Apoiando os cotovelos no batente, Raissa observava a chuva através da janela, suspirando. O bafo quente da respiração embaçava o vidro. Segurava firmemente as lágrimas, enquanto vislumbrava a luz da lua, iluminando gotículas que seguiam seu trajeto tranquilo pelo vidro.
Em seu reflexo, observava finalmente irromper o pranto represado. As gotas quentes tocavam suas mãos, que sustentavam as bochechas.
Permaneceu assim pelo que parecia uma eternidade. O passar do tempo realmente é insondável na mente das crianças de 7 anos. Quando a lua já subia alta e os olhos de seu reflexo estavam inchados, sentiu alguém se aproximar pelas costas.
Aconchegando-se ao seu lado na poltrona, sua irmã mais velha envolveu-a num apertado abraço.
– Sempre gostei de sentar aqui para observar a chuva – Catarina, que parecia tão inchada quanto o reflexo de Raissa, suspirou com a voz rouca. – Adoro a forma como as gotas escorrem pelo vidro, deixando atrás de si esse pequeno rastro…
Um silêncio carregado de significados seguiu essa sentença. O calor do pranto de Raissa agora acariciava os ombros desnudos da irmã.
-Tata… – a garotinha rompeu, timidamente, o silêncio – tem gotas que chegam rapidinho até lá embaixo, mas tem outras que demoram um tempão…
Catarina sorriu gentilmente para a irmã. Entendia perfeitamente os pensamentos da criança.
– Você conhece a história da gota e da lua?
– A gota e a lua? – a menina, curiosa por natureza, levantou rapidamente a cabeça, parecendo esquecer por instantes a tristeza. – Me conta!
– Hmmm… não sei, acho que não tô a fim – Catarina virou o rosto, escondendo a risada.
– Ah, vai contar sim! – a garotinha fez biquinho, tentando disfarçar o sorriso e puxando o braço da outra. – Você sempre faz isso, e sempre acaba contando.
– Já sei. Vamos fazer uma corrida de gotinhas. Você escolhe uma, eu escolho outra. Se você ganhar, eu conto a história. Se eu ganhar… – coçou dramaticamente o queixo, revirando os olhos como se resolvesse uma difícil questão.
– Fala. Fala looooogo…
– Se eu ganhar, você grita bem alto que eu sou a rainha do mundo, e que você me ama – concluiu a garota, em tom de sentença. Cruzando os braços, olhou desafiadora para a outra.
Levantando-se de um pulo, Raissa lançou um olhar atrevido, colocando as mãos nas cinturas.
– Há, há. Muito engraçado. Até parece que você é a rainha – uma expressão decidida atravessou o rosto da garotinha, e a irmã sentiu uma emoção preencher seu peito. A irmã mais nova era uma cópia viva da mãe.
Com os olhos ameaçando encher d’água, apontou para a janela e disfarçou:
– Então escolhe logo sua competidora, espertinha. A minha é aquela ali.
– Vou pegar aquela gordona lá em cima, e você não tem chance nenhuma – apontou, mantendo o tom divertidamente atrevido.
Entre protestos de Catarina pela injustiça da escolha e provocações de Raissa, as irmãs observaram a trajetória das corredoras, entre gargalhadas.
– Que fique claro que essa corrida foi injusta – começou a garota, enquanto a outra fazia uma espécie de dança da vitória. – Mas como eu sou alguém que sempre cumpre as promessas, senta aí. Você vai conhecer a grande história – abriu os braços, como mágico que anuncia o início de um espetáculo – da gota que desafiou a lua!
Em meio a aplausos entusiásticos de Raissa, começou.
Certo dia, uma gota muito corajosa, chamada Bárbara…
– Pera aí, as gotas têm nomes?
– Nessa história, têm! Vai me deixar contar?
– Vou, é que…
– Hum-hum – pigarreou Catarina, lançando um olhar superior, e continuou como se não tivesse sido interrompida.
… chamada Bárbara, olhou para a lua e decidiu desafiá-la.
– Uau, que corajosa! – exclamou a garota, sua boca formando um perfeito O.
– Xiiiu – a irmã repreendeu. Escondendo o riso, levou o dedo indicador aos lábios, e prosseguiu.
As gotas viviam em nuvens, sempre temendo o momento em que seriam jogadas para fora de casa, em direção ao desconhecido. Por isso, todas evitavam se mover demais, para que a mãe nuvem não se irritasse e as expulsasse.
Quando alguma delas tentava falar algo, todas as outras apenas soltavam um “fica quieta”, em uníssono…
– O que é isso, Tata? Unínosso…
– U-nís-so-no, bobinha. Quer dizer que elas falavam juntas, ao mesmo tempo.
– Aaah…
.. em uníssono, e lançavam um olhar repreendedor. Assim, com medo da reação das demais, todas elas se limitavam a trocar olhares e torcer para que o pior não acontecesse.
Havia uma lenda antiga. Uma lenda que era compartilhada aos sussurros entre amigos, quando as gotas mais velhas estavam dormindo. As crianças são sempre mais ousadas, sabe? A lenda contava sobre uma gotícula muito corajosa, que havia pulado sozinha para fora da nuvem, e havia conseguido pousar num lugar mágico.
Nesse lugar, a gota encontrou milhões de outras gotas, que viviam livres, brincando, se locomovendo e conversando sem medo.
A irmã mais nova parecia pendurar-se em cada palavra, absorvendo boquiaberta a história.
Essa gota lendária ficou conhecida como Magda, a garota que desafiou a morte. Todas as crianças sonhavam com Magda, a corajosa cavalheira que rompera o triste destino das gotas.
Porém, resignadas – “resignado é alguém que não reclama, que aceita tudo, Rá…”; “aahhh…” – as gotinhas morriam de medo de dar uma de Magda e acabar se espatifando lá embaixo.
Um dia, a Bárbara perguntou pra um adulto sobre a Magda, e tomou uma baita bronca. “Você é uma irresponsável, menina” – ralhou a velha gota. “Vai acabar matando todas nós! Fica quieta e vive sua vida”.
“Vida?”, pensou Bárbara, amargurada. “Isso não é vida. A gente só fica aqui, parada, e lá fora um mundo imenso e desconhecido.
A menina guardou aquela insatisfação em seu coração, e começou a pensar constantemente no mundo lá fora. Por um vão na parede da nuvem, conseguia olhar e ver o mundo. Às vezes, iluminado pelo deus Sol, o mundo brilhava em cores, e ela podia ver centenas de criaturas que voavam ao redor, divertindo-se entre giros e risadas. Outras, iluminadas pelo prateado da deusa Lua, algumas criaturas esgueiravam-se pela escuridão do mundo, gracejando e enamorando-se, enquanto tantas outras dormiam silenciosamente.
Era um mundo realmente fantástico e amplo. Muito maior e mais bonito que o interior daquela nuvem.
Em uma dessas noites, enquanto deliciava-se em observar a beleza de amplos campos pelos quais passavam, ouviu um riso ecoar por todo o espaço.
– Quem está aí? – sussurrou, temendo ser repreendida. – Do que você está rindo?
– Aqui em cima, mocinha. Sou eu, a Lua. Estou rindo de sua covardia. Fica aí, todos os dias, sentada sonhando com um mundo que nunca vai conquistar. Logo, logo, os Dragões vão mover suas longas asas, e as nuvens vão expulsá-la impiedosamente – a deusa, com sua voz sonhadora que parecia colocar quem a ouvia num profundo transe, tentava intimidar a menina. Bárbara já havia ouvido sobre o senso de humor dos deuses, que gostavam de caçoar e menosprezar os mortais, mas não se assustou. Era uma garota de fibra e coragem.
Vacilante, Raissa ergueu a mão.
– Que foi, Ra?
– O que são esses tais de Dragões, Tata?
-Que bom que perguntou…
Os Dragões eram criaturas impressionantes. Contavam as lendas que eles eram animais enormes, do tamanho de pequenos planetas, que tinham seus corpos protegidos por impenetráveis escamas, focinhos longos de ponta fina e enormes dentes, e asas de tamanho incalculável. Eram responsáveis pelas chuvas, controlando-as pelo simples mover de suas asas. Quando as moviam, todas as nuvens, obedientes, lançavam milhões de gotas em direção ao solo. Quando um dragão estava particularmente bravo, causava tempestades terríveis. Dizem que os raios vinham de seus olhos, tão profundos quanto os oceanos.
Enquanto pensava naquelas criaturas magníficas, Bárbara respondeu, insolente:
– Senhora Lua, não tenho medo de suas palavras. Sou herdeira de Magda, a garota que desafiou a morte. Um dia, também voarei livremente pelos céus, e encontrarei a terra mágica, onde todas as gotas vivem felizes. Levarei também todas as outras gotas.
– Sua tola! – a deusa Lua exaltou-se, e uma escuridão ainda mais densa condensou-se sobre o mundo. – Como ousa me desafiar? Com meu poder, posso destruir planetas inteiros. Apenas com minha vontade, posso acabar com esse mundo insignificante.
O retumbar daquela imponente voz causou furacões e maremotos. A nuvem toda balançou, e milhares de gotas iniciaram rezas baixinho, temendo por suas vidas.
Uma única gota manteve-se em pé, olhando nos olhos da Lua.
– Você é uma criatura estranha, garotinha… – a Lua, num tom intrigado, olhava nos olhos daquela pequenina gota d’água. – O que me propõe?
– Você deve conhecer todos os Dragões do mundo, senhora Lua. Se eu conseguir chegar ao mundo mágico, você conversa com seus amigos Dragões, e pede para que eles batam suas asas de forma gentil, cuidando para que todas minhas amigas gotas sejam lançadas no momento certo, e desçam tranquilamente em direção ao mundo.
– E se você perder? – rebateu a Lua, lançando um olhar penetrante em direção àquela curiosa adversária.
Bárbara apenas sorriu, e, sem responder à Lua, lançou-se pelo buraquinho na parede da nuvem, deixando para trás uma multidão de gotinhas boquiabertas e uma Lua com um inesperado olhar de satisfação e admiração.
Satisfeita com o olhar admirado da irmã, Catarina fez uma pausa estratégica. A garota era realmente boa em causar um efeito dramático.
– E aí, acabou? – perguntou a irmã, confusa.
– Não! Foi aí que começou a grande aventura da Bárbara!
Impressionada, Raissa abriu um grande sorriso e se acomodou melhor na poltrona. A chuva caía ainda mais forte lá fora, milhões de gotas desafiando os desígnios da Lua.
Logo que abandonou o conforto da nuvem, Bárbara se viu num mundo totalmente novo. Sentiu o frio do vento atravessá-la, e seguiu em queda livre em direção ao solo. Olhou a toda volta, congelada de pavor. Naquele momento, não passava de uma pequena pedrinha de gelo, como um granizo.
Por um tempo, sentiu que tinha cometido um grande erro ao entrar naquele desafio com a Lua. Fechou os olhos com força, evitando olhar para o mundo que se aproximava rapidamente. Até que ouviu uma voz aguda.
– Abre esses olhos, menina. Não tenha medo.
A voz calorosa preencheu-a por completo, e arriscou uma olhada para o lado. Voando junto dela, uma daquelas incríveis criaturas com asas que ela adorava observar de sua nuvem.
– Senhor Pássaro. Cometi um grande erro. Estava segura dentro da nuvem, e agora estou caindo em direção ao chão, sem conseguir controlar meus caminhos – lamentou a pobre gota.
– Muito pelo contrário, senhorita! – um novo pássaro apareceu, cantando naquela voz doce e suave. – Você finalmente controla seus caminhos. Passou a controlá-los quando se lançou de forma tão corajosa.
Enquanto falava, entrelaçou-se num voo tranquilo com seu companheiro. Seus olhos brilhavam, e olhava confiante para a escuridão.
– Muitas vezes… – dessa vez, a voz vinha de alguém acima. Bárbara ergueu os olhos e avistou um terceiro elemento, com uma reluzente penugem vermelha… – é necessário se jogar no desconhecido, para descobrir que não se conhecia nada sobre si mesmo.
– O senhor fala engraçado, senhor Pássaro. Para onde vocês estão indo?
– Para onde você for, minha garota – respondeu a ave pomposa. – Vamos te acompanhar, assim como acompanhamos sua antepassada Magda, e tantas outras. Ela também tinha medo. Todas sempre começam congeladas de medo, mas acabam libertando-se como brilhantes e molhadas gotas.
E os quatro amigos seguiram viagem, desafiando o vento e a velocidade da queda. Quando se aproximou o suficiente do solo, a garota perguntou:
– Senhores pássaros… o que eu faço quando atingir o chão?
– Todas as gotas atingem o chão. Seu voo sempre termina. Nem por isso, deixam de voar, minha garota – o Pássaro vermelho soltou a nota enigmática, mudou a direção do voo e partiu em direção ao desconhecido, acompanhado de seus dois amigos.
– Nos vemos lá em cima, menina – sorriu o primeiro Pássaro, e disparou ao céu.
A gotinha atingiu em cheio o solo, e tudo ficou escuro.
Raissa debruçou-se em direção à irmão, ávida pelo fim da história. Após uma pausa dramática, Catarina prosseguiu.
Após um momento em que parecia que tudo tinha acabado, a gotinha sentiu que deslizava pela terra, em meio à escuridão. Como se soubesse o caminho, esgueirava-se por aqueles labirintos. Lembrando-se do olhar desafiador da Lua, reuniu toda sua coragem e forçou passagem, esforçando-se e apertando-se por cada minúsculo corredor.
Após um tempo que pareceu uma eternidade, e manifestando uma força que jamais imaginou que tivesse, finalmente chegou ao fim daquele caminho. Ali, finalmente começou a ouvir alguns sons. Eram vozes!
Centenas, milhares de vozes que riam, brincavam e falavam livremente.
– Olhem – algumas delas diziam – temos uma nova amiga. Ela acabou de chegar.
– Seja bem-vinda!
Percebeu estar cercada por milhões de outras gotas. Todas elas formavam um grande grupo, um aglomerado de gotas que formavam um fluxo incessante. Percorriam o interior da terra, como uma única vida. Eram livres e podiam se expressar sem medo. Juntas, seguiam em direção ao desconhecido.
Após muito e muito tempo de viagem, e tendo feito milhões de novas amigas, Bárbara se viu caindo num grande rio, e percebeu que, agora, não era apenas uma gota, mas um imponente rio. Sorrindo, olhou para o alto, e recebeu em retorno o sorriso da deusa Lua.
Até hoje, milhares de pequenas gotas contam a história de Bárbara, a corajosa, e reúnem coragem para seguir seu caminho em direção ao desconhecido.
Quando finalizou a história, viu que Raissa chorava. Seus olhos marejavam, lançando gotas quentes pela face. Mas agora sorria. Sem dizer nada, a garotinha abraçou Catarina com força, pensando sobre como algumas gotas chegam antes ao solo, talvez cedo demais, mas como todas elas caminham juntas e acabam se reencontrando no rio.
Após um tempo, olhou novamente pela janela. A chuva cessara, e agora um agradável luar iluminava as inúmeras poças que penetravam pela terra.
E a vida se renovava a cada instante, sob o olhar penetrante da deusa Lua.
Belíssima história sobre coragem, transformações e ciclos. Gostei do trecho com as irmãs, com exceção de algumas repetições das descrições dos diálogos(“escondendo o riso”), mas tenho a impressão de que sem essa parte a riqueza de significados da história se tornaria ainda maior e a mensagem ainda mais universal. No mais, é aquele tipo de abordagem que agrada tanto crianças quanto adultos, pela qualidade da narrativa e a força da metáfora. Parabéns, Luiz! Um abraço.
O que mais de atraiu no conto foi a metáfora que serve tanto para crianças como para adultos, sobre coragem, transformação e extremos que se tocam. Vivemos ciclicamente, não é verdade? O fim e o começo são na verdade indistinguíveis, pois a gotinha, um dia, há de evaporar e regressar à nuvem que um dia lhe serviu como casa. É nesse aspecto fabuloso — literalmente falando — que reside a força desta história, uma trama simples de entender por gente de qualquer idade. Se posso fazer uma sugestão, é eliminar as duas irmãs da história e focar só na gotinha Bárbara. Creio que a fábula se sustenta sozinha e melhor do que amparada nas duas meninas, até porque não curti tanto os diálogos entre elas. Em suma, um conto cujo recheio é nota dez, devendo-se, por isso, abandonar a casca. Parabéns pela obra, Luis. Um grande abraço e ótimo 2020.
O conto é sobre uma garota de sete anos que perdeu a mãe e é consolada pela irmã mais velha.
Através de uma fábula sobre uma disputa entre uma gota com personalidade e a Lua, a irmã mais velha conforta a jovenzinha que aparentemente perdeu a mãe.
Posso arriscar dizer que se trata de um conto espírita ou espiritualista muito bem construído, pois começa com uma menininha triste devido a perda da mãe, que se lê nas entrelinhas, e a sabedoria de uma irmã mais velha ao sugerir, através de uma fábula, que as gotinhas-pessoas que se amam, algum dia voltarão a se encontrar.
Parabéns! Gostei muito.
Resumo: É a estória de duas irmãs, onde uma conta uma estória sobre coragem à irmã mais nova. Nessa estória existem dragões responsáveis pelas chuvas e uma gotinha que desafiou a lua em busca do mundo mágico em que todas as gotas são felizes. No final da estória, Raissa acaba chorando e abraça a irmã e parece entender algo mais sobre a vida.
Comentários: Eu gostei da estória. Pareceu-me um pouco água com açúcar no começo, se fosse no tema infantil mereceria nota alta. Porém, na atual circunstância não me pareceu muito diferente de outras estórias infantis que já li. Talvez porque eu esperasse um final mais dramático. Não vi falhas de revisão. Só não gostei do excesso de travessões, achei que atrapalhou um pouco o entendimento de algumas falas.
A gota que desafiou a lua
Resumo. Em um momento de luto aparente de duas irmãs, uma dela conta a história de uma gota que mudou seu destino.
Comentário.
O texto é interessante. Histórias de superação sempre causam uma idéia de desalinho, mas o texto segue bem.
Pena que o final estraga: “E a vida se renovava a cada instante, sob o olhar penetrante da deusa Lua.” O Conto terminaria melhor na frase anterior.
Ficou forçado. Criou um ruído desnecessário.
Uma irmã conta para a caçula a história de uma gota que teve coragem para conhecer o desconhecido e sair da sua nuvem, e cair no chão, se transformando num grande rio junto de milhares de outras gotas.
Técnica: 4,5
Criatividade: 4,5
Impacto: 4,0
Texto muito bem escrito, para mim perde um tanto o ritmo com as interferências da irmã mais nova na história. Um conto dentro de outro conto tem essa característica que dificulta xs escritorxs tornarem um texto fluído sem criar cacos, mas gosto da abertura do conto, da menina observando a janela, uma bela introdução ao conto que veio para ser contado.
Acho ótima a história da gota, a humanização dela, uma bela alegoria, no final, ao trabalho em equipe, a “união faz a força”, trazendo esse ‘despertar’ às crianças da coletividade, tão necessária nos nossos tempos de individualidade.
É um conto de jornada do herói, que poderia ter um pouco mais de jornada. Muito boa a inserção da lua, dos pássaros, das gotas no rio, até poderia haver um pouco mais de trabalho nessa grande aventura que é o rio, pois todo o trabalho dela pular foi para este momento, a grande viagem, houve uma breve descrição, porém muito breve em relação as outras partes. Ainda tinha um pequeno espaço se for contar o limite do regulamento, mas caso faltasse ainda poderia haver alguns cortes (ao meu ver) nos cacos de interrupções da história.
Errinho na frase “Raissa debruçou-se em direção à irmão” – seria “irmã”.
Resumo: em uma noite chuvosa, irmã mais velha consola a caçula contando-lhe uma história repleta de significados e mensagens subliminares que trazem força e coragem para a menina enfrentar seus medos e vencer sua tristeza.
Impressões: enredo com grande apelo emocional. Destaque para a ótima utilização gráfica dos efeitos textuais, como o itálico e as aspas, que trazem fluidez e sentido para a leitura. A não revelação explícita do motivo da tristeza da personagem caçula traz ao final do texto uma boa dose de especulação e o efeito do não saber deixa o final em aberto, ótimo para histórias curtas.
Parabéns pelo bom trabalho!
Resumo:
Raíssa está triste por algum motivo e Catarina, sua irmã mais velha vem lhe consolar. Depois de algumas provocações, conta a história da Gota que desafiou a Lua. As gotas viviam no conforto das nuvens e todas temiam se lançar à terra. Uma lenda contava que Magda, uma jovem gota, havia se atirado sozinha e encontrado um lugar mágico. Daí, a lua, olhando para uma gotinha chamada Bárbara, duvidou de sua coragem. Provocada, Bárbara também se lançou e foi se tornar um rio. Ao ouvir a história a pequena Raíssa filosofa sobre a mizade e o compartilhamento da vida.
Considerações:
Uma história doce e delicada, bem escrita, bem desenvolvida e com um tema que EU considero um pouco ingênuo.
O conto narra a história das irmãs Catarina e Raissa. Catarina, a mais velha, vendo a tristeza da pequena Raissa, resolve contar-lhe a história da destemida Bárbara, uma gota d’água que cria coragem para se lançar ao céu, deixando o aprisionamento da nuvem.
Gostei do conto. A fluência narrativa me agradou bastante. A leitura é muito fácil, ágil, sem nenhum entrave. Os dialôgos são muito bons. O texto é muito bem conduzido pelo autor(a). Achei a metáfora das gotas aprisionadas em uma nuvem bem interessante e gostei até da “moral da história”. O texto é bem escrito, vi erro apenas em um ” irmão” no lugar de “irmã”. Boa sorte no desafio.
RESUMO: Relata a história de duas irmãs em um dia chuvoso. A irmã mais velha passa a contar para a mais nova, a história da gota que desafiou a Lua. Conta como a gota vivia entre outras milhões de gotas, no interior da nuvem, e como a tal gota deixou a segurança do interior da nuvem e se lançou em direção à terra, em busca do desconhecido. Ao se chocar contra o solo, imaginou que tudo estava perdido, mas penetrou as entranhas do solo até se encontrar com outros milhões de gotas que formam um enorme oceano subterrâneo.
CONSIDERAÇÕES: Um conto bem elaborado, usando um vocabulário simples, mas fazendo bom emprego das palavras. A gramática é perfeita e permite uma leitura fluida. Embora à primeira vista possa parecer um conto infantil, trata-se de um conto cuja leitura é agradável para pessoas de qualquer idade, penso eu.
RESUMO: Abrigadas da chuva, uma jovem conta à sua irmã infante a história de Barbara, a gota de água que vivia com suas semelhantes nas nuvens que desafiou a lua, voou com pássaros e finalmente se tornou rio, inspirando milhões de outras gotas de água a fazerem o mesmo.
COMENTÁRIO: Um conto gracioso, tenro. A história é carinhosa e emana doçura. As duas irmãs são personagens simpáticos e a história da gota Barbara é típica dos contos de fadas. Aqui a autora foi feliz ao conseguir traduzir este espírito fantástico, doce e “moralístico” deste tipo de conto.
A narrativa flui de forma interessante, mantendo o leitor tão preso à história quanto a jovem Raissa. A gramática também é muito bem empregada, não se dedicando a construir sentenças complexas e poéticas, mas deixando a beleza da escrita se fundir à da história, provando que não é necessário fazer malabarismos frasais para se escrever bonito.
O enredo é gostoso de acompanhar, mas a parte dos pássaros me pareceu confusa, fiquei sem saber quem era quem e qual a relação deles com a gota no futuro. Também não compreendi a metáfora dos dragões, mas talvez já seja falta de sensibilidade da minha parte, não?
Gostei bastante.
Um abraço!
Olá, Bárbara, boa sorte no desafio. Eis minhas impressões sobre seu conto.
Resumo: Uma menina contempla a chuva e o luar a partir de sua janela. Sua irmã, a mais velha aproveita o ensejo e conta a lenda da lua e a gota de chuva que, como todas as outras gotas juntas, tornam-se chuva formando os rios que correm rumo ao desconhecido.
Gramática: A leitura flui tranquila sem problemas gramaticais aparente.
Comentário crítico: Um conto infantil que conta uma lenda. O que não ficou claro é se a lenda narrada é uma lenda de fato ou pertence ao conto do autor (a). Mas de qualquer forma é um belo conto infantil, muito bem narrado.
Ao ver a irmã menor chorando, a irmã mais velha decide animá-la contando-lhe uma história edificante sobre gotas corajosas que desafiam o próprio medo para abandonar o conforto das nuvens e se lançar ao solo.
Um conto infantil que aposta na emoção. O carinho e o cuidado da irmã mais velha pela menor estão bem representados no conto e despertam a empatia e o engajamento do leitor.
O problema que vejo no seu conto é o excesso de sutileza — ou a falta de clareza — tanto na explicitação da razão das lágrimas da irmã menor como na conexão da história contada pela maior com a dor da pequena. Se a intenção é realmente se comunicar com um público infantil, na minha modesta compreensão do que seja a literatura para esse público, entendo que não faria mal ao texto essas questões estarem mais bem esclarecidas nas linhas do que subentendidas nas entrelinhas.
No mais, é um texto que tem muitos méritos e está muito bem escrito. Com relação à revisão, achei um pouco estranho a narradora e os personagens pássaros se referirem à gota como “garota” em alguns momentos da história.
Parabéns e boa sorte!
A Gota que desafiou a lua
Resumo: Duas irmãs conversam durante o cair de uma chuva. Raissa, permanece recostada sobre a vidraça observando as gotas que caem em ritmos diferentes. Catarina, a irmã, lhe conta uma história sobre uma gota que resolveu desafiar a imponente lua. Mesmo com tantos elementos que pudessem impedir a pequena gota de seguir seu caminho, ainda assim, ela o faz, desafiando seu destino, mostrando que pode encarar novos caminhos. Ela acaba sendo ajudada por amigos pássaros que faz ao final do conto. Eles lhe dizem que todas as gotas seguem para um mesmo destino. Todas se reencontram num rio de felicidades.
Pontos Fortes: Narrativa muito sólida. A criação dos elementos que conduz o texto amarram bem o conto. Não percebo pontas abertas ou soltas. A relação entre as irmãs, assim como, a relação de amizade que surgira ao final, me agradou bastante. Um conto infantil muito bem explorado. Sem apelativos.
Ponto Fraco: Só notei um único erro na passagem do texto, onde o criador num dado momento descreve que a história esta sendo contada pelo irmão, não pela irmã.
(Raissa debruçou-se em direção à irmão)
Comentário geral: Se eu fosse uma criança, provavelmente, estaria com olhos cheios de brilho, pensando na coragem da pequenina gota em desafiar a lua.
Puxando para o meio adulto, vejo muito das considerações usadas sendo aproveitadas no dia a dia. Acredito que, o tempo todo, nos desafiamos. Desafiamos, inclusive, a lua, se preciso for. Por vaidade? Não. Desafiamos o mundo para nossa sobrevivência. Fazemos isso constantemente. O fato, é que, é tão involuntário, que acabamos não percebendo o quanto nos desafiamos dia após dia. Tem muita reflexão a ser feita num único texto.
Olá autor!
Ahhh que conto lindo!! Me emocionou! Quanta delicadeza ao tratar de um tema tão difícil para uma criança (pelo texto imagino que elas estejam perdendo ou já perderam a mãe, tô certa?) Lidar com o desconhecido é difícil para todos e a história da gotinha corajosa que resolveu ignorar o medo e se lançar no desconhecido é inspiradora.
O conto está impecavelmente bem escrito, com frases lindas, delicado, forte, tudo na medida exata. As personagens são bem delineadas e parecem crianças reais, isso é muito difícil de conseguir. Você criou um lindo conto com uma mensagem forte! Parabéns e boa sorte!
Conto em formato de história para crianças que narra a histórias de duas meninas numa noite chuvosa, na qual uma conta uma história sobre uma gota de água.
O conto está bem escrito e nota-se que a autora tem experiência e talento nesta área, cumprindo na perfeição os requisitos deste género literário. Ritmo, pedagogia, entretenimento, lema moral. Tudo aparece neste conto, e creio que só peca, na minha humilde opinião, por não ilustrar o ciclo completo da água.
Olá, autor!
Ahhh que conto lindo!! Eu amei! Pena que não posso dar nota pra ele …
Então, eu me emocionei lendo, imagino que as meninas perderam ou estão prestes a perder a mãe, e mesmo sendo triste, você conseguiu fazer com que ficasse bonito e encorajador. As personagens são umas fofas, parecem crianças reais, é bem difícil fazer isso! O conto está impecavelmente bem escrito. Fluido, simples, interessante e profundo. Deveria ser lido para crianças que precisam se adaptar a mudanças. Ótimo conto! Parabéns e boa sorte!
A Gota que Desafiou a Lua
Resumo:
Num dia (ou fim de dia) chuvoso, uma irmã mais velha consola a outra, ainda menina, que chora na janela. Catarina conta à Raissa a história de Bárbara, uma gota de chuva, que tal qual suas irmãs, vivia presa a uma nuvem, temendo pelo momento em que cairiam em direção ao solo. Porém, Bárbara, a gotinha, acreditava numa lenda pela qual, uma semelhante sua, ao precipitar-se voluntariamente em direção à terra, encontrou um mundo mágico e se libertou. Experiência que a própria Bárbara resolveu vivenciar após ser provocada pela lua.
Comentários:
Uma bela e criativa fábula dentro de um conto, narrado por alguém que claramente possui intimidade com o gênero infantil. Vocabulário simples, porém, extremamente eficaz. Narrativa fluída, agradável e que, mesmo lida por adultos, não deixa espaços para o fastio. Diálogos que, para além de “plausíveis”, são eficazes em delinear os personagens, seja a garotinha sensível, a irmã afetuosa e protetora ou, até mesmo, uma impetuosa gotinha d’água.
Claro que tudo – ou talvez nem tudo, tão pouco claro – pode ser melhorado. Assim, não me agradou a desgastada expressão “bafo quente”, ainda mais quando utilizada pelo mesmo autor(a) capaz de criar a bela figura presente na frase “a irmã mais nova parecia pendurar-se em cada palavra”.
Mas, mais que tudo, senti falta de um retorno ao princípio, de saber a razão pela qual Raissa chorava e, mais ainda, porque a menção, levantada por Catarina, da semelhança entre a irmã mais nova e a mãe. Afinal, segundo Tchekhov disse: “Se no primeiro ato você tem uma pistola pendurada na parede, então, no último ato você deve dispará-la.” Então, para mim, este conto ficou a não muito mais que um tiro para ser perfeito. Parabéns!
Em números:
Título e Introdução: 7
Personagens: 8
Tempo e Espaço: 8
Enredo, Conflito e Clímax: 8
Técnica e Aplicação do Idioma: 9
Valor Agregado: 8
Adequação Temática: 10
Nota Final: 4,2
Observação:
As parciais, baseadas nos critérios, variam de 0 a 10, mas possuem pesos distintos na composição da nota final, que varia de 0 a 5.
Duas irmãs, aparentemente em luto, tentam apoiar-se mutuamente. A irmã mais velha decide contar uma história em que gotas partem em uma aventura rumo ao desconhecido e acabam por encontrar o verdadeiro sentido da sua existência.
TÉCNICA
O início, apesar de bastante explicativo, me fez esperar pelo desvendar de uma situação trágica que, contudo, não veio. É possível interpretar que elas estavam vivendo a perda recente da mãe, mas isso não fica claro e o desfecho não contribui para acrescentar novos elementos a essa narrativa. Lá pelo meio da longa história contada pela irmã, imaginei que pudesse ter sido a intenção escrever um conto infantil, mas para isso, o começo deveria ter sido menos subjetivo. Outra coisa, a história dentro da história é longa demais e tornou a leitura cansativa.
CRIATIVIDADE
Gosto de histórias infantis e com lições positivas.
IMPACTO
Serei bastante sincera aqui. O conto não me impactou. Procurei um núcleo de tensão que é essencial ao conto e não encontrei. Esperei por um final mais surpreendente e ele também não veio. Penso nos contos como “sustos literários”, um nocaute mesmo, ainda que com leveza.
Parabéns, boa sorte.
A história titular é, por si só, linda, transmissora de um acalentador senso de esperança que só pôde ser alcançado devido à narração rica em detalhes, bem articulados de modo a dar vida à fantasia. Mas, além disso, há o enredo sobrejacente, em que uma irmã mais velha consola a mais nova, este muito bem apresentado pela autora, que com sutilezas como apelidos, gestos e pequenos pensamentos transcritos, deu profundidade à relação das irmãs, incorporando a história da gotinha corajosa a uma lição que, felizmente, não se ateve à própria história, mas a um ensinamento entre irmãs. Isto é, a história de Bárbara envolve e emociona, mas a “moral da história” ficaria apenas enquanto moral se fosse só isso e obteve um significado mais impactante ao servir para Catarina e Raíssa. Então veja que a autora conquistou o leitor com três personagens diferentes, uma delas sendo uma gota d’água. Fico feliz em estar acompanhando o desafio.
Boa sorte!
LIndo o seu conto, Bastante sensível e muito bem escrito. Parabéns.
Resumo: Uma menina de nome Raíssa tenta sem sucesso segurar as lágrimas enquanto olha pela janela. É quando aparece sua irmã mais velha, Catarina, que aparenta também estar sofrendo, porém ainda é capaz de reunir suas forças para animar sua irmãzinha contando-lhe uma fábula.
O que achei: Linda! Da primeira à última gota. As duas protagonistas conseguem ser uma ótima introdução para a história dentro história. Tendo esta segunda a sempre válida moral sobre se ter coragem para ultrapassar os limites impostos por um mundo acomodado. Isso, sem desmerecer toda a beleza da história primeira, na qual uma irmã mais velha, que aparenta estar tão ou mais triste (por um fato não revelado; talvez a morte da mãe de ambas) ainda tem disposição para consolar sua parente.
A menina Raissa observava a chuva; a irmã mais velha aparece e conta-lhe uma história: a Lua quer controlar tudo, mas a gota Bárbara se rebela. Ela e milhares de outras gotas reúnem coragem para seguir em direção ao desconhecido, formando rios e mares.
Achei válida a inserção da contação de história, o conto dentro do conto, valorizou a narrativa. Enredo linear; personagens um pouco esquemáticos, linguagem simples, poética, frases curtas e repetitivas, algumas rimas.
Trata-se de um texto fabular, com lição de moral e tudo. Filosófico e didático, e com um desfecho que vem de forma mansa, sem surpresas e com certa previsibilidade. Senti falta de um pouco mais de drama e emoção nas reações.
O título é sonoro e sugestivo. Ambientação e conflito bem construídos. O enredo não é original, mas apresentado de forma interessante, com ritmo e complexidade adequados ao gênero infantil. Uma criança sentiria prazer na leitura cheia de beleza inocente.
O tema seria a busca de uma vida melhor e, que, neste mundo de diferenças, não há nenhuma de fato.
Parabéns pelo trabalho que tem conteúdo para influenciar crianças de uma forma positiva. Sucesso. Um abraço.
A GOTA QUE DESAFIOU A LUA – Resumo- Num dia de chuva, Catarina conta para a irmã mais nova, Raíssa, a lenda da gota d’água que desafiou a Lua. Todas as gotas deveriam permanecer caladas na nuvem e uma delas, se rebelou e atirou-se para a terra, descobrindo um novo mundo.
COMENTÁRIO- Achei uma boa história com tema infanto/juvenil, muito singela, sem grandes dramas psicológicos e reviravoltas mirabolantes.
A escrita é correta, não encontrei erros embora eu achei estranho lua e chuva ao mesmo tempo. Ou a lua surgiu depois da chuva?
A história da lenda, que toma grande parte do conto, é o tema central. Não é nada errado escrever uma história infantil para adultos julgarem. Só acho uma temeridade, já que o tema é livre. Foi uma opção corajosa.
Os diálogos correspondem exatamente a idade dos personagens. Ficou legal também a estrutura do texto. Boa sorte no Desafio.