Tacarantu, PE – 1922
Na pequena cidade, gritaria e correria ouvia-se pelas ruas.
– Vamu embora daqui homi! Isso não é lugar decente pruma família – A mulher protegia uma criança em seu colo, incomodada com as raparigas ao redor.
– Não tem jeito, mulé. O bando de Virgulino Ferreira tá por aí, dizem que eles não atacam bordéis. Vamos ficar aqui até eles irem embora – o homem falava sem muita convicção, olhando preocupado para o filho, aninhado nos braços da mãe.
– E de onde você tirou isso? – retrucou a esposa, indignada.
No lugar da resposta, a porta do bordel se escancarou num baque e três homens entraram. Trajavam chapéus de couro com abas torcidas para cima, moedas ornavam-lhes a fronte e a farda marrom lhes identificavam: cangaceiros.
Um deles se adiantou. Era jovem, bonito e robusto, possuía um queixo quadrado e uma mandíbula possante, os cabelos loiros brilhavam à luz do sol.
– Era só pagar o resgate e tudo ficava bem… – falou ele – … mas o prefeito daqui num se importa com a vida d’ocês. Parece que uma lição tem que ser ensinada!
– Faz isso não, seu Corisco… – um velho choramingou.
O jovem rapidamente puxou seu rifle e alvejou o velho que falara. Um verdadeiro massacre começou. Pessoas corriam tontas enquanto os cangaceiros abatiam uma a uma, sem distinguir cor, sexo ou idade.
– Corre lá pra cima e se esconde! – Gritou a mãe para o filho, segundos antes de receber um balaço nas costas, que a derrubou. O menino congelou, vendo a mãe morrer. Um berro o despertou: -VAI!!! – o pai o empurrou escada acima antes de também ser abatido a tiros.
O garoto subiu as escadas, correndo junto às mulheres seminuas, mas o assassino tinha suas ordens. Implacável, deixou o resto de seus cabras terminando o trabalho ali e subiu as escadas atrás dos fugitivos.
O menino entrou por uma porta entreaberta, se deparando com uma mulher com os seios desnudos sentada numa cama.
– Se esconde aqui embaixo, rápido garoto! – ela o puxou para debaixo da cama. No corredor, o facínora se aproximava, deixando uma trilha sinistra de súplicas, xingamentos, gritos e tiros.
Pela porta que o garoto entrou, surgiu o perseguidor, o rifle fumegava nas mãos e seus olhos se cravaram na nova vítima. Mas a mulher, marota, levou as mãos aos seios pesados, acariciando-os, e abriu as pernas para o cangaceiro, convidando-o a conhecer o que tinha no meio.
O assassino, apesar de cruel, não era de ferro. Colocando o fuzil de lado, rapidamente tirou as calças e avançou para a mulher, que o esperava com os braços abertos.
Abrigado, o menino ouvia sons guturais e gemidos, enquanto a cama pulava. Ele teve vontade de sair do esconderijo, mas ouviu a voz da mulher:
– Ah meu menino, bem aí, bem aí, fica aí. Eu vou cuidar bem de você. Isso, isso, não sai daí. Eu vou cuidar de você.
O cangaceiro gorgolejava em resposta, sem pescar que as palavras não eram para ele, mas o menino pescou. E obedeceu.
Barra dos Mendes, BA – 1940
Situado na rua principal do pequeno vilarejo, o bar de dona Laurinda era um refúgio certo para quem queria bebericar uma cachacinha ou saborear um sarapatel.
Uma menina magra e de longos cabelos escuros entrou pela porta da frente do bar com uma cumbuca de água na cabeça. Ela ignorou os homens no salão e foi até o balcão, onde dona Laurinda a aguardava. Enquanto passava a cumbuca para as mãos da avó, a luz do sol que penetrava o bar pela porta foi eclipsada por quatro sombras.
Os recém-chegados trajavam o uniforme típico, ornado e adornado. De flores de lis à punhais. Um silêncio sepulcral baixou no estabelecimento. Todos pararam suas atividades no meio, seja o que estivessem fazendo.
Os cangaceiros entraram fitando cada pessoa visível e se dirigiram para uma mesa vazia.
Para o povo da cidade a presença dos cangaceiros ali não era novidade, todos sabiam que o bando de Corisco estava pela vizinhança, mas isso não queria dizer que os tratariam com menos deferência.
O grupo prosseguiu até sua mesa, quando o cangaceiro nomeado como Zepilim bateu os olhos na menina, estática no balcão. Ele se aproximou-se dela, avaliando-a de cima a baixo e ergueu uma de suas madeixas para cheirar-lhe o pescoço, ao que a menina virou o rosto, aterrorizada
– Quantos anos tem tua neta, dona Laurinda?
A dona do bar respondeu gaguejando: – Treze anos, seu Zepelim.
– E ela trabalha bem?
A velha engoliu em seco:
– Que nada, meu sinhô … essa aí é mole demais.
O cangaceiro lhe deu um sorriso maroto e apalpou as nádegas da jovem, a fazendo pular num grito.
Os cangaceiros gargalharam.
– Pois tá decidido! Vou levar essa menina. Qual o nome dela?
– Pelo amor de Deus, meu sinhô… Ela é só uma criança, a única neta que eu tenho. Num faz isso não…
– O nome? – repetiu Zepelim em tom ameaçador.
A velha respondeu.
Zepelim a segurou pelo braço com firmeza: – Pois muito bem, tu vens comigo. Ando precisado de uma esposa.
– Ei! – chamou alguém.
Zepelim se virou e viu o homem que o chamara. Era um rapaz de cerca de 25 anos, a barba por fazer era a única coisa visível por baixo do chapéu de aba larga, sua vestimenta era toda cor de areia. Na mesa, uma garrafa de aguardente.
– Algum problema aí, ô atrevido?
– Tenho sim… – respondeu o homem erguendo o rosto para encarar os cangaceiros – eu acho que vocês estão quebrando as regras deste estabelecimento. Seria de bom tom que pedissem desculpas à dona Laurinda e à neta dela, fossem embora e não voltassem mais.
O silêncio no bar agora tornou-se envolto a uma atmosfera de terror ante a arrogância e loucura do sujeito. Até os cangaceiros ficaram perplexos diante de tamanha ousadia. Após alguns segundos de espanto, Zepelim colocou o demônio na cara e foi até o sujeito, seguido dos seus:
– Mas que cabra folgado!! Tá querendo morrer, rapaz? Quem tu pensas que é? Corisco? O diabo do Onça Parda? Ou talvez Lampião em pessoa?
Interpelado, o homem ignorou o cangaceiro e, sem pressa, sorveu mais um gole de sua aguardente, deixando os bandidos ainda mais furiosos.
Zepelim puxou o enorme facão da bainha: – Pois vou cortar tua mão fora, pra tu aprender boas maneiras.
O cangaceiro desceu o facão velozmente contra o pulso do homem, mas o alvo se moveu alguns centímetros, suficiente apenas para deixar a lâmina cravar-se na madeira crua. Um movimento claramente calculado.
Naquele momento, despercebida pelos cangaceiros, a mão esquerda do sujeito subiu segurando seu próprio facão e, num golpe veloz como um relâmpago, amputou a mão de Zepelim, que ainda segurava seu facão fincado na mesa.
Foi uma confusão. O cangaceiro berrou agarrando o coto sangrento. Quando seus homens tentaram levar as mãos às armas, o estranho já empunhava seu revólver e com quatro tiros precisos, derrubou os quatro cangaceiros.
As pessoas no bar ainda permaneciam ali, estarrecidas, enquanto o único cangaceiro sobrevivente se arrastava pra fora.
O executor levantou-se e, tranquilamente o seguiu até a porta do bar, onde se agachou ao lado do cangaceiro ferido, um rapaz de no máximo 17 anos.
– Garoto, tu vais me fazer dois favores: vai juntar tuas coisas, abandonar o cangaço e voltar pra casa de tua família.
O rapaz segurava o ombro, alvejado e chorou:
– Eu não posso! Corisco me mata se eu fugir.
– Isso me leva ao outro favor: antes tu vais até Corisco e vai dizer a ele o que aconteceu aqui.
– Pode deixar! E não vou dar um pio sobre quem fez!
O homem colocou seu revólver no queixo do garoto: – Se tu não disseres quem fez, ainda hoje te mando pro colo do diabo!
– Mas eu não sei nem o teu nome, meu sinhô! – suplicou o garoto.
O homem colocou o revólver no coldre e respondeu: – Eu tenho muitos nomes. Tu podes me chamar de Tião Onça Parda.
Ante aquele nome, o garoto arregalou os olhos, aterrorizado.
– O Suçuarana?!
– Esse também serve. Agora vai.
O garoto partiu mancando, enquanto o recém nomeado Tião Onça Parda voltava para dentro do bar.
Os clientes remanescentes, se encolheram quando ele passou e falavam baixo:
– Tu ouviste o nome dele? É o Suçuarana! A Onça do sertão!
– Tião Onça Parda, o matador de cangaceiros? Mas eu achei que ele estava pelas bandas do Sergipe!
– Eu também, mas olha o facão dele ali. Dizem que o cabo é feito do osso do primeiro cangaceiro que matou…
Dona Laurinda, choramingou:
– O que tu fez, homi? O que tu fez? Agora o bando de Corisco todo vai vir pra cá!
– Eu tô contando com isso – respondeu o pistoleiro – E acho melhor vocês irem embora, antes que eles cheguem.
Ninguém esperou segundo aviso, e quando Laurinda partia com sua neta, a menina deu-lhe um beijo. Ele acariciou a bochecha, talvez lembrando de amores, amizades ou bons atos perdidos no passado. Mas logo, seguiu para seu cavalo que estava arreado próximo dali. Precisava se preparar.
Uma hora depois.
O tiroteio diante do bar de dona Laurinda era intenso. O bando de cangaceiros encurralara o Suçuarana e o fogo cruzado era pesado. Dos vinte e oito cangaceiros que atacaram, doze já estavam mortos e o resto sopesava suas chances.
– Sai daí, seu desgraçado! – gritou um dos cabras – Se escondendo feito coruja do mato!
– Covarde! – emendou mais um.
– Num é a gente que tá caçando ele, é ele que tá caçando nós!
O grupo de cangaceiros atirava balas e bravatas, sem ousar deixar seus abrigos. De dentro do bar, as respostas vinham na forma de tiros certeiros.
– Ouvi dizer que ele já matou mais de cem cangaceiros, é o diabo em pessoa! – um dos cabras falou.
– A gente devia é escapulir daqui. Os macacos também tão vindo aí – respondeu o colega – Ficar entre os mocas e o Onça Parda é pedir pra morrer.
Súbito, um tropel se ouviu à distância. O fogo cessou e os cangaceiros viram um cavalo se aproximando. O cavaleiro parou na frente do bar, ignorando o perigo. Era um homem alto, o chapéu-meia-lua de couro trazia a estrela de Israel. O olhar, impiedoso. Nas mãos, mais anéis que dedos.
– Capitão Corisco! –seu bando murmurou em uníssono.
O famoso cangaceiro voltou-se para o bar e gritou com voz braba:
– Onça Parda! Sai daí, seu filho de uma égua! Vem ver os cabra que vão te mandar pro inferno!
De dentro do bar, a voz do Suçuarana respondeu pela primeira vez às bravatas:
– Cabra? Num tô vendo cabra nenhum. Só vejo um monte de corpos! VOCÊS JÁ ESTÃO TODOS MORTOS!
Os corações dos cangaceiros, aquecidos pela chegada do líder, agora mergulharam no mais genuíno pavor. Era o Onça do sertão lá dentro, e daria cabo de cada um ali.
Mas Corisco não chegara sozinho, trazia a neta de dona Laurinda na garupa. Ele apeou e colocou o facão na garganta da menina, que chorava copiosamente.
– Eu ouvi dizer que tu queres a mim. Pois eu vou até aí, e se tu te atreveres a qualquer coisa, eu juro pelo meu Padim Padi Ciço que mato essa menina.
Silêncio. Era a resposta esperada pelo cangaceiro.
– Vocês – ele se voltou para os remanescentes de seu bando – vão embora daqui que os macaco tão chegando. Eu me acerto com esse desgraçado.
Os mais corajosos protestaram, os menos, se aliviaram, mas todos acabaram debandando, enquanto Corisco adentrava o bar, mantendo a menina refém.
Tião Onça Parda ergueu-se detrás do balcão mantendo o cangaceiro na mira de seu fuzil.
– Agora joga tuas armas fora e vem pra cá – ordenou Corisco.
Suçuarana o manteve na mira por um tempo, talvez cogitando mandá-lo para o inferno junto com a garota, mas acabou obedecendo. Largou o fuzil, abandonou o rifle, a submetralhadora e os revólveres que estavam ao redor, um verdadeiro arsenal, montado com um único objetivo.
O cangaceiro jogou a menina num canto, mantendo o facão na mão esquerda.
– Agora nós vâmo resolver isso na faca!
Sacando também o seu facão na mão esquerda, Onça Parda se colocou em guarda. O Diabo Louro era perigoso na faca. Os dois se espreitaram e trocaram alguns golpes rápidos e o clangor metálico assustava a menina, encolhida num canto do bar onde trabalhava.
O primeiro sangue verteu do pistoleiro, e ante o sorriso debochado de Corisco, contra-atacou, impingindo sangue ao cangaceiro também. O combate prosseguiu. Cada golpe era dado com precisão e cautela por dois adversários que se odiavam, mas se respeitavam.
Cansados e feridos, os dois homens fizeram uma pausa, esperavam o melhor momento para o bote fatal. Corisco via o ódio nos olhos do adversário, como se matá-lo fosse seu objetivo de vida. Talvez fosse mesmo. Lentamente, ele baixou o facão, sendo imitado por Onça Parda.
– Ouvi dizer que você mata cangaceiro até de graça. Por que nos odeia tanto? Por que você quer tanto me matar?
Tião Onça Parda sequer piscava, mas respondeu:
– E por acaso saber o motivo vai fazer alguma diferença?
O Diabo Louro pensou alguns instantes e concluiu:
– Não… Não vai não.
E os dois se encararam, prontos para o golpe derradeiro que estavam preparando. Olhos nos olhos, os corpos, estáticos, aquele seria o ato final.
Corisco se moveu primeiro, levando a mão direita às costas. Mas mesmo perdendo na iniciativa, ao puxar seu revólver, preso às costas assim como o de Corisco, Onça Parda foi mais veloz que o cangaceiro e alvejou seu coração.
O Diabo Louro pareceu não acreditar. Só tinha conseguido atingir a coxa do Suçuarana e em contrapartida, seu peito sangrava. Estava derrotado.
Foi quando ouviram um brado lá fora:
-Se entrega, Corisco! Venha pra fora devagar, tu tá na nossa mira, seu demônio! – Era Zé Rufino, o capitão da tropa Volante, acompanhado de seus macacos.
Corisco ergueu seu facão, mas deixou o revólver cair: – Eu não sou homem de me entregar não, Rufino! – e em seu último suspiro avançou contra os policiais, mas foi alvejado pelas metralhadoras, caindo morto na entrada do bar.
O Capitão Zé Rufino se aproximou do corpo do cangaceiro, confirmou sua morte e olhou o local destruído à bala. Sangue estava pelo chão.
Um soldado raso se aproximou vendo o pandemônio dentro do bar: – Finalmente matâmo esse desgraçado, meu capitão.
Zé Rufino apertou os olhos: – Acho que aqui tinha dois diabo em guerra… e parece que um escapou.
Algumas horas depois
Tião Onça Parda estava no lombo de seu cavalo, cavalgando calmamente pela planície deserta do sertão. Seu olhar, agora manso, divisava o sol poente. Lembrava de muita gente que lhe dissera quando garoto que a vingança não lhe traria bem-estar nenhum. Ele olhou para seu revólver e sorriu; eles estavam errados. E seu cavalo prosseguiu, sem pressa, rumo ao horizonte.
FIM
Bom conto, com ponto alto na cadência narrativa, na habilidade para com as cenas de ação e condução do suspense. Infelizmente os pontos baixos se apresentam em maior número: na forma de diálogos inconcretos em que a linguagem regional é alternada com o vocabulário mais formal, “desconstruindo” personagens; na cronologia diretamente apresentada, situando e datando os fatos sem qualquer criatividade, tal qual em relatórios; na falta de originalidade e complexidade da trama e do enredo, bem como do arremate; por fim, os personagens me parecem um tanto rasos, estereotipados e sem carisma.
Notas gerais:
1. “– E de onde você tirou isso? – retrucou a esposa, indignada. (Ao meu ver, a adoção de um vocabulário regionalista, ainda que exclusivamente nos diálogos, implica num grande risco, já que o esperado é que o padrão seja mantido para todas as falas do personagem, padrão aqui imediatamente quebrado)”;
2. “Trajavam chapéus de couro com abas torcidas para cima, moedas ornavam-lhes a fronte e a farda marrom lhes identificavam (O sujeito é a farda, logo “lhes identificava” ou ainda “os identificava”): cangaceiros.”
3. “Abrigado, o menino ouvia sons guturais (sons guturais = clichê) e gemidos, enquanto a cama pulava.”
4. “Um silêncio sepulcral (silêncio sepulcral = outro clichê) baixou no estabelecimento.”
5. “O grupo prosseguiu até sua mesa, quando o cangaceiro nomeado como Zepilim bateu os olhos na menina, estática no balcão. Ele se aproximou-se (“se aproximou-se”?) dela,”
6. “O silêncio no bar agora tornou-se (“tornara-se”) envolto a uma (numa) atmosfera de terror ante a arrogância e loucura do sujeito.”
7. “Os clientes remanescentes, se encolheram quando ele passou e falavam baixo (discordância temporal entre os verbos encolher e falar):”
8. “Algumas horas depois (Recurso ruim, exaurido. Na escassez de criatividade, bastaria ter conjugado à frase seguinte: Algumas horas depois, Tião Onça Parda estava no lombo de seu cavalo…)”
9. “…E seu cavalo prosseguiu, sem pressa, rumo ao horizonte. (Final previsível, um tanto decepcionante, e que limita o conto à mesma categoria de outras histórias medianas do gênero. Teria faltado a surpresa, o estranhamento, ou mesmo o inconclusivo que incita a imaginação do leitor)”
Grande Cirineu!
Suas críticas são bem pertinentes e me ajudarão a corrigir os problemas que apontou. Os clichês percebidos foram propositais. A falta de originalidade talvez seja explicada pela minha total inexperiência no tema Faroeste. Quis fazer este experimento e para não errar, me mantive bem fiel à formula.
Obrigado por ter lido, Grande abraço!
🗒 Resumo: menino vê sua família ser massacrada por cangaceiros. Quando cresce, começa a caçar seus algozes até que mata, num duelo de facão, o líder daquele grupo.
📜 Trama (⭐⭐⭐⭐▫): apesar de ter bem mais ação que história, é uma trama bastante amarrada. Tem começo, meio e fim. A motivação da Onça do Sertão está bem definida: vemos ele sofrendo com a morte dos pais e, muito tempo depois, sua vingança sendo consumada. Só faltou mesmo um maior desenvolvimento emocional do personagem. Ele nos é dito, mas pelo texto ser muito dedicado à ação, acaba que não sobra muito tempo para entrar em sua mente.
📝 Técnica (⭐⭐⭐⭐▫): bem desenvolvida e com boas descrições de cenas de ação. Tudo ficou muito vívido enquanto lia. Só duas coisas me incomodaram: a pontuação no diálogo (mas esse assunto é polêmico) e o uso de palavras “da moda” ao invés das mais comuns, como “sorver” ao invés de “beber” e “divisar” ao invés de “olhar” ou “ver”.
▪ Ele *se* aproximou-se (sobrou um “se”)
▪ ao que a menina virou o rosto, aterrorizada *ponto*
🎯 Tema (🆓️): western do cangaço 🏜
💡 Criatividade (⭐⭐▫): usa um tema relativamente comum, mas não chega a ser totalmente clichê.
🎭 Impacto (⭐⭐⭐⭐▫): gostei da história, boa de ler e bem escrita. Uma leitura que, mesmo não sendo muito emocional ou filosófica, me agradou bastante como leitor.
🔗 Links úteis:
▪ Pontuação no diálogo (esse é meu 😊): http://www.recantodasletras.com.br/artigos/5330279
Fala, Leo!
Fico feliz que tenha gostado da história e agradeço as correções, que certamente tomarei nota. Quanto à falta de desenvolvimento do personagem, de fato, no conto original isso era um pouco melhor trabalho, mas na versão editada, acabei limando, visto que meu foco era fazer uma história de ação.Talvez eu devesse balancear um pouco melhor as duas coisas.
A história também é recheada de clichês, e os coloquei de propósito, pois este é u tema que jamais abordei. Assim, preferi atirar (se me permite o trocadilho) no enredo seguro, estereotipado e sem grandes reviravoltas.
Obrigado por ter lido!
Grande abraço!
Resumo: um garoto tem a família morta por um famoso cangaceiro. Ao crescer, o mesmo garoto trava uma vingança contra o assassino em meio ao sertão.
O conto traz uma narrativa fluida, com início, meio e fim bem delimitados, traz no linguajar a questão regional também, ajudando a contextualizar a história. Funciona como uma adaptação de algum bang bang americano ou algo a lá Kill Bill, fiquei com a sensação de que já vi essa história em algum lugar. Não que seja uma cópia, mas por trazer elementos muito conhecidos. Temos a criança que sobrevive à chacina e cresce querendo vingança, percorrendo o mundo em busca do grande vilão. Frases como “vocês já estão mortos” ou ele aparecendo na mesa do bar cheio de pompo, interrompendo a discussão, também é bem hollywoodiano. A surpresa está na polícia terminar o serviço e no ambiente, além da sensação de serviço feito e sem remorso.
Olá, Fil
De fato, nesta minha tentativa de simular o Western, me agarrei aos clichês para não cometer nenhum deslize, talvez por isso você tenha achado que já viu a história em algum lugar.
No final, o vilão já estava vencido, a polícia surge apenas porque eu quis colocar um pé deste conto na realidade, pois o cangaceiro Corisco foi realmente morto na entrada de um bar pela polícia baiana.
Obrigado por ler e comentar, abraço!
RESUMO:
Prostituta refugia garoto durante ataque de cangaceiros que matam seus pais (do garoto, não da prostituta) e metade da cidade. O rapaz cresce e se torna tipo um Rambo do Nordeste.
Sob diversas alcunhas, caça os cangaceiros, até se deparar com seu Nêmesis: Corisco. Após uma batalha épica, Corisco é morto pela polícia e o rapaz aproveita o doce sabor da vingança.
COMENTÁRIO:
Aqui o lado pessoal falou mais alto, gostei bastante do conto, me lembrou as histórias que meu vô (morreu esse ano) contava. Ele adorava essa “mitologia” dos cangaceiros e tal.
Enfim… a técnica não está tão apurada. Honestamente, tenho um certo problema para assimilar o regionalismo nas falas. Normalmente tenho a impressão de que fica no meio do caminho entre a simulação da oralidade e a norma.
Mas isso não incomodou, a leitura foi bem gostosa e a história envolvente, com aquelas “mentiras” típicas de filme de ação que tornaram tudo bem divertido. Ah… e a parte em que Corisco desiste de ouvir o motivo também é muito boa.
Daria um bom filme.
NOTA: 4
Oi, Fábio!
Que bom que gostou do conto! Sinto muito pelo seu avô, mas se sabia isso dele, deve ter sido uma amizade bem legal entre vocês!
De fato, os diálogos são um ponto fraco na minha escrita, e os regionalistas então… tentei ao máximo tornar natural e nordestino sem parecer “caipira”. Obviamente ainda preciso melhorar rsrs.
Grande abraço e obrigado pelo comentário!
Resumo: começa com uma história de cangaço. Corisco e os cabras invadem a cidade, ao melhor estilo saloon, e o menino foge da matança para debaixo da cama da rameira. Dezoito anos depois, no bar da dona Laurinda, o grupo do cangaceiro Zepelim e mexe com a neta dela, sendo enfrentado por um sujeito, que se revela depois de uma briga de peixeira e tiroteio como o Tião Onça Parda, o Suçuarana, matador de cangaceiros, que chama para o desafio o antigo Corisco. O bando se aproxima da cidade, onde há uma batalha sangrenta. Faz a menina de refém enquanto disputam na faca, até que Tião antecipa a traição, mata o cangaceiro com um tiro e a volante chega, para reforçar. Ao se afastar na cidade, intuímos que TOP é o menino em busca de vingança.
Método de avaliação: “Análise Jacquiana”
Receita: faroeste do nordeste, o cangaço. Tarantino dirigindo “Deus e o Diabo na terra do sol”
Ingredientes: bandidos, mocinho, vingança. Honra e bravura a serem provados. Vitória do bem contra o mal.
Preparo: a história flui bem na leitura, o que é bem difícil em se tratando do regionalismo. Porém, algumas construções e papéis parecem forçados como estereótipos dos filmes de western.
Sabor: jerimum com jiló. Meio mole demais.
Frases motivacionais (quase aleatórias) do Eric Jacquin (ou coisas ele possivelmente diria) : “Meus parabéns. Tem que melhorar ainda”.
Olá, Daniel Jacquin (kkkk)
De fato, exagerei nos estereótipos. Esta foi minha primeira vez escrevendo Western e preferi seguir a cartilha à risca para não errar. Talvez o erro tenha sido não arriscar um pouco rsrs.
Obrigado pelo comentário, grande abraço!
A onça do Sertão (Zé Pernambucano)
Resumo: Uma história trágica, um sobrevivente, uma vingança que está por vir.
Confesso que ultimamente tenho torcido o nariz para contos que começam situando o leitor no espaço/tempo desta maneira. Com todo respeito aos autores que usam desta ferramenta, penso que é uma solução preguiçosa, especialmente em um conto que não é anacrônico e que tampouco flerta com a ficção cientifica, necessitando obviamente de marcações. Do mesmo jeito que no final do texto encontramos um “uma hora depois”, essa marcação é extremamente fácil de vir inserida no texto e não como uma elipse de roteiro de filme mudo. O autor tem a caneta, a palavra e o espaço.
Ultrapassada essa questão, acho muito interessante o fato do autor trazer um personagem como Corisco, o Diabo Loiro, para o nosso certame. Ainda mais hoje em dia quando nossa cultura está sendo golpeada constantemente sem qualquer dó. Habilmente a história mescla realidade com fantasia. O ritmo frenético contribuiu muito para esse Faroeste Brasileiro. O texto é ágil, os diálogos são sucintos. A história de vingança um tema sempre muito presente nessa espécie de história.
Contudo, penso que o autor ao preferir a ação, preteriu a emoção. Não há conexão com os personagens. Tem inicio e fim, mas não tem meio. Nesse tipo de conto, a jornada do “herói” é tão ou mais importante que a motivação ou o desfecho. É preciso fazer sofrer, sangrar, para que depois aconteça a redenção. No que diz respeito ao final, a chegada da policia, personagem real, ocorreu como um “deux ex machina” quebrando totalmente o clima.
Como ponto positivo, achei muito legal o protagonista não contar as motivações para o antagonista, quebrando uma espécie de lugar comum nesse tipo de estória.
Achei essa frase muito boa, rápida e com muita informação. Ou seja, muito bem aproveitada. “No corredor, o facínora se aproximava, deixando uma trilha sinistra de súplicas, xingamentos, gritos e tiros.”
]
No final das contas, um bom conto de ação que com um pouco mais de preparo e ousadia poderia render melhores frutos.
Olá, Rafael!
De fato, talvez eu tenha escolhido mal a forma de situar o local e o tempo. Mas pra falar a verdade, foi a forma que encontrei de fazê-lo utilizando o minimo de caracteres possível (rs).
Concordo com o argumento de que texto ficou “sem meio”, foi a parte que caiu na edição. Neste desafio, meu maior adversário foi o limite de palavras (pra variar).
Ao pesquisar o Western e o cangaço, percebi o quão poderosa pode ser uma união dos dois, e me afundei nessa cultura riquíssima e fascinante, que não podemos deixar de enaltecer.
Quanto ao final, discordo do seu ponto de vista ao enxergar a polícia como um EX-Machina, pois como sabemos, Ex-Machina é um personagem ou recurso utilizado para resolver uma situação ou encruzilhada, sem ter sido estabelecido no texto anteriormente. Digo isso porque, se ler atentamente, nota-se que, embora a polícia de fato tenha sido parcamente citada, ela não resolve a situação, pois Corisco já fora vencido pelo tiro de Onça Parda. Ele morreria de qualquer jeito e o herói venceria. Eu introduzi a polícia apenas para manter o um pé na realidade, visto que Corisco foi morto de fato na porta de um bar pela polícia.
Ademais, agradeço imensamente seus comentários,
Grande abraço!
Menino sobrevive a ataque do bando de Lampião à sua cidade, mas vê sua família ser exterminada. 18 anos depois, ele se torna um temido caçador da cangaceiros, o Tião Onça Parda. Em Barra dos Mendes, ele encontra o bando de Corisco e vai em direção ao seu acerto de contas.
Particularmente, gosto muito de westerns e a leitura de “A onça do sertão” me foi muito prazerosa. O autor, Zé Pernambucano, tem bom controle da narrativa, escreveu um texto ágil, objetivo e com história que envolve o leitor. Está de parabéns, possui potencial para contar histórias que atingirão um amplo público leitor.
Não vi nenhum erro comprometedor, mas acredito que uma revisão seria útil ao texto. Os textos do EntreContos costumam ser impecáveis nesse aspecto e “A onça do sertão” cometeu deslizes nessa área (“ele se aproximou-se dela”, por exemplo).
A vingança é um tema amado desde que o mundo é mundo. E rende, mesmo, boas histórias. Acho interessante o autor ter noção disso, de que não precisamos escrever uma história 100% original, que, pelo contrário, elementos que o leitor reconheça irão aumentar sua empatia pelo texto. Mas acredito que o conto se apoia tanto nos clichês do gênero que fica um pouco óbvio demais. É tudo muito previsível, o menino que sobrevive e se torna um assassino, a menina que será protegida, a habilidade do herói. Fica mesmo parecendo um roteiro de filme blockbuster, com o único objetivo de agradar o maior número da audiência.
Esperamos um pouco mais de ousadia no EntreContos, textos que nos toquem de uma forma diferente, mesmo que o tema não seja inédito. Aqui, me parece que o autor optou por simplificar demais, no estilo, na estrutura e na temática. Mas estamos todos em construção, acredito que Zé Pernambucano poderá extrair dos comentários importantes lições para os próximos desafios.
Olá Fernando!
Agradeço pela crítica tão construtiva e elegante!
Esta foi a minha primeira vez escrevendo western, assim, acabei me agarrando demais aos clichês, para não perder o fio da meada e derrapar. Mas como você disse, no Entrecontos, a galera gosta de escritas mais originais, menos engessadas e mais ousadas.
Eu costumo fazer finais abertos em meus contos, mas exatamente por ter essa mania, aqui optei por fazer um final fechadinho, previsível, feliz, pra variar.
Eu segui uma cartilha padrão com medo de errar e acabei errando ao seguir demais a cartilha!
Agradeço ao comentário e grande abraço!
Uma aventura que tinha tudo para ser épica, mas afogou-se no mar dos clichês.
Resumo: Quando menino, Onça Parda viu sua família sendo morta por cangaceiros. Alimentou esse ódio matando muitos e muitos, com igual crueldade, sem piedade. Corisco era seu nêmesis, o homem que determinou que crescesse órfão, executor de sua inocência. Toda sua vida se resumiu naquele combate no bar da Dona Laurinda, com facas se chocando e um tiro decisivo. No final, observando o horizonte, sentiu-se realizado. O que faria a seguir? Não sabemos, mas talvez continuasse fazendo aquilo que sabia de melhor: matar cangaceiros.
Esse conto é uma verdadeira coletânea de clichês. Praticamente tudo lembra cenas de outras histórias da literatura e do cinema.
Querido autor, não consigo encarar esse conto como uma homenagem, pois parecem faltar referências diretas. E não consigo apreciar a história como algo brasileiro, pois lembra quase tudo que vi, e já li, do faroeste americano. O bar, o massacre no bordel, o bando dos cangaceiros cercando o pistoleiro fodão e com medo dele, o combate final na faca sendo decidido com um tiro. Faltou algo que realmente remetesse ao cangaço brasileiro, como a miséria, a violência generalizada (falo de coisa brutal, não teco-teco de cinema igual esse) e o calor do sertão.
Você escreve de forma simples. Falta perícia para escrever bonito, mas não escreve mal. Se desenvolver essa habilidade, entregará coisas bem legais. O que preciso te dizer é o seguinte: confie mais em si mesmo e na sua imaginação. Largue as referências de lado e crie seus próprios mundos. Seja senhor do que cria. Você consegue criar um ritmo legal, falta beleza, mas a narrativa é fluída. A leitura foi prazerosa, até, pena que a história, em si, não brilhou. E isso deixou um gosto meio azedo na minha boca. Não gosto de coisas azedas, haha.
Você tem potencial, principalmente para narrativas mais ágeis. Sabe descrever, sabe escrever. Agora é hora de focar naquilo que você é fraco.
Fala, Fabio
Muito obrigado pela crítica sincera e elegante.
De fato, o ponto negativo do meu conto foi a falta de ousadia. Devo dizer que escrevi dessa forma propositalmente, cheio de clichês e estereótipos. O fiz por esta ser minha primeira vez no tema do cangaço e western, assim, não quis arriscar.
Vou procurar evoluir minha escrita e muito obrigado!
Resumo: O cangaceiro Corisco e seu bando mataram muitas pessoas em uma cidade em 1922, deixando vivo um menino que ficou órfão naquele dia. Esse menino cresceu e se tornou um grande assassino de cangaceiro, buscando se vingar de Corisco. Em 1940 conseguiu cumprir sua vingança.
É um conto que traz um tema bem interessante na minha opinião: o cangaço. O autor traz personagens inspirados em figuras que realmente existiram, como o cangaceiro Corisco, por exemplo, que era grande conhecido de Lampião e tinha seu próprio bando. Os cangaceiros são vilões nessa história, como em muitas outras, e o herói busca vingança pelos pais assassinados, também bem comum. Apesar de não trazer nada de “novo”, foi uma leitura bem divertida. Gostei da simplicidade da escrita e de algumas expressões como: “Zepelim colocou o demônio na cara” e “ainda hoje te mando pro colo do diabo”. Algumas passagens, no entanto, ficaram um pouco forçadas, como o beijo que a neta da dona Laurinda deu no Tião Onça Parda. Foi bem difícil imaginar a menina de 13 anos que quase foi obrigada a se tornar mulher de cangaceiro, que viu meia dúzia de homens serem mortos diante dela, ainda ter coragem de ir lá e beijar a face do herói. Eu sei que quis passar uma ideia de agradecimento, mas para mim não foi verossímil. Porém, foi muito interessante você ter colocado esse assunto em pauta, de uma menina de apenas 13 anos ser quase levada forçadamente para o cangaço. Era bem assim que acontecia, a maioria das mulheres que acompanhavam os famosos cangaceiros foram obrigadas a isso, sequestradas de suas famílias muito novas, estupradas, violentadas e tratadas como coisas. Seria ainda mais interessante se você tivesse abordado o outro lado da moeda. Os policiais, por exemplo, muitas vezes eram tão cruéis e agiam até pior que os cangaceiros: Torturavam famílias inocentes, matavam crianças, mulheres etc. Mas faço essa colocação mais como uma ideia para possíveis novos contos com essa temática. Achei bem legal seu conto. Parabéns!
Oi Carolina !
Obrigado pelo seu comentário.
Quanto ao seu comentário no conto, a cena da menina beijar o pistoleiro, achei que essa seria uma forma de trazer alguma humanidade ao protagonista e arranhar uma espécie de desenvolvimento de personagem. Ademais, foi o elo que o levou a se render no final. Mas de fato, com mais espaço, isso poderia ter sido melhor desenvolvido.
De fato o cangaço fez tudo isso e muito pior, e foi fascinante estudar sobre o tema e sobre o período.
Um grande abraço!
O que entendi: Um menino vê seus pais serem assassinados por Corisco em um bordel. Uma das prostitutas salva o garoto seduzindo o cangaceiro. O menino cresce e se torna um famoso caçador de cangaceiros. Consegue sua vingança com a morte de Corisco.
Técnica: Centrada na ação e veloz. Uma história enxuta e bem contada.
Criatividade: A mistura de personagens reais com fictícios deu liga. O Onça lembra muito o Antônio das Mortes de Glauber Rocha.
Impacto: Talvez por eu conhecer um pouco da história do cangaço, não tenha me surpreendido.
Destaque: “– Ah meu menino, bem aí, bem aí, fica aí. Eu vou cuidar bem de você. Isso, isso, não sai daí. Eu vou cuidar de você.” – Com duplo sentido, por favor! Kkkk.
Sugestão: cabe revisão, exemplo: “Ele se aproximou-se dela”
Olá, Catarina!
Você foi uma das raras que pescou a inspiração no personagem do Glauber Rocha.
Obrogado pelo comentário e vou procurar me aprimorar mais e me atentar mais também!
Grande abraço!
Resumo: garoto tem os pais mortos por cangaceiros; anos depois, ele volta para se vingar.
Impressões: confesso que o meu resumo parece enredo de sessão da tarde, mas o conto é bem melhor do que isso. Gostei da leitura fluida e descompromissada, típica de causo do sertão. Mais do que isso, o enredo tem um pé fincado nas tramas de faroeste típicas dos anos 1940-1950, com aquela atmosfera de matar-ou-morrer. Acho que o autor teve bastante êxito em criar suspense, em criar bons personagens e de emular o clima de tensão que antecede o duelo final. Não há, é certo, muita criatividade no enredo visto como um todo, mas em literatura isso não chega a ser algo ruim, afinal, tudo já foi escrito, tudo já foi pensado. O que interessa, na verdade, é que a trama esteja bem contada, bem desenvolvida e nesse aspecto creio que mais se acertou do que errou. Não há uma pretensão em descer a níveis psicológicos profundos, nem levantar questionamentos perturbadores. O conto está mais próximo de Tex do que de Blueberry. O final ficou um pouco anticlimático, mas condizente com a proposta. Enfim, um conto simpático, agradável de ler e que certamente cativará muitos leitores. Parabéns e boa sorte no desafio.
Olá, Gustavo!
Agradeço por ter comentado e lido o conto.
Realmente, tendo em vista que esta foi minha primeira vez no Western e cangaço, acabei apostando por demais nos clichês e na fórmula pronta, principalmente no final, que costumo deixar em aberto e aqui, optei pelo fechado, previsível, feliz.
Um grande abraço!
Resumo: É a história de um matador de cangaceiros que busca e consegue a vingança pela morte dos pais.
Olá, Autor!
Eu achei o seu conto muito legal! É bem gostoso de ler, quase como assistir a um filme. Uma história interessante, muito bem contada, com personagens muito ricos, uma ambientação bem bacana, e um enredo de vingança bem executado. Acho que o charme principal do conto é a maneira como está escrito, eu gostei realmente da leitura, acho que é o principal em um bom conto. Parabéns! Boa sorte!!
Oi, Priscila!
Muito obrigado por ter lido, fico feliz que tenha gostado! Um abraço!
Um conto interessante, bem escrito, que traz uma narrativa ágil e cheia de ação. Apesar do pouco desenvolvimento dos personagens e do clichê da vingança e do herói badass cheio de frases de efeito, numa trama que segue caminhos bastante previsíveis, é uma leitura que me agradou bastante. Uma revisão gramatical cairia bem, apesar de não ter visto grandes problemas. Os diálogos poderiam ter soado mais naturais também. No geral, um bom trabalho.
Olá, Pedro,
Sim, meu plano sempre foi manter os clichês mesmo para não derrapar no tema que me propus. Revisei diversas vezes, inclusive contando com leitores beta, mas há problemas que passam batido mesmo… Obrigado pelo seu comentário!
Sinopse
Nas terras áridas do sertão, o torrão natal dos nordestinos, onde só o sangue irriga a terra, um casal foge dos cangaceiros do bando de Corisco. O refúgio: um bordel. Esses bandoleiros de ações ambíguas não receberam o combinado do prefeito e agora cobram dinheiro com as mortes dos civis de Taracantu. Na tentativa de salvar um menino, uma prostituta usa do próprio corpo para entreter Corisco. Anos depois, o passado cobra seu preço, pois nada que se faz abaixo do céu fica encoberto pelo Diabo.
Comentário
O Cangaço, somado ao Coronelismo, foi, sem sombra de dúvidas, um dos momentos mais violentos da História do Brasil. O Nordeste, e a Bahia, que nesse período era do Sudeste, sofreram pela oligarquia, o patriarcalismo celerado, a descapitalização pela transferência do centro econômico para Sul e Sudeste, a falta de infraestrutura, a seca, e mais que ela, como diria Fernando Henrique Cardoso, a cerca. Violência policial e grilagem de terras produziram gente famélica e despossuída de terra, de esperança. A fé encontra pedaço no coração do sertanejo, que como diria Euclides da Cunha, é antes de tudo um forte. Mas esse forte, como um cacto, é desumanizado. Não tendo outro meio, se utiliza da violência como refúgio, como arma de resistência. Lavrar a pedra, a pedra estéril, que nada dá de comer, em algum momento, havia o sertanejo de erguer o fuzil. A onça acuada salta sobre o atacante. O oprimido se torna opressor. Para uns heróis, para outros vilões. Para mim, como bem seu conto nos leva a refletir, marginalizados. Onça Parda, filho de estupro, sente prazer na vingança. Matar não é prazer, mas alivia as dores do dia a dia. Matar um cangaceiro lhe diminui o peso das origens ingratas. Nesse habitat de violência e caos, agressores vão gerando agressores num ciclo sem fim, até todos se engolfarem numa carnificina. As autoridades, bem, elas contribuem para o espetáculo. Onça Parda, anti-herói por natureza, é substrato da soma de tudo que deu errado no sertão, mas que nesse conto, foi tudo que deu de certo em termos de narrativa. A linguagem é adequada a esse povo, se bem que a narrativa dinâmica modifica de pronto esse aspecto num segundo momento, se clivando como um faroeste caboclo. Gore, só para mostrar quanto de macheza se tem em arrancar um braço. Mas, é nesse mundo que o cangaceiro se encontra, falsidade seria adocicar história que foi escrita com sangue.
Notas de Leila Carmelita
– A Gata de Luvas – 4,0
– A Hora da Louca – 4,5
– A Onça do Sertão – 3,6
– A Pecadora – 5,0
– App Driver – 1,0
– Estantes – 5,0
– Famaliá – 3,5
– Festa de Santa Luzia: Crônica de uma Tragédia Anunciada – 5,0
– Lágrimas e Arroz – 1,0
– Muito Mais que Palavras – 1,5
– Na casa da mamãe – 3,5
– O Legado da Medusa – 4,5
– O que o Tempo Leva – 1,8
– O Regresso de Aquiles – 4,0
– O Vírus – 2,5
– Suplica do Sertão – 5,0
– Trilátero Ourífero – 4,5
– Uma História de Amor Caipira – 1,0
Contos favoritos:
Melhor técnica – Estantes
Mais criativo – Festa de Santa Luzia: Crônica de uma Tragédia Anunciada
Mais impactante – A Pecadora
Melhor conto – Suplica do Sertão
Oi, Leila!
Seu comentario é profundo e muito instrutivo. O conto é mesmo tudo isso que você falou, e fiquei feliz de ter pesquisado e aprendido um pouco desse período tão fascinante!
Obrigado e um abraço!
Resumo
Quando três cangaceiros invadem o bordel com a intenção de causar uma matança, pai, mãe e filho escondem-se, mas apenas o menino sobrevive. Ao presenciar a morte dos pais, o menino cresce com a sede por vingança contra os cangaceiros. Conhecido na região por matar mais de cem deles, o rapaz finalmente consegue sua vingança e mata o responsável pela morte dos pais.
Comentário
O conto foi escrito de uma forma envolvente, o que me fez ler em uma ‘tacada só’. Porém, achei previsível, mais do mesmo, uma trama já bastante utilizada em livros e no cinema. Apesar de não ser surpreendente, o final me agradou: “Lembrava de muita gente que lhe dissera quando garoto que a vingança não lhe traria bem-estar nenhum. Ele olhou para seu revólver e sorriu; eles estavam errados. E seu cavalo prosseguiu, sem pressa, rumo ao horizonte.”
Alguns termos causaram estranheza:
Trajavam (talvez fosse melhor usavam) chapéus
mandíbula possante
Não entendi porque usou o termo recém nomeado Tião Onça Parda, se parecia que já o conheciam assim ( – Tião Onça Parda, o matador de cangaceiros? )
Gramática:
farda marrom lhes identificavam (identificava)
convidando-o a conhecer o que tinha no meio.
De flores de lis à (a) punhais
seja (fosse) o que estivessem fazendo.
Ele se (duplicidade) aproximou-se
Zepilim (erro de grafia)
O rapaz segurava (segurou?) o ombro, alvejado (ou coloca uma vírgula aqui ou tira a outra) e chorou
recém (hífen) nomeado
Oi Fernanda,
Seus apontamentos estão sendo muito úteis, obrigado pelo feedback!
Grande abraço!
A Onça do Sertão (Zé Pernambucano)
Resumo:
A história do acerto de contas que envolve: Tião Onça Parda (o Suçuarana, a Onça do Sertão – matador de cangaceiros), Corisco (Diabo Louro – cangaceiro de Lampião), Zepelim (cangaceiro de Corisco), Zé Rufino ( capitão da tropa Volante), Dona Laurinda e neta.
Comentário:
Um encanto de texto. Traz a história envolvente de um acerto de contas. Vingança planejada. Narrativa coerente, bem construída, proporciona uma leitura fluente, interessante. Texto permeado de diálogos, dinâmico. Linguagem simples, direta, adequada. Há alguns deslizes de escrita, como: “De flores de lis à punhais” – e também umas trocas de pontuação, escapes de colocação pronominal. Mas nada que uma revisão não dê jeito. Isso é muito normal. O enredo é muito bom, de muita criatividade, sensível. Texto de muita qualidade. Confesso que vibrei com o acerto de contas. Feio, né?!
Parabéns, Zé Pernambucano!
Boa sorte no desafio!
Abraços…
Oi Regina!!!
Fico muito feliz que tenha gostado do conto. Me esforcei para fazer uma história de Western coerente e respeitosa com o nosso cangaço. Quanto à revisão, revisei dezenas de vezes, mas não tem jeito, algo sempre passa.
Pode deixar que não conto pra ninguém que vc vibrou no final!!
Grande abraço!
“Há duas características preferíveis de serem apontadas logo: uma narração ”
Essa é a primeira parte que acabei não colando aqui.
Há duas características preferíveis de serem apontadas logo: uma narração perfeitamente cadente e, simultaneamente, uma consistente sucessão de clichês. Um terceiro aspecto, que eleva o conto, é a sua ambientação, mas, mesmo assim, as personagens, suas ações, falas e as situações em que se encontram, encaixam-se num enredo preconcebido. Acho válido tentar delinear que enredo é esse: nós temos o protagonista, cujo passado trágico direciona toda a sua vida a um último acerto de contas, trajetória que edifica um indivíduo de fibra e coragem para opor, mesmo que para vencer seus próprios diabos, o mal que assola o mundo, ainda que ele esteja longe de ser o “bem”. É o anti-herói. Como há “herói” em seu nome, é salvando uma inocente (que salvará ainda uma segunda vez, confirmando que há sim boas intenções na sua prática, não sento tudo egoísmo) que ele chega a esse acerto de contas, tendo o confronto final com aquele que deu o pontapé inicial de sua carreira. Ao fim da batalha – com direito a golpe derradeiro –, o anti-herói contempla a possibilidade de novos começos, livre de sua vingança…
Bom, embora tenha sido interessante encontrar o cangaço e os cenários tipicamente “sertanejos” em que se situam o conto, o enredo se desenvolve encaixado na fórmula acima, sendo uma história já muito contada agora com uma nova roupagem. Portanto, não existem surpresas no enredo e o seu acerto de contas com Corisco não envolve tanto o leitor como deveria, chegando a ser um pouco pitoresco o momento faroeste em que cada qual consiste em seu revólver para decidir a batalha. Com cada peça se movendo como esperado, o impacto restou reduzido, mas… parece-me que foi do interesse do autor escrever a história lida. Isto é, não acho que houve um esforço em sair dos clichês e, como comentei, o enredo, mesmo que não intrigue, ainda assim prende, pois essa típica aventura, o anseio para o embate final, a torcida para que a vilania sucumba, mesmo que não pelas mãos das justiças, mas pela vingança de um único indivíduo… esses sentimentos amparados nas lendas heroicas ainda reverberam e aparecem com essa leitura. Torcemos pelo protagonista e ansiamos pelo desfecho de sua jornada. E isso demandou algum cálculo, para que cada coisinha coubesse em seu lugar e garantisse o fluxo da narrativa. É uma habilidade que merece atenção, mesmo que em uma história sem surpresas.
Boa sorte!
Olá Pedro Paulo,
Rapaz, você desvendou tudo. Casa palavra de seu comentário está correta. De fato, foi minha intenção manter os clichês, por ser minha primeira aventura Western, assim, não quis derrapar saindo do tema. Até me forcei a fazer um final fechado (aos quais não sou muito afeito).
Parece, entretanto, que este foi meu erro. Alguma reviravolta, ou surpresa eram esperados pelos meus pares aqui, e sua ausência manteve a história previsível até o fim.
Agradeço pelos comentários!
Bom dia/tarde/noite, amigo (a). Tudo bem por ai?
Pra começar, devo dizer que estou lendo todos os contos, em ordem, sem saber a qual série pertence. Assim, todos meus comentários vão seguir um padrão.
Também, como padrão, parabenizo pelo esforço e desafio!
Vamos lá:
Tema identificado: ação, regional
Resumo: a história da rivalidade de Onça Parda e Corisco, que começou quando Corisco matou sua família quando era criança. A rincha termina num embate onde Onça Parda consuma sua vingança e se sente realizado.
Comentário: gostei bastante!
O conto é bem gostoso de ler. A leitura flui rápida e gostosa, tanto que, quando vi, já tinha terminado. O enredo é muito bom, e a linguagem empregada e a técnica favoreceram o conto.
Vamos por partes.
O enredo é, apesar de não muito inédito, muito bom. Conhecemos a história do Tião, que viu o massacre dos cangaceiros tirar a vida dos pais ainda criança, e desde então dedicou a vida à vingança, tendo matado mais de 100 cangaceiros até chegar a seu algoz.
A ambientação do conto é muito boa. Eu gosto MUITO dessa temática, então rapidamente fui envolvido pela leitura. Suas descrições e diálogos são bons, o que facilitou a imersão.
A técnica também é boa, apesar de haver alguns erros de revisão. Além disso, achei que em alguns momentos o diálogo deu umas derrapadas no regionalismo. Mas nada disso atrapalhou o todo.
Enfim, muito bom! Um conto gostoso de ler, que ainda que não seja muito inédito e que não tenha grandes twists, prende até o fim.
Olá, Luis Guilherme
Fico feliz que tenha gostado! Procurei fazer algo bem no ritmo Western mesmo. Com todos os clichês aplicáveis. Talvez, tenha errado em não ousar nada, mas é isso aí. O regionalismo é bem dificil de simular, mas dei o meu melhor, espero evoluir.
Obrigado por ler e grande abraço!
RESUMO:
História de um menino que foi salvo por uma prostituta durante o ataque dos cangaceiros a um bordel. O garoto cresce, e com ele, a sua sede de vingança pela morte dos pais. Torna-se um pistoleiro, conhecido como Tião Onça Parda ou Suçuarana. Em um confronto, decepa a mão de Zepelim, e acaba por deixar apenas um cangaceiro sobreviver, um jovem que deveria levar um recado a Corisco, o Diabo Loiro. Mais tarde, dá-se outro embate, e Suçuarana e Corisco se enfrentam na faca. Mais ágil do que o oponente, o pistoleiro vingador acerta o peito de Corisco com uma bala. Antes de morrer, e negando-se a se entregar, é metralhado pelos “macacos” liderados por Capitão Zé Rufino. Suçuarana consegue escapar e aprecia o doce sabor da vingança.
AVALIAÇÃO:
Conto bem escrito, com ritmo ágil favorecido pelos diálogos certeiros. O autor soube conduzir muito bem a narrativa, prendendo a atenção do leitor com a isca de uma aventura no mundo do cangaço. Personagens bem construídos, trazem carga emocional à trama, apresentando verossimilhança.
Fiquei em dúvida se o tal Zepelim estava entre os quatro cangaceiros derrubados a tiros pelo pistoleiro.
Há poucas falhas de revisão, na verdade, só notei uma – “Ele se aproximou-se dela”
De resto, devo confessar que curti muito o enredo traçado com tanta firmeza e precisão. O senhor, ou seria senhora(?), é um conhecedor da matéria cangaço? Criou uma narrativa muito agradável de se ler.
Parabéns pela sua participação no último certame do ano. Que o seu Natal seja lindo e que 2020 traga só belas surpresas. 🙂
Oi, Angst!
Que bom que gostou do conto! Eu pesquisei bastante para este conto, vendo e lendo obras de western e cangaço. Aprendi muito desses temas e passei para o papel uma pequena parte.Houve de fato, problemas de revisão, e me dedicarei para minimizá-los nos próximos contos.
Agradeço pelo comentário!
Car(x) autor(x)
Estou aproveitando esse desafio para desenvolver um sistema de avaliação um pouco mais técnico (mas não menos subjetivo). No geral, ele constitui nas três categorias propostas no tópico de avaliação: técnica, criatividade e impacto. A primeira refere-se à forma, à maneira com a qual x autor(x) escreve, desde o uso de pontuação, passando por ortografia e mesmo escolhas de estruturação. A segunda refere-se ao conteúdo, ou seja, a que o conto remete e quais as reflexões que podem ser levantadas a partir disso. Por fim, a terceira refere-se ao estilo, quais as imagens construídas e as emoções que elas evocam. Gostaria de pontuar, também, que, muitas vezes, esses critérios têm pontos de intercessão entre si, sendo que uma simples palavra pode afetar dois ou mesmo três deles. A pontuação final é dada, portanto, pela média dos três critérios, sendo que uma nota elevada em um deles pode elevar a nota final. Dito isso, prossigamos à avaliação.
Resumo: A história de um sujeito que tem a família morta por cangaceiros e transforma em vingança o motivo de sua vida.
Técnica: A qualidade principal do conto é a precisão nas narrações e descrições. A trama se materializa graças a essa capacidade dx autor(x). No entanto, existem, também, alguns aspectos que incomodam. No começo, alguns diálogos sinalizam para uma escrita estilizada, que busca representar a oralidade no texto. Isso, no entanto, acaba sendo abandonado por completo, e gera um sentimento de frustração em quem lê. Outro aspecto importante são os marcadores temporais como “algumas horas depois”. Acho que esse elemento funciona muito bem nas mídias áudio-visuais, mas enquanto elemento literário constitui algo extremamente brega.
Criatividade: Acho que o personagem principal é muito bem desenvolvido e suas motivações são bem explícitas. Gostei especificamente da abordagem dada pelx autor(x) aos cangaceiros. Eles são apresentados unicamente por sua brutalidade. Essas figuras do imaginário nacional, mesmo hoje em dia, levantam questionamentos em relação ao seu caráter, e é sempre interessante ver abordagens diferentes acerca de sua personalidade.
Impacto: É aqui onde o conto se suporta. Impulsionada pela qualidade da narrativa, o conto gera imagens muito comoventes e impactantes. Os personagens são empáticos, e cada um tem uma personalidade própria. A escolha dos diálogos, em especial, ajudam a construir o cenário no qual tais cenas acontecem, e elas propiciam um sentimento de realismo muito interessante.
Fala Evandro, tudo bem?
Muito obrigado por esse comentário tão extenso e expçlicativo. No meu caso, dominar e transmitir a forma falada nordestina e naquela época foi bem dificil pra mim, e de tafo, creio que poderia ter feito um trabalho melhor. Vou me esmerar mais nisso.
O recurso de situar o leitor no local e na data foi a forma mais econômica que achei de fazer isso dentro do limite de palavras rsrs.
Obrigado pelo comentário!
A Onça do Sertão
Resumo:
Duelo ao pôr do sol. Dois cabras, por vias de acertos passados, duelam dentro de um bar. O mocinho leva a melhor e segue sobre o seu cavalo na direção do poente.
Comentários:
Caro Zé Pernambucano,
Conto sem problemas de leitura. Com algumas passagens que merecem acerto. Em certo momento o narrador diz: “Um deles SE identificou…”, só que não, dado que quem identifica o personagem é um velho que choraminga e depois morre de tiro. Em outro trecho há uma construção que precisa ser acertada: “Ele SE aproximou-SE dela…”
De resto o conto segue dizendo o que pretende dizer.
Vi o conto como uma transposição quase literal para os filmes antigos de faroeste. Trocados os nomes para Miss Kitty, Mr. Hollister ou Xerifer Carson, tudo se encaixaria também nos livros de Ryoki Inoue, um brasileiro mais que bamba no gênero, com mais de mil livros publicados.
Acredito que escrever esse conto tornou-se um risco muito grande para o autor, dado que sobrescreveu um roteiro bastante conhecido, sem novidades. Acho que foi esse o propósito, a transposição literal aos filmes de faroeste.
A condução é firme e os personagens também, e embora sejam propositalmente todos clichês, ficaram do tamanho certo. Há entretanto, algumas passagens que conspiram contra os diálogos quando a mão justa do autor, insiste em conjugar os verbos de maneira correta, na segunda pessoa do singular – futuro subjuntivo –, o que, certamente, não ocorreria com aqueles cabras.
“– Se tu não DISSERES quem fez, ainda hoje te mando pro colo do diabo!”
“– Tu OUVISTE o nome dele? É o Suçuarana! A Onça do sertão!”
Há outros, mas não importa, fica a ideia. Errar nesses diálogos seria a coisa certa.
Boa sorte no desafio.
Olá, Angelo!
Obrigado pelos seus comentários, que certamente me ajudarão a corrigir os erros e esmerar os acertos. Sim, os cliches foram propostais, visto ser esta minha primeira vez escrevendo Western. Não quis ousar e isolar a pelota, assim, mirei na segurança de um roteiro fechado e já batido. Talvez tenha sido o erro, a falta de ousadia.
Grande abraço!