EntreContos

Detox Literário.

Juliana de Outrora Alhures (Rubem Cabral)

Foi no quase distante ano de 1964 que ela nasceu. Se menino fosse, seria Rômulo Jr., e não se falava mais disso. Se menina, Seu Rômulo Gregório, o pai,  queria homenagear a própria mãe, e sugeriu o nome Eunice. Entretanto, Dona Etelvina Silva Gregório, a futura mamãe, que nunca foi de ceder a ninguém quando tinha opinião formada sobre qualquer assunto, ignorou a homenagem à sogra querida e resolveu chamá-la Juliana, porque era esse o nome que ela mesma queria para si quando pequena, pois, convenhamos, Etelvina não é lá o nome mais bonito do mundo, em especial em sua cidade natal, Curitiba, onde ganhara o apelido de Vina, que ela, certamente, detestava.

Estava decidido: seria Juliana Gregório, como numa indecisão maluca sobre o tipo de calendário a adotar.

O bebê deveria então – segundo cálculos do obstetra – nascer sob o signo de touro, no fim de abril ou início de maio. Mas a agitação daqueles dias, com tanques nas ruas, manifestações, e a ameaça de algo mau no ar, acabou por adiantar a chegada de Juliana para a segunda semana de abril. Uma ariana, no ano do dragão, que deveria ser taurina em condições CNTP. Seria então impaciente e comilona? O tempo então diria, se é que horóscopo serve mesmo para algo além de quebrar o gelo em festas.

***

Dizem que devemos deixar as crianças serem crianças, pois terão quase toda a vida restante como adultos, já que a infância não volta jamais. Juliana teve uma infância bem normal, de família de classe média baixa: uma vez por ano na colônia de férias do sindicato dos comerciários, passeios de Kombi a Juiz de Fora ou à praia de Grumari. Visita aos primos em Niterói ou Bangu. Caro colégio particular, porque conseguira uma bolsa de 50%.

Não era muito magra ou gordinha, nem alta ou baixa. Cabelos castanhos escuros, olhos idem, pele que ficava bem castanha quando ia à praia, levemente míope. Era inteligente nas matérias de exatas e um bocado turrona com história, em especial quando tinha que decorar datas. Estudou inglês no CCAA, teve o primeiro namorado sério com 17 anos, quando passou no vestibular na estadual, mas só transou com 21, porque a família era chata e conservadora, e porque com 21 ela não “dava mesmo mais bola pra isso”.

Formou-se em Química, casou-se com um colega de universidade, o Saulo, com 27. Ele, o Saulo, era muito alto e magrelo, tinha o nariz adunco e a fazia rir o tempo todo, mesmo quando ele não tinha a intenção. Com trinta anos nasceu o Pedrinho, com trinta e dois, a Lorena, a Lôlô.

Com trinta e três, quando ela finalmente cedeu e resolveu ir ao encontro anual da turma de Química, foi quando as coisas começaram a ficar estranhas.

***

— Juliana?! – uma mulher meio gorducha a abordou logo que entraram no restaurante.

— Oi. Martinha? É você? – em verdade, Juliana mal a reconheceu.

— Mas, mas, meu Deus, como é possível? Você não mudou absolutamente nada! NADA! Me ensina o que anda fazendo, sua danada! Que cremes mágicos são esses? Tá com quantos anos agora?

— Trinta e três…

— Porra, eu não daria mais que 18 ou 19! Waltinho, Zeca, venham cá! Vocês precisam ver isso!

E assim aconteceu quando encontrou quase todo mundo. Em verdade, Juliana já estava incomodada há tempos. Lembrava sempre, por exemplo, de ter a identidade na carteira, pois sempre era pedida nos cinemas em filmes com censura para maiores, ou quando pedia algo para beber, ou quando iam a algum motel. Era constrangedor para a mãe de dois filhos, já balzaquiana, ter que ser submetida àquelas pequenas humilhações cotidianas. Isso fora as péssimas cantadas de garotos cheios de acne na cara, convidando-a para um sorvete, um “rolê” ou um cineminha.

“Mocinha, posso falar com seu pai?” – diria o senhor instalador da tevê a cabo, “Oh, meu Deus, tão novinha e já com dois pimpolhos!” – diria uma freira na rua, já com olhar julgador de quem não concordava com a suposta gravidez adolescente.

No trabalho, muitas vezes tinha que elevar a voz ou vestir-se de forma pouco jovial, para conseguir impor algum respeito, o que já era meio que regra para mulheres, mas que ficava pior em seu caso. Ainda assim, funcionários novos e estagiários a confundiam o tempo todo. Resolveu pintar uma mecha do cabelo de cinza, para disfarçar a cabeleira que nunca tomou conhecimento do que era um fio grisalho. A medida surtiu algum efeito por certo tempo.

***

No aniversário de 45 anos do Saulo, quando ela já tinha 44, o Juca, um primo do marido, tipo sem-noção, depois de meras duas cervejas, comentou: “O Sau parece mesmo um sugar daddy, mas sem a grana pra bancar as “novinha”, hahaha. O Pedrinho, deste tamanho todo, tem que tomar cuidado também, pois vão pensar que a Juju é sua namorada”.

Alguns olhares reprovadores fizeram Juca voltar sua atenção a uma terceira cerveja e a ficar quieto em seu canto. “É por isso que tá sozinho até hoje”, cochichou a Tia Carla ao Tio Joaquim.

Naquela noite, Juliana não pôde evitar de conversar quando estavam deitados.

— É óbvio que tem alguma coisa estranha comigo, Sau. É normal alguém aparentar mais nova, uns cinco ou até dez anos, mas olha pra mim: visto 38. Como feito uma loba e não engordo! Tenho metabolismo de adolescente! Não tenho rugas de expressão, manchas, fios brancos. Olha minhas mãos, meu pescoço, meus olhos. Todo mundo da minha idade tem alguma marca deixada pelo tempo. Minha mãe, coitada, já aparenta ser minha avó. E o Juca não tava de todo errado. Se eu sair de mãos dadas com o Pedrinho, vestindo jeans e camiseta e falando gírias, vão pensar mesmo!

— Bem, eu não acho nada mau. Um monte de mulheres da sua idade daria um braço ou uma perna para não envelhecerem.

Diante do olhar preocupado da esposa, ele mudou o tom: — Desculpa. Humm. Tive uma ideia: lembra do Sergio Lopez? Um amigão meu lá da faculdade. Ele se formou em biologia e depois fez pós e mestrado em genética. Soube que trabalha num laboratório estrangeiro. A gente poderia falar com ele. De repente ele conhece alguém, ou pode recomendar alguma coisa, um exame, sei lá.

— O Sergio “Chileno”? Aquele que fala pelos cotovelos? Bem, ok, o que fazer? 

***

Depois de conversarem com o doutor chileno, umas duas semanas após a coleta de material para um exame caro, ele os chamou para conversar. Estava visivelmente nervoso.

— Então, vocês tão vendo esta coisa enrolada na extremidade do cromossomo? – ele apontava com a caneta numa enorme tela para um novelo com formato aproximado de X — São seus telômeros. E eles normalmente vão encurtando conforme envelhecemos, a cada divisão celular – ele fez zoom na imagem. — Mas os seus telômeros, Juliana, são longos demais para sua idade, são resultado de alguma mutação que eu nunca vi, pois parecem terminar num nó cego, com alguma proteína esquisita colando tudo – tá vendo? – e talvez não se encurtaram desde que você nasceu. 

— E isso significa… – Juliana começou a formular a pergunta.

— Significa que – puta madre, no puedo creer que vaya a decir eso – que é possível, veja lá, que você seja biologicamente imortal. Que poderia morrer em algum acidente, é claro, mas não de envelhecimento natural.

Ficaram os dois calados por quase um minuto. Imploraram ambos sigilo ao Sergio, que concordou, em parte para poder investigar sozinho e em segredo, e também por cobiçar algo grande, talvez um Nobel num futuro próximo. Solicitou, contudo, mais material biológico para pesquisa: sangue, amostras de tecido, sempre que necessário.

***

Na noite seguinte, convidaram a família para conversar. Não só o núcleo principal, mas também avós, primos, tios e tias. Precisavam se proteger, precisavam planejar o porvir. Todos tinham caras preocupadas. Imaginavam talvez num problema de saúde, ou algo grave assim. Juliana começou a falar:  — Todo mundo já deve ter notado, há muito tempo, que eu não envelheci. Tenho a mesma cara desde os 18, 19. Tenho espinhas, às vezes, nunca pintei o cabelo para esconder cabelos brancos porque não os possuo. Então, fiz um exame genético e descobri que tenho uma mutação. Alguma coisa no meu DNA. Eu não vou envelhecer, aparentemente. Minhas células vão continuar a se copiar, sem falhas. Não sei quanto tempo eu vou viver, mas talvez seja muito, muito mais que vocês. Talvez eu viva para enterrar todos vocês! – as lágrimas vieram e sua voz ficou embargada.

Saulo interveio: — A gente não quer publicidade, não quer a imprensa ou os jornais. Os curiosos, os religiosos malucos que vão aparecer. A Juliana logo vai parecer mais nova que os filhos, vai parecer minha neta, e temos que escondê-la, temos que nos ajudar.

O Tio Joaquim, que era da Polícia Federal, levantou a mão e pediu para falar: — Ela vai precisar de uma nova identidade, Sau. Vocês precisarão mudar daqui também, para algum lugar onde não sejam conhecidos. A Juju terá que ser apresentada como sua sobrinha, enteada, não sei. Eu posso ajudar com isso! 

***

Em 2020, já estavam vivendo em Montevidéu, com nomes distintos. Juliana então parecia irmã mais nova de Lôlô e Pedrinho. Dois anos depois, Lorena teve um bebê e foi viver com o namorado. Em 2039, Saulo morreu. Em 2042, ela soube que Sergio morrera também, sem ter ganho o tal Nobel.

Em 2050, Pedro, que nunca casou, a apresentava como sua filha, anos depois, como neta. Em 2077, depois de três anos que tinham mudado – somente os dois – para Petrópolis, Pedro morreu. Juliana poderia então até se passar, se conveniente, por filha de seu neto uruguaio, Carlito.

Em 2099, adquiriu uma casa isolada e autossustentável numa remota área de reflorestamento, com autômatos ajudantes para cuidar dos animais e da lavoura. Produzia e vendia laticínios éticos e raros vegetais “originais”, sem alterações genéticas. De tantos em tantos anos, assim como quem troca de carro, abria uma nova conta sob outro nome, transferia os fundos, e “matava” a identidade anterior. 

***

Comemorava-se a chegada do ano 2264. Os céus do mundo eram iluminados à noite pelo anel dos estaleiros espaciais e pelas nuvens de microsatélites. Veículos flutuantes e movidos a hidrogênio passavam alegres pelo ar. Marte e Titã já tinham colônias há quase cem anos, uma sonda não tripulada explorava os sistemas planetários de Alfa Centauro. As pessoas viviam em média por mais de um século, e os planos de aposentadoria e fundos de pensão tiveram todos que ser revistos. Temas como poluição, aquecimento global, superpopulação, guerras, felizmente foram resolvidos há muito, embora não tão suavemente como poderiam ter sido.

Ela então ainda era fértil, mas não pretendia ter mais filhos, ou relacionamentos. Não desejava a experiência de ter que enterrar mais ninguém querido. Em razão disso, não tinha cães ou gatos, que apenas durariam um piscar de olhos.

No dia em que comemoraria seu tricentésimo aniversário, Juliana acordou de um sonho bom. Saulo a fazia rir, como sempre. Pedrinho era um menino tímido, carinhoso e teimoso. Lorena, rebelde e doce. Lembrou-se de todos, dos pais, de suas personalidades, que estavam tão vivas em suas memórias. Pensou também nos descendentes que tinha por aí e que desconheciam sua história invulgar. Refletiu sobre a sorte deles, por poderem envelhecer no tempo correto, por não terem que se despedir e seguir, sozinhos, sempre sozinhos, pela estrada que parecia não ter fim.

Até quando? Era a pergunta que lhe tirava o sono. E esse era um escape da realidade que lhe era tão caro!

Lavou o cabelo. Secou-o com um aparelho de secagem instantânea cuja tecnologia era completamente exótica para si. Então, ao se observar no espelho enquanto os escovava, encontrou uns quatro ou cinco fios grisalhos. Avidamente, observou a seguir o canto dos olhos, e sim, lá estavam elas: duas rugas em cada, ainda que muito discretas. 

Juliana sorriu e chorou de alegria. A estrada, repentinamente, revelou-se finita. Segredou-lhe, enfim, ter uma paragem final: “Até um dia desses.”

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21 comentários em “Juliana de Outrora Alhures (Rubem Cabral)

  1. M. A. Thompson
    11 de abril de 2020

    Olá autor(a)!

    Antes de expor minha opinião acerca da sua obra gostaria de esclarecer qual critério utilizo, que vale para todos.

    Os contos começam com 5 (nota máxima) e de acordo com os critérios abaixo vão perdendo 1 ponto:

    1) Implicarei com a gramática se houver erros gritantes, não vou implicar com vírgulas ou mínimos erros de digitação.

    2) Após uma primeira leitura procuro ver se o conto faz sentido. Se for exageradamente onírico ou surrealista, sem pé nem cabeça, lamento, mas este ponto você não vai levar.

    3) Em seguida me pergunto se o conto foi capaz de despertar alguma emoção, qualquer que seja ela. Mesmo os “reprovados” no critério anterior podem faturar 1 ponto aqui, por ter causado alguma emoção.

    4) Na sequência analisarei o conjunto da obra nos quesitos criatividade, fluidez narrativa, pontos positivos e negativos, etc.

    5) Finalmente o ponto da excepcionalidade, que só darei para aqueles que realmente me surpreenderem. Aqui, haverá fração.

    Dito isso vamos ao comentário:

    TÍTULO/AUTOR: 6. Juliana de Outrora Alhures (Gary Oldman)

    RESUMO: O conto é sobre Juliana que se descobre imortal, ou quase.

    CONSIDERAÇÕES: Achei criativo e angustiante a narrativa de alguém que se descobre imortal, cujo preço é ter que se esconder da humanidade e enterrar todos aqueles que um dia lhe foram caros.
    Achei ótima a ideia de, no final, sugerir que após trocentos anos ela finalmente apresentou sinais de envelhecimento e em algum momento poderia enfim se juntar aos seus. Parabéns.

    NOTA: 5.0

    Independentemente da avaliação aproveito para parabenizar-lhe pela obra e desejo sucesso na classificação.

    Boa Sorte!

  2. Daniel Reis
    10 de abril de 2020

    6. Juliana de Outrora Alhures (Gary Oldman)
    Tema: a ausência do envelhecimento.
    Resumo: Juliana tem uma rara condição: descobre que não envelhece. Com isso, tem que se disfarçar em sobrinha do seu marido, neta do seu filho, e assim por diante, até que finalmente, depois de sofrer com a perda de todos que amou, começar a envelhecer.
    Técnica: a premissa é bacana, ainda que lembre, paralelamente o Homem Bicentenário, com o dilema da vida muito mais longa do que a dos seres amados. Em alguns pontos, o autor demonstra ótimo humor e observação. Em outros, o excesso de informações secundárias não contribui com a história – e a parte da reunião familiar para contar sobre a condição dela também é bastante improvável.
    Emoção: um texto bom de ler e bem construído, ainda que não tenha me encantado por completo, recomendaria a leitura a quem gosta de ficção científica.

  3. Valéria Vianna
    10 de abril de 2020

    O conto relata os prós e contras de uma mulher que aparenta ser bem mais jovem do que a idade que de fato tem e que acaba descobrindo, numa consulta médica, que possui uma mutação genética que a faz praticamente uma mulher imortal, vendo netos e bisnetos morrerem antes dela. Até que um dia, uma ruga e um fio de cabelo branco são sinais de alegria.

    Nota: 4,5

    Outro que, bem escrito, parece falar mais de eterna juventude, com pegada futurista, do que de envelhecer. Interessante a solução que o autor dá à personagem: constantemente fugitiva de sua condição. Sua maldição de ver todos morrerem lembra muito a parte final do filme “À Espera de um Milagre”… guardadas as diferenças de contexto, claro.

  4. Fernanda Caleffi Barbetta
    9 de abril de 2020

    Resumo
    O conto fala sobre Juliana que descobre, já aos 44 anos de idade, que possui uma mutação genética que impede que ela envelheça. Com isso, ela passa alterar sua identidade, muda de cidade e presencia a morte de seus entes queridos. Até que ao completar 300 anos, ela descobre os primeiros fios de cabelo brancos e as primeiras marcas de expressão no rosto.

    Comentário
    O conto está bem escrito, tecnicamente não encontrei falhas. Gostei da sua ideia de falar sobre o envelhecer reverso, a protagonista que não envelhece e que acompanha o envelhecimento à sua volta. Boa sacada para sair do convencional que era esperado no desafio.
    O que me incomodou foi que temos a informação de que Juliana não era imortal, que a sua mutação impedia o envelhecimento do seu corpo. Mas e as doenças? Não ficou claro o porquê de ela não ter tido nenhuma doença em 300 anos. Se podia morrer em um acidente de carro, poderia morrer de alguma doença? Fiquei com esta dúvida. Quantos morrem realmente de velhice, porque o corpo simplesmente para de funcionar?

    Neste parágrafo, acredito que a substituição de “com” por “aos”, seria mais correta e deixaria o texto mis claro. “Formou-se em Química, casou-se com um colega de universidade, o Saulo, com (aos) 27. Ele, o Saulo, era muito alto e magrelo, tinha o nariz adunco e a fazia rir o tempo todo, mesmo quando ele não tinha a intenção. Com (Aos) trinta anos nasceu o Pedrinho, com (aos) trinta e dois, a Lorena, a Lôlô.”

    De tantos em tantos anos, assim como quem troca de carro, abria uma nova conta sob outro nome, transferia os fundos, e “matava” a identidade anterior. – ela encontrou outra pessoa na polícia que a ajudou com isso?

  5. Amanda Gomez
    9 de abril de 2020

    Olá!

    Resumo 📝 A história de uma mulher que não envelhece. Após a confirmação desse fato, passa a viver a vida clandestinamente, vendo seus entes queridos partir. O tempo passa, o mundo muda e ela ainda está ali. Mas felizmente começou a aparecer fios brancos em seu cabelo. A espera ia acabar.

    Gostei 😁👍 É o tipo de história que me agrada, li sem entraves bastante interessada em tudo o que viria. Juliana tem uma história interessante. A escrita é ótima me mantive atenta e curiosa, não vi o tempo passar. Ficou com aquela lacuna boa de querer uma continuação, sobretudo pelo potencial.

    Não gostei🙄👎 A história na vertente sci=fi é muito comum, já li e assisti muitas coisas parecidas, mas não é isso o incômodo, foi mais porque eu esperava algo mais original..não gosto de usar essa palavras, mas se me faço entender bem, achei a trajetória da personagem bastante linear para a complexidade do caso. A vida infinita pareceu não agregar em nada a sua personalidade, ela não fez coisas grandiosas, parece que nem tentou, só viveu a vida como uma pessoa normal sem perspectiva. É um pouco frustrante, pq chegou ao tempo futurista com carros voadores e ainda assim não se nota nenhum destaque a sua história. Não fosse sua felicidade com os fios brancos até duvidaria que ela tinha algum sentimento. Com uma história comum, se espera sempre que o personagem faça a diferença. Tudo bem que são apenas duas mil palavras, mas sei lá.

    Destaque📌 “Ela então ainda era fértil, mas não pretendia ter mais filhos, ou relacionamentos. Não desejava a experiência de ter que enterrar mais ninguém querido. Em razão disso, não tinha cães ou gatos, que apenas durariam um piscar de olhos.”

    Conclusão = 😅 História envolvente e bem escrita, mas sem muita força, sobretudo por causa da protagonista.

  6. Priscila Pereira
    7 de abril de 2020

    Resumo: Juliana descobre que é supostamente imortal, vive trezentos anos e percebe que começa a envelhecer.

    Olá, Gary!

    Eu gostei bastante do conto! Bem original no certame, mesmo que parecer bastante com um filme aí…
    A história é bem contada, apesar de grande demais para um conto, não ficou tão corrido, deu para dar um panorama geral da vida e da família, mas não deu tempo de nos apegarmos aos personagens, de sentir a dor dela de enterrá-los, claro que não é sua culpa e sim do limite, o conto parece bem maior do que as 2 mil palavras. Ponto pra você!
    Gostei do final, as coisas do futuro parecem bem interessante!
    Parabéns e boa sorte!

  7. Fabio
    7 de abril de 2020

    JULIANA DE OUTRORA ALHURES (GARY OLDMAN)

    Resumo: Uma personagem que não pode envelhecer. Ao longo da narrativa ela vai vivenciando entre situações que a deixam feliz o sentimento de perda que ocorre toda vez que percebe que o tempo lhe mostra um fluxo inverso.

    Comentário: Uma bela ficção. Um modo de envelhecer ao contrário. Apesar de jovem, o espirito de Juliana sofre por não poder seguir com a normalidade da vida.
    Gostei da forma como o autor(a) explorou bem o cenário, construindo cenas bem descritas para o futuro e deixando nas entrelinhas mensagens ocultas que nos levam a querer entender o que, de fato, está acontecendo.

  8. Felipe Rodrigues
    7 de abril de 2020

    Mulher que não envelhece tem sua história contada por gerações e mais gerações, sempre atrelada aos entes queridos e lugares em que viveu. Ao fim, percebe-se mortal.

    Interessante a empatia gerada pelos personagens nos primeiros parágrafos, quando ela ainda mantinha a primeira família e então a descoberta da mutação torna o conto bem atrativo. Porém, após a reunião, o tempo se passa abruptamente e nos vemos distanciados da jornada que antes eram tão próxima à protagonista. Se a intenção era propor a volatilidade do tempo e das paisagens, isso pelo menos comigo não funcionou. Ao final, a descoberta repentina de que ela ganhou normalidade também não suscitou a questão a respeito do envelhecimento de forma crítica ou controversa.

  9. Marco Aurélio Saraiva
    5 de abril de 2020

    Desculpe a quantidade exorbitante de erros de digitação no meu comentário. Eu revisei o comentário mas postei a edição não-revisada!! rs rs rs

  10. Marco Aurélio Saraiva
    5 de abril de 2020

    Juliana era uma menina aparentemente normal mas logo descobriu uma mutação genétiaca que possuía que a fazia viver para sempre. Seguiram-se trezentos anos de angústia, onde ela viu seus amados crescerem, envelherecem e morrerem, sem nada poder fazer. Logo encarou sua imortalidade como uma maldição, até descobrir qu enão era imortal de verdade e, em um paradoxo incrível, ficou aliviada poder descobrir poder morrer.

    Estou achando incríveis as visões diferentes do tema que estou vendo neste desafio. O seu conto é maravilhoso por quê fala da importância da velhice – de como nossa vida tem um ciclo e de não fomos feitos para viver para sempre, Você guia o leitor em uma angústia crescente enquanto Juliana ficava cada vez mais solitária, até o ponto de que eu mesmo, quando descobri que ela enfim envelhecia, fiquei aliviado! Um paradoxo muito interessante que você praticamente “planta” na mente do leitor!

    Sua escrita é muito boa: simples, direta, gostosa de ler e com o tom correto. O texto iniciou cômico para quebrar o gelo mas logo adentrou na profundidade que o conto pedia. Apesar de não ser nada muito inovador – isto de ver a imortaliade como uma maldição – o seu conto é diferente por que é “pé no chão”, mostra uma pessoa que só quer ser normal e tenta, a todo custo, viver assim.

    Excelente!

  11. Elisa Ribeiro
    3 de abril de 2020

    Mulher, cujo DNA carrega uma mutação genética que provoca o não envelhecimento de suas células, sobrevive à própria família e aos descendentes até, enfim, observar enfim alguns sinais que indicam a finitude de sua vida.

    Minhas impressões de leitura variaram muito ao longo do conto. O começo, confesso, não me empolgou. Muitas digressões que no desenrolar da trama comprovaram não agregar nada à história.

    Superado o início, adorei o desenrolar do enredo. A narrativa muito bem conduzida, a explicação “científica”, os impactos nas relações familiares; achei criativa e fluida a forma como você entregou esses elementos aos leitores. Fiquei empolgada. Eu poderia dizer que faltou profundidade na narrativa por não iluminar a interioridade da personagem. Mas considero que para o tipo de enredo, a fluidez da narrativa surtiu um impacto que nem me fez sentir falta desse, digamos, aprofundamento psicológico da personagem.

    O final, não consegui identificar de onde, se de literatura ou cinema, me causou a impressão de já conhecer a história, daí um rebaixamento do impacto que o miolo do conto havia me causado.

    É um bom conto, cujo destaque para mim é a criatividade e a fluidez da narrativa.

    Parabéns pela participação. Desejo sucesso no desafio e em tudo mais. Um abraço.

  12. Cilas Medi
    3 de abril de 2020

    Olá Gary Oldman.
    Uma extraordinária aventura para uma mulher, do nascimento, crescimento e todas as facetas conhecidas para a procura de um ideal, sonho ou felicidade.
    A outra condição maior, ser imortal. Na genética, procurou e achou no DNA, razões para continuar “ad infinitum”. A realidade da sua particularidade foi se desdobrando em ser filha, neta, bisneta e tataraneta, mudando de tempos em tempos, conforme contava os anos, as tristezas e as alegrias de participar nessa evolução.
    Um misturar de ficção científica com uma forma clara, distinta, emocional e fluente no conto que celebra a vida a todo tempo, amparada no destino certo da humanidade que é a morte.
    A vida ajuda quando parece que a razão de estar viva irá continuar. Um fio de cabelo branco inicia uma justa alegria. A estrada, afinal, tem um fim.
    Um clima de angústia, mas justo interesse e despertar para acelerar a leitura para saber o final. E foi ótimo ler, cada palavra forte nos sentimentos.
    Acompanhei cada gesto.
    Parabéns!
    Sorte no desafio. Pode ganhar, se quiserem.

  13. Fernando Cyrino
    3 de abril de 2020

    Que história, Gary Oldman! Caramba, gostei muito do enredo e da maneira como você foi conduzindo a narrativa. Aliás, como você foi me levando até que houvesse o clímax da história e ai, confesso que fiquei achando que um conto tão bacana merecia um final mais forte. Sim, Gary, eu fiquei com o sentimento que a sua história perdeu força no último parágrafo. Achei que seu conto merecia mais. Grande abraço. Feranndo.

  14. Luciana Merley
    30 de março de 2020

    Olá, autor.
    A inusitada história de uma mulher que não envelhece. Devido a alterações genéticas, a protagonista permanece jovem e observa tudo envelhecer ao seu redor, e morrer. Mais de 300 anos de vida e a angústia de ver tudo o que ama se acabar. Até que ela percebe que nem tudo está perdido e vislumbra a finitude da vida, com grande alívio.

    AVALIAÇÃO: Utilizo os seguintes critérios: Técnica + CRI (Coesão, Ritmo e Impacto) sendo que, desses, o impacto é subjetivo e é geralmente o que definirá se o conto me conquistou ou não.

    Técnica – Destaco a linguagem bem construída, sem rodeios e fluída. Outro destaque é o uso da técnica de aceleração da narrativa, em que anos são contados em uma só linha.

    CRI – A narrativa é coesa, sem desperdícios de explicações ou descrições, nem tão pouco divagações sobre o passado. O ritmo é muito bom, facilitado pela técnica de aceleração da linguagem que nos dá uma estranha, mas propícia sensação de aceleração do tempo, só que ao contrário. O impacto do texto é sem dúvida a angustia pela infinitude. Sou caçula numa família enorme e às vezes me pego pensando que, se tudo correr como o natural do tempo, eu serei a que sangrarei mais. Essa é um terrível sensação. E o texto me toca muito nesse ponto. Ao mesmo tempo, a morte é a maior angústia e uma grande necessidade do ser humano.
    O impacto, contudo, foi prejudicado pela reviravolta no final. A sensação de angústia perde força e com isso o texto torna-se menos potente, ao meu ver.
    Mas, não é algo que diminua sua qualidade, de modo nenhum.

    Parabéns.

  15. Jorge Miranda
    29 de março de 2020

    Juliana nasce em 1964 e por causa de uma “anormalidade” genética ela não envelhece. Os anos vão se passando e Juliana aos poucos vai perdendo todos aqueles que ama.
    Parabéns pela escolha da ilustração da moça-velha (uma figura ambígua, muito usada pela abordagem gestáltica em psicologia para ilustrar a noção de figura-fundo) que tem tudo a ver com o que você pretendia desenvolver no texto.
    Temos aqui um conto com uma pegada FC. Não diria que é um texto plenamente original (acho que nada é 100% original) mas que funcionou bem. Vc construiu um texto fácil de ler, mas acredito que a passagem de tempo de 2020 a 2264 ficou um tanto quanto apressada, falo isso porque senti falta de um maior desenvolvimento das perdas que a personagem vivenciou.
    Parabéns pelo texto e atribuo a nota 3,0.

  16. Gustavo Araujo (@Gus_Writer)
    29 de março de 2020

    Resumo: a história de Juliana, a mulher que não envelhece, desde seu nascimento até o ano em que completa seu tricentésimo aniversário, quando finalmente começa a envelhecer.

    Impressões: a ideia é muito boa, apesar de clichê. Na verdade, quase escrevi sobre o mesmo tema. Bem, o que gostei aqui foi o tempero científico, que explica o motivo do não envelhecimento, essa alusão aos telômeros e à ausência de encurtamento. Isso está presente na primeira parte do conto, onde a surpresa pela descoberta provoca no leitor uma espécie de identificação com a protagonista, especialmente no trecho em que ela diz que enterrará todos os seus conhecidos.

    A segunda parte, contudo, sucumbe ao limite do desafio. A narrativa acelera, sem tempo para maiores digressões. Passa-se dos quarenta e poucos para os trezentos anos num piscar de olhos. Os dramas são mencionados apenas de longe, sem maiores aprofundamentos, o que é uma pena, pois a situação poderia ser mais bem explorada caso o limite de palavras fosse maior. Talvez seja uma boa ideia investir neste texto num momento posterior, quando já estivermos libertos destas amarras.

    Nota: 3,5

    OBS: esqueci de falar, mas a piada com a “vina” dos habitantes de Curitiba foi muito boa.

  17. Regina Ruth Rincon Caires
    29 de março de 2020

    Juliana de Outrora Alhures (Gary Oldman)

    Resumo:

    A história de Juliana, filha de Rômulo Gregório e de dona Etelvina, casada com Saulo, mãe de Pedrinho e Lorena (Lolô). O texto gira em torno da “imortalidade” de Juliana.

    Comentário:

    Não sou muito familiarizada, mas acredito que estou diante de um conto de FC. E escrito por um colega de Exatas. A sigla CNTP (Condições Normais de Temperatura e Pressão) me obrigou a pesquisar, e o trem faz parte da danada da Física.

    A imagem escolhida é fantástica. É possível enxergar o perfil de uma moça de cabelos longos e, dependendo da perspectiva, o perfil de uma bruxa.

    Quanto ao pseudônimo (Gary Oldman), só fiquei sabendo que é ator, diretor e mais algum “or”, brilhou como Sirius Black (que era de família de bruxas) na saga Harry Potter, e também como o tirano futurista em “O Quinto Elemento”.

    É um trabalho muito bem elaborado, inteligente, o enredo é bem construído. O texto propicia uma leitura fluente, prazerosa. A história de Juliana, que descobriu ser “imortal”, é uma caminhada de muita dor. Perder os amores, ficar só, tudo é motivo para desespero, mas não nesta narrativa. O contar é calmo, sem drama. Tem até qualquer coisa de “engraçado” na fala do médico “boliviano”.

    O desfecho é bem construído, traz de volta o “humano” que existe em nós.

    Parabéns, Gary!

    Boa sorte no desafio!

    Abraços…

  18. Pedro Paulo
    29 de março de 2020

    É um conto que passa rápido. Lemos sobre a vida da personagem titular a partir de aspectos casuais, até o pondo em que se apresenta aquilo que é estranho e que o casual para de ser banal para indicar algo muito mais particular. Não, talvez a aparente juventude da protagonista não seja tão aparente assim.

    As consequências da imortalidade logo vieram, uma das mais clássicas aparecendo logo, a de viver para além daquilo que se ama. Ainda assim, acredito que o ritmo rápido – natural, pelo limite de palavras – atenuou o impacto que poderíamos ter sentido e que, desse modo, teria sido melhor economizar um pouco do narrado no início para nos dar mais espaço para sentir as perdas da personagem.

    Ainda assim, um bom conto, bem adequado ao desafio.

  19. Angelo Rodrigues
    28 de março de 2020

    Juliana de Outrora Alhures (Gary Oldman)

    Resumo: Juliana experimenta a quase imortalidade. Descoberto o seu defeito genético, ela teria que conviver com a ideia de que poderia não morrer. Enterra marido, filhos, netos, e a vida segue, até descobrir que a morte, finalmente, em algum lugar do tempo, a aguardava.

    Comentários: Conto bem legal, contando a história de uma mulher que, por decorrência de uma mutação genética, torna-se quase imortal.
    Boa construção. O ritmo é legal e não tive dificuldade alguma para ler e entender onde o autor pretendia me levar. E o fez com maestria (salvo pelo juliano / gregoriano, que achei desnecessário, um pouco excessivo).
    O conto relata uma das mais (talvez) terríveis experiências que um ser humano pode ter, que é ter que enterrar todos os seus seres amados. O autor, passa batido por isso, não era o seu foco, o que não foi errado. A ideia adotada foi virar de cabeça para baixo a ideia de “envelhecer”, adotando a ideia do não envelhecer. Isso foi bastante apropriado.
    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.

  20. antoniosbatista
    27 de março de 2020

    Resumo: O conto é a história de uma mulher que não envelhece. Ela vive com os parentes durante anos, fingindo às vezes que é filha, outras vezes que é neta, sobrinha. Etc. enquanto os parentes morrem. No dia em completa 300 anos, ela descobre alguns fios de cabelos brancos, é quando começa a envelhecer.

    Comentário: Histórias de pessoas que não envelhecem, não é novidade, já li muitas, inclusive de vampiros que vivem séculos jovens, sugando o sangue alheio. O argumento não traz nada novo no tema. Se fosse um romance, uma história mais comprida, talvez o autor pudesse inserir outros detalhes, contando a dificuldade de viver em sociedade nos seus mínimos detalhes. Mesmo assim, seria difícil evitar clichês. O final é previsível e não surpreendeu. Boa sorte.

  21. Julia Mascaro Alvim
    25 de março de 2020

    Juliana nasce em 1964.Formou-se em química e casou-se com Saulo, colega de universidade. Tiveram Pedro e Lorena. Passado o tempo, o casal foi ao encontro anual da turma de química. Porém Juliana aparentava ser mais jovem que seus colegas. Vivia dessa forma, até resolver fazer um exame genético. Foi diagnosticado uma alteração nos telômeros que a impedia de envelhecer. Ela revela o fato à família que toma precauções para protegê-la.Ela e Saulo mudam de vida. O tempo passa , Saulo morre. Depois, ela aparentava ser filha de seus próprios filhos. E depois ainda, neta. Pedro morre. Discorre a vida a chegar num futuro e ela ainda jovem de aparência apesar da idade avançada de 300 anos. Até , certo dia reparar frente ao espelho alguns fios brancos em seu cabelo e pequenos sinais de rugas.. Assim , ela conclui ser uma pessoa finita.
    A trama é interessante e extrapola os limites da realidade. O autor cativa com sua narrativa. nota 04.

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Publicado às 22 de março de 2020 por em Envelhecer, Envelhecer - Grupo 1 e marcado .
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