Aquilo só podia ser brincadeira. Mas não era. Os homens adentraram a casa sem, nem sequer, pedir licença e se instalaram, esparramados pelo sofá, sem demonstrar a mínima expressão de que estavam brincando.
Acusada de quê? Quem são vocês?
— Eu diria que somos agentes da justiça e do governo.
— Eu não devo nada à justiça nem a esse governo.
— Até acreditamos, pois vasculhamos sua vida até pelo o avesso. Nós, entretanto, fazemos parte de um outro tipo de justiça. Vamos dizer assim, uma justiça mais sublime.
— E posso saber que justiça “sublime” é essa?
— Sim, a justiça dos Cistencéfalos da Tartufice, minha senhora!… Em outras palavras, contra o comunismo!
— E que diabo de seita é essa, “dos cistencéfalos” da tartufice, posso saber?
— É o nome da nossa gloriosa facção, os fascistas do novo “Establishment”.
Marília esboçou um sorriso amarelo, meio irônico e pensou ser uma rebelião de loucos; ou quem sabe, fossem os fanáticos terrivelmente religiosos que ora se instalaram no governo, mas quando viu um dos indivíduos começar a vasculhar sua estante, ela voou com as unhas no pescoço do insolente, no grito:
— Tire as mãos daí, seu filho da puta!…
Mas o homem foi mais ágil, segurou-lhe as mãos e rapidamente a esbofeteou. O outro continuava remexendo nos livros da estante. E num grito de espanto:
— Vejam, aqui estão as provas!… “Como as Democracias Morrem” do esquerdismo estadunidense e “As Valquírias” de Paulo Coelho.
Marília, que fora obrigada a sentar-se no sofá, disse meio sufocada:
— Que porra de provas? São só livros.
O homem sentou-se ao seu lado. E argumentou:
— Essas são as provas que faltavam, a senhora é mesmo uma bruxa. E o pior dos males, a senhora é contra os que são contra, ou seja, contra os antifascistas.
Confusa, Marília começou a pensar em outras hipóteses: um assalto por exemplo; esses homens podiam estar inventando essa história absurda, como pretexto para intimidá-la.
— Por favor levem o que quiserem, minha bolsa está sobre a mesa, mas por Deus, não me façam mal.
O outro homem vistoriava o quarto.
— Uau, esta casa está infestada de livros, duendes, bruxas… Diante de tais evidências, tem alguma coisa a dizer?
Marília que já não conseguia raciocinar, juntou suas coisas espalhadas pelo chão e, encolerizada, deu um chute na canela do inquisidor. O homem, enfezado, friccionou a perna esfolada e ordenou o outro que apressasse os preparativos para pôr fim à missão, porque o tempo estava ameaçando chuva, e não podiam perder mais tempo. Levantou o corpanzil, retirou um lenço ensebado do bolso e, enquanto os outros estavam empenhados em quebraros móveis da casa, amordaçou Marília, até com certa delicadeza.
— Não nos leve a mal, apenas obedecemos ordens, estamos em outro regime; é justo que “Ele” queira mostrar serviço.
O outro indivíduo já havia empilhado toda a madeira dos móveis no fundo do quintal, e completou a pilha com os livros. Arrastou e amarrou a condenada sobre o monte de madeira, encharcou-a com querosene. E foi buscar os fósforos na cozinha.
Olá. querido Paulo. Não comentei antes porque estávamos no mesmo grupo e eu não tinha obrigação de ler os contos do Chihuaha.
O seu conto deixa quem o lê um tanto angustiado. Outro dia tentei assisti a um episódio de O Conto da Aia e simplesmente eu não consegui. É muito revoltante ver fanáticos idiotas conduzindo a vida das pessoas, interferindo, criando regras, impondo suas vontades fora da realidade. O seu conto causou o mau estar de ver a sua protagonista ser submetida à insanidade de gente assim.
Eu gostei. Parabéns. Um grande abraço.
Oh, Iolanda! Muito grato por seu comentário. Pela sua compreensão introspectiva e emotiva. Foi com este mesmo sentimento que me imbuí para denunciar este nefasto momento em que vivemos em nosso Brasil. Grato por entendimento tão próprio as minhas intenções.
* mal estar.
Olá.
Infelizmente, seu conto está cada vez mais real. Todo mundo tem que escolher um lado com paixão e espalhar a palavra. Queim… quero dizer, cancelar, o inimigo, para a glória da causa e amém.
E taí mais um motivo para eu não gostar de regimes.
Um texto sobre um regime e seus seguidores, um texto sobre pessoas acuadas, futuros defuntos, que têm a vida invadida e bens queimados.
Não posso esquecer do bom uso da palavra tartufo que explique um pouco mais sobre a coisa toda. Entretanto, devo confessar: li algumas vezes teu texto, há algo que confunde, achei que as falas da mulher e a dos inquisidores possuem um tom muito parecido, o que limitou a minha imaginação para construção das personagens.Talvez seja um recurso estético para dizer que algoz e vítima são parecidos, mas se for, precisa ser mais delimitado.
No fundo, uma boa crítica a todos os lados que levantam e derrubam bandeiras sem ao menos entender o que cada uma delas representa.
Olá!
Achei sua escrita muito boa, mas o desenvolvimento da história pra mim deixou um pouco a desejar… Me parece ser parte de algo maior muito interessante, ams não sei se o conto se sustenta por si só, como um miniconto. Sem muito contexto (além do contexto do mundo atual, que já nos deixa um bom panorama para refletir), fica difícil acompanhar o que se passa. E se for apenas uma alegoria com alguns tipos de fanatismo que vivemos hoje, achei que faltou dar alguma dica de qual seria o tom da crítica. Poderia ser só uma frasezinha, um tom de ironia ou mesmo de fechamento, não sei. Não é um conto ruim, só me parece que ficou faltando aquela cerejinha no bolo que ia dar sentido a tudo que foi escrito…
O conto narra a história de uma mulher que foi acusada, julgada e condenada a queimar na fogueira por ser considerada bruxa, comunista e antifascista. O conto tem um humor nonsense bom, a narrativa é bem conduzida e tem um tom crítico bastante adequado para os tempos que estamos vivendo. Bom conto. Boa sorte no desafio
Senti aqui uma mistura de Fahrenheit 451 com 1984, o que foi algo interessante. Pareceu em alguns momentos que tentou puxar umas linhas mais cômicas, usando por meio de acontecimentos absurdos que infelizmente já não são tão absurdos assim.
De forma geral o texto está bem escrito, e a ideia é bem interessante. Mas senti falta de uma história com uma reviravolta ou pelo menos com um desfecho impactante. Desde o inicio fica claro que a ideia deles, ficando ainda mais explicito pela imagem e titulo a ele atribuído, então quando chegamos ao desfecho não encontramos nenhuma surpresa.
De qual quer forma foi um mini conto agradável de ler. Parabéns e boa sorte.
Olá!
Como fórmula de avaliação utilizo os quesitos: G -gramática, F-forma e C-conteúdo, onde a nota é distribuída respectivamente em 4, 3 e 3, e ainda, há que se levar em conta minhas referências, gostos e conhecimentos adquiridos como variável para tanto (o que é sempre um puta risco para o avaliado. KKK). Posso?
G=4. Então, no decurso da leitura algumas coisas me incomodaram. Tanto repetições de palavras em curto intervalo, quanto outros percalços acerca do universo do personagem. Em todo caso, não irei retirar pontos neste quesito, porém irei citá-los: — ATÉ acreditamos, pois vasculhamos sua vida ATÉ pelo o avesso.(repetição de termo em curto intervalo)… porque o TEMPO estava ameaçando chuva, e não podiam perder mais TEMPO (repetição) … estavam empenhados em quebraros móveis da casa (QUEBRAR OS MÓVEIS. Passou na revisão, né? Eu entendo bem como é isso)…
F=1. Valorizo a forma, e vejo aqui que você se utilizou do insólito para fazer um protesto e/ou denunciar algo. O choque, a ironia, os diálogos ágeis, são ferramentas de efeito, porém algo impediu que seu texto brilhasse por inteiro (pra mim). Primeiramente vi que os caras entraram e só depois do diálogo a mulher pensou poder se tratar de um assalto. Mano, pela lógica, penso que seria a primeira coisa a ser pensada. Outro fato é que o nome da facção dos caras parece ser complexa de ser falada, mas ela repete de boas só pra fazer rir. Ainda em fazer rir, chocar… senti falta de umas construções frasais mais elaboradas, sabe? Dessa forma seu conto ficou na média pra mim.
C=2. Pois sim, nesse nosso Brasilzão há quem diga que o governo iria invadir e tomar as casas, as coisas, os filhos…, caso o candidato B vencesse a eleição, mas… o que estamos vivenciando é um lance diferente do que os conspiradores ditavam (igualmente, tétrico!). O texto brinca com a liberdade de expressão, do pensamento, do ir e vir… São ideias bacanas de tempos e obras anteriores (cada vez mais passíveis de acontecer). O lance mais pulsante aqui é o julgamento vazio, banal, baseado em achismos. KKKKK Eu ri e funcionou comigo, mas a forma faz o conteúdo perder um pouco de força.
Parabéns e boa sorte!
Média final: 7
A crítica social do texto é óbvia! nçao precisa se esforçar muito para perceber que é um comentário distópico, buscando a hipérbole, da nossa própria sociedade. Porém, a forma um pouco escrachada e exagerada da narrativa deixa a lairuta um pouco cansativa. Acredito que na maioria das vezes, a sutileza e a precisão são o que fazem a boa fixação do humor, e por conseguinte, a crítica nele contida. Por isso, seu texto não funcionou muito bem comigo.
Desesperador! Eu tenho e já li os dois livros que você mencionou, o que só aumentou minha angústia. “Como as Democracias Morrem” li no início do ano passado. Seu conto explora nosso drama político através da protagonista, uma pessoa comum, mas que exerce sua liberdade de pensamento, liberdade esta, ainda presente em lei na sua ficção, mas violada pelo governo. O que mais me deixa perturbado nessa leitura é que eu não sei se chamo de distopia ou de conto cotidiano. Vou ficar com o primeiro. Achei interessante como você usou bem as quinhentas palavras para construir não apenas um universo social distópico, mas uma personagem bem delineada. Através das preferências literárias e outros objetos da casa, ficamos sabendo muito sobre a personagem, suas preferências políticas e espirituais. Parabéns! Foi só na parte final que eu achei um tanto exagerado, mas provavelmente foi proposital, um modo de falar em “caça às bruxas”. Passou bem a mensagem.
Um conto de alerta. As bruxas nem estão soltas, elas sequer existem, mas alguém, querendo, as trará à luz. Nada novo no mundo, afinal, criar narrativas que justifiquem as perseguições aos inimigos que também são criados.
Narrativa bem elaborada, tema bem abordado, apesar do tamanho comprometedor.
Parabéns.
Olá autor. Como vai?
O exagero atravessa seu conto produzindo um efeito de cartoon. “Aquilo só podia ser brincadeira” pareceu-me ter sido sua intenção e “um sorriso amarelo, meio irônico” o efeito pretendido. Bem, para mim você foi bem sucedido. Gosto da mistura de humor, violência e nonnsense que você entrega na sua narrativa. O texto me pareceu bem escrito e me gerou interesse. Para o meu gosto, os palavrões são desnecessários, mas, enfim, cada um faz graça como pode. O final, embora meio-bastante trash, combinou com a história.
Um conto divertido. Parabéns pela participação.
Olá, Súditos do Tartufo.
Começo com uma introdução comum a todos os participantes: primeiro li os dois conjuntos completos de contos, um por um e rapidamente, para colher uma primeira impressão geral e já mais ou menos gradativa e agora regresso a cada um deles e releio com mais calma, para comentar.
O que gostei menos neste conto, foi de ter tido a necessidade de se disfarçar de conto, pois o que li foi uma sátira social, inteligente e divertida.
Tive de procurar o significado de cistencéfalos (desconhecia a palavra), mas a partir desse entendimento tudo ficou claro, além de que “Cistencéfalos da Tartufice” é uma definição de trabalho genial.
Depois, pronto, é o mal dos contos, temos de lhes meter uma história pelo meio e de a acabar de alguma maneira. O que você quis dizer não é o que está na história, por isso não tem importância se acaba bem ou mal, mas podem algumas pessoas não gostar, a política é uma área sensível.
Eu gostei.
Parabéns e boa sorte no desafio.
Uma sátira nonsense aos fenômenos da vida política brasileira com um final meio macabro. Seu conto não está mau dentro do que ele se propõe, mas falta-lhe fôlego para se destacar frente aos demais concorrentes, é o que penso.
Desejo sorte no desafio. Um abraço.
Olá, Tartufo!
Serei bem sucinto nesse desafio, avaliando com as impressões imediatas que tive do miniconto.
BELEZA
Há certa beleza no exagero. Ainda mais quando procura andar de mãos dadas com o humor. Mas acredito que existe uma linha tênue entre o exagero que embeleza e o exagero que estraga.
IMPACTO
Não me deu sono, pelo menos. Mas foi um conto bem morno. Ele já entrega sua proposta bem no início, sem muito desenvolvimento, e morre nisso.
ALMA
Acredito que precisamos avaliar, com sabedoria, quando e como abordar determinados assuntos. Quando abusamos do nonsense com uma boa dose de humor, precisamos, ao menos, trabalhar com a criatividade também. A mensagem é importante, porém, da forma como foi passada, acho que não se sustente ou renova a chama dela.
O primeiro parágrafo é abertura de uma história que promete emoção. Já há estranhos numa casa e a moradora está ameaçada.
Em seguida a tensão cai, pois Marília não parece preocupada com o perigo. O leitor relaxa.
Marília reage novamente. Ela é atrevida e corajosa.
Ela é contida com violência. Odiei esses homens.
Achei sensato ela pensar num assalto, seria o mais provável. Foi o parágrafo que eu mais gostei.
Enfim sentimos que ela tem medo, é humana.
Mas ela reage novamente.
A protagonista está confusa, eu mais ainda.
O final foi surpreendente, ela foi condenada à morte numa fogueira no quintal da própria casa. O fogo seria alimentado com livros. Os livros eram a prova da rebeldia.
Um paralelo com a inquisição.
A leitura causa algum desconforto, uma inquietação, mas é atraente.
O Inquérito
Ops! É uma crítica política afiada em forma de conto. Como sempre, destino mais tempo e cuidado para esses textos. Vamos lá!
COESÃO
Você conseguiu ambientar e construir um enredo com começo, meio e fim, em poucas palavras. Pontos pra você, porque não é fácil. A intolerância aos discordantes parece ser o ponto central do seu texto, chegando ao limite do assassinato cruel da personagem. Então, percebo que você utiliza narrativas recentes e até insinua personagens do contexto atual, misturados a elementos históricos de autoritarismo extremo e crueldade do passado. É claro que essa combinação, a princípio absurda, cabe perfeitamente num texto ficcional e foi bem conduzida de modo geral. Bom, se considerarmos que a guilhotina, criada pelos revolucionários franceses para eliminar os discordantes, foi utilizada pela França até logo ali atrás, em 1977 (tem até no youtube), o seu texto não contém um absurdo real tão absurdo assim. Sob o aspecto da coesão, considero seu texto harmônico e em consonância com a sua proposta literária.
IMPACTO
Nesse quesito, como é um local apropriado para a minha expressão mais pessoal acerca da ideia e da condução do texto, sinto-me mais livre para apontar os porquês de o seu conto gerar um impacto não tão positivo para mim:
– É um texto ficcional com uma crítica política unilateral escancarada. Sinto falta de menor didatismo e mais sutileza nas construções. Concordo que é necessário bradar contra o autoritarismo desses brutamontes, o ressurgente, bem como contra o autoritarismo dos educados e “virtuosos” intelectuais “donos” da verdade, mas penso que quando fizermos isso através da arte, poderia ser com construções menos óbvias na aparência, deixando a mensagem (a moral da história) para as camadas mais profundas, no plano do subtexto.
– Peca, então, pela obviedade nos elementos e até personagens atuais, o que torna o texto temporal demais, como que uma encomenda para a guerra ideológica em curso. Por ex: Se Orwell tivesse falado sobre personagens reais em Revolução dos Bichos, certamente aquele livro teria sido esquecido muito rapidamente.
– Seu texto, que tem muita qualidade nos aspectos coesão e concisão, peca também por limitar-se ao senso comum. Por pairar na superfície de um tema tão delicado, abrangente e controverso como o autoritarismo e o cerceamento da liberdade de expressão. Ele repete o que as narrativas unilaterais repetem todos os dias em todo canto, como se os virtuosos estivessem mesmo do mesmo lado lutando contra monstros do outro. Não o seu texto, mas essa narrativa é risível, sem qualquer embasamento histórico, inclusive.
Para finalizar, a citação do livro “Porque as democracias morrem”, que não li, mas ouvi falar, é muito relevante para o enredo que você criou. Imagino (você pode me dizer) que o livro destaque a ausência do contraditório como principal razão para o fim das democracias. Sempre foi assim. Os gregos já avisaram. Nenhuma delas sobreviveu ao pensamento único, por mais “virtuoso” que ele acredite ser.
Gostei de ter lido o seu texto e espero sinceramente que não leve minhas ressalvas para o lado dessa guerrilha, mas como uma oportunidade de expandir nossas possibilidades.
Um abraço.
Gostei bastante da situação meio insólita e ao mesmo tempo tão possível em nossos tempos atuais. O nome da facção é assustador. Senti falta de alguma descrição de como estes membros da “ Cistencéfalos da Tartufice” se vestem. Com este nome, acho que dá pra criar um uniforme bem interessante. Parabéns pela ideia e pelo desenvolvimento dos diálogos. Vi um pequeno problema de construção na seguinte frase : “porque o tempo estava ameaçando chuva, e não podiam perder mais tempo” a repetição da palavra tempo incomoda um pouco. O final também é muito bom. Talvez o título pudesse ser outro, alguma coisa tirada do texto que entregasse menos o conteúdo do conto.
11 – O Inquérito (Os súditos do Tartufo)
Caros súditos do Tartufo, creio que você tenha querido nos relatar uma parábola dos novos tempos, onde a ordem corrente se subverteu, onde o bem transformou-se em mal, dando-se igual para o inverso.
Em alguns pontos busca referenciais em 1984, em outros em Minority Report, algo assim. Coitada da Marília, que só queria ler alguns livros bem chatos de se ler.
Acredito que a trama, mesmo com 500 palavras, poderia ser mais bem trabalhada. O texto tem uma pegada de horror e humor, e acho que isso, como num stand up, poderia ser tão mais rápido quanto eficiente.
Há trabalho pela frente, de lapidação.
Boa sorte no Desafio.
Então… este texto tinha tudo pra ser bom. Fui com a maior expectativa por ser uma sátira política, mas aí veio a decepção com a linha argumentativa, que ficou meio capenga. Sei lá, foi minha impressão, mas eu sou notoriamente uma péssima comentarista…
Na parte técnica, só notei algumas vírgulas e umas aspas estranhas, mas está bem escrito de forma geral.
Não me encantou muito, mas não foi uma leitura chata, de modo algum.
Parabéns e boa sorte no desafio! 🙂
Uma história maluca sobre um grupo de militantes malucos exercendo o que acham justo, mesmo que seja considerado ilógico. A história tem um tom cômico, nada é considerado de grande importância. Mas o conto é assim, despretensioso com a Arte Literária. Sem firulas, é valido, sim, embora não tenha me impressionado.
Resumo: Uns agentes do governo foram inspecionar a casa de uma mulher e começaram lhe condenar por causa da predileção politica dela e dos livros, ao final, fizeram uma pilha de moveis e livros, amaram a mulher para atear fogo. Atearam? Ficou em aberto.
Parecer: O conto é bem escrito, a narrativa flui bem e tem uma história gostosa de ler. Fez-me lembrar de Farenheit 451. Mas, não gostei dos diálogos: um fala e outro responde, sem movimentação de personagens. Poxa, as pessoas mexem as mãos quando falam, andam, coçam a cabeça. Os seus personagens estavam parados igual estatua. Se não fosse isso o conto seria perfeito.
Caro súdito, apesar de enxergar que os tempos são difíceis, que estamos passando por um período terrível da nossa história, onde entusiastas do golpe de 64 estão no poder, onde cenas como a que criou, por mais surreal que pareça, encontra ecos na realidade (basta lembrar do protesto contra Judith Butler, com os dizeres “Queimem a Bruxa”) achei o conto um tanto caricato. Talvez tenha sido esse mesmo seu objetivo, mas passar assim, de maneira tão direta por um assunto tão sério, beirando o cômico, deixou o conto meio que sem lugar na minha interpretação. Há tragédia, humor, absurdo, crítica, mas tudo direto ou no lugar comum. Até a justificativa da protagonista pensar num assalto foi mal executada, e muito explicativa.
Enfim, entendo o protesto e, apesar de concordar com ele, o conto não me agradou.
Grande abraço!
Finalmente um texto bom. Estava difícil…
Pena que vou dar zero teres tido a audácia de criticar o…
Não, estou a brincar. Vou dar 1, seu comunista!
Agora a sério, como disse, finalmente um texto bom.
Quase não mexeria no texto, embora texto seja igual carro velho: quando a gente começa a procurar problemas, encontra.
Por isso não vou comentar os aspectos técnicos.
Não acho que haja assim nada que valha a pena ressaltar, além do mais ele está muito melhor do que os outros.
Parabéns!