EntreContos

Detox Literário.

Responsabilidade (Pedro Luna)

Tomás empilhou as últimas sacas de cimento e acendeu um cigarro para tentar aliviar o tremor nos músculos. Chovia fino fora da obra, e ele ficou encostado na janela, absorto, observando a relva molhada. Quando deu por si novamente, o cigarro já havia se transformado em cinzas e ele o arremessou pela janela.

– Vai com a gente pra Içá? – perguntou Aírton, quando estavam no alojamento, trocando de roupa para encerrar o dia.

Tomás fez que não com a cabeça.

– Tomázinho nunca vai – gritou um peão pelado ao fundo. – Não sabe o que é bom na vida.

– Vamo com a gente, Tomás – insistiu Aírton. – Você nunca vai. Deve tá a perigo.

Tomás sorriu e negou novamente o convite. Gostava de Aírton, era um cara legal, embora só soubesse falar de mulheres e dinheiro, como a maioria dos peões. Iam semanalmente para Içá, gastar o dinheiro com putas, e o colega sempre o convidava. Mas Tomás não podia se dar ao luxo de gastar dinheiro com sexo. E pelo que ouvia nas conversas, a farra dos companheiros era maceta e cara.

– Então vai se foder – disse Aírton, um pouco irritado. – Vai pra casa mesmo enquanto a gente faz o estrago em Içá. Hoje vai ser pai d’égua, não é não, peãozada?

E todos os outros gritaram em coro. Debaixo de vaias e xingamentos de brincadeira, Tomás deixou o alojamento sem se importar com nada daquilo. No dia seguinte, voltariam a ser apenas peões, lado a lado, empilhando cimento e assentando tijolos. No fundo eram todos iguais.

A chuva cessara e a noite começava a cair. Ele pedalou sua bicicleta, descendo a estradinha de terra batida que serpenteava por dentro do mato e levava até a estrada maior. Chegando nela, Tomás precisou descer e empurrar a bicicleta para poder passar pelos enormes buracos alagados. Vinte minutos depois, já pedalava no centro de Amaturá. Como fazia todas as quintas, parou em uma barraca na feira para comprar laranjas e depois seguiu pela Frei Reinaldo até chegar à beira do Solimões. Tomás desceu novamente da bicicleta e a empurrou através de uma ladeira de terra que levava até a vila dos pescadores. Estava cansado naquela noite, e resolveu acender outro cigarro.

– Tomás?

A voz familiar vinha de suas costas. Ele se virou e viu Teresa subindo a ladeira, correndo, com uma bacia de roupas nas mãos.

– Oi – disse ela, quando finalmente o alcançou. – Vindo da obra?

Tomás fez que sim, contemplando aquela visão que sempre lhe despertava um aperto no peito. Teresa estava molhada, suas roupas de pano colando no corpo, e ele sempre a achava ainda mais linda quando se encontrava nesse estado.

– Eu tava lavando roupa no rio – explicou ela. – Posso botar a bacia na garupa?

– Claro – respondeu Tomás, chateado por não ter pensado em oferecer antes. Ele posicionou a bacia de Teresa na garupa da bicicleta e segurou pela parte de trás, para impedir que ela caísse. Os dois recomeçaram a andar, subindo lentamente a ladeira.

– Como tá a obra? Perto de acabar? – perguntou Teresa.

– Não. Ainda tá longe.

– É uma escola nova, não é?

– É.

– Mas vão fechar a antiga? Aquela que a gente estudou?

– Não sei.

– Hum.

Os dois continuaram o trajeto em silêncio, com Tomás a se torturar. Gostava da companhia de Teresa, mas nunca pensava em nada de bom para falar quando estava a seu lado. Tinha medo que ela pensasse o pior dele, que era um bocó, e foi então que lembrou das laranjas.

– Quer uma laranja? – perguntou, parando e mostrando o saco.

– Como é?

– Comprei pro meu pai. Mas posso te dar algumas se você quiser.

– Ah, quero sim. Se não for faltar pro seu Valeriano.

– Não vai faltar, não.

Tomás abriu o saco e retirou três laranjas, que Teresa guardou no bolsão da saia. Ela sorriu para ele e agradeceu. Tomás sorriu de volta. Quando chegaram no topo da ladeira, ela pegou a bacia, se despediu e correu na direção da sua casa. Tomás a observou partir e depois tomou o próprio rumo.

Seu pai estava na sala do barracão, cochilando na cadeira de balanço, mas acordou quando ouviu o barulho da porta.

– Quem é?

– Sou eu, pai. Eu trouxe umas laranjas.

– Heim?

– Laranjas Trouxe algumas pro senhor.

– Ah, sim. Deixa na cozinha.

– O senhor quer que eu descasque uma agora?

– Não, agora não. Hoje tô mei ruim da barriga.

Tomás deixou o saco na mesa e lavou as mãos. Depois foi até a sala e sentou em um banquinho ao lado do pai. O velho sorriu para ele, as rugas se expandindo pelo rosto.

– E no serviço?

– Tá normal.

– A obra tá perto de acabar?

– Não. Falta muito.

– Melhor pra você, né, filho? Continua no serviço.

– É sim. O que o senhor fez hoje?

– Ah, tentei ver a televisão mas tava tudo preto.

– Hum, deve ser a antena. A chuva de hoje pode ter derrubado ela. Vou dar uma olhada de manhã.

– Tá certo.

De repente, sem aviso prévio, o pai fechou os olhos e então estava cochilando. Tomás suspirou. Apagar de uma hora para outra estava virando um costume a medida que o pai envelhecia. Cada vez menos lembrava o pescador ativo e vigoroso que um dia tinha sido.

Pensou em cochilar também antes de preparar algum jantar, mas batidas na porta o alertaram, além de despertar o pai.

– O que foi? – perguntou o velho, um pouco assustado.

– Nada. É só a porta. Vou ver quem é.

Mas quando abriu, foi a vez de Tomás levar um susto. Na sua frente, Teresa parecia com um sonho. Havia trocado de roupa e os cabelos estavam amarrados em uma longa trança. Ao invés da bacia, trazia nas mãos uma panela, e sorria um pouco desconcertada.

– Tomás, quando eu disse pra minha mãe que você tinha me dado umas laranjas, ela mandou eu trazer para vocês. É canja.

Tomás novamente não fazia a menor ideia do que falar.

– Canja? Mas Teresa… não preci…

– Quem é que tá aí? – gritou o velho.

– Sou eu, seu Valeriano. Teresa.

– Quem?

– Teresinha. Filha da Rosa.

– Não tô lembrando, não.

– Então eu vou aí pro senhor me ver.

E dito isso, Teresa avançou, empurrando um lesado Tomás para dentro da casa.

– Onde eu ponho a panela? – ela perguntou.

– Ah… deixa que eu levo – disse ele, saindo do transe rígido em que se encontrava e pegando a panela. Enquanto Teresa conversava com o pai na sala, Tomás andava de um lado para o outro na cozinha. Se sentia o homem mais bocó do mundo por ter ficado parado que nem estátua quando a mulher apareceu. Fazia muito tempo que Teresa não entrava ali na casa. Na última vez eles eram apenas adolescentes. Agora Tomás sentia um misto de nervosismo e alegria, e não sabia como reagir. Por fim, tomou fôlego e retornou a sala.

Teresa estava sentada no banco. Seu pai mostrava a ela uma fotografia.

– Essa é minha mulher, Antônia, que já morreu. Esse menino magrinho aqui é o Tomás, que você viu ainda agorinha, e essa moça bonita aqui é minha filha, Diana. Você chegou a conhecer a minha Diana? Ela parecia um pouco com você.

Teresa ficou surpresa com a pergunta e olhou para Tomás, que discretamente fez um gesto para que ela dissesse que não.

– Não conheci, não, seu Valeriano – mentiu Teresa. – Mas ela é muito bonita.

Os olhos do velho se encheram de orgulho.

– Ah, mas era muito bonita, mesmo. Uma belezura. E era inteligente também. Muito. A gente achava que ela ia pra Manaus, pra ser doutora ou enfermeira. Mas aí aconteceu aquela desgraça e…

O velho mordeu os lábios, apreensivo, e o mesmo fez Teresa, que agora desesperadamente procurava Tomás com os olhos.

– A minha menina – o velho continuou, tinha a voz chorosa e tropeçante. – Ela engravidou do boto. Esse peixe maldito. Virou homem e enganou ela numa festa. É um coisa ruim. Engravidou minha menina e depois voltou pra levar ela embora. Sabia que eles fazem isso? Os boto?

Teresa não sabia o que dizer. Apenas assentiu.

– Pois é. Os maldito peixe vira homem e vem aqui roubar as menina.  Depois leva elas pro fundo do rio. Eu odeio eles. Matei um monte. Usava eles pra isca, sabe? Mas na verdade eu matava era por raiva mesmo. Tomaram minha Diana e nunca mais devolveram ela. Matei um monte. Não podia deixar eles fazer de novo. Matava mesmo, e depois tirava os olho e jogava no fundo do rio de novo, pra ninguém usar como mandinga.

Tomás coçou a têmpora, incomodado, e quando se preparava para se intrometer e salvar Teresa daquela situação, notou que o pai já estava cochilando de novo. Discretamente, fez um gesto para que a moça se levantasse com calma e em silêncio o seguisse para fora da casa, e assim foram.

A vila dos pescadores dormia cedo, e a maioria dos barracos já estavam com as luzes apagadas. Tomás e Teresa desciam a ladeira, rumo ao rio.

– Não sabia que seu pai ainda contava essa história sobre a Diana – disse Teresa, em um tom frágil, como se estivesse pedindo desculpas.

– Ele ainda pensa nisso.

– E como ela tá? Tua irmã? Tem notícias dela?

– Ela veio na cidade tem coisa de um ano. Está bem.

– O filho dela deve estar enorme, né?

– Nunca vi. Mas ela disse que é um menino bonito. Já tem dez anos.

– Ela ainda tá junta do marido?

– Não. Ele foi embora. Parece que está morando em uma vila perto de Manaus.

Tomás suspirou. Era duro lembrar daquelas coisas. Não passava de um jovem quando a irmã engravidou de um pescador da vila, um tipo grosseiro e beberrão, e o seu pai a expulsou de casa. Junto com a mãe, tentou convencê-lo do contrário, ficando do lado da irmã, mas não foi o suficiente. Diana foi embora com o pescador e nunca mais voltou. Anos depois, perderiam a mãe, e então o pai piraria completamente. Quando falava de Diana, contava pra todo mundo que a filha tinha engravidado do boto e que fora raptada por ele. Tomás às vezes se perguntava se o pai em sua demência realmente acreditava nisso, ou se apenas mentia para si mesmo, tentando disfarçar a dor do arrependimento.

Os dois chegaram ao rio. No céu, as nuvens haviam dado espaço para a lua, que brilhava intensamente sobre as águas.

– Lembra quando o Solimões era cheio de botos? – perguntou Teresa.

Tomás assentiu. Ela o encarou.

– É verdade o que o seu pai disse? Ele matava os bichinhos por vingança?

– Não sei. Usavam os botos como isca de piracatinga, isso eu sei que é verdade.

– Ah.

Tomás pigarreou.

– Teresa?

– Oi?

– Não conta pra ninguém que o meu pai ainda acredita na história do boto.

Ela o olhou com ternura e fez que sim. Depois, apontou para o rio.

– A gente brincou muita nessas águas quando era criança.

– Foi.

Uma rajada de vento frio passou pelos dois, talvez anunciando que a noite seria de chuva. Teresa abraçou os próprios braços, tentando se aquecer, e deu leve ombrada no amigo.

– Que frio – disse, rindo. – Né não?

Tomás sorriu e enfiou as mãos nos bolsos.

– É, sim.

Seguiram em silêncio, contemplando as águas do Solimões, até que não puderam mais vê-las com nitidez quando a lua sumiu por trás das nuvens. Um pouco depois, Teresa massageou o pescoço e se animou ao parecer lembrar de algo.

– Ah, como tá a obra? Perto de acabar?

Tomás suspirou, tirando a carteira de cigarros do bolso.

– Não. Ainda tá longe.

40 comentários em “Responsabilidade (Pedro Luna)

  1. Wender Lemes
    31 de março de 2017

    Olá! Para organizar melhor, dividirei minha avaliação em três partes: a técnica, o apelo e o conjunto da obra.

    Técnica: o conto chegou ao fim e nem percebi, tamanha a imersão. Infelizmente, o tema passou de fininho, quase despercebido, deu um oi e abriu espaço para a beleza do restante. Não notei falhas gramaticais. Esse princípio inocente de romance entre Tomás e Teresa é muito legal, cativa.

    Apelo: estava pronto para dar o conto por encerrado quando recebi aquele tapa na orelha do final. Trazer de volta a pergunta que já havia sido feita pouco antes deixa um universo em aberto (quero crer que foi essa a intenção). Os hábitos se repetem com grande frequência durante o conto, como se os personagens estivessem em um tipo de purgatório. Uma outra teoria seria que cada um dos três principais representasse um tipo de incompletude do passado: o pai renega o passado distante em que rejeitou a filha, Teresa lembra-se dos tempos de criança, mas parece não se ater ao que acabou de acontecer e Thomás, por sua vez, fica no meio termo, na procrastinação do que já começou há algum tempo, mas que está longe de terminar.

    Conjunto: gosto quando o conto deixa espaço para a conjectura, ainda que a maior parte da narrativa seja simples e bem amarrada em si. Essa, na minha opinião, é a maior qualidade deste conto.

    Parabéns e boa sorte.

  2. Vitor De Lerbo
    31 de março de 2017

    Para o velho senil, o boto existe e foi protagonista em sua vida, e isso basta. Bonita história, até inocente.
    Boa sorte!

  3. mitou
    31 de março de 2017

    o conto tem uma estrutura boa , bem organizado e bem escrito, porem a história em si é um pouco lenta e confesso que achei as fraca as referencias ao folclore Brasileiro

  4. Bia Machado
    30 de março de 2017

    Fluidez da narrativa: (4/4) – É um conto que fluiu, fácil de ler e de se envolver.

    Construção das personagens: (3/3) – Gostei, me conquistaram. Bem delineadas. Talvez Teresa um pouco menos, fico me perguntando se quem escreveu é homem, rs.

    Adequação ao Tema: (1/1) – Sim, adequado. Eu bem tinha acreditado na história do pai dele, rs.

    Emoção: (0,5/1) – Gostei, mas acho que o final poderia ser melhor. Desapontou um bocadinho.

    Estética/revisão: (0,5/1) – Tem algumas coisinhas que passaram na revisão, mas nada que atrapalhe. A estética é bem simples, assim como a linguagem.

  5. Marsal
    30 de março de 2017

    Olá, autor (a). Parabéns pelo seu conto. Vamos aos comentários:
    a) Adequação ao tema: sim
    b) Enredo: simples e interessante. Achei muito bacana como o autor conseguiu criar uma estória envolvente, apesar da simplicidade do enredo.
    c) Estilo: estilos simples, escrito em bom português. Não há grandes artifícios narrativos. As descrições do ambiente são muito boas, consegui quase sentir a chuva caindo e um cheiro de terra molhada. Acho que minha única ressalva tem a ver com a parte em que o narrador explica o porque da ideia do pai, de que a filha foi levada pelo boto. Pelo dialogo dos dois personagens principais, já ficou bem claro que não havia boto nenhum e que a Diana continuava viva e bem, apesar de ter se metido em um relacionamento infeliz. Quando o narrador explica tudo nos mínimos detalhes, o texto se torna quase didático e por um breve trecho perde um pouco de sua forca literária
    d) Impressão geral: Um belo conto, com certeza um dos meus favoritos. O mito do boto serve como adorno para um enredo simples e profundo ao mesmo tempo. Boa sorte no desafio!

  6. rsollberg
    29 de março de 2017

    Então, Mestre!
    Esse conto me deixou confuso. Sabe aquela história do gostei e não gostei? Pois é….
    A rotina do Tomás foi bem construída, mostrando um pouco de sua persona e de sua relação com Tereza. A parte com o pai, contando sua versão do destino da filha, me pareceu protocolar. E simplesmente, a história cochilou como seu Valeriano.
    No finalzinho existe a pequena revelação, e a volta do que na minha opinião foi o melhor do conto, a relação entre Tomás e Tereza. Isto porque tem sutileza e é crível. Consigo facilmente visualizar os dois.
    Pensando num todo, me pareceu um recorte de algo maior. Um capítulo de uma história.
    De qualquer modo, resta claro que está bem escrito e que o autor tem talento.
    Parabéns!

  7. Fabio Baptista
    29 de março de 2017

    Sinceramente espero que não aconteça, mas tenho impressão que muita gente vai falar que esse conto está fora do tema. E acho isso foda, porque o conto é muito bom e simplesmente aborda a lenda do boto por uma outra perspectiva, mais ou menos como foi feito em “barriga para cima”.

    Só que lá, durante boa parte do texto, fica a dúvida se a Pisadeira existe ou não. Aqui não há margem para dúvida – só na primeira fala onde o Boto é mencionado que me bateu aquela “putz, tava indo tão bem… já vai estragar com mais uma história de Boto”, pensando que ele seria real. Felizmente, não. Logo nos damos conta de que é apenas um devaneio do pai, uma desculpa que criou para justificar os erros da filha.

    E nesse aspecto humano da coisa, nos diálogos de poucas palavras e na crueza da realidade, o conto me ganhou. Muito bom.

    Abraço!

    NOTA: 9,5

  8. Cilas Medi
    29 de março de 2017

    Achei um bom conto de amor, sem mais delongas. Um final sério e coerente.

  9. Gustavo Castro Araujo
    29 de março de 2017

    Gostei do conto. É uma prosa aparentemente simples, mas que contém um forte subtexto. Creio que é essa melhor qualidade que uma história pode ter: aquilo que está abaixo da superfície, que obriga, ou melhor, que convida o leitor a preencher as lacunas. O amor entre Tomás e Teresa é crível, doído, escamoteado pela timidez do rapaz (ou seria pela vergonha?). Aliás, ambos os personagens são construídos de maneira interessante, com profundidade, fugindo daquele unidimensionalismo enervante. É fácil se afeiçoar a eles, torcer por eles – e, ainda bem, eles não “viveram felizes para sempre” no final do conto. Trata-se, portanto, de uma narrativa adulta, que trata de uma lenda folclórica sem recorrer ao sobrenatural – algo que me atrai, pois lança as luzes sobre as pessoas, sem abordagens exageradamente fantasiosas. Ao focar os indivíduos, remói seus pecados e seus dilemas filosóficos. Enfim, para o meu gosto, é um conto muito bom, talvez o que mais gostei.

  10. Anderson Henrique
    29 de março de 2017

    O texto tá bem escrito e eu gostei da relação entre os dois protagonistas. Fiquei aqui torcendo pro rapaz tomar a iniciativa. Pelo encerramento, percebemos que o personagem não vai mesmo tomar a dianteira. Acho que esse foi o único problema, pois faltou transformação a esse personagem.

  11. danielreis1973 (@danielreis1973)
    28 de março de 2017

    O autor soube fazer uma narrativa rarefeita, cheia de silêncios e entrelinhas, demonstrando muito domínio da técnica. Porém, em alguns momentos, senti que a explicação sobre o que aconteceu foi excessiva e a construção do pai, como enlouquecido, um pouco inverossímil. De qualquer forma, um excelente conto, parabéns!

  12. Matheus Pacheco
    27 de março de 2017

    Uma história fantástica, com a construção do caráter folclórico e com a desconstrução logo após.
    Fazendo todos os eventos um delírio de um idoso perdido na mente.
    Abração ao escritor e um excelente conto.

  13. Priscila Pereira
    27 de março de 2017

    Oi Mestre, seu conto está muito gostoso de ler, você conseguiu criar um protagonista bem carismático, logo simpatizei com o Tomás, gostei do jeito dele, pena que você deixou ele sem a Teresa no final… tão tímido….kkk
    A lenda do boto sendo usada para aplacar a culpa de um velhinho, foi bem original, afinal, a lenda é isso mesmo… Gostei bastante, parabéns!!!

  14. Rafael Luiz
    27 de março de 2017

    Texto rápido e fluido. Estabelece bem a personalidade do protagonista e o tipo de vida que leva. Tem um enredo interessante, mas não instigante, e o final deixa uma dúvida se o leitor deixou de entender ou pescar alguma coisa

  15. jggouvea
    26 de março de 2017

    Esse conto começa muito bem e vai se desenvolvendo sempre muito bem… até ser amputado pelo limite de palavras.

    O autor é bom no que faz, mas precisa planejar o texto para caber no desafio.

    Média 9,16
    Enredo 8,00
    Personagens 10,00
    Introdução 10,00
    Cenário 10,00
    Forma/Linguagem 10,00
    Coerência 7,00

    Todas as notas foram perdidas pela falta de um desfecho, claramente ocasionada pelo corte abrupto do limite de palavras.

  16. Olisomar Pires
    26 de março de 2017

    Bom conto. Bem escrito e envolvente. Uma estória simples e cativante. A vida e suas dificuldades. Um conto pra se guardar.

    Parabéns.

  17. Ricardo de Lohem
    26 de março de 2017

    Olá, como vai? Vamos ao conto! Um típico slice-of-life, a narrativa de acontecimentos comuns e medíocres do cotidiano, as pequenas mazelas e dramas das vidas humanas, em sua sina monótona de nascer, viver e morrer para nada e por nada. É um típico exemplar de certa vertente da literatura moderna, que quis acabar com a estrutura tradicional de começo-meio-fim, adotando uma linha tida como realista. Muitas gente ama esse tipo de literatura baseada na mesquinharia vazia do cotidiano; eu raramente gosto de histórias assim. O Folclore Brasileiro entro aqui como detalhe apenas, mas acho que foi válido no contexto geral escolhido pelo autor. Bom conto, Desejo para você Boa Sorte.

  18. Elias Paixão
    26 de março de 2017

    Bom conto. As personagens são apresentadas e logo simpatizei com a vida de Tomás. Ele tem tudo para atravessar toda uma Jornada do Herói e eis que sua jornada se mostra diária, crua e cativante. O encontro com o fantástico coloca o próprio leitor no papel do incrédulo por meio do protagonista, já que ele próprio se mostra acima de todas as coisas terrenas, fato demonstrado claramente no final completamente imprevisível.

  19. Elisa Ribeiro
    24 de março de 2017

    Uma história agradável de ler. O enredo é muito simples, mas a narrativa cativa e os personagens ficaram bem tangíveis graças aos diálogos bem construídos. Um bom trabalho! Parabéns!

  20. Antonio Stegues Batista
    24 de março de 2017

    Gostei d escrita, do enredo, embora o mito do boto seja tão superficial. A historia é boa, o personagem que ama a amiga foi bem construído. Mas, o final ficou como um daqueles filmes do cotidiano com final aberto para várias interpretações ou nenhuma mesmo, fim e pronto!

  21. Evelyn Postali
    24 de março de 2017

    Oi, Mestre,
    Eu Gostei do conto. Ele está bem escrito e a linguagem vai nos cativando aos poucos e vamos até o fim sem percalços maiores. Acredito que a lenda foi utilizada de forma adequada.

  22. Miquéias Dell'Orti
    23 de março de 2017

    Olá.

    A história do senhor que enlouqueceu com a gravidez da filha. Está adequada ao tema e tem tensão e drama.

    Porém, erros de revisão a fizeram perder força. Há uma repetição em um trecho que deveria ter sido suprimida e que ficou bastante evidente quanto à falta de uma revisão mais atenta.

    O final, também, não me agradou… acho que você poderia ter trabalhado mais a relação entre o casal.

  23. Marco Aurélio Saraiva
    23 de março de 2017

    Êta mas esse Tomás, viu. Nem eu, que talvez seja o cara mais lerdo quando assunto seja relacionamentos, sou tão lerdo quanto esse cabra aí! rs rs rs.

    Gostei muito da leitura. Os contos desse desafio estão com nível altíssimo! Sua escrita é muito boa, com o tom certo de regionalismo e com descrições rápidas, sucintas e certeiras. Fui lendo o texto e, quando vi, acabou. Deixou o gosto de quero mais.

    A abordagem do folclore aqui foi legal: gosto quando olhamos as lendas do ponto de vista mais realista. No final, o folclore foi apenas um detalhe no conto, que é uma breve crônica na vida pacata de Thomás.

    Não costumo apreciar contos assim, despretensiosos e sem um final em clímax. Mas este me agradou muito, talvez pela sua escrita, talvez por quê a história seja mesmo interessante. A forma como você narrou o cotidiano, as decisões de Thomás e o seu comportamento me pareceram tão naturais que eu me sentia ao lado dele, acompanhando-o em cada acontecimento naquele fim de dia.

    Parabéns!

  24. G. S. Willy
    23 de março de 2017

    Boa escrita, tranquila, mostrando um pouco da vida do personagem e de seus dilemas. Porém, a história inexiste aqui. Nada está acontecendo de fato, não há nada que esperamos que aconteça, não estamos buscando nada ao longo do conto, e não há nenhuma recompensa no fim. O folclore ficou bem em segundo plano, e nem mesmo podemos dizer que tem de fato folclore nessa história, ou apenas uma desculpa delirante de um velho. Parece uma ótimo começo de uma história bem maior, que eu gostaria de ler, mas assim, como está, passou longe do tema do desafio, e terminou antes de começar…

  25. angst447
    23 de março de 2017

    Mais um conto que aborda a lenda do boto rosa. Eu gosto desta lenda, quase a escolhi como base do meu texto. Portanto, o tema proposto pelo desafio foi respeitado.
    A trama do conto tem como fundo de pano as lembranças de Tomás e de seu pai. Na verdade, o pai criou uma história para justificar o sumiço da filha. Nada melhor do que culpar o boto e acalmar a consciência.
    Achei fofo o lance de Tomás com Teresa. Ele todo tímido, ela querendo se aproximar de mansinho. E a obra nada de acabar…
    Alguns poucos lapsos escaparam da revisão:
    a medida que > à medida que
    que nem estátua > que nem estátua
    e retornou a sala. > e retornou à sala
    Bom ritmo, devido aos diálogos que agilizam a leitura.
    Boa sorte!

    • angst447
      1 de abril de 2017

      que nem estátua > como estátua

  26. Paula Giannini - palcodapalavrablog
    23 de março de 2017

    Olá, Mestre de Obras,

    Tudo bem?

    Se o tema do desafio fosse “O Boto”, teríamos 44 contos completamente diferentes em abordagem, estilo e histórias sobre um mesmo mito. É incrível observar como funciona a “pena” de cada um dos escritores, ao abordar um mesmo conteúdo.

    Como você deve ter notado, muitos por aqui optaram por abordar a lenda do Norte do país. E cada um deles olhou para o assunto com uma determinada e diferente ótica, e, mais que isso, por se tratar, talvez, de uma lenda tão forte para o imaginário popular, uma visão sociológica esteve fortemente presente na grande maioria deles.

    Em seu caso, você optou pelo desprezo do pai à filha grávida antes do casamento e, como o pai se “apodera” do mito, para justificar a falta dela diante da comunidade. Uma abordagem interessante e, eu diria, muito realista.

    Gostei do desenvolvimento da história, e de como o foco narrativo é deslocado do eixo dos protagonistas.

    Parabéns e boa sorte no desafio.

    Beijos

    Paula Giannini

  27. catarinacunha2015
    22 de março de 2017

    Não entendi o título, mas o conto é tão envolvente que não fez a menor diferença; poderia ter feito, ou não? Gostei de como a trama foi costurada com muito cuidado, sendo a lenda uma história coadjuvante de algo mais terreno: o amor e a vida de pessoas simples. A facilidade com que o (a) autor (a) narra contribuiu para provar que não é necessário muitas firulas para escrever um grande conto.

  28. Felipe Rodrigues
    21 de março de 2017

    Perfeito. O conto parte de uma história de perda, envolvendo uma questão que é universal, e utiliza-se da lenda do boto de uma forma interessante, colocando-a como uma alegoria que representa, através da figura desse pai cansado, a loucura de todo um povo – e não sera o folclore uma espécie de loucura coletiva? Sinceramente, eu adorei. Parabéns ao escritor!

  29. Bruna Francielle
    19 de março de 2017

    Tema: adequado

    Pontos fortes: eu gostei da história do velho, que usava a lenda do boto-homem para talvez tentar esquecer o que realmente havia ocorrido com a filha, ou talvez pela doença acreditava mesmo. Foi um bom mote. Bons diálogos e descrições deram realismo a trama. A parte final, perguntado de novo da obra, fechou com chave de ouro.

    Pontos fracos: O único que estranhei é ter começado de uma forma, com os outros peões, falando de uma certa cidade, e tomado um rumo distinto. Mas não mudaria nada. Ficou muito bom, parabéns.

  30. Roselaine Hahn
    18 de março de 2017

    Olá, mestre de obras. O processo da escrita é descobrir a voz de escritor a cada novo texto. No seu conto percebo a sua prosa num processo de amadurecimento. Achei que a questão do tema proposto, do folclore brasileiro, ficou em segundo plano, com maior enfoque ao romance, que também não aconteceu, inclusive até o título e o pseudônimo fogem da proposta. Achei que faltou maior propósito ao enredo, um conflito, tensão, ação. Os diálogos devem ter uma função na narrativa, alguns um tanto desnecessários, poderia ter ficado a cargo do narrador, como “Se não for faltar pro seu Valeriano”, “Não vai faltar, não”. Outra questão é a persona do protagonista, um sujeito cheio de bondades, ótimo filho,responsável, respeitador, trabalhador, ético, etc, etc, enfim, alguém sem defeitos, o que o diferencia da categoria de seres humanos e o distancia do leitor, que quer se envolver com personagens como ele, com dramas, erros, conflitos. Espero que as minhas observações sejam recebidos com o intuito de contribuir para a sua caminhada de escritor, siga em frente, estás no bom caminho. Abçs.

  31. Neusa Maria Fontolan
    18 de março de 2017

    Mas como é palerma esse Tomás! A mulher só faltou se jogar, literalmente, em cima dele. Ou será que ele tem medo de Teresa, porque a responsabilidade com o pai vem antes de tudo? Até mesmo da sua felicidade. Foi uma boa leitura, parabéns.
    Destaque: “Tomás fez que sim, contemplando aquela visão que sempre lhe despertava um aperto no peito. Teresa estava molhada, suas roupas de pano colando no corpo, e ele sempre a achava ainda mais linda quando se encontrava nesse estado.”

  32. M. A. Thompson
    18 de março de 2017

    Olá “Mestre de Obras”. Parabéns pelo seu conto. Sabe quando lemos um conto e pensamos assim: faltou só um pouquinho para arrebentar. Foi o que aconteceu no seu caso (em minha opinião, é claro). Boa sorte.

  33. Fheluany Nogueira
    17 de março de 2017

    Bom trabalho, o dia-a-dia na região do Solimões (em alta nesta edição de Desafio), um personagem sério e “responsável”, insinuação de um romance, a lenda introduzida com sutileza, tudo certinho. Descrições e cenários construídos com esmero, mas faltou ação, faltou emoção. A narrativa não traz um conflito, não teve novidade.

    Mesmo assim, não deixou de ser uma leitura interessante e gostosa. O texto fluiu bem, a gramática e ortografia estão boas, com ressalvas de algumas crases faltando (a medida, a sala), ausência de vírgulas em expressões explicativas e pronomes átonos que iniciam frases ou orações.

    Parabéns pela participação. Abraços.

  34. marcilenecardoso2000
    17 de março de 2017

    Na hora de escrever o comentário aqui é que me veio um motivo pelo qual o(a) autor(a) escolheu esse título. Durante os rascunhos não me ocorreu nada a respeito. O conto é inconsistente, não fala de nada exatamente. Senti os personagens pairando, fazendo um esforço pra se estabilizar no texto, porém sem sucesso.

  35. Iolandinha Pinheiro
    16 de março de 2017

    Olá. Bom dia. Amigo autor, vc escreve bem, os diálogos são convincentes, a história corre sem problemas, parabéns por isso. No entanto, acabei ficando um pouco frustrada, lendo o texto. A história passeou pela vida monótona de Tomás, suas relações no trabalho, sua amizade com a vizinha, a mente confusa do pai, a história da irmã, a verdadeira e a imaginada pelo Seu Valeriano, e a parte do folclore ficou “lá em cima da serra”, distante e não tendo recebido quase nenhuma atenção do autor. Sei que vc fez o que muita gente que está neste desafio fez, criou uma história e nela inseriu a parte folclórica, tudo bem, mas precisava ser tão pequena? Há detalhes demais sobre outros assuntos e quase nada sobre a lenda do boto, que aqui é só colocada como a ilusão de uma pessoa demente ou culpada. Acho que o conto deu ênfase excessiva à coisas que nem precisariam existir no conto, que foram apenas um pano de fundo à trama, mas que nada acrescentaram a ela. Ainda assim, a qualidade da escrita é acima da média. Parabéns pela participação e boa sorte no desafio.

  36. Evandro Furtado
    15 de março de 2017

    Resultado – Good

    Os personagens são magníficos, carismásticos. A forma como o autor constrói a relação entre eles é simples e natural. As descrições são muito bem feitas, os diálogos sempre consistentes. Gostei da forma como você inseriu o tema no conto, no começo fiquei com medo de que houvesse uma virada brusca, mas depois, ao notar o caminho no qual seguiu, gostei do resultado.

  37. Rubem Cabral
    14 de março de 2017

    Olá, Mestre de Obras.

    Muito bom o conto: é um recorte de cotidiano que me pareceu muito fidedigno à realidade da vida de um mestre de obras em Manaus. A construção dos personagens e a delicadeza discreta das situações descritas foi muito bem feita.

    Nota: 9.

  38. Fernando Cyrino
    11 de março de 2017

    Que conto gostoso de ler. Sua história ficou de uma singeleza bem bacana. Gostei. Se pudesse dizer um ponto que acharia pudesse se dar de maneira diferente, diria para não registrar a fala do velho como se diz no dia a dia, mas sim na nossa língua escrita, real. Mas releve isto que acabei de lhe escrever. É que se trata de dificuldade própria, muito minha. A palavra cigarro repetida no primeiro parágrafo, junto com janela, também duplicada, sugiro repensar. É que eu acho que poderiam, no caso de terem sido evitadas, fazer com que a sua narrativa ficasse ainda mais singela e bonita do que já é. Isto porque está muito no início. Primeiro parágrafo, nada mais é do que a comissão de frente, né? Tem que ser tratada a pão de ló. Lá no meio não incomodaria, eu acho. Parabéns pelo seu belo conto.

  39. Eduardo Selga
    10 de março de 2017

    O conto apresenta certa indecisão, como se o(a) autor(a) não soubesse exatamente que tratamento e destino dar ao personagem folclórico brasileiro. Ao fim e ao cabo, o boto é apenas citado, não é efetivamente um personagem relevante, nem está na trama principal. A sensação dada é que foi construída uma trama que permitisse a inserção do boto, mas como narrativa é frágil, pois não há relação imediata entre o boto e o casal da trama, e mesmo o personagem que é trabalhador da construção civil não se enquadra bem.

    Para que o conto ganhasse substância, seria necessário, talvez, que Tomás ou o seu pai fosse o boto, mas tal não ocorre. Aliás, todos os personagens parecem soltos na trama.

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Publicado às 10 de março de 2017 por em Folclore Brasileiro e marcado .