EntreContos

Detox Literário.

Por Outros Trilhos (Claudia Roberta Angst)

Um pequeno passo à frente. Sente o ar mudar: o inverno finalmente chegou. O trem também logo chegará, e então será a hora de partir. De vez. 

É isso mesmo o que pretende? Assistir ao extinguir da chama que ainda se abriga nas páginas onduladas pelo tempo? 

Por um breve momento, antevê a eternidade e segue ao encontro das memórias, como se assim pudesse empurrar os ponteiros em sentido anti-horário. Mal percebe a antes inflexível determinação tornar-se invalidada pela culpa, testemunha de pecados que nem se lembra de haver cometido. Mas os outros, sim. Todos lembram. O alto círculo da sociedade em São Petersburgo, seja lá o que isso queira dizer, mantém o registro de cada transgressão.  

O início de tudo, se houve de fato um estopim, foi a conversa inocente entre duas mulheres durante uma viagem de trem. A breve trajetória percorrida mais em sua mente do que na realidade. Foi como aconteceu. A senhora encantou-se com a beleza e os modos da jovem sentada à janela. Palavras e elogios foram trocados, e também alguma informação sobre família e conhecidos em comum. Depois, o desembarque apressado e o alvoroço de olhares até então desconhecidos. Um confronto que se repetiu em outros encontros sem o consentimento do bom senso. 

Acredita em destino? Em amor à primeira vista?  

Respira fundo, recolhe passo e pensamento. Sabe que remexer nas gavetas do passado não deve ser o mais sensato a se fazer agora. O frio embaralha o raciocínio e esconde possibilidades. Há dúvidas quanto à existência de outras opções além da já formulada durante as noites insones. Concentra-se na respiração, tentando manter um ritmo regular do trafegar do ar. 

Desde o amanhecer, questiona-se sobre as razões que acabaram por desenhar o desfecho aguardado, o fim da linha. Todos os envolvidos parecem ter contribuído de alguma forma para que se chegasse a esse acerto de contas. Cada qual com a sua motivação.

Como uma mulher considerada bem casada e usufruindo de excelente posição social, pôde se render a um romance de folhetim? Como uma Madame Bovary entediada, uma Marguerite abrindo mão das camélias, uma Capitu em revolta tumular, jurando inocência. Mas não é sobre elas que quero falar. Preste atenção, por favor. Dizem que a história se repete…  

 Um caso amoroso fadado ao desbotar de cores, respingos de tinta que certamente recairiam em qualquer reputação. A paixão seria o suficiente para manter a relação? Talvez fosse apenas a causa da inveja dos demais, dos que se mantinham ao redor como insetos atraídos pelo brilho de uma lâmpada. E os apaixonados, vagando em círculos sem se darem conta dos inimigos invisíveis. Os que se diziam do bem, e os que nem lhes queriam mal. Cada um desempenhando o papel que lhe cabia.  

Veja quem se movimenta em paralelo às linhas férreas. Sente simpatia por quem vê? E quem afinal você vê?  

As lembranças caem como flocos de neve, empalidecendo o sorriso que ainda guarda. Sente saudades da alegria espalhada em folhas de um diário jamais escrito.  O frio desperta sua consciência e tenta esmiuçar os detalhes que já não pode ignorar. O ponto de queda. A falha derradeira, o engano que desatou o nó. O que fez tudo se desapegar do querer. 

Que características considera atraentes aos amantes? O que seduz um homem pode também cativar uma mulher? Alguém de caráter reto e amoroso, capaz de afugentar todas as inseguranças. Talvez fosse o que ambos buscavam. Enganaram-se.     

Um estranho torpor faz com que as emoções embacem o raciocínio, reduzindo os reflexos a um piscar de olhos. Nada parece reter sentido algum. O que consola é saber que tudo será logo esquecido. A dor transformada em alívio. Tudo acabado. Tudo em paz.  

Pense no que você faria de pior. Mataria e chutaria um cavalo? Trairia quem lhe deu abrigo? E sendo assim perverso, alguém que não mereceria ser seguido por um exército de anjos, mas talvez por uma legião de demônios, o que faria? Choraria aos pés de quem já amou? 

Não é hora de se debater em questionamentos. Nunca apreciou debates filosóficos, e os próprios conflitos prefere apenas ignorar. Pouco lhe interessa o que se passa com a sociedade e suas questões antropológicas. Considera o assunto inútil e bastante enfadonho. Prefere dançar a analisar qualquer comportamento, mesmo sendo o seu. Assume a própria vaidade como um direito e não se repreende por isso.     

Parece injusto resumir tudo a um ego exacerbado, que talvez só tenha aprendido a conjugar verbos em primeira pessoa. Mas o que você aponta como egoísmo, narcisismo descompensado, pode significar amor-próprio. Ou talvez fosse assim. Agora já não se sabe ao certo. 

 Absorve os minutos que resgatam provas de um amor que seguiu o curso da clandestinidade. Dias de abandono alternados com noites de promessas. A sociedade acompanhando a ascensão e queda dos enamorados.  Anna, esposa e mãe, uma jovem desde sempre admirada por sua beleza e desenvoltura. Vronski, um atraente cavalheiro de pouca consciência. União improvável.  

Um homem, que se proclama imperador de seus atos e emoções, poderia perder de repente o juízo? Talvez se uma mulher fosse capaz de vencê-lo nesse jogo… Ou até mesmo esquecê-lo. O que acha?

O romance perdurou mais do que o pretendido, rendendo delírios cúmplices de mocinhas e matronas. Casais de respeito, e toda essa gente que se diz de bem, fingem não se perturbar com a felicidade alheia. Invejam, mas calam. Todos se reconhecem como iguais, frequentando a mesma fonte de moral e bons costumes. Mas os felizes, o que provam ser? 

Descuidaram-se, perderam o bom senso. Ignoraram o alerta e caíram na armadilha das suas próprias tramas. Foi o que disseram, mas olhando daqui…só vejo o sofrimento, e não consigo concluir nada.    

Mulheres de todas as idades, aparências e credos, atravessam a estação, com seus passinhos curtos, pés abraçados por veludo e pelica estrangeira. Parecem compartilhar o mesmo calar de almas. Sob as camadas empoeiradas de tradição, e postura treinada por décadas de acirrada disciplina, escondem súplicas. Desejam um destino que as faça também vibrar. Talvez um destino igual ao de Anna. Mais do que a chance de serem amadas, querem se reconhecer vivas. Mas seguem tementes a qualquer senhor que responda por pai, marido, ou parente responsável. Até a divindade a quem clamam corresponde a um universo masculino, um senhor-deus, que responde por elas.  

Estas mesmas donzelas, senhoras e anciãs que aqui trafegam apressadas e desocupadas de ideias, fecham os olhos para os próprios desgostos. Quando reunidas, reforçam seus medos ao falar de uma Anna que mal conhecem, mas a quem julgam e condenam. Todas elas. 

Quando deita sua cabeça no travesseiro, nunca pensa nos desacertos que cometeu? Atira a primeira pedra, sendo ela um diamante ou um pedaço de carvão? A quem dirige o seu arrependimento? Para quem guarda o seu perdão?   

Consulta a temperatura em suas entranhas. Sente vontade de despir as luvas, desabotoar o pesado casaco, livrar-se da pele que roça nos tecidos. Não é a mesma pele que deseja ter encostada na sua. Procura se aquietar, manter uma postura altiva. Ainda faz boa figura, sabe disso. Alguns olham em sua direção com uma insistência pouco polida. Decerto apenas contemplam o seu belo porte, admirando a elegância de seus trajes. Ou talvez reconheçam o pesar do arrependimento. 

Sempre se pode negar a verdadeira versão dos fatos. Não percebe que as histórias de amor acontecem muito além das margens de convenções sociais? 

 Sente o ar faltar, a vida falhar. Para onde ir? Que direção tomar agora que tudo parece perdido? Deseja levar todos os presságios para o abrigo de suas fantasias, aconchegá-los entre lençóis e sonhos, até perdê-los em esquecimento. 

Não se pode repreender alguém por isso. Por tentar fugir do seu inferno particular, por querer permanecer à distância do último degrau da dignidade. Será prova de inocência? Ou apenas loucura? 

Recorda-se de ter desejado voltar atrás, apagar pegadas e ações, aniquilar as atitudes tomadas em momentos de desvario. Ainda agora quer retroceder a história, sacudindo os próprios ombros, até que os pensamentos se despreguem da árvore doentia dos ciúmes. 

Convence-se de que nada mais poderá fazer a não ser dar cabo de tudo. Rápido. Nada mais será capaz de resolver a situação a que chegou de livre vontade. 

Um trabalhador passa, coberto de graxa e fuligem. Todo ele sombrio, um ponto apagado sobreposto a um cenário também escurecido como a noite. Apressa-se para dar conta do seu serviço. Mais alguns minutos e o movimento sobre os trilhos começará. Manobras feitas, mudanças a serem aceitas. Por um instante, seus olhares se tocam. Os dois se percebem diferentes, mas pertencentes ao mesmo desespero.  

Entende a dor mais do que tudo, mais do que qualquer um poderá entender. A compreensão vem da simplicidade, de uma vida bruta alinhavada aos trilhos. Tormentas recontadas dia após dia. Sabe o que ele reconhece e você não?

O reflexo em uma das vidraças revela olhos de um tom antes de madurar. O ciúme tem olhos verdes, mas cegos. Agora sabe disso, e anseia por render-se às evidências de um prólogo. Que não se demore.  

Partículas de memórias caem como flocos de uma nevasca tardia. Ecos de um passado nem tão distante, os dois em exílio. O tédio misturado às cores vibrantes de Anna, e o marasmo disposto a romper a tessitura da paixão. O luto pela descoberta da impermanência da primavera surgindo antes da perda do tom. Amantes a descombinar desejos. 

Não é mais capaz de se lembrar de como ultrapassou a linha desgastada da sensatez. Em que momento decidiu assumir tudo por vontade própria, quando tudo se desvaneceu. Em desatino, condenou-se sem contar com o segredo de confissão. A verdade não merecia penitências e culpas, era o que pensava. Mas os outros… Os outros, aqueles outros, vestiram-se de repentina santidade. Todos eles, agora juízes de ocasião, os nobres, os empregados, a família e até os que se diziam amigos, todos a apontar indecências.  

Por que afinal não se mantiveram longe do repúdio? Também não sei responder. Se fosse você, o que teria feito?

O perdão concedido, em momento de desespero, ainda ressoa longe de qualquer redenção. Sem trégua. O marido voltando atrás, a ameaça de entrar com o processo de divórcio e afastar mãe e filho.  Um pesadelo! 

Quando tudo parece estar tomando um novo rumo, volta-se ao mesmo ponto. Não importa a direção que se queira tomar. Às vezes, trilhos diferentes levam ao mesmo caos. 

Se tivesse partido mais cedo, ou reconhecido a derrota, talvez estivesse a salvo, mas nada disso é mais possível. São apenas abstrações. É preciso cometer um erro antes que se possa corrigi-lo. Se tivesse dito desde o princípio o que pensava, ao invés de tentar traduzir sentimentos, talvez não ouvisse o chamado do precipício. 

É tarde demais, o trem surge ao longe…

O que poderia fazer se o que todos apontavam como sua perdição, parecia-lhe salvação garantida? Se era seu destino o entrelaçar de iniciais, como poderia continuar a escrever os próximos capítulos sem aquela assinatura? 

Trata de aceitar o seu engano como ignorância de melhores caminhos. Assim como a escravidão das mulheres decorre da falta de instrução, que as mantém longe do protagonismo. Presas a uma existência escrita por outras mãos. E o erro dos homens é se julgarem diferentes, livres. Não são capazes de enxergar a verdade:   o que aprisiona um, liberta o outro; e vice-versa. Sabe disso agora.  

Qualquer que seja o seu fim, assumirá a responsabilidade por ter construído peça por peça o seu destino, caprichando nos detalhes mais obscuros pelo simples prazer de se livrar dos limites estabelecidos pelas convenções.   

Agora, sujando os calçados na neve pisada e repisada, enlameada como seus sentidos, sente o peso do ostracismo social. Por um conjunto de erros, uma série de passos que julgou serem parte de graciosa dança, experimenta o banimento do apreço das famílias respeitáveis. E os outros, todos os outros, também pecadores e infiéis, permanecem frequentando casas e bailes como se nunca tivessem recolhido pecados em colo amante. 

O vulto do trem se desenha ao fundo.   

Volta a cabeça para trás, pedindo ao próprio coração que desacelere para que possa pensar em uma solução. Sente falta de uma alternativa qualquer que fuja da redenção presumida, mas se recusa a perder tempo com lamúrias. 

Talvez seja hora de simplesmente sumir. Não sabe mais se é capaz de seguir com o planejado. Teme enlouquecer antes mesmo de se entregar ao caos. 

Poderia se afastar um pouco? Deixe que a trama se encerre como deve. Se nunca caminhou por atalhos proibidos, e nem mesmo se deixou levar pelas emoções, trate agora de se controlar.  Apenas acompanhe a virada, a próxima página. O final já se vislumbra. Não há como evitá-lo. Como poderia desviar alguém do próprio abismo? 

E os compassos disparam, os minutos vibram sob os pés. A melodia que se ouve no assobio do vento assemelha-se a um adeus. O fim se acerca, fatídico convidado que antecipa a tragédia.

O trem se aproxima.  

E neste momento em que vozes deveriam se intercalar como murmúrios tristes e exaltadas orações sem nexo, os braços se afrouxam. 

Cada vez mais próximo, o trem parece engolir os trilhos.  

Larga a pequena maleta vermelha, e derrama todas as vertentes que cegam seu futuro. Chora. Talvez esse não seja afinal o pior dos destinos. Fecha os olhos e, como em prece, clama tão baixo quanto a sua voz permite. 

─ Perdoa-me por tudo… 

Vronski dá as costas para os vagões que começam a se distanciar, levando toda a carga de escuridão. Volta o olhar para o céu e observa o lacrimejar da neve. Então se dá conta da única verdade que poderia escolher como sua. 

As pessoas felizes se parecem entre si; já as infelizes são infelizes à sua maneira. 

Talvez esta seja a dele. 

Publicidade

14 comentários em “Por Outros Trilhos (Claudia Roberta Angst)

  1. Jowilton Amaral da Costa
    12 de setembro de 2020

    O conto narra as reflexões do personagem Vrosnki sobre seu relacionamento amoroso.

    O conto é bom. Achei muito bem escrito e, de certa forma, complexo. É um conto que deve ser lido com calma, para podermos apreciar a escrita e termos uma melhor compreensão. Acabei me desconectando um pouco durante a leitura, justamente por conta do pouco tempo que tenho agora para comentar.. No entanto, a qualidade literária apresentada é notória. Nunca li nada de Tolstoi, azar o meu, mas percebi que o conto é sobre Anna Karênina. Boa sorte no desafio.

  2. Karen Salazar Cardoso
    12 de setembro de 2020

    O conto faz uma analogia entre o amor, a vida, escolhas e o trem. Conta a história de uma jovem e seu amante e diversas situações nas quais ele e outros viveram naquele cenário. Mostra os diversos paralelos de uma estação com as emoções da vida.

    Achei o texto, estrutura e desenvolvimentos confusos e extensos. Por diversas vezes me perdi e tive dificuldade de entender qual era a mensagem a ser passada.
    A escrita é rebuscada e culta, mas pode desviar a atenção da mensagem do conto para somente o vocabulário.

  3. Gustavo Araujo
    11 de setembro de 2020

    Resumo: Vronski está na estação de trem, ruminando seu passado com Anna, indeciso quanto ao que pretende fazer em seguida. Suicidar-se? Fugir?

    Impressões: o conto bebe na fonte de Tolstoi de maneira bastante fiel, com foco nas digressões internas. Por suas linhas, acompanhamos a batalha pessoal de Vronski desde o primeiro encontro com Anna até o momento em que o romance naufragou. Um romance proibido, como sabemos, destinado ao fracasso desde o início, mas que parecia encantar não só os amantes mas aqueles que os cercavam. É sobre isso que Vronski, à espera do trem, medita, questionando a si mesmo a respeito de suas escolhas, enquanto observa as pessoas e critica-lhes os hábitos.

    Creio que é nesse aspecto que reside a força deste conto, já que, paralelamente à adaptação do romance de Tolstoi, aproveita para tecer observações sagazes, muito próximas da agenda progressista que temos hoje, como o papel da mulher na sociedade, a escravidão por que passam em função dos maridos, dos casamentos arranjados e por aí afora.

    Bacana o suspense criado no final, quando tudo parece indicar para o suicídio de Vronski – quem afinal poderia censurá-lo? Mas, no fim, ele é mesmo um covarde.
    Posso dizer que o autor deste conto é uma pessoa de coragem. Isso porque não é fácil fanficcionar o mestre dos mestres russos, ainda mais quando se trata de um dos romances mais emblemáticos de toda a literatura. Apesar disso, creio que o resultado foi bom, já que emulou bem a introspecção. Minha ressalva fica por conta da repetição de ideias. Uma enxugada nas digressões tornaria a leitura mais fluida sem perda da densidade.

    De todo modo, é um trabalho muito bom, de quem sabe o que está fazendo. Ótima gramática, excelente prosa. Parabéns e boa sorte no desafio.

    Nota: 4,0

  4. Leo Jardim
    11 de setembro de 2020

    🗒 Resumo: uma pessoa, que no fim descobrimos chamar-se Vronski, reflete sobre sua vida e escolhas observando os trilhos dos trem enquanto ele não chega. No fim, pelo que percebi, ele desistiu de pegar o trem para retomar o relacionamento com Anna. É isso?

    📜 Trama (⭐⭐▫▫▫): preciso confessar que tive muita dificuldade com esse texto. Essas tramas em que pouca coisa de fato acontece e o personagem fica apenas remoendo suas memórias já costumam ser bem complicados pra mim como leitor ansioso que sou. No caso, como eu não identifiquei a obra até o final, viajei ainda mais. Percebi que se tratava de um romance russo e, ao fim, acabei percebendo que se tratava de Anna Karenina, de Tolstói, que infelizmente não consegui ler ainda.

    Como não conheço a trama do livro, mas pesquisei e li um pouco sobre no Google, entendi que existe uma dualidade entre o remorso do relacionamento extraconjugal e a felicidade deste. Ou seja, fica a dúvida se estava errado como a sociedade disse ou certo como ele achava que estava.

    Não entendi também a relação com o trem. Entendi, depois de pensar bastante à respeito, que ele estava esperando o trem para fugir e abandonar tudo, mas no fim desiste. Não percebi, porém, o motivo. Talvez para retomar o relacionamento com Anna ou fugir dele, não sei… :/

    Enfim, uma trama confusa, que exige talvez um conhecimento maior da obra fonte. Por isso, acabou ficando toda a trama muito nebulosa na minha cabeça.

    📝 Técnica (⭐⭐⭐⭐▫): há de se reconhecer a beleza poética do texto. As frases muito bem escolhidas e as rimas bem encaixadas, sem cansar ou tornar o texto piegas. Para ficar perfeito, poderia misturar essas frases poéticas com um avançar da trama, deixando-a mais visível.

    🎯 Tema (⭐⭐): fanfic de Anna Karenina.

    💡 Criatividade (⭐⭐▫): dentro do esperado para o desafio.

    🎭 Impacto (⭐⭐▫▫▫): como já comentei, acabei não entendendo muito bem o texto, provavelmente por não conhecer a obra fonte, mesmo após uma rápida pesquisa. Gosto de textos poéticos, mas prefiro quando acompanha a trama e, assim, com a trama tão nebulosa, acabou que fiquei muito perdido no nevoeiro e não consegui aproveitar tão bem o texto. Desculpe.

  5. Fernando Amâncio (@fernandoamancio)
    11 de setembro de 2020

    No frio de São Petersburgo, homem vai rumo a um aparente suicídio. Em seu pensamento difuso, ele é confrontado por suas frustrações, o romance inconcluso com uma mulher casada e o escândalo na alta sociedade.

    O autor possui uma escrita bem elaborada. A responsabilidade de fazer uma FanFic de Tolstoi foi bem sustentada. De fato, nos sentimos diante de um conto clássico.

    Não gostei, entretanto, da estrutura do texto. Entendi o conceito de narrar o conto com esse conflito reflexivo do personagem. Afinal, ele aparentemente está indo rumo ao suicídio e, convenhamos, deve sobrar conflito em um momento desses. Porém, acho que o conto ficou travado. Em uma narrativa curta, talvez essa escolha do diálogo interno prejudique a fluência da leitura.

    Como é um enredo simples, um mote que vai se construindo com as recordações e os dilemas do personagem, o formato do texto acaba não ajudando. É nítido o talento do autor, mas para mim a narrativa não funcionou tão bem. Ainda assim, achei um bom conto, com muitos méritos, e desejo sucesso ao autor no desafio!

  6. Fernando Dias Cyrino
    10 de setembro de 2020

    Caramba, Mikhail, você me traz uma história tendo como raiz dela Tolstoi em Anna Karenina… Li esse livro há tanto tempo. Sou um sessentão e, claro, deu-me vontade de saboreá-lo novamente. Como todo bom russo, uma história profundamente psicológica com o drama da entrega ao amor de personagens femininas tão, ao mesmo tempo, fortes e sofridas. Você conta a história em dois níveis, também como um observador da cena pouco acima dos fatos a comentar o que repara nos acontecimentos. Isto, que tem como sentido enriquecer a narrativa Toistiana, achei que tornou a leitura um tanto amarrada. Uma história bonita e triste, bem narrada, mas amigo, faltou-me aquela chama que me trouxesse brilho nos olhos, me encantasse e dissesse uau. Pontos para você pelo trabalho profundo, pelo cuidado com a língua e o idioma. Meu abraço.

  7. Marco Aurélio Saraiva
    10 de setembro de 2020

    Vronski espera na estação de trem para ir embora e, enquanto espera sua locomotiva, pensa em tudo o que fez, na sociedade, critica o mundo, as pessoas, reflete sobre a tristeza e sobre o amor. Então, ao final, desiste e parte para longe da estação.

    Não li Anna Karenina (na verdade, nunca tinha ouvido falar do livro). Talvez se tivesse lido teria capturado um pouco mais do drama de Vronski em seu conto. A verdade, porém, é que o texto não é exatamente um conto. Está mais para uma coleção de memórias e reflexões. Não há trama, apenas uma cena e muito diálogo interno. Para dizer a verdade entendi pouco, quase nada. Você escreve de forma propostialmente complicada, com um fluxo de pensamentos difícil de seguir e, ainda por cima, em prosa poética, cheia de metáforas pouco claras, o que dificulta ainda mais o entendimento.
    Sua escrita é bela. Lendo apenas pelas palavras o texto é exemplar. Mas a verdade é que é uma peça difícil de entender, difícil de acompanhar e difícil de engolir. Cada prágrafo exigia uma releitura e, ao final, estava cansado. O que é uma pena por quê dá para sentir sua dedicação na feitura das frases; na escolha das palavras.

    Enfim, um conto cansativo e cujo objetivo / drama se perdeu, para mim, no meio das frases intrincadas e das poesias em demasia.

  8. Ana Maria Monteiro
    9 de setembro de 2020

    A história de Anna Karenina, olhada de muito longe por Vronski, o seu amante na história de Tolstoi. Tal como no livro, aqui o diálogo interior é uma constante e Vronski, desiludido e esquecido por todos está na eminência hesitante de cometer suicídio. A história começa pelo facto que dá início à trama do livro: o encontro entre Anna e a Mãe de Vronski durante uma viagem de comboio, no fim da qual Vronski aguarda a mãe e Anna é esperada pelo irmão, a fim de dissuadir a sua cunhada de pedir o divórcio devido à traição do marido. Vronski perde-se entre memórias e reflexões enquanto aguarda o comboio para debaixo do qual tem alguma intenção de se atirar, acabando por não o fazer e encerrando o conto com a emblemática frase que lhe dá início, mas transpondo para o plano individual o seu contexto familiar original.

    Olá, Mikhail. Anna Karenina, Tolstoi, pura literatura. Ainda que você não escreva como Tolstoi (mas quem o faria como ele?), apanhou muito bem o seu registo e é nele que desenrola a sua trama, perfeitamente encadeada. Não é de estranhar que Vronski escolha para se suicidar o mesmo meio que Anna usou, tal como não é estranho que acabe por não o fazer, limitando-se e resignando-se à sua infelicidade. Afinal, Vronski é, no livro, o personagem mais próximo de vilão sem escrúpulos. Obrigada pela leitura e boa sorte no desafio.

  9. antoniosbatista
    31 de agosto de 2020

    Resumo de, Por Outros Trilhos – é a história de um homem que medita sobre seus relacionamentos e sua vida, na beira dos trilhos de um trem. A princípio parece que ele espera o trem para se atirar na frente.

    Comentário – Eu não li, ainda, o romance de Liev Tolstói, Ana Karenina e até o final, eu não sabia qual era a referência e se não tivesse lá o nome do personagem, não saberia nunca. Com o nome, pesquisei na Wikipédia e descobri que era personagem de Tolstói. O conto tem muitas reflexões do personagem e pouca lembrança específica, dos fatos que ocorreram para ele estar ali. Há muitos devaneios filosófico e análise íntima que não explicam nada até chegar ao final. É um texto bem escrito, mas as lamentações do personagem ocupam mais da metade do conto. Boa sorte.

  10. pedropaulosd
    31 de agosto de 2020

    RESUMO: Vronski medita sobre o seu caso malfadado enquanto contempla o suicídio.

    COMENTÁRIO: Esperto ter escondido a identidade do protagonista até o último instante. Anna Karenina é uma obra na minha lista, como é o caso de alguns autores russos. Como a escrita é envolvente, fiquei curioso e fui pesquisar. Descobri que o fim da protagonista (cuja morte eu já conhecia) é parecido com o que é descrito aqui, o que mais uma vez demonstra uma homenagem bem pensada, já que o engano de achar que estou lendo sobre ela é reforçado pela semelhança com o seu fim no livro. Suspeito que quem já leu terá a mesma confusão. A escrita é poética, com recursos e metáforas que de vários modos reafirmam a perturbação mental e externa que sofre o personagem, encurralado entre seu remorso e a condescendência alheia. É encantador, mas, como eu disse, é uma reafirmação constante, o que faz da leitura um pouco repetitiva, ainda que preencha o tempo entre a espera e a chegada do trem. Quando o trem chega, a ansiedade é tanto para saber qual será a decisão do personagem (estaria dando uma nova chance para Anna?) como também porque é quando algo finalmente ocorrerá na estória. Mas a escrita é primorosa e emocionante, muito mais um prazer do que um fardo de acompanhar, sobretudo com as sentenças de encerramento, tanto uma retomada das palavras do autor da obra original como também um apoio à conclusão deste conto.

  11. Maria Edneuda Oliveira Pinto ; Claraliz Almadova
    29 de agosto de 2020

    Conto enigmático que em vezes, se confunde com uma crônica reflexiva a respeito de erros cometidos por uma mulher,. Trata-se de um caso de traição, assim como tantos relatados em romances conhecidos na história da literatura sobre o tema.É inacreditável como a sociedade machista condena e sacrifica as mulheres que cometem o desatino de amar.Estas são condenadas mesmo por outras mulheres que tem os mesmos anseios e as mesmas buscas e os mesmos desejos de amor. Remexendo no seu passado , a personagem decide esperar o trem . Vaticinamos que se trate de um caso de suicídio ,embora este seja apenas sugerido, não fique muito claro. O conto apresenta uma linguagem não usual para o gênero, mas termina sendo um bom conto por causa da linguagem sugestiva empregada para relatar o fato principal, o qual perde o protagonismo para as reflexões.Então Vronsky se entrega a outros trilhos de sua história , libertando-se de sua culpa .Nota 5

  12. Giselle F. Bohn
    28 de agosto de 2020

    Um narrador descreve Anna Karenina e suas reflexões em seus momentos finais, enquanto um leitor (?), nas passagens em negrito, reflete sobre a trama.
    O autor coloca Vronski na cena do suicídio de Anna, embora não fique claro de que ele o presenciou.
    Conto bem escrito, sem falhas, mas me soou desnecessariamente prolixo. Não é um texto excitante, mas com certeza não foi esse seu objetivo. De qualquer maneira, é um conto bonito e elegante. Parabéns!

  13. Bianca Cidreira Cammarota
    27 de agosto de 2020

    O conto revela os pensamentos, arrependimentos e reflexão sobre si do protagonista Vronski, tendo como foco seu romance com Ana e suas consequências sociais.
    É uma viagem intimista, linguagem rebuscada e poética, casando com a obra na qual o conto foi baseado. Não li Anna Karerina e nem vi o filme, embora saiba os contornos da história.
    O autor segue o estilo dos escritores do século XIX – e poderia ser de outra forma, já que a obra inspiradora é daquela época? Houve esmero na escrita e talvez eu possa ivisualiizar o autor escrevendo e reescrevendo o conto, para colocá-los nos moldes de um clássico dos 1800. Deve ter sido difícil um ser do século 21 imergir no século 19…! Admiro seu trabalho. Não consigo nem imaginar a dificuldade de construir um texto fora de seu tempo!

  14. Anderson Do Prado Silva
    25 de agosto de 2020

    Resumo:

    Mulher embarca em um trem, imprimindo novo destino à sua vida. Na estação, rememora e reflete sobre suas ações e escolhas passadas.

    Avaliação:

    (Autor, não leia o presente comentário como crítica literária, pois se trata apenas de uma justificativa para a nota que irei atribuir ao texto.)

    O autor possui pleno domínio da língua e das técnicas de narração; é um escritor “pronto”. Fiquei muito impressionado!

    O texto está muito bem revisado!

    Receberá nota alta!

    No contexto do desafio, não me ficou claro de qual ficção (“fic”) o autor seria fã (“fan”), de modo a justificar sua “fanfic”. Certamente, o desconhecimento é meu.

    Senti falta de um enredo que imprimisse ritmo mais acelerado à narrativa.

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!

E Então? O que achou?

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

Informação

Publicado às 24 de agosto de 2020 por em FanFic, FanFic - Grupo 2 e marcado .
%d blogueiros gostam disto: