Não me recordo bem do acidente. Foi tudo muito repentino. E depois parecia que o mundo tinha desabado.
“Será que acabou?”
Acordei nesta espécie de floresta tendo ao meu lado um javali de olhar manso e curioso, e esta mala que, pelo conteúdo, já constatei que me pertence. O javali, aparentemente, também é meu – pelo menos não me larga, segue cada um dos meus passos.
Procuro uma saída há vários dias. A floresta é densa e sempre igual. Calculo que estou algures no sul de França; creio que sobrevoava próximo de Marselha na altura em que… sei lá, não sei ao certo o que aconteceu.
“Andarão a procurar-me? Levará muito tempo? Ou ficarei aqui para sempre?”
Pelo menos tenho algumas folhas de papel (estavam na mala), uma esferográfica e, ao que parece, um amigo. Caça pelos dois. Tem sido uma bela ajuda. É engraçado: vai buscar comida e traz, comemos juntos. Há coisas que não consigo nem meter na boca (noto-lhe um certo desapontamento no olhar), mas outras até não são tão más quanto isso, enfim… não fosse ele e decerto já teria morrido de fome.
Faz-me lembrar a raposa da minha história (terá sido uma espécie de antevisão?). Ele vai e sei que regressa, tal como ela; e quando lhe sinto os passos começo a ser feliz. Depois chega e senta-se ao meu lado – sim, e cada vez mais perto. E diz-me coisas sem falar. E eu, lentamente, também lhe tenho contado tudo.
Depois caminhamos. Ele sabe que procuro os da minha espécie, sabe que quero regressar ao meu mundo. E acompanha-me.
Ontem improvisei uma espécie de trela e coloquei-lha. Ficou feliz. Só lhe faltou começar aos pulos. E então passámos a andar assim.
Quando paramos, e eu paro com frequência porque tenho problemas de ossos, ele senta-se comigo e tiro-lhe a trela, mas, desde que lha pus, só volta a andar quando lha ponho outra vez. Já lhe contei a história toda do Principezinho e ele ouviu com muita atenção. Chamei-lhe raposa e pareceu-me ficar dividido: percebeu o elogio, mas não lhe agrada ser raposa. Por outro lado, quando lhe disse que eu próprio seria o principezinho vi-lhe no olhar (juro que vi!) um ar escarninho. Para ele, eu sou a sua rosa, não tenho dúvidas quanto a isso. Trata-me, ampara-me, adormece junto a mim aquecendo-me; protege-me muitas vezes dos perigos da floresta, algumas sem que eu saiba; trata-me, acarinha-me, mantém-me vivo.
É um javali adulto. Achou um bocado pateta a história do elefante engolido por uma jibóia. O olhar dele expressou-o bem, só lhe faltou dizer: “Percebe-se logo que nunca viste uma jiboia! E, provavelmente, nem um elefante.”
Não lhe expliquei. Para quê? Além disso nunca vi, realmente, uma jiboia. E também nunca tinha visto um javali. Pior de tudo: escrevi uma história de amizade antes de a ter realmente vivido.
É um javali adulto. Achou um bocado pateta a história do elefante engolido por uma jibóia. O olhar dele expressou-o bem, só lhe faltou dizer: “Percebe-se logo que nunca viste uma jiboia! E, provavelmente, nem um elefante.”
Mas assim, sendo dois, somos seis: eu, Antoine, adulto, 44 anos, aviador, escritor nas horas vagas e perdido nesta floresta; ele, javali, adulto, e de profissão atual cuidador e amigo. E agora na minha perspectiva: eu de novo, o principezinho encontrado em mim e ele a raposa que me conquista e se faz conquistar; e a versão dele: ele, principezinho, dono e senhor do seu pequeno mundo onde encontrou uma rosa sensível e vaidosa (sim, sou vaidoso), que estima, trata e protege e eu, uma rosa linda (aos olhos dele, claro), frágil (muito mais do que gostaria de admitir) e efémera, profundamente efémera e carente.
E caminhamos. Caminhamos, paramos, comemos, dormimos e continuamos.
A noite na floresta é fria e cheia de ruídos que desconheço. Mas a presença dele tranquiliza-me e aquece-me. Ele cava uns buracos enormes onde cabemos os dois e depois vai pra lá e convida-me:
“Encosta-te, amigo, aconchega-te”, parece dizer-me. E eu aceito, entro e obedeço. Aninho-me nele e adormeço. Num sono sem sonhos, povoado de cheiros e sons que começam a ser-me familiares – e a entranhar-se-me.
Dos livros que escrevi, o Principezinho era o meu favorito. Falo no passado, não porque tenha deixado de ser o meu preferido, mas porque precisa de uns reajustes. Quando regressar vou alterá-lo para uma segunda edição (espero que essa segunda edição aconteça, nunca se sabe). O “meu” javali também tem que entrar na história, já não imagino a amizade e o companheirismo sem ele.
…
Há vários dias que não escrevo. Não sei quantos. Acho que estive doente (seguramente ainda estou). Sei que o javali tomou conta de mim, como lhe foi possível. Imagino que tenha ido além dos limites desse possível. Vejo que está exausto. Quando abri os olhos ele ali estava, como sempre, os seus olhos pareciam melancias e havia neles uma angústia do tamanho do mundo. Sorri-lhe, disse-lhe “Olá!” e o olhar dele iluminou-se como o sol e ganhou as cores do arco-íris.
Quis pôr-lhe a trela para continuarmos a minha procura pelo mundo “civilizado”, mas ele não permitiu. Com alguma dificuldade, levantei-me; mas ele permaneceu sentado. Fiz menção de começar a andar (doía-me cada bocadinho de mim), mas ele nada – não se mexeu. Compreendi. Não estou em condições de me meter de novo a caminho, estou demasiado fraco, preciso recuperar.
Penso que lhe deveria ter dado um nome – decerto ele teria apreciado. Mas não o fiz nem o farei, para mim ele é javali, “O Javali”. Existem muitos, devem ser milhares ou milhões, mas ele é o único. Os outros são todos iguais; ele é meu, o que conversa comigo em longos silêncios dourados de entendimento.
Saiu de novo e regressou há pouco, trazia uma espiga de milho e um olhar guloso. Fiz lume como aprendi há muitos anos (bendito o dia!) e assei-a. Pareceu bastante surpreendido com o resultado mas, a avaliar pela forma como comeu, acho que adorou. De certeza que gostou mesmo, porque lhe dei mais uma parte da minha metade e ele não conseguiu resistir e aceitou. Achei deliciosa a mistura de culpa e brilho no olhar que lhe vi enquanto comia num ato de gula egoísta que ele considerou quase como uma prevaricação.
…
Passaram já quatro dias desde que acordei e o javali não me autoriza a seguir viagem. Não posso dizê-lo de outra forma. Ele, literalmente, não permite. O meu javali, meu guardião, minha raposa.
…
Sinto que estou pior. Não poderia, ainda que quisesse, prosseguir a caminhada. O javali está aqui, comigo, sempre. Só se ausenta para ir buscar mais comida. E de cada vez é mais rápido, menos criterioso até no que escolhe para trazer. Tem pressa. Noto-lhe a apreensão no olhar quando regressa. E o alívio quando percebe que respiro e estou vivo. Sorrio-lhe de todas as vezes (continuarei a sorrir-lhe enquanto puder – talvez morra com um sorriso no rosto).
O javali aprendeu a trazer-me água. Conseguiu montar um intrincado esquema de folhas e ramos e perde metade pelo caminho, mas traz-me a água. Água daquela sobre que escrevi no livro, da que sacia todas as sedes. A sua compreensão da história que lhe contei vai muito além do que eu lhe possa ter transmitido. É um conhecimento ancestral, que já nasceu com ele e não precisa de escritores para explicar.
…
À noite ele olha para o céu. Acha que vou morrer. E eu sei que talvez tenha razão – apenas não desisto de acreditar que posso regressar, apesar das dores, apesar da guerra, apesar de tudo… quero voltar. Além disso, também desejo completar a minha história. O meu Principezinho ficou incompleto, eu ainda não sabia nada do que estou a aprender. E se não regressar como é que vocês irão conhecer o javali? O meu javali. O que não precisa de palavras. O que só fala com os olhos e com o corpo? O amigo mais completo, sincero e leal que poderia imaginar?
…
Ele sabe que não poderei levar o corpo comigo, mas não está nem um bocadinho interessado em imaginar que eu poderei ser cada uma daquelas estrelas. Sabe que não, que serei apenas uma. Acredita que, se memorizar o céu, vai conseguir descobrir, depois, qual delas eu sou. Está confuso, o céu é diferente todas as noites. E eu não tenho coragem para lhe contar a verdade. Não tenho.
“Desculpa amigo, terás mesmo que aprender a amar as estrelas.”
“Tal como eu irei finalmente perceber que não interessa nada descobrir se a ovelha comeu ou não a rosa.”
Esquece o céu, esquece a história que te contei, o que acreditas que te ensinei: “só se vê bem com o coração”. Não é assim, amigo. Bem sabes. Foste tu quem mo revelou e, se eu pudesse, iria explicá-lo à raposa. A verdade é diferente: “só se vê bem no coração”. Esquece. Fecha os olhos. Vê no coração. Sim, amigo, aí. Onde me encontras, onde estou – onde me puseste.
…………………………………………………
Posfácio:
Antoine de Saint-Exupéry foi um piloto e escritor francês, cuja obra mais conhecida é “O Principezinho” (“O Pequeno Príncipe”, no Brasil). Ele morreu supostamente em 31 de Julho de 1944, quando o avião que pilotava se despenhou junto à costa francesa de Marselha – o seu corpo nunca foi encontrado.
Esta, apesar de ficção, é uma história possível tal e qual como está descrita.
No conto, Saint-Exupéry, num estado quase moribundo, terá experimentado, com um javali, a vivência da história publicada no ano anterior à sua morte. É comum que animais mamíferos adoptem outros mamíferos de espécie diferente da sua, quando os vêem em necessidade. O porco é um animal muito semelhante ao cão, em termos do seu relacionamento com o homem. E entre um porco e um javali, a diferença está apenas em alguma selvageria. O animal não fala em momento algum, e além dos seus atos (perfeitamente possíveis), as intenções e emoções são interpretadas pelo autor, o que também é plausível. A história termina mal, mas não poderia ser diferente.
Texto atualizado em 25/06/2017
O meu obrigada a todos os comentadores e participantes. Não quis, durante todo o período de leitura interferir esclarecendo, pois considero que quando escrevemos algo, tampouco podemos ir atrás de cada leitor desfazer as suas dúvidas.
O autor escreve e, ao publicar, assume o que escreveu.
A plena compreensão do meu conto implicava o conhecimento da obra de Saint-Exupéry, “O Principezinho”, bem assim como o recordá-la e ainda saber das circunstâncias da sua morte.
É pedir muito. Mas foi o que a imagem me suscitou e o que entendi escrever, esperando, com algum êxito manifestado no resultado, que, independentemente desse conhecimento não existir, o conto pudesse valer por si mesmo.
Antoine de Saint-Exupéry foi um piloto e escritor francês, cuja obra mais conhecida é precisamente “O Principezinho”. Ele morreu supostamente em 31 de Julho de 1944, quando o avião que pilotava se despenhou junto à costa francesa de Marselha – o seu corpo nunca foi encontrado. Ou seja, no domínio da adivinhação sobre o que efetivamente terá sucedido, esta história é possível.
E é possível tal e qual como está.
Saint-Exupéry, num estado quase moribundo, poderia perfeitamente ter vivido com um javali a história que escreveu no ano anterior à sua morte. É comum que animais mamíferos adoptem outros mamíferos de espécie diferente da sua, quando os vêem em necessidade. O porco é um animal muito semelhante ao cão, em termos do seu relacionamento com o homem. E entre um porco e um javali, a diferença está apenas em alguma selvageria. O animal não fala em momento algum, e além dos seus atos (perfeitamente possíveis), as intenções e emoções são interpretadas pelo autor,o que também é possível.
Para os que lamentaram o final da história, apenas posso esperar que, ao ler esta explicação, compreendam porque não poderia ter sido outro.
Um último apontamento, várias pessoas manifestaram estranheza por o texto ser escrito “no feminino”. Eu sou mulher, é certo, mas Saint-Exupéry tinha uma escrita que se poderia também considerar bastante feminina. Por essa razão, não sei se houve ou não falha minha uma vez que tentei aproximar-me da sua forma de se expressar.
A dois ou três irei responder em particular a situações particulares apenas para não tornar este texto mais longo. No entanto, o meu agradecimento é dirigido a todos.
Li contos muito bons, outros não tanto. Alguns proporcionaram-me verdadeiro prazer. Não votei de acordo com o meu gosto pessoal, mas sim pelo todo. Procurei levar em consideração a qualidade da escrita e a adequação ao tema.
Foi um grande prazer participar nesta aventura. Não sei se repetirei, por diversos motivos, mas foi uma experiência gratificante e inesquecível.
Uma vez mais, obrigada a todos os que aqui me acompanharam.
(Prezado Autor: antes dos comentários, alerto que minha análise deve se restringir aos pontos que, na minha percepção, podem ser mais trabalhados, sem intenção de passar uma crítica literária, mas uma impressão de leitor. Espero que essas observações possam ajudá-lo a se aprimorar, assim com a leitura de seu conto também me ajudou. Um grande abraço).
O Javali e eu (Amapola)
ADEQUAÇÃO AO TEMA: sim, a foto inspirou o autor a interpretá-la e, com base nela, criar essa homenagem ao autor do Pequeno Príncipe.
ASPECTOS TÉCNICOS: a narrativa é segura, e ainda que calcada numa homenagem a outra história e outro autor, tem seus méritos próprios. É claro, ainda depende que o leitor conheça a outra obra para sua análise intertextual, mas sustenta-se como obra de fantasia por sua própria conta e risco.
EFEITO: particularmente, não gosto muito de fanfic – o que quase, eu disse quase, aconteceu aqui. Mas a habilidade e a verve poética do(a) escritor(a) lusitano superou meu preconceito. Como acho que o sei? O Principezinho, diz-se em Portugal, é o título desse livro.
Um belo conto. Tem uma abordagem filosófica interessante, essa linha poética com um propósito de trazer à luz verdades em formas de dúvidas. É bonito, é bem escrito e criativo, sutil ao transformar o javali numa metáfora; trazer o autor Exupéry a esse seu ambiente foi interessante.
Li esse conto ouvindo Vivaldi. Calhou de dar certo.
Muito bom, Amapoula! Muito bom!
Gostei mesmo. Confesso que a idéia para o meu conto também surgiu da história do pequeno príncipe (aquele cara da foto tem muita cara de aviador, não é?).
Achei muito bem escrito. As frases são primorosas e de uma poesia singular. Gostei especialmente de como você conseguiu dar emoção para o javali, apenas com olhares e atitudes.
A única coisa que me fez não te dar um 10 foi o início. Achei que a ideia do “acordei aqui, com uma mala, um javali e etc” ficou meio puxada da cartola, faltou um pouco de sustentação. Mas isso em nada desmerece o seu trabalho. Gostei mesmo, sinceramente. O final foi muito bonito e bem emocionante. Parabéns!
É um texto delicado e com nuances de emoção em várias construções. Recentemente fiz uma “releitura dinâmica” do livro que você homenageia com seu conto, e digo que Exupéry ficaria contente com sua versão. A leitura é incrivelmente fácil, destaque para as frases simples, que me fizeram pensar novamente no livro em questão, como quando o protagonista diz que tem “problemas de ossos”.
O final é triste como na história do principezinho, e igualmente bela. Uma cena simples, mas certamente eficaz. Penso que seria um aviador que, durante a guerra, sofreu um acidente aéreo, sobrevivendo por certo tempo numa floresta, com a ajuda do amigo javali.
Saldo positivo, leitora feliz.
Olá, autor. Sigamos com a avaliação. Trarei três aspectos que considero essenciais para o conto: Elementos de gênero (em que gênero literário o conto de encaixa e como ele trabalha/transgride/satiriza ele), Conteúdo (a história em si e como ela é construída) e Forma (a narrativa, a linguagem utilizada).
EG: O conto tem uma atmosfera fantástica e se sustenta ante uma referência. Essa pode ser uma grande vantagem ou desvantagem diante da perspectiva. No meu caso, aplicou-se a desvantagem, já que a referência me é desconhecida.
C: A relação entre homem e javali é tênue, inocente, mas bonita. É de uma singeleza e sutilidade únicas.
F: A narrativa em primeira pessoa me parece bem linear, sem grandes problemas ou grandes méritos.
Apesar de não ser fã de O Pequeno Príncipe, achei muito criativo você trazer para o conto o autor e ainda fazer um link entre o seu drama real e a imagem do desafio. Eu tenho um conhecido que iria pirar de alegria ao ler o seu conto, tenho certeza. Quanto ao conto, é mais um que utiliza a figura do Javali como metáfora para o psicológico, pelo menos foi isso que me pareceu. A leitura fluiu para mim de forma bela, mas por vezes me peguei lendo parágrafos e achando apenas bonito, sem pescar as intenções. Também o modo como o texto foi distribuído o fez soar como se tivesse muito mais que as duas mil palavras do desafio, mas de modo cansativo. Não tenho a sensibilidade que esse conto pede.
Para além da jornada psicológica do personagem, o conto narra o comportamentos e a delicada relação que se cria em circunstâncias onde o ser humano passa por profundas reflexões, e pode alcançar uma espiritualidade que tende a desenvolver quando distante das turbulências do mundo que consideramos civilizado.
O enredo me trouxe a memória, de forma forte, o drama de Chuck Noland, que também, devido a um acidente aéreo em que viajava a trabalho é levado a buscar meios de sobrevivência. Na história uma bola de vôlei da marca wilson veio a se transformar num personagem de destaque. Aflorando emoções quando se revelava a carência afetiva na solidão Noland, sempre alimentando esperanças de voltar à civilização.
Aqui, o autor consegue o mesmo efeito do filme, prender a atenção com apenas um personagem humano. A solidão e o sofrimento foram relevantes para que viesse a personificar um fiel e inseparável companheiro num Javali.
“Exupéry” entra desviando o olhar, e torna de forma habilidosa o enredo mais doce, cuidadosamente recebe a identidade do autor, deixando para trás a marca do “náufrago”, para crescer nas suas particularidades, ainda, sem perder o foco da singularidade irrefutável da natureza humana.
A narrativa é fluida, a imagem do desafio foi construída em sua totalidade.
. “conversa comigo em longos silêncios dourados de entendimento.”
** Queria ter tido a sensibilidade para criar essa frase.
“Esquece o céu, esquece a história que te contei, o que acreditas que te ensinei: “só se vê bem com o coração”. Não é assim, amigo. Bem sabes. Foste tu quem mo mostrou e, se eu pudesse, iria explicá-lo à raposa. A verdade é diferente: “só se vê bem no coração”. Esquece tudo. Fecha os olhos. Vê no coração. Sim, amigo, aí. Onde me encontras, onde estou – onde me puseste.”
** Isso encheu minha alma de ternura!
Adequação ao tema proposto:
Criatividade: Altíssima
Emoção: Achei o final meio arrastado, mas o resto está muito bom
Enredo: Gostei das referências ao Pequeno Príncipe. As frases são muito bem construídas. Acho que o final ficou meio arrastado e confuso, mas, só uma opinião minha.
Gramática: Confesso que algumas palavras me incomodaram; “desde que lha pus” é um exemplo. Não sei se está certo ou se é correto no português de Portugal . Fora isso, acho que o texto está livre de erros
Parabéns!
Obrigada, Givago Domingues. Sim, a frase é perfeitamente correta em português de Portugal. Imagino que muitas outras o tenham “arranhado”, tal como nós ficamos “de cabelos em pé” com construções frásicas vossas. Mas está correto, sim.
===TRAMA===
Este sim, é um exemplo de texto filosófico / metafórico bem feito. Há uma sequência de fatos, narrados de forma clara, mas abertos à interpretação. De onde, de fato, o piloto caiu? De seus voos na guerra, ou de um patamar elevado na vida, aonde jamais conseguirá voltar?
Seu javali era um animal, ou era um amigo companheiro? Uma esposa? Um amante?
Sua doença era física ou amorosa? Sua morte foi literal, ou apenas a narração de uma transição; o início de uma nova fase?
Gosto de textos assim, que falam muito com poucas palavras. Este é um conto para ler e reler e reler, cada vez pensando em um assunto diferente.
Gostei das referências ao pequeno príncipe. Notei que você fez várias outras referências à outras obras, mas estas não peguei por não ter lido.
===TÉCNICA===
Sublime. Clara e metafórica ao mesmo tempo, com palavras escolhidas com cuidado para instigar a dúvida e o esclarecimento. Belas construções frases, e uma excelente revisão. Leitura bela e suave. Foi um texto excelente de ler!
===SALDO===
Muito positivo!
Uma versão javalesca de Marley & Eu. Mto dramático e fofinho. É mto sentimentalismo para mim, me senti até sufocado diante de tanto amor. Tirando esse exagero na carga dramática, tem toda uma construção de referência ao Pequeno Príncipe, que acrescenta bastante ao conto. Mas o início é um tanto morno. Após a referência ao evento real do acidente de avião, tudo é magicamente colocado para o narrador. Acredito que um pouquinho de conflito nessa parte cairia bem, para mostrar como homem e javali construíram sua amizade, ou caso já fossem amigos, como aprenderam e evoluíram com a situação.
Ola, o seu texto é bem escrito, a leitura é fluida. Parabéns, você sabe mesmo como colocar sentimentos no texto, muito bom mesmo.“Desculpa amigo, terás mesmo que aprender a amar as estrelas.” Texto lindo, do tipo que eu estava procurando a muito tempo para ler. Criativo, lírico, fluido e cativante.
Ficou fofo demais, vou ate salvar nos meus arquivos.
Parabéns pela criatividade! Boa sorte !
Desenvolvimento: O desenvolvimento do conto é muito belo. Ainda li poucos textos, mas dos que li, o seu se sobressaiu nessa parte do desenvolvimento. Não sei nem o que dizer, só sentir, ao menos por enquanto, rs. Simplesmente “O Pequeno Príncipe” é um dos livros da minha vida, lido e relido várias vezes. Muito bacana você ter tornado o homem da foto em Antoine, o escritor francês é uma das figuras que me é mais cara, não só pelo livro, mas também por sua própria figura e o evento de seu desaparecimento (e minha filha mais nova também parece ter herdado esse amor, pelo livro e pelo autor). Me emociona pensar que, de repente, tudo pode ser como no seu texto (não foi, claro, bem sabemos disso, mas aí é que está a magia da literatura).
Personagens: Não sei de quem gostei mais, se do javali ou do aviador. Os dois me cativaram. Os dois merecem esse texto que você escreveu, Amapola. Parabéns pelo cuidado que teve, com os dois.
Emoção: É perceptível a emoção que tive ao ler esse texto. Poderia lê-lo todos os dias.
Tema: Totalmente adequado. Vai ser difícil algum se adequar tanto quanto esse, aposto. Vejamos!
Gramática: Pra mim, nada a ser apontado.
Mesmo correndo o risco de parecer histérico ou exagerado vou dizer que este é, para mim, o melhor conto do desafio. Não só por conta da homenagem a Exupéry, mas pela maneira como tratou a imagem-tema, transformando com muita competência a relação entre homem e javali num questionamento filosófico e psicológico como em nenhum outro texto deste certame. À luz da obra mais conhecida do escritor francês, aborda-se o que nos faz humanos, com nossos anseios, desejos e medos. As referências – inúmeras – ao invés de causarem enfado, tornam o texto ainda mais prazeroso de se ler, conseguindo emular toda a atmosfera ao mesmo tempo pueril e questionadora do livro. O elefante, a jiboia, a rosa, a raposa, todos passam pelo texto, marcando presença, permitindo ao leitor imaginar que talvez, sim, talvez, o escritor tenha pensado neles na hora derradeira, quando desapareceu com seu P-38 já no fim da II Guerra. Mas não é só “O Pequeno Príncipe” que está aí. Toda a filosofia incômoda (no melhor sentido) de Exupery, destilada em obras fascinantes como “Terra dos Homens” e “Piloto de Guerra” estão presentes, fazendo do leitor testemunha, ou melhor, cúmplice dos devaneios. Enfim, adorei o conto, a maneira como foi escrito, e os questionamentos que levanta. Parabéns! É o texto que eu queria ter escrito.
Bom, o conto é instigante e fantástico, inovador, intertextual, no estilo que eu gosto, uma releitura do pequeno Príncipe e suas jiboias abertas ou fechadas. Em certa época da minha vida achei que faria sucesso escrevendo continuações de “le Petit Prince” até descobrir que já havia várias. De qualquer forma, aqui valeu a linguagem estilizada e a criatividade, coisas que admiro e invejo por não ser capaz. Parabéns uma agradável leitura.
Um conto confuso para o meu gosto, porque no andar do mesmo fica somente na colocação de palavras tentando ser um arremedo de poesia e buscando emocionar o leitor. Não funcionou, não senti empatia em nenhum momento.
O javali não o deixa seguir viagem. Mas a verdade é que o aviador também quer ficar por ali, e não é por estar fisicamente debilitado. Amizade.
Fala, Amapola.
Então, eu adoro quando um autor consegue trazer para sua história referências reais – personagens e acontecimentos – e completar as lacunas usando toda a criatividade. Aqui no E.C tivemos bons contos que usaram mão desse artificio e estão sempre na minha memória.
Contudo, dito isso, a história em si não me figou. Resta claro que está bem escrito, com bom ritmo, usando as indagações certas para avançar, mas o enredo que clama por emoção, não me comoveu. Não consegui transpor a barreira e me identificar com o sentimento do personagem… mesmo com toda a sensibilidade latente não consegui diminuir a distância.
Achei esse trecho sensacional, de muita astucia: “Mas assim, sendo dois, somos seis: eu, Antoine, adulto, 44 anos, aviador, escritor nas horas vagas e perdido nesta floresta; ele, javali, adulto, e de profissão atual cuidador e amigo. E agora na minha perspectiva: eu de novo, o principezinho encontrado em mim e ele a raposa que me conquista e se faz conquistar; e a versão dele: ele, principezinho, dono e senhor do seu pequeno mundo onde encontrou uma rosa sensível e vaidosa (sim, sou vaidoso), que estima, trata e protege e eu, uma rosa linda (aos olhos dele, claro), frágil (muito mais do que gostaria de admitir) e efémera, profundamente efémera e carente”
Por fim, um texto de inúmeros méritos, que apenas por uma questão provavelmente subjetiva não ecoou em mim. Certamente esse fato não terá muito peso em minha avaliação.Sendo assim, Parabéns e boa sorte.
Olá!
Usarei o padrão de avaliação sugerido pelo EntreContos, assim garanto o mesmo critério para todos:
* Adequação ao tema: total.
* Qualidade da escrita (gramática, pontuação): excelente.
* Desenvolvimento de personagens, qualidade literária (figuras de linguagem, descrições, diálogos): muito bom.
* Enredo (coerência, criatividade): muito coerente e criativo.
De modo geral foi um dos melhores contos que li neste Desafio, pelo menos até agora.
Parabéns e boa sorte no Desafio!
Para além de o conto ser uma bela homenagem intertextual ao “Pequeno príncipe”, há nele um aspecto que me parece relevante destacar: o animal que nos habita. O javali do conto ao mesmo tempo em que é selvagem é humanizado pela simbiose proposta pela(a) autor(a). Essa antropomorfização, de que podemos ter prova em, por exemplo, “por outro lado, quando lhe disse que eu próprio seria o principezinho vi-lhe no olhar (juro que vi!) um ar escarninho”, é humanizar a selvageria que nos habita, o que não significa menosprezá-la, nem elevá-la a patamar mais “nobre”: antes, demonstra o quanto animais nós somos, a despeito de insistirmos em negar nossa integração à natureza .
Parece-me que levantar essa premissa observada pela narrativa é muito importante, dado o tempo histórico em que vivemos, um tempo animalesco.
Observe-se que, não obstante o javali poder ser considerado “real”, ou seja, a representação de um animal selvagem humanizado pelas circunstâncias, também é possível entendê-lo como uma construção ficcional do personagem, que logo no início põe na mesa um dado que pode relativizar tudo o que é narrado após. Ele diz “acordei nesta espécie de floresta”. Além de ele não ter certeza de tratar-se de fato de uma mata (se não for será o quê?), essa incerteza nos faz perguntar até que ponto ele tem condições de ser preciso quanto ao que narra. Assim sendo, se ele pode não estar em estado de normalidade, o javali pode ser uma criação sua, se levarmos em consideração que ele é um escritor.
Sendo uma criação, duas hipóteses podem ser colocadas: ou o javali é um personagem escrito pelo narrador (é citado que há papel e caneta no ambiente) ou ele é resultado de um delírio. No primeiro caso, temos uma estreita ligação com a fábula (gênero narrativo); no segundo, com a fabulação (mentira). Pode ser, portanto, intencional (fábula), ou não (o delírio gerando uma mentira).
É claro, essa suposta falta de intenção também é uma mentira, pois na verdade quem construiu o javali não foi o personagem, e sim o seu autor, pretendendo dar a sensação de que o personagem fala por si. E o consegue, em larga medida. Embora o(a) autor(a) evidentemente esteja no texto, não é perceptível, muito bem oculto que está pelas máscaras criadas (o homem e o javali).
Se levarmos em consideração que o javali é personagem do homem perdido na suposta floresta, temos uma passagem muito interessante, que ilustra um dos pontos que emergem da relação entre autor e leitor: explicar ou não certa passagem que para este ou aquele leitor ficou obscura? É que no conto o javali considera “um bocado pateta” determinada narrativa de autoria do homem, demonstrando, na opinião deste, que o animal não entendeu a estória. E aí o personagem afirma: “Não lhe expliquei. Para quê?”.
O receptor da narrativa não entendeu a intencionalidade autoral. E daí?
Obrigada pelo seu longo e apuradíssimo comentário, Eduardo Selga. Dei uma explicação geral sobre a história e, a alguns comentadores em particular, esclareço este ou aquele ponto. Neste caso é o que sucede pela questão final que levanta. “Não lhe expliquei. Para quê?”. A história “O Principezinho” é-nos introduzida pelo autor através duma demonstração de um desenho que o leva a concluir que os adultos têm um olhar de tal forma “formatado”, que uma criança acaba por desistir de tentar fazê-los compreender seja o que for. No início do parágrafo em que esta frase está incluída, o autor começa por dizer que é um javali adulto e em seguida recria o início da história, assim comprovando que não vale a pena tentar explicar certas coisas a um adulto quando ele não compreende à primeira vista.
Uma vez mais muito obrigada pela sua excelente análise.
Um conto que me traz delicada homenagem ao Pequeno Príncipe. Que legal essa sua criatividade, Amapola. Trouxe para a história um javali a cuidar do aviador perdido no interior da França. Gostei da maneira como conduz a história. O enredo com as citações à obra universal de Saint Exupéry se encontram na dosagem certa dentro da sua narrativa. Parabéns pelo seu belo conto.
Olá autor/autora! 🙂
Obrigado por me presentear com a sua criação,
permitindo-me ampliar meus horizontes literários e,
assim, favorecendo meu próprio crescimento enquanto
criativa criatura criadora! Gratidão! 😉
Seguindo a sugestão de nosso Anfitrião, moderador e
administrador deste Certame, avaliarei seu trabalho — e
todos os demais — conforme o mesmo padrão, que segue
abaixo, ao final.
Desde já, desejo-lhe boa sorte no Desafio e um longo e
próspero caminhar nesta prazerosa ‘labuta’ que é a arte
da escrita!
Grande abraço,
Paz e Bem!
*************************************************
Avaliação da Obra:
– GRAMÁTICA
Nada que atrapalhasse a leitura foi identificado na obra. Parabéns!
– CRIATIVIDADE
Muito boa. No estilo mais intimista dentre todos os trabalhos, temos um texto onde o protagonista dialoga com ele mesmo, projetado na figura do bondoso javali. Não se sabe o quanto de real existe nos fatos apresentados, e esta é a beleza e inovação do conto.
– ADEQUAÇÃO AO TEMA PROPOSTO
100% adequado.
– EMOÇÃO
É o texto mais intimista do Desafio, levando o leitor para dentro da mente do protagonista, onde não sabemos o quanto de veracidade possui cada um dos atos a nós apresentados.
– ENREDO
O conto pode ser analisado sobre diferentes perspectivas. Um sobrevivente, machucado, de um acidente aéreo que passa seus últimos dias de sobrevivência junto de um animal silvestre que o adota e dele cuida, até a morte. Ou, delírios mentais pós-queda de avião que são narradas de forma a conduzir e gerar uma narrativa fictícia, mas real para o protagonista, em seus últimos momentos de vida.
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Cheguei a brincar se alguém criaria um conto ao estilo “Marley e Eu” e me deparo com um que possui exatamente o título que tinha chutado. Porém, o desenrolar é diferente do que imaginava. Há algo muito interessante aqui que é a metalinguagem, a história dentro da história, que pode ser lida em diversas camadas, o que sempre é ótimo. Pode ser a história do aviador que caiu numa floresta e foi auxiliado por um javali, como alguma fábula que já estamos acostumados, com animais ajudando humanos (Tarzan, Mogli…). E, numa outra camada, relacionando com os últimos momentos do autor do Pequeno Príncipe e com a sua própria obra. Uma licença poética bem grande, eu diria. Felizmente, a escrita é boa, demonstra maturidade e consegue executar a missão bem. Particularmente, acho alguns trechos (e lições de moral) do Pequeno Príncipe um tanto bregas e românticos demais. Gostei que deu uma pequena subversão ao final, mas ainda utilizando de toda a magia criada e abrindo outros caminhos, como o “dois viram seis”, que achei super inspirado. Puxando pro meu lado, diria até que a narrativa poderia ser um passeio pelo inconsciente do autor, uma viagem sonhada, onde ele mesmo não sonha (“noites sem sono”), onde flashes do passado, de sua vida e histórias vão ressurgindo. Entre a vida e a morte, talvez? Muito bom.
É até meio vergonhoso dizer isso, mas a verdade é que eu não li “O Pequeno Príncipe”. No meio da história desconfiei que se tratasse de referências a esse livro e depois da leitura, uma rápida batida de de olho nos comentários me confirmou essa suspeita.
Enfim… talvez, se tivesse lido pudesse ter apreciado ainda mais essa história, entendendo melhor as referências. Mas o que achei bacana é que a história funcionou mesmo sem esse conhecimento prévio. A parte do elefante engolido pela cobra, por exemplo, foi engraçada mesmo sem conhecer o trecho original (bom, pelo menos imagino que seja uma parte do Pequeno Príncipe).
A escrita é gostosa de acompanhar e, aliada à suavidade da trama, faz as palavras correrem.
Eu não me emocionei… infelizmente é muito difícil eu me emocionar com alguma leitura. Não digo isso para bancar o durão, nem nada disso. Apenas passo minhas impressões como leitor. Provavelmente teria gostado bem mais se o fator emoção tivesse me fisgado, pois o conto vai o tempo todo costurando a rede para “fazer chorar” no final. Não faz isso de um jeito forçado (o que foi ótimo), mas faz.
Independente de lágrimas ou não, um ótimo conto.
– coloquei-lha / desde que lha pus
>>> Confissões da madrugada: sempre quis usar esse “lha” 😀
– havia neles uma angústia do tamanho do mundo
>>> algumas pessoas acham meio cafona, mas eu gosto bastante desse tipo de expressão
– talvez morra comum sorriso
>>> faltou um bendito espaço ali pra revisão ficar 100%
Abraço!
Olá! Para organizar melhor, dividirei minha avaliação entre aspectos técnicos (ortografia, organização, estética), aspectos subjetivos (criatividade, apelo emocional) e meu entendimento sobre o conto. Tentarei comentar sem conferir antes a opinião dos colegas, mantendo meu feedback o mais natural possível. Peço desculpas prévias se acabar “chovendo no molhado” em algum ponto.
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Aspectos técnicos: escrita bem desenvolvida, com uma pegada mais emocional. Não li o Pequeno Príncipe, mas imagino que o ambiente de isolamento criado seja similar, restringindo o Javali como único amigo do protagonista exilado. Como outros contos no mesmo estilo, não é um trabalho que visa o enredo cheio de reviravoltas. Temos um “cotidiano” esmiuçado nos seus detalhes sensíveis.
Aspectos subjetivos: a ideia de dar continuidade à jornada de Saint-Exupéry, transformando autor em personagem, foi bem pensada. O conto ficou adequado ao tema nas principais opções que poderiam ser exploradas. Há certa suavidade, e aqui não sei dizer se é própria do estilo de quem escreveu ou do autor homenageado, talvez de ambos, que abrange todo o conto, principalmente no trato das emoções.
Compreensão geral: questiono-me se o protagonista estava realmente vivo. Essa dúvida é acentuada pelo pensamento: “Será que acabou?”. Talvez tenha acabado. A ausência (ou ocultação) de demais animais/formas explícitas de vida contribui para esse clima insólito, o antropomorfismo associado ao Javali também. Tive a impressão de que a floresta seria como um purgatório para Antoine, como se ele fosse responsável pelos acontecimentos a que submeteu seus personagens. A maneira de redimir-se de seus pecados seria sentir na própria pele o que deliberadamente proporcionou. Como parte inerente do purgatório, o Javali sabia que aquele era um lugar de estadia temporária, sabia que seu novo amigo estava fadado a deixá-lo em algum momento próximo – e deixar o purgatório seria apenas mais uma forma de morrer, apenas mais uma passagem.
Parabéns e boa sorte.
Mais um conto singelo lido neste desafio literário. Achei a ideia bem bacana, o ritmo de leitura como se se caminhasse por uma estrada sem obstáculos. Nada mais concorde com a imagem temática do que a que foi pintada nesta história. Nenhuma reviravolta, nenhuma maldade, apenas a pura amizade entre um escritor e um javali, e tudo transcorreu como nuvens de algodão-doce. Apesar de eu não ter gostado muito do Pequeno Príncipe, deste conto eu gostei.
Parabéns!
O Javali e eu (Amapola)
Minhas impressões de cada aspecto do conto:
📜 Trama (⭐⭐⭐▫▫): simples, mas singela. Antoine de Saint-Exupéry cai em uma floresta e faz amizade com um benevolente javali. Vê, na sua própria história, muito daquela que escreveu. Uma bonita homenagem.
📝 Técnica (⭐⭐⭐⭐▫): muito boa, sem grandes floreios, mas um relato muito bem feito em primeira pessoa. Só peguei esse pequeno deslize abaixo na revisão:
▪ quem mo mostrou
💡 Criatividade (⭐⭐▫): gostei de ter visto Exupéry naquela imagem, já que ele morreu pilotando.
🎯 Tema (⭐⭐): está bastante adequado à imagem-tema.
🎭 Impacto (⭐⭐⭐⭐▫): gostei bastante, achei singela a relação do escritor com o animal, emulando muitos sentimentos que tive quando li o Pequeno Príncipe (título aqui no Brasil) pela primeira vez, ainda criança. Mesmo sabendo que ele morreria no final, a forma como foi desenvolvida funcionou muito bem pra mim, pois era um javali, mas vi como se fosse um cachorro, ou um animal de estimação.
Olá Leo. Obrigada pelo seu comentário. Tem um deslize na recisão, sim,mas não é esse. Essa frase pode estar semi-cacofónica, mas está corretíssima em português de Portugal. Seja como for, além da falha de revisão que deixei passar,vou mudar duas ou três frases – e essa é uma delas. Mais uma vez, obrigada pelo seu comentário.
Olá autor(a),
O seu texto é bem escrito, a leitura é fluida. Não vi erros e nem me importei com eles.
Foi interessante trazer a imagem do javali para uma atmosfera delicada e de amizade.
Perguntava-me se algum de nós iria tentar essa vertente.
Acho que foi uma bela ideia criar a história sob a narração de Antoine de Exupéri, combinou.
Ficou fofa, acho que até demais. Beirou ao super açucarado, na minha opinião.
Parabéns pela criatividade!
Um abraço,
Uma paráfrase que além de retomar a fonte e apresentar a mesma roupagem discursiva, inclui a imagem-tema e o nosso precioso javali em uma situação que deu coerência ao novo texto do protagonista-narrador — criativo. (Apesar do estilo de linguagem parecer feminino).
O texto é cativante, sensível, delicado; leitura fluida e agradável, apesar de alguns cacófatos, a incoerência do milho nativo na floresta francesa e do tom repetitivo nos últimos parágrafos.
O conto está muito bem escrito é o seu ponto forte é a emoção com que retrata uma relação de amizade.
Parabéns pela participação, pela criação desta linda história. Abraços.
Saint-Exupéry ter-se-á despenhado no dia 31 de Julho de 1944, sendo o seu destino incerto. Este conto começa no acidente. O piloto ferido encontra um javali que o ajuda nos seus últimos dias. As referências ao Principezinho (como é conhecida a obra deste autor) são numerosas e o conto funciona, ao mesmo tempo, como homenagem ao autor e à obra. A linguagem é simples e cuidada, o ritmo adequado. O conto tem introdução e desenvolvimento bem definidos. O fim fica em aberto, o que me parece correcto.
Seu conto é lindo, suave, e seu javali é um gatinho. A história relacionada com o livro O Pequeno Príncipe consegue ter uma linguagem igualmente poética, doce… Eu, particularmente, não gosto do original, acho muito apelativo, bonzinho demais, mas foi uma experiência tão interessante o protagonista e o javali em sua comunicação espiritual discutirem sobre os elementos e personagens do livro, que acabei me rendendo. Também adorei a maneira como vc inseriu a figura tema em sua história. Quando vi a imagem pela primeira vez me lembrei na mesma hora eu associei ao aviador amigo do pequeno príncipe. Achei super bacana que alguém tenha feito esta associação também. Adorei o seu simpático javali, assim como o seu narrador, só achei que faltou algo marcante na sua trama. Assim como não curti o livro no qual vc se baseou, achei que o conto precisava de um “que”, um algo assim que não rolou, mas, não tenha dúvida, que eu gostei do seu conto e de você.
Ó, não esperava esbarrar com Antoine. É muito engraçado ver o que a imagem do desafio conduz na cabeça de cada um. E olha que só li três textos! 🙂
O texto está bacana demais. Gostoso de ler, e passa rapidinho. Juro que não é machismo (hoje em dia tem que avisar né?), mas sempre tive a imagem de uma mulher na cabeça, o tempo todo. O conto induz a isso. Se foi intencional, tudo bem, acho até que seria melhor que fosse uma mulher mesmo, poderia se chamar Antonia. Agora, se você Amapola, não queria isso, tome cuidado. Encaixar o tom da voz de um personagem pode ser uma tarefa dura 😉
Só não gostei do “esquece tudo, amigo”, no final. Ficou meio confuso isso, afinal, acreditamos ouvir o principe gargalhando ou não? Espero que sim 😉
Forte abraço
Um lindo conto, se adequou ao tema logo no início. ótima escrita, muito suave, bem fiel quanto a escrita do autor que homenageia, dando uma sensação de leitura muito rápida, quando cheguei no final eu pensei: Já?!?
Foi muito criativo e não foi ao mesmo tempo, ao usar os personagens e frases de “O Pequeno Príncipe” você emociona o leitor. O ponto negativo pra mim (apesar de ter ficado emocionado), foi que fiquei com a sensação de que você poderia ter inovado em trazer conceitos e mensagens novas para serem associados ao autor e sua obra, tendo perdido a oportunidade de enriquecer a obra com ideias originais.
Apesar da crítica considerei um excelente conto, Parabéns!
Um lindo conto, se adequou ao tema logo no início. ótima escrita, muito suave, bem fiel quanto a escrita do autor que homenageia, dando uma sensação de leitura muito rápida, quando cheguei no final eu pensei: Já?!?
Foi muito criativo e não foi ao mesmo tempo, ao usar os personagens e frases de “O Pequeno Príncipe” você emociona o leitor. O ponto negativo pra mim (apesar de ter ficado emocionado), foi que fiquei com a sensação de que você poderia ter inovado em trazer conceitos e mensagens novas para serem associados ao autor e sua obra, tendo perdido a oportunidade de enriquecer a obra com ideias originais.
Apesar da crítica considerei um excelente conto, Parabéns!
Autor(a), desculpe-me o efusividade…Mas seu texto esta um espetaculo! Digo que sua estoria caberia perfeitamente numa continuidade oficial do livro que vc usou como inspiraçao. Excelente os “os delirios” do protagonista, e sua relaçao com os
amigos… Sempre na mesma linha de comprometimento, lirismo e inteligencia do aviador do primeiro livro. Linguagem segura e e aparentemente despretenciosa, sem no estanto ser…alias, longe disso. Parabens pela criatividade, elegancia no texto e desenvolvimento da trama. Eu adorei! Sucesso.
Olá.
Com uma clara referência ao pequeno príncipe, seu texto traz uma carga sentimental muito forte. Gostei muito da relação criada entre o protagonista-autor e o javali. Uma bela homenagem e de construção delicada e triste. Parabéns.
1. Tema: adequação presente.
2. Criatividade: Muito boa. O narrador seria o autor do livreto “O pequeno príncipe”. Desta feita, ele se perdeu em acidente e fez “amizade” como um javali.
3. Enredo: A trama toda gira ao redor da inaudita relação entre a fera meiga e o homem ferido.
No que se propõe, as partes de conectam, aliás, todo o texto é uma grande parte só. Ficou meio repetitivo a questão da ligação inexplicável dos dois seres.
Exceto se recorrermos ao simbolismo ou se fosse implícito ou explícito ser uma fantasia do moribundo.
4. Escrita: Poucos tropeços em um estilo óbvio de alcançar emoção. Conto ao modo reflexão.
5. Impacto: baixo.
É um texto bonito com suas elucubrações, mas falta-lhe a dureza da lágrima. Tudo é muito suave.
EGO (Essência, Gosto, Organização)
E: Uma bela releitura de um clássico. O homem realmente parece um aviador (apesar de certas frases darem a entender que é uma mulher narrando). Achei que ninguém ia abordar isso; cá está. Uma atmosfera bastante singela, focada mais nos sentimentos do que na ação. É bom ler textos diferentes.
G: Gosto de melancolia e convivo com ela todos os dias. O texto tem uma camada sentimental que agrada, entretanto possui alguns pulos temporais que tiram um pouco do brilho e coesão geral. Se o texto focasse apenas um evento, teria sido mais agradável. Já é uma leitura suave, faltou apenas uma melhor construção e montagem de ideias.
O: Cuidado com as cacofonias (ex: “comer comigo”). A escrita flui e cativa (olha a referência aí). No entanto, senti falta de algo mais, além do monólogo. Ele poderia ser resgatado, ou talvez o javali se revelasse alguma miragem ou algo do tipo. Daria mais sentido e força ao tom de fábula.
Obrigada pelo seu comentário Brian. Sim, vou mudar duas ou três frases para a versão final e “comer comigo” é uma delas. Dei uma única explicação geral sobre o conto. Se desejar poderá lê-la e compreenderá porque não poderia ter dado um desfecho diferente à história.
Uma vez mais, muito obrigada pela leitura e comentário.
INÍCIO denso e objetivo. Laçou o leitor no primeiro parágrafo e manteve a rédea curta.
A TRADUÇÃO DA IMAGEM foi se solidificando com o crescimento da dependência física e mental do personagem. Lá pelo meio se torna repetitivo, batendo muito na tecla da “amizade incondicional”; o que soou forçado ao piegas. Mas quero crer ser uma escolha do (a) autor (a) para enfatizar o EFEITO da autopiedade subliminar. Atravessei o oceano atlântico por alguns minutos. Uma boa viagem.
Olá, Amapola.
Resolvi adotar um padrão de avaliação. Como sugerido pelo EntreContos. Vamos lá:
Adequação ao tema:
Aqui não há do que se reclamar. Antoine caminhando pela floresta francesa, tendo o javali sem nome caminhando a seu lado.
Qualidade da escrita (gramática, pontuação):
Não encontrei erros a apontar. O conto está muito bem escrito.
Desenvolvimento de personagens, qualidade literária (figuras de linguagem, descrições, diálogos):
A boa ideia de usar o misterioso acidente que causou a morte de Antoine de Saint-Exupéry, de misturar elementos de sua obra mais famosa, foi muito feliz. Antoine está bem desenvolvido, o javali é uma figura interessante também. A escrita é um tanto triste, mas tem certa poesia também.
Enredo (coerência, criatividade):
Gostei de quase tudo no conto. Apenas um ponto me incomodou: quando o javali trouxe uma espiga de milho. Pois, como bem sabemos, o milho não é natural da Europa, não ocorre em bosques e florestas. Então, necessariamente, este vinha de alguma plantação de alguma fazenda ou quinta, onde poderia haver socorro, principalmente pq ele não se encontrava em território inimigo. Achei estranho que Antoine simplesmente comesse o milho junto com seu amigo, que não tentasse descobrir onde o javali o obteve. Penso que substituir o milho por algo natural da floresta, tubérculos, cogumelos e até bolotas de carvalho, corrigiria o problema.
Obrigado pela leitura e boa sorte no desafio!
Sim, Rubem, tem razão. Apesar de existirem plantações de milho na Europa,seria natural que o protagonista, ao vê-lo,procurasse a sua origem como forma de concretizar o desejado regresso à civilização. Eu poderia arranjar uma desculpa dizendo que ele estava já muito perturbado na sua lucidez para pensar dessa forma, mas seria apenas uma desculpa algo plausível, uma vez que foi mesmo uma falha da minha parte. Ainda assim, escolhi o milho porque os javalis adoram milho. E então decidi manter essa imprecisão na versão final do conto.
Uma vez mais, muito obrigada pelo seu comentário, ajudou-me a perceber que não podemos ser levianos em momento algum, foi muito útil. Obrigada mesmo.
Olá Amapola. Seu texto me pegou. Minha preferência costuma ser por narrativas mais rápidas, com ação, menos intimistas, mas diante do seu texto me acalmei para saborear cada parágrafo, cada período. Talvez em parte devido ao seu português da matriz, nem tão diferente, mas muito elegante. Achei criativo e encantador o aproveitamento que você deu ao tema. O único senão do conto para mim é que a narrativa me pareceu demasiado feminina para um narrador em primeira pessoa do sexo masculino.No mais, foi uma prazer imenso ler o seu texto. Boa sorte no desafio! Abraço.
Uma bela homenagem a Antoine de Saint-Exupéry. As referências aos elementos da vida real, como sua morte em um local próximo a Marselha numa queda de avião durante a segunda guerra, dão ainda mais profundidade ao conto.
Muito bem escrito, sem falhas.
Interessante a montagem do autor, ligando a imagem, que em minha concepção é dura e até macabra, a algo belo.
Assim como o Pequeno Príncipe, é uma história cheia de subtexto e analogias, o que exige grande habilidade do escritor e uma leitura mais atenta.
Boa sorte!
Olá Amapola, um conto bastante intimista com um javali, tiro certeiro, uma mistura do Pequeno Príncipe com a Culpa é das Estrelas, ganhou o meu coração. Não lembrava mais da história do Pequeno Príncipe, o que foi bom para manter o distanciamento e focar na sua escrita, bastante poética. Parabéns, belo conto.
Oi, Amapola,
Gramática – Não senti dificuldade na linguagem apesar de perceber a diferença. Não vi nenhum entrave, nenhuma construção desastrosa, ou que pudesse provocar uma parada na leitura. É um texto bem escrito.
Criatividade – Gostei de como usou a história do escritor como ponto de partida para a construção do conto. Creio que, dentro do desafio, esse é o conto mais sensível e poético que li até agora; um daqueles textos que deixam o coração derretido e a razão falhando porque faz alusão ao livro famoso reforçando o conteúdo sobre amizade, carinho e cuidado.
Adequação ao tema proposto – Para mim, está totalmente de acordo com a imagem do desafio e vai além porque dá uma identidade real ao personagem da foto. Alguém que existiu de fato e que nunca foi encontrado, minando nosso imaginário.
Emoção – Impossível não se emocionar com a construção da fantasia, do relacionamento entre o piloto e o javali. Os pormenores nos arrebatam e provocam emoções.
Enredo – Começo, meio e fim. Final infeliz, mas crível. Finais infelizes são um inferno, não? Mas considerei adequado sendo o personagem alguém que não sobreviveu a uma queda de avião e desaparecido.
Boa sorte no desafio!
Abraços!
Muito bem. Eu não gostaria de ter que comentar este conto. Acredite ou não, tenho o Pequeno Príncipe no armário do meu trabalho. Acho temerário quando tentamos fazer uma obra espelhada em outra. Pra mim o estilo ficou bem abaixo ( evidentemente por sermos amadores), porém não temos como evitar as comparações, muitas vezes o texto girou sem trazer novas informações, apanhou alguns pontos do texto original tentando dar-lhe uma nova roupagem, talvez se o autor não assumisse os méritos de Saint-Exupéry o conto seria mais atrativo.
Obrigada pela sua leitura, Gilson. Apenas quero esclarecê-lo de que não pretendi assumir os méritos de ninguém. Apenas, a história que pretendi escrever, e foi esta, teria que ser narrada na primeira pessoa. Não pretendi nada além de escrever uma história estranhamente possível (por estranho que pareça, é possível) . E gostei do resultado.
É um conto singelo, espelhado numa história famosa, cheio de metáforas e lições embutidas. “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”. Não se preocupe, autor, você está livre dessa carente e inquisidora afirmativa, pois, o conto não me cativou. Boa sorte.
carente e opressora* afirmativa, e não inquisidora.
Também li O Pequeno Príncipe, já faz tempo e não me lembro muito bem da história. As frases são excelentes e me parece que tem certa semelhança com as do livro de Antoine de Saint-Exupéry, de qualquer maneira, foi uma boa ideia dar uma suposta continuação da historia do livro.
Olá, autor, tudo bem?
O tema proposto pelo desafio foi abordado com muita delicadeza. O javali fazendo as vezes da raposa, a mala ali também aparece e Antoine sendo ele mesmo, um aviador. Missão cumprida.
O título do conto é bastante simples, mas eficaz. Fez me lembrar de Marley e eu, outro texto que comove.
Não percebi lapsos de revisão, levando-se em conta que se trata de um escritor lusitano, com suas expressões particulares.
O conto revela uma bela história, uma hipotética continuação do que teria acontecido ao autor de O Pequeno Príncipe. Muito sensível a sua versão dos fatos, sua escrita revela sensibilidade e habilidade com as palavras.
Boa sorte!
Nossa…cadê o lenço? Chorei, emocionou mesmo.
Você tem uma sensibilidade única, poucos autores conseguem transmitir tanto sentimento em um texto.
Acho que o único livro que me sensibilizou tanto foi o Meu Pé de Laranja Lima. Gosto do Pequeno Príncipe, mas o seu texto me sensibilizou mais, assim como o de Mauro de Vasconcelos.
Parabéns, boa sorte!
Apesar da estranheza de certas expressões lusitanas, é um excelente conto. Criativo, lírico, fluido e cativante. Gostei muito. Parabéns ao autor.
Olá…
talvez um tantinho de ‘exagero’ que o javali estivesse a olhar as estrelas sabendo q o amigo pra lá iria.. mas entra na delicadeza do personagem, um javali gentil e da mais bela amostra de amizade verdadeira.
Muito bonito mesmo o teu texto, quando vi de quem se tratava e a confirmação com o nome Antoine, já me embargou a voz (leio à meia-voz). Tão bonito quanto triste, daquele jeito que faz o conto viver dentro do leitor e jamais ser esquecido.
Parabéns pela sensibilidade.
Abração
Uma linda história supondo o que aconteceu a Antoine de Saint Exupéry. É certo que seu corpo nunca foi encontrado depois do acidente com seu avião. Será que o javali o enterrou em um daqueles buracos que fazia? Não sei qual frase é mais bonita, a do autor do Pequeno Príncipe – “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos”. “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. ou a sua variação – “só se vê bem no coração”. Esquece tudo. Fecha os olhos. Vê no coração. Sim, amigo, aí. Onde me encontras, onde estou – onde me puseste.
Adorei o conto, meus parabéns.
Não tem como não saber que se trata de um de nossos autores de além mar, só não sabemos qual… Fico muito feliz de poder ler o que escrevem nossos irmãos da CPLP! Isto posto, vamos ao conto. Gostei bastante. Essa idéia do Pequeno Príncipe também me passou pela cabeça quando tentava me inspirar na imagem tema. Mas jamais conseguiria escrever algo tão delicado e sensível como você fez. Eu tenho gatos de estimação e o amor que sinto por eles está descrito nas palavras do seu Antoine com relação ao javali. Gostaria muito de saber como sairia essa segunda edição do livro, caso ele tivesse sobrevivido. Muito bom, parabéns!
Excelência a cada parágrafo, com uma pitadinha de tristeza ao fim, realmente algo que me deixou sem palavras, eu me senti muito mal pelo final, onde o javali foi deixado sozinho (novamente?) na floresta sem seu amigo.
Eu realmente não tenho o que comentar sobre esta peça extremamente delicada.
Abração ao autor.
Olá, Amapola,
Tudo bem?
Então você também é uma flor, heim? Não uma Rosa. Mas Amapola.
Recriar os momentos finais de Saint-Exupéry, após o acidente de avião, através da imagem do aviador com o Javali na figura do desafio, foi uma grande sacada e o texto em primeira pessoa colabora para que sua história se torne crível e, mais que isso, transporte o leitor para dentro de sua narrativa. Realmente acreditei que era Exupéry quem agonizava na floresta. Realmente me afeiçoei ao Javali e, mesmo sabendo do inevitável final, torci pela recuperação do personagem.
Esquematizado como uma espécie de “relato de viagem”, o conto flui com leveza e muita fluidez. Um texto belo, utilizando as imagens desse livro maravilhoso e tão injustiçado (ao menos no Brasil, graças ao preconceito com as belas nos concursos de Miss) com maestria. Mais que isso, com o talento de um escritor que sabe como chegar ao leitor através do viés da emoção.
Um belo trabalho. Parabéns.
Boa sorte no desafio.
Beijos
Paula Giannini.
Olá Amapola. Mais uma portuguesa entre nós. Gostei do seu conto. Penso que deveria ter acrescentado uma explicação quanto ao personagem pois nem toda a gente conhece a história do Principezinho e ainda menos a do autor e isso poderá gerar alguma confusão em quem a ler. A nível de comentário vou seguir de próximo a sugestão do Gustavo. A sua utilização do idioma é muito semelhante à minha, mas não permitirei que as diferenças/semelhanças idiomáticas interfiram na pontuação final. Não encontrei grandes falhas gramaticais ou outras dignas de registo – além da que comecei por referir. Os personagens são verosímeis, a criatividade é boa e totalmente adequada ao tema proposto. O enredo poderia talvez ser mais rico, embora seja suficiente e emoção não faltou, de todo.
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Ola, amigo, tudo bem?
Bem singelo seu texto! Gostei bastante da amizade entre homem e animal, foi bem transmitida e trabalhada.
As referências ao pequeno principe ficaram otimas!
Conseguiu utilizar bem uma obra prima pra valorizar os contornos da sua propria criação.
Fiquei curioso sobre alguns detalhes, mas me contentei em apreciar o que se passava intimamente entre os personagens.
Pelo jeito, temos um escritor lusitano habilidoso =)
Parabéns e boa sorte!
Olá Amapola! O final do seu conto é emocionante “só se ver bem no coração” é uma visão para poucos e você a tem. Senti falta de conhecer o teu javali melhor. Já que eras teu você poderia até citar o nosso pequeno príncipe, mas acredito que você ficou muito preso ao conto que já foi contado. Você e seu javali são únicos, então procure sempre escrever com o teu coração. Queremos mais dele! Grande abraço e sucesso!
Oi Amapola, que delícia de texto!! Está tão delicado, tão terno, cheio de sentimento, sem ser piegas. A imersão no Pequeno Príncipe ficou maravilhosa. Perfeito o conto, parabéns!!