terrível castigo – um ovo fervendo na boca – o que lhe rende grande sofrimento, e ao mesmo tempo muito arrependimento a sua delatora. Das Dores resolve fugir com a garotinha dali e promete cuidar dela e que nunca mais alguém a chamaria de Negrinha, e sim de Graça.

    AVALIAÇÃO

    FanFic de Negrinha, de Monteiro Lobato. O(A) autor(a) redesenhou o destino da pobre menina e por meio de Maria das Dores, deu-lhe esperanças de uma vida melhor. Talvez uma espécie de redenção de Lobato.
    A linguagem é clara e precisa. O ritmo da narrativa mantém-se ágil, revelando a trágica situação da órfã, através de descrições precisas e bem formuladas.
    A leitura flui fácil apesar da aflição que sentimos com a maldade de Dona Inácia.
    O final reformulado traz uma bela imagem das duas meninas, unidas pela vida de maneira tao complicada, mas que também oferece a possibilidade de um futuro menos duro. elo desfecho, quase um poema.

    Boa sorte e que a vida te proteja dos grilhões da maldade humana.

    • Giselle F. Bohn
      23 de setembro de 2020

      Oi, Claudia! Muito obrigada! Sim, tentei fazer um conto sobre redenção, inclusive tinha optado por esse título a princípio! Fico feliz de saber que você captou a intenção lírica da narrativa! 🙂 Um beijo!

  14. rsollberg
    4 de setembro de 2020

    ComentárioGraça (Otabol) (3.0)

    Fala, Otabol

    Resumo: A história de uma órfã, que sofre na mão de Dona Inácia, até que um dia após um episódio violento é resgatada por uma criada de sua patroa.

    Inicialmente, tenho tentado analisar a adequação ao tema. Nesse caso, resta claro que o conto atendeu perfeitamente a proposta do desafio, criando um novo final para a consagrada história de Monteiro Lobato.

    Achei muito interessante a escolha do autor em trazer um desfecho diferente para o clássico, abreviando a dor da protagonista e gerando certa esperança. É quase como se cansado da crueldade original, o escritor quisesse dar um basta. O fato de recentemente ter havido um movimento forte sobre o racismo presente nas obras do Lobato, faz também com que esse conto seja ainda mais oportuno.

    Logo de inicio o autor não perde tempo e vai logo apresentando o ambiente e os personagens principais. Faz isso porque aqui é de suma importância que o leitor faça uma conexão com a história original. Não que o conto não funcione de forma autônoma, mas sem a referência ele se torna um relato demasiadamente simples, sem a profundidade necessária aos personagens e a própria história. Não há tempo hábil para que se compadeça da condição da jovem, exceto pelo episodio do ovo, igualmente presente na primeira versão.

    A grande sacada aqui é o novo final. Ou seja, temos uma esperança e o término da brutalidade, lá temos o trágico e o fatal. Ainda que esse final me agrade com uma espécie de reparação, creio que perde-se sobremaneira do impacto da obra axial. Ademais, aquela diferença de mundos com a chegada das outras crianças, a mudança de perspectiva de viver ainda que timidamente o outro lada, especialmente por quem não tem nada, e, consequentemente, a melancolia fatal, é certamente o ponto alto daquela obra.

    Na parte técnica vejo que o autor fez um belo trabalho. O texto está bem escrito e tem ritmo. Algumas frases funcionaram muito bem, bebendo da fonte original, porém mostrando talento e frescor.
    Destaco essa como exemplo:
    “Dona Inácia adentrando a cozinha com ódio no andar; se o tinha nos olhos, não podia dizer, pois nunca a olhava nos olhos.”

    E essa também, juntando características dos personagens, demonstrando assim as próprias similaridades, as conexões que ajudam na empatia:
    “Quando acordou, encontrou-se embalada por braços finos, que só conseguiam segurá-la porque também ela era toda fina.”

    Parabéns e boa sorte no desafio.

    • Giselle F. Bohn
      23 de setembro de 2020

      Olá, Rafael! Obrigada pelo comentário! Fico feliz que tenha gostado! Interessante ver como cada um lê as coisas de um jeito: no conto do Lobato, eu odiei o fato da menina ganhar “humanidade” só quando chegam as bonecas loiras nas mãos das meninas loiras, de Dona Inácia só então ter sido tocada pela piedade, da menina morrer vendo anjos loirinhos ao seu redor, e mais ainda, da subentendida falta de empatia e solidariedade das outras empregadas da casa. Enfim, o final do conto, de que você gostou, pra mim é um horror!
      Mas literatura é isso, né: “One man’s meat is another man’s poison.” 🙂
      Obrigada pela leitura! Um abraço!

  15. Rubem Cabral
    3 de setembro de 2020

    Olá, OTABOL.

    Resumo da história: menina que trabalha como empregada, supostamente no período recente da pós-escravatura, disse alguma “palavra feia” e foi punida forçada a por na boca um ovo cozido fervente. Compadecida pelo exagero do castigo da criança, das Dores, nova empregada da casa, cuida da menina ferida e dá carinho e ternura, arrependida por ter sido a causadora da punição da menina chamada de “Negrinha” pela patroa, mas que se chamava Maria das Graças. No dia seguinte, das Dores vai embora e leva Graça consigo.

    Análise do conto.

    a. criatividade. 4/5 – aqui eu não posso opinar muito, pois nunca li os livros de adultos do Lobato. Imagino que alguns eventos foram trocados, e que muita infelicidade tenha sido evitada.
    b. personagens. 5/5 – o conto é curto, mas conseguiu desenvolver bem os poucos personagens, em especial das Graças e das Dores.
    c. escrita. 5/5 – a emulação do estilo do Lobato, as expressões antigas e o português “errado” dos serviçais, tudo ficou muito bem feito.
    d. adequação ao tema- 5/5 – fanfic de “Negrinha” de Monteiro Lobato.
    e. enredo. 4/5 – o conto é curto e o enredo não tem grandes surpresas, fora a revelação do pq a menina era castigada e de quem causou a situação. Contudo, dentro de uma narrativa tão curta conseguiu-se contar uma boa história, que mexe com a gente.

    p.s.: fiquei em dúvida se as pessoas negras eram escravos ou não. Pareceu-me que não eram mais escravos, mas que as pessoas ainda tinham a mentalidade de escravocatas, pois das Dores não poderia simplesmente ir embora com das Graças caso elas fossem escravas.

    Boa sorte no desafio e abraços!

    • Giselle F. Bohn
      23 de setembro de 2020

      Olá, Rubem! Obrigada pelo comentário e pelas notas! 🙂
      Só esclarecendo: achei que estava claro quando se passa a história (após a abolição da escravatura) com os seguintes trechos: “Aquele maldito 13 de maio de novo. Agora nem podia mandar alguém atrás da infeliz que tinha lhe roubado aquele lixo, pra lhe dar uma lição. Qualquer coisinha e já chamavam a polícia. Qualquer coisinha.”; “As outras criadas, acostumadas aos rompantes da patroa desde os tempos em que ela era feroz senhora de escravos, se já imaginavam o que viria em seguida, nada disseram.”.
      A obra original é o conto “Negrinha”. Uma rápida olhada no Google, usando apenas as palavras “Monteiro Lobato Dona Inácia” já levaria a ele. Mas fico feliz de saber que ele se sustentou sozinho, o que era o meu objetivo. 🙂
      Um abraço!

  16. Fheluany Nogueira
    1 de setembro de 2020

    Dona Inácia indaga sobre a Negrinha e fica sabendo que a moça nova foi embora e a levou junto, depois que a sinhá introduziu na boca da menina um ovo ainda fervente. E a sinhá não podia fazer nada, por causa da abolição da escravatura.
    Dona Inácia permaneceu apenas nos pesadelos de Negrinha, agora Maria da Graça, cuidada por das Dores.

    No fanfic, assim como no original, Negrinha identifica um mundo diferente do que ela vivia, aprende uma outra perspectiva de vida onde há alegria e felicidade; não porque brincou com a boneca, mas porque teve, realmente, carinho e quem cuidasse dela. Final feliz.

    A narrativa possui certo apelo emocional, preserva o contexto histórico e o engajamento crítico e social traz reflexão. A descrição detalhada dos castigos físicos aplicados na menina negra chocam o leitor.

    Escrita elegante, ritmo agradável e a narrativa flui de modo denso, guiada pela curiosidade. As falas iniciais permitem ao leitor entrar no clima. Os diálogos estão bons, no geral, ainda que uma ou outra fala não tenha me parecido natural. Outro ponto é que os personagens me pareceram meio rasos, estereotipados e sem carisma.

    Parabéns! Desejo sucesso no desafio. Abraço.

    • Giselle F. Bohn
      23 de setembro de 2020

      Olá! Muito obrigada pelo comentário e pelos elogios! 🙂 Um abraço!

  17. Márcio Caldas
    28 de agosto de 2020

    O conto segue a temática da fanfic, tendo como base o conto “A negrinha” de Monteiro Lobato. Imagina um relato diferente a partir da tortura feita por Dona Inácia na criança. Uma história mais amável.

    O controle do ritmo e das palavras usadas na obra é muito bom, prendendo o leitor o tempo todo. Revisão perfeita. Acho que foi o único conto em que não descobri sequer um erro de português ou erro material de revisão.

    A obra é pequena, mas apresenta todos os ingredientes para um bom conto, seguindo a proposta temática.

    Nota: 4.

    • Giselle F. Bohn
      23 de setembro de 2020

      Olá, Márcio! Muito obrigada pelo comentário e pela nota! Um abraço! 🙂

  18. Anderson Do Prado Silva
    27 de agosto de 2020

    Resumo:

    Patroa impõe severo castigo em uma criança. Indignada, uma emprega acolhe a criança e com ela foge.

    Avaliação:

    (Autor, não leia o presente comentário como crítica literária, pois se trata apenas de uma justificativa para a nota que irei atribuir ao texto.)

    O autor possui pleno domínio da língua e das técnicas de narração; é um escritor “pronto”.

    O texto está bem revisado.

    O conto é extremamente delicado! Revela a crueza da natureza humana, porém contraposta ao amor e à solidariedade igualmente possíveis nessa mesma natureza. Trabalho louvável!

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!

    • Giselle F. Bohn
      23 de setembro de 2020

      Oi, Anderson! Muito obrigada pela leitura e pelos elogios! Fico feliz que tenha achado meu conto “delicado”: foi essa a minha intenção. Pena que para alguns tenha esbarrado no sentimentalismo.
      Um abraço e, mais uma vez, parabéns por aquele primor de conto! 🙂

  19. Fabio Baptista
    27 de agosto de 2020

    RESUMO:
    Após uma intriga entre as criadas, Sinhá Inácia castiga Negrinha (Maria da Graça), colocando-lhe um ovo cozido ainda quente na boca.
    A criada que havia causado a confusão fica com remorso e passa a cuidar de Graça, fugindo de casa com a menina.

    COMENTÁRIO:
    Uma releitura de Negrinha, de Monteiro Lobato.
    A narração é boa, sem falhas gramaticais, mas senti que ousou pouco na mudança. Toda essa cena do ovo me veio à memória praticamente idêntica à original, além de expressões tipo 15 quilos mal pesados.
    Mudança mesmo apenas no final, mas foi pouco.

    NOTA: 3

    • Giselle F. Bohn
      23 de setembro de 2020

      Olá, Fábio! Obrigada pelo comentário! Vou copiar aqui o que já disse pra alguém aqui: propositalmente quis incluir palavras e trechos do texto original, mas discordo de você quando diz que não tem muita coisa nova. No conto de Lobato, o foco central é a transformação da menina ao brincar com as outras crianças e com as bonecas, para então morrer de tristeza, cercada de anjos. Lá, o incidente do ovo serve apenas para mostrar a crueldade de Dona Inácia. O que tentei fazer foi mudar completamente a trajetória da personagem da menina a partir desse acontecimento, tirar a senhora dos holofotes e redimir a empregada, que, no original, parece ser tão má quanto a patroa. Enfim, eu achei que mudei muita coisa! Mas, novamente, é sempre interessante ver como cada vê as nossas tentativas! 🙂
      Um abraço!

  20. pedropaulosd
    25 de agosto de 2020

    RESUMO: Uma criança é brutalizada pela sua patroa e resgatada pela empregada, ocasião em que também é batizada apropriadamente, num renascimento eu começa com a recuperação das feridas que lhe implicaram. O seu nome é Graça.

    COMENTÁRIO: Estou chocado. Descobri o conto homenageado e me choquei de novo ao constatar que aquele tem um final diferente. Gostei mais deste, a redenção é um alívio. No entanto, não é só do gosto que se tece uma avaliação sincera. As informações são arranjadas para construir suspense, em que não sabemos de todos os fatos, a princípio conhecendo só parcelas deles, o que por si só já arrepia com vislumbres da crueldade que acometeu a criança. O que gostei bastante é que de uma forma bem sutil, diria que imperceptível, as perspectivas diante do ocorrido se alteram, então primeiro acompanhamos Inácia e sua indignação elitista, depois acompanhamos o sofrimento de Graça, então confrontados com a crueza do que aconteceu e, por fim, chegamos à possibilidade de redenção de Dores, que espera talvez dar uma vida melhor à pobre garota, amparando-se em uma oração. Esse equilíbrio entre informar e nos dar múltiplas perspectivas é um primor e prende à leitura. Parabéns.

    • Giselle F. Bohn
      23 de setembro de 2020

      Oi, Pedro! Muito obrigada pelo comentário e pela nota! Só consegui dois 5.0, e um foi seu! Uau! 🙂
      Fico feliz que tenha percebido minha tentativa de “abrir” a história em camadas, o que muita gente achou confuso. Ainda acho que valeu a pena, apesar de estar aqui agora amargando meu último lugar na final e uma nota 2.0 que ganhei hahaha…
      Um abraço! 🙂

  21. britoroque
    24 de agosto de 2020

    Isso é fanfic? O autor é fan de qual herói? De qual autor?
    Melhor desclassificar esse conto.

    • Giselle F. Bohn
      23 de setembro de 2020

      Oi, Brito Roque! Olha, errado você não está: não posso mesmo afirmar que isso é fanfic e não sou fã de nenhum herói! Me pegou! 🙂

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Publicado às 24 de agosto de 2020 por em FanFic, FanFic - Finalistas, FanFic - Grupo 1 e marcado .
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