EntreContos

Detox Literário.

Ervas Daninhas (Amanda Gomez)

Não era a primeira vez que eu estava naquela posição, caída, as mãos ferindo-se no chão áspero e as poucas peças de roupa espalhadas ao redor. Mas aquilo não era o pior. Os olhares sim. Não deles. Delas. Das damas que passeavam orgulhosas, braços dados aos maridos. Da jovem que recebia um aprendizado valioso de sua preceptora, sobre o que acontece com mulheres que ignoram os desígnios da sociedade. Era o quinto trabalho que eu perdia em dois meses. Devagar, comecei a catar meus poucos pertences e os cacos de minha dignidade. Como se não fosse o bastante, a natureza pareceu zombar de mim quando uma forte brisa levou para longe uma de minhas peças. Corri atrás, ouvindo as risadas. A peça parou aos pés de um homem sentado num banco. Meu sangue ferveu de raiva quando ele pisou nela. Usava óculos escuros e parecia apreciar minha penúria.

— Pode me devolver isso, senhor? 

— Perdão? 

Com brusquidão, puxei a peça que rasgou sob seus pés. Fitei o estrago por um momento, em perplexidade.

— Senhorita?

— Quão prazeroso é ter o poder de ferir a dignidade de uma mulher? — perguntei mais para mim que para ele. — Qual a sensação de deter o poder?  Não esperei por uma resposta. Encarei friamente todas que me assistiam. — Tolas, acham mesmo que estão livres do mesmo destino que eu? 

Corri para longe, novamente sem destino. 

***

Já estava escuro quando cheguei à hospedaria. Os cheiros de fumo, cerveja e suor denunciavam que aquele era um lugar que eu poderia pagar uma noite e uma refeição. Depois de instalar-me, desci e me servi de uma sopa rala, fria e amarga. O burburinho e risadas cessaram quando uma figura reluzente entrou naquele antro. Uma mulher de meia idade com um vestido deslumbrante e coberta por joias. Ela olhou para cada rosto ali até parar no meu, um meio sorriso formou-se em seus lábios vermelhos. Segundos depois, sentava diante de mim, avaliando-me. 

— Revigorante, assustador, excitante — foi o que disse. Notando minha confusão, explicou-se: — São só algumas das sensações de ter poder. 

Senti um arrepio ao me lembrar dos acontecimentos de mais cedo. Fiz menção de dizer algo, mas, ela pousou um dedo delicadamente sobre meus lábios. 

— A pergunta, minha querida, é: você quer provar?

***

Já fazia um mês que eu estava naquela casa, habituando-me a sua estranha rotina. Todos os dias, nós nos reuníamos no salão para estudar línguas, culturas e danças. Oito mulheres ao todo, além de Madame Laura que nos rodeava como uma serpente prestes a dar o bote. Cada uma de nós possuía uma peculiaridade, um segredo íntimo e uma curiosidade latente. Éramos como espelhos umas das outras. Não amigas, mas – cúmplices.  Madame Laura nos perguntava a cada dia se queríamos desistir, a resposta era sempre a mesma: “Não”. Duvidava que o que nos motivava em seguir um plano que incluía assassinatos era algum instinto maléfico. Todas nós tínhamos cicatrizes no corpo e na alma e, sim, queríamos vingança ou justiça, o nome não importava. Mas, acima de tudo, queríamos equilibrar a balança.

— Elisa?

Madame Laura me chamou. Todas me olharam em expectativa, como se soubessem o que ia acontecer. Levantei da mesa de estudos e a segui. A verdade é que não éramos só nós. Havia ele. O patrocinador, o maestro de toda aquela orquestra. Não sabíamos os seus motivos, mas ele estava lá.

Quando entrei no recinto, fui tomada pelo cheiro de essências. Victor vestia-se de branco, os cabelos desgrenhados. O olhar era distante, típico de quem vivia na escuridão. Dalila, uma menina com seus doze anos, era sua guia. Ainda não havia me acostumado à sua figura miúda, silenciosa e desfigurada. Doía-me imaginar o que aquela pobre criança sofrera. Era bonito ver os dois juntos, havia muita ternura. 

Quando elas saíram, ele se aproximou. 

— Posso?

Não sabia exatamente o que estava permitindo, mas assenti. 

Ele tocou num cacho escuro do meu cabelo, acariciou. Quando se aproximou para cheirar, prendi a respiração. Colocou-o de lado, dando acesso ao meu pescoço. Tremi quando o senti cheirar sem me tocar um centímetro. Estava concentrado, como se precisasse captar alguma coisa do meu ser. A sensação deliciosamente doce, acompanhava lembranças amargas. 

— Não precisa temer— falou.

Só então percebi a tensão do meu corpo 

— É apenas reconhecimento. — Beijou delicadamente minha mão, dispensando-me.

Não demorou até eu entender o que ele estava fazendo, nos momentos em que nos fazia companhia era fascinante notar como distinguia cada uma de nós sem nos enxergar. O perfume, todas usavam uma essência única.

Ele buscava a minha.

O tempo foi passando e aparentemente não encontrou. A frustração afetou meu comportamento. Tudo me irritava, principalmente as aulas de danças onde eu tinha o pior desempenho.

— Se é sobre nós, porque somos lideradas por um homem? — questionei durante a aula, no momento em que ele chegava ao salão.

Todas ficaram em silêncio. 

— Me vê de forma errada, Srta. Elisa.

— Como devo enxergá-lo?

Ele caminhou até o centro, procurando-me.

— Se eu tivesse uma essência não teria dificuldades em me encontrar — provoquei.

Suas sobrancelhas ergueram-se em surpresa. Vendo-se vencido, estendeu a mão como um convite.

— Tens razão. 

Hesitei antes de me aproximar. Ele largou a bengala e pôs a mão na minha cintura. Lentamente começamos a nos mover. 

— O que procura?

— Me prometeram poder. 

— E o que encontrou? 

— Vestidos bonitos! 

Ele riu. 

— Instrumentos. 

— Como?

— Tudo que foi colocado à sua disposição, inclusive eu, são instrumentos para que chegue ao seu objetivo.

— Não compreendo.

— Conhecimento é poder. Aproveite o que lhe é oferecido, senhorita. Não abdique dos seus anseios e desejos.

Nossos movimentos ficaram mais rápidos, como ele conseguia se mover de forma tão perfeita? 

Tropecei. 

— Feche os olhos.

Olhei-o, incrédula. Seus olhos espelhavam a singela e triste beleza de um lustre apagado. Obedeci e me deixei levar.

Naquela noite não consegui dormir pensando em suas palavras, na valsa, na segurança que senti em seus braços. Eu já provara aquilo antes e fora essa a minha ruína. Condenada pelos desejos, jogada na rua. Dentro de mim cresceu o fruto da minha desgraça e, pelas mazelas, escapou do meu ventre sem que eu tivesse tempo de amá-lo. 

Levantei, percorri os corredores da casa escura e silenciosa com o coração acelerado. Cheguei diante de sua porta e entrei. A parca luz vinda da janela recortava a silhueta solitária.

— Senhorita Elisa…

— Como sabe que sou eu?

Ele não respondeu.

— O que está faltando, Victor?

— Inspiração.

Caminhei até ele, despindo-me lentamente. Sua vulnerabilidade me excitava.

— Sinta de novo – pedi. 

— Não está aqui pra isso…

— Estou aqui para agarrar as oportunidades e não abdicar dos meus desejos. 

— Aprende rápido. 

— Quero apenas sentir isso sem culpa ou julgamentos.

Em silêncio, ele travava uma batalha consigo. Busquei sua mão na escuridão e coloquei-a em meu rosto, deixando-a delinear meus traços. Depois repousou no meu coração que batia descompassado.

— Não tenha medo. É só reconhecimento — falei. 

Foi o bastante, sua mão percorreu o caminho até meu seio e apertou sem delicadeza, como eu queria. No segundo seguinte estávamos entrelaçados. Em enlevo, joguei o pescoço para trás, ele sentiu e o explorou com seus lábios. Suas mãos percorreram minhas costas, lentamente descendo até encontrar minhas coxas. Gemi enquanto suas mãos percorriam o caminho de volta e se enroscavam nos meus cabelos. Ele sentiu meu cheiro como se fosse o melhor dos perfumes. Meu corpo tornou-se um mapa que ele percorreu com os dedos e a língua lenta e intensamente, passeando por lugares desejosos até então secretos pra mim. Ele demorou-se nas partes que me proporcionavam maior prazer, provando-me, saboreando-me, levando-me ao êxtase.  Aprendi rápido e fiz o mesmo com ele, arrancando-lhe suspiros e sons inebriantes. Fiquei por cima, movimentando-me a bel prazer. Não queria perder a ação do desejo, o poder do meu corpo. A sensação de estar dominando aquele homem.

***

Fomos reunidas numa sala fria e silenciosa como um túmulo. Lençóis brancos cobriam o que pareciam ser quadros. Madame Laura tinha um semblante cansado. Um a um, revelou os quadros que estampavam rostos femininos. Reconheci Dalila, não muito mais nova do que era, o rosto de menina belo e intacto.

— Apenas uma coisa separa vocês delas — Madame falou. — Uma Segunda chance. Com exceção de nossa amada Dalila, todas estão mortas. Não houve clamor ou justiça. Pelas nossas leis, nunca haverá. Seus algozes caminham entre nós, impunes. 

Ela nos contou a história de cada uma de forma poética e teatral. Ouvimos com atenção, emocionadas. Carregando a certeza de que não haveria mais volta. Uma em particular deixou Madame em silêncio por alguns minutos.

 — Esta é Marcela. — disse enquanto acariciava o belo rosto da jovem no quadro. — Sempre foi uma menina sonhadora e romântica. Dizia que, sem amor, não havia sentido na vida. Aos dezessete anos foi vendida ao filho de um nobre pela própria mãe. Teria uma vida de princesa. Casou-se apaixonada por outro homem. Amor de infância, quem pode com ele? Decidiram fugir, mas era tarde. Numa noite de tempestade onde os gritos de fúria e desespero foram silenciados, Marcela foi estrangulada até a morte pelo marido que dizia amá-la. Ela era… minha filha e esse — disse tocando as joias que jamais tirava — foi o preço de sua vida.

Um frio intenso percorreu meu corpo.

  — Não quero que pensem neles. Pensem apenas nessas mulheres, memorizem seus rostos e suas histórias. Esqueçam seus próprios demônios, suas dores e vaidades. Não saberão quem são eles, o que fazem, se têm família, se são bons pais. Não haverá vínculo ou sentimentos… Apenas uma sentença.

Eu sabia do plano, estudava todos os dias pra isso. A dança, os perfumes, ele. Ainda assim, havia o medo de falhar. 

— Quero que cada uma se posicione ao lado de um quadro — disse Madame. — Escolham uma para… vingar? Não! Para amar.

Nos entreolhamos, assustadas. Como escolher? Os minutos passaram até que a primeira deu um passo, escolheu Dalila, depois outra, e então outra. Olhei para cada quadro, para minhas cúmplices. Para Madame que aguardava paciente. 

Caminhei até ela — Marcela.

Naquela mesma noite foi deixado um pequeno frasco em minha penteadeira. Um líquido leitoso com um aroma inebriante. Victor estava recluso, passava horas trancado, alinhando cada detalhe do grande dia. Criando o toque final. Odiava a forma como sua ausência me afetava, odiava perceber que me via apaixonada, refém dos meus sentimentos novamente. Nossos encontros cessaram. Ocupei meus pensamentos com Marcela e a vingança.

***

O vestido era deslumbrante, o tecido branco era coberto por minúsculas pérolas e cristais que reluziam a cada movimento meu. A saia era como pétalas, as camadas sobrepostas dando maior contraste à cintura fina. Uma cor para cada uma de nós. Chegara o grande dia. Enquanto nos arrumávamos, em algum lugar eles nos aguardavam, ansiosos com a promessa de uma noite excitante e inesquecível. Reunimo-nos no salão uma última vez. Enfim Victor apareceu, buscando no ar por nossa essência. Desejei tanto que pudesse me ver. Dalila nos entregou um pequeno frasco, que guardamos em nossos decotes. 

— Vamos – ordenou Madame Laura, sem nos dar tempo de maiores despedidas. Quando tudo tivesse acabado, nos levariam para longe. Uma nova vida nos aguardava. 

Entrei na carruagem que me conduziria ao baile secreto, o peito em angústia. E se algo desse errado? e se eu não o visse novamente? Antes do cocheiro dar a ordem de partida, desci. Ele ainda estava no meio do salão como se me aguardasse, saltei em seus braços e o beijei intensamente.

— Qual a cor do seu vestido? – perguntou sem fôlego. 

— Branco.

Ele sorriu. 

— Você está perfeita. 

— Eu…

— Shss… vá, elas precisam de você.

***

Paramos em frente a um casarão, Madame desceu primeiro. Sem hesitar, passei a delicada e mortal pasta rubra nos lábios. Perfilamo-nos antes de entrar, contemplei o céu que anunciava tempestade.

O salão era ricamente decorado e iluminado. Afrescos angelicais revestiam o teto e invadiam paredes. Espelhos com molduras douradas refletiam nosso esplendor. E lá estavam eles, agrupados, curiosos. Busquei alguns olhares e não encontrei nada além de luxúria e perversão. Com exceção deles, todos os outros presentes eram mulheres, desde as que lhes serviam bebidas às que se organizavam em um canto estratégico com seus instrumentos. Cada um deles usava um lenço da cor dos nossos vestidos, designando assim os pares. Para nós, as vítimas.

— Parece que os senhores chegaram aos portões do paraíso – disse Madame. Risadas animadas ecoaram. – Mas, não se entra no céu antes do juízo final… – Ela sorriu e caminhou até o belo piano. — Esta será minha última canção.

Quando os primeiros acordes soaram e eles se colocaram em posição, meu mundo desmoronou. Aguardando-me para a reverência estava ele, o lenço branco e imaculado no terno, os cabelos alinhados – os olhos apagados. Ouvi os suspiros de descrença das minhas companheiras, um soluço também. Seria o meu? Minha vista escureceu, dei um passo para trás.

“Elas precisam de você”.

Busquei respostas nos rostos delas e encontrei mais perguntas. A canção, na sublime voz de Madame Laura, preencheu o salão. Virei-me para ela, uma solitária lágrima escapou de seus olhos que pediam perdão ao tempo que me lembravam o meu dever. Não era sobre nós, sobre mim. Era por elas, por Dalila…

Por Marcela.

Caminhei até ele, fiz a reverência. Todas me acompanharam. A dança começou.

No começo, não se permitia o toque, era um cortejo, reconhecimento. As mãos a centímetros de se tocarem. Nossos corpos circulando, os vestidos rodopiando pelo salão — hipnotizando-os. Estavam inebriados, as essências afrodisíacas deixavam-lhes alheios ao que acontecia. Não perceberam que não éramos belas e delicadas flores perfumadas e sim ervas daninhas? Serpenteando pelo chão, buscando seus corpos, prontas para lhes sufocarem? Não notaram nossos olhares de repulsa, nosso anseio para ver seus sorrisos apegarem-se para sempre? Não, eram tolos e fracos. 

Observei Madame. Ela se entregava ao canto como jamais se entregara, enquanto lágrimas chegavam a cântaros banhando seu rosto na iminência do último ato. Então, mãos trêmulas foram ao pescoço, rompendo grilhões e colares. Pérolas caíram aos seus pés. Estava livre.

Respirei fundo quando me vi nos braços de Victor novamente. Agora a dança pedia urgência, toque, calor e desespero. Veio o choro, meu coração se partia a cada lembrança nossa, desde o primeiro momento que o vi, até nossa despedida. E então congelei quando me lembrei de Marcela, do que ele fizera, não havia perdão. Nunca saberia seus motivos, ou como surgiu sua aliança improvável e insólita com Madame Laura. Compreendi, porém, que ela buscava vingança e ele — redenção. Fechei os olhos e dançamos, os dois na escuridão como naquela vez.

Os últimos acordes soaram. Selaríamos o final com um beijo. O beijo de justiça, de dor e amor — o beijo de morte. O silêncio reinou e então toquei meus lábios, que traziam a sentença, nos seus. Nossas lágrimas misturaram-se, salgando o doce veneno. 

“Obrigado’’

Aquela palavra ecoaria em meus ouvidos enquanto eu vivesse. Afastamo-nos deles, buscando nos decotes o frasco que Dalila nos entregara. Segurei com força o antídoto, um último pensamento de loucura cruzou minha mente. Olhei para minhas cúmplices, todas com lágrimas nos olhos. Bebemos.

Estava feito.

Apoio Sonoro:  (Canção de “Madame Laura”)  >> https://www.youtube.com/watch?v=Dt1jMWVvcqg

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21 comentários em “Ervas Daninhas (Amanda Gomez)

  1. Ricardo Gnecco Falco
    15 de setembro de 2019

    ____________________________________
    CONTO AVALIADO: Ervas Daninhas
    ____________________________________

    Olá Senhorita; tudo bem?
    O seu conto é o sétimo trabalho da Série B que eu estou lendo e avaliando.
    ————————————-
    O QUE ACHEI DO SEU TEXTO
    ————————————-
    Gostei bastante do clima de época dado à história. Ficou bem legal, e gostoso, imaginar os cenários e situações apresentadas na narrativa.
    Gostei também do arco narrativo da protagonista-narradora, que acaba se encontrando com diversos outros arcos que não apenas se completam, mas também expandem a história de forma a libertar o leitor do pequeno universo que um texto em primeira pessoa tende a oferecer, no sentido de uma visão limitada dos fatos e acontecimentos; o que — ponto para o/a autor/a — não acontece neste trabalho.
    Ao final da história eu já estava quase antevendo a protagonista ceder seu antídoto, por amor, para o personagem cego, morrendo em seu lugar. Porém, isso não aconteceu e, ironicamente, a ‘não-surpresa’ do final sem grandes reviravoltas acabou funcionando como uma surpresa para mim! (rs).
    Percebi um certo gosto do/a autor/a para com este tipo de história/tema/narração, como se estivesse bastante à vontade para escrever, denotando grande conforto na confecção deste trabalho. Posso estar enganado, mas senti isso bem forte aqui. Se isso é bom ou ruim, no tocante ao trabalho de um escritor em um ‘desafio literário’, não me cabe analisar; até mesmo porque, de vez em quando, deve ser gostoso conseguir trabalhar dentro da zona de conforto. É tão raro por aqui, né…? (rs!)
    Parabéns pelo bom trabalho e boa sorte no Certame! 😉
    Bem, pra finalizar… As regras do Certame exigem que eu faça um resuminho da história avaliada, para comprovar minha leitura. Então, vamos lá:
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    RESUMO DA HISTÓRIA
    ——————————
    Numa época remota, mulher solteira que não seguia as ‘normas’ da sociedade vigente passa por dificuldades financeiras (além das psicológicas). Revoltada com seu destino imposto, acaba sendo recrutada por uma senhora distinta, com quem vai morar em uma mansão, onde várias outras mulheres com histórias semelhantes também residem/foram recrutadas. Buscando empoderamento, ela acaba integrando um plano de vingança feminista, cujo ápice acontece em uma festa/baile de salão, onde todo o grupo de mulheres do qual fazia parte acaba selando, com um beijo fatal, a vida de diversos homens; incluindo-se aqui um senhor cego por quem a protagonista acreditava ter se apaixonado. (Nota: 4,6)

  2. Fil Felix
    15 de setembro de 2019

    Uma jovem é resgatada pela Madame que recolhe mulheres fragilizadas que já sofreram nas mãos de algum homem. O plano é se vingarem de outros que mataram ou torturaram outras mulheres, como a Dalila.

    Um conto longo e bastante “completo”, como um romance resumido. Me lembrou de Perfume de Mulher, pela valsa e a presença do homem cego. Gostei muito da estrutura e como foi desenvolvido, construindo uma história de vingança de maneira delicada e graciosa. A morte é poética, surge de um beijo, mas não menos fatal. Há a crítica em cima do machismo, de como as mulheres eram tratadas e subjugadas, algo que mudou (mas não muito, visto o número de feminicidio no país). Tambem gostei do uso dos cheiros, ajuda a explorar outros sentidos no leitor. Nesse ponto, também fica válido a dica da música ao final, variando um pouco. Gostei bastante, um conto visual de vingança e um certo tipo de justiça.

  3. Daniel Reis
    14 de setembro de 2019

    Categoria: Sabrinesco (Dark)
    Elisa é resgatada de situação de vulnerabilidade (termo politicamente correto pra miserê) ao conhecer Mme. Laura e suas meninas. Ao contrário do que esperava, ele não estava formando cortesãs, mas sim um exército de agentes de vingança contra homens abusivos, e que mereciam ser punidos. Só que um deles, justamente o que abusou da filha de Madame, era o líder delas e por quem nutriu um relacionamento entre o masoquista e apaixonado. Até que, num baile organizado para aqueles homens, cada uma delas utilizou o veneno nos lábios para vingança, e o antídoto para a salvação, incluindo o Patrocinador, que aceitou a morte como punição e agradeceu a ela o favor.
    PREMISSA: uma vingança tarantinesca, executada com requintes preparatórios dignos de Hollywood. Apesar de pouco crível (o que também acontece com o diretor, né?), a história prende a atenção e faz o leitor querer saber qual vai ser o fim.
    TÉCNICA: bem escrito mesmo, só considerei algumas coisas como exageradas, principalmente nas falas de Mme. e nos diálogos entre o Patrocinador e a protagonista.
    EFEITO: no geral, uma história bem interessante, ainda que a “vingança” por ela praticada e a aceitação do Patrocinador de seu destino pareçam bastante implausíveis.

  4. Shay Soares
    14 de setembro de 2019

    Resumo
    Um grupo de mulheres é treinado para que elas se vingarem de alguns homens, estes que cometeram violência contra outras mulheres.

    Sensação
    Muito bom. A música deu uma bela direcionada na intensidade da última cena. Consegui acompanhar visualmente todo o conto, inclusive coloquei atores para alguns personagens rs

    Execução
    O conto soube falar o que precisava ser dito e deixar de lado o que devia ser subentendido. A trajetória da história foi muito bem conduzida e com certeza, até agora, uma das melhores descrições da cena de sexo.

    Título
    Não sei o que achei do título hehe gosto quando o título se relaciona ao texto de alguma maneira, como a citação nesse, mas não sei… achei que o conto está muito melhor que o título, ainda que este esteja muito apropriado….

  5. Elisabeth Lorena Alves
    14 de setembro de 2019

    Ervas Daninhas (Senhorita)
    Conto Sabrinesco
    Resumo.
    Uma Mulher desgraçada por se entregar ao amor, depois de ser rechaçada pelas demais, como impura, entra para uma sociedade secreta que faz justiça com as próprias nos casos de abusos, torturas e morte de outras mulheres.

    Comentário
    Eu vim ver o Conto depois de ele receber críticas favoráveis no grupo. Mas terminei lendo porque me interessou. Uma amiga minha, lendo, me indicou autoria porque ela sabe que esse é o tema de meu livro e você, Senhorita, trabalhou bem sem colocar muita informação, criando nessa omissão o suspense necessário para a leitura e compreensão do texto e do enredo. Perfeito!
    O que me incomodou um pouco foi o momento em que se inicia o Justiçamento, a mulher, Laura, não se importa de ser reconhecida. Confesso que gelei. Se Marcela, a filha, foi vendida por ela, logo o comprador a reconheceria de ver ou de ouvi-la cantar. E no fim, era o único negociante que não se importava em pagar sua dívida – os outros foram ali para ter mais prazer: “E lá estavam eles, agrupados, curiosos. Busquei alguns olhares e não encontrei nada além de luxúria e perversão.”
    Final surpreendente. O salvador da Senhorinha é o carrasco de Marcela – o que explica a liberdade de Laura em desfilar no local da reunião fatal, ele já a conhecia, condenado que vivia, aceitava sua sentença.
    A ideia de que a sordidez e perversão enfraqueceram esses homens é muito bem-vinda, perfeita.
    Conto perfeito. Linguagem acompanha o tempo histórico sugerido. Tempo gramatical respeitado com exatidão. Foco narrativo bem executado. Ambientação rigorosamente descrita e sem excessos. Corte de cena perfeito entre o momento da liberação sexual da narradora e o início do Justiçamento.
    O tema não é novo e infelizmente não é só ficcional. As mulheres estão constantemente sendo exploradas, até por homens ditos desconstruídos em nossos dias, porém o autor, ao usar um narrador de voz feminina e vítima, conseguiu mostrar as contradições que nós, mulheres, vivenciamos quando somos sobreviventes de abuso. Perfeito o tema escolhido e a execução.
    O Justiçamento também se explica. Ou melhor. Madame Laura explica: “Não houve clamor ou justiça. Pelas nossas leis, nunca haverá. Seus algozes caminham entre nós, impunes.”
    A construção do final é fantástica e a narradora observar o clima em um momento tão importante é profético: “contemplei o céu que anunciava tempestade.”
    O momento crucial é o do reconhecimento, quando ela percebe que seu salvador é na verdade um algoz, arrependido, mas ainda assim, um algoz: “Busquei respostas nos rostos delas e encontrei mais perguntas. A canção, na sublime voz de Madame Laura, preencheu o salão. Virei-me para ela, uma solitária lágrima escapou de seus olhos que pediam perdão ao tempo que me lembravam o meu dever. Não era sobre nós, sobre mim. Era por elas, por Dalila…” Abraçar uma missão alheia como sua tem seu preço e a protagonista enfrenta aí seu pior momento – depois da traição e da perda de seu filho – agora ela será responsável por trazer para si maior dor: a morte de seu ente amado, por amor de Marcela, que não teve voz ou justiça. Muito forte: ” Era por elas, por Dalila…”
    Outra coisa, Dalila é o fator aproximante da dor alheia. Tanto é que o seu quadro é o primeiro escolhido. Um ponto gerador de Empatia melhor não há, até porque só quando elas recebem a missão é que conhecem o verdadeiro interesse de Madame Laura. Até aí não há como criar vínculo com a dor do outro à partir dela. O seu envolvimento só é reconhecido ali e sua postura também. E isso é essencial para a narrativa, se acontecesse antes, quebraria o Conto.
    Gosto de duas pequenas coisas: a empatia de Madame Laura com a dor da narradora: “uma solitária lágrima escapou de seus olhos que pediam perdão ao tempo que me lembravam o meu dever.” e o repentino arrependimento fugaz da jovem: “Segurei com força o antídoto, um último pensamento de loucura cruzou minha mente.” ambos não mudaram a trama, mas enriquecem a narrativa.
    Detestei duas coisas: você está concorrendo no mesmo grupo que eu e usou como apoio minha música de leitura de um de meus livros prediletos, “As Pupilas do senhor Reitor”. Ainda bem que só cliquei no link depois de ler…
    O fim é cortante: “Estava feito”.
    Parabéns! E Sucesso com o Desafio.

    PS. Não gostei de elas serem ervas daninhas… Não eram… Isso até justifica alguns abusos psicológicos que demonizam as vítimas. Não consegui ver como poético ou vingador…

  6. rsollberg
    13 de setembro de 2019

    Resumo: A história de uma mulher em desgraça que encontra em uma espécie de confraria um lugar para recomeçar, a busca pelo poder, uma vingança, um ultimo sacrifício.

    Até o presente momento o conto mais completo dos que li. É uma obra finalizada, redonda, onde não há nada para tirar nem colocar. Não há nada a ser reparado ou sugerido.

    É uma história ousada e criativa. Os personagens são misteriosos e muito bem construídos. Nenhum é gratuito ou está para ali para criar fumaça. Todos possuem função clara e características próprias. As tramas e subtramas se encontram com naturalidade. O estilo da escrita é direto, vigoroso. As descrições casam perfeitamente com as ações e com as sensações.
    Os diálogos, que são a parte que quase sempre bato mais pesado, aqui foram perfeitos. Eles contribuem para história. Eles conferiram agilidade e deram voz para as personagens. Através deles conhecemos um pouco mais da protagonista, ela é rápida, direta e ousada. Do mesmo jeito que observamos que Victor é comedido, professoral, melancólico. Ou seja, temos o aproveitamento total desta ferramenta. Não por outra razão, destaco aqui um resumo do que citei:

    — O que procura?
    — Me prometeram poder.
    — E o que encontrou?
    — Vestidos bonitos!

    Esse é um exemplo claro de agilidade com conteúdo, rapidez sem floreios. Um personagem que se apresenta com um mentor, lacônico… Enquanto a protagonista não tem papas na língua, é impulsiva, com até certa empáfia.

    Enfim, como dito anteriormente é um conto pronto, que não merece reparos. Uma obra que certamente estará no topo do certame.

  7. Fabio Baptista
    13 de setembro de 2019

    RESUMO: Elisa passa por humilhações na vida até conhecer madame Laura que, aliada ao misterioso Victor, treina mulheres para a execução de um plano de vingança.
    Elisa acaba se apaixonando por Victor e no final descobre que sua missão é matá-lo, caindo no dilema do “entre o dever e o amor”. Assim como Jon Snow, ela opta pelo dever.

    COMENTÁRIO: Sabrinesco de época muito bom, o melhor da B, pelo menos na minha primeira bateria de leituras (estou relendo um por um antes de comentar).
    Está muito bem escrito, tem uma trama instigante e bem amarrada, um final primoroso. Só não leva nota máxima porque ele falha em um aspecto como conto: apesar da autora ter feito quase um milagre aí em 2500 palavras, essa história tem muito mais cara de romance. Seria ótimo conhecer mais sobre todos os personagens, as motivações das garotas, uma descrição mais detalhadas dos crimes, etc.
    Queremos esse romance? Sim ou com certeza?

    NOTA: 4,5

  8. Catarina Cunha
    11 de setembro de 2019

    O que entendi: Mulheres vítimas de violência fazem parte de uma estranha sociedade de vingança. Uma delas se apaixona pelo único homem da casa, um cego com a missão de ajuda-la a desenvolver o poder. Todas escolhem uma mulher para vingar e cabe a ela matar o cego, que teria matado a filha da governanta da casa, que morre misteriosamente.

    Técnica: Muito elegante e controlada, embora tenha algo estranho na prosa poética, como essa passagem: “Então, mãos trêmulas foram ao pescoço, rompendo grilhões e colares. Pérolas caíram aos seus pés. Estava livre.”. Morreu? Suicídio? Fantasma matou? Uma síncope? Nunca saberei, mas ficou lindo. Adorei o título.

    Criatividade: O suspense dramático foi a cereja do bolo. Aqui temos um bom exemplo de que uma história simples, bem contada, vira uma trama complexa.
    Impacto: Bom! Eu poderia jurar que ela salvaria o cego com o antídoto e morreria em seus braços. Só que não.

    Destaque: Tem criações belíssimas como: “ Seus olhos espelhavam a singela e triste beleza de um lustre apagado.” ; e “Dentro de mim cresceu o fruto da minha desgraça e, pelas mazelas, escapou do meu ventre sem que eu tivesse tempo de amá-lo.”

    Sugestão: Pode ser burrice minha, mas eu daria uma revista atenta nesse fim para Madame Laura.

  9. Marco Aurélio Saraiva
    8 de setembro de 2019

    Elisa vive em um mundo onde as mulheres são completamente submissas e humilhadas pelos homens. Cansada de ser usada e humilhada, ela finalmente é contactada por Madame Laura e Victor, uma dupla que a chama para participar de um plano ousado. Junto com outras mulheres belas e jovens, elas treinam para seduzirem alguns homens que destruíram a vida de muitas outras garotas. Surpresa por se ver apaixonada por Victor, Elisa cumpre seu papel e o plano funciona: os homens estão, enfim, mortos.

    Achei o conto um pouco confuso pois muitos dos momentos e trechos-chave ficaram omissos. Não entendi muito bem a época em que é passado (apesar de ver carruagens) e nem direito se estamos falamos da nossa realidade em um tempo passado ou de uma realidade distópica, onde o machismo é levado ao extremo.

    Mesmo assim, apesar de uma trama confusa, gostei muito de Elisa e de Victor. Ambos os personagens foram extremamente bem trabalhados. O final me soou o mais confuso de todos os trechos do conto, mas o clímax está lá, e a resolução também. Missão cumprida, e imagino que Elisa voltará aos braços do homem que aprendeu a amar.

    Sua escrita é sensacional. Uma das melhores que vi até agora. Você escreve com maestria, descrevendo cenas e sentimentos com perfeição. Acredito que, dado um espaço maior para que você pudesse usar o número de palavras que desejasse, você suprimiria essa confusão da trama com uma clareza tanto melhor. Por isso, parabéns!

  10. Cirineu Pereira
    5 de setembro de 2019

    RESUMO: Mulheres marginalizadas pela sociedade são resgatadas e reunidas por Madame Laura, uma dama misteriosa, e lideradas por um patrocinador cego, Victor. Entre elas, Elisa, que acaba por se envolver com seu protetor. Juntamente com outras mulheres, esse núcleo dará sequência a um plano de vingança contra algozes femininos.

    TÍTULO E INTRODUÇÃO: Título elegante e suficientemente eficaz. A cena de abertura é boa por seu caráter abrupto, introduzindo de imediato a ação, sem preâmbulos. A protagonista é apresentada a partir da ação, no entanto falta dinâmica à passagem que narra uma mulher literalmente jogada na rua. Pergunto-me se o autor não teria errado na escolha do foco narrativo e se o conto não ficaria melhor narrado por outra pessoa que não a própria protagonista. Nota: 8

    PERSONAGENS: O conto segue uma linha bastante clássica e os personagens são nitidamente estereotipados, roupagens já conhecidas do público e inseridas num roteiro relativamente inédito. Nota: 7

    TEMPO E ESPAÇO: Salvo pelos elementos de época distribuídos na narrativa (como cocheiros e carruagens), não há contextualização histórica ou geográfica. Tão pouco o autor se preocupa em marcar o tempo da narrativa. Não sabemos, por exemplo, o quanto dura a história contada. Incomodou-me particularmente a citação de óculos escuros já no primeiro parágrafo, incomum para a época em que supostamente se desenvolve a história. Nota: 6

    ENREDO CONFLITO E CLÍMAX: É o tipo de conto em que, eu apostaria, o autor conhece o final mesmo antes de começar, e todos o seu foco e todas suas ações parecem mirar tão somente o arremate, apesar da boa abertura. Apenas a introdução ganhou uma narrativa cadenciada. O autor poderia ter se detido algumas vezes no passado de cada personagem, bem como nas histórias das mulheres vingadas (na de Dalila, por exemplo). Sem mínimas imersões nos passados dos personagens, eles acabam rasos, estereotipados e mal delineados. Suas individualidades são prejudicadas e a história toda assume ares, ainda que leves, de relatório jornalístico. Sem “imersões” no passado das mulheres vingadas, a trama perde embasamento e verossimilhança, e o leitor não é imbuído de empatia pelas “ervas daninhas” e sua causa. Por fim, o clímax é pobre em detalhe e em cadência. A narrativa ali não incita ansiedade ou suspense, não há insinuação de que algo pudesse dar errado e desde a distribuição dos frascos (apesar de se tratar de antídotos e não de venenos) o plano nos fica claro. Nota: 7

    TÉCNICA E APLICAÇÃO DO IDIOMA: O autor denota bom domínio da língua escrita, bem como de suas regras. Algumas ressalvas para construções que poderiam ter sido melhor elaboradas, como em “aquele era um lugar que eu poderia pagar uma noite”, uso de adjetivos e expressões desgastadas como “inebriante, deslumbrante e bel-prazer”, algumas preposições e pontuações questionáveis, um possível erro de digitação em “nosso anseio para ver seus sorrisos apegarem-se para sempre”. Em dado ponto há uma citação que sugere uma gravidez interrompida de Elisa, porém deixada sem maiores explicações ou pertinência no desenrolar da história “Dentro de mim cresceu o fruto da minha desgraça e, pelas mazelas, escapou do meu ventre sem que eu tivesse tempo de amá-lo.” Com relação ao estilo e técnica narrativa, um tanto já foi dito quando questionei o foco narrativo, a linearidade da narrativa, entre outros. De fato, identifica-se uma “influência” de autores clássicos e de estilo ultrapassado, sem indicativos de individualidade, mas há pontos dignos de nota como a passagem que narra a noite de Elisa e Victor que é excitante, sem vulgaridades, sem figuras ruins, perfeita, exceto pelos dois termos desgastados e na introdução do próprio Victor; note-se como em nenhum momento o narrador nos informa diretamente que ele é cego – ponto positivo. Nota: 7

    VALOR AGREGADO: A narrativa é conduzida de forma a buscar a empatia e conivência do autor para o que é, de fato, um ato de vingança. Longe de enxergar nisto uma apologia à vingança ou tentativa de imposição do politicamente incorreto, quero crer que o autor confia nos valores do leitor para, não obstante possa entreter-se com a narrativa, seja capaz de submeter as heroínas ao julgo desses valores, reprová-las e lamentar por elas. A peça possui sim valor sob a perspectiva social, moral e ética. Nota: 7

    ADEQUAÇÃO À TEMÁTICA: O sexo, seus afins e derivações não recebem aqui o destaque característico de um conto com temática erótica. Não mais do que receberiam, por exemplo, num filme de ação. Nota: 6

  11. Priscila Pereira
    2 de setembro de 2019

    Resumo: Uma moça que foi expulsa de casa e procura desesperadamente trabalho é recrutada por uma senhora para fazer parte de uma trama de vingança e justiça que é orquestrada por um homem cego, elas terão que matar alguns assassinos de mulheres que ficaram impunes pela sociedade. Ela se apaixona pelo cara cego e na hora da vingança descobre que ele é o alvo que ela deveria envenenar.

    Olá, Senhorita! Eu amei o seu sabrinesco! Isso sim é um sabrinesco raiz! Ótima trama, enredo bem pensado e estruturado, uma história de amor e desejo, uma reviravolta, uma personagem forte e decidida, e ainda tem um fundo sólido da luta da mulher para conseguir justiça em uma sociedade machista! Muito bem! Palmas pra você!!
    A protagonista e a trama são as estrelas desse conto, como já disse, a protagonista é forte, decidida, busca o que quer e arca com as consequência de seus atos, prioriza a justiça e apoia suas companheiras mesmo com o coração despedaçado, isso sim é um espírito resiliente que todas as mulheres deveriam ter. E a trama é excelente, uma história que renderia um romance, eu queria muito saber sobre as outras mulheres e seus alvos, a história por trás de cada alvo, mais detalhes sobre as essências e o veneno, queria muito mais dessa história do que só um conto! Está de parabéns mesmo! Ótimo conto! Boa sorte!

  12. Evelyn Postali
    1 de setembro de 2019

    Caro(a) escritor(a)…
    Resumo: Elisa, mulher desprezada, encontra Laura, que acolhe outras mulheres e as educa em busca de justiça contra a morte de outras mulheres. Elisa conhece Victor e envolve-se com ele, mas não sabe que ele é um dos que deve morrer no final.
    Técnica: Escrita muito apurada, sem erros visíveis. Frases muito bem construídas. Personagem muito boa, com conteúdo. Leitura agradável apesar de linear.
    Avaliação: ‘Sabrinesco’ me parece uma categoria ofensiva se pensar na beleza dessa história, mas como é preciso classificar para avaliar, que assim o seja. Gostei muito da personagem e de como ela foi apresentada e mostrada ao longo do conto e isso foi o que me prendeu até o final. Um ótimo conto. Parabéns pela ideia e desenvolvimento.
    Boa sorte no desafio.

  13. Gustavo Araujo
    28 de agosto de 2019

    Resumo: mulher que vive nas ruas é recrutada para compor um grupo de vingadoras cuja missão é dar cabo de homens que mataram outras mulheres. Durante o treinamento, essa mulher apaixona-se pelo coordenador do projeto. Logo, todas as integrantes recebem a informação de quem serão seus alvos e quando nossa protagonista se dá conta, terá que matar o homem por quem se apaixonou, o que acaba fazendo.

    Impressões: gostei do conto. É ágil, tem uma história interessante e está bem escrito. Leitura fluida que se faz com conforto. A trama consegue abordar um assunto relevante, a violência praticada contra mulheres, de forma atraente para o público adolescente. Com efeito, há suspense e há ação, há esse desejo de vingança e há um leve erotismo, uma mistura que certamente atrai a galera mais jovem. Claro que essa opção, devido ao limite de palavras, acaba por suprimir qualquer abordagem mais profunda dos personagens, mas essa é uma escolha que deve ser respeitada. A qualidade do conto está juntamente no equilíbrio entre um tema adulto e a maneira de contá-lo, mais próxima dos adolescentes.

    Destaco aqui a cena de sexo entre a protagonista e o Victor. O fato de ele ser cego potencializou as descrições, que ficaram bem legais, sensuais sem parecerem apelativas.

    Dá para perceber, lá pela metade, quando os quadros das vítimas são mostrados, que Victor será o alvo da nossa narradora. Claro, até para que o conto faça mais sentido. Mas mesmo com essa percepção adiantada, digo que o final ficou bacana, porque foi plantada a dúvida na cabeça dela, se deve ou se não deve matar o sujeito, se deve ou se não deve ministrar-lhe o antídoto. No fim, ela, acaba levando sua missão a efeito, mesmo apaixonada pelo sujeito, talvez por entender que ele precisava se auto-imolar. É um arremate que dá o que pensar.

    Enfim, bom conto. Parabéns e boa sorte no desafio.

  14. Elisa Ribeiro
    24 de agosto de 2019

    Elisa, uma jovem “que ignora os desígnios da sociedade”, associa-se a certa Madame Laura e é treinada para uma vingança. Elisa se envolve com Victor, homem cego que patrocina as ações de Madame Laura. Ao final, a vingança que Elisa deverá realizar significa a morte do homem por quem ela se apaixonou.

    Um sabrinesco raiz, romântico e dramático, carregado de emoções e sensações. Como as cenas são muito plásticas e envolventes, passei batida na primeira leitura pelas pontas soltas do enredo, que acabaram aparecendo na hora de produzir o resumo da trama. Como exemplo de questão que para mim ficou sem resposta na trama, cito o fato de Victor ser o “patrocinador” de Madame e ao mesmo tempo um dos alvos de sua vingança.

    A linguagem é boa e bem alinhada com a trama e a proposta. A narrativa escorregou agradavelmente. O desfecho é impactante. Um bom sabrinesco, em resumo.

    O melhor para mim foi a atmosfera e a caracterização da personagem, bem típica dessa categoria de trama. Reconheço fortemente seu talento para o gênero. O maior problema, para mim, foi certa falta de liga no enredo.

    Apesar das críticas, gostei do seu conto. As cenas – cheiros, imagens, movimentos – me envolveram e fizeram da leitura uma experiência muito agradável.

    Boa sorte! Abraços..

  15. Fheluany Nogueira
    20 de agosto de 2019

    Elisa atravessa uma fase difícil e, encontrada por Madame Laura, passa a fazer parte, com outras moças de um treinamento para vingar outras mulheres, matando seus malfeitores. Ela se apaixona pelo patrocinador do grupo e descobre, no dia D que era ele quem deveria assassinar. Com dificuldade, cumpre sua missão e compreende que a motivação de Victor era a redenção.

    Gostei do apoio sonoro — O Pastor, da banda portuguesa Madredeus — pois, para o leitor, a sensação é a mesma que a música passa, de doce melancolia, certo aperto no peito e lágrimas involuntárias.

    O texto está bem escrito e tramado, apostando em uma viagem imagética intensa, desde a ilustração, evocando emoções intensas: vingança e arrependimento, regados pelo amor e pela dor da ausência, paixões que se vão, o amor escancarado.

    Estilo moderno e sutil, que esconde mais que mostra, produzindo uma atmosfera misteriosa, de penumbra. Um pequeno lapso na narrativa, no meu ponto de vista, foi Elisa ter sido encontrada por Madame, quando “corri para longe, novamente sem destino. Já estava escuro quando cheguei à hospedaria”. Teria sido seguida? E, também, desde que se falou em assassinatos e a cena de sexo, previ o final, só não sabia se a protagonista teria coragem de executar a morte.

    A narrativa traz um gostinho de clássico: a mulher que usa a sedução, pela vingança e poder. Não é trama nova, mas está desenvolvida com habilidade, com segurança, que alimenta o suspense e o interesse do leitor.

    Resumindo: conto bom, identificável, reflexivo, bem escrito, porém sem novidades.

    Parabéns pelo trabalho. Boa sorte. Abraço. 💘

  16. Regina Ruth Rincon Caires
    18 de agosto de 2019

    Ervas Daninhas (Senhorita)

    Resumo:

    O conto traz a história de Elisa, Victor, Madame Laura, Dalila, Marcela e tantas outras (e outros). Elisa é a protagonista que, humilhada e cansada de indignidades, encontra Madame Laura (cafetina justiceira), e aceita participar de uma engenhosa vingança contra homens que destruíram vidas de inocentes meninas. Coube a Elisa, vingar a morte de Marcela (filha de Madame Laura). E o assassino era Victor, um homem cego e que ajudara no treinamento do feito. E, neste período de preparação, Elisa havia se apaixonado por ele. Ao final, cada uma das moças de Madame Laura teria incumbência de acabar com a vida de um assassino. O veneno estaria no batom, e havia um antídoto a ser bebido (pela moça) logo após o beijo letal.

    Comentário:
    Conto perfeito! O melhor entre as leituras que fiz, até agora, da Série B. Tem enredo fantástico, criativo, muito bem estruturado, coeso. Uma história que não deixa ponta solta, tudo se encaixa, perfeito. Excelente a construção da narrativa, há sensibilidade no descrever. A leitura é inebriante, o leitor é fisgado pela técnica de narrar. Sensacional Texto bem revisado, poucos deslizes. Este é daqueles textos que, após a leitura, você fica matutando o conteúdo por vários minutos. Texto intrigante. A escrita cumpre o tema proposto pelo desafio, e de maneira espetacular.

    Parabéns, Senhorita! Obrigada pelo presente!

    Boa sorte no desafio!

    Abraços…

  17. Fernanda Caleffi Barbetta
    16 de agosto de 2019

    Resumo
    Elisa sente-se humilhada pelos homens e decide aceitar um convite de uma senhora para conquistar o seu poder e a sua superioridade diante deles. Ela participa de uma espécie de preparatório que possui como objetivo final vingar mulheres que, de alguma forma, foram subjugadas e prejudicadas pelos homens. Durante esse processo, ela se apaixona por Victor, um dos integrantes desta espécie de escola, um homem cego que procura em cada uma delas a sua própria essência, seu próprio perfume. No dia da vingança mortal, Elisa descobre que o homem que ela precisará matar é justamente Victor, o responsável pela morte da filha da senhora, que está em busca de rendição. Com um beijo envenenado, Elisa e as demais mulheres, matam os parceiros e tomam os frascos com suas essências, que era o antídoto.

    Comentário
    Que texto lindo, suave e arrebatador. Parabéns pelo trabalho. Muito bem escrito, não encontrei nenhuma sugestão gramatical para fazer. Cumpriu com o tema proposto com maestria e delicadeza. Muito bom.
    Achei apenas que estas frases soaram um pouco formais demais, talvez até um pouco falsas: “Quão prazeroso é ter o poder de ferir a dignidade de uma mulher? — perguntei mais para mim que para ele. — Qual a sensação de deter o poder?”
    Esta parte ficou confusa: “O perfume, todas usavam uma essência única. Ele buscava a minha.” Essência única dá abertura para duas interpretações completamente opostas: única, comum a todas ou uma única para cada uma.

  18. Higor Benízio
    14 de agosto de 2019

    Olha só como você começou três núcleos seguidos:

    “Não era a primeira vez que eu estava naquela posição”

    “Já estava escuro quando cheguei à hospedaria.”

    “Já fazia um mês que eu estava naquela casa”

    Isso aí empobrece demais o texto, fica feio. Se fosse uma questão de estilo, beleza, mas é notável que não é o caso. No mais, teu conto é bom, tanto nas imagens que criou quanto na narrativa. Ao meu ver ele peca apenas no “What is it about?” entende? É isso mesmo, a estupidez de um suicídio/assassinato coletivo? Complicado… Quem está sendo vingado e por qual razão?

  19. Luis Guilherme Banzi Florido
    13 de agosto de 2019

    Boa tarde, amigo. Tudo bem?

    Conto número 20 (estou lendo em ordem de postagem)
    Pra começar, devo dizer que não sei ainda quais contos devo ler, mas como quer ler todos, dessa vez, vou comentar todos do mesmo modo, como se fossem do meu grupo de leitura.

    Vamos lá:

    Resumo: mulher, humilhada e desamparada, é “recrutada” por um grupo de vingança de mulheres contra homens cuzões. Se apaixona pelo chefe do grupo, e descobre no fim que ele é um dos cuzões, e tem que mata-lo, apesar de ama-lo.

    Comentário: gostei bastante!

    A história é super criativa e bem construída. O mundo em que o conto se passa parece uma versão exacerbada da nossa própria realidade, em que as mulheres são ainda mais subjugadas e exploradas.

    Nesse mundo, a protagonista, cansada de ser humilhada, acaba aceitando juntar-se ao grupo.

    Gostei muito da relação construída entre a protagonista, victor e a madame. Foi criado naturalmente um ambiente pro desfecho. Por mais que eu já imaginasse que o Victor tinha algo de errado, foi bem legal e surpreendente a revelação do desfecho.

    Não entendi bem pq elas tiveram que estudar e se preparar por tanto tempo, especialmente aprender línguas, se elas mal tiveram contato com as vítimas. Mas isso é só um detalhe.

    A escrita é bem boa, e as construções são bem interessantes. Na prática, foi tudo muito gostoso de ler, e quando vi já tava acabando.

    Acho que a cereja no bolo é a cena final, da dança ao som da madame. Foi tudo bem visual e dramático.

    Parabéns e boa sortE!

  20. angst447
    9 de agosto de 2019

    RESUMO:
    Elisa é uma jovem de origem humilde que não se dá bem na hora de escolher trabalhos. Vive sendo posta na rua e sofrendo humilhações. Até que recebe uma proposta curiosa – conhecer o gosto do poder. Junto com outras jovens, recebe educação e instrução sobre vários aspectos – línguas,dança, cultura, etc. Lá naquela casa, conhece Victor, cavalheiro sedutor e cego. E se envolve com ele. Há oito mulheres ao todo, sob a orientação de Madame Laura, que busca por vingança para a morte de oito mulheres vítimas de algozes até então impunes. Cada mulher deve escolher uma vítima para se vingar por ela. Elisa escolhe Marcela, a filha de Madame Laura, assassinada pelo marido. Em um baile especial, cada moça é designada a um cavalheiro, de acordo com a cor do seu vestido, que deve combinar com o lenço do traje masculino. Era o momento de vingança coletiva – cada uma designada a matar o algoz da vítima escolhida. Elisa se choca ao perceber que teria de matar Victor, mas ele não parece se importar com isso, devido à culpa que carrega. Ela o beija com os lábios cobertos por veneno. Victor, ao morrer, agradece pela chance de redenção. Elisa olha para suas cúmplices e todas bebem o antídoto para o veneno.

    AVALIAÇÃO:
    Conto altamente sabrinesco ao meu ver. Ambientação romântica, combinando mistério e suspense com a delicadeza e o lirismo de outra época.
    Personagens bem delimitados, que provocam empatia no leitor.
    Talvez haja alguma falha de revisão, mas não percebi nada que saltasse aos olhos.
    Conto muito bem escrito, com os eventos bem costurados, sem deixar pontas soltas.
    O lance do veneno me fez lembrar de um episódio de Game of Thrones, mas foi muito bem colocado no enredo escolhido. Dá para notar que a autora (vai enganar a quem?) preocupou-se em trabalhar bem todos os detalhes.
    Histórias que envolvem amor e vingança sempre despertam o interesse. A escolha da combinação das cores dos vestidos com os lenços foi bem acertada. Assim como a sensualidade na dança e na tentativa de Victor descobrir a essência de Elisa.
    Enfim, o conto transborda sensualidade, sem apelar para o erotismo explícito. É o que eu chamo de sabrinesco puro. E sim, gostaria de ter escrito este conto.
    Parabéns pela participação e, se eu não cair, nos vemos na série A. 🙂

  21. Angelo Rodrigues
    5 de agosto de 2019

    Ervas Daninhas

    Resumo:
    Jovem participa de um encontro de mulheres que se aperfeiçoam em diversas artes com o único objetivo de vingar a morte de uma mulher que morreu nas mãos de algum homem. No dia derradeiro, essas mulheres treinadas matam esses tais homem, sendo que uma delas sentiu que teria que matar seu amor. E o fez sem dó nem piedade, até porque o cara pedia isso, a redenção do crime que cometera.

    Comentários:
    Cara Senhorita,
    Conto sabrinesco com viés de mistério e vingança.
    Gostei do conto, bem construído e bem elaborado.
    Na verdade é um sabrinesco que passa raspando no erotismo, mas não está mal, acho que ficou do tamanho certo.
    Esse tema, sexo, é curioso quando levado à Literatura, e acaba funcionando como quando se assiste a um filme pornô. Entusiasma antes, dá tédio durante e depois de assistir você jura que nunca mais voltará a pôr os olhos em algo tão comum e sem graça: são as três fases da ação dos hormônios. Chegam, atuam e depois vão embora deixando no lugar algum arrependimento por fazer você perder seu tempo vendo aquilo quando deveria… bem deveria estar fazendo outra coisa, sei lá, qualquer outra coisa, talvez sexo.
    No caso do seu conto foi assim: o sexo chegou, atuou e foi embora na hora certa, dando lugar à trama que seguiu adiante sem problemas.
    Bem, quanto à trama ela não é nova, mas isso também não é mal.
    Rolou um clima bacana, de antigamente, com gente elegante, talvez castelos ou casarões, grandes salões de baile e carruagens carregando princesas bem poderosos e talvez muito sacanas. Só que dessa vez os caras se deram mal, vingados por Madame por alguma aprontação que fizeram no passado.
    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.

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Publicado às 1 de agosto de 2019 por em Liga 2019 - Rodada 3, R3 - Série B e marcado .
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