EntreContos

Detox Literário.

Dicas de Viagem para Quem Não Gosta de Sair de Casa (Clara)

1992: Leve Companhia

Tinha nojo da areia.

Aquela areia escura, não era nem parecida com a pura areia branca das outras praias. Grudava em seus pés, se entrelaçando nos dedos, recusando-se a sair. E sabe-se o que mais tinha ali no meio!

O menino reclamava e guinchava, se recusando a mexer-se. A mãe era dura, e o pai não queria discussão. Tomava o caminho da menor resistência, que no caso era usar os braços fortes para carregar o menino. Os dias de academia não eram mais para conquistar mulheres, mas ainda eram necessários, ele pensava.

E o menino passou a viagem assim, enganchado em seu pai como um macaquinho numa árvore, temeroso dos predadores e demais criaturas terrenas. A areia parecia esconder segredos perigosos, e o mar gritava e gritava, insistindo para que ele não se aproximasse.

Não era o melhor dos descansos, mas era melhor que trabalhar, pensavam seus pais.

1998: Seja Flexível

A praia até que não era ruim, Júlio pensava.

Só não era melhor que ficar no quarto de hotel pulando enquanto jogava Mortal Kombat II. Cada luta era o episódio de uma série imaginária que passava só na cabeça do menino. E isso era melhor do que qualquer coisa que se passava do outro lado da janela.

Mas seus pais insistiam em colocar outras atividades no seu dia, como se férias não fosse pra fazer o que a gente quer! É pra ficar mais cansado do que num dia comum? Mesmo assim ele ia, claro, melhor do que arrumar confusão. Deus sabe o que aconteceria se ele dissesse “não” para sua mãe, a pessoa que mais dava medo nele.

Antes de sair, iam comer. Apesar de ter se acostumado com praia, perdeu algumas coisas que costumava fazer. Quando bem pequeno, comia qualquer coisa que colocassem perto de seus lábios. Era até perigoso!

No entanto, com o tempo, começou a fazer certas ligações: A carne moída assemelhava-se a cérebro derretido no prato, as almôndegas pareciam pele humana quando você chegava a tocar nelas. Feijão também era bem esquisito. E todas aquelas coisas, de alguma forma, eram para encostar na língua dele, entrar nele!

Queria ficar na piscina do hotel. Não tinha areia, era transparente, limpinha, quentinha, sem nenhuma distração, nenhuma onda, nada secreto no fundo para assustá-lo quando pisasse. Mas não adiantava pedir, os adultos queriam ir à praia mesmo, como todas as pessoas normais.

O lado bom é que ele aprendera a andar na areia e não se incomodar muito. Se sentou na área mais úmida, onde a água batia em suas pernas, como se dessa vez o provocasse a chegar mais perto.

O menino não precisava de luxos: nada de baldinhos, pás nem castelos de areia. Apenas tocar a areia com as mãos e observá-las lhe escaparem pelos dedos já era fascinante e muito diferente de todas as experiências cotidianas.

Por um momento, o barulho do mar engoliu o tempo e Júlio até se esqueceu dos guerreiros e aventureiros que povoavam sua cabeça, insistentemente o chamando para brincar dentro da televisão.

Quando voltaram ao hotel, o menino foi direto ao banheiro. Parece que estar na praia faz a água dentro da gente querer sair pra se juntar com o mar! Enquanto fazia xixi, o pai escancarou a porta de correr, rindo, seus olhos transformados numa máquina que emitia flashes. Parecia um x-man. Um daqueles do mal, que moram no esgoto.

Após alguns meses, o rosto desanimado de Júlio estaria preso no plástico do álbum. Com a sunga arriada quase até os joelhos, seu pequeno membro exposto soltava um jato amarelo. A areia, que mais parecia lama, era abundante no quadril e ao redor do pênis. Deve ser isso que seu pai achara engraçado. Os outros adultos também achariam, agora.

Decidiu que não mais sentaria na areia da praia.

2001: Carregue Equipamento Adequado

O barco balançava fortemente de um lado para o outro, parecendo incerto de para onde se dirigia.

Enquanto isso, na proa, um grupo de quarentões e suas crianças comiam espetinho e ouviam pagode ao vivo. A mãe de Júlio, de óculos escuros e biquíni, estampava sorriso no rosto. A atmosfera do local combinava algumas das suas coisas favoritas, inclusive a música. O pai de Júlio gostava de vê-la feliz, e isso lhe bastava para considerar a viagem bem-sucedida.

O gosto do filho, no entanto, era inversamente proporcional ao da mãe. Achava os espetinhos um pouco nojentos, especialmente aqueles, tão cheios de gordura. A música festejava alegremente a conquista do amor, descrevia festas em comunidades, tentava reconquistas impossíveis, ou seja, falava de coisas que o menino nunca experienciara.

Além  de tudo, apesar de ninguém estar encostando em um mililitro da água, ele estava sendo obrigado a ficar só de sunga o passeio todo. O corpo era seu mais novo inimigo naqueles últimos tempos, desde que se moldara após todos os sorvetes e guaranás que sua avó lhe empurrava sem pensar duas vezes. Quando o menino se sentava, imediatamente se incomodava com os pneus que sobressaíam da barriga e com a batata da perna que o fazia parecer desproporcional, como uma espécie de monstro ainda mais patético do que os das histórias em quadrinhos.

Se nunca experimentara nada parecido com as histórias românticas das músicas de pagode, foi porque não tinha idade para isso. No entanto, sua rotunda situação o fazia pensar que não conseguiria nenhuma oportunidade no futuro, também. Para reforçar isso, as outras crianças na escola já haviam começado a chamá-lo por nomes e a apertar forte seus seios ligeiramente avantajados. Somado ao fato de que começara a usar óculos um ano antes e talvez precisasse colocar aparelho nos dentes, era como se aos poucos completasse o kit isolamento.

No entanto, naquele exato momento nada o incomodaria, pois ele havia trazido seu equipamento de viagem: uma revista sobre videogames e um gameboy, por onde ele poderia jogar Pokemon até que a bateria se esvaísse. A idade certamente traz sabedoria. Enquanto ele estivesse munido desses objetos, cessaria de ouvir os problemas batendo à porta de sua consciência.

Mas a vida encontra um meio de nos tocar, e, em torno de quarenta minutos de passeio, uma sensação de enjoo se acumulou no estômago do garoto, que só queria viver em paz no seu mundo das ideias. Sua estratégia perfeita, seu pequeno forte construído de palavras no papel e imagens numa tela não eram eficazes contra aquelas insistentes sensações, que tudo incomodavam e venciam.

– Respira, filho, olha pro horizonte! – Disse sua mãe, parecendo não compreender a magnitude do problema. O horizonte era o que menos queria ver. Não desejava olhar para nada físico, nada que os adultos aparentemente gostavam.

O mal-estar não era suficiente para forçá-lo a vomitar, e nada que fizesse o ajudava a melhorar. Precisou esperar o passeio acabar e voltarem ao hotel.

2006: Siga seus Desejos

Com a idade veio a independência, e Júlio já conseguia provar os frutos dessa dádiva.

Após algumas brigas feias nos últimos meses, alguns avanços haviam sido feitos no relacionamento do rapaz com sua mãe: ele não mais caía em seus blefes. Era grande demais para castigos físicos, e havia conquistado tal desprendimento com as coisas materiais que poderia ficar de castigo por séculos antes de se arrepender de alguma discussão.

– Pode me tirar tudo, eu fico sentado no chão olhando para a parede! – disse na derradeira briga, confiando plenamente na própria capacidade para se disassociar da realidade.

Alguns anos antes, percebera que o corpo humano era limitado demais, e deveras reclamão: suava, pedia comida, bebida, precisava se aliviar das mais variadas formas… um bebê carente que Júlio só atendia com o mínimo, uma vez que infelizmente aparentava estar atrelado a ele de alguma forma. Era o maior infortúnio da vida, talvez, e ele ficaria sem isso caso pudesse, mas aprendeu que tinha talento para contornar o problema.

Percebeu que sempre poderia escapar para dentro de si. E não havia mais obstáculo no mundo material para desviar sua atenção das coisas que realmente lhe importavam (O que normalmente consistia em filmes, séries, histórias em quadrinhos e videogame).

Talvez reconhecendo a superioridade de seu dono, o corpo dera uma trégua logo depois e começou a crescer, deixando-o mais alto e se livrando da forma rechonchuda que o incomodava. No entanto, fez brotarem algumas espinhas, deixando claro que ainda tinha cartas na manga. Para Júlio, pareceu uma troca justa. Sua vida social já não mais lhe importava tanto.

E, principalmente, ganhou mais poder de barganha com a mãe. Considerou que dizer “não” para aquela viagem seria uma ruptura forte demais. Mas faria cada passeio nos seus termos, agora.

O pai não estava mais por perto, e sua tia havia começado a fazer as vezes de companheira oficial da genitora. Enquanto os três liam o panfleto de passeios do pacote de viagens, Júlio notou que todos começavam cedo demais para ele.

– Não vou dormir menos só para passear em praias e dunas! – declarou – Afinal, uma viagem serve para descansar e, se não for pra isso, é só mais trabalho!

A mãe aquiesceu e, assim, cada um teve a viagem que desejava. Ela e a tia saíam de manhãzinha enquanto Júlio passava o dia no hotel.

Suas manhãs e tardes consistiam principalmente em três atividades: jogar emuladores no notebook, ouvir música e ler biografias de cantores do rock. Ultimamente tinha ouvido bastante Joy Division, e naquela viagem leria as memórias de Peter Hook, baixista da banda, bem como uma biografia de Iggy Pop e outra de Marilyn Manson.

Uma de suas novas manias era ouvir música enquanto se imaginava num show, performando como vocalista daquelas bandas. Várias pessoas de sua convivência estariam lá para prestigiá-lo e se sentiriam privilegiadas ao presenciarem um artista tão habilidoso e criativo (Em sua fantasia, ele era comporsitor de todas as canções, também).

O jovem já havia notado que não conseguia mais ouvir música só para se divertir. Eram sempre as mesmas, acompanhadas daquela fantasia tão estimulante. Mas não se importava muito com isso, e, quando se cansava da atividade, começava uma das outras, num ciclo interminável, dentro daquele confortável quarto.

Com alguns dias nesse samsara, cansou-se e decidiu explorar o hotel onde se encontrava. O local dispunha de uma academia bastante equipada (urgh!), além de uma grande piscina aquecida (agora, isso podemos usar!).

Júlio entrou na piscina sentindo o prazer da água, e logo se viu fazendo as brincadeiras aprendidas nas aulas de natação da infância. Imitava tartaruga, cachorrinho, flutuava, mergulhava, cambalhota… pequenos arrepios lhe avisavam que seu corpo gostava das atividades. Finalmente concordavam em alguma coisa.

Vinte minutos depois, no entanto, pensamentos contrários começaram a lhe acometer: sobre a inutilidade de tudo aquilo, de como não estava aprendendo nada e aquelas sensações passariam sem deixar rastros. E, por isso, aquelas atividades não eram dignas de ser feitas. Pelo menos as que gostava de fazer deixavam alguma marca, algum aprendizado.

Ainda com aqueles desconfortantes pensamentos pendurados em sua cabeça, voltou ao quarto, tomou um banho, e passou a ouvir música novamente. Logo se esqueceu de tudo aquilo.

2030: Algumas Viagens São Inevitáveis

Naquele ano, a mesa virou, e Júlio começou a perder a batalha.

Começara com uma dor aguda na região dos rins, mas logo passava, e ele não era de se queixar muito sobre os mugidos da carne. Sempre passava, e um dia tudo passaria de vez.

Mas não passou,  e nem mesmo sua enorme capacidade para pensar conseguia impedir as perturbações. A dor agora parecia atingir o interior dos seus ossos, imobilizando-o naquela cama que não lhe pertencia.

Logo sua mãe viria visitá-lo. Por um lado, queria sua companhia, mas, por outro, sabia que seria incomodado. Toda a preocupação, o franzir da testa, o olhar piedoso, trariam gosto ainda mais amargo para o que vivenciava. Naquelas circunstâncias, as conversas desagradáveis do que ele fez ou deixou de fazer no passado seriam multiplicadas à milésima potência.

Havia conseguido, após seu diploma, arrumar a vida e fazer apenas o que quisesse. Finalmente era senhor de si mesmo, não precisando sair de casa se não quisesse. E não quis. Não mais viajou, exceto por meio de documentários no YouTube.

Ainda naquela cama fria, achava que preferia ficar sozinho, mas seu talento de mergulhar em pensamentos agora lhe traía. Todas as memórias do passado lhe voltavam, dolorosamente nostálgicas. Sua mente, antes única aliada contra o mundo, não mais lhe servia.

Se lembrava do mar, das praias, de toda a natureza que experimentara, e tudo sempre lhe parecera tão perigoso, tão hostil, pronto para eliminá-lo despreocupadamente. Aquele quarto anêmico e o maquinário ao qual estava conectado, apesar de construídos para prolongar a existência humana, pareciam a Júlio igualmente desinteressados.

Seu corpo tremia por vezes, talvez liberando tensões de um passado distante. Em outros momentos, a dor era tanta que o homem desejava ter forças para se debater.

Lembrou-se envergonhado de quando, com dez anos de idade, se sentia muito desgostoso com a vida, e a ideia do suicídio perpassou rapidamente por sua cabeça. Sentiu como se, no meio da noite, o demônio deixasse um presente à sua porta. Não foi em frente porque pensou que não poderia encerrar a própria vida, já que desejava saber o que aconteceria nos próximos jogos das franquias que tanto gostava.

Não sabia se a lembrança era fofa ou assustadoramente triste.

Agora, no entanto, tudo que poderia jogar, ler, ouvir, parecia tão inútil quanto qualquer outra coisa, incapaz de abafar a dor aguda dentro de si. Estava sozinho, sem forças para qualquer atividade, sem conseguir aceitar a situação em que se encontrava.

Sentia sua mente rastejando para todos os lados, sem mais fazer sentido. O quarto ria dele, a própria existência ria dele, que era novamente menino, nu e desprotegido. O corpo vencera. À sua frente, lhe esperando, estava um abismo tão escuro, profundo e inevitável quanto a areia, o mar, a natureza.

Sobre Fabio Baptista

14 comentários em “Dicas de Viagem para Quem Não Gosta de Sair de Casa (Clara)

  1. Jorge Santos
    13 de maio de 2024

    Olá, Clara. Este seu relato prima pela atualidade. Nunca como agora as pessoas foram tão anti-sociais, preferindo refugiar-se em casa, a jogar, do que a enfrentar a vida, com tudo o que de bom e de mau pode acontecer. As personagens estão bem caracterizadas: a mãe super-protetora, o filho dependente dos jogos, o pai ausente. A evolução, centrada na repetição da mesma viagem à praia, serve para mostrar a passagem do tempo – as consequências da escolha de vida surgem no final, com os problemas de saúde e a depressão. Creio só ter faltado alguma elegância ao texto para prender mais o leitor.

  2. Cícero Robson
    12 de maio de 2024

    Oi, Clara.

    O seu conto faz um percurso das lembranças de família, com sentimentos, reações, descobertas e medos. Não teve como evitar a minha identificação com algumas referências que a história trouxe, como aspectos da cultura dos anos 1990. A história “prende” também pelas limitações que o personagem desde cedo vê em si mesmo. No decorrer da leitura sinceramente torci por uma mudança no cotidiano do narrador. O final do conto foi bem triste. Você descreveu bem as sensações e a ausência de perspectiva de quem se encontra diante dos dias finais da “viagem” do Júlio.

    Boa sorte no desafio.

  3. Luis Guilherme Banzi Florido
    7 de maio de 2024

    Bom dia, Clara! Tudo bem?

    Diário de viagem (kkkkkk): tô nos EUA sem notebook e sem internet, então tô lendo e comentando os contos pelo celular. Então desculpe por prováveis erros de escrita e pela estrutura não tão organizada do conto. Porém, vou comentar com a mesma seriedade e parâmetros que vinha usando até então. Vamos lá!

    Que conto mórbido, carregado de um certo pesar e muita tristeza. Belamente escrito, parabéns!

    O conto me parece um pouco auto biográfico, e tenho a impressão de que o autor(a) imprimiu nele uma grande dose de sua própria experiência na infancia e adolescência. O protagonista, ao que parece, nunca consegue compreender e se adequar as normas e convenções sociais, e acaba cada vez mais isolado do mundo, especialmente dos pais, a quem não entende de quem prefere distância. O desenrolar do conto deixa claro que a história não vai terminar feliz, e o final entrega exatamente isso.

    Eu gostei da divisão do corno em épocas, mostrando o desenvolvimento do medo do garoto pelo desconhecido e seu desejo de permanecer em casa. Em cada época, você conseguiu transmitir muito bem o modo como o garoto mudou e se adaptou a uma vida da qual não gosta (vale lembrar que ao final o protagonista admite já ter pensado – ainda que rapidamente e sem levar a sério – em suicidio). Infelizmente, sua repulsa pelo carnal e mundano parecem tê-lo levado a uma vida desregrada e pouco saudável, e o homem, em seus quarenta e poucos, morre sozinho de alguma doença causada pelos hábitos ruins. O autor(a) não poupa os leitores da tristeza, entregando um final cru e impiedoso. Gostei muito do desfecho.

    Acredito que você poderia dar uma reduzida nas vírgulas, tem partes que possuem vírgulas em excesso, a meu ver – inclusive o primeiro parágrafo.Todos os personagens são bons! Bom trabalho. O foco do conto está todo no protagonista, mas você conseguiu trabalhar muito bem os personagens secundários, especialmente a mãe e o pai. Por meio das inserções da forma como o protagonista enxergava seus pais, era possível traçar um claro perfil de cada um deles.

    É isso, um conto muito bom, com ótimo ritmo, personagens, enredo. Só posso torcer pro seu sucesso no desafio. Parabéns!

    Construção de personagens: 8,5
    Enredo: 8,0
    Técnica: 9,0
    Ritmo: 9,0
    Desfecho: 9,0
    Nota final: 8,7

    Parabéns e boa sorte no desafio!

    • Luis Guilherme Banzi Florido
      7 de maio de 2024

      Divisão do conto, e não “divisão do corno” AHAHAHAHHA

  4. Priscila Pereira
    7 de maio de 2024

    Olá, Clara! Tudo bem?

    Vou deixar minhas impressões sobre seu conto, lembrando que é a minha opinião e não a verdade absoluta. (Obviamente)

    Seu conto me inspirou tristeza. Senti como se a vida de Júlio tivesse sido desperdiçada. Imagino que ele tenha algum distúrbio sensorial, ou talvez até um nível baixo de autismo. E essas pessoas quando devidamente diagnosticadas tendem a ter um aumento considerável na qualidade de vida.

    Júlio viveu praticamente no campo da imaginação. Uma vida imaginada, mas não vivida. Eu não me identifiquei em nada com ele, mas já vi séries e vídeos de pessoas com o mesmo perfil e parecia que o Júlio não tinha se dado conta de que talvez ele tivesse alguma dificuldade que precisava ser superada.

    E no final da vida, doente, ele se deu conta de que a imaginação não era suficiente para tudo e que no final, o que ele realmente lembrava, o que tinha marcado a vida dele era o que ele havia feito, e não imaginado, então todas as séries, filmes, jogos, livros, músicas, foi tudo em vão.

    E estamos caminhando para isso como sociedade. Uma época em que poderemos ser um só com a internet, seres sem corpos, totalmente mentais. E no final, a vida terá sido completamente em vão.

    Bem, estou divagando muito já 😅 vamos falar do seu conto. Está bem escrito, conseguimos mergulhar na vida do protagonista e “viver” através dele. Deve ser por isso que o sentimento de tristeza vem tão forte.

    Gostei do conto. Parabéns!

    Boa sorte no desafio!

    Até mais!

  5. Marco Saraiva
    6 de maio de 2024

    Em primeiro lugar: durante este desafio eu não terei acesso a um teclado brasileiro, então os meus comentários serão desprovidos da maioria dos acentos. Perdão pela dor nos olhos!
    Em segundo lugar: resolvi adotar um estilo mais explícito de avaliação, pegando emprestado do que o Leo Jardim fazia antes, com categorias e estrelinhas, e também deixando no final um “trecho inspirado”, que é uma parte do conto que achei particularmente bela ou marcante.

    ——————————————-

    Avaliação

    A historia de Julio, que nao viveu a propria vida, trancafiado em entretenimento barato ate que o cancer o consumiu. Seu crescimento eh pontuado pelas viagens que fazia, cada uma demarcada por suas mudancas em comportamento, costumes e ideias.

    O texto me pegou demais. Fez-me sentir alguem nem um pouco especial. O que voce descreveu neste conto, em tantos detalhes, bate muito com o meu proprio crescimento, e minhas proprias experiencias. O recuo a propria mente, a rebeldia, o nao-entendimento das atividades das pessoas, as musicas que, na minha mente, eram cantadas e compostas por mim mesmo. Fiquei ate arrepiado em certos trechos. Parece que este conto veio da alma!

    TÉCNICA ●●● (3/3)
    Voce escreve muito bem. O estilo muda ate mesmo conforme Julio vai crescendo, alterando a escolha de palavras, inicialmente mais infantil para descrever seus primeiros anos de vida, e passando para uma escrita mais sobria na sua velhice. Um dominio incrivel da escrita!

    HISTÓRIA ●●◌ (2/3)
    A ideia de Julio nao viver a vida, ter asco da natureza e prender-se ao mundo virtual, arrastando-se para uma vida sem sentido e sem profundeza, mexeu muito comigo. O toque de ele mergulhar nas biografias dos seus idolos, fantasiando as suas vidas ao passo que ele mesmo nao fazia ou conquistava nada que o orgulhasse, foi um tapa na cara. So nao dei nota maxima por que, como trama, o conto eh bem simples. Mas os detalhes me pegaram.

    TEMA ●● (2/2)
    Gostei muito de como voce conduziu as fases da vida de Julio em viagens. Cada uma demarcava uma parte do seu desenvolvimento. Sensacional!

    IMPACTO ● (1/1)
    A sinceridade aqui eh palpavel. O conto vem como um soco no estomago, por que imagino que nao sou o unico a me ver tracando alguns dos mesmos passos de Julio. Fiquei pensando sobre o que li muito tempo depois de ter lido!

    ORIGINALIDADE ● (1/1)
    Sensacional, nada mais a declarar.

    Trecho inspirado

    “Uma de suas novas manias era ouvir música enquanto se imaginava num show, performando como vocalista daquelas bandas. Várias pessoas de sua convivência estariam lá para prestigiá-lo e se sentiriam privilegiadas ao presenciarem um artista tão habilidoso e criativo (Em sua fantasia, ele era comporsitor de todas as canções, também).”

    Poxa, parece que voce me descreveu aqui! Nao sabia que essa coisa era tao comum!

  6. Thiago Amaral
    5 de maio de 2024

    Oi Clara, tudo bem?

    Gostei do seu texto. Me identifico com várias das características do personagem e com as referências à cultura pop. Acho que a questão da introspecção deve ser bastante comum entre todos nós que gostamos de escrever.

    Apesar do tom meio cru do texto, falando de várias situações e sensações depressivas, alguns pontos do texto são poéticos e ajudam a apreciar melhor a história tão triste. Como vários outros, gostei do trecho onde o mar engole o tempo, dos mugidos da carne e outras comparações bacanas. Se tivesse ficado apenas nas descrições, acredito que faltaria algo.

    Como também vi em outros contos do desafio, o seu segue um mesmo ritmo calmo e vai indo, prometendo um clímax, que no final não é entregue… esperamos talvez por uma reviravolta, um momento em que tudo se encontre e se resolva de alguma maneira, mas não acontece. Apenas o esperado: Júlio não aproveitou, não viveu, exatamente como parecia. Isso traz um pouco de desapontamento a quem lê. Ao mesmo tempo, como mencionei em outro conto, parece ser isso o que o conto precisa, e ficaria estranho se fosse de outro modo.

    Em todo caso, apesar de não acontecer muita coisa, reconheço bastante significado no texto, passando por questões de personalidade, aproveitar a vida, questões do corpo e natureza das coisas. Dá pra fazer bastante reflexão com isso, e foi um ponto positivo.

    Talvez poderia ter explorado mais os outros personagens, já que o conto parece muito centrado no protagonista (assim como ele mesmo parece ser). Talvez falar um pouco mais da mãe ou do pai, que também tem potencial para serem interessantes.

    Bom, é isso. Agradeço a contribuição e até a próxima!

  7. Emanuel Maurin
    4 de maio de 2024

    Um homem que sempre se refugiou em seu mundo interior, enfrenta uma dor debilitante. E reflete sobre sua vida enquanto luta contra a dor que começou nos rins e passou para os ossos. Confrontado com memórias dolorosas, se sente traído por sua mente. Sozinho, sem forças, é incapaz de aceitar sua situação. Achei o final seco, tinha que ter mais detalhes sobre o que aconteceu com o protagonista. Achei os diálogos mal elaborados. Tem algumas descrições muito detalhadas e as transições são um pouco abruptas. O protagonista até que foi bem descrito, mas os outros personagens são pouco desenvolvidos. A narrativa foi um pouco empapada. 

  8. Givago Thimoti
    4 de maio de 2024

    DICAS DE VIAGEM PARA QUEM NÃO GOSTA DE VIAJAR (CLARA)

    Bom dia, boa tarde, boa noite!

    Primeiramente, gostaria de parabenizar o autor (ou a autora) por ter participado do Desafio Viagem/Roubo – 2024! É sempre necessária muita coragem e disposição expor nosso trabalho ao crivo de outras pessoas, em especial, de outros autores, que tem a tendência de serem bem mais rigorosos do que leitores “comuns”. Dito isso, peço desculpas antecipadamente caso minha crítica não lhe pareça construtiva. Creio que o objetivo seja sempre contribuir com o desenvolvimento dos participantes enquanto escritores e é pensando nisso que escrevo meu comentário.

    No mais, inspirado pelo Marco Saraiva, também optei por adotar um estilo mais explícito de avaliação, deixando um pouco mais organizado quando comparado com o último desafio. E também peguei emprestado do que o Leo Jardim fazia antes, com categorias e estrelinhas, e também deixando no final um “trecho inspirado”, que é uma parte do conto que achei particularmente digno de destaque.

    Mesmo diante de tudo isso, as notas e os comentários podem desagradar, como percebi hoje, dia 29/04/24. Como já está no meio do desafio, e eu já avaliei alguns participantes, eu vou manter o estilo de avaliação, “anunciando” a nota e tecendo minha opinião do mesmo jeito. A diferença é que essa nota é provisória e sujeita a alterações. Obviamente isso se estende aos contos já avaliados.

    Outra coisa que eu percebi que deu ruído até o momento também foram os critérios. Vamos lá, para tentar esclarecer: refleti bastante sobre o assunto e a minha conclusão é a seguinte: não consigo avaliar um texto literário como um conto, dentro desses critérios, sem considerá-los como um todo.  Afinal, uma técnica apurada pode beneficiar a história do mesmo jeito que o contrário pode ocorrer; um conto com a escrita não tão boa pode afetar a história, seu desenvolvimento e seu impacto e assim por diante.

    Por fim, é isso! Meu critério é esse e não sofrerá mais alteração. Creio que é o mais justo entre meu jeito de avaliar, a lisura do certame e o respeito e a consideração pelo autor/pela autora.

    Avaliação + Impressões iniciais

    Caraca, outra pessoa que não gosta muito de viajar??? Raridade, raridade., raridade… A chatice em mim saúda a chatice em Júlio.

    HISTÓRIA  (2,5/3)

    “Dicas de viagem para quem não gosta de viajar” conta a história de Júlio, um menino um tanto excêntrico que não gosta de viagem, não gosta de praia. Ao longo que ele vai crescendo, ele tenta se adaptar às viagens. Júlio é introspectivo, troca com facilidade a presença de outras pessoas com hobbies que ele gosta, como séries e filmes.

    E assim Júlio vai crescendo, e depois que vira um homem adulto, nunca mais viajou. Trocou o mundo (samsara) pela sua redoma, pela sua bolha, pela sua zona de conforto.

    Nesse ponto, a excentricidade da história vira tristeza e melancololia. Infelizmente, o corpo de Júlio o traiu. Aos 40 e poucos anos, é acometido por uma doença que o deixa acamado e, por fim, o mata. A sensação que se passa ao leitor é pena: uma pena que Júlio não tenha optado por viver de uma maneira mais aberta.

    Inclusive, essa questão de Júlio (e de todos nós) com o corpo perpassa todo o conto. Mais especificamente, percebemos essa questão no personagem de sua transição de criança para adolescente, ele querendo dominar o corpo. Não quer sentir fome, não quer enjoo… Achei interessante a forma como foi abordada.

    Enfim, a mensagem de aproveitar o mundo ficou bem clara, quase como uma moral da história. Particularmente, não sou muito fã de história, mas enfim

    TÉCNICA  (2/3)

    A técnica de escrita é simples. No início, a história está escrita com um pouco do lúdico infantil. Por exemplo: “Quando voltaram ao hotel, o menino foi direto ao banheiro. Parece que estar na praia faz a água dentro da gente querer sair pra se juntar com o mar! Enquanto fazia xixi, o pai escancarou a porta de correr, rindo, seus olhos transformados numa máquina que emitia flashes. Parecia um x-man (aqui seria X-Men). Um daqueles do mal, que moram no esgoto.” Conforme ele vai crescendo, a escrita torna-se mais adulta, menos lúdica (ao meu ver, claro). Foi uma boa transição, embora acho que o início seja mais cativante do que o meio do conto. O final também é muito bem escrito.

    Não percebi erros gramaticais.

    TEMA  (1/1)

    Extremamente adequado ao tema, de forma explícita.

    IMPACTO  (1,5/2)

    É um conto bom, bem escrito, com um arremate triste e melancólico. Impactou positivamente.

    ORIGINALIDADE  (1/1)

    Acho que o conto tem uma originalidade, uma característica muito própria: não fala só de viagem. Fala a partir da viagem. Fala da relação entre corpo e mente, a dualidade introversão e extroversão, tudo isso de uma maneira harmônica e fluída… Original sim!

    Nota: 8

    Trecho interessante: “Alguns anos antes, percebera que o corpo humano era limitado demais, e deveras reclamão: suava, pedia comida, bebida, precisava se aliviar das mais variadas formas… um bebê carente que Júlio só atendia com o mínimo, uma vez que infelizmente aparentava estar atrelado a ele de alguma forma. Era o maior infortúnio da vida, talvez, e ele ficaria sem isso caso pudesse, mas aprendeu que tinha talento para contornar o problema.

  9. Regina Ruth Rincon Caires
    3 de maio de 2024

    Que conto triste, que mundo triste, que vida triste! Será que tudo seria diferente se Júlio fosse diagnosticado, ainda pequeno, com algum transtorno? Não sei. O mundo inclusivo não é tão bonito quanto é contado nas propagandas.

    O único momento em que ri, durante a leitura, foi quando apareceu: “Somado ao fato de que começara a usar óculos um ano antes e talvez precisasse colocar aparelho nos dentes, era como se aos poucos completasse o kit isolamento”. Clara, “kit isolamento” foi hilário! Mas tirando isso, misericórdia…

    Isso é mérito da criação do autor. Registrar dor, solidão, isolamento voluntário, constrangimento, vergonha do corpo, complexos pessoais, contar todos esses sentimentos excludentes do convívio social é muito difícil.  Acredito que exige muito do mundo interno do autor. Será que é preciso sentir para contar?

    O texto é linear, fluente. Pelas datas é possível acompanhar Júlio desde que era criancinha até a idade do lobo. Achei muito doce a descrição, no início do texto, quando fala de Júlio com o pai.

    …“enganchado em seu pai como um macaquinho numa árvore, temeroso dos predadores e demais criaturas terrenas .”

    A escrita é boa, mas existem deslizes (colocação pronominal, disassociar/desassociar). Bah! Basta corrigir, se preciso for.

    Clara, parabéns pelo trabalho! Triste pra caramba!

    Boa sorte no desafio!

    Abraço.

  10. Angelo Rodrigues
    1 de maio de 2024

    Olá, Clara.

    Comentários:

    Um conto um tanto ou quanto angustiante, desesperançado. Tantos existem como Júlio, e o retrato do menino no conto, com a aparência de poucos recursos literários, cumpre com fidelidade a gênese do fracassado, que, sem que possa perceber, escolhe todos os elementos disponíveis para que nada funcione em sua vida. Um mérito do protagonista, um mérito do autor, que faz Júlio cumprir fielmente um destino trágico que se avizinha a todo momento.

    A história conta a trajetória de Júlio, um pequeno Mr. Monk sem predicados especiais, e seu crescimento. Quase do nascimento até a quase morte.

    Acho que esse menino Júlio poderá, um dia, ser considerado o moleque mais chato da literatura brasileira. Um mérito do autor. Ele, o moleque, perdeu todas as oportunidades, escolheu todas as bolas-fora, fez tudo para que a vida fosse para o brejo. Em resumo: Júlio é um chato, um chato mais que padrão, um ícone ao chato de galochas. De novo, um mérito do escritor ao criá-lo. Um Bartleby do Não à vida. Isso não é pouco.

    Júlio cresce, sempre desajeitado, engorda com os mimos alimentícios da família, isola-se em seus entretenimentos, não faz contato real com o mundo exterior, e sempre munido do seu aparelho de videogame.

    Óbvio que Júlio tem problemas de adaptabilidade à vida e, pior de tudo, ninguém parece se dar conta disso. A mãe não muda seu comportamento, a tia, idem, o pai, sem mais, dá no pé e desaparece do texto. Júlio é triste, o retrato da tristeza cujo fim, por conta do histórico, sabemos onde vai dar.

    Júlio cumpre a sina do crescimento desajustado, até chegar à adolescência e ganhar no rosto as acnes tão comuns, que só pioram as coisas. Tudo caminha em direção à sua própria miséria e nada, nada instiga à leitura esperançada de que algo diferente vá acontecer. E nada acontece, a vida de Júlio escorre pelo texto, pelos anos, até colocá-lo sobre uma cama com pensamentos circulares arruinadores.

    Júlio é um chato e tanto. Parabéns ao autor pelo epítome ao chato.

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.

  11. Kelly Hatanaka
    30 de abril de 2024

    Costumo avaliar os contos com base nos seguintes quesitos: Tema, valendo 1 ponto, Escrita, valendo 2, Enredo, valendo 3 e Impacto, valendo 4. Abaixo, meus comentários.

    Tema
    O conto atende o tema. A relação de um garoto, e depois rapaz, com seu corpo e com a vida são expressos através das viagens que faz com sua família.

    Escrita
    Muito boa, com algumas expressões e imagens memoráveis, como “mugidos da carne” e “o barulho do mar engoliu o tempo”. Gostei da quantidade de coisa dita nas entrelinhas. O conto inclusive, parece maior do que realmente é, e não porque leitura seja arrastada e sim porque ela é rica.

    Enredo
    Acompanhamos algumas viagens de um homem, desde garoto até se tornar um homem adulto, preso à cama de um hospital. Desde menino. Julio tem uma relação complicada com o próprio corpo. É uma pessoa que vive dentro de sua mente e que encontra prazer no mundo das ideias. O corpo o incomoda, o mundo físico o ameaça. Até que ele fica doente e nem a sua mente lhe oferece mais conforto.
    É um enredo simples, talvez demais. Eu ia dizer que senti falta de algum grande acontecimento. Mas, talvez, a falta de grandes acontecimentos diga muito sobre Julio e a forma como ele vê a vida. Isso, porém, construiu uma sensação bem anticlimática.

    Impacto
    É uma história interessante, bem linear, que vai desde a infância de Julio até o momento em que ele contempla a morte. Julio é uma pessoa com “pouco impulso de vida”, uma pessoa que vide dentro da própria cabeça. Sim, o pensamento é terra de liberdade absoluta. Mas é também solitário. Uma pessoa solar, como parece ser a mãe dele, deve ficar triste em ver uma vida tão pouco vivida. Mas… cada um tem seu jeito. O pai dele sai de cena de repente, sem maiores explicações. Dá a impressão de ser um evento que teve pouca importância em sua vida. Como tudo.
    Como pessoa que vive dentro da própria cabeça e tem que se esforçar muito para se lembrar de que tem corpo, posso dizer que este conto me impactou.

  12. Antonio Stegues Batista
    29 de abril de 2024

    Já vou avisando que não sou professor de literatura, que eu analiso seu conto de acordo com o que penso, acho que é o correto e mais de 50 anos lendo livros. Você criou o conto como um manual contendo regras e exemplos, contando a história de uma família em férias. Achei essa estrutura muito interessante, boa, legal. A cada regra, ou sugestão com título – Leve Companhia- Seja Flexível-etc. é dado um exemplo na figura do menino Júlio. São exemplos pessimistas do que pode ocorrer numa viagem de férias. nada agradável. Como diz o título, as dicas são para quem não quer sair de casa para viajar, e viaja. Achei algumas frases bem construídas, outras não, algumas palavras não combinaram para dar um sentido correto e elegante e a sonoridade é desagradável, como na frase; “(…) enganchado em seu pai”, mas a maioria é elaborada e tem até um tom poético num sentido figurado de bom gosto; ” o barulho do mar engoliu o tempo”. Tem uma palavra que fiquei em dúvida se está correta, na frase; “ (…)falava de coisas que experienciara”. Acho que o correto é experimentara, ou melhor, experimentou. Tenho a impressão de que você é bem jovem e que lê bastante e usa o que leu em seu conto, que são as palavras repetidas, os tais clichês, embora sejam belas e por isso repetidas. A arte literária se resume no que o autor (a) usar o que sabe de uma forma diferente, com criatividade, é criar seu próprio estilo. Continue escrevendo, você tem boas ideias.

  13. vlaferrari
    28 de abril de 2024

    Um viagem interna decorada com as viagens e dissabores ao longo de uma mente depressiva. Ao menos foi assim que entendi o conto. Há inúmeros documentários, estudos e literatura de auto-ajuda nesse sentido e só seria digressão minha, comentar a respeito do tema escolhido. Atenda a premissa e pronto. Um texto com bom fluxo narrativo e alguns erros de revisão. Algumas frases construídas de maneira particular, que não me agradam, mas é apenas opinião.

    Entendi a narrativa um pouco “consequente”, se é que se pode explicar assim. É como um diário de bordo escrito nas últimas páginas de um caderno, e que após ao final, encontrariamos um “continua no próximo caderno”. Veja bem: MINHA OPINIÃO. Não sou a melhor pessoa para argumentar a respeito de depressão, pois penso que cada um tem a sua forma de pensar ao próprio respeito. (e… acabei comentando)

    Sucesso.

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Informação

Publicado em 28 de abril de 2024 por em Viagem / Roubo.