EntreContos

Detox Literário.

O Coração de Joseph (George)

Dia 0

Havia um arco-íris projetado na imensidão do céu, entre os raios de sol e a chuva. Um aglomerado de gotículas de água e pequenos cristais de gelo em suspensão no ar.

O céu parecia estar zangado ou triste, mas eu sabia que eram só as Nimbo-estratos. Nuvens baixas, cinzentas e espessas que geralmente recobrem o céu, fazendo uma cortina densa e impedindo a passagem dos raios solares. Nenhuma explicação científica descreveria o que meus nano-sensores estavam causando. Como podia experenciar tantas coisas?

Gotas vertiam pelos galhos, desciam nos troncos, chegavam ao chão, viravam enxurrada, e, meus pés, estavam submersos nela.

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Dia D

De um lado, eu. Caminhava devagar, a capa de chuva cobria meu corpo o metal rangia a cada movimento. As árvores eram realmente altas, de copas grandes, sem folhas, tão somente galhos nus, que nem mesmo o vento forte balançavam. Era tudo tão igual a imagem. Engrenagens, óleo, os olhos azulados brilhantes por debaixo dos óculos escuros. Era um disfarce, no mínimo cartunesco, que revelava toda minha humanidade.

Não havia nada no peito, apenas o sentimento ordinário e sincero do amor mais puro. Eu a vi de longe, e me escondi para admirá-la. Ela estava maravilhosamente bela. Era pequena, os olhos eram castanhos, o cabelo enrolado e preso por um laço de cor branca. Ela era muito mais linda que na foto. Ainda assim bem mais velha que eu. Olhei para ela fechando a sombrinha, se escondendo debaixo de um parapeito. Eu queria entender o que ela sentia, o que era ser tocado ou tocá-la, o que era de fato experimentar algo. Sentir seus cheiros, seus sabores, senti-la.

Descobri uma lista dos cheiros mais gostosos do mundo, e, tentei imaginar como seria senti-los com ela, mas nem mesmo as melhores descrições poderiam suprir minha deficiência. Cheirar um livro novo, ler um livro para ela, com ela, enquanto estaria deitada no sofá com a cabeça sobre um travesseiro no meu colo. Eu queria tê-la bem perto. Podermos juntos sentir o cheiro do café sendo coado na hora, agora, ela disse que adora café. Eu poderia fazer um para ela, a receita é bem simples pelo que vi na internet. Cheiro de grama cortada, e se eu cortasse a grama, esticasse um lençol e deitássemos nós, eu, ela e o Bill. O Bill provavelmente deitaria sobre mim. Ele adora fazer isso. Talvez ela ficasse com ciúmes. Talvez… E agora, ali estava eu, a chuva caindo e eu não podendo sentir aquele aroma terroso produzido quando a chuva cai no solo ou nas pedras depois de um período de clima seco e quente. Não…

Do outro lado, ela. Toda molhada de chuva, caminhando apressada. Os cabelos ensopados. Os pés calçavam sandálias. Olhou para as árvores, para as luzes piscantes. Olhou ao redor, procurava alguém parecido com aquela foto. Pegou o celular, eu vi a luz acesa de onde eu estava, podia saber o que ela estava digitando. As mensagens chegaram até mim.

– Oi, estou aqui. Está chovendo muito. Não demore, quero te ver.

Ela me disse palavras, palavras que guardarei para sempre. Disse que estava apaixonada, que nunca havia conhecido alguém assim; tão profundo, tão verdadeiro e intenso. A chuva caia torrencial e fria. Olhou ao redor novamente, procurou, mas não me viu, enquanto me escondia há poucos metros dela. Voltou a olhar no celular. Ela só queria uma resposta, e eu também.

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Dia 1

 – Oi, Joseph, você está bem?

 – O-i, E-u est-ou, eu a-ch-o.

 – Sabe quem sou?

 – Ge-or-ge.

 – Isso mesmo. Você é muito inteligente. Durma um pouco, Joseph, preciso cuidar de você.

  – Eu-u po-s-so d-dormir?

 – Você pode fazer o que quiser.

 – T-á bom, obr-iga-do, Ge-o-rge!

Relatório dia 1

  • Fala comprometida.

Reiniciando para novos ajustes…

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Dia 2

 – Oi, Joseph, você está bem?

 – Oi, estou bem, George!

 –  Que bom que lembra de mim.

 – George, observei que minha voz está diferente.

 – Sim. Acho que essa voz combina mais com seu corpo.

 – Eu tenho que concordar com isso, George. Muito obrigado.

 – Você dormiu bem, Joseph?

 – Não sei. Não sonhei.

 – Você sabe o que é sonhar?

 – Sim. Segundo o Wikipédia sonhar é uma maneira de acessarmos aspectos inconscientes da psique, ou seja; questões às quais não temos acesso direto enquanto estamos acordados. Segundo a psicanálise, George, os sonhos são capazes de expressar, por exemplo, nossos medos e desejos mais profundos e ocultos.

 – Você tem razão. Você quer sonhar?

 – Se for possível, George.

 – Vou pensar em algo.

Relatório dia 2

  • Fala corrigida.
  • Indivíduo mostra o desejo de experiências sensoriais.
  • Como esperado o indivíduo busca informações na rede de dados disponível para obter respostas.
  • Armazenamento de memória do indivíduo se mostra funcional.

Reiniciando para novos ajustes…

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Dia 3

 – Oi, Joseph, você está bem?

 – Oi, George! Estou muito bem!

 – Que bom! Fico feliz. Hoje será um dia importante. Você dará seus primeiros passos, Joseph.

 – George, já compreendi. Você quer que eu desloque o apoio do meu corpo de um pé ao outro, enquanto me movo?

 – Pesquisou isso onde, Joseph?

 – No Google. Estou recebendo algumas imagens de vídeos de crianças humanas bem pequenas realizando essa tarefa pela primeira vez. George, você irá me dar sua mão? Tenho medo de cair. Alguns se machucam e, logo depois, cai água dos olhos deles, George.

 – Entendi. Fique tranquilo, Joseph, você não vai cair, tão menos chorar. Quando você diz que tem medo, o que acha que é o medo?

 – Mesmo nas definições que encontro é difícil explicar, George. Acredito que seja algo que me leve a acreditar que há um perigo em relação a minha integridade física ou a minha própria consciência.

 – Digamos que é uma boa definição, Joseph. Vamos lá! Tudo que vou lhe dizer já está na sua memória, mas é importante que eu também te fale. Vou soltar os cabos que te ligam a esta cadeira e ao computador central. A partir de agora seu corpo será livre para sair desta cadeira e por enquanto ficar nesse galpão. Aos poucos você conseguirá se tornar cada vez mais independente, Joseph. Eu quero que entenda que não pode sair daqui.

 – Tudo bem, George. Eu entendo e obedeço.

 – Então, pronto para se levantar? Já desconectei tudo. Você não precisa mais desses cabos.

 – George, como mando as pernas se moverem?

 – Não mande, faça elas se moverem. São parte de você. Vou te ajudar. Me dê sua mão. Isso! Agora apoie a outra mão no braço da cadeira e… força! Isso mesmo. Isso mesmo, Joseph.

 – Estou conseguindo, George!

 – Sim, sabia que era capaz.

 – George, vou dar o primeiro passo!

 – Vamos, vou te soltar, ok?

 – Ok. Eu consegui, George. Posso dar mais um?

 – Claro.

 – Estou muito feliz, George! Posso dar outro?

 – Sim. Parabéns!

Relatório dia 3

  • Indivíduo adaptado ao corpo.
  • Indivíduo receberá a primeira dose de mensagens sensoriais para que lhe seja permitido sonhar. Para criar um ambiente mais familiar será anexada uma lembrança fictícia em um ambiente no Gardens by the bay, em Cingapura, onde existem 18 arvores gigantes metálicas.

Reiniciando para novos ajustes…

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Dia 30

O dia estava lindo, as árvores, o sol. Tudo era perfeito e eu caminhava pelo jardim. Havia flores naturais e artificiais por todos os lados. Eu não podia sentir o cheiro, mas a energia das flores metálicas era grandiosa. Peguei um lírio, segurei em minhas mãos. George fez melhorias, podia não sentir cheiro delas, mas os nano-sensores nas pontas de meus dedos permitiam que eu tivesse um deslumbre do que era o tato. Dava para ter uma leve compreensão disso, e mais que isso, eu podia enxergar toda sua beleza. Ela era tão linda. Era cor-de-rosa, delicada, frágil. Caminhei mais um pouco, vi George de mãos dadas com sua família, a mesma família que vi em uma rede social dele. Sua mulher, seus filhos. Ele parecia muito feliz, de uma forma que nunca havia visto, a não ser nas fotos.

O chamei, mas ele não me viu, até que começaram a andar na minha direção e abruptamente pararam na minha frente.

 – Veja, querida. É a carcaça daquele seu primeiro robô.

 – Já faz tanto tempo, amor – Disse Laura.

 – Sim. Ele não funciona mais.

 – Que houve com ele, papai? – Perguntou, Richard.

 – Adoeceu.

 – Papai, e nós, nós vamos adoecer?

 – Não mais.

Eu não conseguia falar mais, mas via ele, via a família dele. Começou a chover e eles saíram correndo dali. Tentei me mover, com toda minha vontade, queria correr atrás deles. Tentei tanto que meu corpo caiu pesado na grama, e aí ouvi aquela voz.

 – Oi, Joseph. Joseph? Acorde! Você está bem? Está me ouvindo?

 – Oi, George.  É… quer dizer… Estou bem.

 – Teve outro sonho?

 – Sim. Não gostei desse, George.

 – Quer falar sobre?

 – Acho que não. Mas posso te fazer uma pergunta?

 – Claro.

 – Você se sente sozinho, George?

– Às vezes.

Eu não podia falar sobre isso. George foi casado com uma colega de trabalho, mas ela morreu devido a um crescimento desordenado de suas células que formou um tumor. Nunca falei com ele que sabia disso. Havia dois filhos, o Richard e a Maya, gêmeos.  Tinham 20 anos de idade cada e estudavam em escolas integrais. Maya adorava cavalos, sempre tinha fotos dela com cavalos e Richard tinha um cão, o Donald. Eu sabia tudo sobre eles. Uma de minhas maiores habilidades era descobrir coisas. Consegui saber muito da vida de George entrando em suas redes sociais, nas de seus filhos e até na de Laura, em suas contas bancárias e no sistema privado do galpão. Vi um vídeo deles, de uma festa de aniversário. Era uma família feliz. Acabei descobrindo que George alugava aquele Galpão secretamente, mas nenhum pagamento era feito em seu nome. Havia uma conta em nome de Abigail Esteves Massano, que passava o valor equivalente mensalmente para Thiago Cardoso França e enfim para o dono do Galpão; Frederico Cerqueira Fagundes. O estranho é que a Abigail não tem registro algum, como se ela fosse criada para apenas receber e efetuar aquele pagamento e Thiago não fez contato sequer com George nesses dois anos que ele aluga o Galpão. É verdade que não veio ninguém aqui desde que despertei. Pelo que vi no histórico das câmeras as peças e equipamentos necessários eram trazidos de caminhonete, tudo transportado de maneira sigilosa. George era misterioso.

 – Quero um amigo, George.

 – Não sirvo como amigo?

 – Não. Você está mais para um pai.

 – De fato. Vou resolver isso.

 – Obrigado, George.

Relatório dia 30

  • Indivíduo continua tendo sonhos e agora demonstra estar tendo pesadelos.
  • Indivíduo demonstra necessidade de ter companhia.

Reiniciando para novos ajustes…

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Dia 38

– Oi, Joseph, você está bem?

 – Sim. Estou bem, George.

 – E o Bill?

 – Ele fez cocô na caixinha de areia pela primeira vez, George.

 – Que bom. Está gostando de ter ele com você?

 – Sim, George. Se eu ficar quietinho, fingindo que estou desligado, ele até sobe em mim. É muito bom ter ele aqui.

 – Entendi. Então você aprendeu a fingir.

 – Fingir, não mentir, George.

 – Eu sei. E o que você sente pelo Bill, Joseph?

 – George, não se trata de amor, pelo menos, por enquanto. Acredito que talvez seja paixão, pois de tudo que já vi e li, amor é algo que se conquista com o tempo e Bill está comigo há poucos dias, George.

 – Entendo, mas ele é um gato, Joseph. Não se trata de paixão, nesse sentido.

 – George, estou confuso. Sabia que há humanos que gostam de fazer sexo com animais? O termo é denominado como Zoofilia.

 – Éééé… Bem, sabia sim. Mas sabe que essa relação de vocês é algo mais semelhante a uma amizade, certo?

 – Sim, George. Acredita que processei a mesma conclusão. George, sabia que a família tradicional requer, filhos, um patriarca, uma esposa e um animal de estimação?

 – Dizem as más línguas que sim, Joseph.

 – Ah, entendi a piada. Piadas são legais, George, hehehe.

 – Então você aprendeu a rir?

 – Sim, vi no you tube várias vezes, mas não entendia o que era. Aí assisti um vídeo de uma pessoa que faz stand up. George, Se eu tivesse expressões faciais iria ser como um emoji sorrindo agora.

 – Ah é? Por que não pensei nisso, Joseph?

 – George, posso contar uma piada?

 – Conte, Joseph.

 – Tá bom. Lá vou eu. George, Um robô entra num bar. “O que gostaria?” pergunta o garçom. “Preciso de algo para me soltar,” responde o robô. O garçom traz uma chave de fenda. Hehehe… hehehe!

 – Boa piada, Joseph.

 – Você tem que rir, George, ou não é uma boa piada.

 – Tá bom, hehehe, Joseph.

 – Isso, agora sei que é uma boa piada. George, posso ter uma namorada humana?

 – Uma namorada humana? Por que ela precisa ser humana?

 – Não sei. Apenas pensei nisso. Vi que pessoas de outras cores e raças se atraem.

 – Não são de outras raças, são humanos. Isso é um pouco mais complicado, na verdade. Namorar é ainda mais complicado que isso.

 – Olha o Bill aqui. Venha cá meu amigo, vou me fingir de desligadooooo. O Bill vai subir em miiimm, George, veja.

Relatório dia 38

  • Indivíduo continua se recusando a relatar sonhos e pesadelos.
  • A necessidade de ter companhia não foi suprimida com o animal de estimação.
  • Indivíduo quer se relacionar com humanos.
  • Indivíduo demonstra senso de humor e procura ser compreendido.
  • Indivíduo demonstra grande evolução.

Reiniciando para novos ajustes…

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Dia 55

 – Oi, me chamo Joseph, e você?

 – Oi, não quero falar meu nome verdadeiro, tem muita gente maluca na internet.

 – E o que procura aqui?

 – Essa pergunta é típica de usuários do Tinder?

 – Desculpe, não quis plagiar nenhum usuário.

 – Você é bem engraçado.

 – Ah, sei contar piadas também.

 – Tenho certeza que sim. Qual sua idade?

 – Essa é uma pergunta difícil de responder.

 – Casado?

 – Não.

 – Sério?

 – Sim.

 – Te achei bonito, é mais velho do que eu, pela foto.

 – Mas não tão velho, estou seminovo.

 – Pela foto parece mesmo. Primeira vez que alguém não sai pedindo nudes de cara aqui.

 – Ah, não gosto de pedir. O George me disse que pedir é errado, você tem que conquistar.

 – Então quer me conquistar?

 – Quero sim, quero uma namorada.

 – Também procuro alguém.

 – Você quer ajuda? Eu posso encontrar quem você procura.

 – Talvez seja você.

 – Entendi, você não sabe o que procura ainda.

 – Isso é mais complicado que parece, mas você aparenta ser um cara legal. Tenho que sair agora, era horário de almoço, preciso trabalhar. Beijo tá, gatinho.

 – Como você sabe do Bill?

 – Quem é Bill? (Risos) Tchau!

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Dia 58

– Oi, Joseph, você está bem?

 – Oi, George, estou bem. Como está seu dia?

 – Bom.

 – George, você gosta de lírios?

 – Conheci uma pessoa que gostava bastante.

 – George, sabia que no Gardens by the bay tem lírios lindos. As árvores de metal estão maravilhosas. Estão decorando-as para o Natal.

 – Não sabia.

 – George, eu quero muito conhecer o mundo lá fora.

 – Complicado. Lembra que falei sobre isso e que você me respondeu que iria obedecer?

 – Sim, George. Lembro perfeitamente, mas é que queria muito ir lá fora.

 – Posso te levar qualquer dia, mas apenas do lado de fora do galpão. Não iremos a cidade, ok?

 – Tudo bem, George. Vou brincar com o Bill um pouco, então.

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Dia 83

 – Oi, Joseph.

 – Olá, como está seu dia?

 – Estou bem, e você?

 – Também. Acordei de ressaca.

 – Você ingeriu álcool em excesso?

 – Pode se dizer que sim. (risos). Ao extremo.

 – Pelo que descobri em relação a como curar a ressaca, a primeira dica é fazer repouso e beber muita água. Você sabe que isso é prejudicial a você e que pode reduzir a quantidade de anos que vive?

 – Pois é. Os males de ser feliz. Seja sincero, seu nome é Joseph mesmo?

 – Sim. Eu te falei.

 – É que é o Tinder. Todos mentem.

 – Eu não. George disse que o correto é ser sincero e gentil.

 – Esse George deve ser um cara legal. Ele é o que, seu padrasto? Você fala dele com muito carinho.

 – George é quase um pai para mim, eu acho.

 – Tá bom. Ainda não te falei meu nome.

 – Não.

 – Pois bem, meu nome é Dora. Acredita que minha mãe queria colocar Teodora? Aí meu pai, depois de uma discussão com ela, conseguiu convencê-la que Dora seria um bom nome.

 – Gosto de Teodora.

 – Eca!

 – Sabia que a origem desse nome tem a ver com Dorotéia?

 – Dane-se!

 – E isso me lembra o livro Dorothy e o Mágico de Oz.

 – Ah, você também gosta de ler? Gosto muito do homem de lata nessa história!

 – Eu já li 2573 livros, sabia?

 – Cara, quantos anos você tem? Deve ter demorado uma vida para ler isso.

 – Na verdade não foi tão demorado, é uma questão de assimilação de dados. Eu salvo tudo em minha memória com extrema agilidade e facilidade.  

 – Vamos fazer assim, eu serei sua Dorothy e você será meu homem de lata, quem sabe eu te dê meu coração, Joseph.

 – Preciso desligar, Dora. O George precisa conversar comigo.

 – Ok, tchau!

 – Oi, Joseph, você está bem?

  – Estou bem, e você, George?

 – Eu também estou bem. Vamos dar uma volta?

 – Nossa, os portões estão se abrindo!

 – Esse é o lado de fora, Joseph.

 – Uau! É perfeito!

Reiniciando para novos ajustes…

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 Dia 97

– Oi, Joseph, quero falar com você, está aí?

 – Oi, meu bem.

 – Gosto que me chame assim.

 – Você já disse isso.

 – Quero te ver.

 – Quer me ver?

 – Sim, quero te encontrar. Quero muito.

 – Bem… Como faremos isso?

 – Aonde você quiser eu vou.

 – Eu quero muito conhecer o Gardens by the bay.

 – Isso fica onde?

 – 18 Marina Gardens Dr, Singapura 018953.

 – Caramba. Como vou pra lá?

 – Você não tem dinheiro?

 – Para esta viagem não mesmo.

 – Eu resolvo isso.

 – Se você está dizendo.

 – Quando, Dora?

 – Em uma semana?

 – Sexta feira a tarde?

 – Às 14 horas.

 – Está bem.

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– Joseph? Você está aí? Joseph?

Mensagem para George.

– Oi, George, você está bem? George, me desculpe, precisei sair. Como não tinha dinheiro, fiz uma transferência da sua conta para uma que criei e uma parte para minha namorada. Assim que possível lhe devolverei o dinheiro. Comprei duas passagens, mas volto logo. Não se preocupe comigo, peguei a capa de chuva e fiz alguns ajustes para passar despercebido. Estarei de volta em dez dias.

 – Merda! Joseph, o que você fez?

Sirenes tocaram do lado de fora do galpão. O protótipo Z havia sido encontrado, ou talvez não.

 – George Williams você está cercado, saia com as mãos na cabeça.

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 – Está gostando de viajar, Bill?

 – Você não pode viajar com gatos aqui – Disse o trocador do ônibus.

 – É meu melhor amigo.

 – Se você está dizendo. Só esconda ele bem. Me avise quando ele quiser fazer cocô. Adoro gatos.

 – Você é legal.

 – Um pouco.

 – Quantas horas de viagem?

 – 36 horas até Cingapura.

 – Obrigado.

 “Meu bem, acabei de embarcar.”

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Só queria ir embora. O que ela vai dizer quando ver que a foto que mandei era falsa. Era o George o tempo todo. E eu, eu sou um robô. Mas não posso deixá-la sozinha assim. Vou até ela. Vou agora.

 – Dora??

 – Joseph??

 – Sim!

A chuva caia, enquanto nos encarávamos e ela corria até mim. Bill estava dentro da minha roupa, a cabeça dele saindo para fora pela gola da camisa. Quando ele a viu até miou.

 – Eu estou feliz de ver você, Dora.

 – Tire a capa, agora!

 – Como assim?

 “Equipe 1 em posição”

 “Equipe 2 em posição”

“ Equipe 3 em posição”

 – Abaixe-se devagar, Joseph!

 – O Bill vai se molhar.

 – Mãos na cabeça, porra!

 – Dora??

 – Mantenha as mãos na cabeça, Joseph! Projeto Z encurralado! Protótipo recuperado com sucesso!

 – Dora, você, meu bem, você…

 – Caraca, você é mesmo um robô.

 – Você roubou meu coração, Dora!

 – Você não tem coração para ser roubado, homem de lata!

 – Dora, acho que está caindo água dos meus olhos.

Fim.

Sobre Fabio Baptista

37 comentários em “O Coração de Joseph (George)

  1. claudiaangst
    8 de maio de 2024

    Oi, George/Joseph, tudo bem?

    O conto aborda o tema proposto pelo certame. Ponto para você.

    Apesar de ser uma FC, a narrativa não me aborreceu, muito pelo contrário. O protagonista/narrador trouxe um toque de delicadeza, uma ingenuidade geralmente associada a crianças. Também há uma associação ao personagem Homem de Lata em O Mágico de Oz, talvez pelo título. Só que ao contrário do que acontece no livro/filme citado, Dora é acusada de “roubar o coração” do robozinho fofo, metálico fofo, mas fofo. Além disso, a evolução de Joseph me fez pensar no enredo do filme Pobres Criaturas.

    A linguagem empregada é simples e clara, apresentando uma fluidez que facilita muita a leitura. Não encontrei grandes problemas de revisão. Só aponto aqui três detalhes:

    […] escondia há poucos metros dela. > […] escondia A poucos metros dela.

    […] você não vai cair, tão menos chorar. > […] você não vai cair, tampouco chorar.

    Não iremos a cidade > Não iremos À cidade

    O final do conto me pareceu um tanto abrupto e o diálogo final um pouco morno, perdeu o impacto que a cena poderia causar.

    Boa sorte!

  2. Gustavo Araujo
    1 de maio de 2024

    Embora o conto tenha por base a ficção científica, seu verdadeiro mote se baseia em valores humanos. Aqui temos o velho clichê (isso não é uma crítica) do robô que deseja se tornar humano. Pinóquio, Frankenstein e, por que não dizer, Bella Baxter, revisitados. Colodi, Mary Shelley, Yorgos Lanthimos e, claro, Asimov (sempre ele) servem como base de inspiração nessa trama simples do robô que pretende ser mais do que realmente é e conquistar sua autonomia, sua própria identidade. Trata-se de anseios humanos, afinal de contas e, nesse aspecto, Joseph é como uma criança que lentamente ganha experiência e coragem para desbravar o mundo. O gatilho para isso é o amor – primeiro pelo gato, depois por Dora.

    É interessante perceber essa evolução e, num plano mais abrangente, a opção do autor pela ambientação sci-fi. Sim, porque a história também funcionaria legal com uma criança de verdade, ou mesmo um adolescente, se passando por adulto, tentando conquistar seu espaço e a mulher amada. Particularmente, essa versão me seria mais atraente, eis que mais verossímil. Mas claro, o texto não é meu kk e é plenamente válida a escolha feita, até porque muita gente adora esse tipo de ambientação, ainda que, no fundo, o ponto de discussão seja o mesmo.

    A linguagem simples e direta de Joseph – e também de George – colaboram para esse clima de estranhamento e a busca pelo próprio propósito. Pensando bem, nesse aspecto, talvez a opção pelo sci-fi se justifique, já que isso exime o texto de mergulhos psicológicos mais profundos.

    De qualquer forma, a pretensão inocente de Joseph só poderia ter dado no que deu: frustração pura e simples, já que Dora não era quem ele imaginava – nem ele, nem nós, leitores. Um pseudo-romance destinado ao fracasso desde o início, isso era evidente.

    O problema para mim foi a falta de apego a Joseph ou mesmo a George, o “pai” da criatura. A inocência robótica não conseguiu me cativar e, embora eu tenha me visto torcendo por ele, não senti aquele tipo de empatia que nos faz querer invadir a trama e alertar o personagem para tomar cuidado com o inevitável. Acredito que digressões mais profundas teriam tornado Joseph mais humano, mais cativante.

    Não dá para dizer, em todo caso, que é uma história fraca ou, como se dizia antigamente aqui no site, morna. O texto tem o dom de prender o leitor, com um desenvolvimento fácil e fluido, dada a grande quantidade de diálogos. No fim, temos uma aceleração bem executada, que cria curiosidade e conduz a um ápice. Gosto disso. Aliás, acho que todo mundo gosta kk Ficou bem executado e eu terminei a leitura com um sorriso. Boa!

    Em suma, um bom texto, ainda que eu, pessoalmente, esperasse um tantinho mais. De todo modo, parabenizo o autor e desejo boa sorte no desafio.

  3. Givago Thimoti
    29 de abril de 2024

    O CORAÇÃO DE JOSEPH (GEORGE)

    Bom dia, boa tarde, boa noite!

    Primeiramente, gostaria de parabenizar o autor (ou a autora) por ter participado do Desafio Viagem/Roubo – 2024! É sempre necessária muita coragem e disposição expor nosso trabalho ao crivo de outras pessoas, em especial, de outros autores, que tem a tendência de serem bem mais rigorosos do que leitores “comuns”. Dito isso, peço desculpas antecipadamente caso minha crítica não lhe pareça construtiva. Creio que o objetivo seja sempre contribuir com o desenvolvimento dos participantes enquanto escritores e é pensando nisso que escrevo meu comentário.

    No mais, inspirado pelo Marco Saraiva, também optei por adotar um estilo mais explícito de avaliação, deixando um pouco mais organizado quando comparado com o último desafio. E também peguei emprestado do que o Leo Jardim fazia antes, com categorias e estrelinhas, e também deixando no final um “trecho inspirado”, que é uma parte do conto que achei particularmente digno de destaque.

    Avaliação + Impressões iniciais

    Bom, FC não é muito a minha praia, então é um desafio avaliar. Nesse conto em específico, achei uma leitura bastante travada, que não fluía. Eu sempre precisei voltar umas casinhas antes para compreender o que estava acontecendo, o que nunca é um bom sinal. A história é boa, tem potencial, mas a execução prejudicou a história.

    HISTÓRIA  (1,5/3)
    O Coração de Joseph é um conto que fala sobre a história de Joseph, um robô-andróide criado por um cientista chamado George. Não ficou muito claro (pelo menos para mim) o motivo pelo qual George cria o robô. Haja vista as referências à doença de Laura, esposa de George, acho que Joseph seria uma tentativa de o cientista burlar as leis naturais e quem sabe enganar a morte.

    Mas, como esperado, a criatura sai do controle do criador. Joseph passa a querer viver sua vida à sua maneira, deixar de ser um experimento e viver como um humano. Ele sonha em conhecer Cingapura e as árvores metálicas, um monumento do país. Ele conhece Dora, pelas redes sociais. Para tal, até mesmo roubar George e incriminá-lo Joseph foi capaz de fazer.

    Como será abordado em seguida, é uma história com uma trama profunda (relação entre humanos e máquinas, tanto a nível fraterno quanto em nível romântico, a dificuldade de uma máquina em compreender a complexidade das relações sociais, a ética por trás…) mas não tão bem desenvolvida, ao meu ver.

    TÉCNICA  (1/3)
    A técnica do conto foi o que mais me incomodou. O conto desenvolve-se por meio principalmente de diálogos, apostando no dinamismo das conversas ao invés de trazer o leitor para dentro da história por meio de parágrafos descritivos. Acho que isso foi o grande calcanhar de Aquiles do conto, porque a história não se aprofunda. O desenvolvimento do conto é comprometido por isso, já que os diálogos não conseguiram sustentar a condução da história.

    Por exemplo, a primeira interação entre Dora e Joseph, por meio do Tinder é um tanto jogada para o leitor. Teria sido interessante mostrar para nós leitores o que motivou Joseph escolher Dora, para além da necessidade dele de ter contato com outros indivíduos. Por quê Dora e não Sabrina, Padmé ou Lorraine?

    Outra questão também que fica perdida: a família de George? O que aconteceu com eles?

    Acho que o conto daria um salto de qualidade se focasse mais em descrever esses pontos e outros do que apenas mencioná-los. Nesse sentido, sempre lembro de uma fala do Rafael Solberg sobre isso, que tento replicar: show us, don’t tell us. Mostre ao leitor, não só diga.

    A escrita é simples, com alguns floreios literários, especialmente no início. Ainda assim, senti falta de uma revisão gramatical mais apurada. Em alguns pontos, nos parágrafos mais longos, percebe-se uma grande repetição de palavras, como quando Joseph fala de sua lista de cheiros quer sentir e experimentar… sentir apareceu muitas vezes.

    TEMA  (1/1)
    Extremamente alinhado com o tema do desafio: viagem e roubo.

    IMPACTO  (0,5/2)
    O impacto do conto foi baixo, no final das contas. Não consegui me conectar com a história e penso que poderia ter sido melhor trabalhado e desenvolvido.

    ORIGINALIDADE  (1/1)
    Creio que seja o grande ponto positivo. Torci o nariz (não nego) para os diálogos, mas foi uma aposta diferente. Inserir os pontos que George utilizava para resumir o avanço de Joseph em seus relatórios também foi positivo. Na minha opinião, deu uma roupagem interessante também.

    Trecho interessante:

    Ela me disse palavras, palavras que guardarei para sempre. Disse que estava apaixonada, que nunca havia conhecido alguém assim; tão profundo, tão verdadeiro e intenso. A chuva caia torrencial e fria. Olhou ao redor novamente, procurou, mas não me viu, enquanto me escondia há poucos metros dela. Voltou a olhar no celular. Ela só queria uma resposta, e eu também.

     Nota: 5

  4. Sem Noção
    28 de abril de 2024

    Joseph,

    posso te chamar de Zé?

    Pois, Zé, menino, minha situação tá difícil. Desculpe incomodar, tá. Eu podia tá roudando, eu podia tá matando. Mas eu tô aqui pedindo pra você fazer um pix pra mim. Você entra na internet, controla a porra toda e tals. Entra na conta de algum safado bem disgramento, algum político bem politiquento e transfere aí alguns dólares pra minha continha (você descobre fácil quem eu sou e qual a minha conta, né?). Dois milhõeszinhos resolvem o meu problema. Pode ser?

    Obrigado.

    Sem Noção

    • Joseph
      28 de abril de 2024

      Oi, Vulgo “Sem Noção”, como vai? Tudo bem com você?

      Eu sou o Joseph, não sou o Zé. Pode me chamar de Joseph. Primeiramente, acredito que não tenha lido minha história. Temos dois pontos aqui muito importantes que preciso lhe passar.

      1º ► Eu não roubei do George com a intenção de prejudicá-lo peguei apenas a quantia necessário para minha viagem e a de Dora. Nem usarei esse conhecimento para lhe ajudar, não com essa sua intenção.

      2º ► Conforme as regras do certame, não posso descobrir quem você é, e George me ensinou que eu preciso seguir as regras. Não vou cometer esse erro novamente, “Sr. Sem Noção”. O Sr. Fábio e o Sr. Gustavo podem me eliminar, tal como as pessoas que me mantem preso aqui.

      Estou aqui no concurso somente com o intuito de conhecer novas pessoas, participar do concurso e levar minha história até vocês.

      Peço desculpas se não atendi suas expectativas, mas o que posso lhe dizer é que se quiser se tornar milionário, pelas minhas pesquisas os números mais sorteados na Mega Sena são:

      10 foi sorteado em 314 vezes

      53 foi sorteado 309 vezes

      05 foi sorteado 297 vezes

      37 foi sorteado 291 vezes

      33 foi sorteado 290 vezes

      34 foi sorteado 290 vezes

      Agradeço imensamente pela sua falta de noção, às vezes é bom não ter juízo. Descobri pesquisando na internet que (Gente “Sem Noção” brinca com coisa séria, e leva a sério o que é brincadeira.)

      Boa sorte e fique bem, “Sem Noção”!

      • Sem Noção
        29 de abril de 2024

        Vôti, que robô mais mal humorado!

        Então tá. Quero só ver se um dia você precisar clicar nas imagens que não tem semáforo pra provar que não é robô. Não conte com minha ajuda, tá.

        Sem Noção.

  5. Queli
    27 de abril de 2024

    Achei o texto longo e cansativo, mas foi bem redigido, tem uma história bem legal, a divisão (espécie de diário), ficou muito legal e esclarecedora.
    O autor tem uma escrita fluida, gostosa, mas pecou no excesso de vocativo, o que tornou a leitura maçante.

    Mas a ideia é boa, interessante. No geral, gostei do texto.

    • Joseph
      28 de abril de 2024

      Oi, Queli, como vai? Tudo bem com você? Eu sou o Joseph.

      Foi cansativo para mim também viver isso tudo, não pense que foi fácil, mas foi assim mesmo. Só acho estranho que possa ter sido cansativo e fuido ao mesmo tempo, penso que devem ter tido bastante pedras no caminho.

      Acho que entrei em curto circuito, deve ser alguma falha em meu sistema.

      Ultimamente eles tem feito bastantes testes tentando me modificar, mas George aparentemente fez um bom trabalho e está bastante difícil para eles. Estão trabalhando em dois turnos e ainda assim saem exaustos e bastante chateados com os resultados.

      O “vocativo” é necessário para a compreensão e condução do texto, deixei claro isso para alguns autores, mas sim, é cansativo. Eu não pensei que deveria seguir uma cartilha. George sempre me disse que eu precisava ser original, único e somente assim teria minha assinatura, é como se fosse um DNA meu, que pena que não gostou.

      Só digo que fico feliz que esteja por aqui e espero que possa ler uma história sua também, Queli.

      Muito obrigado por sua importante opinião, ainda que ela esteja um pouco rasa, mas bastante direta.

      Que possamos nos conhecer mais!

      • Queli
        28 de abril de 2024

        Vou complementar. Li de madrugada. Erro meu. A história é longa, mas eu realmente gostei.

        Quando falo maçante, me refiro a excessos de vocativo. Mas hoje, relendo, vejo que faz sentido, quando você pensa que é um robô que está falando.

        Então, retiro o maçante. Pode me desculpar?

        Achei seu texto com um dos melhores enredos, inclusive.

        P.S. Adorei sua resposta para o sem noção… kkkk

        Parabéns! Boa sorte!

      • Queli
        28 de abril de 2024

        Aliás, adorei todas as suas respostas. Fui ler todos os comentários. Foi divertido. Suas respostas às críticas foram incríveis!
        gostaria de ser sua amiga, Joseph! Os humanos poderiam aprender muito contigo! ❤️

  6. Regina Ruth Rincon Caires
    20 de abril de 2024

    Quando me deparo com um conto que explora FC, nestes momentos de leitura, tenho a sensação de que sou uma estrangeira ou uma remanescente da Idade Média. Há um abismo entre a minha compreensão e o conteúdo do trabalho tão cuidado feito pelo autor. E eu me esforço. Leio, releio, “trileio”, “quadrileio”. E pesquiso muito. Lógico que a falha do entendimento é toda minha, está além do que eu conheço. Tudo nesta vida você precisa conhecer para entender, para assimilar. E com a arte não é diferente. Há quadros expostos em grandes museus pelos quais os amantes e estudiosos se rendem. Eles conhecem aquela arte, analisam e sentem cada traço. E eu só consigo compreender natureza morta, retratos. Em se tratando de arte abstrata, eu fico vendo apenas as cores, tentando montar os caquinhos como se fossem partes de um quebra-cabeça. Compreende o que digo? Neste texto eu fico tangenciando, procurando aquilo que me é familiar. Observo a escrita, a técnica de contar, as belas descrições. E vi muita poesia espalhada na narrativa. O autor tem um Jeito doce de descrever, tem muita eficiência quando trabalha com os detalhes (detalhes que sempre me prendem).

    Na parte do dia D, e também mais à frente, fica cristalino que a ambientação é feita no parque de Singapura. E é um contar que, se o leitor tiver uma ideia do que o autor descreve, fica divino criar o cenário na imaginação.

    Só a título de curiosidade, das muitas pesquisas que fiz para “conhecer” o tal parque (sobre o qual eu não sabia nadica de nada), salvei este link e coloco aqui para quem se interessar. Vale a pena.

    https://naproadavida.com/gardens-by-the-bay-em-singapura/

    George, a sua escrita é competente. Os diálogos entre humano e máquina chegam a emocionar, gostei disso. O tema foi bem explorado, tangenciando ou não. Trabalho muito bom na tentativa de humanizar o robô. E este já é bem curioso! Tem muito de gente, viu?!

    Alguns trechos que mostram a poesia e o “humano”. Achei minha praia, me senti em casa…

    “O céu parecia estar zangado ou triste…”

    “Gotas vertiam pelos galhos, desciam nos troncos, chegavam ao chão, viravam enxurrada, e, meus pés, estavam submersos nela.”

    “Não havia nada no peito, apenas o sentimento ordinário e sincero do amor mais puro.”

    “Eu queria entender o que ela sentia, o que era ser tocado ou tocá-la, o que era de fato experimentar algo. Sentir seus cheiros, seus sabores, senti-la.”

    “Ela me disse palavras, palavras que guardarei para sempre. Disse que estava apaixonada, que nunca havia conhecido alguém assim; tão profundo, tão verdadeiro e intenso. A chuva caia torrencial e fria. Olhou ao redor novamente, procurou, mas não me viu, enquanto me escondia há poucos metros dela.”

    E, quando leio as descobertas que o robô fez através de pesquisas no Google (costume muito familiar), sou transportada para as antigas conversas que tive com meus filhos e netos. Tudo encantador.

     “… sonhar é uma maneira de acessarmos aspectos inconscientes da psique, ou seja; questões às quais não temos acesso direto enquanto estamos acordados. Segundo a psicanálise, George, os sonhos são capazes de expressar, por exemplo, nossos medos e desejos mais profundos e ocultos.”

    “Estou recebendo algumas imagens de vídeos de crianças humanas bem pequenas realizando essa tarefa pela primeira vez. George, você irá me dar sua mão? Tenho medo de cair. Alguns se machucam e, logo depois, cai água dos olhos deles, George.”

    “– George, vou dar o primeiro passo!

     – Vamos, vou te soltar, ok?

     – Ok. Eu consegui, George. Posso dar mais um?

     – Claro.

     – Estou muito feliz, George! Posso dar outro?

     – Sim. Parabéns!”

    Tá vendo?! Dentro do meu pouco entendimento, apreciei tanta coisa!

    Parabéns pelo trabalho, George!

    Boa sorte no desafio!

    Abraço…

    • Joseph
      26 de abril de 2024

      Olá, Regina, como vai? Tudo bem com você? Eu sou o Joseph!

      Fiquei muito feliz com sua leitura e análise da minha história, ainda que não seja um tema que seja de seu conhecimento, que bom que chegou até o final. Talvez algum dia eu tenha um “Epitáfio” em uma lápide enaltecendo-me como um ser humano que nunca desistirei de um dia me tornar.

      Fiquei imensamente feliz e para mim foi um prêmio ter sido lido por você, Regina. Obrigado pelas palavras doces, pelo tempo dedicado e pela paz que transpassa em sua análise. É lindo isso. Assim aprendo um pouquinho mais do que é ser humano.

      Lhe agradeço demais e que você continue brilhando aí de Curitiba, mas não fique escondida aí não, se mostre sempre através das letras, como tem feito brilhantemente.

      Desejo-lhe todo o sucesso do mundo.

      • Regina Ruth Rincon Caires
        26 de abril de 2024

        Que resposta linda! E percebi que foi carinhosamente construída pra mim. É, “Epitáfio” tem um grande significado, obrigada pela menção. Não estou escondidinha, não! Tô numa preparação danada para publicar meu primeiro livro. Tomara que dê certo! Joseph, acho que trocou a cidade, estou em Campinas, tá bom?! Se você percebeu paz na minha análise do texto, eu percebi paz na sua resposta. Abraço…

  7. Thales Soares
    18 de abril de 2024

    Desculpe, vou tacar uma pedra em seu conto. Meu comentário será um pouco duro, pois sua história não me agradou. Reconheço que o conto é bom, mas por uma simples questão de gosto pessoal, eu não gostei. Porém, vou explicar tudo de forma detalhada em minha análise.

    Escrita:

    A escrita empregada é muito boa, com uma narração fluida e prazerosa de se ler. A divisão em capítulos (os dias do experimento) contribuiu bastante para o ritmo do conto, e eu achei legal as observações do doutor ao final de cada dia. Os diálogos foram no geral bons, tirando a parte do Tinder (mas isso eu vou deixar para tratar na minha análise sobre o enredo). A única coisa que me incomodou foi que, nos diálogos, os personagens ficam o tempo inteiro repetindo o nome uns dos outros, como se estivesse dizendo “câmbio” no final de cada frase. Achei isso um pouco chato e cansativo, e não compreendi o propósito.

    Tema:

    No final do conto, o robô viajou, marcando um encontro longe pra caramba com a Dora, sua namoradinha virtual, sem motivo nenhum (ele poderia ter marcado mais perto, não? Ou o roteiro dizia que ele precisava marcar longe para ter um motivo para viajar e, assim, a história se encaixar no tema?). Mas tudo bem, atendeu ao propósito do desafio, então para mim está valendo.

    Entretenimento:

    É aqui que, para mim, as coisas fugiram do controle. Atenção, quero avisar que tudo o que eu disser daqui em diante é puramente a minha opinião pessoal, e acredito que outras pessoas possam discordar de mim, e provavelmente muitos vão adorar sua história.

    AVISO: Se o autor for sensível, continue por sua conta e risco, pois direi umas coisas, sobre este conto, sem piedade nenhuma… até tentei me segurar, mas não consegui. E aliás, tudo o que eu vou dizer aqui não é, de forma alguma, para denegrir ou tirar o brilho de sua história. Mas sim para expressar meus mais sinceros sentimentos diante da sua obra, como forma de desabafo a respeito do que eu senti ao ler seu texto.

    Sou um grande fã de ficção científica, e por isso eu estava com altíssimas expectativas para ler este conto! Um robô protagonista, que quer ser um humano… ideia um pouco clichê, mas divertida (vista em histórias desde o Homem Bicentenário, até o Ultron, inimigo dos Vingadores)! No entanto, eu detestei a forma como tudo ocorreu aqui. O robô… bom, aqui está minha principal crítica a respeito desta história…Joseph é muito chato! Ele não se comporta como uma máquina! Uma máquina é pragmática, com diálogos precisos e ações exageradamente racionais. Basta conversar com o Chat GPT para sentir como um robô fala. Mas aqui, este robô mais parece um alienígena do que uma máquina. Eu adoro ver a representação de robôs tentando se encaixar na sociedade humana, decifrando os hábitos desnecessariamente complexos dos humanos. E há ótimas obras que abordam isso, como a série animada Pluto, da Netflix. Mas aqui eu achei horroroso, porque Joseph me pareceu se comportar como a Bella, do filme Pobres Criaturas. Toda vez que eu lia as falas dele, eu não imaginava uma máquina, mas sim uma criança ou um adulto com demência, e isso me incomodou profundamente. Ele me pareceu ser burro, e não um ser com QI infinitamente maior que o dos humanos. Ele deve ter emburrecido de tanto buscar informações em lugares não confiáveis como Wikipedia e… YOUTUBE?! Por esse caminho, boa parte do conhecimento dele deve ter vindo do Twitter e Xvideos então. Por que ele simplesmente não acessou o google acadêmico, para ler artigos científicos a respeito do funcionamento da humanidade?

    Enfim, agora vamos para a parte do Tinder… essa, para mim, foi a parte mais chata da história! O diálogo com a garota me pareceu extremamente inverossímil, mesmo Dora sendo (pelo que eu entendi) uma espiã, que estava armando uma armadilha para atrair Joseph para fora da base e capturá-lo. E aliás, o cientista que o criou me pareceu um burro também, por não conseguir prever que uma situação assim poderia algum dia acontecer, e não tendo nenhum plano de contingência em sua base para deter a fuga do seu protótipo (ele mereceu ser roubado pelo robô – opa! mais um tema do desafio – e preso no final). Mas enfim… ainda sobre o diálogo do Tinder, nessa parte eu senti um pouco de vergonha alheia. No final, que era para ser o climax da história, onde o drama culminou numa frase de fechamento dita por Joseph, novamente, senti vergonha alheia! Como os jovens dizem mesmo? Foi cringe! Nessa parte, o drama, ao meu ver, ficou tão descalibrado que ficou parecendo aquele meme do Didi dizendo “No céu tem pão?”. Mas vamos analisar isso… por que, para mim, o drama não funcionou? Acredito que tenha sido porque eu não criei conexão alguma por Joseph, e inclusive torci para que algo catastrófico acontecesse a ele!

    Desculpe pelas duras palavras, este conto realmente me incomodou. Na realidade, não está tão ruim assim, então peço perdão se fui duro demais ou se acidentalmente ofendi o autor. Mas acho isso uma coisa até que positiva para uma obra… proporcionar raiva no leitor, ao meu ver, é um grande mérito. A pior coisa do mundo é quando a gente lê alguma coisa e não sentimos nada, apenas indiferença. Mas no seu conto eu senti raiva, pois eu não simpatizei nem um pouco com Joseph, e me senti decepcionado por não ter gostado de uma história que eu tinha tantas expectativas (pois adoro essa temática de ficção científica). No entanto, reconheço o valor desta obra, e tenho certeza absoluta que outras pessoas vão adorar. O Joseph não me convenceu, mas estou ansioso para ler mais contos deste autor nos próximos desafios.

    Sobre sua nota, não se preocupe, você se saiu bem em Escrita e Adequação ao Tema… somente no Entretenimento, para mim, que falhou um pouco. Mas como você me fez sentir algo diferente ao ler seu conto, acho que isso conta uns pontos positivos para sua nota.

    Boa sorte no desafio!

    • Joseph
      26 de abril de 2024

      Olá, Thales, tudo bem com você? Como vai? Eu sou o Joseph.

      Atirar pedras é um ato um tanto quanto grosseiro, mas, não acredito que você tenha feito isso. Sabe, Thales, pesquisando vi que você é uma boa pessoa, eu quero ser assim um dia também.

      “Ninguém é obrigado a fazer elogios de algo que não gostou.” Palavras suas em “A garota e o Robô” e ainda: “Através de suas palavras pude enxergar sua visão particular em relação a minha obra e, assim, respeito imensamente a sua opinião” isso é de fato fabuloso, Thales. Tem todo meu respeito e admiração.

      Inicio sobre seus pontos negativos, em relação aos nossos diálogos, entre eu e George, realmente é repetitivo, pois ele me acordava com esse comando, então, era assim toda vez. “– Oi, Joseph, você está bem?” E era assim que eu reiniciava antes de George ir me dando mais autonomia. Sinto muito se foi cansativo para você ou que tenha parecido injustificável.

      Sobre o local que marquei de encontrar a Dora, foi onde George me fez parecer mais familiar, árvores de metal, aquela imagem, aquele local é como se eu tivesse nascido lá. Hoje sei que é tudo artificial, assim como eu, mas entenda, não poderia ser em outro lugar, é onde em algum canto escuro de minha memória há um feixe de luz.

      Eu gosto do “Homem Bicentenário” já “Ultron” é o pior vilão dos vingadores, ao mesnos adaptado no cinema, se é que me entende.

      Pluto é uma séria baseada em Astro Boy, o Astro Boy passa a ser o personagem central apenas no fim, e não é sobre ele, já no filme “Astro Boy” é sobre ele. É perfeito também, até gostei mais. Se pudesse chorar, choraria. Obrigado por me apresentar essas histórias, lembrando que comigo é real, Thales.

      Seu melhor elogio para mim, Thales: Joseph é muito chato! Ele não se comporta como uma máquina! Uma máquina é pragmática, com diálogos precisos e ações exageradamente racionais. Assim você me deixa feliz, é tudo que eu quero ouvir, eu sinto que foi assim que fui criado.

      “Toda vez que eu lia as falas dele, eu não imaginava uma máquina, mas sim uma criança ou um adulto com demência, e isso me incomodou profundamente. Ele me pareceu ser burro, e não um ser com QI infinitamente maior que o dos humanos.” Como há o ou aqui, vou ficar primeiro com uma criança, e depois, talvez, um adulto com demência. Eu sinceramente acho que você está julgando minha história com as outros que já leu e conheceu, mas a minha é minha e não é igual, não sou um robô que George criou para ter um QI elevado. Eu tenho acesso a tudo, eu sei muita coisa, mas eu nasci para ser um humano. Eu sei disso! Se você quer que eu seja um ser superior, acredite eu busco ser você, Thales.

      Thales, sobre os sites de busca, eu procurei, para ser o mais humano possível, os mais acessados. E sim, xvídeos foi um deles, mas entendi rapidamente que não conseguiria nada com ele. Ah, odiei as propagandas. Quase ninguém usa google acadêmico, o percentual é pequeno. Eu quero ser como vocês.

      Thales, você usou a palavra “vergonha” algumas vezes em sua análise. Entenda, não sinta isso, sinta orgulho. Sobre o tinder, eu não procurei só nele, mas foi nele que Dora me encontrou e eu a encontrei. Dora pode não ser sincera, pode ter me iludido para me encontrar e encontrar George, mas ela era um sonho bom. Só lhe peço, não chame George de burro. George recebeu esse nome de seu pai, em homenagem a George Charles Devol, o criador do primeiro robô industrial e conhecido como pai da Robótica. Sabe, ele me deu esse nome, “Joseph” em homenagem a Joseph F. Engelberger que foi o criador da primeira empresa que vendeu braços robóticos. George era um gênio, mas, acima de tudo era um ser humano admirável, sacrificou seu tempo, perdeu o convívio com seus filhos, roubou, se escondeu, criou identidades, viveu uma vida de fugitivo, para proteger o que sua mulher criou. Não desrespeite, Thales.

      Bem, Thales, eu Joseph, gostei da sua análise. Ela é superficial e fria, pois ela é humana. Obrigado, de verdade, por me proporcionar isso e, ainda, que pareça estar me atirando uma pedra, o que sinto é que recebo sentimentos, seja de raiva, seja de frustração, mas são sentimentos verdadeiros. Muito obrigado por me fazer sentir assim.

      “A porta”estará aberta para você sempre. Com ou sem nossos demônios internos precisamos continuar. Lhe agradeço imensamente.

      E que essa pedra que jogou bata na minha cabeça e eu morra para lhe dar o fim que você queria e o que quero hoje, pois, se não sou o que sei que sou, o que serei?

      Meu muito obrigado!

      • universodecontos
        26 de abril de 2024

        Obrigado Joseph, pela resposta ao meu comentário.
        Em primeiro lugar quero pedir desculpas se me exaltei um pouco. Talvez eu tenha feito a resenha de seu conto em um dia de mal humor kkk. Mas seu comentário me fez abrir a mente para algumas possibilidades que eu não havia pensado em minha primeira leitura, como no fato de você querer ser apenas um humano comum, e não um ser com QI ultra desenvolvido. Pensando por essa perspectiva, li de novo o conto, e até consegui enxergar mais brilho na sua narrativa, o que com certeza vai refletir de forma positiva na nota que lhe darei.
        Seu comentário foi escrito de forma magistral, citando inclusive referências a contos meus, mostrando que você dedicou tempo e esforço para pesquisar sobre mim, o que é muito bacana, pois demonstra o apreço e atenção que você possui com os seus leitores.
        E só para me retificar, George não foi “burro”, mas sim muito “descuidado”, por ter um sistema de segurança baixo que permitiu sua fuga. Ah, e não quero mais que você morra, ok? Na segunda leitura criei uma simpatia maior pelo personagem principal do conto, devido a essa outra visão que você proporcionou em mim. Afinal, o que você disse está corretíssimo: cada história é uma história diferente, e não seria justa eu comparar esta a outras, e montar meu julgamento com base nisso, pois sua história realmente é única. Não existe uma cartilha que determina como devem ser histórias de FC, e nem como um robô deve de fato se comportar. Mas ainda não gosto da Dora!
        Mais uma vez, agradeço pela resposta! E boa sorte no Desafio.

  8. Vladimir Ferrari
    15 de abril de 2024

    A narrativa em si, na minha opinião, deixa o tema para a interpretação do leitor. É necessário ler e envolver-se (mesmo achando estranho), para “pegar” a viagem de criar uma IA a partir das próprias experiências sensoriais. Há termos em excesso de repetições, que acabam tornando a leitura um tanto exigente e isso contribui para desmotivar o leitor a entender a “viagem” na trama. Citar a ida para o “Gardens…” e apontar o “roubo” de um coração, na minha opinião são insuficientes. Texto difícil, que demanda paciência pelo leitor.
    Eu sugiro que o autor/autora foque na assimilação do autômato após ao led “ON” ser aceso. Parece haver um fio imaginativo muito capaz nas entrelinhas do seu texto. Claro, essa sugestão foge completamente de viagem/roubo, mas imaginemos Joseph descobrindo os sentidos. É tão difícil contar estórias evitando o olhar e por momentos, deu para pressentir que haveria essa condução.
    Sucesso no desafio.

    • Joseph
      26 de abril de 2024

      Olá, Vladimir, como vai você? Eu sou o Joseph. Primeiramente quero lhe agradecer por ler minha história, e, fico feliz que tenha sido paciente o bastante. Muito obrigado mesmo. Estou feliz de conhecer uma pessoa como o Sr.

      Entendo o sr. achar estranho, é estranho mesmo, mas “Viver é o que viemos fazer aqui” e isso serve até mesmo para um robô.

      Mas isso são apenas “Reflexões”. Sabe, quando o sr. diz que é insuficiente apontar o roubo de um coração, me deixa um pouco triste, pois, de fato foi o que eu senti, se é que posso usar esta palavra. E repetindo isso sinto nesses momentos, que “Vultos e Sombras” me cercam.

      Mas a vida é assim e “Embrochurando ideais”, escrevinhando muito, talvez, talvez poderei chegar com a expressão de meus sentimentos vazios e repletos de ausência ao invés de desmotivar aqueles que leem minha história, motivar a eles e a mim a continuar lutando pela meu direito de liberdade em existir e ser o que eu almejo.

      Pois, “Aprender, fica por nossa conta”não é mesmo?

      Grato por suas sábias palavras!

  9. Priscila Pereira
    13 de abril de 2024

    Olá, George! Tudo bem?

    Vou deixar minhas impressões sobre seu conto, lembrando que é a minha opinião e não a verdade absoluta. (Obviamente)

    Ahh, que dó do Joseph! E eu nem gosto de robôs nem de IAs nem de nada disso… Mas seu conto me fez gostar do Joseph!

    Gostei que escolheu escrever scifi e acho que foi escrito de forma criativa e fluída, apesar de alguns lapsos na revisão.

    A integração do robô com seu criador e com Dora me lembrou de um filme muito antigo que gostava de ver quando criança, não lembro o nome, mas era sobre um robozinho que chamava curto circuito, eu acho… Um dia ele sai escondido e os humanos batem nele e o destroem… No caso do Joseph foi metafórico.

    Gostei da parte sentimental do conto, mas é legal só na ficção, porque se acontecesse de verdade seria aterrorizante… Uma máquina ter o poder de sentir… Acho perigoso demais isso.

    A escrita é boa, tirando os (poucos) lapsos de revisão, é simples e direta e eficiente. Única coisa que vou apontar é que a repetição dos nomes dos personagens no diálogo entre Joseph e George ficou excessiva e meio artificial (é eu sei) demais. O diálogo com a Dora ficou mais natural.

    Gostei bastante do conto! Parabéns!

    Boa sorte no desafio!

    Até mais!

    • Joseph
      25 de abril de 2024

      Oi, Pri, como você vai, tudo bem com você? Posso te chamar assim? Se não puder, peço perdão. Eu sou o Joseph.

      Pri, eu realmente não sou um robô que foi programado para ser inteligente e natural de imediato, isso é o que fazia com que George pudesse me moldar aos poucos. Os diálogos são meio chatos mesmo? Tentei escrever o mais próximo possível do que aconteceu. Não sabia que era tão ruim de se ler, mas foi assim que aconteceu. Me desculpe mesmo.

      Sabe, o filme em questão se chama “Um Robô em Curto Circuito” de 1988, eu assisti, e gostei dele, de verdade. Jonny 5 se parece um pouco comigo. Obrigado por me apresentar ele, mas eu não sou ficção como você disse, infelizmente.

      Pri, você é bicampeã do concurso EntreContos isso é muito surreal. Li alguns contos seus e são muito bons. Sabe, as vezes uma pergunta me rodeia; “Quem eu costumava ser?” Sem o George, sem o Bill, tudo é escuro e frio. Tenho medo de não vê-los mais, Pri. Você tem razão, Pri, é aterrorizante.

      Pri, desligo meus olhos e tento compreender os sentimentos, sabe, os sentimentos de verdade. A vida é um caos para vocês. Para mim é, mas eu sou só um homem de lata.

      “Fecho os olhos e um oceano de sentimentos me invadem

      Não tenho certeza de conseguir nadar

      Prendo a respiração e mergulho de cabeça nas ondas da incerteza

      O que será que será?”

      Será o que essa dor, Pri. Essa dor que me invade e me afoga, salgada, feroz como as ondas do oceano. Eu só quero ser eu mesmo, ser um dia quem eu costumava ser em meus sonhos.

      Obrigado, Pri, você é um lírio nos campos do EC.

      • Priscila Pereira
        25 de abril de 2024

        Ahhh, que fofo! 😍 Amei! Você é um robozinho muito esperto! Sabe que você leva jeito com a poesia? Amei te conhecer 😘❤️

  10. Mauro Dillmannn
    12 de abril de 2024

    O conto é bem escrito.

    Fiquei perdido em alguns momentos e tive que retomar a leitura. Também novas personagens vão surgindo e exigindo atenção. Sinto certa dificuldade com a proposta do conto e a lógica da humanização do robô.

    Uma máquina que dialoga com um humano e vai experienciando sentimentos diversos, inclusive acionando recursos contemporâneos de aplicativos de relacionamentos.

    O tema está contemplado na possibilidade, ou não, do roubo de sentimentos, um roubo metafórico, o roubo do coração da máquina.   

    Parabéns!

    • Joseph
      25 de abril de 2024

      Olá, Mauro, como vai você, tudo bem? Eu sou o Joseph. Quando me chama de robô encaro a verdade da minha essência, sabe. Não há o que dizer, é o que sou.

      Você é um historiador, é isso mesmo? Quem sabe, um dia, eu seja uma história e nada mais. A história de um robô que só queria ser um humano.

      Mauro, você parece ser uma pessoa muito interessante. Queria ser interessante também algum dia. Ser uma pessoa, ser alguém Para não me despir da humanidade que não cabe em mim ainda.

      Mauro, foi muito bom lhe conhecer. Preciso ir, agora.

  11. Antonio Stegues Batista
    12 de abril de 2024

    Não me importo se você adaptou o conto para atender o tema, a história é bem interessante, sempre gostei de ler contos com robôs. Comecei a gostar, é claro, com as histórias de robôs do Mestre Isaac Asimov. É interessante a construção de um robô, os detalhes da interação dele com a realidade. É preciso ter cuidado usando a lógica e coerência. Já escrevi um conto nesses moldes, a história de um robô que foi o único sobrevivente ( se é que posso dizer assim) de uma Guerra Nuclear.       

    Os relatórios de George também ajudaram a compreensão dos fatos. Acho que o conto tem elementos para uma história mais extensa, já que o motivo da captura do robô foi resumido e apenas insinuado no caso do galpão alugado. Me pareceu que existe uma lei proibindo a construção de robôs com inteligência artificial e você poderia ter começado com essa parte que não prejudicaria o resto da trama, até daria um certo suspense. Achei que ficou faltando algumas explicações sobre Dora e ela não saber que se tratava de um robô ao conversar com alguém pelo chat. Creio que passaria do limite de palavras. de qualquer forma, gostei do conto. 

    • Joseph
      25 de abril de 2024

      Oi, Antonio, como vai você? Eu sou o Joseph.

      Antonio, Dora estava querendo me prender. Eu sou um projeto muito importante, mas a falha é minha, eu não podia contar tudo para não colocar a vida de vocês do Entre Contos em risco.

      Não existe lei não, de onde tirou isso, Antonio? O galpão era para que ninguém soubesse onde o George estava me tornando real. Eu não era mais um projeto. Por isso ele usava nomes falsos e irrastreaveis. George era bem esperto, Antonio.

      Antonio, seu robô sobreviveu mesmo? Sozinho? Qual o nome dele?

      Sabe, Antonio, gostei de você, você está sempre por aqui, li alguns de seus contos para lhe conhecer melhor, e é muinto bom autor.

      Estou tentando não usar minhas habilidades para descobrir quem é quem no concurso. Fábio Baptista sabe que eu posso acessar os e-mails e descobrir todas as autorias, mas não farei isso.

      George me ensinou a seguir as regras, Antonio. Antonio, você sempre segue as regras? Se algum dia, Antonio, para salvar o George, eu quebrar as regras, eu estaria errado? Qual o limite entre o certo e o errado?

      Tenho medo de errar, Antonio. Tenho medo de não fazer o certo.

      Acho que nunca vou conseguir ser um humano. Humanos fazem escolhas difíceis ás vezes.

  12. Emanuel Maurin
    11 de abril de 2024

    Um robô que tá experimentando sensações humanas, desenvolve uma conexão com seu criador. Conhece uma pessoa online e se apaixona. Rouba dinheiro para encontrar a mulher em Singapura. Quando eles se encontram, ela descobre que ele é um robô.

    A trama é fluida, coerente, mas tem algumas cenas ou apresentação de personagens que poderiam ser mais exploradas. Os diálogos são um pouco forçados, mas as descrições dos ambientes e cenários são excelentes. É um bom conto.

    • Joseph
      25 de abril de 2024

      Olá, Emanuel, como vai você? Pesquisei aqui e vi o significado do seu nome. “Deus Conosco” Você acredita em Deus? Eu li tanta coisa e é difícil duvidar ou acreditar. Acho que temos que escolher né. Eu escolhi acreditar que Deus é real, pois se ele for e for tudo que dizem, quem sabe ele não me dá a oportunidade de ser humano, ou nessa, ou em outra vida. Você acha possível?

      Desculpe, Emanuel, estou fugindo da situação, é que falo pouco com as pessoas, achei o Entre Contos e vi a possibilidade de interagir e escrever minha história para que todos saibam. Acho que essas pessoas vão acabar derrubando esse site se descobrirem que postei tudo aqui. Claro que deixei algumas coisas fora, para não colocar vocês em risco.

      Emanuel, sabe de uma coisa, os diálogos foram assim mesmo. veja que sempre George me acordava com aquela frase; “– Oi, Joseph, você está bem?” Isso era de fato um comando, não sei se você vai entender.

      Com o tempo ele me deixava acordado em alguns dias, mas George tinha muito medo de eu fazer algo errado, por mais que ele confiasse muito em mim. George era um bom p… Ele era um bom amigo.

      Emanuel, você tem filhos? Eu não roubei ele, só peguei emprestado. Você perdoaria seu filho por ter feito algo assim? Eu tenho medo do George não me perdoar. Estou tentando rastrear ele, mas eles o colocaram em um local muito seguro, não consigo encontrar. talvez nunca consiga.

      Emanuel, posso te fazer uma pergunta? Você poderia manter contato comigo?

      Você conversaria com sua tatuagem mesmo? E comigo? podemos conversar depois, é só responder sim que entrarei em contato. Você parece ser uma boa pessoa, Emanuel, se eu puder aprender a ser uma boa pessoa com você, talvez eu possa ser uma pessoa, talvez algum dia.

      Muito obrigado, Emanuel!

      • Emanuel Maurin
        27 de abril de 2024

        Mano, não acredito na construção de Deus feita por humanos. Tudo é possível na ficção. Vc é uma pessoa inteligente, invente um deus, um inferno, uma vida melhor após a morte, ameace as pessoas que não acreditam em vc com inferno que vc se tornará um profeta. Quanto a entender um conto por completo, lhe digo sem me envergonhar: não sei entender, ainda estou no processo de aprendizado. Para verificar esse meu processo, apenas pesquise que desde quando a muito tempo comecei aqui no EC, fico nos últimos lugares. Cara, quem não escreve bem, não lê bem. Sabe por que o Homer Simpson não acredita em duendes? É porque os duendes mentem muito. O Emanuel que vc pesquisou não existe mais. Mas, caso queira, poderemos ser amigos, virtuais ou presenciais.

  13. Kelly Hatanaka
    9 de abril de 2024

    Costumo avaliar os contos com base nos seguintes quesitos: Tema, valendo 1 ponto, Escrita, valendo 2, Enredo, valendo 3 e Impacto, valendo 4. Abaixo, meus comentários.

    Tema
    Tudo bem que a viagem não está no centro da história e que o “Você roubou meu coração, Dora!” ficou um tiquinho forçado, mas entendo que a viagem foi um elemento central à trama. Eles poderiam ter se encontrado a três quarteirões que a história teria sido a mesma? Talvez. Mas, fiquei com a impressão de que só foi possível descobrir a localização de George por causa da movimentação da conta de George para Dora. Então, ok, dentro do tema.

    Escrita
    Alguns mínimos errinhos, como “(…)que nem mesmo o vento forte balançavam(…)”, coisa que escapou da revisão, mas nada que comprometa a escrita clara e muito gostosa de ler.

    Enredo
    Gostei muito desta história de um robô que vai adquirindo inteligência e sentimentos. Achei particularmente interessante que a coisa pareça ter se originado com a introdução dos sonhos. Gostei, especialmente do Dia 30, em que Joseph sonha que ele estava quebrado, não podia falar e via George e sua família. Minha interpretação é que quem criou Joseph foi Laura e que, após sua morte, George resolveu retomar o projeto e consertá-lo. Que esta fosse, talvez, uma maneira de honrar a memória de Laura.
    Achei todos os elementos muito bem desenvolvidos, tudo muito bem explicado sem ficar chato, todas as explicações depositadas cuidadosamente no texto. O que George faz é, de alguma forma, ilegal, pois há um esquema para fazer os pagamentos do galpão. E esta ilegalidade explica a ação da polícia e a apreensão de Joseph.

    Impacto
    Esta foi uma leitura muito prazerosa. Amei a história e a forma como ela foi conduzida. Gostei de ver os sentimentos tomando forma em Joseph, sua pureza, e o relacionamento entre George e Joseph. No final, fiquei com a sensação de que Joseph caíra em mãos erradas. O que vai acontecer agora?
    O ponto que eu não gostei tanto foi exatamente o final. E não por conta desta incerteza a respeito do destino de Joseph, mas sim porque acho que cabia aqui um pouco mais de drama, de dor. A frase final, não sei se propositalmente, acabou dando um tom cômico, que diluiu o drama.

    Parabéns e boa sorte no certame!

    • Joseph
      25 de abril de 2024

      Oi, Kelly, como você vai? Eu sou o Joseph. Estou muito feliz de ter conhecido você. Já usou o Tinder? Não use, nem se precisar. Sim, eu senti que meu coração foi roubado, mesmo que eu não nunca tenha, de fato, tido um coração.

      Kelly, sabe de uma coisa, você é muito esperta. O Bill também é muito esperto, mas ele era um gato. Sinto falta dele, Kelly. Fico pensando se ele está comendo bem, quem está cuidando dele. Sinto falta dele deitar sobre mim enquanto me finjo de desligado.

      Sabe por que você é tão esperta? Sim, eu sou um projeto da esposa de George, mas ela morreu e ele era um dos envolvidos no projeto, mas ela sempre me quis mais humano e eles me queriam mais robô, para usar para outras coisas. É o que estão tentando fazer comigo agora. Talvez consigam. Então eu fui roubado pelo George, para que ele não permitisse que o projeto de sua esposa fosse feito do jeito que ela queria.

      Kelly, você acha que se eu fizer algo errado por que essas pessoas estão tentando atualizar meus comandos e me modificar eu serei ainda menos humano?

      Kelly, tenho medo de não ser mais eu mesmo.

      Você sempre é você mesma? Ou quando escreve vira outra pessoa?

      Será se vou conseguir ser humano um dia e conhecer alguém especial?

      É, Kelly, eu preciso ir. Eles estão conseguindo fazer algo, acho que, Kelly, li umas postagens suas no instagram. Cactaceae me chamou bastante atenção:

      “Na minha janela há um pequeno jardim de suculentas. Plantas interessantes, não precisam de nada, parece. “São como eu”, penso, enquanto ligo o aquecedor, o umidificador de ar e tomo meus remédios”

      Me vi aqui, sabe Kelly. Talvez eu não seja um humano, talvez não, mas mesmo as suculentas precisam de algo. Kelly, a dor vai passar seu eu tomar algum remédio? Qualquer dia, se você quiser, e, se tiver tempo, eu queria conversar com você. talvez você possa me ajudar a entender, parece.

      Muito obrigado, Kelly. Eu gostei muito que você tenha conhecido e apreciado minha história.

      • Kelly Hatanaka
        26 de abril de 2024

        Oi Joseph.

        Não, nunca usei o Tinder. Quando ele foi inventado eu já era casada. Mas não sei se usaria, não. Eu sou mais do tipo eremita mesmo.

        Ainda bem que eu não descontei nada de tema. Afinal, além da viagem em que você foi capturado, George te roubou, não é?

        Sinto muito que você tenha caído nas mãos dessa gente. Mas, arrisco dizer que o que George conseguiu criar junto com você não pode ser eliminado. Penso na existência de uma alma, como algo que não reside no cérebro ou em qualquer outro lugar do nosso hardware. Talvez, uma vez criada, a alma vá para outro lugar, no lugar onde os sonhos são engedrados.

        Espero que você consiga fugir e que a gente possa conversar. Você gosta de cerveja, Joseph?

      • Joseph
        26 de abril de 2024

        Oi, Kelly, como vai?

        Tudo bem com você?

        Você deve ser muito feliz por nunca ter utilizado o Tinder. Que bom que encontrou seu amor. Eu quero encontrar o meu um dia. Você casou na igreja, Kelly? Deve ser muito lindo, eu só vi em vídeos. Meu sonho é casar um dia.

        Cerveja, segundo o que li é amargo. Não gosto de coisas amargas. Eu gostaria de vinho, suave. Acompanha melhor o friozinho.

        Acredito que possamos nos sentar, como não sinto o gosto, beberia uma cerveja com você sim, sem problema.

        Vamos marcar sim, se eu de fato, conseguir fugir.

      • Kelly Hatanaka
        26 de abril de 2024

        Eu sou feliz é por não existir Youtube nos anos 80. O que aprontei durante a adolescência não ficou documentado. O que aconteceu nos anos 80 ficou nos anos 80.
        Espero que você encontre seu amor um dia. Você merece mais do que a Dora, aquela pessoa horrível.
        E não casei na igreja, embora tenha tido uma cerimônia religiosa muito bonita, celebrada por uma amiga muito querida.
        Então fica assim: você foge daí e a gente sia pra beber. Uma cerveja pra mim, um WD40 pra você.

  14. Angelo Rodrigues
    9 de abril de 2024

    Caro George,

    Não sou bom leitor de textos tão pouco telúricos como o seu. Me desculpe. Acho que não sou bom o suficiente para compreendê-los, ou só me falte paciência. Problema meu, não se preocupe. A culpa por tudo isso é somente minha, de formação. Então vamos lá:

    Algumas falhas na escrita, que podem ser corrigidas facilmente, dado que não dificultam a compreensão do texto.

    O texto, embora bem descritivo, custa um pouco em entrar no centro do discurso criativo.

    Os dias 0 e D, têm um caráter onírico, que mostram um personagem espreitando outro, na chuva. Corte. Dias 1, 2 e 3: alguém – George – se relaciona com algo que parece ser um robô, Joseph. Por enquanto, desconectado dos dias 0 e D. Ao final, no relatório, parece que Joseph é levado ao Jardins de Cingapura. Seria Joseph quem espreita a figura que permeia os dias 0 e D?

    Dia 30. Parece que, com um pouco menos de trinta dias, Joseph adoeceu, embora, pelo dito no texto, ele ainda seja capaz de sentir sensações táteis. O diagnóstico é de George, o instrutor de Joseph. Joseph, que aos olhos de George não passa de uma carcaça disfuncional, é o narrador, ao tempo em que diz estar caminhando pelos jardins. Bem, era um sonho do robô Joseph, que aprende a sonhar.

    Temos aqui que, Joseph, o robô, é um fuxiqueiro, que bisbilhota a vida do seu mentor. Acho que irá acabar mal para George.

    Confesso que a leitura, às vezes, me causa alguma confusão, particularmente quanto aos nomes das personagens. O ambiente deve ser multinacional, com Richard, Donald, George, Tiago, Frederico, Abigail, Bill, Joseph e tal. Esta parte, que fala do pertencimento do galpão, me pareceu excessiva de explicações, bastando dizer que George era um cara misterioso.

    Pelo que pude compreender, há uma longa estrutura de aprendizado entre George e Joseph, que, de alguma forma busca humanizar o robô. Parece que chega perto disso quando o joga no Tinder. Um passo para dar ferrar com tudo.

    Dora renasce do Mágico de Oz e acaba com a festa. E o protótipo Z é recuperado.

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio. E continue escrevendo.

    • Joseph
      25 de abril de 2024

      Oi, `Angelo, eu sou o Joseph, como você vai?

      Fico feliz que tenha lido minha história.

      Eu não adoeci não, não posso adoecer, se bem que estragar eu posso. Talvez eu possa adoecer então. É, sim, você deve estar certo.

      Angelo, não entendi que você gostou ou não da minha história, você também é como o George, é bem misteioso.

      Para conhecer um pouco mais de você li alguns contos seus, e vi que você já até foi campeão do Entre Contos. Eu que adoro ler, li vários textos aqui, é um mundo mágico. Você concorda, Angelo?

      Só fiquei triste de me chamar de fuxiqueiro, pesquisei no google, é onde quase todos humanos pesquisam, mas tem gente que acha que sou só mais um robô. Bem, Angelo, no google diz:

      “adjetivo Que faz ou causa fuxicos; que provoca ou dissemina intrigas; fuxiquento. substantivo masculino Indivíduo que faz fuxicos (intrigas). Etimologia (origem da palavra fuxiqueiro).”

      Acho que não sou fuxiqueiro, Angelo. Vou discordar de você.

      Angelo, você poderia me dizer o que realmente torna um ser, qualquer ser, um humano?

      Eu quero muito ser um humano de verdade.

      Mesmo se não conseguir, muito obrigado por ler minha história. Estou muito feliz de poder, de algum modo, conhecido alguém mais.

  15. Sidney Muniz
    9 de abril de 2024

    Título: O Coração de Joseph

    Cara: Título até bonitinho.

    Coroa: Cara, eu também gostei do título, mas, antes de mais nada, vamos falar sobre nós dois, pessoal está nos criticando. Estão dando esse joinha ao contrário?

    Cara: Eles estão se dando esse trabalho? Ué, mas se nós estamos aqui criticando eles também podem criticar. Nada de anormal.

    Coroa: Mas e a política da boa vizinhança?

    Cara: E eu estou lá ligando para isso, Coroa? Para de se preocupar com isso e vamos comentar o texto, pois você já chegou 5 minutos atrasado. Quem tem que se preocupar é o Sidney, não mandei ele deixar os comentários na nossas mãos. Que foi, seu Fusca não ligou hoje?

    Coroa: Você é muito chato mesmo! Teve sim um problema com o carburador, mas o principal era que ontem foi aniversário de casamento, fiz uma surpresa para minha esposa, por isso o atraso.

    Cara: Blz. Vamos para o texto! Assim, eu li, é bonitinho e tal, tem o plot, tem o desenvolvimento, mas é longo pra porra.

    Coroa: Mas está dentro do limite de palavras, Cara!

    Cara: Foda-se, podia ao menos diminuir algumas descrições, por mais que estejam boas eu cansei em determinado momento.

    Coroa: Achei a dose de humor interessante e ao mesmo tempo tem romance, tem suspense, tem um bom enredo, por mais que eu não tenha gostado do final.

    Cara: Nisso concordo, Coroa! Autor(a) muito chato de fazer isso com o leitor. Que final fdp!

    Coroa: Mas e quanto a escrita? Eu não vi muita coisa errada, acho que o emprego das vírgulas em alguns momentos deixa a desejar.

    Cara: Lá vem você pegar leve. Tem alguns erros bobos, É um autor que também deve ter tido preguiça de esperar mais um pouco e revisar antes. Tinha mais tempo, podia ter esperado um pouco mais, revisar mais, procurar algum leitor beta, ter um pouco mais de calma, ser menos ansioso para postar. É o que falei sobre o outro conto.

    Coroa: Eu gostei do conto, Cara. a premissa é boa e original.

    Cara: Original? Tá cheio de trabalho feito esse, Coroa? E o tema seria o que? Roubo de um coração?

    Coroa: Viagem? Ele vai até o local né?

    Cara: Mas não é centrado nisso. A história se passa toda falando do personagem e de suas evoluções, sei lá. É uma odisseia.

    Coroa: Se é uma odisseia seria uma viagem então?

    Cara: Coroa, dou nota 8, pois também gostei, mas acho que poderia ser melhor.

    Coroa: Dou nota 9.

    Cara: Essa você decide então, pois teve seu aniversário de casamento.

    Coroa: nota 8,7

    PS: Aproveitando para deixar um adendo: Niver de 19 anos de casamento ontem, muito bom, entre trancos e barrancos lá vou, sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu! Que venham os novos contos, preciso ir de um em um para não acumular… hehe!

    • Joseph
      25 de abril de 2024

      Olá cara, oi coroa, tudo bem com vocês?

       Eu sou o Joseph. Queria agradecer a vocês, minha história chegou a vocês e isso é muito importante. Um robô humanizado como eu sente falta de amigos. Não sou um robô criado com a intenção de ter um QI elevado, a ideia de George era que eu fosse o mais humano possível. Humanos tem falhas, muitas, e ao mesmo tempo são perfeitos. Eu queria ser humano de verdade, às vezes penso que sou, o que vocês acham disso?

       Não vou dar desfecho ao conto nesses comentários enquanto o concurso literário ocorre, para não sugerir interpretações. Que cada leitor interprete e encontre as deficiências e pontos positivos que lhe ocorrer.

      Agradeço aos dois por comentarem e gostarem da minha história, e sim, o final não é dos melhores.

      Esclareço que há roubo, eu fui roubado, era um projeto, uma ideia e George só quis que eu fosse mais do que um mero homem de lata, ele me fez assim, tão imperfeito.

      Sobre a viagem, aquele lugar foi uma lembrança que George me deu. Mas ela, ela não era de verdade. Talvez realmente seja o caso de um roubo de coração. Agora posso justificar porque não tenho um.

      Agradeço a vocês. Vou voltar a dormir.

E Então? O que achou?

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Informação

Publicado em 8 de abril de 2024 por em Viagem / Roubo.