Sou uma mulher de família, sensível e agnóstica por definição. Falo assim, aos poucos, para não assustar o leitor na primeira linha. Na verdade sou uma mulher sem religião, coisa que minha mãe nunca acreditou e sempre me viu como uma verdadeira cristã. Mas o olhar das mães sobre os filhos é tão insuspeito quanto inconfiável.
Ser agnóstica para mim não foi uma escolha, foi uma consequência natural de um raciocínio lógico. Nunca levantei a bandeira do ateísmo, porque não nego a existência de Deus, eu ignoro sua existência, não faz diferença na minha vida. Simples assim. Esta posição tem uma consequência: um profundo respeito pelo ser humano, os animais e este planeta. Acredito que só tenho esta vida de mamífera para viver, meus atos e palavras terão efeitos imediatos, sem milhagens celestes ou infernais. Exatamente por isso admiro profundamente quem tem fé em Deus, invejo até, quem cultiva tão singela virtude. Quem a tem vence obstáculo mais rápido, resolve quebra-cabeças sem consultar o fundo da caixa, não precisa gastar rios de dinheiro com terapia e, se perder as chaves basta três pulinhos e uma prece rápida para São Longuinho e está tudo resolvido. Quem tem fé tem o dom de se perdoar, logo se dá ao direito de errar mais.
Não é tão simples assim. A fé é mais complexa do que sua ausência. A fé exige mais comprometimento consigo mesmo e com seus valores. Ao menos deveria ser assim. Partindo deste princípio e conhecendo muita gente de fé que honra sua crença com sabedoria e bondade, fico aqui cutucando meus neurônios sem encontrar resposta para a seguinte questão: Por que a humanidade insiste em fazer da religião seu maior instrumento de maldade, traindo a própria fé despudoradamente? Por que não podemos viver em paz sem impor nossos dogmas aos demais? Por que eu não posso ser sua amiga?
Lembrem-se, ainda somos apenas mamíferos.
TENHO ++++++++++ FÉ , SOU CATÓLICA E KARDECISTA POR AFINIDADE + LEIO E VOU A IGREJA EVANGELICA E RESPEITO PROFUNDAMENTE OS ORIXAS ETC….. DESDE Q/ SEJA GENTE DO BEM PARA O BEM , Ñ ENCONTRO PROBLEMA , TENHO UM PERFIL AONDE TENHO AMIGOS DO BEM !!!!!!! Ñ CODIGOS DE BARRAS, PARA SEREM INDENTIFICADOS , QUALIFICADOS ,SÃO SERES HUMANOS COMO EU, VC , AS DIFERENÇAS E Q/ FAZ A UNIÃO , Q/ QUEBRA O SILÊNCIO , O ISOLAMENTO DAS IDEIAS , DEUS E ÚNICO , COMO O SOL Q/ NOS ILUMINA , OU A LUA Q/ BRILHA NO CÉU A NOITE OU A ÁGUA Q/ TIRA A NOSSA SEDE Ñ IMPORTA DE SERÁ SERVIDA EM TAÇA DE CRISTAL OU COPO DE PLÁSTICO OU DIRETA NAS MÃOS FEITO CONCHINHAS KKKKKK SE E PIERRE OU DE BIGA ! OBS: A FÉ HJ CIENTIFICAMENTE E EFICAZ EM MUITOS TRATAMENTOS DE CURA , QUANDO A CIÊNCIA CONSEQUE PROVAR ALGO JÁ Ñ E +MISTICO ,MAGICO E RACIONAL ! O Q/ RETIRA O FANATISMO , AS LOUCURAS OS EXCESSOS EM NOME DE DEUS , DEUS E UNIÃO E AMOR E PAZ E TUDO DE BOM , + A FÉ Q/ CURA Ñ APAGA OS ERROS E NEM LIBERA PARA SE COMETER NOVOS ERROS PELO CONTRÁRIO ENSINA A SER RESPONSAVEL POR SEUS ATOS , A TER + NOÇÃO DA GRAVIDADE DO Q/ SE FOI COMETIDO E SE ATINGIU OUTRAS PESSOAS , ELA COBRA UMA POSTURA MUITO + COMPROMETIDA COM O CORRETO COM O BEM ! SUA MÃE TINHA RAZÃO VC TEM FÉ E Ñ SABE #AINDA# KKKKKKKKK SAUDE E PAZ !
Jamais alguém disse tanto com tão poucas linhas. Menina, você me representa, haha
Quanto às suas indagações, penso que está na essência de cada religião negar as demais e negar, principalmente, quem não tem religião alguma, além de proscrever quem se diz ateu.
Sim, somos mamíferos como você diz — se bem que eu preferiria ser chamado de primata, invocando o velho Darwin — uma simbologia simples, óbvia, que deveria nos unir, mas que jamais será aceita por religião alguma.
Toda e qualquer crença parte do pressuposto de que somos “especiais”, diferentes, escolhidos, e por aí vai. Colocar todo ser humano na mesma tigela dos demais bichos é negar isso, algo inadmissível.
Poderia me estender por linhas e linhas aqui, mas acho que ficaria repetitivo e chato. Portanto, só vou dizer que é ótimo deparar com um texto reflexivo, bem humorado e que traduz exatamente o que eu penso sobre o assunto.
Bem bacana a crônica, Catarina.
Veja, eu já conheci gente de muita fé e absolutamente tolerante aos não-crentes ou crentes de outras religiões.
Por exemplo, eu tinha uma tia-avó que era freira e que deveria ser uma carola chata, mas adorava conversar e permitia (eu era adolescente à época) que eu perguntasse por qualquer assunto: evolução, “furos” da bíblia, etc. Aprendi, inclusive, a jogar cartas e fazer alguns truques de mágica com ela. O padre da paróquia onde fiz a primeira comunhão era também um ótimo padre: humilde (só tinha uma bicicleta), fervoroso, mas cheio de humor e alegria. Nunca recusou comunhão a ninguém, nunca o vi criticando essa ou aquela religião.
Por outro lado, infelizmente conheci muito mais gente que se diz religiosa talvez tão-somente para se sentir superior aos demais. Tais pessoas vestem-se com mantos sagrados de ignorância e saem julgando todos os não alinhados. Esses religiosos e suas religiões convencem-me a cada dia que estou certo em não ter religião ou fé.
Não acho, portando, que religiões sejam necessariamente ruins ou boas, acho, em verdade, que o que importa, no fim das contas é o indivíduo. Existem pessoas com distorções morais ou de personalidade que se sentem “enpowered” por suas crenças. Elas vão ser salvas e outros outros vão arder para sempre, elas têm explicações para tudo. Via de regra, são muito ignorantes e avessas a qualquer linha de raciocínio lógico. Há também a complicada questão do “panis et circenses” de algumas seitas, com seus exorcismos de lorota e curas divinas pré-pagas, mas esse é um fator que afeta mais aos mais simples e impressionáveis.
Em linhas gerais, quanto maior o desenvolvimento humano, o acesso à cultura, menor é o percentual de religiosos e intolerantes.
As respostas às suas perguntas são: porque somos imperfeitos, porque muitos de nós, quando colocados em posição de vantagem, exercerão a vantagem a ferro e fogo e tornar-se-ão cegos pelo poder. Vide experimentos sociais como “Human Zoo”, “A Terceira Onda“, o experimento de Stanford
ou filmes como “Dogville” e “A Onda”.
Abraços.
Boa crônica, Cat!
Deus no comando! 😀
Que crônica bonita, Catarina!
A fé é complexa, tão complexa, que muitos se perdem na busca por ela. Ela é mais do que acreditar cegamente em algo. É parecido com um sentimento, mas não é. É uma intuição, algo que sentimos no nosso âmago.
Eu posso falar que tenho fé. Mas é impossível descrevê-lo. É como o amor. É necessário senti-lo para saber o que é.
E acredite…As coisas não são mais fáceis para quem tem fé de verdade. Na realidade, tornam-se mais difíceis, pois acabamos trilhando caminhos ocultos atrás de respostas para algumas perguntas que surgem depois do nascimento da fé.
É um longo caminho até a simplicidade. Muito longo…
Parabéns pela reflexão!
Eu acredito em Deus como uma expressão da Natureza. Acredito no amor e se amor for Deus, então ele está dentro de mim. Gostei muito de sua crônica.
Deus não existe.
Deus existe.
Se não ou sim, é algo que não deveria fazer nenhuma diferença em nossa postura cotidiana em qualquer nível, porque a vida não circula em função do divino, ainda que ela exista. Se a divindade existir, trata-se de uma energia que circula no universo, mas não tem caráter normativo: apenas permite a existência da vida, ao dar as condições para a existência dos elementos da matéria. Deus, se existe, não está preocupado se somos ou não bons meninos.E é por isso, por saber da indiferença divina, que organizações religiosas em várias partes do mundo, pregam a violência.
As forças que atuam diretamente no cotidiano são outras, de ordem bem diversa do divino. E são muitas delas que estimulam o exercício da religiosidade como instrumento maniqueísta, ou seja, quem está do meu lado vai para o Céu, enquanto os outros, é claro, já têm comprada a passagem para o Inferno.
Ora, essa falsa briga, essa falsa antítese encobre os que fazem da Terra o verdadeiro inferno.
Mas há que se ressaltar que não é em todo o mundo que a religião é usada desse modo. Esse procedimento refere-se muito mais a algumas religiões ocidentais e algumas do Oriente Médio. Há posturas religiosas em outras partes do mundo, muitas delas no Oriente, que fazem o inverso.
O mal da humanidade não é o homem, e sim como o homem é usado por uma parcela da humanidade.
Gostei muito da sua crônica, Catarina. Principalmente da finalização – a conclusão de que somos apenas mamíferos. Para que complicar demais a vida? Respeitar os limites e crenças dos demais deveria ser o mínimo de educação exigido.
Boa, Cat. É por aí mesmo. O que mais me irrita em alguns religiosos é o desrespeito àcom a fé alheia. Cada um acredita no que quiser ou em nada, se assim também desejar.
Só tenho uma certeza: matar aquele que pensa diferente de você não é a melhor forma de agradar a um deus. Acredite em um ou não.