Costumeiramente eu me deito antes da meia-noite e, como tenho o sono pesado, só acordo quando o relógio desperta, no dia seguinte, às dez para às 7h da manhã. Quando eu era casado, minha mulher costumava me acordar de madrugada para transar. Ela adorava transar meio grogue de sono, e eu não nego que também gostava. Aquela sensação de torpor misturada ao tesão me deixava bastante excitado. Mas, depois que nos separamos, passo a noite inteira dormindo, um sono pesado feito um saco de chumbo. Exceto naquela madrugada.
O relógio sobre o criado mudo marcava 2:10h da madrugada, e acordei com uma sensação estranha, como se uma pessoa pesada estivesse sentada na beira da minha cama. Não apenas o colchão estava inclinado para baixo, mas também meu edredom parecia estar preso sob alguma coisa e, como se não bastasse, também sentia minha bochecha dormente e gelada. Talvez a dormência fosse causada pela má circulação ou por conta do problema que tenho na ATM, mas o que dizer da sensação de haver alguém sentando na beirada da cama? Isso parecia fugir de uma explicação lógica e me causou certo desconforto. Desconforto que evoluiu ao ponto de deixar minha respiração ofegante, e precisei tomar cuidado para não fazer barulho com o ar entrando e saindo das narinas. Não queria despertar a atenção de quem lá estivesse, se é que realmente houvesse alguém ali. Procurei manter a calma e persisti no exercício de respiração profunda por uns instantes, e meu cérebro foi se oxigenando melhor, permitindo maior clareza nos pensamentos.
Não havia como alguém ter entrado no meu apartamento. Além da fechadura normal da porta de entrada, eu havia mandado colocar uma fechadura tetra e um trinco com corrente igual ao que vemos nos filmes americanos. Posso parecer neurótico, mas morando nas proximidades da Ricardo Jafet, não poderia dar oportunidade ao azar. Com os três tipos de travas protegendo a entrada do apartamento, seria impossível alguém arrombar a porta e eu não acordar. Além disso, como alguém arrombaria a porta do meu apartamento sem que os vizinhos escutassem? Não fazia o menor sentido.
Criei coragem e apanhei o celular sobre o criado-mudo a fim de iluminar o quarto com a lanterna do aparelho. Como esperava, não havia ninguém no quarto além de mim. Suspirei fundo, aliviado. Mas a sensação de haver outra pessoa no quarto continuava e eu não sabia explicar o motivo. Talvez tivesse tido algum sonho do qual não me recordava mais, não tinha como saber. Estiquei o braço e apertei o botão do interruptor com o indicador da mão esquerda. Agora, com o quarto plenamente iluminado tive uma visão mais clara e os resquícios de temores que teimavam em permanecer, se dissiparam. Levantei da cama pelo lado direito e fui até o banheiro a fim de esvaziar a bexiga. Por via das dúvidas, fechei a porta atrás de mim e mijei demorado. Devo ter mijado mais de meio litro. Um líquido amarelado e com cheiro forte. Passei o papel higiênico na borda do vaso, e antes de me deitar fui verificar se a porta do quarto estava trancada. Estava. Quando me virei na direção da cama senti como se o chão tremesse sob mim. A parte do edredom na beirada esquerda da cama estava amassada no o formato de uma bunda grande e pesada. Mesmo sabendo que não havia espaço para caber uma pessoa ali, olhei para baixo da cama. Depois respirei fundo e fui até o guarda-roupa. Abri porta por porta, empurrei as roupas para o lado, mas só havia calças, camisas e os casacos pendurados nos cabides. Era um medo irracional, eu sabia, pois já havia olhado a porta do quarto e ela estava trancada. A explicação mais provável era que eu mesmo havia me mexido e feito a marca no edredom. De qualquer forma, eu sabia que teria uma noite longa pela frente. Eu estava agitado, sentia meu coração mais acelerado que de costume, e o sono parecia ter fugido de mim. Apanhei a cartela de Rivotril na gaveta da cômoda, engoli o comprimido com um pouco d’água e esperei o sono voltar.
O comprimido era de 2mg e o efeito chegou logo. Não sei precisar quanto tempo, mas caí em sono profundo. E acordei novamente, sentindo como se alguém estivesse mexendo nas minhas pernas. Eu estava deitado de barriga pra cima, com as pernas esticadas e as mãos cruzadas sobre o peito, quase em posição de defunto. Meu coração saltava, ultrapassando os 100 batimentos por minuto, e minha respiração estava ofegante outra vez. Tentei me mover, mas não consegui, meu corpo parecia estar preso à cama. Procurei gemer, gritar por socorro, mas também foi em vão. Estava paralisado, sem conseguir emitir um mero gemido. Nesse instante me veio à mente a explicação sobre um fenômeno semelhante, conhecido como paralisia do sono. Ocorre quando o hemisfério do cérebro responsável pela sensação desperta, mas o hemisfério responsável pelos movimentos continua inerte. Tecnicamente falando, não havia motivo para pânico, mas diante do que já havia ocorrido minutos antes, o medo tomou conta de mim outra vez. Procurei mover o dedo mínimo, devagarinho, devagarinho, e aos poucos consegui mover os demais dedos, estendendo os movimentos para os outros órgãos do corpo. Respirei fundo e desci a mão pra coçar o saco. Foi aí que percebi o laço na cordinha do meu pijama. Eu só compro pijama sem elástico justamente porque não gosto da sensação do pijama apertando minha barriga e sempre deixo o short do pijama aberto, nunca dou nó. Cocei a cabeça e me virei para olhar as horas no relógio sobre o criado-mudo. Agora o relógio marcava 4:15h. Já havia se passado duas horas desde a última vez que havia acordado, e novamente uma sensação estranha de haver mais pessoa no quarto além de mim. Não estava com vontade de ir ao banheiro e permaneci deitado, com a luz apagada. De repente o barulho de metal caindo nos pés da cama fez meu coração saltar pela boca. Um frio percorreu desde as plantas dos meus pés até a minha nuca. Tremi como vara verde, mas permaneci imóvel. Fosse lá quem estivesse no meu quarto, não estava me vendo no escuro e eu não queria despertar a atenção dele e levá-lo a agir de forma impulsiva contra mim. O invasor também não queria ser ouvido e apenas minha respiração se fazia audível naquele instante. O silêncio era absoluto agora. Fiquei imóvel por mais de dez minutos, quando, finalmente, tomei coragem de dobrar o meu braço e apanhar o revólver enfiado na cabeceira da cama. Vagarosamente apontei a arma para os pés da cama e, com a mão esquerda, acendi a luz.
“Parado, seu filho da puta!” Gritei.
Imaginei que daria de cara com um bandido empunhando, no mínimo, uma faca na minha direção, mas não vi ninguém. Só podia estar ficando louco, não havia outra explicação. Era a segunda vez naquela madrugada que eu era acordado por alguém, ou por alguma coisa, mas o quarto continuava vazio. Fiquei desorientado, sem saber o que pensar. Poderia se tratar de fruto da minha imaginação? Poderia, mas quando o objeto de metal caiu no chão eu já estava acordado há algum tempo e por mais fértil que fosse a minha mente, o barulho que ouvi não foi um barulho seco, sem eco. Após o metal se chocar contra o chão, o barulho metálico persistiu até a peça se acomodar ao chão, como ocorre quando uma tampa cai e fica girando por algum tempo.
Com a arma em punho, me levantei da cama a fim de verificar novamente o local. Abri novamente cada porta do guarda-roupa, empurrei as roupas para o lado, mas não havia ninguém escondido lá dentro. A porta do banheiro também estava fechada, mas segui até, empurrei a porta devagarinho e acendi a luz. Meu banheiro é pequeno e não havia onde alguém pudesse se esconder. O único lugar possível seria atrás da porta. Também não havia ninguém. Voltei para o quarto e quando olhei nos pés da cama, um arrepio gelado subiu por minha coluna e minhas pernas bambearam. Havia um pires prateado caído ao chão e sobre a cama uma toalhinha branca amassada. Meu Deus! Só podia estar delirando! Se não havia ninguém no quarto além de mim, como aqueles objetos foram parar ali? Suspirei fundo e procurei me lembrar de algum sonho. Talvez eu tivesse levantado enquanto dormia e manuseado os objetos. Foi a única explicação razoável que encontrei.
Esperei uns instantes até recobrar as forças nas pernas e, ainda com a arma em punho, abri a porta do quarto e fui até a sala. Minha sala era bastante clean e não havia lugar onde uma pessoa pudesse se esconder, ainda assim olhei atrás do sofá e retirei as almofadas do lugar. Nada indicava a presença de algum intruso. Antes de verificar a porta de entrada, fui até a cozinha. No quarto e na sala não havia ninguém, e se houvesse alguém no meu apartamento, a cozinha seria o único local onde o intruso poderia ter se escondido. Instintivamente olhei na direção da janela, que estava travada, tal qual eu costumava deixar. Sob a mesa apenas as cadeiras e um guardanapo caído. Havia uma concentração de formigas sobre o guardanapo, possivelmente fazendo banquete em algum resto de alimento. Mesmo sendo um lugar improvável, abri as portas do armário da pia e espiei lá dentro, depois foi a vez da geladeira. Não encontrei evidência da presença de nenhum ser vivo, exceto a barata que subia rápido parede acima e se escondeu no exaustor. Cogitei a possibilidade de pegar o veneno e espirrar na direção do exaustor, mas deixei essa ideia de lado. A pobre barata era a menor das minhas inquietações naquele instante. Agora só faltava verificar a porta de entrada. Com o braço esticado, apontando a arma para a frente, me dirigi vagaroso até lá. Todas as fechaduras estavam trancadas, inclusive o trinco com corrente, não havendo o menor indício de que a porta havia sido aberta. Suspirei aliviado e me sentei na poltrona de leitura, observando ao redor apenas com o canto dos olhos. Depois cruzei as mãos sobre a parte de trás do pescoço e puxei a cabeça na direção do umbigo, a fim de aliviar a tensão que eu sentia sobre os ombros. Não conseguia entender o porquê de um sono tão conturbado. Meu dia havia sido excelente, sem nenhum contratempo e, além do mais, ao me deitar não estava ansioso ou preocupado.
Mal havia começado conjecturar de forma racional acerca dos fatos, quando fui desperto dos meus pensamentos por barulhos de passos vindo do quarto. Me arrepiei dos pés à cabeça nesse instante. O barulho começou suave, distante, mas foi aumentando como se alguém se aproximasse de mim. Rapidamente levantei os olhos na direção do quarto e nesse momento o barulho cessou. Segundos depois o som veio da cozinha. Era o som de água enchendo alguma vasilha. Comecei a tremer e senti cada pelo do meu corpo se arrepiando. Eu tinha acabado de verificar a cozinha e não havia ninguém lá dentro, como a torneira poderia ter sido aberta? Por mais que eu procurasse uma explicação racional, o que vinha ocorrendo fugia da razão. Alguns segundos depois o barulho de água cessou e ouvi novamente passos. Desta vez se afastando. Nisso, um enxame de moscas, dezenas delas, seguiu voando na direção do quarto, pareciam acompanhar os passos. O zumbido que elas faziam era ensurdecedor, mas não consegui levar as mãos aos ouvidos a fim de tapá-los. O medo havia impedido meus movimentos e só podia observar, sem me mover. Nunca fui de acreditar nessas crendices de espíritos, anjos ou demônios, mas desta vez havia algo estranho ocorrendo ali e a única explicação plausível estaria na esfera espiritual. Diante da situação que eu estava presenciando, negar tal realidade não ajudaria em nada.
Quando consegui recuperar meus movimentos, levantei devagarinho, abri as travas da porta sem fazer barulho e corri até o apartamento do vizinho, onde terminei de passar a noite. Mas não consegui pregar os olhos naquela madrugada. De manhã meu vizinho se levantou cedo, e antes de preparar o café fomos conversar sobre o ocorrido. Ele me contou que antes de eu me mudar para aquele apartamento havia acontecido algo brutal no local. A antiga moradora era uma senhora de noventa e poucos anos, portadora de Parkinson já em estado bastante avançado e que carecia de cuidados da enfermeira durante 24 horas por dia. Sua cuidadora era dedicada e cuidava da senhora como se fosse sua mãe. Assim foi durante um ano e alguns meses, quando um assassino conseguiu entrar no local, matou a senhora e a cuidadora. Antes de cometer os assassinatos, abusou da cuidadora de forma brutal, provavelmente diante dos olhares da senhora doente. Segundo meu vizinho, ele havia entrado no prédio segurando o braço da cuidadora, mas não se sabe se ele era namorado da moça ou se ele a havia abordado antes de entrar no prédio. Ainda, segundo relatado pelo meu vizinho, após a brutalidade, o bandido conseguiu sair do prédio como se nada houvesse acontecido, passou pela portaria e saiu a pé. Se foi preso ou se continuou solto também não sabia informar.
Meu vizinho é espírita e, segundo explicou, agora a moça se sentia culpada pelo assassinato da senhora que vivia sob seus cuidados e por conta disso seu espírito inquieto ainda vagava pelo local, sentindo a necessidade cuidar de quem estivesse dormindo naquele quarto, a fim de amenizar a sua culpa.
Naquele mesmo dia eu deixei o apartamento e voltei para a casa dos meus pais. Tempos depois entrei em contato com meu antigo vizinho e fiquei sabendo que um casal havia se mudado para o apartamento onde eu havia morado. Mas não chegaram a ocupar o apartamento por muito tempo. Poucas semanas depois o marido jogou a mulher janela abaixo e depois se matou com um tiro na boca.
Eu tava pesquisando agora mesmo (Mulher sentada ao lado da cama). Me mudei pra uma kitnet em Goiânia vai fazer um mês. E por algumas vezes só este mês, 4, 5 oi 6 vezes eu acordei de madrugada as vezes eu via uma mulher sentado na beira da cama ao lado dos meus pés de costas para mim outras vezes acordava com a sensação de ter alguém lá dentro kkk, eu costumo dormir pelado qua do desperto desperto com vergonha e me cubro como se realmente tivesse uma mulher. Outro dia não lembro bem, mas parece que eu passei outra volta na tranca da porta que estava trancada.
Não sinto mal perto dessa “mulher”, lembro que uma vez ela estava sentada com a cabeça baixa como se estivesse triste não sei. Enfim eu ainda estou lá, tirando os vizinhos que enchem o saco fazendo barulho, no mais estou bem. Alguém que entende quiser entra em conta comigo pra me explicar meu nome é Jefersson Santana nas redes sociais tel: 91991226241
Querido(a) EntreContista,
Tudo bem?
Seu conto traz uma situação clássica de terror, o fantasma “prisioneiro” e assombrando uma casa, no caso aqui, um apartamento.
Senti que o(a) autor(a), na ânsia de mostrar tudo o que sabe, toda sua criatividade, afinal estamos em um desafio, pesou um pouquinho na mão, transformando o conto quase que em um longa-metragem. Entenda, não falo da quantidade de palavras, mas de ações e acontecimentos.
Suponho estar diante de um(a) novo(a) escritor(a), com ótimo talento para contar histórias. Meu conselho é que fique conosco, que leia muito e que siga aprendendo (como todos estamos) nesse ofício de escrever.
Parabéns por escrever.
Beijos
Paula Giannini
Paula, agradeço muitíssimos pelas observações. Seu comentário e dicas serão bastante úteis para o meu desenvolvimento como contista e vou ficar atento a isso. Obrigado!
“… muitíssimoS”… erro de digitação.
😉
Conto: O Espírito da Cuidadora
Autor: Aron Ribeiro
Resumo: Um homem divorciado, que agora mora sozinho em seu apartamento, tem uma vida normal e pacata com sua rotina bem definida. Em uma noite ele acorda várias vezes durante a madrugada por baralhos e movimentos inexplicáveis em seu apartamento. O homem confere se o apartamento está vazio e bem trancado diversas vezes naquela madrugada, ficou sem entender o que estava acontecendo e os ocorridos iam piorando gradativamente até que a única explicação possível era ser alguma atividade paranormal. Por fim o homem foi terminar a noite na casa do seu vizinho, o qual o explicou pela manhã que naquele apartamento vivia uma senhora, bem velha, e sua cuidadora, as quais foram assassinadas brutalmente por um invasor. O Homem morador do apartamento resolve voltar para a casa dos pais e depois fica sabendo pelo seu antigo vizinho que um casal ocupou o mesmo apartamento depois dele, o casal teve um fim igualmente trágico, jogou a mulher pela janela e se matou com um revolver.
Opinião: O autor tem uma excelente habilidade descritiva, conseguiu passar veracidade da situação vivida pelo personagem principal, enriquecendo a história com detalhes do cotidiano de um homem solteiro que mora sozinho, criou uma boa ambientação da história. Na minha opinião achei bem legal o personagem principal primeiramente não imaginar que seja algo sobrenatural, sendo a sua preocupação um real invasor, dando até a entender que o personagem deve estar habituado a situações de tensão com bandidos, podendo ser policial ou segurança, já que até possui uma arma, ou seja, fazendo o personagem ter mais profundidade em sua construção. Mas o autor pode ter demorado um pouco a mais para levar o personagem a considerar uma atividade sobrenatural, acho que até um descrente, por questões culturais, já teria imaginado mais rápido ser um fantasma. Eu gostei muito da história, achei bem interessante e envolve bastante o leitor e nem precisou de exageros do gênero terror para dar um bom ar de suspense ao conto. Parabéns.
Meu caro, Momo Blair! Obrigado pelo comentário que, de certa forma, me deixou envaidecido! Você tem razão e muito provavelmente eu tenha deixado minha inclinação religiosa interferir no personagem. De fato, o personagem teve uma explicação espírita, mas eu sou judeu e tudo o que sei sobre o espiritismo aprendi lendo os livros de Kardec, o que, naturalmente, me proporcionou algum conhecimento sobre o tema, mas de maneira superficial. Muito obrigado!
O espírito da cuidadora.( Aron Ribeiro)
Um homem está do no apartamento todo fechado.
Acorda na madrugada, sente que alguém está sentado na cama.
Acende a luz não encontra ninguém, mas o edredom está amassado do lado oposto ao seu.
Toma um remédio e dorme pesadamente.
Acorda com um som metálico, observa não tem ninguém.
Novamente barulho de água na cozinha. Abre a porta e acaba de passar a noite no apartamento vizinho. Fica sabendo do assassinato da antiga moradora e sua cuidadora.
Muda-se e um novo acontecimento fatal se segue com os novos moradores do apartamento.
Homem passa uma noite em claro com medo de manifestações estilo poltergeist e no dia seguinte fica sabendo por meio de um vizinho o que aconteceu antes de ele ir morar no local. Para ele, o conto tem um final feliz. Para quem se mudou depois para lá, não dá para dizer a mesma coisa.
Comentários: Infelizmente o conto não me agradou. Foi uma leitura cansativa, causada primeiro pela “entrega do título”. O que esperar de um conto com o título “O Espírito da Cuidadora”? Já te diz uma coisa bem importante. Então eu comecei a leitura e durante aquelas situações narradas fiquei a todo momento pensando: “É o tal espírito da cuidadora”, isso me tirou a possibilidade de surpresa. Não senti medo, tensão, nada. E quando o vizinho contou pra ele a respeito do que tinha acontecido, eu me peguei dizendo a mim mesmo: “Ah, é? Eu já sabia”. Infelizmente, nada criativo. E como eu não tenho nada a destacar a respeito de toques gramaticais, a gente percebe como um conto narrado de forma gramaticalmente correta, com coesão, coerência etc., não quer dizer muita coisa. No seu conto falta clímax, falta algo que traga mais à leitura: mais medo, mais tensão, mais angústia, qualquer coisa. Até mesmo mais terror. Acredito que o enredo deve ser repensado. Eu cheguei a pensar que de repente ele era um espírito vivendo em outra dimensão, e os barulhos e outras coisas eram as pessoas vivas que viviam ali e ele pensava que eram os espíritos, enfim… Uma pena que não foi nada mais do que foi posto no conto. Boa sorte no desafio.
Agradeço as observações feitas. Vou ficar mais atento a essas questões.
História de um homem em seu ap novo tendo uma noite nada convencional. Começa a ouvir coisas, sentir presenças e questionar sua sanidade. Aos poucos vai se dando conta que há uma entidade na casa e precisa tomar uma decisão. Mas pra frente fica sabendo que houve um assassinado na casa e que vaga um espirito de uma cuidadora que sente a necessidade de cuidar dos moradores para sanar sua culpa. ,
É um conto bem lugar comum no quesito terror, Já meio que se sabe do que se trata, o que vai acontecer e quando isso ocorre o autor tem que caprichar no desenvolvimento, na narrativa na imersão. De fato a ambientação está ótima, as descrições aprofundadas. O problema em relação a isso é que essa cena se torna longa, com parágrafos gigantes, é lenta, e tudo bem se for lenta, desde que se chegue a algo, desde que tenha impacto, não há muito nisso, toda a tensão sobre o que está acontecendo, sobre as aflições do personagens são bem lineares. O conto se resume em uma noite insone e já no finalzinho a breve conclusão, isso tira um pouco o brilho da história. No mais, foi uma leitura agradável,não que terror deva ter esse adjetivo, mas tudo bem rs.
Parabéns, boa sorte!
Agradeço o comentário e as observações feitas. Vou ficar mais atento quando estiver escrevendo o próximo conto.
Homem querendo dormir, é atormentado por algo ou alguém no quarto. Ele sente que há uma presença e começam aparecer coisas no quarto. Ao sair do apartamento, no seu vizinho, descobre que no passado houve assassinatos com brutalidade no apartamento.
O texto tem um bom suspense, começa muito forte, me deixando, como leitor, curioso para descobrir junto com o personagem. O texto acaba perdendo um pouco do meu interesse na medida que ele vai saindo do quarto, com uma arma na mão e outras coisas que vão fazendo ele perder a potência inicial. Para mim, ele se perde totalmente quando ele sai do apartamento e entra o vizinho na história. Não me interessa a história da cuidadora, seria muito mais interessante ficar no mistério de tudo o que aconteceu. Perde um pouco a graça saber de espíritos, porém é bem interessante o último parágrafo onde novos moradores se matam lá dentro, se não houvesse a informação da cuidadora, para mim, ele sair do apartamento e acontecer a morte dos novos inquilinos, traria algo mais especial ao texto.
Obrigado pelo comentário, meu caro! Dicas interessantes, e vou ficar mais atento quando estiver escrevendo o próximo conto.
O conto é sobre um homem divorciado que uma noite acorda de madrugada sentindo uma presença em seu quarto. Ele tenta entender o que está acontecendo, sem conseguir. Ele consegue dormir novamente e é despertado duas horas depois. Coisas estranhas acontecem e ele acha que há alguém em seu quarto. Ele pega uma arma e faz uma busca pela casa. Os acontecimentos estranhos continuam e, assustado e sem saber o que fazer, ele foge e vai dormir num vizinho. No dia seguinte o vizinho, que é espírita, conta que houve um duplo homicídio naquele apartamento e que se tratava do espírito da cuidadora.
O conto é escrito de forma bastante amadora. A narrativa é bastante simples e casual. O português é razoável. Sem erros, aparentemente. Faltou conectar melhor as partes e tirar repetições chatas. O final do casal que se mudou para a casa ficou deslocado e pouco verossímil. O homem que era espírita poderia ter sido apresentado melhor e você poderia ter introduzido a conversa entre eles que chegaria à conclusão de ser o espírito da cuidadora. Você tem que focar mais nos detalhes de sentimentos e menos em coisas triviais, como a mijada e o rivotril, por exemplo.
O Espírito da Cuidadora (Aron Ribeiro)
A narrativa descreve um homem que após terminar o seu relacionamento começa a morar em um apartamento onde acaba por vivenciar experiências extracorpóreas. Seu corpo fica paralisado em inúmeros momentos e ele tem a sensação de estar deitado em um leito onde alguém já esteve. Descreve uma mulher pesada que deixa marcas fundas na sua cama. O horror toma conta quando ele percebe que não se trata de uma presença física como ele acreditava que pudesse ser, mas sim, uma presença espiritual. Apesar de todas as suas tentativas de usar a razão tudo vai contra ao que ele busca querer acreditar.
O insano se faz presente em diversas partes do conto. Ao final descobre se que seu apartamento fora amaldiçoado pelos espíritos de uma senhora e sua cuidadora que foram brutalmente assassinadas naquele local.
Ponto forte: O texto é rico em detalhes imaginários. O medo aparece na ansiedade criada pelo que possa estar acontecendo. O uso de termos casuais deu vida ao texto. Parece ter havido uma boa interação entre a vida do personagem e todos os acontecimentos subsequentes.
Ponto fraco: Não os notei.
Comentários: Excelente narrativa. Quem é que nunca viveu algo assim? Sentir que está preso a uma espécie de sonho, transe, uma sensação de morte iminente e nada pode se fazer. Muito real e muito perspicaz esta jogada de palavras feitas.
Fábio, muito obrigado pelo comentário. Confesso que fiquei envaidecido com suas palavras e me senti mais encorajado a prosseguir com meus contos. Forte abraço!
O Espírito da Cuidadora (Aron Ribeiro)
A obra se desenrola em um apartamento, onde uma pessoa percebe coisas estranhas que parecem querer tirar o personagem de sua lucidez, por fim não tendo mais certeza da realidade, vai dormir no vizinho. No outro dia fica sabendo que o apartamento foi palco de uma tragédia. Ele vai morar em outro local e lugar continua a ter acontecimentos estranhos.
Aron, comecei há pouco escrever contos, então, gostaria que levasse em consideração minha pouca experiencia, para depois julgar minha critica. Sou sempre ” curto e grosso”, porém, prefiro objetivo. Achei que você relatou uma história, ao mencionar sempre na primeira pessoa. Tenho que contos são sempre na terceira pessoa. Claro, posso estar errado. A meu ver, para melhorar seus trabalhos, seria interessante que lesse mais outras obras, isso ajuda a melhorar aquilo que gostamos de fazer. Há muitas frases extensas, muitas virgulas, acho que deixará sua obra melhor, com frases mais curtas. Escolhi uma para você ter como exemplo: “…Meu vizinho é espírita e, segundo explicou, agora a moça se sentia culpada pelo assassinato da senhora que vivia sob seus cuidados e por conta disso seu espírito inquieto ainda vagava pelo local, sentindo a necessidade cuidar de quem estivesse dormindo naquele quarto, a fim de amenizar a sua culpa….”
Há outras, por gentileza, receba as criticas como algo para q sua trama melhore. Que tal fazer esta mesma obra, levando em consideração as criticas. “Treine”. Tenho certeza que você perceberá sua melhora.
Sucesso
Meu amigo, entendi perfeitamente o que você quis dizer e só tenho a agradecer por suas observações. Serão de muita valia para meu desenvolvimento como contista. Obrigado!
Olha só! Um espírito que quer cuidar das pessoas.
bom conto
parabéns
Obrigado! Talvez nem todos os espíritos sejam ruins! 🙂
Olá, Aron Ribeiro.
SINOPSE:
O narrador, que tem um sono costumeiramente pesado, acorda no meio da madrugada com a sensação de que alguma presença está sentada sobre a cama. Mesmo com a pior etapa de seu medo já superada, ainda persiste a sensação da estranha presença. Especula motivos a respeito. Repentina marca no colchão o enche de pavor. O novo sono, induzido por remédios, se torna porta de entrada para novo pavor: paralisia do sono. Sua percepção do ambiente aumenta, embora não consiga fazer movimentos. A intensa sensação que acompanha a imobilidade, a de que há uma presença no quarto, contrasta com a constatação de que não há ninguém (ao menos visível). Barulhos na cozinha. Na manhã seguinte, conversa com um vizinho. A história da moradora anterior e sua cuidadora, o fim trágico delas. Possível explicação para o caso.
ANÁLISE:
A execução está muito bem elaborada. Percebe-se como a atmosfera que o autor tenta passar ao leitor está adequado ao estilo, à escolha das palavras. Não é necessário excesso de adjetivos para tornar uma cena mais vívida ou cruel; aqui, temos um desenvolvimento direto, sem floreios, e que, segundo minha percepção, é exitoso no tocante à aura de medo e desconfiança (dois elementos fundamentais para esse tipo de conto).
O foco narrativo em primeira pessoa, mesmo quando não exatamente confiável (que nem é o caso do presente conto), parece exponenciar no leitor a ação do enredo. Viajamos, olhos nos olhos, daquele que está passando pela experiência que alimenta o plot. Nesse sentido, e se posso fazer um contraponto, senti falta de maior envolvimento com personagem-título. O leitor depreende quem era a tal presença sentida no quarto assim como pode chegar à conclusão (a depender de seu nível de ceticismo) de que a paralisia do sono foi um evento isolado e com origem sobrenatural zero, talvez mesmo uma alucinação. Finais que suscitam probabilidades são legais, mas o título já dá um “parecer” definitivo. A personagem-título, através do desenvolvimento, pode ser identificada nas características descritas sobre a sensação da presença? Mesmo assim, é uma ótima história de terror e o parabenizo por isso.
Desejo a você sucesso neste desafio.
Meu caro José Leonardo! Agradeço muitíssimo pelo comentário e observações. Devo confessar que suas palavras me deixaram envaidecido e me inspiram a prosseguir com meu contos, participando de novos desafios. Obrigado!
Resumo: O Espírito da Cuidadora (Aron Ribeiro)
Vamos lá, esse conto começa com um cara dentro de um apartamento assombrado, ele passa a noite mais “assustadora” de sua vida, tudo estava indo bem até ele ouvir um barulho de muitas “moscas?” e então correr para o quarto ao lado, dormir no apartamento do vizinho e descobrir que haviam sido assassinadas duas pessoas no apartamento dele… Aí a história se perdeu, pois o clima tenso de suspense estava muito bom, pena que a explicação no final estragou tudo! Poderia ter deixado no mistério, estava no caminho certo até o momento das moscas!
Que pena!
Bem, a narrativa é boa, salvo pelos longos, muito longos parágrafos, cansei bastante para ler alguns, infelizmente, mas ainda assim gostei da maior parte, tirando o final, claro!
Avaliação:
Terror: de 1 a 5 – Nota 3,5 (Olha, estava indo muito bem até precisar explicar tudo e apressar o final)
Gramática – de 1 a 5 – Nota 4,0 (Não vi nada errado, mas dentro dos meus critérios seus parágrafos enormes me cansaram)
Narrativa – de 1 a 5 – Nota 3,0 (Também devido aos parágrafos grandes demais foi prejudicada)
Enredo – de 1 a 5 – Nota 2,0 ( Achei que iniciou bem, para ganhar um 5, mas depois que o cara começou a escutar moscas e foi pra casa do vizinho, aí despencou, e toda aquela explicação desnecessária, a meu ver)
Personagens – de 1 a 5 – Nota 3,0 ( Estava indo bem, mas colocou personagens demais, o casal mesmo foi só para dar mais ênfase a assombração, mas para mim não deu certo.
Título – de 1 a 5 – Nota 5,0 (Gostei do título!)
Total: 20,5 pts de 30 pts
Caro Sidney, obrigado pelo comentário e observações. Vou ficar atento à questão dos parágrafos longos e demais observações e colocar em prática no próximo conto. Abraço.