Era um tribunal, uma espécie de. Ela no palanque, em frente a todos, falava ao ar livre. Não tinha júri, ninguém para avaliar, só para ouvir. A grande plateia ouvia sem juiz, sem sentença. Ela defendia, sem advogado ou promotor. Naquele lugar não havia autoridade. Nem julgamentos. Todos ouviam. Importavam-se. Todos só queriam ouvir. E esperar sua vez de falar.
Eu, sentado na plateia, a conhecia. Ninguém mais dali conhecia. Ela me conhecia, e, talvez, só eu dali. E falava para todos, sem citar o que ou a quem, mas eu, ouvindo do público, sabia das palavras dirigidas a mim. Dirigidas a nós. Dois. E ela olhava para todos, mas tais palavras, olhava para mim, diretamente a mim, afundava seus olhos nos meus. Eu fingia que tudo em mim continuava normal. Por fora ainda era, exceto os pelos eriçados, que aos olhos desatentos, dos espectadores atentos a ela, eram imperceptíveis. Ela fingia falar num todo, a todo mundo, que falava da sociedade, mas ela e eu, naquele momento, éramos a sociedade, a própria, formada de dois. Apenas dois. Sociedade de dois. Dociedade.
Palavras de amor eram vomitadas de sua boca. Ninguém tem direito ao desamor. Bradava assim, de voz caluda. Todos somos amor em construção. Centenas de lábios entreabertos prestavam atenção no amor. Queriam amor. Lábios solitários necessitando de um beijo que não fosse para sugar. Querendo um beijo que fosse para dar e só dar. Lábios carentes de lábios cordiais outros.
Minha boca saliva olhando a boca dela. Falando. Da sua língua entre os lábios e os lábios nos dentes. Da linha da boca e meus lábios pensantes na linha. Da boca dela. Cuspindo palavras de amor, diretamente em minha boca, como uma mãe pássaro alimentando minha passarinho boca. Salivo, do amor nas palavras, saindo da boca nua, pertencente ao seu corpo nu, em pé ao palanque. Falando a centenas de mais corpos nus, sentados nas pedras dispostas em semi-arena, num quase palco grego. Naquele espaço quase Grécia Antiga a sua voz de atriz solo, também ecoava em coro voz. E reverberava de seu corpo nu, em centenas de outros corpos nus mais meu corpo nu, não mais confortável ali. Não pousado, eriçado.
Fim do discurso. Uma pausa. O amor completava o ar, naquele grego lugar. Seu corpo saiu do palanque. Não pude ver sua nudez. Não poderia olhar sua nudez. E, também, não poderia tirar os olhos dela. Observei seus pés descalçados, caminhando na grama, em direção a plateia, cada vez mais próximos a mim. Seu olhar não cruzou com o meu. As centenas de olhares também não olhavam pra ela. Cruzavam o horizonte. Olhavam o nada. Pensavam nas palavras, ditas da voz caluda e ninguém viu, ninguém pôde ver meu olhar que buscava os olhos dela, e, atento, observava a grama que recebia seus pés nus, caminhando em minha direção. Sem cruzar olhares sorriu para mim e sentou-se ali próxima. Na distância de quinze ou dezessete corpos nus de mim, tão próximos de novo um do outro. Sem trocar olhares ela me olhava. Eu sorria a ela. Ela me acariciava em pensamento. Disso eu sei, eu estava em seu pensamento, eu vi. Percebi na sua pele.
Dois desconhecidos, ela e eu, assim era aos olhos dos outros. Dois amantes de olhares, sem quase se olhar. Ela sentada como se não nos conhecêssemos. Eu olhava ainda assim. Olhava seu corpo e minha vontade de ir até ela crescia. De um jeito discreto, também ela olhava, enquanto pessoa outra ocupava o lugar dela ao palanque e começar discursar.
Meu corpo nu não conseguia mais, não escondia a ereção. Ela quinze barra dezessete corpos de mim, tão próxima, era como se houvesse um túnel de ar que trazia o seu aroma direto às minhas narinas. Seu cheiro entrava em meu corpo e penetrava em meu sexo. Agora inflado. Minha ereção era o ar do cheiro dela.
Eu tentava, de forma vã, tirá-la da mente. Tentava esconder a ereção. Tentava prestar atenção nas palavras do novo discursador. Do que ele falava? E os olhos discretos dela, sorriam para mim, sabiam da minha ereção e gozavam de mim. Ao menos os olhos dela gozavam. Eu sentia prazer com isso, os olhos discretos dela fingiam desatenção e queriam meu sexo. Assim como ele também a queria. E apenas os nossos corpos sabiam.
Mostramo-nos, pois eles não sabem da gente, eu ouvi do discursador. Talvez ela também ouviu e ninguém sabia da gente exceto nós dois. Ninguém podia saber da gente. Dos nossos olhos.
E de fora veio um grito longo. Ninguém ouviu, ou deu atenção lá pra fora, que brada um grito outro, abafado, chamando o nome dela, e, ninguém deu atenção, exceto ela e eu. Nossos sorrisos desapareceram. Minha ereção desligou. Grito interruptor. Tuc!
E eles vêm com toda fúria, as novas palavras do orador não se dirigiam aos gritos de fora, e bem talvez, nem os ouviu, mas ela e eu percebemos como se fossem, como se fossem, como se fossem. E ecoavam. Ecoavam fúria. Fúria. fúria. úria. úia. úa. ú. ú. . . .
Os gritos de fora, agora, eram de dentro, vinham daqui e agora já todos podiam ver. E o discursista que proferia suas últimas palavras, agora parado ao palanque, o via, invadindo nosso espaço, sagrado. Ele com sua pouca vergonha, diante dos nossos corpos nus, de centenas de corpos nus, veio assim, totalmente invasivo, totalmente obsceno, de terno, gravata e calça social, sapatos indecentemente e vergonhosamente encerados, lustrados, brilhavam descaradamente. E todos boquiabertos com aquele vexame, aquele mal gosto escroto e nojento, da camisa engomada, botões e finos fios. Infestando nosso espaço. Sagrado. Ele. Pensando ser tão dela que não pertence a ninguém, nem a ela e muito menos a ela, nem ela a ele, ou ninguém a alguém, não é assim que ele trata, e, ele vai até ela, esbravejando, e, toma o braço dela e a puxa, para o seu corpo, até o seu corpo, ridiculamente vestido, e, ela em solavanco, de olhos irresolutos tristes salta ao ar e é arrastada, ele procura algo, ou alguém, possivelmente eu se me reconhecesse, se soubesse de mim, procura, sem sucesso, só procura, enquanto a leva, e, nossos olhares se cruzam, o meu e o dela, uma última vez, ninguém mais vê a troca de olhares, além de nós dois, e, nossos olhos se amam, não pela última vez, mas em tristura, se amam para sempre, e sempre, até o próximo olhar, e nos outros próximos olhares, e se amam, sem se olhar, desde o primeiro olhar, até quando não se olhavam, nossos olhos se amavam e… E hão de amar.
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CONTO AVALIADO: Olhos, os
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Olá Lucas Jabor; tudo bem?
O seu conto é o décimo quinto trabalho da Série B que eu estou lendo e avaliando.
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O QUE ACHEI DO SEU TEXTO
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Gostei bastante da poesia contida no texto, de beleza singular.
Gostei também da forma com que foi descrita aquela ligação entre os dois pares de olhos, apaixonados. Gramatical e foneticamente bem construída, a narrativa usa e abusa (de forma positiva) das nuances de nossa Língua e agrega ainda mais beleza à história de amor contada.
Um dos meus textos preferidos, até o momento (primeira nota máxima!). Parabéns e boa sorte no Desafio!
Bem, pra finalizar… As regras do Certame exigem que eu faça um resuminho da história avaliada, para comprovar minha leitura. Então, vamos lá:
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RESUMO DA HISTÓRIA
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Como em um teatro grego da antiguidade, um par de olhos se enamoram, sem posse, sem domínio, sem maldade, apenas amor; quando, de súbito, alguém de fora invade aquele teatro lúdico e, repleto de bens e posses, leva aquele olhar à força, quebrando a beleza e a riqueza daquela comunhão; porém jamais a destruindo. (Nota: 5)
Olhos, os
Lucas Jabor
Sabrinesco
Resumo
Uma audiência pública sem intenção de julgamento ocorre em um parlatório grego, uma mulher fala de forma geral aos desconhecidos, tendo entre eles alguém que ela conhece, o narrador. Após a fala sobre amor, ela senta próximo dele, que pelas palavras ditas e pela lembrança de contato anterior aos fatos, fica visivelmente excitado. Os dois, indiferentes aos demais, não percebem o clima de perigo que a fúria que surge na figura de um invasor e que leva a mulher de surpresa, interrompendo o momento de paixão do casal que é construído na junção de memória e olhares.
Comentário
Lucas Jabor
“Olhos, os” É um texto desconcertante. O narrador personagem nos conta sua percepção criando uma simpatia que se mescla com animosidade, justamente pelo fato de conhecer a mulher que fala.
O texto me assusta. Pontuação e Sintaxe são de desconstrução, porém me incomodaram mais pelo truncamento que causam na narrativa que por “mania de professor”, a cacofonia é gritante, pois ela dissocia da idéia romântica que finda o texto – embora pareça proposital, já que vem marcada. “(.) Da boca dela.”
Interessante a descrição do engravatado que a leva. Bem minuciosa. Um choque entre a nudez anterior, mostrando um ponto alto do texto, uma mudança entre moral real e fictícia: “Ele com sua pouca vergonha, diante dos nossos corpos nus (…)”, já que a nudez é o comportamento social aceito e, a ereção não está relacionado ao padrão social, é mesmo pelo desconhecimento, por parte dos demais, da relação cúmplice do casal. E aqui é um elogio, porque um observador menos atento pode, com certeza, creditar ao exibicionismo involuntário.
O desordenamento sintático tropeça, mas em um momento é poético: “minha passarinho boca” – gostei tanto quanto da percepção de estranhamento frente ao homem vestido.
O início do texto com a ideia de liberdade e irmandade, de um lugar em que ninguém julga o outro, mesmo que o ouça, tem uma interrupção de sentido antes da invasão final, apontada pela ereção pública, em um lugar tão perfeito, ficar excitado, mesmo que por uma desconhecida, não deveria ser um incômodo. E nesse ponto eu percebo que esse amor e esse desejo está mais no campo de um despertar matinal, provavelmente ao fim da adolescência que uma outra realidade. O ser vestido que interrompe a intimidade instintiva e quase física desses seres distantes quinze ou dezessete corpos pode ser a realidade invadindo o sonho e o transformando em pesadelo.
O jogo de palavras com boca e olhos é interessante, apesar de excessivo olho-olhares. Já a idéia de pertencimento e não pertencimento, acaba se perdendo frente ao desconforto do excesso de palavras: “Pensando ser tão dela que não pertence a ninguém, nem a (sic) ela e muito menos a ela, nem ela a ele, ou ninguém a alguém, não é assim que ele trata” A violência expressa na frase final, perde a força, por causa da vírgula. Acredito que a interrupção da idéia de propriedade – dele, dela, alguém, ninguém – deveria ser concluída com o ponto e só depois entrar a posição do invasor: “Não é assim que ele (sic?) trata”.
Se era idéia de confusão que você queria imprimir ao texto, mandou bem. O narrador homodiegético ficou perfeito e a visão do pensamento dela foi um acerto para não utilizar a onisciência explícita: “Ela me acariciava em pensamento. Disso eu sei, eu estava em seu pensamento, eu vi”. As outras informações sobre os outros personagens são mais percepção avaliáveis pelo comportamento da assistência e pelo fato dos dois personagens terem conhecimento um do outro.
Apesar de ser truncado pelo uso diferenciado de elementos da escrita – sintaxe e pontuação – eu gostei do texto ao reler e para mim, entre acertos e equívocos, a idéia do texto é boa. A história é interessante; tem um tempo bem delimitado e o espaço sendo onírico ou real é bem construído; as personagens são bem definidas; tem conflitos, tem um final inimaginável que faz sentido. É um conto psicodélico…
Se eu tivesse que transformar o texto em um sentido, seria em Tato.
Boa sorte no Desafio.
RESUMO: Tá rolando tipo uma apresentação estilo stand-up ou declamação de poesia e tal, com todo mundo pelado na plateia e no palco. O narrador vai relatando seus devaneios pela apresentadora atual.
No fim, chega alguém vestido de terno e acaba com a put… digo… com o evento.
COMENTÁRIO: Olha, eu fiquei muito perdido na primeira leitura. Na segunda continuei bem perdido, mas pude aproveitar melhor a escrita, sem dúvida o ponto forte do conto, com um jeito bastante peculiar de escrever que encaixou bem e deu um ritmo poético à leitura.
NOTA: 4
Categoria: FC distópico, mesclado com sabrinesco.
Numa forma bem peculiar de escrita, o narrador conta sobre um evento similar a um comício ou homilia, onde, todos nus, escutam pela fala da mulher amada. O narrador se apaixona/excita à medida em que o discurso se inflama. Ao final, um homem vestido (seria a repressão) a leva, e eles não conseguem se encontrar.
PREMISSA: não ficou muito clara para mim – ainda que o conto se encaixe na proposta de FC, com um toque de sabrinesco nos descritivos das sensações do autor, não entendi de onde veio ou para onde quis chegar.
TÉCNICA: a escrita, ainda que correta, não esclarece muito a história. Acho que foi o ponto mais alto da proposta, mas ainda assim ficou prejudicada.
EFEITO: foi de que a história merecia mais “pano de fundo”, que apenas resvalou para o histórico entre a oradora e o narrador. Tem potencial para capítulo de história maior, mas ainda precisa ser desenvolvida.
Resumo
Uma galera de uma seita nudista tem um ritual interrompido pelo marido de uma das mulheres (?).
Sensação
Um dia quero escrever um texto assim, tão bonito.
Execução
Eu achei incrível, adorei que mesmo com uma estrutura incomum o texto aconteceu de forma coloquial, sem necessidade de acompanhamento de dicionário como sei que poderia ter sido escrito. Para mim um dos contos mais bonitos que li nesse certame e li quase todos.
Houve uma construção que me incomodou, senti que deu uma quebra no sentimento: como uma mãe pássaro alimentando minha passarinho boca. E no final, aquelas últimas palavrinhas “e hão de amar” hmmmm, ficou parecendo pressa, ou preguiça.
Título
Perfeito.
Resumo: Confesso que tive bastante dificuldade de compreender o enredo deste conto. Creio que por não ter tanta familiaridade com esse estilo de narrativa posso ter cometido alguns equívocos de interpretação. Parece ser um narrador apaixonado por sua musa, que se apresenta numa ágora e representa o que há de belo, até ser interrompida por uma força retrógrada da censura, o que há de mais perverso contra a nudez existencial.
Ultrapassado o evidente esforço do autor em criar uma alegoria para apresentar as questões que servem de pano de fundo para o enredo. Deixo aqui alguns apontamentos de ordem pessoal, ou seja, puro gosto;
Há um excesso de pronomes, que no meu entendimento são absolutamente dispensáveis. Ele e Ela afastam o leitor. Torna-se tarefa difícil criar conexão com tamanho distanciamento dos personagens. Outro fator que colabora com essa dificuldade é o paralelismo do passado para o presente “palavras de amor eram vomitadas” – “minha boca saliva”.
Há uma repetição proposital de palavras, pontuando sistematicamente a narrativa. Às vezes, extremamente redundante, como “num quase palco grego”, “numa quase Grécia antiga”
Muito difícil fazer o resumo deste conto. Li e reli… tentei fazer uma alusão da mulher no palanque fazendo o papel da “inocência” ou da “pureza” e o homem que a segue como a “culpa” ou “a opressão da sociedade”. O “pecado”. Sei lá. Muito muito confuso. Mas o resumo é esse: uma mulher sobre ao palaque para se defender de alguma coisa, o narrador a conhece e ela o conhece, ambos trocam olhares sem se olhar, um homem segue com outro discurso, inicia-se uma grande agitação e a levam embora. O que cada coisa significa…. complicado dizer.
PAUSAS. PAUSAS, PAUSAS E MAIS PAUSAS. Seu texto é extremamente lento por que tem pausas ao extremo! Muitas repetições; tantas, na verdade, que imagino terem sido propositais, mas não entendi o propósito. Na verdade, não entendi o propósito do conto.
Admito que provavelmente não faço parte do seu público-alvo e também não devo ter a capacidade de entender o que você quis dizer. Mas, de qualquer forma, o que ficou em mim foi a confusão de ter terminado de ler um texto pela segunda vez sem entender nada.
De qualquer forma, por não ter entendido não consigo julgar a trama, mas o erotismo é óbvio, então ao menos está dentro do tema.
Boa sorte!
O que entendi: Não sei se entendi a trama em si. Um cara assiste uma mulher discursar e se apaixona e/ou morre de tesão por ela. Parece que toda a plateia está nua e só um cara, que discursou depois dela, está vergonhosamente vestido, e parece estragar a viagem da galera. Mas o amor resiste.
Técnica: Uma prosa poética encantadora, com uma pontuação muito doida, mas que valoriza o fluxo narrativo.
Criatividade: Pensar fora da caixinha funcionou aqui, mesmo que eu não tenha entendido direito, adorei a forma.
Impacto: Positivo por gerar inquietação. Algo como um quadro de Pollock.
Destaque:” Cuspindo palavras de amor, diretamente em minha boca, como uma mãe pássaro alimentando minha passarinho boca. “ – Lindo, lindo, lindo!
Sugestão: Atentar para o regulamento. Ok, encontrei o erótico, mas nadinha de sabrinesco ou FC. Minha nota seria a máxima se o desafio fosse “experimental”, “erótico” ou “tema livre”.
Obrigado pelos comentários.
O texto abrange FC Utópica.
Resumo: Em um ambiente onde todos ouviam e esperavam para falar livremente, onde todos estavam nus, um homem conhece uma mulher e trocam olhares de amor até que um ser totalmente vestido entra e a tira de lá a força.
Olá, Lucas, seu conto é poético, uma prosa poética, vamos dizer assim… e não consegui encaixar em nenhum tema… mas não tirarei pontos por isso. Então, eu não gosto muito de contos assim, com muita filosofia e pouca ação, e tenho certeza que não consegui captar tudo que você pretendia com esse texto, tenho certeza que é muito representativo, mas não entendi bem, o que limitou meu gosto por ele, sorry. Desejo sorte!
Numa sociedade distinta, pessoas discursam em meio à centenas de outras, todas nuas. Um dos homens na plateia ama e sente desejo por uma mulher que discursa. Ao final, um engravatado toma o lugar e rapta a mulher.
Seu conto traz um ar de poema, no estilo “amor é fogo que arde sem se ver”, repleto de metáforas e figuras de linguagem. Também é bastante visual e, por ser curto, gera essa imagem sobre o que é natural e o que não é, funcionando como uma crítica. Nessa sociedade, todos vivem nus e dao atenção à escuta, ao amor, à observar. Nao observam o sexo, pois não é de seu interesse. Mas logo vem a invasão, do homem vestido, da sociedade dita civilizada, de maneira invasiva. Sequestra a garota. Nao há um final propriamente dito, mas todos já sabem como esta história termina. Foi assim na catequese dos índios há 500 anos e continua sendo assim até hoje, de um jeito ou de outro. Um conto voltado pro abstrato muito interessante, que desperta várias interpretações.
RESUMO: Um conto contemplativo, hermético, com um quê de prosa poética em que ele, o narrador, a ouve discursar para um público, mas, em seu entender, é para ele que ela fala. Há, na contemplação uma tensão sexual que, segundo testemunho do narrador, é mútua. Ao final, surge um terceiro elemento, outro macho, um pretenso rival.
TÍTULO E INTRODUÇÃO: Um título atraí pelo formato, ao apresentar o artigo sucedendo o substantivo, como nas referências bibliográficas. É um título adequado, até pelo caráter contemplativo da narrativa. O primeiro parágrafo, apesar das construções questionáveis, é incitante. Nota: 8
PERSONAGENS: Os personagens são minimamente delineados, porém isto não prejudica o conto, pelo contrário, o faz abrangente, ou seja, poderiam ser qualquer um de nós em algum momento. Nota: 8
TEMPO E ESPAÇO: Tal qual os personagens, o tempo não é marcado, assim como o espaço não é especificado e tão pouco isso prejudica o conto, pelo contrário, opera em seu benefício. Nota: 8
ENREDO CONFLITO E CLÍMAX: O enredo é sumário e não há conflito exceto pela tensão sexual. O clímax aqui se faz desnecessário, porém o narrador poderia ser mais profundo e envolvente em suas divagações. Nota: 7
TÉCNICA E APLICAÇÃO DO IDIOMA: Eis o ponto fraco do conto. Nenhuma das características anteriormente citadas é por si só um defeito, mas tudo é prejudicado pela técnica e vocabulário paupérrimos. O texto é repleto de erros, alguns escabrosos, como o cacófato repetido “boca dela”. Há problemas de pontuação, construções ruins, neologismos e ousadias sem pauta, haja visto a pobreza vocabular que os margeia. Nota: 4
VALOR AGREGADO: Fosse tecnicamente rico e gramaticalmente correto, o conto agregaria bastante enquanto peça artística, porém… Nota: 3
ADEQUAÇÃO À TEMÁTICA: Há inegavelmente uma atmosfera erótica que, infelizmente, é prejudicada pelos pecados já citados, não incitando no leitor o efeito aspirado. Nota: 4
Boa tarde, amigo. Tudo bem?
Conto número 43 (estou lendo em ordem de postagem)
Pra começar, devo dizer que não sei ainda quais contos devo ler, mas como quer ler todos, dessa vez, vou comentar todos do mesmo modo, como se fossem do meu grupo de leitura.
Vamos lá:
Resumo: prosa poética sobre o possível amor proibido entre duas pessoas, talvez afastadas socialmente. Acabam separados bruscamente, mas mantendo suas juras de amor.
Comentário:
Olha, devo dizer que, apesar de possuir uma beleza poética, o conto não me ganhou totalmente por ser um pouco truncado e confuso demais. Mas vamos por partes.
Pra começar, eu diria que se trata de uma espécie de prosa poética. Dessa maneira, utiliza bastante do discurso indireto, criando uma certa confusão planejada nas palavras. Assim, o enredo fica meio difícil de compreender, pelo menos até o finalzinho, quando parecem surgir indícios de uma história.
Fiquei um pouco confuso. Não sei dizer exatamente onde eles estavam, nem quem era o restante da platéia/discursadores, nem tampouco quem é o homem qe surge no fim. Mas vou arriscar minha interpretação.
Pelo que entendi, os dois compartilham uma espécie de amor proibido, secreto. Talvez a garota tenha sido prometida a um homem rico, ou tenha simplesmente se envolvido em um relacionamento mais adequado a sua classe social, mas ame secretamente o “homem nu”. A impossibilidade de ficarem juntos não impedem que nutram esse amor secreto, em pequenos olhares, discretos sorrisos.
Me soou muito bem o amor dos dois.
Por outro lado, achei que a escrita acabou ficando truncada demais. Acredito que a repetição de ideias muito próximas e o excesso de pontuação tenham atrapalhado um pouco a fluência da leitura, pra mim.
Enfim, apesar de não ter me envolvido totalmente na leitura, achei a prosa nem poética, e o amor do casal, de certa forma, cativante e platônico.
Parabéns e boa sorte!
Caro(a) escritor(a)…
Resumo: Peço perdão. Não consigo resumir. Duas pessoas despidas de tudo que se amam ou se odeiam e são condenadas por amar?
Técnica: Narrativa confusa. Palavras repetidas. Rimas. Repetição de ideias. Muita poluição de palavras. Nem sabrinesco, nem ficção científica.
Avaliação: Não consegui me prender à narrativa. Pareceu-me uma tentativa de dar uma roupagem poética a qualquer coisa, mas eu sinceramente, não consegui entrar na vibração do texto e o abandonei logo no início. Minha segunda tentativa de leitura foi bem melhor porque me pareceu ser a descrição de um encontro amoroso e, em seguida, de uma separação. Ao término deste certame, agradeço se receber alguma explicação sobre o texto.
Boa sorte no desafio.
Narrador personagem conta uma espécie de sonho. No “sonho” certa mulher de quem ele gosta secretamente e que também gosta dele igualmente em segredo, discursa nua para uma plateia também sem roupas. Ao final um homem vestido retira a mulher do ambiente enquanto os olhares dos amantes se cruzam.
Achei o conto bem estranho. Não compreendi bem o enredo e a linguagem me
pareceu, em alguns momentos, como uma tradução feita pelo tradutor do google. Interpretei a narrativa como um sonho meio erótico do tipo em que as pessoas surgem nuas fazendo coisas habituais, mas não tenho certeza se foi essa a intenção do autor.
Enfim, um conto meio hermético para o meu entendimento.
Boa sorte, amigo/a entrecontista. Um abraço.
Resumo: homem assiste a uma mulher discursando. Ele a enxerga nua, assim como a todos ali presentes. O homem crê que tem com a mulher uma conexão especial, olhos nos olhos, apesar do lugar abarrotado. Apaixona-se por ela, deseja-a em todos os sentidos, sem entretanto jamais trocar palavra com ela, mesmo quando ela abandona o púlpito. No fim, alguém que parece ser o marido da mulher aparece e a tira dali. Mas o homem, esse que a admirava desde o princípio, acredita que ele e a mulher criaram uma conexão que há de durar eternamente.
Impressões: gostei da viagem. É um passeio na mente de alguém deliciosamente perturbado, que acredita ter encontrado o amor de sua vida. Um homem que se entrega de corpo e alma porque crê ter estabelecido uma conexão espiritual e até mesmo sexual com uma mulher estranha. Pelos olhos cruzados ele a desnuda, desnuda a si próprio, confessando seus desejos, mesmo tendo que reprimi-los. E mesmo no momento em que a mulher se vai, resgatada por alguém que parece ser seu marido, o encanto do homem permanece, já que ele mantém a fé de que a afinidade construída pelos olhares trocados — se é que existiram — há de perdurar.
O conto é muito bem escrito, uma construção que revela um(a) autor(a) maduro(a) que sabe conduzir a narrativa com muita segurança. Gostei do jogo de palavras, da trama cadenciada, da separação por pontos para deixar o sentimento decantar, gota a gota, valorizando cada momento. É um recurso que, mal empregado, trava a leitura, o que não foi o caso aqui, dada a pequena extensão do texto. O modo de narrar, a aparente falta de concordância e de sintaxe, tem como intenção proposital fazer o leitor mergulhar nessa mente perturbada, apaixonada. Não enxergo erros aí, mas um acerto na mosca.
Costumo apreciar histórias no sentido tradicional da coisa, que levam o leitor de A para B. Experimentalismos não têm muita repercussão comigo, confesso, mas às vezes sou surpreendido positivamente, em especial quando o virtuosismo da escrita salta aos olhos. Aos. Olhos. É um conto diferente, ousado, corajoso. E muito bom, daqueles que dão uma invejazinha na concorrência, haha
Parabéns e boa sorte no desafio.
Valeu chefe.
O texto não traz uma história que possa ser resumida. São as sensações, os pensamentos, os sentimentos de um homem que ouve uma mulher falar durante um evento, com uma plateia. Chega outro homem que a arrasta do local, quando já ouviam outra pessoa.
São muitas frases bonitas, com um jeito diferente de contar e construir, desde o título. A linguagem é poética, tem um toque misterioso que atribuo ao fato de o leitor não poder definir espaço, tempo, personagens e motivação, conflito, clímax. A leitura não é tão fluída, nem prende a atenção. O que talvez tenha faltado para mim é um detalhamento maior da relação do casal. Pareceu-me mais uma reflexão sobre amor e erotismo.
Parabéns pelo trabalho! Sucesso! Abraço.
Resumo
Em um palanque, uma mulher fala a uma plateia, todos nus, inclusive ela. Entre os ouvintes, um homem que a conhece e que é conhecido dela, mas que não se falam e mal se olham, mantendo, porém, a todo momento, uma intimidade, uma comunicação sem olhares, sem contato. Quando ela termina o discurso e senta-se na plateia, ele tem uma ereção ao pensar nela, mas não vai até ela e nem a toca. Enquanto outra pessoa discursa, um homem bem trajado em um terno elegante entra no local, leva a mulher e parece procurar pelo homem, que escapa de ser levado por não ter sido reconhecido. Os olhares se cruzam uma última vez.
Comentário
Parabéns pelo texto, muito bem escrito e gostoso de ler. Gostei da forma como o texto foi conduzido e do final aberto, que acabou deixando o conto ainda mais interessante. Quem a levou e por que procurava pelo homem também? Eram estranhos e únicos naquela sociedade?, o que fizeram de errado (ou certo)? Gostaria de ler a continuação. Parabéns pelo belo texto, especialmente por este trecho: “Ela fingia falar num todo, a todo mundo, que falava da sociedade, mas ela e eu, naquele momento, éramos a sociedade, a própria, formada de dois. Apenas dois. Sociedade de dois. Dociedade.”
Achei o primeiro parágrafo um pouco repetitivo
sem citar o que ou a quem, (ficou estranho. Seria sem citar o que a quem)
em direção a (à) plateia
ocupava o lugar dela ao palanque e começar (começava) (a) discursar.
Olhos, os
Lucas Jabor
Sabrinesco
Resumo
Uma audiência pública sem intenção de julgamento ocorre em um parlatório grego, uma mulher fala de forma geral aos desconhecidos, tendo entre eles alguém que ela conhece, o narrador. Após a fala sobre amor, ela senta próximo dele, que pelas palavras ditas e pela lembrança de contato anterior aos fatos, fica visivelmente excitado. Os dois, indiferentes aos demais, não percebem o clima de perigo que a fúria que surge na figura de um invasor e que leva a mulher de surpresa, interrompendo o momento de paixão do casal que é construído na junção de memória e olhares.
Comentário
Lucas Jabor
“Olhos, os” É um texto desconcertante. O narrador personagem nos conta sua percepção criando uma simpatia que se mescla com animosidade, justamente pelo fato de conhecer a mulher que fala.
O texto me assusta. Pontuação e Sintaxe são de desconstrução, porém me incomodaram mais pelo truncamento que causam na narrativa que por “mania de professor”, a cacofonia é gritante, pois ela dissocia da idéia romântica que finda o texto – embora pareça proposital, já que vem marcada. “(.) Da boca dela.”
Interessante a descrição do engravatado que a leva. Bem minuciosa. Um choque entre a nudez anterior, mostrando um ponto alto do texto, uma mudança entre moral real e fictícia: “Ele com sua pouca vergonha, diante dos nossos corpos nus (…)”, já que a nudez é o comportamento social aceito e, a ereção não está relacionado ao padrão social, é mesmo pelo desconhecimento, por parte dos demais, da relação cúmplice do casal. E aqui é um elogio, porque um observador menos atento pode, com certeza, creditar ao exibicionismo involuntário.
O desordenamento sintático tropeça, mas em um momento é poético: “minha passarinho boca” – gostei tanto quanto da percepção de estranhamento frente ao homem vestido.
O início do texto com a ideia de liberdade e irmandade, de um lugar em que ninguém julga o outro, mesmo que o ouça, tem uma interrupção de sentido antes da invasão final, apontada pela ereção pública, em um lugar tão perfeito, ficar excitado, mesmo que por uma desconhecida, não deveria ser um incômodo. E nesse ponto eu percebo que esse amor e esse desejo está mais no campo de um despertar matinal, provavelmente ao fim da adolescência que uma outra realidade. O ser vestido que interrompe a intimidade instintiva e quase física desses seres distantes quinze ou dezessete corpos pode ser a realidade invadindo o sonho e o transformando em pesadelo.
O jogo de palavras com boca e olhos é interessante, apesar de excessivo olho-olhares. Já a idéia de pertencimento e não pertencimento, acaba se perdendo frente ao desconforto do excesso de palavras: “Pensando ser tão dela que não pertence a ninguém, nem a (sic) ela e muito menos a ela, nem ela a ele, ou ninguém a alguém, não é assim que ele trata” A violência expressa na frase final, perde a força, por causa da vírgula. Acredito que a interrupção da idéia de propriedade – dele, dela, alguém, ninguém – deveria ser concluída com o ponto e só depois entrar a posição do invasor: “Não é assim que ele (sic?) trata”.
Se era idéia de confusão que você queria imprimir ao texto, mandou bem. O narrador homodiegético ficou perfeito e a visão do pensamento dela foi um acerto para não utilizar a onisciência explícita: “Ela me acariciava em pensamento. Disso eu sei, eu estava em seu pensamento, eu vi”. As outras informações sobre os outros personagens são mais percepção avaliáveis pelo comportamento da assistência e pelo fato dos dois personagens terem conhecimento um do outro.
Apesar de ser truncado pelo uso diferenciado de elementos da escrita – sintaxe e pontuação – eu gostei do texto ao reler e para mim, entre acertos e equívocos, a idéia do texto é boa. A história é interessante; tem um tempo bem delimitado e o espaço sendo onírico ou real é bem construído; as personagens são bem definidas; tem conflitos, tem um final inimaginável que faz sentido. É um conto psicodélico…
Se eu tivesse que transformar o texto em um sentido, seria em Tato.
Boa sorte no Desafio.
Elisabeth Lorena Alves
Olhos, os (Lucas Jabor)
Resumo:
Ainda não sei se o texto reflete um sonho, um protesto, ou nenhum dos dois. Os diálogos são através de olhares, num ambiente que me levou a reviver Woodstock. Não sei concluir se o desfecho significa a censura, se significa o amor pertencente a outro, se significa a violência… O texto é tão etéreo, tão abstrato que tange a sensação de “alucinógeno” (barato)…
Comentário:
Um sabrinesco diferente. O texto é permeado de frases curtas. Possui pontuação um tanto extravagante, meio desordenada. Li uma narrativa que parece descrever um sonho, uma alucinação. Ou um protesto, eu não sei. No fechamento do conto, a interrupção da cena pode significar a censura, ou o desencontro do amor, a violência. Seria interessante que o autor fizesse uma revisão criteriosa. Há erros de ortografia, acentuação irregular, e, o mais grave, há cacofonia, um vício de linguagem que trunca a leitura. Desvia a atenção do leitor. Interessante o “Tuc!”. Não deve ser bom. Gostei da palavra “tristura”. Bom gosto.
Parabéns, Lucas Jabor!
Boa sorte no desafio!
Abraços…
Olhos, os
Resumo:
Ela nua discursa ele olha o discurso dela. Eles se amam, mas apenas eles sabem que eles se amam. Então ela não discursa mais e senta perto dele e ele tem uma ereção. Há um novo orador, depois um homem de terno a leva embora a força e ambos continuam se amando e continuarão a se amar. O cenário é um teatro grego.
Comentários:
Caro Lucas Jabour,
Conto com viés sabrinesco.
Acredito que o conto queira passar a ideia de um amor difícil, talvez impossível, onde corpos nus têm mais pureza que corpos de terno e gravata. Algo fabular ou relativo a uma crítica social.
O conto é curto, direto, com frases curtas, às vezes frases de apenas uma palavra.
Bem, acredito que a ideia não seja ruim, ao contrário, o choque entre duas realidades tem potencial, mas não creio que o autor tenha desenvolvido de forma a que tudo fosse bem explorado.
A parte erótica ficou apenas relativamente ao discurso e não ao ato em si, isso não é ruim, mas não creio, por outro lado, que tenha ficado bom.
Há frases que me pareceram estranhas, como por exemplo, no meio de um monte de gente pelada, com seus corpos nus, se imaginar tendo ereções com o cheiro dela. Que cheiro teria ela!, assim:
“Ela quinze barra dezessete corpos de mim, tão próxima, era como se houvesse um túnel de ar que trazia o seu aroma direto às minhas narinas. Seu cheiro entrava em meu corpo e penetrava em meu sexo. Agora inflado. Minha ereção era o ar do cheiro dela.”
Então fiquei pensando… que cheiro tinha aquela garota!!, caramba!!
Ainda que fosse possível uma figuração de linguagem, um cheiro a quinze metros de distância penetrar em meu sexo me deixou completamente apavorado…
Como disse, a ideia do conto até que é legal, mas achei que poderia ser trabalhado com maior cuidado.
Boa sorte no desafio.
RESUMO:
Uma reunião de pessoas nuas, que se dispõem a apenas ouvir os que querem falar, sem julgamento ou intervenção. Uma mulher fala palavras de amor, e na plateia, um homem sente que é a ele que ela se dirige. Há uma conexão emocional entre eles, mesmo quando ela se senta à distância de 15/17 corpos. A tensão sexual cresce, ele se excita, ela provavelmente também. Surge um sujeito, vestido formalmente, de terno e sapatos lustrosos. Leva arrastada a moça que troca olhares, os últimos olhares, com o amado.Há o reconhecimento pelo olhar, de um amor que já dura e perdura por muito tempo. Há a certeza de que os seus olhares sempre se amarão.
AVALIAÇÃO:
Temos aqui um conto escrito em prosa poética. O tema principal parece ser sabrinesco sútil e ao mesmo tempo profundo em termos emocionais. Pelo inusitado do ambiente e das pessoas nuas, poderia dizer que há também algo de FC na narrativa.
Não é uma leitura simples, exige maior atenção e desprendimento por parte do leitor para se alcançar a sutileza da ligação entre os personagens. A falta de diálogos é compensada pela comunicação muda e velada entre mulher e homem. O texto prova que não há necessidade de toque, nem estímulo físico, para que ocorra o envolvimento emocional e assim começa a relação que pode se tornar sexual também. Sabrinesco!
Há pequenas falhas de revisão, mas poucas.
– Minha boca saliva […] > Minha boca SALIVAVA […]
– […] em direção a plateia > em direção À plateia
– aquele mal gosto > aquele MAU gosto (mal/bem – mau/bom)
Também discordo um pouco do emprego da pontuação.
O autor foi ousado a apresentar um conto com um formato tão particular. Não há como negar a beleza das suas construções.
Parabéns pela sua participação e boa sorte no desafio!