EntreContos

Detox Literário.

O caso do diabo funkeiro (Felipe Lomar)

O sinal sonoro do elevador indicava a Chegada de Samuel no andar onde se situava seu escritório. Figura excêntrica em meio aos advogados e contadores que habitavam aquele prédio no Centro do Rio de Janeiro, era um homem no auge da meia idade, com alguns fios grisalhos despontando do cavanhaque. Vestia um sobretudo preto mesmo no calor veranil. Sua presença pesada parecia absorver a iluminação, escurecendo o ambiente. Olhou com consternação a placa na porta de sua sala: “Samuel e Daniel Colt: detetives sobrenaturais”.O desaparecimento do irmão, seu companheiro de muitos anos, ainda doía. Ele tentava, sempre, ocupar a mente com outras coisas para não ser tomado pela tristeza.

Entrando na sala, Olhou para seu toca-discos e sua coleção, meticulosamente arrumados em uma estante sob um enorme quadro de José Mojica Marins, vulgo Zé do Caixão. Pegou então dois discos do Black Sabbath, Masters of Reality e Paranoid. Porém, da pilha dos discos surgiu uma mulher com um olhar hipnotizante, por trás de uma árvore. Sem pensar duas vezes, guardou os dois discos e foi ouvir o primeiro álbum de sua banda favorita. Olhando para o outro lado da sala, ouvindo os acordes diminutos da primeira faixa, ele contemplou sua estante de livros, também encimada por outra figura de inspiração pessoal, o Padre Quevedo. Havia de terminar o Malleus Malleficarum, mas preferiu apenas apreciar o som.

O sossego de Samuel não durou muito. logo após Ozzy Osbourne entoar o verso “My name is Lucifer, please take my hand” em uma das músicas, o solo de guitarra foi interrompido pela campainha. “Vamos ver qual doutor veio reclamar primeiro hoje”. Porém, havia apenas um homem desconhecido, meio humilde. Um possível cliente. Desligando a vitrola, Samuel abriu a porta para saudá-lo com  uma simpatia incomum. Clientes eram raros e o aluguel se acumulava. Convidou-o a sentar-se de fronte à sua mesa. Sobre ela, carrancas, figas, amuletos, um aspersor de água benta, um frasco com alho, medalhas de São Bento e Nossa Senhora das Graças, e uma foto de Daniel. Em uma gaveta, um revólver carregado. Padre Quevedo ficaria desapontado, mas ninguém é perfeito.

– Bom dia, senhor. Quem é você, Como posso ajudar?

– Eu me chamo Otto. Tenho um irmão, Gustavo, que está desaparecido há 20 anos.

– 20 anos? Por que só me procurou agora?

– Eu sou crente. Ou ao menos era. Essas coisas são complicadas pra mim. Você é meu último recurso, porque nem a polícia e nem o pastor me ajudou.

– Tudo bem. Nem sempre a religião responde todas as questões. E por que exatamente me procurou?

– Eu acho que foi o diabo que levou ele.

– Bem, é normal que o cristianismo associe coisas externas ao diabo, mas eu preciso de mais detalhes pra entender…

– Não, doutor! – Otto elevou a voz – Não ache que por eu estar malvestido e não falar bonito eu sou ignorante. Eu tô falando do diabo mesmo. Do capeta, demônio , satanás, capiroto, coisa ruim, sete-pele, como o senhor preferir. Lá na comunidade teve um baile funk na época que todo mundo fala que o diabo apareceu. Foi depois disso que ele sumiu.

Samuel ficou chocado. Daniel, antes do desaparecimento, trabalhava em um projeto pessoal que envolvia relatos de aparições do diabo em bailes funk das periferias da cidade. Não podia ser mera coincidência. 

– Tudo bem, Acho que sei como te ajudar. Quer uma carona? – Samuel não sabia exatamente como procederia, mas achou que tal caso poderia ajudar a entender melhor o que ocorreu com seu irmão.

Desceram os dois até a garagem, onde havia um Chevrolet Opala preto.

– Então, para onde vamos? – Samuel perguntou

– Heliópolis.

– Em são Paulo?

– Não, a outra Heliópolis, a de Belford Roxo.

Levou cerca de uma hora para chegar à casa do sujeito. Samuel estranhou o fato de que sua chegada parecia já ser esperada: a mãe de Otto, Maria, e seu primo, Rodrigo, se encontravam na sala. Porém, aproveitou as testemunhas para colher mais informações. 

– Boa tarde. Primeiramente, eu queria dizer que entendo a dor que vocês sentem, porque também tenho um irmão desaparecido. Mas para poder ajudar, preciso que vocês me digam o que puderem sobre o ocorrido.

–  Muito obrigado. – Respondeu Maria – Mas a dor de uma mãe que perde um filho não dá pra explicar. Eu só sei que naquela época, ele e o Rodrigo andavam indo muito em baile funk, usando até droga. Estavam perdidos. Tinha um boato de que o tinhoso andava aparecendo nos bailes. Eu não duvido, porque só tem porcaria nessas festas.

– Não era boato, tia. – Retrucou Rodrigo – Eu vi o bicho na minha frente! Não gosto nem de falar disso. Graças a deus a igreja me tirou do pecado e me botou no caminho certo.

– Bem, eu tenho que confessar que não entendo muita coisa de bailes funk – o detetive respondeu humildemente. Seu negocio mesmo sempre foi o rock – Se você puder me explicar como funcionava isso naquele tempo, e como foi a noite do desaparecimento, eu ficaria agradecido

– Cara, nos anos 90 o negócio era sinistro. A gente fazia o baile de corredor: ficava o lado A e o lado B separados por uma corda, sentando a porrada um no outro. Só dava bandido, mas era a diversão do suburbano. A gente era conhecido como os capetas. Cada grupo de cada favela tinha seu hino, a sua montagem. Muitas delas falavam sobre o diabo, pra meter medo. A gente fazia tudo pra ficar mais forte e bater mais: cheirava pó, fazia reza na macumba, fazia mandinga, encantamento…

– Todo mundo ia na macumba aqui – maria interrompeu –  todo domingo a gente ia pro terreiro cantar os pontos, bater atabaque e fazer oferenda.

– Pois é, mas agora a igreja trouxe a palavra da verdade e esse satanismo acabou. Como eu ia dizendo, a coisa era pesada. Eu só ia nesses bailes armado, tinha um Smith and Wesson preto. Até aquele sábado em 1997, aqui na quadra da comunidade. Já tava rolando esses boatos do capiroto aí, mas ninguém tava levando muita fé. Mas Aí, quando começou a tocar uma montagem bem popular que falava “incorporado, é o diabo”, deu um estouro, a luz apagou, foi uma correria só. Saiu um fogo detrás do paredão das caixas de som, com uma sombra preta gigante de olhos vermelhos. Tinha uma risada maligna com uma voz sinistra. Tem gente que fala que foi chicoteado pelo bicho e tem marca até hoje!Depois disso, não achei mais o Gustavo. Mas é aquele negócio: o Senhor dá, o Senhor tira.

O clima ficou pesado. O relato macabro fez reinar o silêncio por alguns segundos, quebrado friamente por Samuel:

– Bem, acho que estou entendendo a situação. Pra mim, está parecendo que tudo não passou de uma histeria coletiva. Deve ter tido algum problema na eletricidade, talvez um curto-circuito, que afetou o som e a iluminação. Com toda aquela aglomeração entorpecida, muita gente deve ter alucinado um fenômeno pseudoparanormal. Infelizmente, Gustavo provavelmente foi pisoteado pela multidão.

– Como é que é? – ninguém, gostou da resposta, mas Rodrigo se sentiu especialmente ofendido – Você tá de sacanagem com a minha cara? Eu to aqui te contando o que eu vi, e você vem dizer que eu tô de caô? Papo reto, tu não quer arrumar problema comigo não, maluco. Fica esperto!

– Calma, primo. – Otto interveio – Ele entendeu sim, mas acho que ainda tem outras pessoas que ele precisa conhecer.

– Ah, não! Não me diga que você…

– Acho que seria uma boa ele conversar com os antigos babalaôs. Talvez eles possam ajudar nesse caso.

– Aqueles satanistas? Você vai arranjar problema se for lá. Vou falar com o pastor e com o dono da favela. Vai todo mundo ficar bolado contigo!

Otto não ligou para as ameaças. Sua determinação era maior que qualquer coisa. Samuel, por outro lado, ficou preocupado. Era mais difícil fazer o trabalho sem Daniel, que era o corajoso da dupla. Sua intuição quase infalível fazia com que muitos achassem que ele fosse algum sensitivo. Ele, ao contrário, era só o caçula medroso, um assistente.

– Esse seu primo pode ser um problema?

– Isso depende: o pastor vai me dar um esporro no domingo, mas o pessoal do tráfico é mais complicado.

– Me diga uma coisa: o que a polícia fez na época?

– Nada! É sempre assim. Antes dele, também sumiram outras pessoas na época, e não fizeram nada também.

– Quem são essas pessoas que iremos ver?

– Eles eram os pais de santo da comunidade, mas os traficantes se converteram e expulsaram todo mundo que não era evangélico.

No caminho, já no meio da tarde, nuvens negras começaram a aparecer, denunciando um temporal. Os dois chegaram em uma casa isolada em uma estrada de terra. Na varanda uma figura de branco saudou Otto pela janela do carro:

– Filho de Xangô! Oxalá me avisou da sua vinda. Não à toa vem esse temporal. Pode falar pro seu amigo guardar o carro na garagem e vamos entrando.

A casa, apesar de humilde, era bem arrumada. A sala era toda pintada de branco e continha algumas imagens religiosas. Otto e Samuel entraram, seguindo a figura de branco, sempre muito serena.

– Você está aqui por causa do seu irmão. Sua busca por justiça é típica dum filho de Xangô! Quem é esse que você trouxe?

–  Pode deixar que eu me apresento – Se intrometeu Samuel – Eu sou detetive, e Otto me contratou para investigar o desaparecimento do irmão dele. Quem é você, o que você faz aqui?

–  O que eu faço aqui, ou melhor, o que fazemos aqui, vou te mostrar lá dentro.

Seguiram, então, até um quarto escuro, diferente da sala. Havia um outro homem nessa sala, sentado atrás de uma mesa, com um sorriso malicioso. Vestia-se, não de forma elegante como o outro homem com sua túnica branca, mas usava uma velha camisa do Flamengo. As imagens eram completamente diferentes, representando figuras escuras, algumas diabólicas, com capas pretas, caveiras no lugar da cabeça ou tridentes. Uma em especial chamou a atenção de Samuel: uma mulher morena com os seios à mostra, uma capa vermelha e uma coroa.

– A pombajira gostou de você! – o homem sentado falou de forma maliciosa, e foi logo seguido pelo homem de branco:

– Aqui a gente segue a Umbanda. Estamos escondidos aqui porque a igreja não quer concorrência. Converteu os bandidos e eles viraram um exército particular. Acreditamos no poderoso Deus Olodumarê e nos orixás, que são espíritos puros da natureza que o ajudaram a criar o mundo. Além destes, nos comunicamos com os espíritos que seguem a linha de seus pais orixás, como nos orientou Allan Kardec e o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Cada pessoa tem seu pai ou mãe orixá, que rege seu destino. Quem escolhe seguir o caminho deve reverenciar ao pai nas oferendas e evitar seus ebós, suas proibições. Eu sou filho de Oxalá, o sábio, uso branco e não posso usar vermelho nem preto, como meu companheiro, que é filho de Exu, o mensageiro, dono das estradas e encruzilhadas, pois são orixás antagônicos. Otto é filho de Xangô, rei de Oió, o orixá do fogo, dos raios e da justiça, e por isso a busca para seu irmão.

– Quase como Yin e Yang, o bem e o mal, vocês dois. – Samuel estava fascinado, tivera pouco contato com religiões de matriz africana;

– Não há bem nem mal na umbanda. Não somos maniqueístas. O orixá dá o que o filho pede, então tem que ter sabedoria.

A tempestade rugia do lado de fora. Otto e Samuel estavam atentos à explicação, mas o homem sentado interrompeu:

– A conversa tá boa, mas o espírito quer descer.

– Ótimo! Então vou ser o cambono, irei traduzir o que ele disser na língua de santo. – O homem de branco então ordenou que todos sentassem, dessem as mãos e cantassem um passe. O outro velho então, após um tempo, começou a falar uma língua ininteligível com uma voz estranha, sendo traduzido pelo companheiro:

– Eu sou um preto velho da linha de Exu Marabô. Meu pai Xangô me mandou falar com Otto a respeito de seu irmão.

– Ele está vivo? – Perguntou Otto esperançoso.

– Vivo sim, pois a alma é imortal, mas já desencarnou. Ele e o primo se envolveram com Quiumbanda e magia negra, buscando poder. Mas os espíritos da escuridão são exigentes, queriam oferendas humanas. Como uma delas não agradou, ficaram em dívida e o espírito veio buscar o que é dele. Gustavo está enterrado junto de umas coisas perigosas, que não podem cair em mão errada.

– Posso saber pelo menos onde ele está pra dar um enterro digno? – A esperança de Otto deu lugar ao choro.

– Calma. Logo vocês serão reunidos. Para você aí de preto, seu irmão também está mais perto do que imagina. Exu vai mostrar os caminhos.

Essa mensagem deu um fio de esperança para Samuel. Porém, a calmaria durou pouco, pois foram surpreendidos pela porta do cômodo caindo, revelando Rodrigo portando um fuzil. Com dois tiros, acertou o velho de branco na cabeça, matando-o, e o outro no peito, que balbuciou algumas palavras ininteligíveis antes de morrer. Samuel sacou seu revólver e atirou, sem acertar, mas fez o assassino recuar. Pulou então a janela junto com Otto, e os dois correram pelo quintal até a garagem, sendo surpreendidos por Rodrigo, que acertou um tiro certeiro na cabeça de seu primo, espalhando sangue e miolos pela lataria. Antes que pudesse matar Samuel, porém, este ligou o carro e avançou com tudo, esmagando Rodrigo contra o portão, que se abriu com o impacto. Com medo de que houvesse outros jagunços, acelerou seguindo a estrada de terra.

A noite estava um breu, iluminada apenas pelo único farol que sobrou no Opala após o impacto. “Espero mesmo que Exu mostre os caminhos”, pensou Samuel ainda tenso pela adrenalina. Seguindo por alguns minutos, alcançou uma encruzilhada, onde velas vermelhas e pretas queimavam apesar da chuva torrencial. Havia também rosas e champagne. Os relâmpagos mostravam uma vasta pastagem completamente erma. Vendo uma estaca fincada, intuiu haver algo no local. Usando-a para cavar, encontrou a pouca profundidade uma ossada. Junto dela, um revólver Smith and Wesson preto e uma caixa de madeira. Deduzindo que o espírito falava da caixa, a recolheu e seguiu viagem

Não demorou muito para que a caixa misteriosa despertasse a curiosidade de Samuel, que a abriu. Dentro, havia um conteúdo macabro: uma mão e um coração mumificados, e uma caveira trabalhada para servir de cálice. Também havia adagas, velas e outros instrumentos de magia negra. Mas o que chamou mais atenção foi uma carteira preta, que pareceu familiar. Ao examiná-la, teve que parar o carro, tamanho o choque ao descobrir o nome na identidade: Daniel Colt.

10 comentários em “O caso do diabo funkeiro (Felipe Lomar)

  1. Renato Silva
    11 de dezembro de 2021

    Olá, tudo bem?

    A premissa é legal, começando como um típico filme “noir, com alguém chegando ao escritório de um detetive excêntrico. Percebi que ao desenrolar da história, muitos elementos vão aparecendo e tudo isso acaba não cabendo num texto de 2500 palavras. Sei como é estar cheio de ideias e depois perceber que não cabe tudo, pois já fiz inúmeras vezes. Não, eu ainda faço. Hahaha.

    Como o tema é “mitologias”, senti que esta parte faltou. Um pai de santo em transe não me parece suficiente para encaixar no tema. O final também não surpreendeu. Eu já imaginava que Daniel estava morto.

    Se me permite uma sugestão: Você poderia fazer uma versão “Irmãos Winchester BR”. Vai lá, ressuscita o Daniel e coloca os irmãos para investigar casos sobrenaturais no RJ (e outros lugares do Brasil, aproveitando tudo o que há de mais interessante e rico no nosso folclore). Acho que ficaria muito legal e estou disposto a ler quando estiver pronto. Mas para este desafio… deixou a desejar.

    Te desejo boa sorte.

  2. opedropaulo
    11 de dezembro de 2021

    Achei interessante a proposta de referenciar “Supernatural” a partir das mitologias cristã e umbandista, que ao colocar o protagonista diante de “mais um caso”, também o confronta com (haha) demônios do seu passado. Achei que a ambientação em uma periferia brasileira fez uma transposição bem decente do aspecto “detetive sobrenatural” ao contexto de uma favela dominada pelo neopentecostal, inclusive no reflexo da violência e da intolerância religiosa que por vezes fazem parte desse cenário. O problema que vejo nesse conto é narrativo, com algumas palavras iniciadas com letra maiúscula sem a necessidade, o que distrai, e uma aceleração no momento catártico que parece apontar que o texto começou na parte errada. De fato, da apresentação do protagonista ao seu mais novo cliente à passagem pela mãe e primo, tudo o que se ganha são informações que poderiam ser passadas de forma mais prática. É onde ficam estabelecidos os mistérios, sim, mas é no encontro da dupla com os pais de santo que a história fica realmente envolvente e mais “colorida”, com o mitológico pronunciado e não apenas mencionado. Como é guardado para o final e, ainda, um final corrido, o impacto resta reduzido e o texto fica “desfocado”. Ainda assim, é um conto pertinente ao proposto pelo desafio, falhando apenas na maneira como a história é contada e, em alguns momentos, escrita.

  3. Jorge Santos
    10 de dezembro de 2021

    Olá. Segui com interesse as primeiras temporadas da série Sobrenatural. Com o tempo fui-me desligando, até que a minha filha ficou com idade para seguir a série. Portanto, conheço bem as referências. Gostei do ambiente e do suspense criado: não ficaria muito atrás de um episódio da série, não fosse o excesso de coloquialismo, algo frequente no Entrecontos. Qualquer diálogo entre dois personagens parece um encontro de velhos amigos. Chega a um ponto em que parecem sempre as mesmas personagens a falar, independentemente do género, idade, posição social e credo. O crescendo da intensidade da narrativa resultou bem e o desfecho é brutal, revelando o conhecimento que o autor tem da série e da importância que os cruzamentos das estradas.

  4. Cícero G Lopes
    8 de dezembro de 2021

    me pareceu uma versão de Supernatural – o irmão perdido, um cliente com o mesmo problema e a breve investigação. Na verdade, são acidentes e eventos soltos que solucionam os casos. Uma pequena síntese do que seja a Umbanda, um confronto sangrento não muito bem explicado – por que o primo maluco chega atirando? Ódio e preconceito ou o sujeito tem culpa no cartório? Desse resumo, pode se observar os problemas do conto, que como o leitor Lucas S. Nachtigall apontou muito bem, parece está condensado demais, talvez, pelo limite de palavras, de forma que me parece, seu desenvolvimento ficou comprometido. Uma pena por que a premissa é bem interessante. Creio que o autor pode pensar numa reescrita. Sorte no processo!

  5. Kelly Hatanaka
    3 de dezembro de 2021

    Oi Ubiratã.

    Minha avaliação será feita com quatro critérios: tema (2 pontos), correção/escrita (2 pontos), criatividade (3 pontos), personagens (3 pontos).

    Tema (1): Os elementos que este conto explora são mais religiosos do que mitológicos. Já ouvi falar que toda religião é um conjunto de mitos, ou que religião e mitologia são a mesma coisa. Mas também ouvi quem defenda que são coisas completamente diferentes. Não sou nenhuma autoridade no assunto, mas, se você considera as religiões de matriz afro e a tradição judaico cristã como mitologias, ainda assim, senti falta dos mitos. A umbanda e o satanismo foram abordados, mas pouco se falou sobre suas “figuras mitológicas”. Mesmo satanás, que teria potencial para ser o vilãozão da história só foi sugerido. Entendo, assim, que ele somente resvalou no tema.

    Correção/escrita(1): Não encontrei erros, ou, pelo menos, nenhum que me chamasse a atenção. Minha ressalva aqui é sobre uma certa afobação narrativa. O texto parece correr muito e querer dizer muita coisa num fôlego só, o que resultou numa leitura um tanto confusa. Algumas coisas ficaram meio sem sentido. Por que Otto precisava de Samuel para falar com os babalaôs? Por que esperou 20 anos? Por que Rodrigo o matou? É tanta pergunta sem resposta, que a descoberta do corpo de Daniel acaba perdendo o impacto.

    Criatividade(2): É uma história com bom potencial. Há muitos mistérios a serem explorados, com calma. Senti a vibe de Supernatural, um clima noir muito interessante. Acho que limpando os excessos, aproveitando melhor o tempo, daria uma ótima história.

    Personagens(1): Talvez por conta da “correria” os personagens se perderam. Achei todos muito parecidos entre si, nenhum se destacou. Novamente, acho que com calma, teria sido possível desenhar melhor as personalidades, as motivações, etc.

    Boa sorte!

  6. Sidney Muniz
    30 de novembro de 2021

    Notas:

    Título –> 1
    Enredo –> 2,5
    Personagens –> 2
    Originalidade –> 4
    Gramática –> 5
    Impacto –> 1
    Ambientação –> 3
    Narrativa –> 4
    Extra –> 0
    Total
    Dentro do tema? Não. 5 (não senti que o texto fala sobre existência, criação, ou mitos, mas em demasia sobre religião, etc… Opinião pessoal!
    Total: 22,5

  7. Sidney Muniz
    30 de novembro de 2021

    Bem, antes de começar deixarei aqui como estarei avaliando cada conto: Distribuirei 40 pontos em minha avaliação da seguinte forma:

    Título: 3

    Enredo: 5

    Personagens: 5

    Originalidade: 5

    Gramática: 5

    Impacto: 5

    Ambientação: 5

    Narrativa: 5

    Extra: 2 ( A cada uma nota máxima o autor recebe extra 0,4, ou seja se eu julgar que o desenvolvimento dos personagens é nota 5, ganha 0,4. Para ganhar os 2 pontos tem que ganhar 5 notas 5, título não conta para o extra.)

    As notas estarão em um segundo comentário para que a moderação libere quando for permitido!

    Com relação adequação do tema será acrescido a nota 0 caso eu julgue não se enquadrar no tema e 5 caso se enquadre em minha opinião. 8 ou 80!

    —————————————————————————————————————-

    Vamos para minha avaliação, lembrando que ela é apenas pessoal e não tem o intuito de denegrir a imagem do autor(a), apenas quero ser sincero e mostrar no que pode melhorar, afinal estamos em constante evolução:

    Título: O Caso do Diabo Funkeiro – O título não me agradou. Não chama a atenção para meu eu leitor, e como é uma opinião pessoal aliada ao que penso ser atrativo para o mercado, julgo que não renderia bons frutos.

    Enredo: Este é um enredo que mesmo não me agradando tinha tudo para ser um bom enredo investigativo, ainda que com furos, mas o pior é o final que tem um corte abrupto e pouco explica, a meu ver, essa história de encontros e desencontros, desaparecimentos e o diabo a 4… Parafraseando o texto!

    Personagens: Par a mim devido a quantidade grande de personagens e ao pouco tempo e espaço de exploração dos mesmos ambos, texto e personagens sofrem da falta de corpo, são rasos. Infelizmente ficou devendo!

    Originalidade: Em contrapartida a história é original, por mais que eu ache que o tema em si está pouco explícito na trama.

    Gramática: Sem demais problemas quanto a gramática, o autor(a) soube usar bem da língua pátria num geral.

    Impacto: Outro texto que não me cativou ao ponto de causar um impacto, surpresa, emoção, riso, empatia ou lágrimas.

    Ambientação: Não é de tudo ruim, mas também não faz por merecer um elogio daqueles, está na média em minha opinião.

    Narrativa: Não achei a pior narrativa que li até agora, mas senti potencial para algo melhor. O autor(a) tem talento e isso é indiscutível, mas por escolhas não tão boas acabou deixando a desejar, aparentemente, em seus pontos mais fortes.

    Não teremos pontos extras aqui também!

    —————————————————————————————————————-

    Considerações finais:

    No mais desejo sorte no desafio, fico feliz que esteja escrevendo e buscando esse tipo de certame onde aprendemos e ajudamos dando a opinião sincera de nosso “eu leitor” a respeito do trabalho de colegas escritores! Obrigado pela oportunidade de ler e opinar a respeito de seu trabalho!

  8. Emanuel Maurin
    29 de novembro de 2021

    Ubiratã, olá. Tudo de bom para você.
    Um detetive quebrado, que tinha um irmão desaparecido, recebeu um cliente que também tinha o irmão desaparecido e um desaparecimento, levou a outro. Num opala preto saíram a procura de respostas. O texto não é fluido, os diálogos são medianos e a estrutura do conto tem de ser melhorada. Também precisa de revisão. O tema atende as exigências mitológicas do certame. Boa sorte no desafio.

  9. antoniosbatista
    29 de novembro de 2021

    O Caso do Diabo Funkeiro
    é a história de um detetive que cultua o Oculto, o Terror, o Rock Pesado. Admira Zé do Caixão, que não acredita em Deus nem em Diabo e o Padre Quevedo, que tem as mesmas descrenças, inclusive não acreditava em espíritos, bruxas, etc. “ Isso não Excsiste!”
    O irmão de Samuel desapareceu e ele não tinha nenhuma pista. Certo dia aparece um cliente que pede para ele encontrar um irmão que também desapareceu há 20 anos. O conto tem alguns trechos nebulosos, há uma mistura de religiões, criminosos, e ritos religiosos derivadas de mitos. O final mostra uma história oculta onde o irmão de Samuel é assassinado. Samuel fica em choque porque é o irmão dele. Quem matou Daniel e fez dele uma oferenda? A quem? A troco de quê? O mistério continua.

  10. Lucas Suzigan Nachtigall
    28 de novembro de 2021

    Algumas considerações a respeito do conto: Gostei da ideia central. Realmente é bem legal o cerne. Porém a execução ficou muito prejudicada. Há, no conto, informação demais em um espaço muito curto. Muita informação atrapalha a leitura, pois inunda o leitor com muito conteúdo.
    Por outro lado, acho que temos o problema de muita história para pouco espaço. Atente-se para o limite de palavras. O seu conto seria perfeito para uma noveleta, ou mesmo um livro. Mas, ao condensá-la em muito pouco espaço, fica aquela impressão de que a história fica “truncada”.
    Acho que, para o número de palavras do edital, o ideal seria fazer uma proposta mais contida de narrativa, porque o que temos aqui acabou sendo um exército de informação e coisas acontecendo, comprometendo a qualidade do texto.
    Acho que seria legal prestar atenção nisso em sua escrita.

E Então? O que achou?

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Informação

Publicado às 27 de novembro de 2021 por em Mitologias e marcado .