EntreContos

Detox Literário.

A Salvo (Fernanda Barbetta)

O doutor Fay está no quarto, em silêncio, sentado à beira de uma cadeira ao lado da porta, quando Humbert sussurra em seu francês nativo: fini, como se saboreasse, naquelas quatro letras, todo conteúdo do livro recém-finalizado.

—Há pedaços de minha medula nestas páginas, aqui e ali, meu caro. Confesso que precisei camuflar fatos e experimentar alguns pseudônimos, mas está tudo aqui — A batida das folhas sobre a mesa, sendo alinhadas em um grosso calhamaço, tiraram o doutor Fay de sua inércia. Ao ouvir as palavras “camuflar” e “pseudônimos”, passou a considerar que ao final daquele dia talvez pudesse saborear ele mesmo o seu próprio fini, ainda que em língua diversa.

—E o que fará com estas anotações? — A pergunta, que outrora soara mecânica, ganha um timbre novo e um leve tremor.

—A bem da verdade, doutor, ainda não estou certo. — Tira os olhos dos papéis e encara o homem ao seu lado. —Cogitei ler fragmentos ao júri, mas vendo agora, tudo finalizado, talvez seja melhor preservar a minha amada enquanto viva. 

—Ao júri? — A pergunta sai mais alta do que planejara. 

—Sim, já falamos sobre isso, tenho certeza, meu caro Fake, digo, Fay. O julgamento se aproxima, e eu não tenho ilusões quanto a salvar minha cabeça, mas estas páginas podem ao menos salvar minha alma, não concorda?

Ciente de que a pergunta não aguarda uma resposta, sincera ou não, balança de leve a cabeça e retorna à sua cadeira habitual, ciente também de que se entusiasmara cedo demais.

—O que importa agora é que estas recordações irão imortalizar a minha adorada Lo, para sempre, por gerações e gerações. — Abre e fecha insistentemente pequenas gavetas à sua frente. —Reuniria alguns cartões postais, mas não os encontro em parte alguma. E fotografias, ah as fotografias, se eu as tivesse. — Alisando os papéis à sua frente como a um animal de estimação, um cão, um gato, um macaco, continua: —  minha nynphette em seu estado mais pueril, sua pele macia sem a menor macha, os seios em botão, as axilas pontilhadas. 

—Bem, falemos sobre o tal julgamento.— Bate as mãos sobre as coxas, tentando recobrar a atenção de Humbert e recolocar a conversa no trilho de sua estratégia. — O que o senhor fez?

—Ora, meu caro, o que eu fiz foi alvejar algumas vezes, nem sempre de forma certeira, Clare Quilty por ter sequestrado minha menina. Um pai precisa defender sua filha, e o júri saberá que não havia outra opção senão a que escolhi. — Tira as mãos do calhamaço. —Meus outros erros, bem, devo dizer que eu mesmo condenaria Humbert Humbert a pelo menos 35 anos de reclusão. 

—Primeiramente, conte-me sobre o dia do assassinato.

—Ah sim, foi um triste confronto que durou mais de uma hora, a última peça encenada por Guilty. Quilty.  Dirigi até a casa dele com o Amigo, minha pistola, agasalhado em meu bolso. Ele estava bastante confuso, por alguma droga, e eu, pelo gim. Confundiu-me com um tal da telefônica, com um agente literário, ofereceu-se para comprar o Amigo e depois, perto do grand moment,  sugeriu que eu me mudasse para aquela casa. Não me agradaria morar ali. Fiz com que lesse a sentença poética que eu levara comigo. Imagine só, rolamos pelo chão, um sobre o outro e sobre nós mesmos, então o alvejei algumas vezes, uma delas enquanto ele executava acordes histéricos em seu piano. Devo dizer, sem remorso, doutor, que ele sangrou majestosamente.

—Uma cena um tanto bizarra —  o doutor Fay interrompe, referindo-se àquela narração que conhecia de cor. — Creio que tenha criado essa sucessão de ações para seu livro?

—Meu caro Ray, digo, Fay, tudo o que está nestas páginas ocorreu-me. Não só a mim, como à minha adorada Lo, à sua predecessora Annabele e a tantos outros que poderá conhecer no transcorrer da leitura.

Fay ajeita-se na cadeira de modo a posicionar o corpo na exata direção de seu interlocutor e eleva o tom de voz:

—Humbert, o dramaturgo Clare Quilty nunca existiu.— Com gestos igualmente exagerados, continua: —Não podemos retornar sempre ao mesmo ponto. O senhor precisa aceitar que ele talvez seja uma alucinação, uma versão do senhor mesmo.

— Clare, o Imprevisível, o gorducho, com seu bigodinho pincelado e a camisa sempre aberta não existe mais mesmo porque era preciso escolher entre mim e ele. E a escolha foi feita.  

Fay, deixa cair a mão sobre a perna, num gesto quase involuntário.

— Antes de sequestrar a minha menina, minha adorada ninfeta, nos perseguiu em nossa última viagem, com uma facilidade estonteante de trocar de veículo, um conversível creme, um pequeno sedã azul-horizonte, outro cinza-mar, cinza-areia e percorreu todo o arco-íris de cores claras e opacas. Inclusive fui capaz de anotar as placas. Na época não sabia ainda ser ele, mas hoje, sei.

— O senhor tem certeza de que ele esteve em todos estes lugares? — pergunta de forma objetiva.

Oui. Retornei aos motéis e procurei pelo rastro do demônio em todas as nossas paradas. Com um sorriso insinuante, inventei pretextos para folhear os registros de hóspedes e encontrei várias pistas de que ele estava em nosso encalço. 

—O nome dele estava nos livros? — Na entonação, a certeza da resposta.

—Não. O pervertido de certa maneira anteviu a minha investigação e plantou pseudônimos ofensivos dirigidos a mim. Notei seus t’s, w’s e l’s peculiares e as referências sutis que deixavam claros a sua personalidade, seu tipo de humor, suas alusões cultas. 

—Era neste ponto que eu queria chegar, Humbert. Também fizemos nossas pesquisas e constatamos que o senhor realmente esteve nestes hotéis, motéis e pensões no exato período. 

Humbert encara o médico e gesticula como quem diz: está vendo, não falei. —Preciso assinalar em especial o Caçadores Encantados. 

— Verificamos as tais identificações peculiares às quais se refere, as encontramos, como relata, destacadas nos livros de registro. Mas não encontramos nenhuma assinatura ou endereço referentes ao senhor e a sua… Dolores Haze. 

—Mas o senhor acaba de me confirmar que estive lá.

— Justamente. Alguns dos atendentes descreveram o senhor. Um homem de meia idade.

— De excepcional boa aparência, alto, cabelos sedosos e escuros, olhos sedutores — completa Humbert, de forma afetada, antes de ser interrompido.

—Sozinho.

Humbert sustenta o olhar, com um leve tremer das pálpebras.

—Sozinho, senhor Humbert. Em todos os motéis onde esteve entre 5 de julho e 18 de novembro, o senhor não foi visto na companhia de ninguém, de nenhuma ninf.— A palavra fica presa entre os dentes. — Nenhuma garota. Chegou e saiu sozinho. Inclusive no referido Caçadores Encantados.

Humbert levanta-se e caminha pelo quarto. 

— Doutor, conheço bem os truques de seu ofício, tentando afogar-me em devaneios. Minha adorada Lolita, com sua pele macia e sua boca flamejante, acompanhou-me, como minha filha, é claro.— Vai até a janela. —Nunca fui rico, fomos obrigados a compartilhar o quarto, a cama.— Um breve silêncio. —Julga-me, como o júri me julgará. E eu seria um canalha se negasse a minha natureza maldita.

—O senhor entendeu que Quilty não existe e que o senhor não é um assassino?

Observando além da vidraça, se demora a responder.

—Assimilei a sua ideia. Permita-me parabenizá-lo. A propósito, é meu advogado? 

Já perdendo a paciência e prestes a perder a postura que sua profissão exige, o médico dirige-se à porta. 

— Até manhã Humbert., até amanhã. 

Antes que saísse, o adverte:

—Não tenha ilusões, caro Fay, eu já não as tenho. E o júri não há de ser tão ingênuo.

Algumas horas mais tarde, três batidinhas na porta. 

—Senhor Humbert.

—Louise? Entre.

—Não me chame assim, senhor. Já lhe disse que me nome não é esse.

—Seja qual for seu nome, não importa, que cesta é essa?

—Deixaram para o senhor.

—Quem deixou? Foi ela? Dolores, Dolly, Lolita, minha Lo?

Antes que a mulher possa dar a resposta que não possuía, arranca a cesta de suas mãos e desembesta porta afora. Ao encontrar o salão de entrada vazio, debruça-se sobre o balcão, assustando a moça, que se levanta com os olhos arregalados. 

—Quem entregou esta cesta? Ela disse o nome? Lolita? Minha Lo?

—Foi um homem, senhor.

—Homem? Dick? Ele veio com ela? E o bebê?

—Só um homem, senhor, acho que era o motorista. 

—O desgraçado deve tê-la abandona e partido seu pobre coração. Uma criança. Conseguiu vê-la no veículo? 

—Não vi ninguém, senhor.

Entre a desilusão do encontro perdido e a esperança de uma chance futura, volta sua atenção à cesta, tentando farejar em seu conteúdo o perfume de sua ninfeta. 

— Bananas, bananas — grita, deixando a recepcão. 

No dia seguinte, quando o doutor Fay entra no quarto, percebe as frutas intactas sobre a mesa e Humbert ainda entre os lençóis. 

—Foi ela, Fay. Minha Lo., veio do Alasca e agora está aqui tão perto, posso sentir sua doce presença aqui nesta mesma cidade. Ontem trouxe-me frutas. Dia desses trará sua pele alva alascaína, seu nariz arrebitado com cinco sardas assimétricas. O doce adieu antes do meu julgamento. Darei a ela estas memórias, para que leia todo esse estado de coisas que registrei, com seus olhos acinzentados dissimuladamente surpresos diante de seu próprio passado.

Sem rodeios, o doutor fecha a porta atrás de si, pronto para acabar com seu lépido delírio. 

—Não era a Dolores, o senhor sabe.

—Mas que insolente. Não quero conversar hoje. Ficarei aqui com minhas frutas, intocadas, invioladas. Por favor, saia.

—O senhor sabe quem era. — Insiste.

—A bem da verdade sei. Minha adorada filhinha.

—Sua esposa.

—Rita? Não creio, já está nos braços de outro.

—Refiro-me a Charlotte, sua atual esposa. 

Humbert solta um “ah” jocoso e um risinho de escárnio.

—Impossível. Desgraçadamente, ou nem tanto, a pobre Charlotte, Lady Hum, com o temperamento possessivo que lhe era próprio, ensandecidamente enciumada, morreu, atropelada, com algumas cartas na mão. Foi o destino quem quis. — Ajeita o travesseiro às suas costas. —Permita-me confessar, estou condenado de qualquer maneira, já pensei eu mesmo em tirar lhe a vida, mas não fui capaz de convencer-me a cometer tal crime. Veja só, na época, não era ainda um assassino.

Caminhando em direção à cadeira, cansado, mas com uma pontinha de esperança, o doutor Fay finge entusiasmo, daqueles que despejamos sobre fatos inéditos, embora não o fossem. 

—Conte-me um pouco sobre este dia. O do atropelamento. — Sua voz escapa ansiosa, assim como o balançar das mãos.

—Era um dia tão verde e azul, em que tudo estava dando certo. Não entrarei a fundo no que ocorreu antes de retornar à casa, mas estive com um médico, em busca de pílulas violáceas para dormir. 

—Sim. Fale-me sobre Charlotte.

—Quando cheguei em casa, ela escrevia cartas. Parou assim que entrei, chamou-me de monstro, havia lido minhas confissões em um diário, desvelava-se meu amor secreto. Disse que iria embora naquela mesma noite. Subi ao quarto e busquei o diário violado. 

—Onde estava Charlotte quando voltou ao andar inferior? — A ansiedade é tanta, que o doutor Fay quase responde ele próprio à sua indagação.

—Ao telefone que ficava junto à entrada da sala. 

—Com quem ela falava, Humbert? Com quem?

—Não sei, não pude ouvir, algo trivial, talvez uma encomenda.

—O que ela disse ao senhor depois de desligar o telefone? 

—O que ela disse eu não me lembro talvez porque estivesse eu ansioso para falar. Disse a ela que estava arruinando nossas vidas, que as anotações eram para um romance que eu escreveria, mas ela não dizia nada. Fui até a cozinha pegar os copos com uísque que havia preparado para nós. 

—O telefone, Humbert, o telefone tocou novamente, não tocou?

—Sim, era Leslie Tomson dizendo que Charlotte, Mlle Humbert, havia sido atropelada. Respondi que ela estava a salvo na sala, mas ela não estava.

—Então, ligaram avisando que Charlotte, que poucos minutos antes estava com o senhor, havia sido atropelada a metros dali?

—Exatamente.

—A polícia chegou ao local antes que o senhor percebesse a ausência de sua esposa na sala, enquanto buscava os copos na cozinha? 

—Disseram-me que chegaram ao local apenas um minuto após o acidente porque vinham multando carros nas imediações. 

Diante de tal relato, o doutor umedece os lábios e prepara-se, com certa ansiedade, para jogar sobre o paciente o que há tempos lhe coçava a ponta da língua.

—Tantas vezes tentei fazer com que o senhor se lembrasse, aguardando que chegasse sozinho à memória deste momento fatídico. Hoje, declaro-me um médico derrotado em minhas convicções, incapaz em minhas obrigações juradas há tantos anos. — Aproxima-se. — Senhor Humbert. 

—Humbert Humbert, por favor. Ao menos uma vez, Humbert Humbert.

—Humbert Humbert quem morreu atropelada naquele dia ao retornar antecipadamente do acampamento escolar foi Dolores Haze. O senhor não cometeu crime algum. Está a salvo. Todos. A salvo.

…………………

Texto atualizado em 22/09/2020

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43 comentários em “A Salvo (Fernanda Barbetta)

  1. Marcio Caldas
    19 de setembro de 2020

    O conto relata a conversação entre um paciente e seu psiquiatra sobre acontecimentos, que se revelam inexistentes.

    Ao final, entendemos o motivo do paciente ter criado todo o seu devaneio em mínimos detalhes.

    O autor demonstra total controle sobre o texto, predendo o leitor, não apenas para o fim, mas, durante todo o arco narrativo.

    A história foi criada a partir do universo ficcional de lolita, trazendo a tona o lado obcecado do protagonista, imaginando q a mesma história original poderia ser contada por este outro ângulo e, portanto, influenciar o leitor a uma reflexão nao muito diferente da proposta pela obra original.

    Nota:5

  2. Andreas Chamorro
    19 de setembro de 2020

    Humbert Humbert conversa com doutor Fay após ter escrito Lolita até que o médico revela que tudo fora alucinação; sendo que quem morrera no lugar de Charlotte fora Lolita.

    Olá, Vívian! Parabéns pelo texto. Bom, eu não o considerei aprazível por alguns motivos, mas tentarei ser justo.
    Primeiro o que achei positivo: a subversão que fizera matando a Lo e transformando-a numa alucinação. Isso ficara bem verossímil visto Humbert já ter sido internado por conta de seus problemas psicológicos e toda a obsessão por Annabelle que carregará a vida toda; em suma: Lolita ter sido um simulacro e algo que poderia acontecer.
    Contudo, o ponto cego que encontrei nesse recurso fora a prisão de Humbert em si. Oras, se Lolita e Quilty e todas as desventuras de sua road-trip estadunidense fora imagética, por que Humbert está preso?
    Agora o que mais eu torci o nariz fora seu Humbert. Ao redigir seu texto em terceira pessoa escapara da erudição nabokoviana, porém dela não escaparia nas falas de Humbert; achei-o fraco e pedante. O personagem original tem um senso de estratégia verbal absurda para com seus interlocutores e isso faltou no texto. Por serem poucos diálogos acredito que um mergulho na obra, por alguns dias após a redação poderia ter ajudado.

    • Fernanda Caleffi Barbetta
      21 de setembro de 2020

      Olá ex-amigo rsrsrs. Aceito a sua crítica quanto a não ter sido tão boa quanto Nabokov na representação de Humbert Humbert (nunca imaginei chegar perto disso), mas não ter entendido que ele está em uma sanatório me magoou. Um médico, claramente um psiquiatra, entra e sai do quarto, ele próprio sai do quarto para ir buscar a cesta de frutas, no próprio livro ele cita que esteve em vários sanatórios, o texto cita que ele quer apresentar ao juri, ou seja ainda não foi julgado…. mas tudo bem, rmergulhe na minha obra e compreenderá rsrs. Mergulhei na obra de Nabokov para fazer este texto, mas foi o que consegui. Abraço.

  3. angst447
    18 de setembro de 2020

    RESUMO

    Humbert apresenta um calhamaço de anotações ao doutor Fay. Diz que o julgamento se aproxima e ele sabe que será condenado. Só se preocupa com as recordações que irão imortalizar a sua adorada Lolita. Diz ao médico, julgando ser este seu advogado, que matou Clare Quilty por ter sequestrado sua menina. Fay diz que o dramaturgo Clare Quilty nunca existiu, é apenas uma alucinação, uma versão do próprio Humberto. Para H., em sua lembrança, Charlotte, Lady Hum, enciumada pelo que leu nas suas anotações, saiu correndo e morreu, atropelada, com algumas cartas na mão. O médico tenta fazer com que o paciente se lembre do que realmente aconteceu, que quem havia morrido atropelada tinha sido Dolores Haze.

    AVALIAÇÃO

    FanFic de “Lolita”, de Vladimir Nabokov.
    Trama construída basicamente por meio do diálogo entre os dois personagens – Humbert Humbert e o Dr. Fay. O enredo desenvolve-se de acordo com as recordações distorcidas de H, enquanto o seu interlocutor tenta esclarecer suas ideias. O estado mental de H aos poucos vai sendo desvendado, o que dá um ritmo interessante ao conto.
    As palavras e imagens empregadas criam o clima de suspense, e no final, dissolve-se o véu que cobre a verdade dos fatos. O leito fica imaginando o depois, como Humbert reagirá ao confronto com a verdade. A última fala é do médico, provavelmente um psiquiatra que trata de H, revelando a morte de Lolita. O impacto dá-se neste momento, finalizando bem o conto.

    Boa sorte nesta reta final e que os céus te livrem dos atropelos (e das Lolitas) da vida.

    • Fernanda Caleffi Barbetta
      21 de setembro de 2020

      Oi, Claudia, obrigada pelo comentário. O comentário não deixa claro se gostou, mas a nota 4 me deixa feliz e crendo que algo foi bom pra vc neste texto., Bjs e obrigada.

  4. Fabio Baptista
    18 de setembro de 2020

    RESUMO:
    Humbert Humbert está internado em uma clínica psiquiátrica.
    Em suas conversas com o dr. Fay, descobrimos que quem morreu no atropelamento foi Lolita e não Charlotte. Todos os eventos descritos em Lolita pós-acidente foram alucinação de Humbert.

    COMENTÁRIO:
    O conto parte de uma premissa muito interessante, surgindo como um epílogo de Lolita (como diria o craque Neto “diga-se de passági, o milhór livro qui eu já li, Nabokov escreve muito, cê tá de brincadeira”).
    Mesmo invalidando metade da história original, o conto ainda se encaixa perfeitamente com ela, o que é um grande mérito.

    Não notei erros gramaticais, mas confesso que senti falta daquela geniliadade cínica do Humbert, aqui presente apenas em alguns poucos diálogos. Talvez a primeira pessoa tivesse sido uma melhor escolha, seguindo a linha do livro.
    Novamente citando o craque Neto (não faço a menor ideia do porquê desses bordões terem aflorado agora), devo dizer que eu tenho uma baaaaita implicância com narrações no presente. Raramente trazem alguma vantagem narrativa e com frequência, por mais cuidado que se tome, causam problemas de mistura dos tempos verbais e frases que, se não erradas, acabam ficando no mínimo esquisitas.
    Exemplo: Antes que a mulher possa dar a resposta que não possuía

    Conto muito bom, relembrando um dos livros mais bem escritos de todos os tempos.

    NOTA: 4

    • Fernanda Caleffi Barbetta
      21 de setembro de 2020

      Olá, Fabio, como semrpe, adoro seus comentários, divertidos e enriquecedores… mesmo que nem sempre digam o que quero ler rsrs. Sim, eu tinha dúvida sobre o tempo presente.. mudei de passado para presente uns 15 minutos antes de entregar (quase nos 45) no prórpio sábado porque ao ler em voz alta para ter certeza de que estava tudo bem, senti que algumas partes no presente dariam mais peso ao texto… Talvez tenha sido bola na trave. Sobre a primeira pessoa, como escolhi fazer o texto praticamente em diálofgos, achei que seria quase uma primeira pessoa pois Humbert estaria nas próprioas falas… Bom, o jogo terminou e o resultado está ai. Obrigada e abraço.

  5. Fheluany Nogueira
    15 de setembro de 2020

    Humbert finaliza anotações e dialoga com doutor Fay. Diz que as leria para o júri, acusado de assassinar Clare Quilty que sequestrara sua filha, Dolores. O médico insiste que esse homem seria uma alucinação dele e Humbert contesta. O protagonista recebe umas frutas e afirma que são presentes de Lolita, contrariando o médico que diz terem vindo de Charlotte (morta, na opinião de Humbert). Fay revela, então que quem morrera atropelada foi Dolores e Humbert não cometera nenhum crime. Sugere-se que a trama tem um sanatório como espaço.

    O pseudônimo ajudou a descobrir a obra a que se faz referência. Foi de fato interessante a releitura de “Lolita”. Gostei da escrita e do modo como se conduziu a narrativa. Mas, na minha opinião a raiva/loucura do personagem não foi construída e, em função disso, suas alucinações pareceram desproporcionais.

    Enfim, algumas ideias impregnadas no texto fizeram a ligação ao livro inspirador parecer tênue: a loucura substituiu o erotismo, a pedofilia, o ciúme da obra original.

    Enfim, um bom texto, claro, que gera bastante reflexão. Parabéns pelo trabalho. Um abraço.

    • Fernanda Caleffi Barbetta
      21 de setembro de 2020

      Oi, Fátima, obrigada pelo comentário atencioso. Sim, coloquei como foco aqui a loucura dele para poder chegar ao final desejado. O livro traz brechas para esta minha releitura, dando pistas que a meu ver tudo isso seria possível. Precisei escolher apenas um trecho para este conto o que não permitiu todo o trabalho de construção da loucura de Humbert. Obrigada e bjs.

  6. Rsollberg
    15 de setembro de 2020

    A Salvo (Vivian Darkbloom)

    Fala, Vivan!

    Resumo: Uma sessão entre John Ray e Humbert Humbert onde os “fatos” vão sendo descritos e desmontados.

    Antes de tudo é importante ressaltar que o conto está perfeitamente enquadrado nos parâmetros do desafio criando aqui um aversão alternativa do clássico da literatura Lolita.

    Bem, resta claro que o autor foi muito hábil em construir uma nova história, em especial um novo final, aproveitando-se muito bem da história original. O trabalho é tão bem feito que não é difícil imaginar que esse desfecho poderia claramente constar no relato axial sem que o livro perdesse sua qualidade ou vigor. Os personagens também guardam todas as características do modelo facilitando a conexão, deixando-a mais rápida, do leitor, a bem da verdade, é possível falar até em dependência.

    Há grandes traços de criatividade também quando acompanhamos mais do doutor Ray, Fay, (brincando com facilidade no lance dos pseudónimos), e observamos seus trejeitos e sua ótica.

    Na parte técnica, penso que dever ter sido um grande desafio emular um dos maiores escritores do mundo. Nabokov me encantou pela primeira vez quando li “A defesa de Lujan” onde pouca coisa interessante acontece, mas o estilo empregado é absolutamente estonteante. Aqui, o autor consegue manter um padrão e entregar algo muito bom. Embora esse novo final tenha perdido um pouco do impacto, da provocação e da corrupção do original, temos aqui uma espécie de redenção, onde tudo teria ficado no campo da imaginação. (Há crime no campo das ideias impossíveis de serem concretizadas?) A frase final da dimensão disso e, na minha leitura, absolve também os leitores que se encantaram, mesmo com toda a polêmica, pela obra incrível: ” O senhor não cometeu crime algum. Está a salvo. Todos. A salvo.”. Temos então uma absolvição no campo das ações e, em uma interpretação mais elástica, uma absolvição do texto em tempos de cancelamento. (Mas será que temos a absolvição do pensar?) Em último efeito, uma absolvição do próprio Vladimir que sofreu várias críticas pelo cunho do tabu “erótico” ao invés da contemplação de seu caráter irônico recheado de sarcasmo (igualmente resgatado aqui). Coube, inclusive, ao autor lembrar em vários episódios de que se tratava de uma ficção e que por ser um tema tão distante emocionalmente teria sido seu trabalho mais difícil. O que não quer dizer que eu não torça para a prisão do Polanski! Ao contrário, em meu parco entendimento um personagem pedófilo não alcança necessariamente seu autor. Agora um autor pedófilo tem repercussão em sua obra, penso.

    Enfim, essa derradeira frase tem a capacidade de alcançar toda essa reflexão e redimir a todos; críticos, leitores, personagens e autores pelos crimes não cometidos, especialmente em tempos de limites de fato, de interpretação e superficialidade de julgamentos.

    Por fim, creio que é importante destacar a criatividade e coragem, (embora não tenha sido a primeira fanfic sobre o livro, lembro-me de Umberto Eco e Steve Martin dando suas diferentes perspectivas) principalmente por se tratar de um certame com limite de palavras e com público bastante variado.

    “Há pedaços de minha medula nestas páginas”

    Parabéns e boa sorte!

    • Fernanda Caleffi Barbetta
      21 de setembro de 2020

      Olá, Rafael, seu comentário é sempre um presente para mim. Agradeço demais a atenção com meu conto e o cuidado com a análise. De quebra ainda fez uma análise sobre a repercução do livro Lolita. Show. E sacou a importância do final meu, que também dá nome ao conto. Muito obrigada.

  7. Rubem Cabral
    14 de setembro de 2020

    Olá, Vivian.

    Resumo da história: Humbert conversa com o doutor Fay, a quem entrega o manuscrito de “Lolita”, sobre sua paixão pecaminosa pela menina Dolores Haze. Contudo, muitos dos fatos relatos por Humbert não podem ser confirmados por testemunhas: ele nunca esteve com Lolita nos hotéis e motéis em que ele disse estar, nunca matou Quilty, que em verdade não existe, e não teve a esposa atropelada. Talvez Humbert seja esquizofrênico por ter imaginado uma vida que ele nunca teve (ele cita pílulas violáceas que ele tomava), pois Lolita em verdade morreu atropelada, e não a sua esposa. Talvez o romance Lolita seja apenas uma fantasia erótica de um homem de meia-idade com problemas mentais.

    Análise do conto:

    a. criatividade. 5/5 – é bastante criativo criar a possibilidade do amor de Humbert ser apenas uma fantasia criada por sua mente doente.
    b. personagens. 4/5 – Fay e Humbert estão bem desenvolvidos.
    c. escrita. 5/5 – A escrita é muito boa, sem erros aparentes. Os diálogos estão bons tbm. Há ainda um pouco de metalinguagem, ao brincar com o nome do próprio protagonista (Humvert), com a troca da letra que supostamente Quilty/Guilty (culpado) teria feito maldosamente.
    d. adequação ao tema. 5/5 – é uma fanfic de Lolita.
    e. enredo. 4/5 – bastante boa a história, pecou somente um pouco por exigir conhecimento da história para que tudo tenha contexto.

    Boa sorte no desafio e abraços.

    • Fernanda Caleffi Barbetta
      21 de setembro de 2020

      Olá, Rubem. Muito obrigada pelo seu comentário generoso e por sua análise cuidadosa. Sim, arrisquei aqui em deixar alguns elementos de presente apenas aos que conhecem a obra, mas acho que não houve muito prejuizo. Obrigada. Abraço.

  8. Jowilton Amaral da Costa
    12 de setembro de 2020

    O conto narra uma consulta do personagem Humbert, que parece não distinguir a realidade da fantasia, após a morte de sua amada Dolores, com o médico psiquiatra doutor Fay.

    É um bom conto. Está bem escrito. Não li Lolita, e por isso, a menção de alguns personagens durante a narrativa me deixou um pouco desorientado, já que não conheço as referências e isso me dificultou um pouco o amplo entendimento do conto. Em um momento o nome do personagem Humbert está escrito Humvert, num claro erro de digitaão, que não atrapalhará em nada na nota. Boa sorte no desafio.

    • Fernanda Caleffi Barbetta
      21 de setembro de 2020

      Olá, Jowilton, obrigada por comentar e fico feliz por, mesmo não conhecendo a obra, ter conseguido absorver algo bom do meu conto. Abraço.

  9. Karen Salazar Cardoso
    12 de setembro de 2020

    O conto traz a dinâmica de o médico e seu paciente no qual parece ter devaneios e delírios sobre sua amada Dolores e um assassinato no qual o mesmo cometeu. Após diversas interações e relatos do paciente ao doutor, descobre-se que a história não é bem o que parece ser.

    A narrativa é bem feita e organizada. Bem escrito e com uma estrutura de texto bem feita. O texto consegue passar a confusão mental do paciente de maneira bem viva. A reviravolta no final é estimulante e interessante e da vida ao conto.

  10. Leo Jardim
    11 de setembro de 2020

    🗒 Resumo: Humbert Humbert, protagonista de Lolita, conversa com seu psicológo Fay, que é o Dr. Ray do prefácio. Aos poucos vamos percebendo que toda a trama do romance na verdade era puro delírio de Humbert.

    📜 Trama (⭐⭐⭐▫▫): é interessante como vamos, aos poucos, percebendo que Humbert e toda a trama de Lolita (o livro) não ocorre de verdade até a gente descobrir, no fim, que na verdade tudo era imaginação dele.

    A forma como a trama se desenrolou foi bem interessante, com diálogos aos poucos avançando, mas o texto depende muito de conhecimento prévio da obra para funcionar. Eu, que conhecia por alto, mas não li, tive que dar aquela googlada pra entender. Uma boa revelação, porém.

    📝 Técnica (⭐⭐⭐▫▫): funciona bem para apresentar a trama e fazer a história correr, mas me incomodou bastante a questão do tempo verbal, que oscilou entre presente e passado (acredito que o tempo presente só funcione bem em textos de ação, daqueles parecidos com roteiro).

    ▪ A pergunta *vírgula* que outrora soara mecânica, ganha

    ▪ tempo verbal oscilante: A pergunta ganha um timbre novo / Tirou os olhos / A pergunta sai (ou deveria ser tudo no presente, “ganha/tira/pergunta”, ou tudo no passado, “ganhou/tirou/perguntou”, já que essas ações se passam no mesmo momento do tempo; minha opção por este texto seria usar o pretérito, por se tratar de um acontecimento que já ocorreu)

    ▪ o doutor *sem vírgula* fecha a porta atrás de si

    🎯 Tema (⭐⭐): fanfic de Lolita.

    💡 Criatividade (⭐⭐▫): dentro do previsto para o desafio.

    🎭 Impacto (⭐⭐⭐▫▫): gostei do texto como um todo, apesar de conhecer a história apenas por alto e não ter lido o livro por completo. O impacto final, ao descobrir que Dolores/Lolita que fora atropelada ao invés de Charlotte serviu apenas à narrativa que vinha se construindo até então de que nada daquilo realmente ocorreu. Talvez o impacto fosse maior se descobríssemos apenas no fim que tudo o que ele escreveu não foi mais que delírio, deixando apenas pistas no meio do texto.

    🔗 Links úteis:

    ▪ Vírgula entre sujeito e verbo: http://www.nilc.icmc.usp.br/nilc/minigramatica/mini/avirgulaosujeitoeoverbo.htm

    • Fernanda Caleffi Barbetta
      21 de setembro de 2020

      Oi, Leo, muito cuidadosa a sua análise do meu conto, obrigada. Sobre o tempo presente, eu realmente havia feito no passado e, quando fui ler em voz alta, já no sábado da entrega, para ver se estava tudo ok um diabinho que sopropiu no meu ouvido que no presente o texto teria mais impacto. Mudei e só percebi os dois verbos deixados no passadso após o envio… Sobre a vírgula depois de sujeito, eu conheço a regra, foi um delize que não notei, mas agradeço o link útil rsrs. E reconheço que meu conto foi escrito especialmente aos leitores e fãs de Lolita, fiucando alguns detalhes meio obscuros… foi um risco que decidi correr. Obrigada e abraço.

  11. Marco Aurélio Saraiva
    11 de setembro de 2020

    Humbert Humbert está louco, achando que sua esposa morreu, e a espera constante do retorno de Dolores Haze – sua Lolita. Ao final revela-se que Dolores morreu em um acidente de carro, que tudo o que ele fala são frutos de sua imaginação e que sua esposa, Charlotte, ainda vive.

    É um conto bem escrito e que, incrivelmente, sobrevive mesmo eu nunca tendo lido Lolita. É uma história interessante que me instigou mesmo que eu não conhecesse de antemão os personagens de Humbert Humbert e de Dolores. É claro que ficou aparente que quem já leu o livro terá muito mais prazer na leitura deste conto, com a quantidade de referências que devem existir entre os parágrafos. Mas mesmo para mim a leitura foi interessante e instigante.

    Sua escrita é boa, mas peca um pouco na revisão. O que me imcomodou bastante foi a confusão no tempo verbal da narrativa. O conto parece focar no tempo presente, com verbos como “aproxima-se”, “percebe”, “finge”, mas também às vezes se confunde e vai para o pretérito com verbos como “tiraram” e “passou”. Além disso, tem palavra com letra faltando, frase com palavra faltando, essas coisas. Nada que uma boa revisão não acerte.
    Seu estilo é bem interessante, rápido porém não simplório. A leitura segue fluida e envolvente. É um bom conto!

    • Fernanda Caleffi Barbetta
      21 de setembro de 2020

      Olá, Marco. Que bom saber que mesmo não tendo lido o livro Lolita você tenha conseguido se entreter e gostar do meu conto, confesso que o fiz pensando mesmo nos leitores e deixei pontos obscuros aos que poderiam não conhecer a obra por completo. O tempo presente foi decidido apenas 15 minutos antes da entrega e eu acabei deixando alguns no passado.. foi uma escolha desdastrosa a de mudar no último momento e a de não dar mais uma revisada. Muito obrigada, abraço.

  12. Fernando Amâncio (@fernandoamancio)
    11 de setembro de 2020

    Humbert Humbert, em hospital psiquiátrico, conversa com o Dr. Fay, que tenta ajudá-lo a perceber suas alucinações. O médico lhe informa que ele nunca matou o Sr. Quilty e que se hospedava sempre sozinho nos hotéis, sem Lolita. Por fim, a grande revelação: não foi a ex-esposa que morreu atropelada, mas sim Lolita. Portanto, todos os crimes cometidos por Humbert Humbert e relatados no seu livro não existiram.

    É a primeira FanFiction que eu leio que perverte totalmente o original. Seu conto, na verdade, seria um plot twist no clássico do Nobukov. Texto bem escrito, apesar de alguns pequenos erros que passaram pela revisão. Gosto da história e confesso que fiquei me questionando: será que isso não poderia ser verdade no original? Sobretudo em relação ao Sr. Quilty, que é um personagem bem estranho, com jeitão de alucinação?

    Acho “Lolita” um excelente livro, corajosamente trata de um tema polêmico, mas sem se resumir a ele. Não é uma apologia à pedofilia, como tantos forçaram em sua interpretação, mas uma história de um homem dominado por um desejo obsessivo e com questões psicanalíticas mal resolvidas.

    Creio que sua FanFiction é muito digna. Achei bastante criativa a sua continuidade para a história. Confesso que achei sua versão de Humbert Humbert muito “canastrona”. Não vi tanto do personagem original nele. A obsessão dele por Dolores Haze era algo muito elegante, genuína (o que deixa ainda mais complexa a situação dele). Mas é só minha opinião. Pela ideia original e execução competente, dou parabéns a autora (Vivian) e desejo sucesso no desafio.

    • Fernanda Caleffi Barbetta
      21 de setembro de 2020

      Olá, Fernando, legal o seu comentário e muito bom você ter se questionado se isso tudo não poderia ser verdade, era esta minha intenção. O livro origianal nos deixa algumas brechas que tornam esta interpretação possível, a meu ver. Muito obrigada. Abraço.

  13. Fernando Dias Cyrino
    10 de setembro de 2020

    Olá, Vivian, você, muito ousadamente, me traz, muitos anos após Dolores Haze, a Lolita. Num, ao que parece, um sanatório, o Humbert é acompanhado pelo psiquiatra. Vê-se assassino e prepara mesmo sua defesa, até que o doutor lhe prova que ele não havia cometido crime nenhum. Que está a salvo. O que não deixa de ser paradoxal, eis que sua relação com Lolita era criminosa. Um conto excelente, uma narrativa muito bem estruturada. Está tudo muito bem colocado. Você, Vivian, domina a arte da narrativa dos contos. Dizer mais o quê? Parabéns. Estou encantado com a sua capacidade de me contar essa história tão pesada, fazendo-a de uma forma criativa e que se fez leve e envolvente.

    • Fernanda Caleffi Barbetta
      21 de setembro de 2020

      Oi, xará, que maravilha de comentário. Dizer mais o que ao dono do melhor texto do desafio (a meu ver)? Obrigada.

  14. Ana Maria Monteiro
    9 de setembro de 2020

    Humbert Humbert, não desiste. Até ao final dos seus dias, ele se mantém fiel ao perfil da história que Nabokov engendrou para o seu personagem, não deixando nunca de amar Lolita, Lo, Dolores. Convencido de que não escapará à sentença de morte, ignora insanamente todos os argumentos do médico, chegando a convencer-se que a própria Lo lhe terá enviado uma cesta de bananas. Nesta versão da história, Lolita morreu ao ser atropelada casualmente e ele mantém-se casado com a sua mãe.

    Olá, Vivian. Li o livro há demasiados anos para ainda me recordar dos pormenores, mas creio que você reinventou toda a história, oferecendo-nos uma narrativa alternativa dos acontecimentos descritos por Nabokov e fez isso, tal como ele, através do próprio Humbert Humbert e do seu diálogo com o médico, que acaba por desistir de alterar a história original, que aqui, é a verdadeira. Um belo conto de um excelente livro hoje em dia um pouco mal visto, quanto a mim, injustamente, pois literatura é isso: narrar, contar, escrever, escavar a alma humana no que tem de melhor e pior e não nos cabe julgar um livro pelo caráter dos seus personagens, mas sim pela sua qualidade intrínseca que, no caso, é muito boa. Obrigada pela leitura e boa sorte no desafio.

    • Fernanda Caleffi Barbetta
      21 de setembro de 2020

      Olá, Ana. MUito obrigada pelo comentário. Concordo com você no que se refere à aceitação da obra de Nabokov. LIieratura é isso. Beijos.

  15. Gustavo Araujo
    6 de setembro de 2020

    Resumo: médico tenta convencer seu paciente de que ele não matou quem acha que matou, que tudo não passa de sua imaginação; o paciente, porém, é teimoso e se recusa a acreditar, preferindo se refugiar em suas memórias remendadas.

    Impressões: gostei muito do conto. Para falar a verdade, dos que eu li neste grupo foi o que me rendeu a leitura mais prazerosa. Ótimo jogo de palavras, ótima construção. Leitura fluida e interessante. Como tanta gente, tenho Lolita guardado numa estante imaginária de livros-que-nunca-li-mas-acho-que-conheço-bem, ao lado de A Revolução dos Bichos e tantos outros. Todavia, isso não me impediu de apreciar este conto justamente por causa da habilidade com que foi escrito. Gosto muito desse jogo psicológico, dessa ilusão que não permite ao leitor saber por certo o que é verdade e o que é imaginação dos personagens. Aqui, pelo fato de eu não ser familiarizado com a história completa do Nabokov, essa sensação de estar perdido na neblina, apenas ouvindo vozes, se exacerbou tornando a leitura ainda mais instigante. Digo isso porque este é dos casos em que o conto sobrevive bem sozinho, isto é, mesmo longe da obra que lhe serve de amparo. A fuga de Humbert Humbert é tocante. Seus trejeitos, suas confusões mentais, as trocas de palavras… Tudo isso contraposto à segurança do Dr. Fay, um homem sistemático, realista, a âncora da sanidade – ou talvez não. Ah, é essa falta de definição que me obriga, como leitor, a completar as lacunas, que me ganha de vez. Excelente trabalho! Parabéns mesmo.

    Nota: 5,0

    • Fernanda Caleffi Barbetta
      21 de setembro de 2020

      O que dizer quando a gente lê um comentário deste de uma pessoa que a gente admira? Dizer muitíssimo obrigada e saborear cada letra deste comentário incentivador e generoso. Obrigada, chefe.

  16. antoniosbatista
    31 de agosto de 2020

    Resumo de A Salvo- Médico tenta convencer paciente de que ele não matou ninguém, que a história que ele escreveu sobre uma menina foi sua imaginação, que ele estava sofrendo das faculdades mentais.

    Comentário- O conto é uma versão de Lolita, romance de Vladimir Nabokov. Eu não li o livro, tampouco assisti ao filme. Procurei a referências na Wikipédia para comparar o texto com o original. O mote do conto é mostrar que alguns fatos que acontecem no romance, foi imaginação de Humbert, que não houve crime e quem morreu foi Lolita. O texto está bem escrito, o argumento é válido. É louvável que, em poucas linhas, a autora descreveu o romance de Nabokov. A narração em tempo presente é temerária, pois há o risco de usar o passado nas frases sem perceber. Há que ter uma atenção especial com esse recurso, e a autora usou muito bem. Boa sorte.

  17. pedropaulosd
    31 de agosto de 2020

    RESUMO: Humbert Humbert e o médico Fay conversam enquanto um insiste em se preparar para o seu julgamento, apegado à memória de sua amada vítima e o outro tenta convence-lo de que nada daquilo é real.

    COMENTÁRIO: Há alguns contos que critiquei por apresentarem uma mudança na estória original como a premissa, mas sem necessariamente sair dela. Isto é, o conto gira em torno da mudança escolhida pelo(a) autor(a), mas a mudança não é plenamente desenvolvida, meramente existe. Aqui é justamente o contrário, por duas razões: a grande alyeração é revelada só no final, embora o indício de haver algo de errado pairando sobre a conversa dos dois personagens; e, além disso, com a descoberta movida para o final, o conto é carregado pela dinâmica entre os dois personagens, a desilusão petulante de Humbert fazendo um contraponto cômico ao cansaço do médico. Por isso, ler a conversa dos dois foi divertido e ao mesmo tempo angustiante, pois se queria saber o que é que sairia disso, enfim. Com esse preparo, a revelação final teve o seu impacto coerência assegurados.

  18. Maria Edneuda Oliveira Pinto ; Claraliz Almadova
    29 de agosto de 2020

    Um médico escreve em linhas uma história a qual ele considera ser a sua própria história.A espera de um julgamento, este se considera responsável pelos assassinatos do sequestrador de sua filha, o qual os perseguira e também pelo assassinato de sua esposa Charlote, a qual morrera ,supostamente, atropelada por este. Seu amigo prova para o médico que tudo não passava de sua mera criação e que aquela história não era verdade e sim apenas ficção e que quem morrera havia sido outra mulher e não a sua esposa. Nota 40

  19. Bianca Cidreira Cammarota
    28 de agosto de 2020

    O conto relata uma a vida de Humbert através das entrevistas com o médico Dr. Fay, onde seu amor por Dolores e seu arrebatamento o levam a delírios de assassinato e psicose, totalmente fora da realidade.

    Primoroso o conto. PRIMOROSO. Não li Lolita, embora tenha ideia da história. Porém este conto, em 3.500 palavras, me deu ideia do que aconteceu na obra original e deu um final ao protagonista, na visão do autor. Muito embora percebamos que a época é antiga, a linguagem assim a delata, a narrativa não fica pesada ou lenta; muito pelo contrário, pela ironia, loucura e alucinação de Humbert, somos levados hipnotizados, linha por linha, na trágica história de um homem de meia idade que se apaixonou por uma adolescente e que cometeu loucuras pela mesma, chegando ao ponto de enlouquecer literalmente e forjar para si uma realidade própria, onde ele era um assassino, onde sua amada ninfeta era viva, onde suas ex-mulheres não existem praticamente.

    Conto hipnotizante. Fabuloso! Nossa… parabéns a quem escreveu!

    • Fernanda Caleffi Barbetta
      21 de setembro de 2020

      Oi, Bianca, que delícia ler seu comentário. Feliz aqui por ter gostado mesmo sem ter lido o livro. Abraço.

  20. britoroque
    27 de agosto de 2020

    Cada parágrafo é a fala de um diálogo. Isso não é um conto é uma peça.

  21. Giselle F. Bohn
    26 de agosto de 2020

    Homem conversa com médico sobre alguns fatos de seu passado, aparentemente em um hospício, mencionando várias personagens do universo de Lolita, de Nabokov.
    O conto é muito bem escrito, apesar de alguns errinhos muito bobos, como falhas de digitação, falta de hífens e vírgulas separando sujeito e verbo ou ausentes nos vocativos.
    A história fica interessante apenas para quem tem familiaridade com a obra original. Só fez sentido para mim depois que eu li o resumo do livro na Wikipédia. Sem isso, não consegue manter o interesse do leitor. Só quando eu entendi a trama do livro original e voltei a ler o conto é que entendi o que estava acontecendo.
    É um texto bom tecnicamente, apesar de, para mim, não se sustentar sozinho. Mas talvez seja uma falha minha esperar isso de uma fanfic.
    De qualquer maneira, parabéns! Com a referência em mente, é de fato um conto muito interessante, que recria a narrativa do personagem-narrador de Lolita.

    • Fernanda Caleffi Barbetta
      21 de setembro de 2020

      Oi, Gi, obrigada pela leitura dupla de meu conto. Sim, eu aceitei correr o risco de deixar o texto um pouco, ou muito, nebuloso aos não leitores de Lolita… espero não ter arruinado completamente o seu prazer durante as leituras rsrs. Bjs

  22. Anderson Do Prado Silva
    25 de agosto de 2020

    Resumo:

    Homem acredita ser um pedófilo, mas, na verdade, sua infante amada morreu.

    Avaliação:

    (Autor, não leia o presente comentário como crítica literária, pois se trata apenas de uma justificativa para a nota que irei atribuir ao texto.)

    O autor possui pleno domínio da língua e das técnicas de narração; é um escritor “pronto”.

    O texto está bem revisado.

    Receberá nota alta.

    Lolita possui um dos começos e um dos finais mais poéticos da história da literatura. Então, esperei encontrar essa poesia no presente conto. Pois é, não veio. Isso foi um pouco decepcionante. De toda sorte, fiquei muito feliz por encontrar Lolita por aqui. O enredo criado foi bem criativo. De fato, imaginar a criança morrendo no lugar da mãe mudou tudo. Ao mesmo tempo, Humbert se torna um aspirante à pedófilo. Excelente!

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!

    • Fernanda Caleffi Barbetta
      21 de setembro de 2020

      Olá, campeão, obrigada pela leitura atenciosa de meu conto. Apesar de ter te decepcionado de certa forma, parece que não foi um desastre total rsrs. Obrigada e abraço.

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Publicado às 24 de agosto de 2020 por em FanFic, FanFic - Finalistas, FanFic - Grupo 2 e marcado .
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