– Willian, para de ler desgraça nesse jornal!
– Hum, hum…
– Já lavou a louça?
– Já… – O rapaz responde com outro grunhido.
A senhora desacelera e estica o pescoço revelando o rosto antes ocultado pela pilha de roupas que traz nos braços. E ele, mesmo sem se virar ou sequer desviar os olhos da página, sabe que a avó franziria as sobrancelhas e lhe lançaria um olhar ameaçador antes de adotar um tom mais severo. Então, antecipando qualquer coisa que ela possa dizer, Willian complementa em claro e bom tom – a velha é um pouco surda:
– Já vou, vó!
Chega da escola. Joga a mochila num canto. Esquenta o almoço e, ao ritmo da fome, engole o feijão com arroz e uma estreita variação de legumes refogados, linguiça, carne de panela ou, mais comumente, um ovo que ele mesmo frita. Após então, procura os jornais vencidos que a mãe trás dos escritórios que faxina à noite e, antes de lavar a louça ou fazer as demais tarefas domésticas que ela lhe deixa por escrito, estira-se no único e carcomido sofá da casa e lê as sessões preferidas em cada um dos periódicos. Só então Will checa a lição de casa, estuda para uma eventual prova ou, mais frequentemente, põe calção e chuteiras e sai para a rua.
A impressa parece cada vez mais esperançosa, ou talvez apenas reflita o estado de espírito da nação que, num sutil toque de bico, vai da desconfiança ao otimismo, da apatia ao êxtase. Novamente ele. Enérgico. Agudo. Letal. Salvando a safra. Honrado a amarelinha. Resolvendo o jogo. E pensar que quase não o convocaram. Enquanto outros meninos se contentam com um álbum de figurinhas, Will retém a História nos cadernos de esportes caprichosamente acondicionados em sacos plásticos e estocados na dispensa que, de outra forma, estaria vazia.
Não fosse um leitor minucioso e hoje uma notícia importante, porém sem qualquer destaque, lhe passaria em branco. Umas poucas linhas sobre o homem do qual até então ele e os demais garotos do bairro não sabiam sequer o nome, mas a quem respeitavam e estimavam como o pai que ele e alguns outros não tinham. O personagem da notícia que agora lhe furta às obrigações domésticas era ali conhecido apenas por “Professor”.
Segundo a gazeta local – incrédulo, Will relê a notícia várias vezes -, Pascoal Carrão jogara em alguns times pequenos país afora até atingir o ápice da carreira como campeão estadual em 79. Deixou de jogar profissionalmente poucos anos depois por problema coronário e, desde então, fazia trabalho voluntário com adolescentes em comunidades carentes, até ser encontrado em casa, no fim da tarde de ontem, pelo zelador do prédio em que residia. Morto por um infarto.
Amuado, o garoto abandona a sessão de esportes e passa a ler as sinopses dos filmes exibidos nos cinemas, aos quais ele nunca vai. Deixar-se-ia abater pela angústia, mas o dia em questão é quarta-feira e às quartas a avó Mariinha vem passar as roupas – única tarefa com a qual ele não é capaz de ajudar a mãe. Para compensá-la, Rose incumbe o filho de ir às compras com a avó e, ainda que dificilmente acompanhe a idosa nesse raro entretenimento, vez ou outra compra para ela algumas cartelas do bingo da igreja.
Will imaginava que teria mais alguns minutos até que a avó acabasse de organizar camisetas, calças, cuecas, bermudas e meias nos respectivos compartimentos, cabides e gavetas. Porém, ela logo anuncia do quintal:
– Willian, chegou ajuda para enxugar a louça!
Canhoto não se intimida com a sugestão da senhorinha, vai abrindo o portão, ruminando um boa tarde, metendo a cara casa adentro.
– E aí, Will, já está sabendo? – Pergunta, um tanto cauteloso.
– Tô. – O anfitrião responde apático e, sem fechar a torneira, aponta-lhe o jornal sobre a mesa.
Enquanto Will lava a louça, Canhoto se senta e procura a notícia. Assim que a encontra, põe-se a ler a matéria em voz alta. Imagina ler bem e é sempre voluntário para as leituras na classe, entretanto, da pia, tal qual na escola, baixinho, Will lhe corrige as pontuações e sílabas tônicas.
Nesse ínterim, vão chegando o zagueiro Gustavo, o meia Sabino, o ponta Mundinho, o lateral Rosado… E a cada nova visita inusitada, o volante Canhoto reinicia a leitura em voz alta. E o time vai se amontoando na cozinha, ao redor dele, infiltrando-se entre os outros, esticando os olhos pro jornal. Por fim, acedem o goleiro Artur e uma garota de chuteiras para a qual os demais olham desconfiados para ignorar logo a seguir.
A Will não surpreende que tenham vindo, é ele quem mora mais perto do centro de treinamentos. Os rapazes de certo chegaram para o treino, receberam a fúnebre notícia dalgum funcionário do Clube e correram logo pra casa dele, imaginando portar uma terrível novidade. “E aí, já estão sabendo?” Outro recém-chegado pergunta, na forma de cumprimento. E é o bastante para que Gelson, o Canhoto, reinicie a leitura.
– Pô! Que tal alguém me ajudar enxugando a louça? – A certa altura Willian brada para os colegas folgados.
– Não sabemos onde sua mãe guarda cada coisa… – Resmunga alguém, enquanto os demais apenas fingem não ouvir.
Por fim, a menina de chuteiras – então já descalça -, vem em seu auxílio. Sem perguntar nada, vai depositando na mesa mesmo as louças que enxuga. A princípio, Will fica satisfeito, aquilo já seria de grande ajuda. Ela traz presos na nuca os cabelos amendoados e nas faces, rubras de sol, a timidez de moça sozinha entre rapazes. Ás vezes ri contidamente das bobagens deles, acentuando mesmo assim uma covinha em seu queixo. Todavia, a abstração de Will dura apenas até perceber que, tal qual sua mãe, antes de enxugar o menor dos talheres, a garota o avalia minunciosamente e, a cada três, devolve pelo menos uma peça à pia, reprovando o seu trabalho.
– E agora, acabou-se o futeba? – Alguém pergunta, aproveitando uma pausa do Canhoto.
– O Clube de certo vai por alguém no lugar do Professor. – Will responde, escapando de si mesmo.
– Pode ser, mas quando? Hoje não tinha ninguém… – Acrescenta Sabino.
– Muito cedo ainda, né gênio? O Professor mal bateu as botas. – Replica Artur.
– O que é infarto? – Quer saber Mundinho, e Willian, que recentemente havia lido matéria de três páginas sobre a maior causa de morte natural no país, tem um ímpeto de palestrar sobre o assunto, mas olha para a menina e resolve ficar quieto.
– Gente, vamos continuar treinando no nosso horário de sempre, mesmo sem o Professor. Acho que é o que ele gostaria. – Ele proclama com a autoridade que o local lhe confere.
– Tá, mas e o campeonato? Para participar a gente precisa de um técnico… – Argumenta Sabino.
– Cara, campeonato agora, só depois da Copa. Se o Clube não mandar ninguém, a gente dá um jeito, mas antes, penso que todos devemos ir ao enterro amanhã. – Declara Will.
– Eu não gosto de enterros… – Alguém resmunga.
– Vai sim! O Will tá certo. Todos nós vamos! Por respeito, por gratidão… – Decreta Gustavo, com o autoritarismo típico de valentão da turma. Porém, corretíssimo dessa vez.
Canhoto, que agora explora o horóscopo e já não lê em voz alta, se dá conta do adiantado das horas ao procurar o interruptor para acender a lâmpada na cozinha.
– Galera, preciso ir embora. – Anuncia Gelson.
– Eu também, vou nessa. – Emenda Mundinho.
– Tchau Will! – Diz-lhe a menina, terminado de enxugar a louça.
E pouco após todos se irem, também a avó Mariinha se despede e a melancolia retorna.
O Clube cede três ônibus que partem bem cedo do CT, com parada na praça em frente à escola, e as classes dos últimos anos resultam praticamente vazias nessa manhã, pois mesmo os que não sabem sequer de quem é o enterro, preferem matar aula e passear de graça. A menina embarca na pracinha, justamente no ônibus em que Will está. De vestidinho preto. Calçando sandálias. Os cabelos soltos e uma mecha que teima em lhe escorrer sobre os olhos. Will não a reconhece até que se poste em frente a ele. Parecendo mais à vontade, a garota sorri e pede licença para chegar ao assento na janela. Até para renegar o próprio deslumbre, ele vai logo puxando conversa: “Não acredito que você jogue mesmo bola…”. Ela não toma as palavras como provocação, responde apenas que um dia talvez ele veja, deixando-o ainda mais intrigado. Conversam bastante, mas apenas bem mais tarde Will se dará conta de que basicamente só falaram de si. Do pouco que ela lhe deixa saber, descobre que também gosta de leituras, porém não de jornais, mas de livros que empresta na biblioteca. Adora Charles Dickens – ele assente sorrindo, mesmo sem saber quem é – e Monteiro Lobato, e ri um bocado, quando ele, já lhe parecendo tão esperto, deixa escapar desconhecer que algumas histórias existiam nos livros, muitos antes de passarem na tevê.
No cemitério, ela lhe faz companhia, mas respeitosos, pouco conversam. Repetem as orações e ouvem histórias sobre o Professor. Ficam tocados ao saber que não tinha familiares conhecidos e que o Clube pagara o enterro. Pascoal Carrão, fazia trabalho voluntário para além de Garibaldi e muitos garotos de outros municípios estão lá, com uniforme dos respectivos times. Alguns malcomportados não param de cochichar, mas mesmo esses, se mostram taciturnos.
Então, já quase na hora de voltarem, Will lembra do pai, há anos desaparecido, que também poderia estar morto e, indigente, até ali mesmo enterrado. Para seu constrangimento, ela enxerga a lágrima, sorri com condescendência e, sem dizer nada, lhe dá um abraço rápido. No ônibus, voltam calados, mas com as mãos discretamente sobrepostas.
Dias depois, o Clube substitui o Professor por dois estagiários de Educação Física que fazem piadas sem graça e jogam xadrez enquanto os garotos, sem qualquer orientação, correm atrás da bola. Marília – era esse o nome dela – nunca mais aparece e, mesmo tendo Will se tornado assíduo da Biblioteca e passado a dividir a leitura de jornais com os livros que ela indicara, também nunca a vê por lá.
Anos mais tarde, Canhoto, Gustavo, Sabino e ele, vão à capital determinados a juntos se alistarem. E quando o Canhoto, oferecendo uma cerveja, pergunta a Will qual bicho lhe mordeu, este respondendo não ter sido nada, apanha depressa a lata. Minutos depois, segredaria ao Gustavo: “Na fila do cinema, não há como ter certeza, mas juraria que era ela, a loira magra de saltos – loira sim, mas com o furo no queixo – que enlaçada ao marinheiro, ria dividindo o cigarro.”
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RESUMO
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Professor de futebol morre e os garotos do time vão até o enterro.
Nesse meio tempo, nosso protagonista tem um flerte adolescente com uma menina do time.
Anos depois, vê uma moça e pensa que é ela.
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ANOTAÇÕES AUXILIARES
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– garoto lê notícias do jornal, até encontrar a notícia sobre um tal “professor”
– ex-jogador, morreu por infarto
– um amigo chega em casa
– a narração do garoto corrigindo as palavras foi legal.
– vai chegando o time todo
– tá… agora que me liguei que o Professor era o treinador dos moleques
– na “excursão” para o enterro, Will começa a se engraçar com a menina
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TÉCNICA
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A leitura é gostosa, fluída, clara. E olha que está narrado no presente, hein…
É o ponto alto do conto. Alguns problemas de revisão:
– Já… – O rapaz responde com outro grunhido.
>>> não combinou “já” com a descrição “grunhido”.
– que a mãe trás dos escritórios
>>> traz
– sessões preferidas em cada um dos periódicos
>>> seções
– Honrado a amarelinha
>>> honrando
– estocados na dispensa
>>> despensa
– Os rapazes de certo chegaram
>>> decerto
– Ás vezes
>>> Às
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TRAMA
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Então, eu gostei dessa pegada cotidiana do conto, mas apresentaram-se vários aspectos da vida do garoto e praticamente nenhum foi aprofundado: a convivência com a vó (esse foi o melhor trabalhado), a amizade com os garotos do futebol (meros nomes que surgem sem dizer muito a que vieram), a relação com o Professor, o flerte com a menina, a menção ao pai, um corte brusco para um futuro que dá a entender que aquela moça ficou marcada no coração (e quem pode culpá-lo?).
Enfim… achei que ficou meio disperso, talvez um pouco mais de foco em um desses relacionamentos (certamente a menina) seria melhor.
Tenho algumas dúvidas aqui sobre o total enquadramento ao tema… sim, é uma história meio que para todas as idades (com exceção talvez às menções de cerveja e cigarro), mas isso é um pouco diferente de “é uma história infanto-juvenil”.
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SALDO FINAL
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Ótima escrita descrevendo relacionamentos que poderiam ser mais aprofundados.
NOTA: 3,5
Fábio, super concordo com tudo, inclusive com a nota. E pior, tinha ciência prévia dos pontos fracos, exceto dos erros (em sua maioria, atos falhos). O fato é que martelei por tanto tempo tentando encaixar uma trama (sem sucesso) que me descuidei do básico. Obrigado por suas observações bastante úteis.
O que entendi: O professor de futebol de adolescentes pobres morre. O time se reúne na casa de um deles e comentam o ocorrido com pesar. A única menina do time ajuda na louça e o moleque passa a gostar dela. No ônibus para o enterro rola um clima, mas depois disso ela desaparece e ele fica na saudade. Muito tempo depois ele a vê na fila do cinema agarrada com um marujo.
Técnica: Boa. Discorre sobre o cotidiano com desenvoltura.
Criatividade: Tem o seu valor por retratar um cotidiano de forma simples.
Impacto: Pequeno. Não cheguei a me emocionar com o conto. Mais para adolescente do que infanto-juvenil.
Destaque:” Todavia, a abstração de Will dura apenas até perceber que, tal qual sua mãe, antes de enxugar o menor dos talheres, a garota o avalia minunciosamente e, a cada três, devolve pelo menos uma peça à pia, reprovando o seu trabalho.” – Hahahaha….
Sugestão: Senti falta de um clímax. A história está muito linear. Quem sabe gerar algum antagonismo.
Catarina, Deus sabe o quanto me esforcei por idealizar uma trama minimamente original e interessante, elemento esse sabidamente indispensável em histórias dedicadas a tal público. Falhei miseravelmente e o soube mesmo antes de enviar o conto. A coisa piorou com a série de erros que me passou despercebida piorou as coisas. Só me restava apostar que Will e os outros pudesse conquistar a empatia de vocês. Obrigado por seu feedback.
🗒 Resumo: jovem descobre que o treinador de futebol do seu time morreu e todos os jogadores do time acabam se encontrando na casa dele para falar sobre o assunto, inclusive uma menina misteriosa. No velório, o jovem conversa com a menina e eles se tornam íntimos, mas nunca mais se veem. Anos depois, ele jura que a viu aos beijos com um cara num cinema.
📜 Trama (⭐⭐⭐▫▫): muito legal o clima infanto juvenil de narrar e a cena em que todos vão à casa dele. Nessa cena, temos vários atos que não acrescentam muito a trama e ocupam espaço que poderia ser útil no fim, mas que deram um gosto muito bom ao conto.
Gostei muito também da forma singela como a menina surgiu na trama e foi, aos poucos, se tornando importante para o menino. Ela, mesmo com pouco espaço, é muito carismática.
O fim correu demais e acabou ficando bem abaixo do resto, que tinha ritmo lento, bem cadenciado. Se até ali, poucos dias haviam se passado, no último parágrafo muitos anos correram rapidamente demais.
Essa passagem da menina no cinema tambêm achei desnecessária. Seria melhor ela não aparecer do que aparecer assim, sem objetivo para a trama. Se pelo menos mudasse alguma coisa na vida dele ou se ele visse ela jogando futebol profissionalmente, ou seja, algo que encerrasse a trama e não a deixasse ainda mais aberta… aparecer por aparecer, sem consequências, ficou ruim perto do resto.
📝 Técnica (⭐⭐⭐▫▫): verbos no presente deixam o texto sem ar de conto. Não é um erro de português e talvez seja preconceito meu, mas acredito que contos devem contar alguma coisa que aconteceu. E, se aconteceu, deve estar no passado. Assim como seus verbos. No presente, o texto fica parecendo mais um roteiro. Fora isso e uns errinhos que anotei, gostei da técnica utilizada: simples, mas eficaz.
▪ Só então *vírgula* Will checa
▪ *Honrando* a amarelinha
▪ estocados na *despensa*
▪ Não fosse um leitor minucioso e hoje uma notícia importante, porém sem qualquer destaque, lhe passaria em branco (Essa frase ficou truncada e com muita informação)
▪ *Deixar-se-ia* abater (abateria-se; evite mesóclise ou vai ficar parecido com o Temer 🤣)
▪ avó Mariinha (muito estranho esse “ii”)
▪ O Clube de certo vai *pôr* alguém no lugar
▪ Tchau *vírgula* Will!
🎯 Tema (⭐⭐): infanto-juvenil [✔]
💡 Criatividade (⭐⭐▫): não é clichê nem totalmente criativo, ou seja, vale duas estrelas na minha avaliação.
🎭 Impacto (⭐⭐⭐⭐▫): gostei muito do texto, muito mesmo, pena que o final não foi à altura…
Leo,
dei umas risadas aqui lendo seus comentários. Não porque eles sejam risíveis (longe disso), mas porque por um instante me deixei levar por eles, como supostamente aconteceria com alguns autores cujos trabalhos comento. As pessoas se atentam às críticas e praticamente ignoram coisas como “gostei muito do texto, muito mesmo…”. Mas vamos lá, a narrativa em tempo presente pretende ajudá-los a visualizar as cenas como se as testemunhassem. Outros colegas viram nisso algo positivo. Sim, eu diria que é preconceito seu (rs).
A frase que você qualifica como truncada, bem, isso também é perspectiva sua, discordo diametralmente e, aliás, apresentar construções claras é uma preocupação constante em meus trabalhos.
Mariinha é diferente e muito melhor que Marinha, convenhamos. Ademais, enquanto apelido familiar, é pronome próprio, pode até não lhe agradar, mas a ortografia não pode ser contestada.
Enfim, não estou a fazer aqui o papel do cara que não aceita críticas (demais erros apontados são consenso) e pontos de vista diferentes, a ideia é antes propiciar-lhe a oportunidade de rever os seus pontos de vista também.
Ah, por fim, o suposto ressurgimento da menina no cinema, agarrada com um marinheiro, bem como o cigarro e a cerveja, propunham destruir a imagem idealizada que Will guardava dela e introduzi-lo de vez na vida adulta.
Abraço e obrigado pelo feedback.
Um Desfalque (Pedro Bastos)
Resumo: A história de Will, um garoto peculiar em uma vida ordinária que se vê diante de um evento triste. O enredo se desenrola ao redor deste fato e do próprio protagonista. O surgimento de uma “paixão” e suas repercussões.
O grande mérito deste conto é trazer fatos ordinários com uma roupagem singular, provando que para uma história ser boa não há necessidade de ideias mirabolantes, plot twists e finais surpreendentes. A história, apesar de escrita corajosamente no presente, meio Rodriguiana, meio roteirizada, tem inegavelmente um apelo emocional. Temos a perspectiva do personagem e suas interações com os jovens colegas, um gosto de saudades típico desses relatos, impossível não relembrar de “o corpo” do SK, ou do filme “Vidas sem rumo”.
O estilo é muito bom, as frases bem construídas, com várias camadas, exemplo: “cadernos de esportes caprichosamente acondicionados em sacos plásticos e estocados na dispensa que, de outra forma, estaria vazia.”. Em uma leitura rápida esse trecho nos traz vários aspectos; 1. o cuidado do personagem principal com a história, 2. o zelo com o hobbby contrastando com a preguiça diante das situações doméstica, demonstrando toda a importância que aquilo possuía em sua vida. 3. “dispensa vazia”, que é representação da realidade econômica da família. Ou seja, é o dizer muito com tão pouco, as entrelinhas trabalhando, em suma é construir de forma simples e inteligente, acreditando na capacidade do leitor. No trecho a seguir temos outro exemplo rico neste sentido, “Amuado, o garoto abandona a sessão de esportes e passa a ler as sinopses dos filmes exibidos nos cinemas, aos quais ele nunca vai.”, aqui criamos perguntas, “não vai pq prefere ler ou pq não tem dinheiro?, ou em outra hipótese, não vai pq não tem cia?. É isso que faze desse texto aparentemente singelo, uma obra mais rica.
Outra faceta desse estilo, é não apelar para o fácil, para o batido ou o clichêzão, aqui destaco o trecho de uma descrição original “Ela traz presos na nuca os cabelos amendoados e nas faces, rubras de sol, a timidez de moça sozinha entre rapazes”, a segunda parte nos poupa de inúmeras linhas desnecessárias, desnudando boa parte das características da personagem.
Neste outro trecho, podemos observar bem a representação do saudosismo, deste gosto especial da saudade da oposição do antigo com o novo: “Dias depois, o Clube substitui o Professor por dois estagiários de Educação Física que fazem piadas sem graça e jogam xadrez enquanto os garotos, sem qualquer orientação, correm atrás da bola”. Não por outra razão, penso que esse é um dos melhores textos da divisão.
Anotações: “que a mãe trás dos”
“A impressa parece”
Não curti muito: Os diálogos não foram bem aproveitados. Ainda que o autor tenha tido a intenção de mostrar nas falas uma característica do personagem meio monossilábico, os outros não possuíram o vigor do resto da prosa. Faltou personalidade e idiossincrasias no modo de falar da turma, não ocorreu avanço, tampouco aproveitamento para história. Penso que nesse quesito o autor poderia ter criado algo caótico, diante da idade, ou harmonioso, focando na cumplicidade. Do jeito que está, é seco e protocolar.
Caro rsollberg, é para leitores como você que escrevo, os demais são efeito colateral (rs). Parabéns por ser um leitor diferenciado, pouquíssimos são capazes de enxergar as minúcias que você apontou.
E não estou cá a lhe tecer elogios tão somente como cortesia por conta daqueles recebidos, pois discordo totalmente da afirmação “Do jeito que está, é seco e protocolar.” Não. Os personagens são construídos visando ganhar a empatia do leitor, porém há uma preocupação em não soar excessivamente dramático, apelativo e piegas. Provavelmente é o único ponto em que discordamos.
Inclusive, totalmente de acordo com “não ocorreu avanço, tampouco aproveitamento para história”. Deus sabe como tentei inserir uma trama, mas a inspiração não veio e o conto ficou reduzido a isso.
Mas enfim, deparar-me ao menos uma vez com o tipo de leitor para o qual escrevo é mais satisfatório que qualquer posição no pódio.
Abraço e obrigado.
Um Desfalque – Pedro Bastos
O início é o que cativa. O meio é o que sustenta. O final é o que surpreende. O título é o que resume. O estilo é o que ilumina. O tema é o que guia. E com esses elementos, junto com meu ego, analiso esse texto, humildemente. Não sou dono da verdade, apenas um leitor. Posso causar dor, posso causar alegria, como todo ser humano.
– Resumo: O técnico do time de Will morre. Juntos em sua casa, o time debate seus próximos passos. Ele faz amizade com uma menina, que também era parte do clube, amiga de algum amigo seu, que se misturou com eles em sua casa. A vida segue, algumas amizades morrem e Will, pronto para a vida adulta, vê-se diante uma dor que pouco entende. Fim.
– Início: Morno. Uma narrativa no presente sempre é difícil de lidar. O autor soube tirar isso de letra. O problema não é a parte técnica, de fato. O problema é o enredo. Muito devagar, cotidiano e, aparentemente, nenhum sinal dos temas.
– Meio: Continuou morno. A narrativa excelente é o que salvou a leitura. Na realidade, o conto inteiro pareceu o trecho de algo bem maior. Como uma novela, ou até romance, com todo esse teor dramático, daria certo. Mas durante a leitura, ficava me perguntando: qual o ponto disso tudo? Um conto tem que ser eficiente e encarado como uma obra inteira. Nesse, até no final da leitura, fiquei com a sensação que algo estava faltando.
– Final: Melancólico. Final bonito, final formoso. A cena final, então, foi a melhor parte da leitura. A narrativa permaneceu no mesmo nível, o que indica que o autor é bem estável.
– Título: Profundo. É um título que fala mais do que aparenta. Gosto disso. Faz pensar. É um dos maiores temas desse texto. A falta de algo importante.
– Estilo: Maduro. Uma escrita madura e bem planejada. Escrever no presente é difícil. Tem que tomar muito cuidado. E o autor soube lidar bem com as cenas. Sem falar, claro, de todo o cuidado que teve com a escrita.
– Tema: Longe. Infelizmente, não consegui encarar o conto como um infanto-juvenil. Muito melancólico, muito dramático, muito lento. Uma história infanto-juvenil tem como identidade a energia da juventude. Aventuras, alegria, força. A história possui uma densidade que afasta leitores mais jovens, no geral. Claro, temos a regra da exceção, mas não justifica.
– Conceito: Ouro.
Tikkun Olam,
Posso te confessar uma coisa? Infantil, ou mesmo infanto juvenil, não é minha praia. Meu tema é o cotidiano. Quando eu tinha a idade do Will um professor de literatura me apresentou Drummond e seu “Mão Dadas”, lembra?
“Não serei o cantor de uma mulher, de uma história
Não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida
Não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes
A vida presente”
A confissão? Eu sei, sempre soube, que fugiria ao tema e, descaradamente, fugi. Foi o melhor que pude apresentar. Poderia der ido de terror, mas certamente também fugiria ao tema. Mas olhe bem, quem não o faz? A maioria fugiu ao tema neste e noutros certames.
Seus comentários são muito pertinentes ainda que eu discorde do “muito dramático”, exceto você queira dizer muito dramático para o gênero requerido.
Abraço e obrigado.
Resumo: Willian, um garoto jogador de futebol, descobre pelo jornal que o treinador do time, Pascoal Carrão, o professor, havia morrido. Aos poucos, vão chegando o zagueiro Gustavo, o meia Sabino, o ponta Mundinho, o lateral Rosado, o goleiro Artur e uma garota de chuteiras. Receberam a notícia e foram para a casa dele, a mais próxima do CT. A vó pede ajuda com a louça, e a menina o ajuda. As crianças decidem ir no enterro. No dia seguinte, nos ônibus cedidos, Will conversa com a menina, e descobre que tem leituras em comum, apesar de duvidar que ela jogue bola. Depois do enterrro, voltam de mãos dadas. O clube substitui o treinador por dois estagiários que não ensinam nada, e Will procura Marília, mas não a encontra. Só anos mais tarde, no alistamento militar, ele vê na fila do cinema uma menina que acredita ser ela.
Premissa: infanto-juvenil, o conto trabalha com um recorte bem definido, e conta a história de maneira simples mas eficiente.
Técnica: a escrita é bem simples, adequada à faixa etária, e se não surpreende é bstante simpática e coloquial.
Voz Narrativa: o narrador fica isento da história, mas apresenta os fatos de forma bastante clara. Apenas que o conto parece um pouco corrido no final, para dar um desfecho. E ficamos sem saber se a menina jogava bem ou não.
Daniel Reis, “escrita bem simples”? Sugiro ler o comentário do “rsollberg”.
Abraço e obrigado.
Aviso prévio: Todas as notas refletem única e exclusivamente minha opinião enquanto leitor. Não entendo nada de teoria literária. E não é que seu texto seja esta nota. Apenas para os critérios que decidi levar em conta neste desafio foi assim. Se avaliasse outros aspectos, a nota poderia ser diferente. E qualquer sugestão que faço sobre a narrativa não é algo como “ficaria melhor assim”. É só um brainstorm para ajudar em uma possível reformulação, se o autor tiver interesse em reformular, ou em brincar com o texto depois.
A menor nota por critério é zero.
Resumo: Um grupo de crianças perde seu treinador por conta de um infarto cardíaco. Confabulam diante da tragédia e crescem.
1) Protagonista/Herói: William 1,5 de 2
A história é narrada a partir da perspectiva de William, jovem de origem humilde que se distrai com a leitura e com a prática de futebol. O texto apresenta bem o personagem e, acredito, é esse o ponto mais forte da história. Em um curto espaço de tempo o conhecemos como criança, diante de uma tragédia, e também como adulto que lida com os descaminhos da vida.
Há, aparentemente, uma frágil relação paternal entre Will e seu falecido treinador, na medida em que ele funciona como figura paterna para as crianças que, em sua maioria, não tinham ninguém. A morte do treinador é reforçada, portanto, através do surgimento de dois professores que não se dedicam às crianças.
Em poucas linhas o personagem foi bem apresentado, tivemos um bom background e um conflito amoroso. Ótimo.
2) Antagonista/Vilão: Acontecimentos que não controlamos. Nota 1,5 de 2
Alguns textos têm me causado uma provocação maior dentro deste mérito. A princípio, minha ideia era trabalhar com os vilões que surgissem nas narrativas. Tem funcionado para os contos de terror, mas diferentes histórias infantis não apresentaram um vilão. Passei, então, a analisar os antagonistas, mas nem sem este é um personagem.
Entendo antagonista/vilão como aquele que causa resistência ao protagonista, colocando-o em adversidade. O antagonista não precisa ser uma pessoa, desde que provoque resistência ao protagonista. Em diversas histórias o antagonista tem sido fatores do mundo, a sociedade, ou mesmo os próprios protagonistas (ver “o segredo é simples”, por exemplo). Esta história segue a sutileza antagônica, que pode ser boa, ou má.
Via de regra o que causa resistência ao nosso herói é a própria vida, ou melhor, as forças da vida que não temos controle. Todos os acontecimentos que de alguma forma geram conflitos no personagem compartilham essa origem: De início, o treinador vítima de um ataque cardíaco, então descobrimos sobre seu pai, desaparecido sabe-se lá o motivo, por fim William perde seu afeto amoroso, não tendo influenciado de forma alguma no desaparecimento de seu interesse, reencontrando-a tempos depois apenas para descobrir que ela se envolvera (e como poderia ser diferente?) com outra pessoa.
Temos, portanto, um antagonista representado por vários elementos diferentes. Meu maior receio com o papel dessas forças e que, em essência, não consegui perceber como afetara (ou não) o personagem de maneira profunda, e como essa narrativa parece se sustentar justamente na complexidade de William, acabou fazendo falta.
3) Mudança de valores – Nota 2 de 3
É a mudança de valores na narrativa que gera conflito na trama. O autor trabalhou bem aqui, equilibrando a tensão da morte do treinador com a família de William, a utilização dos amigos e o interesse romântico, perdido pouco depois.
4) O que o texto pretendia/ o que o texto fez – Nota 1,5 de 3
Aqui vai a minha maior birra com a narrativa. Não senti que chegamos a algum lugar e acho isso mais ou menos importante em um texto infantil. Lembrando, claro, que estou partindo do pressuposto de que é um texto voltado para o público infanto-juvenil.
Tive a impressão de que a história tenta passar que 1) Existem pessoas no mundo em dificuldade, tal como você pode estar agora e 2) Não temos controle sobre tudo o que acontece e, às vezes, coisas ruins acontecem.
Por um lado, entendo essas lições, por outro, como não acompanhamos uma evolução (ainda que fosse algo niilista) ou uma decadência do personagem por conta delas não senti que o efeito da mensagem foi devidamente finalizado (de novo, se tratando de uma história infantil).
Síntese: Até então foi a história que melhor construiu seu protagonista, em minha opinião. A crueza do mundo (e certo otimismo também) foram bem apresentados, sem cair para algo piegas. Incomodou-me, principalmente, a superficialidade do efeito dos acontecimentos (especialmente os últimos) sobre o personagem principal. Mas no todo, uma boa história.
Nota final: 3,3
Leandro, a mesma história impacta de formas diferentes sobre leitores distintos. E há leitores com diferentes níveis. Não é “um texto infantil” como você sugeriu. No máximo infanto juvenil. De fato, dirigido a um público com um pouco mais de idade. Você poderia me acusar, justamente, de fugir ao tema. Eu teria preferido isso a constatar que, interpretar o conto tratando-o como infantil ou infanto-juvenil realmente prejudicou a percepção da mensagem. De resto, eu concordo com seus apontamentos. Abraço e obrigado.
Olá, Cirineu.
Fiquei sem entender seu comentário. Reli o meu.
Errei ao escrever infantil, é só que acho estranho escrever “texto juvenil”. Mas me certifiquei de apontar depois de que se tratava de infanto juvenil.
Abraços!
Resumo: garoto de comunidade carente descobre pelos jornais que o treinador do clube onde treina futebol morreu. Nisso chegam seus colegas, também aspirantes a jogador, entre eles uma menina. Logo a afinidade entre o protagonista e a garota se estabelece, enquanto os demais conversam e leem o jornal. No dia do sepultamento do professor, Will e Marilia conversam mais, porém depois disso ela nunca mais dá as caras. Anos depois, quando estão prestes a se alistar, Will confidencia aos amigos que imagina tê-la visto.
Impressões: gostei muito deste conto. Arrisco a dizer que foi meu conto favorito neste desafio. Não só por ter fugido dos clichês do terror, mas porque abordou o universo infanto juvenil com bastante sensibilidade e também com criatividade. Para tanto, buscou seu contexto no mundo futebolístico que permeia a vida de 90% dos meninos, deixando o leitor perceber, porém, que o futebol era só uma desculpa para falar de amor. Do primeiro amor. Daquele instante mágico que vivemos apenas uma vez. A relação entre Will e Marília foi brilhantemente descrita. Juro que eu mesmo me vi na pele do menino, aos onze ou doze anos, claudicando na intenção de me tornar um craque (natimorta, claro) e aprendendo, a duras penas, que o amor por uma menina da minha idade podia ser bastante cruel haha
Também gostei do conto pela maneira como foi desenvolvido. Dá para perceber a mão do autor, conduzindo a narrativa de modo seguro, típico de quem sabe o que está fazendo, dando vazão a um estilo próprio, com diálogos ágeis, naturais e envolventes. Enfim, uma obra excelente, que só não leva nota máxima por conta de alguns erros ortográficos. Parabéns pela obra e boa sorte no desafio.
Gustavo, que bom que fui negligente com a revisão. Hahahahahah!!!
Modestamente, acho que você tem razão em diversos pontos, mas esse conto está longe de merecer nota máxima. Arrisco-me a dizer que você se identificou com a história e por isso foi tão benevolente, que tal? Abração.
Olá Pedro; tudo bem?
O seu conto é o décimo oitavo trabalho que eu estou lendo e avaliando.
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O QUE ACHEI DO SEU TEXTO
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Gostei do recorte de amizade contido em seu conto. Achei legal o tom dramático permeando todo o conto, tanto no fato da morte do ‘professor’ quanto nos dramas psicológicos e sociais experimentados pelo protagonista.
Tangenciar a narrativa com a temática do primeiro amor também deu um brilho a mais à história. O texto ficou bem escrito e não percebi nenhum erro que travasse a minha leitura ou deixasse o trabalho menos saboroso.
A pegada mais contemplativa também deu um caráter interessante à obra, que não necessitou de grandes reviravoltas ou finais extremamente impactantes para tornar-se marcante.
É isso!
No mais… Parabéns pelo trabalho! E boa sorte no Desafio! 🙂
Bem, pra finalizar… As regras do Certame exigem que eu faça um resuminho do trabalho avaliado, para comprovar minha leitura. Então vamos lá:
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RESUMO DA HISTÓRIA
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O conto mostra um recorte da vida de um grupo de colegas de escola que jogam futebol em um Centro de Treinamento, localizado em uma parte menos nobre de uma cidade qualquer. Com a recente morte do técnico, se reúnem na casa do protagonista e se questionam sobre o futuro, enquanto o esboço de um relacionamento amoroso, que não vem a se confirmar no futuro, começa a se desenhar.
Ricardo, fico particularmente feliz (por você até mais do que por mim – nem todo leitor atingiu esse nível) por conta desse comentário “A pegada mais contemplativa também deu um caráter interessante à obra”. O propósito da narrativa em tempo presente era reportá-los às cenas e torcer para que apreciassem a forma tanto, ou até mais, que o conteúdo. Abraço e obrigado.
Um garoto, que adora ler as notícias do jornal, se depara com a notícia da morte do próprio professor de futebol, além de descobrir um pouco mais sobre sua história antes de dar aula. Aos poucos os amigos do clube vão chegando em sua casa, para compartilhar o triste fato. Entre eles está uma garota, por quem ele se apaixona, mas nunca mais a vê após o enterro.
Um conto infanto-juvenil que traz algumas estruturas clássicas do gênero, como o grupo de meninos e a única menina no rolê, que geralmente faz algo “de menino” (no caso o futebol), por quem o protagonista se apaixona. It e Stranger Things seguem modelos assim (claro, cheios de parafernália). O foco aqui é como o grupo de amigos, esses jovens, lidam com a notícia da morte do professor, de como será a vida dali pra frente. Percebi uma constante nos contos mais infantis, que é a reação das personagens perante a morte. O texto segue bastante fluido, calmo e sem grandes reviravoltas, mas não chega a ser açucarado e traz um final interessante, mostrando que nem sempre as paixões da infância se tornam reais, nem sempre há um final feliz. Curti.
Fil, que bom que você entendeu a mensagem. Acho que é nessa idade que a gente começa a perceber isso, né?
“mas não chega a ser açucarado” é sempre uma preocupação minha não atentar contra a dieta do leitor. Hahahahahah!!!
Brincadeiras à parte, entendi sim o que você quis dizer.
Abraço e obrigado.
Resumo: Um Desfalque (Pedro Bastos)
A escrita aqui é o que mais me encanta. Um belo conto, belo sim, mas ao mesmo tempo não sei, não o vi também dentro do proposto. Talvez sim, um infanto juvenil, mas com ares de cotidiano, mais para o segundo na verdade, bem mais.
Um conto que fala da perda de um técnico, do professor que dava aulas de futebol para os garotos, e de um encontro com uma menina que jogava bola em uma época estranha para esse hábito, ao menos para uma mulher.
Mas é apenas isso, e não é; É um conto que fala de amizade, de encontros, de perdas, de sonhos e de respeito. Um belo trabalho.
Avaliação: (Para os contos da Série A-B não considerarei o título, as notas serão divididas por 5 para encontrarmos a média. Porém teremos uma ordem de peso para avaliação caso tenha empates… Categoria/ Enredo / Narrativa / Personagens /
Gramática.
Infantil/infanto: de 1 a 5 – 3,5 (Por não ser tão… tão infanto assim)
Gramática – de 1 a 5 – Nota 5,0 (sem deslizes)
Narrativa – de 1 a 5 – Nota 5,0 (Perfeita)
Enredo – de 1 a 5 – Nota: 3,0 (Nada demais, mas bom)
Personagens – de 1 a 5 – Nota 5 (Mesmo muitos, todos excelentes e boas escolhas dos nomes e apelidos)
Total: 21,5 / 5 = 4,3
Sidney, o conto está cheio de erros! Ainda bem que não dá mais para revisar sua nota! Hahahahahah!!!
De resto, concordo com você em tudo.
Abraço e obrigado.
RESUMO: Will e o seus companheiros do time de futebol têm que lidar com a morte do técnico do time, o “Professor”. Tanto na descoberta do fato como no enterro, Will se aproxima e se encanta por Marília, a única jogadora do time. Infelizmente, não a vê nos outros treinos e mesmo na escola. Jurou ter a visto, no entanto, quando foi se alistar com os colegas. Era ela dividindo um cigarro com um marinheiro. Talvez fosse.
COMENTÁRIO: É uma leitura agradável. Tudo é articulado de uma maneira a garantir fluidez e, nesse ritmo, é impossível não se imergir na sensação de juventude que permeia as personagens, em seus diálogos e na maneira como agem e, principalmente, na atração juvenil entre Will e Marília, que dá ao conto algo pelo qual se anseia e que, numa conclusão agridoce, não é verdadeiramente resolvido, apenas um gostinho de resolução aparecendo na possibilidade de Will a ter encontrado sem procura-la. O conto se encerra deixando em aberto se ele talvez a teria achado, se poderia ir atrás dela. Fica sendo, portanto, um conto sobre um primeiro amor, no que cabe perfeitamente.
Encontrei um “trás” que deveria ser “traz”, lá no começo.
Boa sorte!
Pedro,
“é impossível não se imergir na sensação de juventude que permeia as personagens”
Que alegria essa afirmação me traz*! Eu foco nisso, fazer com que a leitura os insira lenta e gradualmente no mundo, senão na pele, do personagem.
Abraço e obrigado.
*Cara, eu sempre preciso consultar o dicionário ao usar essa forma do verbo trazer, ia escrevendo “trás” novamente (rs).
Olá, Pedro Bastos.
Resumo da história: Will é um menino de família humilde, sem pai, e que ajuda a avó nos afazeres domésticos. O menino tem o hábito de ler jornais e vem a saber através destes da morte do seu professor de futebol, o ex-craque Pascoal Carrão. Outros meninos e uma menina chegam à sua casa. No dia do enterro, Will fica admirado com a aparência tão diferente de Marília, a menina dos jogos de futebol. Eles conversam e criam um vínculo afetivo, um misto de amizade e amor infantil. Contudo, por alguma razão do destino, Marília se afasta e somente, quando na época do alistamento militar, Will pensa que revê Marília, fumando e abraçada a um marinheiro.
Prós: um conto sensível, cheio de alma e com bons personagens, em especial o William. A escrita é clara e competente, com poucos deslizes. O clima de descoberta do amor é bem montado, a questão do amor à leitura também. Foi meu conto preferido no grupo “B”! 😉
Contras: uns poucos deslizes de escrita.
Boa sorte no desafio!
Rubem, eu quebrei a cabeça tentando imaginar uma trama mais viva e interessante para o público infanto-juvenil (não consegui) e me desatentei da revisão. Minhas desculpas. De resto, obrigado.
Abraço.
Um Desfalque (Pedro Bastos)
Resumo:
A morte do “Professor Pascoal Carrão” (ex-jogador de futebol que se tornou um treinador em uma comunidade carente) é o “centro da cena” e traz uma reflexão para o grupo de amigos, ou talvez só para Willian (Will), protagonista do conto.
Comentário:
Um belo conto juvenil, profundo. Texto bem estruturado, lógico, interessante. A linguagem e a maneira de contar dão visão terna de uma adolescência onde as perspectivas são poucas, quase nulas. Alguns deslizes ficam evidentes (trás/traz, impressa/imprensa, honrado/honrando, dispensa/despensa, acedem (somam?????). A narrativa descreve a força das amizades, a descoberta da primeira “paixãozinha”, e o desfecho, como todo o conto, leva o leitor à reflexão: para onde os caminhos podem nos levar…
Parabéns pelo trabalho!
Boa sorte no desafio!
Abraços…
Olá, EntreContista,
Tudo bem?
Resumo:
Com a morte do professor de educação física, a aproximação de um menino e uma menina (o primeiro amor).
Meu ponto de vista:
Conto belíssimo, o melhor da série B neste desafio em minha opinião. Fazendo lembrar Os Meninos da Rua Paulo e Pretérito Imperfeito (de nosso querido Gustavo Araújo), o conto traz uma narrativa emocionante, falando ao jovem leitor de questões como amizade, morte, amor. Um lindo trabalho de formação que mereceria ser publicado em livrinhos de bolso bem ao estilo das coleções Para Gostar de Ler ou Coleção Valga Lume.
Aqui temos um(a) escritor(a) que claramente sabe o que está fazendo, não só no que toca a trama, mas, também na construção dos personagens (aqui, mais uma vez encontro a semelhança com o Pretérito Imperfeito, porém, estes funcionam quase como personagens arquétipos da infância – a menina que não tem medo de se aproximar dos meninos, de gostar de bola, daquilo que eles gostam, mas não se furta de ser sensível e amar os livros e o menino que é apresentado ao universo da leitura, que vive entre meninos, mas, não deixa de demonstrar sua sensibilidade especial).
Parabéns!
Beijos
Paula Giannini
Paula,
“Conto belíssimo, o melhor da série B neste desafio em minha opinião.”
Vindo de você, isso tem o peso de um troféu à parte.
Muitíssimo obrigado!
💕💕💕
UM DESFALQUE- é a história de William, que joga num time de futebol amador. O técnico morre e eles se reúnem para comentar o caso. Will conhece uma garota e se sente atraído por ela. Os dois vão ao funeral do técnico e depois ele não a vê mais. Anos depois ele pensa ter visto a garota na companhia de um marinheiro.
O conto está bem escrito, com um bom enredo e narrativa. Parece até um enredo para filme com muitos detalhes no cenário da cozinha. Me pareceu que o detalhamento das ações é, simplesmente, para dar volume ao texto. É a chamada “gordura”, que poderia ser dispensada e não faria falta na história. Aliás, sem ela haveria pouca coisa para ler.
No terceiro parágrafo tem uma palavra que eu não entendi, me pareceu não ter sentido na frase, a palavra: IMPRESSA. “ A impressa cada vez mais esperançosa”. É uma história simples de um garoto que se sente atraído (não sei se ele se apaixonou) por uma garota que também joga bola. Depois do enterro do técnico ele não a vê mais e nem chegou a cultivar aquele sentimento. Uma separação abrupta e inexplicável.
Achei uma leitura leve, simples, de uma história sem grandes abalos físicos ou emocionais.
Boa sorte no próximo tema.
Antonio,
“Me pareceu que o detalhamento das ações é, simplesmente, para dar volume ao texto. É a chamada “gordura”, que poderia ser dispensada e não faria falta na história.”
Longe disso, todo aquele detalhamento visam construir o protagonista e até mesmo a garota. Sem aquilo, eles teriam a alma amputada. Sugiro ler comentários de colegas.
Você provavelmente está acostumada e aprecia mais contos repletos de eventos. Meu estilo é mais psicológico, social e cotidiano. Enfim, respeito preferencias.
“Boa sorte no próximo tema.”
Esse comentário soou como garantia do meu fracasso nesse certame, o que de fato não aconteceu, mas obrigado de qualquer forma.
Abraço.
Um menino criado pela mãe e que a ajuda nos afazeres domésticos. Além de jogar futebol no clube, o que ele curte é ler os jornais do dia anterior que a mãe traz das faxinas. Então morre o técnico do time de futebol, o professor. A casa do menino Wil vai ficando cheia de atletas, vem até Marília a jogadora em quem não põe muita fé. Dia seguinte é dia de todos irem ao enterro. Marília vai ao seu lado. O professor é substituído por dois estudantes de educação física que não se interessam profundamente pelos meninos, mas ficam jogando xadrez. A menina nunca mais aparece e a vida segue até que um dia parece que a vê abraçada a um rapaz na fila do cinema. Gostei da sua história. Ficou bacana o jeito que encontrou para me relatar a saga dos meninos, o futebol e o seu técnico morto. Achei uma coisa interessante, pode ser impressão, mas você deixou de revisar seu conto no começo dele. Alguns exemplos: Imprensa ao invés de Impressa. Honrando a amarelinha, ao invés de honrado a amarelinha. Despensa no lugar de dispensa. Como te disse, gostei da sua história, singela, fácil e gostosa de ler. Receba o meu abraço fraterno, Fernando.
Pois é, Fernando, você deve ter se surpreendido, eu sempre tão criterioso com a coisa da revisão… A verdade é que bati cabeça tentando imaginar uma trama mais apropriada ao pretenso público alvo que me descuidei desse quesito. Minhas desculpas, prometo me esmerar no próximo. Abração.
Será que era Marília?
Parabéns pelo conto
Tomara que não fosse, né?
Pobrezinho do Will…
Ou não? Ou seria melhor que ele se desiludisse mesmo?
Obrigado pela leitura, Neusa!
Um Desfalque
Resumo:
[Conto com viés futebolístico]
Garoto com pretensões a se tornar jogador de futebol, lava a louça e, no dia em que o professor morre de enfarte, recebe amigos tal qual ele, lamentam a morte do treinador Carrão. Vão ao enterro, quando ele conhece melhor a garota que esteve em sua casa. Tempos depois, quando ele vai se alistar, com amigos, fazem confidências sobre a tal garota loura que fuma e enlaça-se num marinheiro. Seria ela? Não sei.
Comentários:
Caro Pedro Bastos,
Conto sem grandes problemas de escrita. Com uma revisão ele fica ok.
Salvo eu ter me perdido, o que não acredito, não consegui encontrar no conto nenhum elemento que o caracterize como dentro do propósito do certame – terror ou infantil/infanto-juvenil.
Ficou-me a sensação de que o conto começa e se vai esvaindo sem nada relevante acontecer, salvo a miséria em que o menino vive, que parece, no decorrer do conto, que vai se dissipando, saindo de um sofá roto a locais reservados para louças e gavetas que esperam ser preenchidas com seus apetrechos correspondentes.
Acho que o conto merecia mais, talvez um direcionamento ao propósito do desafio. Não pude encontrar isso.
O conto vai caminhando e o leitor esperando que algo de fato aconteça e nada acontece, ou melhor, apenas acontecem coisas corriqueiras na vida do protagonista: lavar a louça, ir ao enterro do professor, encontrar uma garota, fazer compras com a avó, alistar-se ao serviço militar e tal.
Boa sorte no desafio.
Angelo, era esperado que o personagem e o conto em si não conquistasse a empatia de alguns leitores, mas fico triste porque a sua me é particularmente cara (rs).
“nenhum elemento que o caracterize como dentro do propósito do certame” Hum… (bico), nenhum é ser duro demais, eu discordo, ainda que não possa contestar ter fugido ao tema.
Sugiro investir um pouquinho do seu tempo para conhecer a perspectiva de outros colegas lendo alguns comentários mais.
Abraço e obrigado pela leitura.
Willian perde – junto com o resto do seu time de futebol – o Professor Carrão, um ex-jogador de futebol que dava aulas para crianças na sua comunidade e que morre repentinamente de infarto. No mesmo dia surge Marília em sua vida, uma menina fugaz que desparece antes de ele sequer entendê-la.
O conto é instigante, mantém a leitura contínua e a curiosidade, mas não entrega muita coisa. É gostoso de ler, sim, mas não tem nenhum fechamento nem clímax, nada de muito interessante acontecendo. É uma crônica sem rumo, apenas um texto sobre um evento infortuito e com uma personagem misteriosa que não leva a lugar algum. Isso não é necessariamente ruim mas, ao menos para mim, quando terminei a leitura, fiquei com um gosto de “cadê o resto” na boca.
Sobre o tema, definitivamente não é terror, então suspeito que este tenha sido uma tentativa de conto infantil. Mas, tirando o fato de todos os personagens serem crianças, o conto não é exatamente infatil… se é que isso é válido falar. A temática é fúnebre, pesada, reflexiva. A personagem de Marília traz algo mais infantil ao cenário, mas não é nada senão uma distração que logo desaparece. A escrita e as palavras escolhidas são bem rebuscadas e por vezes um pouco exageradas para um conto infantil.
Sua escrita é boa, sem erros, bem revisada e clara. Me parece, como citei acima, um pouco pesada demais para uma história infantil, mas tirando isso é um estilo limpo e bem escrito. A narrativa feita no presente (ao invés do usual Pretérito) me incomoda um pouco mas não enxerguei erros.
Correção: infortuito = infeliz (como escrevi infortuito, não sei dizer, rs)
Marco, eu meus critérios de avaliação eu uso algo chamado “valor agregado”. A partir disso eu discordaria sobre o seu “É uma crônica sem rumo…”
Você tem razão quando diz que o conto não atende à temática proposta, porém, avaliar todo o restante a partir disso me soa equivocado. Quer dizer, provavelmente você o veria de outra forma se esquecesse essa exigência de enquadramento de gênero. Seu eu avaliasse primeiramente esse quesito, teria jogado muitos contos no lixo.
Abraço e obrigado pela leitura.