EntreContos

Detox Literário.

O Que Vale é a Intenção (Delacroix)

Marianne guiava o povo francês na direção da Liberdade. Seus seios nus dançavam livres no ar cinzento, suas mãos carregavam a transformação: na direita a ideia, as três cores da revolução no tecido da bandeira, e na esquerda a execução, na forma do mosquete e da baioneta. O povo a seguia, homens e crianças hipnotizados por sua beleza, todos abrindo caminho entre os corpos mortos com armas em mãos. No céu, o azul do firmamento aos poucos ganhava território dentre as cinzas da guerra.

O enorme quadro de mais de dois metros de altura era uma das obras preferidas de Murilo. Ele a examinava de tão perto, que podia notar as pinceladas de Delacroix, feitas há quase duzentos anos. Podia jurar que ainda sentia a sugestão do cheiro do óleo sobre a tela.

“É o original, sem dúvidas”

“É claro que é”, falou a outra voz na sala.

“Como conseguiu?”

“Você quer a versão longa ou a versão curta?”

Murilo desgrudou os olhos do quadro pela primeira vez, desde que o viu. Analisou Luís Marino de cima a baixo em um segundo. O homem era alto e fazia questão de enfatizar a altura por elevar também o rosto. Murilo não gostava daquela sugestão de sorriso sempre-presente na boca do vendedor. Mas não estava ali para analisá-lo. Seu cliente só precisava saber se a obra era original ou não, e que a comprasse por um bom preço.

“A curta”

“Eu a roubei”

Murilo soltou uma risada nasal.

“Sabia que ia vir com alguma piadinha”

“Está me chamando de palhaço?”

“Não. Só gostaria de saber como que os curadores do Louvre ainda acham que têm a verdadeira, enquanto ela está aqui na minha frente, apoiada no chão de uma galeria privada”

“Ora, Murilo…”, e Luís andou de um lado para o outro, carregando o sorriso consigo. “Você mais do que ninguém deveria saber que toda profissão tem seus segredos”

O avaliador não insistiu no assunto. Não queria problemas. Estavam a sós naquela sala luxuosa, de carpete vermelho e cortinas de veludo. Cada parede exibia uma dúzia de peças roubadas de uma dúzia de lugares diferentes. Embora Luís fosse um cretino como esperado, dentre todos os contrabandistas de arte com quem já teve que interagir para seu cliente, ele era o mais sofisticado. Desde que não apertasse os botões errados, não teria com o que se preocupar.

“Quanto quer nela?”

“Duzentos e cinquenta”

Um momento importante. Murilo andou até a janela. Do lado de fora do prédio havia um luxuoso jardim português, com arbustos multicoloridos cortados em formas geométricas. Os pássaros piavam uma canção peculiar. Podia jurar que era repetitiva, como um arquivo de som corrompido, que se repetia constantemente.

“Você quer um quarto de bilhão?”

Luís Marino não respondeu, mas pelo reflexo no vidro da janela ele viu o homem encolher os ombros.

“Cem”, falou Murilo.

“Ora, vamos mesmo fazer essa dança?”

Trocaram olhares. Luís suspirou.

“Duzentos, então”

Enquanto pensava em uma contraproposta, o canto dos pássaros chamou a sua atenção novamente. Lá estava o mesmo tom, idêntico aos anteriores, como um bug de programação. Curioso, abriu a janela para tentar encontrar os pássaros.

“Não faça isso…”

Tarde demais. Murilo tentou projetar a cabeça para fora antes que Luís terminasse o aviso. Bateu com a testa na tela LED.

“Mas o que…”

“Ora, como achou que seriam as janelas do subsolo? Eu quis dar um tom melhor para o ambiente. O lugar não ficaria tão convidativo sem janelas, então distribuí algumas telas. Não acha que funcionou bem?”

“Eu não lembro de termos descido para o subsolo, no elevador.”

“Mas você lembra de pegarmos o elevador. O fato de ele ter subido ou descido, não vai lembrar mesmo. Acontece. Ninguém presta atenção em coisas pequenas como esta, quando está prestes a fazer uma negociação desta escala. Voltemos ao assunto. Fechamos em duzentos, então?”

Mas Murilo olhava para tudo agora com novos olhos. O lugar já não exalava a autenticidade de antes. Voltou à “Liberdade lidera o povo”. Muniu-se de lupa e aproximou o rosto novamente.

“Sério? Só por causa de uma telinha na janela?”

Ele não respondeu. A concentração era a chave ali. Revisou todos os pontos de referência de antes. Então, passou a analisar as falhas mais comuns na pintura, as assinaturas não-intencionais de Eugène Delacroix. Todo autor tinha as suas falhas de estimação.

“Ah sim, as falhas”, falou Luís, ao notar o que Murilo fazia. “A melhor maneira de identificar uma peça verdadeira. Procure à vontade, vai notar que estão todas aí”. Ele se aproximou, falando de mais perto. “Sabe, de certa forma o trabalho de quem copia é muito mais refinado do que o trabalho de quem cria. O criador está livre para cometer os deslizes que quiser. Cada movimento errôneo, cada tom de cor desbalanceado pode até mesmo adicionar no valor da obra. Mas quem copia não tem esse luxo. Além de não poder cometer erros, ele tem que mimetizar com perfeição os erros do original”. Luís estava muito próximo agora; sussurrava em seu ouvido. “Então, de certa forma, mesmo que esta seja uma cópia, não acha que deveria ter o mesmo valor? Huh? Talvez deveria até mesmo valer mais”

O avaliador se afastou da figura e do seu sorriso de meia-boca.

“Não se preocupe, Murilo. É o original”

“Já não tenho tanta certeza”

“Ai ai ai”, Luís voltou a caminhar pela sala, os passos abafados pelo carpete. “E de quanta certeza precisa? Não se pode ter cem por cento de certeza de nada”, e, como se acabasse de ter uma grande epifania, interrompeu o caminhar, como se alguém tivesse apertado o botão de pause. “Sabia que tudo o que passa nessa sua cabeça é uma ilusão? Nosso cérebro evoluiu para predizer o que vamos sentir antes de sentirmos. Você pode não notar a diferença pequena de tempo que leva para um sinal ser interpretado pelo seu olho e enviado para processamento, até ser transformado em informação. Mas a verdade é que antes disto tudo acontecer, o seu cérebro já decidiu o que ver e sentir baseado no que ele acha que você deveria estar vendo e sentindo”

O vendedor aproximou-se de novo, até a distância ficar incômoda.

“Então basta acreditar que vai ver uma coisa, e você a vê, entende? Tudo é uma ilusão. Então me diga logo o que vê e pare de perder o meu tempo”

“Eu realmente não me lembro do elevador… “

“Já conversamos sobre isso!”

“Não falo de estar confuso se o elevador subiu ou desceu. Já sei que estamos no subsolo. Falo de não lembrar de nada antes do elevador. Não lembro do que aconteceu antes desta conversa. Não lembro do que aconteceu antes… na minha vida”

Pela primeira vez, Luís desfez o sorriso. Começou a falar em voz alta para as paredes, como se dirigisse para uma equipe de filmagem.

“Está acabado por hoje. Puta merda falhamos de novo”

Tudo o que aconteceu a seguir veio em sucessão tão rápida, que Murilo não teve reação. Ficou ali parado, assistindo uma equipe entrar na sala, Luís retirar o terno e revelar uma fiação por baixo das roupas. Estava em um estúdio. As paredes se moveram e revelaram um ambiente cinza por trás, onde uma equipe monitorava toda a conversa.

“SÉRIO que você me coloca um canto de pássaros com loop de cinco segundos? CINCO SEGUNDOS?”

O funcionário responsável pelos efeitos sonoros ouvia a bronca do vendedor de cabeça baixa. Estupefato demais para falar, Murilo manteve o silêncio. Ainda processava o que via. A equipe andava de um lado para o outro e ninguém parecia dar-lhe atenção. Notou um homem familiar deitado em uma cama hospitalar em um canto do estúdio. Uma equipe médica monitorava os seus sinais vitais. Aproximando-se, viu-se deitado na cama, desacordado, com uma variedade de eletrodos pontilhando a pele.

Dois homens o seguraram pelos braços e o conduziram na direção de uma porta de metal.

“Mas que merda está acontecendo?”, ele conseguiu falar, finalmente.

Os homens que o carregavam pararam. Luís parecia espantado.

“Ora ora, temos um questionador hoje. É raro, sabe. A maioria fica em estado de choque e só se recupera alguns minutos depois.”

“Você vai explicar o que está acontecendo, ou não?”, falou Murilo, ofegante.

“Intenção!” falou Luís com ênfase. Até então estava irritadiço, mas agora parecia satisfeito em poder explicar-lhe o que acontecia. “Intenção foi a maldita tecnologia que nos pegou. Antes era mais fácil. Bastava criar um clone e o torturar até que ele transferisse o dinheiro. O clone tinha todas as assinaturas biológicas necessárias para a autenticação, e restaurávamos a memória apenas o suficiente para que se lembrasse também das senhas. Depois, acordávamos o original e o mandávamos de volta para casa, com alguns milhões a menos que ele não sabia como tinha perdido. Não precisávamos matar ninguém! Ao menos não alguém com CPF”

“Aquele homem é o meu clone?”

“Não seja idiota. Você é o clone! O problema é que agora os babacas criaram uma maneira de ler a maldita intenção. Não basta fazer a transferência. Se você não tiver a intenção de nos pagar, o alarme é acionado mesmo assim. Agora temos que convencê-lo. Isso adicionou dias ao processo.”

“Eu sou um…”

“Clone? Sim, mas agora você está se repetindo. Tenho mais o que fazer. Boa sorte”

Luís o dispensou com um gesto. Os homens voltaram a arrastá-lo até a porta.

“Então é isso? Você vai me matar?”, falou Murilo — se é que aquele era mesmo o seu nome. “Aquela porta é o seu matadouro?”

“Não, obviamente. Clones são caros. Antes matávamos por que um bastava, mas você é o quinto que não convenço. Tivemos que inventar uma forma de ganhar dinheiro com vocês. E a solução estava no…”, Luís fez um gesto no ar, como se rufasse tambores invisíveis. “ENTRETENIMENTO!”.

Os homens abriram a porta de metal, que chiou um som agudo, e jogaram-no lá dentro. Antes que a porta se fechasse, Murilo pôde ver Luís movendo as mãos em um aceno debochado, novamente com o sorriso no rosto.

A sala onde fora descartado era um cômodo amplo, que seguia a mesma temática da galeria privada — que agora ele sabia ser apenas um cenário. Era o mesmo tom vermelho no carpete, e o mesmo dia ensolarado na janela. Os pássaros, porém, já não cantavam mais. Com uma esperança vã, Murilo esticou o braço para fora da janela, ainda querendo acreditar que sentiria a brisa da tarde. Sua mão encontrou a resistência da tela LED.

Havia sofás para todos os lados. Mesas e cadeiras também. Estantes vazias. O teto estava repleto de câmeras, que cobriam cada ângulo possível. Estava em um reality show.

“Deve ser um show bastante privado”, falou um clone seu, que ele não havia notado, sentado no chão, abraçando os joelhos. “Você sabe, tendo em vista que tudo o que ele faz aqui é um tanto ilegal, e nos não somos zés-ninguém. Às vezes eu me pergunto se algumas pessoas que nos assistem por estas câmeras nos conhecem”. O clone soltou uma risada com a ironia, exatamente como ele riria na mesma situação. Era como ver um espelho ganhar vida. “Maldito Luís, nunca imaginei que iria tão longe”

Murilo sentou-se em um sofá próximo a ele mesmo. Olhou as câmeras. Ainda tentava entender como analisava uma obra de arte minutos atrás, e agora ele era a peça observada.

“Minha teoria é que eles apostam quando vamos desistir”, falou ele mesmo ao seu lado. “Quando vamos aceitar que não temos passado, que não somos nada, apenas peças descartáveis”

“Você viu outros antes de mim?”

“Três. Acho que fui o primeiro. Os outros… eles não aguentaram muito tempo. Não duvido que as pessoas apostem na forma com que vamos nos matar, também. Cada um antes de você usou um método diferente”

Seguiu-se um hiato desesperador. Murilo não tinha passado, e nenhuma forma de sair dali para construir um futuro.

“Você se lembra de quando era criança?”, falou o clone. “Lembra de quando seu pai te deixou nadar sozinho pela primeira vez sem boia, mas você só notou depois de um tempo e, quando notou, começou a se afogar?”

“Não.”

“Eu lembro. E lembro de outras coisas. De tudo, na verdade. Eles me trocaram. Eu sou o original, tenho certeza. Não sei como aconteceu, mas eles se enganaram, só que não quiseram me ouvir quando gritei.”

Murilo ouviu em silêncio. A história da natação não era tão estranha assim. Talvez se lembrasse daquilo. É, lembrava-se! Conseguia até mesmo recordar do lugar, e do clima, e do céu claro naquela tarde de verão.

Lembrou-se de muitas outras coisas depois daquilo. Ficou sentado ali, ao seu lado, criando um passado para si, até a porta ser aberta outra vez, e mais um reflexo ser lançado para dentro da sala.

Sobre Fabio Baptista

15 comentários em “O Que Vale é a Intenção (Delacroix)

  1. claudiaangst
    4 de maio de 2024

    Oi, Delacroix, tudo bem?

    O conto aborda o tema proposto pelo desafio. Há um roubo ou vários.

    Fiquei com a impressão de estar sendo conduzida por um corredor de narrativas sucessivas: primeiro, estamos no cenário da Revolução Francesa, depois acompanhamos a negociação de um quadro roubado, em seguida descobrimos que o enredo é outro, uma espécie de matrix, e assim acabamos em um reality com clones. Ou seja, não há somente uma história sendo narrada, mas um “conto-cebola”, cheio de camadas.

    Não encontrei falhas importantes de revisão. Apenas me incomodou a repetição da palavra “sugestão” com um intervalo de poucas linhas. Chatice minha, com certeza.

    O conto está bem escrito, prende a atenção, mas acredito que haja muito material para pouco espaço. Um daqueles textos com vocação para algo maior, um romance, talvez.

    O final fica em aberto, o que sugere a possibilidade de uma continuação. Seria essa a ideia? Afinal, o que vale é a intenção.

    Boa sorte!

  2. Gustavo Araujo
    2 de maio de 2024

    O conto me parece um prólogo, o preparativo para a grande história que se desenrolará – mas que não chega a acontecer. Isso me causou certa frustração, vou confessar.

    O que lemos é a introdução a um mundo, bem delineada, com diálogos bacanas e ágeis e personagens interessantes. De fato, bem no início somos levados a pensar que a trama se desenrolará sob o ponto de vista de um grupo de ladrões de arte ou algo assim. Aliás, parêntese para a descrição do quadro de Delacroix e para as técnicas de falsificação – isso tudo ficou muito bom.

    Voltando à trama, logo percebemos que tudo aquilo é um cenário, que não existem ladrões ou roubo, e que não existe nem mesmo o especialista, o avaliador. O que nos é revelado é que tudo aquilo é um cenário e que as vítimas do engodo são nada menos do clones. Rapaz, nessa hora meu cérebro deu uma guinada violenta, já que nada tinha me preparado para isso. Ficou muito bom esse twist (embora se afastando completamente do tema do desafio). Melhor ainda foi o desespero que, lentamente, toma conta do nosso pobre protagonista. Quando ele se dá conta que é só uma cópia, que não tem passado e não terá futuro, isso realmente mexe com o leitor, já que a identificação com ele é inevitável. É nessas horas que a gente pensa: e se fosse comigo? E se eu fosse um clone? E se todos nós fôssemos clones ou marionetes dançando na caixa de brinquedos de alguma criança travessa?

    Exatamente esse tipo de dilema se plantou na minha mente, caro autor, e ali ficou por horas. E quando a outra versão de Murilo diz ter certeza de que ele próprio é o original, dando margem para que o clone se questione também, aí eu pensei “foi pro dez”, porque agora o negócio vai pegar fogo, o conto vai virar uma espécie de Matrix e a gente vai perceber que, enfim, somos todos controlados. Só que… Pois é… O conto acabou. E na melhor parte! Sem direito a catarse, sem indicativos do que poderia acontecer depois… Isso foi um balde de água fria – me deu a impressão de que você, caro autor, não soube como arrematar essa idéia tão boa. Bem, talvez possa desenvolver essa história mais para frente (#ficaadica). Essa ausência de final – bem, talvez eu esteja sendo egoísta, já que o final pode ser justamente esse – me frustrou bastante, você percebeu. Mais do que a fuga ao tema kk Mas é um ótimo primeiro capítulo, pode-se considerar. Deixo aqui minha torcida para que haja uma continuação que explore esses aspectos relacionados ao que nos torna humanos. Parabéns e boa sorte no desafio.

  3. Queli
    27 de abril de 2024

    Apesar da história ser muito interessante, o autor falhou na pontuação, deixando o texto um tanto confuso em certas passagens.

    Uma coisa que me incomodou bastante foi o não uso do travessão nos diálogos.
    o uso de aspas sempre remete à ideia de pensamento, não falado.

    EXEMPLO:

    “Então é isso? Você vai me matar?”, falou Murilo — se é que aquele era mesmo o seu nome. “Aquela porta é o seu matadouro?”

    Apesar dessas “falhas”, a história foi muito bacana. Curti!

  4. Sidney Muniz
    25 de abril de 2024

    Coroa: Caro autor, independente de nossa opinião faço um trocadilho com seu título dizendo que ainda que eu não tivesse gostado do seu conto, o que vale é a intenção.

    Cara: Coroa, você está de brincadeira, né? Você gostou desse conto mesmo?

    Coroa: Rapaz, não sei, eu comecei lendo e de cara vi que a aplicação das vírgulas não está ok, na verdade tem bastante falha nesse sentido.

    Exemplo:

    Ele a examinava de tão perto, que podia notar as pinceladas de Delacroix, feitas há quase duzentos anos.

    Cara: Sim, é disso que estou falando. Também não gosto desses diálogos entre aspas. Travessão é melhor.

    Coroa: Cara, isso é opção do autor, eu também torço o Nariz para isso, mas certo é que o autor tem um plot interessante nesse conto que nos faz viajar.

    Cara: nisso concordo, Coroa! É mesmo uma viagem esse conto.

    Coroa: Outro ponto muito interessante é o final aberto que nos faz criar teorias. Achei bem instigante.

    Cara: Coroa, você acaba me convencendo. Outra coisa que não gostei muito foi da construção do primeiro parágrafo, e a leitura inicial me cansou, mas a partir desse plot que você falou o conto me prendeu bastante e para confessar, eu curti.

    Coroa: Pois é, a entrada do conto tem uma falha na narrativa para mim também, mas talvez seja gosto pessoal. A escrita precisa melhorar um pouco, mas nada que atrapalhe, é questão de prática mesmo.

    Cara: Talvez seja só o estilo dele ou dela, Coroa!

    Coroa: Cara, você tá mais calminho hoje.

    Cara: Coroa, estou mesmo, mas não enche meu saco, aproveita que estou de boa e você dá a nota desse conto.

    Coroa: bem, vamos lá, eu dou nota 8,5 para esse conto. Gostei bastante dele. Pode ser?

    Cara: Coroa, hoje tô relax! Nota dada!

  5. Mariana Carolo
    24 de abril de 2024

    Começou a história e eu achei que seria algo no estilo “O pintassilgo”. Daí o conto dá uma virada e vai para “Não me abandone jamais”. Uma virada assim é difícil de dar certo, o que Eugene pincelou habilmente (tive que fazer um trocadilho besta). Admito que achei que ia gostar menos do que acabei gostando. História – 4,5/5

    A narrativa é segura, bem construída. Nada a reclamar. Narrativa 4/4

    A imagem é bem escolhida (uma versão desse quadro em movimento, na Bienal, foi uma das coisas mais legais que eu já vi). Saquei o título depois de ler ele de novo, após o conto. 1/1

    Muito bom!

  6. Priscila Pereira
    16 de abril de 2024

    Olá, Delacroix! Tudo bem?

    Vou deixar minhas impressões sobre seu conto, lembrando que é a minha opinião e não a verdade absoluta. (Obviamente)

    Muito bom! Fugiu do óbvio, começou enganando o leitor de que seria um conto sobre roubo de arte e terminou sendo de roubo de identidade, com clones e um reality show e tudo! Achei bem original o uso do tema!

    Os personagens são muito bons, bem desenvolvidos e por serem tão poucos, foi possível aprofundar bem. Tudo que o Luís fala sobre os “copiadores” faz muito mais sentido quando descobrimos a história toda…

    Esse negócio de clones e do quanto eles podem ser considerados pessoas, com alma, sentimentos, e essas coisas sempre dão boas histórias, porque não tem como a gente saber… Não ainda… E talvez, mesmo depois, não dê pra ter certeza… O desespero do clone que achava que podia ser o original foi bem explorado. Como deve ser descobrir que não é real?

    O conto está muito bem escrito, notei apenas um lapso de revisão, no mais está tudo muito fluído, fácil de ler e entender. Gostei bastante!

    Boa sorte no desafio!

    Até mais!

  7. Vladimir Ferrari
    15 de abril de 2024

    Diz Stephen King que uma estória começa na mente do escritor e termina na mente do leitor. Eu guardarei com extremo carinho um trecho do texto que se inicia com a frase: “Sabe, de certa forma o trabalho de quem copia é muito mais refinado do que o trabalho de quem cria.” A viagem se processa na mente do leitor, numa cascata de de cenas interessantes. Alguns dos comentaristas podem avaliar que houve apenas sugestão de roubo e de viagem, mas é interessante a sua maneira de lidar com a mente do leitor, fazendo-o crer no que hora é avaliação de obra de arte, hora avaliação da própria existência.
    Recomendaria um cuidado especial em algumas partes do texto com a palavra “que”. Algumas repetições são desnecessárias. Particulamente, ficaria com o plot da revelação de que o roubo de informações financeiras deu errado, executaria sumariamente o clone e colocaria Luís Marinho cobrando os comparsas para retirar a “intenção” da próxima cópia. Sucesso no desafio.

    • Delacroix
      16 de abril de 2024

      Não entendi o motivo dos dois “dislikes” no seu comentário. A sua sugestão no final foi a melhor que recebi até agora. Concordo muitíssimo. Obrigado pelo comentário!

      • Vladimir Ferrari
        16 de abril de 2024

        Talvez porque você entendeu como o que ela é, ou seja, “sugestão”. Alguns acham imposição. Li a respeito de “trocar ideias e crescer todos juntos”, mas nunca pretendo impor nada. Sugiro e se for do gosto, maravilha: argumentaremos a respeito. Mas se não foi interessante, descarte e jogue fora. Abraços. Findo o desafio, poderiamos trocar figurinhas a respeito do tema, quem sabe? Abraços.

  8. Mauro Dillmann
    13 de abril de 2024

    O conto é bem escrito, correto na língua portuguesa, revisado.

    O conto começa de um modo quase realista e, de repente, leva o leitor para outro lugar, tem uma virada totalmente ficcional, fala em clone, tela LED, reality, ganha um mundo paralelo, futurista.

    O enredo em si não me prendeu. Nota-se a opção por uma escrita mais alongada, desdobrada em palavras, aspecto que soou cansativo. Às vezes o leitor percebe que o conto pode ser enxugado. Exemplo: “interrompeu o caminhar, como se alguém tivesse apertado o botão de pause”. No meu entender, a passagem “como se alguém tivesse apertado o botão de pause” é totalmente dispensável.

    Traz a opção por construir personagem com pensamento racional, acompanhado de falas baseadas em possíveis cientificidades, como por exemplo: “Você pode não notar a diferença pequena de tempo que leva para um sinal ser interpretado pelo seu olho e enviado para processamento, até ser transformado em informação. Mas a verdade é que antes disto tudo acontecer, o seu cérebro já decidiu o que ver e sentir baseado no que ele acha que você deveria estar vendo e sentindo”. Enquanto leitor, lições morais ou explicações científicas, me cansam, ainda que definam características de determinado personagem.

    Considerando o tema “viagem”: de alguma forma, o conto contemplou porque o enredo é uma “viagem” total. Não identifiquei ‘roubo’ como sendo o tema do conto.

    Embora não tenha atendido minhas expectativas, creio que seja um conto que possa agradar outros leitores, mais acostumados com textos semelhantes.

    Parabéns!

  9. Antonio Stegues Batista
    13 de abril de 2024

    O conto no gênero syfy aborda a ciência da genética com a clonagem humana, também o gênero Policia/Crime e entretenimento  com reality show, abordando o tema Roubo. O início é interessante, com o diálogo do avaliador e o vendedor de obras roubadas que, naturalmente vende a obra por um preço baixo. Também gostei da parte em que o avaliador descobre que é um clone, seu verdadeiro corpo está em outra sala, desacordado. Os bandidos usam o clone para extrair de sua memória as senhas dos bancos e roubar o dinheiro. O enredo até poderia ser bom, mas a ideia de torturar o clone e não o original, não me convenceu, me parece descabida porque seria mais barato, mais fácil, mais lógico, transferir a memória do homem para a tela do computador e não para o clone. A intenção foi boa. Mas o conto é assim e assim devo avaliar.

  10. Emanuel Maurin
    11 de abril de 2024

    O avaliador de um quadro descobriu que era clone. O pobre falhou e foi jogado numa sala com outros clones, que eram observados por câmaras (Big Clone) e ele começa a criar memorias sobre si mesmo. A história começa com a descrição de uma obra de arte, a descrição tá legal, mas achei que teve muita descrição num lugar que não traz tanta relevância a trama. Depois o autor apresenta Murilo como que se ele caísse de paraquedas no enredo e depois lançou um dialogo sem mostrar o cenário ou descrever os personagens: (“É o original, sem dúvidas”, “É claro que é”, falou a outra voz na sala. “Como conseguiu?)

    Quem é essa outra voz na sala? Essas falas precisam ser explicadas.

    A trama tá legal, tem reviravolta, a narrativa é fluida, mas a transição das cenas são um pouco abruptas. O conto tem coerência. Os diálogos são um pouco forçados. Os personagens não foram aprofundados.

  11. Kelly Hatanaka
    11 de abril de 2024

    Costumo avaliar os contos com base nos seguintes quesitos: Tema, valendo 1 ponto, Escrita, valendo 2, Enredo, valendo 3 e Impacto, valendo 4. Abaixo, meus comentários.

    Tema
    O conto atende ao tema. Uma quadrilha realiza roubos milionários convencendo clones a fechar negócios. Por conta da tecnologia que detecta a intenção, os clones devem ser persuadidos. Quando o processo falha, o clone é utilizado em um reality show. Além do roubo, propriamente dito, que é o objetivo final da quadrilha e que põe o conto em movimento, há a liberdade roubada dos clones, bem como a razão e a realidade.

    Escrita
    Excelente. Não encontrei erros, não que eu tenha procurado, os personagens são bem definidos, os diálogos, bem feitos. Muito bom de ler.

    Enredo
    O ponto forte. Às vezes, um plot twist faz com que eu, como leitora, me sinta traída, mas aqui tudo funciona. Comecei a ler achando que era uma história de roubo de arte, assunto que sempre me intrigou, pois não consigo entender porque alguém pagaria uma fortuna por uma peça roubada e famosa. Daí, de repente, não era nada disso. Gostei desse toque de ficção científica sobre a intenção. E, do nada, um reality show de clones. Gostei muito.

    Impacto
    A forma com que o conto foi conduzido já é impactante, pois nos leva da superfície às profundezas em cinco segundos. Gostei dos questionamentos filosóficos. Nós vemos o que queremos ver. Nós acreditamos no que queremos acreditar. O clone que persiste acredita ser o original e criou para sim um passado, que o novo clone assume para si. Me fez pensar que ele só persiste, que ele só não se entrega à loucura por causa deste passado, por conta desta ficção que ele criou para si mesmo.

    Parabéns e boa sorte no certame.

    Kelly

  12. Regina Ruth Rincon Caires
    10 de abril de 2024

    Acredito que existe, na construção do texto, a intenção de mostrar uma “organização criminosa” que mantém o mercado clandestino de obras de arte. Luís Marino é quem cuida do “roubo” e da venda das peças, e para isso há uma galeria secreta. – “Estavam a sós naquela sala luxuosa, de carpete vermelho e cortinas de veludo. Cada parede exibia uma dúzia de peças roubadas de uma dúzia de lugares diferentes”. – Murilo é quem avalia a autenticidade, estabelece o valor a ser pago pelos compradores (seus clientes), chegando a um acordo com Luís. Acredito que, até aqui, consegui perceber o tema ROUBO.

    A partir do momento em que Murilo questiona a razão de não se lembrar de tudo que ocorreu antes da chegada dele até aquela sala, a história segue outro rumo. É mostrada a parte da clonagem do avaliador. Murilo não é Murilo, é cópia, não é autêntico. Luís e “alguns outros”, com certeza, trabalham em clonagem humana, “roubo” de identidade, “roubo” de habilidades. E aparece um entrelaçamento de vários clones de Murilo, alguns já descartados. E, no espaço para onde foi levado e onde ficaria guardado, um outro Murilo está sentado no chão, e garantindo que ele era o “original”. Então, os dois Murilos ficam conversando sobre o passado, cada um querendo saber das lembranças que guardaram, querendo construir o “verdadeiro” Murilo.

    Há teor de FC, confesso que não entendo quase nada sobre isso, mas me esforcei muito para analisar. E posso ter “viajado” na crítica. Pronto: se “viajei”, ajudei no cumprimento do tema! Brincadeira… Respeito muito quem tem competência para escrever qualquer texto sob esta perspectiva.  

    Gostei da menção ao quadro de Delacroix, como não conheço muito sobre pintores e pinturas, pesquisei e aprendi mais um pouquinho. Valeu…

    A escrita é firme. A leitura é fluente. Admiro o uso de aspas em lugar do travessão. Técnica trabalhosa. O desfecho é desalentador para o personagem, qual será o seu fim?

    Delacroix, parabéns pelo trabalho!

    Boa sorte no desafio!

    Abraço…

  13. Angelo Rodrigues
    10 de abril de 2024

    Olá, Delacroix,
    O conto tem uma estrutura legal, não é inédita, mas tem um clima muito bom.
    Trata-se de uma tentativa de roubo de identidade por meio da clonagem da vítima, deixando nele – no clone – apenas uma memória suficiente para que dados privilegiados sejam roubados, com  uma possível transferência de dinheiro. Legal isso.
    Há, entretanto, algumas questões. Não há viagem. Não há efetivamente um roubo, dado que a personagem clonada não se revela capaz de passar aos “bandidos” as informações necessárias ao roubo. Tudo se passa num ambiente comum, cênico, em algum lugar não especificado pelo autor.
    Assim que comecei a ler o conto, que ia bem, notei uma certa implausibilidade no objeto escolhido. Roubar aquele quadro e tentar vendê-lo, creio, nem um clone acreditaria, por mais trouxa que fosse. A despeito de o conto ser bem legal, o autor, acredito, não fez uma boa escolha neste aspecto. Talvez algo mais plausível de ser roubado pudesse passar mais credibilidade. Não ao clone, que este poderia, talvez, aceitar qualquer coisa que lhe fosse passada, mas ao leitor, que, de cara, desacredita do texto que lê. Tal escolha me fez saber algo ainda irrevelado pelo autor. Não era plausível que aquilo que lia fosse real. Havia algo além.
    Mas, creio, não seja esse o ponto chave do conto, e sim o fato de o conto, por longo tempo se mover em direção a um golpe financeiro e, de repente, conforme o texto vai ganhando robustez, toda a questão se vira em direção ao nível de consciência dos possíveis clones – ou não. Não fica claro, dado que um deles jura que é a figura principal, não o clone.
    Houve uma mudança de eixo bastante significativa. Eu não saberia dizer exatamente sobre o core do conto, se é roubo, se é consciência reminiscente dos robôs. Se tivesse de optar, ficaria com essa última, dado que, das duas, é a mais factível, ao menos no texto.
    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.

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Publicado em 9 de abril de 2024 por em Viagem / Roubo.